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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

FERNANDA GUIMARÃES ARAÚJO

ESTUDO LITOFACIOLÓGICO DA FORMAÇÃO


SALVADOR EM MONT SERRAT, AFLORAMENTO DA
BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA

Salvador
2008
ii

FERNANDA GUIMARÃES ARAÚJO

ESTUDO LITOFACIOLÓGICO DA FORMAÇÃO


SALVADOR EM MONT SERRAT, AFLORAMENTO DA
BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA

Trabalho Final de Graduação apresentado como


requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel
em Geologia pela Universidade Federal da Bahia.

Orientador: Prof. Cícero da Paixão Pereira


Co-orientador: Prof. Dr. Luiz César Corrêa-Gomes

Salvador
2008
iii

TERMO DE APROVAÇÃO

FERNANDA GUIMARÃES ARAÚJO

ESTUDO LITOFACIOLÓGICO DA FORMAÇÃO


SALVADOR EM MONT SERRAT, AFLORAMENTO DA
BACIA DO RECÔNCAVO - BAHIA

Trabalho Final de Graduação aprovado como requisito parcial para obtenção do


grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia pela seguinte
banca examinadora:

________________________________________________________________
1° Examinador: Prof. Cícero da Paixão Pereira – Orientador
Pesquisador Visitante do Convênio ANP-UFBA

________________________________________________________________
2° Examinador: Prof. Dr. Luiz César Corrêa-Gomes – Co-orientador
CEFET-BA/Instituto de Geociências - UFBA

________________________________________________________________
3° Examinador: Prof. MSc. Roberto Rosa da Silva
PETROBRAS/RH/UN-BA

________________________________________________________________
4° Examinador: Prof. Dr. Osmário Rezende Leite
Instituto de Geociências - UFBA

Salvador, 02 de Dezembro de 2008


iv

Dedico este trabalho aos meus familiares,


amigos, professores, sobretudo a todos
que me deram força para
continuar nesta tão difícil
trajetória
v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a minha família, por todo o apoio, carinho


e confiança concedidos, ao longo de todos esses anos. Em especial a meus pais:
Norma e Edson, a minha madrinha Ana Rita, as minhas tias Rita, Sônia e Amelinha,
as minhas avós: Bernardete e Gildelice, a meus primos Cláudio, Bibito e Anderson; e
a meu tio Ruy, que sem a ajuda deles nada disso teria sido possível.
A ANP que através do seu setor de recursos humanos em convênio com a
UFBA viabilizaram todo o apoio logístico e financeiro para realização deste trabalho.
Aos professores que atuaram com grande influência na minha formação
através de seus ensinamentos e conselhos. Agradecendo em especial aos
professores Cícero, que sempre foi uma pessoa maravilhosa, um lorde; ao professor
Luiz César que aceitou co-orientar este trabalho, mesmo em tão curto prazo; ao
professor Osmário, pela sua grande amizade; a professora Ângela, por toda sua
paciência e amizade, e a todos os outros professores que moldaram a minha
consciência geológica, dentre os quais se citam: Prof. Roberto Rosa, Telésforo,
Reginaldo, Marcão e Flávio.
E não poderia deixar de agradecer a todos os amigos que estiveram do meu
lado nesta batalha: Caçador (meu irmãozinho), Elisa, Ganja, Dudu, Jana, Ju,
Cavalinho, Judis, Show, Guiga, Zé Gotinha, Caribes, Dilon, Jailma, Zilda, Andreza,
Josafá, AJ, Jofre e Ana Luiza, e a outra lista imensa de amigos e colegas que não
tiveram participação nesta monografia, mas que me auxiliaram e muito na
graduação. Dentre estes, não podia deixar de agradecer a “Seu Lídio”, André e a
Chico pela força dada em momentos decisivos.
E por fim, mas não menos importantes, meus queridos amigos Diego, Dani,
Junior e Dumdum pela força e compreensão.

