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O texto que permite essa resenha, escrito por Graça Paulino, Ivelte

Walty e Vera Casa Nova, foi publicado dentro de um livro chamado Teoria da
Literatura na Escola, no ano de 1994. No seu título “A Questão dos Gêneros
Literários” já podemos presumir o objeto guia (os gêneros literários) e a
forma como se debaterá em torno dele (enquanto questão, enquanto algo
não encerrado).
Logo no seu primeiro parágrafo fica destacada a existência de duas
teorias de gêneros literários: a clássica e a moderna. Também a necessidade
que é colocada pelas autoras de que se questione essa divisão por conter um
caráter redutor. Ao que parece é a isso que o texto se deterá, em linhas um
tanto quanto caóticas e dispersivas na demonstração da insuficiência ou
confluência destes; de suas variações de significação e abrangência de
acordo com os contextos históricos e sociais de leitura e produção e da
influência meios de comunicação em massa em suas ramificações.
Se faz necessária uma leitura atenta para que se possa perceber, no
corpo do texto, as distinções entre os dois grupos questionados. Não parece
objetivo das autoras situá-los, senão que discorrer a partir de seus limites,
o que os circunda, o que os atravessa.
Na segunda sessão do texto, denominada “Mito, literatura e histó ria”
podemos abrir a concepção de narrativa para algo inerente a todo
agrupamento humano, a partir das pessoas encarregadas pela transmissão
de mitos, “histórias de princípio”, e histórias coletivas. Destaca-se então o
papel da palavra (oral ou escrita) para que as sociedades se percebam,
dividam e elaborem suas finalidades.
Passeia-se então pela epopeia enquanto forma de contar a historia de
um povo, pela sobreposição a essa feita pelo romance e suas vertentes, o
conto enquanto narrativa breve, a crônica – que de espécie de diário do rei
passa a figurar em nossos jornais pela sua afinidade com o cotidiano e pelas
sociedades que seguem modelos de fábulas moralizantes. Chega -se assim ao
ponto de pensar a história, tanto aquela cujo compromisso é biografar her óis
e grandes fatos e feitos, quanto aquelas que provém de uma pesquisa das
diferenças, que escancara o fator de descontinuidade existente na história e
se rompe com as perspectivas dominantes, contando também a história dos
vencidos, das mulheres, das pessoas negras, das pessoas indígenas e outros
grupos e sujeitos hostilizados pela narrativa “oficial” e linear. Nesse
momento as autoras também abrem espaço para destacar a literatura de
cordel como um veículo que transgride o silêncio ao narrar e se distrib uir de
formas acessíveis tantas as outras histórias queríveis entretanto se fie “A
grande História”.
O texto termina em uma explanação quanto as variações dentro do
gênero dramático recompondo ligeiramente sua origem, próxima ao teatro
e ás máscaras, até sua “captura” pelas telenovelas que parecem ser, à época,
o grande temor para as autoras - dentro de um livro destinado, de alguma
forma, à escola – visto que essas finalizam o texto apontando o quanto as
representações televisionadas contém o risco de prop orem modelos
ideológicos a serem reproduzidos educando o imaginário dos espectadores.
Quinze anos depois, diríamos, os problemas já são também outros.

Isadora Batistella Machado

Para a disciplina de Gêneros Literários.

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