Tenho certeza de uma única coisa, fiz grandes amigos e sei que com esses
posso contar a qualquer momento!
vi

RESUMO
O objetivo deste estudo é a caracterização litofaciológica dos sedimentos da
Formação Salvador que afloram nas proximidades do Forte de Nossa Senhora de
Mont Serrat, no bairro da Ribeira em Salvador, na parte sul da Bacia do Recôncavo.
Neste afloramento, esta formação é constituída por intercalações de níveis de
conglomerados, arenitos e lamitos. Os conglomerados são polimíticos, formados
basicamente por clastos de constituintes do Alto de Salvador (mais velhos) e, por
extraclastos de carbonatos da Formação Estância (mais novos), com granulometrias
que variam de grânulo a matacão. Podem ser observados ortoconglomerados e
paraconglomerados, com matriz areia grossa e, em muitos é observada grano-
decrescência ascendente em seus estratos. Em lâmina os carbonatos da Formação
Estância são classificados como: Doloespatito/Microdoloespatito totalmente
dolomitizados, Calcarenito espático oncolítico neomorfizado e dolomitizado, e,
Calcilutito peloidal neomorfizado. Os níveis de arenitos ocorrem como camadas
decimétricas a centimétricas, com S0 N125/30SE e N164/20SE, apresentam
coloração bege-amarelada, e exibem estruturas do tipo escape de fluidos, tipo Dish,
dobras convolutas, estruturas que revelam altas concentrações de fluidos no seu
ambiente deposicional. Como estruturas deformacionais, algumas camadas exibem
dois sistemas de fraturas contemporâneas, N100/85SW e N145/85SW. Também
foram observadas nos níveis de arenito, Shear Bands ou bandas de deformação,
onde em algumas foi encontrado possível óleo biodegradado. Petrograficamente são
classificados, segundo Folk (1970) como: sub-arcósio a sub-arcósio calcítico. Níveis
de lamito cinza-esverdeado ocorrem entre camadas de conglomerado, geralmente
apresentam-se bastante intemperizados, dificultando a identificação de suas
estruturas primárias.
Na determinação das paleocorrentes, a partir da medida do eixo menor dos clastos,
eixo Z, observa-se que os conglomerados constituídos por clastos do embasamento
apresentam paleocorrente com orientação sudoeste enquanto que, os
conglomerados que apresentam clastos da Fm. Estância indicam apresentam
paleocorrentes com orientação sul e sudoeste. Essas informações indicam que as
fontes dos sedimentos estavam, respectivamente, a NE e a NNE da posição
atualmente ocupada pelos pacotes sedimentares.

Palavras - chave: Formação Salvador, Formação Estância e Paleocorrente.


vii

ÍNDICE

LISTA DE FIGURAS..................................................................................................ix
LISTA DE FOTOGRAFIAS .......................................................................................xii
LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS ..........................................................................xiv

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ..............................................................15


1.1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ................................................................15

1.2. OBJETIVOS .....................................................................................................17

1.3. JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO ..................................................................17

1.4. METODOLOGIA ..............................................................................................18

1.4.1. Levantamento do Acervo Bibliográfico..............................................18

1.4.2. Visitas de Campo .................................................................................18

1.4.3. Tratamento de Dados...........................................................................19

1.5. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .........................................................20

CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL ...............................................21


2.1. A Bacia do Recôncavo.........................................................................21

2.1. A FORMAÇÃO SALVADOR.............................................................................29

CAPÍTULO 3 – LEQUES ALUVIAIS E LEQUES DELTÁICOS .............31


3.1. CONCEITOS DE LEQUES ALUVIAIS E LEQUES DELTÁICOS .....................31

3.1.1. Clima .....................................................................................................33

3.1.2. Tectônica...............................................................................................34

3.2. IDENTIFICAÇÃO DE LEQUES ALUVIAIS/DELTÁICOS..................................34

3.3. PROCESSOS SEDIMENTARES ASSOCIADOS A LEQUES ALUVIAIS.........36

3.3.1. Queda de Rochas .................................................................................36

3.3.2. Deslizamentos/Escorregamentos .......................................................36

3.3.3. Fluxo Granular (Grain Flow) ................................................................38

3.3.4. Fluxo de Detritos (Debris Flow) ..........................................................38


viii

3.3.5. Fluxo em Lençol (Sheet Flow).............................................................38

CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO DO AFLORAMENTO .................40


4.1. DESCRIÇÃO DO AFLORAMENTO .................................................................40

4.1.1. Conglomerados ....................................................................................40

4.1.2. Arenitos.................................................................................................43

4.1.3. Lamitos..................................................................................................47

4.2. DESCRIÇÃO DE PERFIS ESQUEMÁTICOS ..................................................47

CAPÍTULO 5 – DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA ...................................49


5.1. CARACTERIZAÇÃO DOS CARBONATOS DA FORMAÇÃO ESTÂNCIA .......49

5.2. CARACTERIZAÇÃO DOS NÍVEIS DE ARENITO DA FORMAÇÃO SALVADOR


.........................................................................................................................51

CAPÍTULO 6 – ESTUDO DAS PALEOCORRENTES ...........................53


6.1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................53

6.2. DETERMINAÇÃO DO SENTIDO DAS PALEOCORRENTES EM MONT


SERRAT..................................................................................................................55

CAPÍTULO 7 - DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS...............69

CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS.............................................................72
ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Aulacógenos desenvolvidos nas margens do oceano atlântico, como


resultado da ruptura do Godwana, Fonte: Da Silva et al.2003. Nota-se a localização
da Bacia do Recôncavo no sul do Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá.........................16

Figura 02: Mapa de Geológico do compartimento sul da Bacia do Recôncavo,


extraído de Magnavita et al. (2005), onde o ponto 7 corresponde ao principal
afloramento em estudo, localizado em Mont Serrat, Salvador. .................................20

Figura 04: Localização, limites e arcabouço estrutural da bacia do Recôncavo,


mapeado ao nível da seção pré-rift. Fonte: Milhomem et al.(2003). .........................22

Figura 05: Seção geológica esquemática do compartimento sul da Bacia do


Recôncavo. Fonte: Milhomem, et al.(2003)...............................................................23

Figura 06: Paleogeografia da Fase Sin-Rifte da Bacia do Recôncavo ilustrando a


deposição das formações Candeias, Maracangalha, Salvador e pelo Grupo ilhas.
Modificado de Medeiros e Pontes 1981. ...................................................................26

Figura 07: Carta Estratigráfica da Bacia do Recôncavo, Caixeta et al.1994, onde o


retângulo vermelho mostra a Formação Salvador.....................................................28

Figura 08: Paleogeografia da Fase Sin-rifte e distribuiço regional da cunha clástica


que compõe a Formação Salvador na Bacia do Recôncavo (Modificado de
Magnavita & Silva 1995). ..........................................................................................29

Figura 09: Mapa de Isópacas da Formação Salvador na Bacia do Recôncavo. Fonte:


Neto et al. 1984 .........................................................................................................30

Figura 10: Modelo esquemático mostrando a deposição de leques aluviais em


formato aproximadamente triangular na frente de regiões montanhosas Fonte:
Unnatural Disasters...................................................................................................32

Figura 11: Principais tipos de fluxo gravitacionais e suas características quanto a


regime reológico, mecanismos de interação grãos/fluido, declive mínimo e depósito.
Fonte: Giannini & Riccominni (2000).........................................................................37
x

Figura 12: Representação esquemática: orto x paraconglomerado. “a”, “b” e “c” são
sustentados pelo arcabouço, enquanto que “d” possui arcabouço flutuante
(sustentado pela matriz). Fonte: Giannini (2000). .....................................................42

Figura 13: Fotomosaico ilustrando uma visão geral do afloramento de Mont Serrat
contituído por leques deltácos superpostos e amalgamados, com a localização dos
perfis confeccionados (A) e Perfis esquemáticos (B). ...............................................48

Figura 13: Classificação de rochas carbonáticas em uso na PETROBRAS, adaptada


de Bramkamp & Powers (1958) e Folk (1959). .........................................................49

Figura 15: Mecanismo de geração de imbricação de Eixo (X). Fonte: Earthscience.54

Figura 16: Representação esquemática de imbricação de plano XY em (A) e em (B)


Imbricação de eixo X, onde pode-se notar o posicionamento do eixo menor (Z)
caindo na direção da corrente. ..................................................................................55

Figura 17: Mapa esquemático da distribuição das rochas da Formação Salvador em


Mont Serrat, Salvador – BA.......................................................................................58

Figura 18: Mapa de localização das sub-áreas estudadas. ......................................59

Figura 19: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas


litologias encontradas na sub-área A. .......................................................................62

Figura 20: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas


litologias encontradas na sub-área B. .......................................................................63

Figura 21: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas


litologias encontradas na sub-área C. .......................................................................64

Figura 22: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas


litologias encontradas na sub-área D ........................................................................65

Figura 23: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas


litologias encontradas na sub-área E. .......................................................................66
xi

Figura 24: Diagrama de rosetas comparativo ilustrando os padrões de paleocorrente


do afloramento, dos conglomerados com clastos da Fm. Estância e dos
conglomerados compostos por clastos do embasamento.........................................67

Figura 25: ..................................................................................................................68


xii

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 01: Vista aérea da Ponta do Humaitá no bairro da Ribeira, onde observa-
se os depósitos da Formação Salvador e a localização do afloramento estudado.
Fonte: Autor desconhecido. ......................................................................................20

Fotografia 02: Intercalações de níveis de conglomerados e de arenitos


característicos de depósitos de leques deltáicos. .....................................................40

Fotografia 03: Clastos com auréolas de alteração intempérica.................................43

Fotografia 04: Ortoconglomerado polimítico (A) e Paraconglomerado com matriz


areia grossa (B).........................................................................................................43

Fotografia 05: Intercalação de níveis conglomeráticos com arenitos maciços (A) e


Arenito exibindo estratificação plano-paralela a cruzada de pequeno porte (B). ......44

Fotografia 06: Estrutura do tipo escape de fluido truncada, no topo, por um nível
conglomerático. .........................................................................................................44

Fotografia 07: Estrutura do tipo Dish indicada pela seta (A) e Dobras convolutas (B).
..................................................................................................................................45

Fotografia 08: Dois sistemas de fraturas contemporâneos com direção...................46

N100/85SW e N145/85SW........................................................................................46

Fotografia 09: Shear Bands vista em planta apresentando ressaltos na camada e


possível óleo preenchendo fraturas (A) e em detalhe fraturas com movimentação
dextral (B)..................................................................................................................46

Fotografia 10: Nível de Lamito bastante intemperizado com estruturas pouco


evidentes. ..................................................................................................................47

Fotografia 13: Clastos imbricados mostrando paleocorrente para sudoeste, indicada


pela seta vermelha. ...................................................................................................56
xiii

Fotografia 14: Afloramento de Mont Serrat onde é possível observar que os


conglomerados com clastos da Formação Estância ocupam a porção superior,
portanto, são mais novos. .........................................................................................57
xiv

LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS

Fotomicrografia 01: Mosaico de calcitas neomorfizadas e romboedros de dolomita


em luz plana (A) e em luz polarizada (B), com objetiva de 10 x................................50

Fotomicrografia 02: Oncolitos neomorfizados e dolomitizados. Aumento de 10X. .50

Fotomicrografia 03: (A) Calcilutito peloidal com estrutura orgânica, possivelmente


microbial. Objetiva de 2,5 X e luz plana e (B) Calcilutito peloidal levemente
neomorfizado, aumento de 10X (B)...........................................................................51

Fotomicrografia 04: Grãos de quartzo bastante fraturados (A) aumento de 10X e


detalhe do cimento de calcita espática (B) Aumento de 50X. ...................................52

Fotomicrografia 05: Lâmina AMF-4, arenito com grãos de quartzo angulosos a


subangulosos e óleo biodegradado preenchendo os espaços porosos (A) Objetiva
de 2,5X e, (B) Mesma rocha com objetiva de 10X. ...................................................52
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação do Problema

A Bacia do Recôncavo, situada na região Nordeste do Brasil, no estado da


Bahia, se insere num grande rifte, o Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá, classificado
como aulacógeno cuja origem é relacionada aos campos de tensões que produziram
o Oceano Atlântico Sul (Figura 01), nos momentos iniciais de ruptura do
paleocontinente Gondwana ocidental, no Eocretáceo.
Compondo a fase rifte da bacia do Recôncavo foi depositada a Formação
Salvador que é composta por leques conglomeráticos em formato de espessas
cunhas que exibem afinamento em direção ao centro da bacia. Estes
conglomerados possuem extrema importância na história evolutiva desta bacia, pois,
datam a instalação da fase rifte na mesma, visto que, depósitos de leques são
sensíveis indicadores de controles alogênicos na bacia onde são depositados, como
tectonismo e variações no nível do mar ou lago (Miall 1992). Para este autor, os
leques comumente constituem bons depósitos de recursos minerais com grande
valor econômico, como petróleo, ouro e urânio provenientes de pláceres.
O conhecimento destes depósitos é de grande importância, pois, apesar da
primeira descoberta de óleo na Bacia do Recôncavo ter ocorrido em 1939, no campo
de Lobato, e que, já são mais de 5.000 poços perfurados nesta bacia resultando na
descoberta de cerca de 80 campos de óleo e gás (Magnavita et. al. 2005), poucos
são os estudos sobre os depósitos conglomeráticos da Formação Salvador.
16

Figura 01: Aulacógenos desenvolvidos nas margens do oceano atlântico, como resultado da
ruptura do Godwana, Fonte: Da Silva et al.2003. Nota-se a localização da Bacia do
Recôncavo no sul do Rifte Recôncavo-Tucano-Jatobá.

Os trabalhos realizados especificamente sobre a Formação Salvador que se


citam: Miura (1964); Allard & Tibana (1966); Leite (1966); Mayer & Simões (1972)
concluíram que a Formação Salvador possui origem sintectônica, e sua ocorrência
na Bacia do Recôncavo se dá numa estreita e contínua faixa ao longo da borda leste
da mesma. Estes ainda propuseram uma subdivisão litológica baseada na natureza
dos seixos derivados, seja da Fm. Estância seja do embasamento cristalino.
Mayer & Simões (1972) em seu trabalho também interpretaram os
conglomerados como efeito de uma deposição em leques aluviais nas margens de
uma bacia lacustre.
Allard & Tibana (1966) dividiram os conglomerados da Fm. Salvador em três
tipos principais. O Tipo I possui arcabouço constituído por seixos, cascalhos e
matacões arredondados de arenitos e siltitos beges, vermelhos e verdes da
Formação Estância. O Tipo II é um conglomerado com arcabouço formado por
seixos, cascalhos e matacões de calcários e dolomitos da Formação Estância. O
Tipo III tem seu arcabouço composto por seixos, cascalhos e matacões de gnaisses
17

bandados cinza-esbranquiçados, avermelhados e esverdeados. Nos três tipos a


matriz é escassa.
Carozzi et al. (1976) baseados em análises macroscópicas e microscópicas
de amostras de calha e testemunhos, bem como em perfis de eletroindução,
caracterizaram a Formação Salvador como resultado de deposição de leques
deltáicos.
Magnavita e Silva (1995) concluíram que a deposição da Formação Salvador
ocorreu contemporaneamente ao desenvolvimento da falha de borda, originando
múltiplas sucessões verticais de componentes líticos através de deslizamentos e
fluxo de detritos.
Barbosa et al.(2007) sugeriram que a deposição da Fm. Salvador ocorreu em
leques deltáicos que adentraram o lago tectônico da Bacia do Recôncavo, oriundo
da Falha de Salvador, cujos fluxos se dirigiram predominantemente para SW,
segundo provavelmente a direção principal de basculamento da bacia.

1.2. Objetivos

Os objetivos deste trabalho são procurar entender, através do levantamento


de seções verticais e da determinação do sentido das paleocorrentes, detalhes do
mecanismo de deposição desses sedimentos predominantemente alogênicos e
caracterizar seus elementos arquiteturais. Além de, tentar definir se esta
sedimentação dominantemente conglomerática, é genéticamente constituída por
leques deltaicos ou se podem também ocorrer depósitos de leques aluviais
associados.

1.3. Justificativas do Trabalho

O presente trabalho possui grande importância no âmbito técnico-científico,


pois, com este, espera-se ampliar os conhecimentos sedimentológicos sobre estes
importantes depósitos que constituem a Formação Salvador. Além de, apresentar
um novo método para determinação do sentido de paleocorrentes a partir da medida
do eixo menor dos clastos.
Ao concluir este trabalho de pesquisa, espera-se contribuir com novos
conhecimentos sobre a Formação Salvador que embora em sub-superfície margeie
18

toda a borda leste da Bacia do Recôncavo, mas, em termos de afloramentos, é


pouco exposta.

1.4. Metodologia

No trabalho em questão, a metodologia utilizada consta de três etapas


principais: levantamento do Acervo, Visitas de Campo e Tratamento de Dados.
Todas descritas a seguir.

1.4.1. Levantamento do Acervo Bibliográfico

Durante esta etapa foram utilizados livros, trabalhos científicos e periódicos


sobre a Formação Salvador, a Bacia do Recôncavo e o Cráton do São Francisco,
com enfoque no arcabouço estrutural, e suas unidades estratigráficas.
Nesta etapa, também se fez necessária, a busca de um melhor entendimento
dos modelos de deposição em ambientes de leques aluviais e de leques deltaicos,
com atenção maior para os elementos arquiteturais e depósitos relacionados a estes
tipos de ambiente.

1.4.2. Visitas de Campo

A etapa de visita ao campo foi iniciada com a escolha dos afloramentos a


serem estudados. Devido às facilidades de acesso e boa exposição vertical optou-se
por realizar o estudo nas proximidades do Forte de Nossa Senhora de Mont Serrat.
Neste local, a partir do estudo detalhado do afloramento, foram construídos perfis
granulométricos para identificação das fácies deposicionais, reconhecimento das
principais estruturas sedimentares e deformacionais, auxiliando assim, na
classificação de depósitos de ambientes de leques aluviais, de leques deltáicos ou
de uma associação de ambos.
Nesta etapa, ainda foi realizado um estudo das litologias dos clastos
presentes, a fim de identificar as principais rochas – fonte do material encontrado,
selecionando algumas para um estudo mais detalhado através de lâminas delgadas
em microscópio petrográfico.
19

Também foi realizado um estudo para determinação do sentido das


paleocorrentes através da direção de 628 eixos menores (Z) de clastos encontrados
no afloramento estudado.
Nesta fase, a aquisição de fotografias para ilustração do trabalho e confecção
de fotomosaicos se fez necessária.

1.4.3. Tratamento de Dados

• Estudos em Microscópio Petrográfico

Para a realização dos estudos em microscópio foram confeccionadas 5


lâminas delgadas. Destas, devido aos poucos trabalhos encontrados, foram
confeccionadas três lâminas dos carbonatos da Formação Estância para sua
caracterização composicional; sendo as outras duas lâminas utilizadas para aventar
a possibilidade da existência de possíveis reservatórios nos níveis de arenito
encontrados, visto que, notou-se a presença de fraturas preenchidas com possível
óleo num pequeno trecho do afloramento.

Em todas as lâminas foram realizados estudos petrográficos detalhados


visando descrever a constituição mineralógica, identificar os constituintes de cada
unidade estudada e descrever as feições diagenéticas encontradas.

• Confecção de Diagramas de Roseta

A confecção de diagramas de roseta foi necessária para determinar as


principais paleocorrentes que depositaram a Formação Salvador no afloramento
estudado, a fim de, identificar áreas-fonte do material encontrado.

• Elaboração do Trabalho Final

Após todas as etapas anteriormente descritas partiu-se para a confecção dos


capítulos que fazem parte da presente monografia.
20

1.5. Localização da Área de Estudo


O principal afloramento estudado situa-se na margem leste da Baía de Todos
os Santos na cidade de Salvador (Figura 02), nas proximidades do Forte de Nossa
Senhora do Mont Serrat e da Ponta do Humaitá, localizados no extremo sul da
Penísula de Itapagipe, na parte baixa da cidade, bairro da Ribeira (Foto 01).

Figura 02: Mapa de Geológico do compartimento sul da Bacia do Recôncavo, extraído de


Magnavita et al. (2005), onde o ponto 7 corresponde ao principal afloramento em estudo,
localizado em Mont Serrat, Salvador.

Afloramento de Mont Serrat

Fotografia 01: Vista aérea da Ponta do Humaitá no bairro da Ribeira, onde observa-se os
depósitos da Formação Salvador e a localização do afloramento estudado. Fonte: Autor
desconhecido.
21

CAPÍTULO 2 – GEOLOGIA REGIONAL

2.1. A Bacia do Recôncavo

A Bacia do Recôncavo se encontra alinhada segundo as descontinuidades


litoestruturais e geotectônicas pré – brasilianas do Cratón do São Francisco
(Sapucaia et al.2003). Encontra-se no Estado da Bahia, nordeste do Brasil,
ocupando uma área de aproximadamente 11.500 km2, sendo classificada como um
aulacógeno cuja origem é associada à abertura do oceano Atlântico Sul durante o
Cretáceo.
Sua delimitação é dada pelo Alto de Aporá, a norte e a noroeste, sistema de
falhas da Barra, a sul, Falha de Maragojipe, a oeste, sistema de Falhas de Salvador,
a leste (Figura 3).
A Bacia possui um formato de um gráben, cujo mergulho regional do
embasamento é para SE (Figura 4), o que lhe define uma pronunciada assimetria. A
borda sudeste da bacia é marcada por um grande falhamento normal, e no lado
oposto, o limite geológico da bacia se expressa por meio de uma zona de flexura,
com falhas de pequeno rejeito associadas, num perfil regional de semi-graben
(Milani 1987). Este padrão geométrico também foi citado por Milhomen et.al 2003.
Para estes autores, a configuração estrutural do gráben, é definida principalmente
através de falhamentos normais planares, com direção preferencial N30°E, que
condicionam os mergulhos das camadas para SE, em direção às áreas mais
subsidentes da bacia. Estes falhamentos normais segmentam o substrato em um
mosaico de blocos com dimensões e atitudes variadas, como também pode ser
observado na figura 5. Para Cupertino & Bueno (2005), o Sistema de Falhas de
Salvador, onde as elevadas taxas de subsidência são compensadas pelo
22

soerguimento das ombreiras, representa a borda falhada deste rifte e é o principal


responsável pelo padrão assimétrico do mesmo.
A bacia ainda apresenta algumas zonas de transferências NW-SE que
acomodaram o deslocamento lateral diferenciado dos diferentes compartimentos da
mesma (Milani 1987). Essas falhas de transferência, ou zonas de acomodação,
podem não apenas deslocar a borda do rifte, mas também mudar a polaridade
estrutural dos meio-grabens, como de fato ocorre ao longo da zona de acomodação
do Vaza-Barris entre as bacias de Tucano Central e Norte (Magnavita et al. 2005).
Na Bacia do Recôncavo, como principais representantes destas zonas têm-se as
falhas de Mata-Catu e Itanagras-Araçás, responsáveis pela compartimentação da
Bacia do Recôncavo em três sub-bacias: nordeste, central e sul.

Figura 03: Localização, limites e arcabouço estrutural da bacia do Recôncavo, mapeado ao


nível da seção pré-rift. Fonte: Milhomem et al.(2003).
23

Figura 04: Seção geológica esquemática do compartimento sul da Bacia do Recôncavo.


Fonte: Milhomem, et al.(2003).

O embasamento da Bacia do Recôncavo é representado predominantemente


por gnaisses granulíticos arqueanos pertencentes ao Bloco Serrinha, a oeste e
norte; aos cinturões Itabuna-Salvador-Curaçá, a oeste-sudoeste; e Salvador-
Esplanada, a leste-nordeste. Ao norte ocorrem rochas metassedimentares de idade
neoproterozóica, relacionadas ao Grupo Estância (Silva et al. 2007).
O Bloco Serrinha é composto por rochas plutônicas ácidas e intermediárias,
equilibradas na fácies anfibolito que possuem enclaves gabróicos (Barbosa &
Sabaté 2003).
De acordo com Barbosa et.al.(2003), o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá tem
cerca de 800 km de comprimento se estendendo do sul ao norte da Bahia e consiste
de tonalitos/trondhjemitos, arqueanos e paleoproterozóicos, subordinadamente
charnockitos com intercalações de faixas de rochas metassedimentares, além de
gabros/basaltos e monzonitos, todas as rochas estabilizadas na fácies granulito.
O orógeno Salvador-Esplanada, na região de Esplanada, é constituído por: (i)
granodioritos gradando adamelitos, com tendência alcalina e subalcalina; (ii) granitos
com afinidade alcalina; (iii) gnaisses de composição diorito/granodiorito/granítica
com filiação calcialcalina e finalmente, (iv) anfibolitos de comosição grabróica de
afinidade toleítica. Todas estas rochas foram afetadas por uma sucessão de
cisalhamentos dúcteis, transcorrentes, com os bandamentos/foliações das rochas
situando-se entre N45°E até N65°E, com mergulhos subverticais (Oliveira Junior
1990). Ainda segundo Oliveira Junior (1990), toda a região foi submetida a um grau
24

de metamorfismo de fácies anfibolito alto a granulito, com posterior


retrometamorfismo à fácies anbolito médio a baixo (epidoto-anfibolito), nas partes
medianamente deformadas, e xisto verde nas partes com intensa deformação.
As rochas metassedimentares que compõem o Grupo Estância estão
relacionadas a uma bacia neoproterozóica (750 – 650 Ma) que se desenvolveu na
borda nordeste do Cráton do São Francisco, sob um regime extensional a flexural-
termal. Seus depósitos acumularam-se em uma plataforma rasa mista, e
caracterizam, da base para o topo, as formações Juetê, Acauã e Lagarto (Da Silva
et al.2007).
De acordo com os mesmos autores, a Formação Juetê é representada por
siliciclásticos de origem litorânea (conglomerados, arenitos médios a grossos
retrabalhados por onda e pelitos). Rochas sedimentares carbonáticas (dolomitos
estromatolíticos e oolíticos, calcarenitos e calcilutitos) com intercalações de pelitos a
níveis de intraclastos constituem a Formação Acauã, e, arenitos com clastos
carbonáticos intercalados a pelitos definem a Formação Lagarto. Deformação e
metamorfismo são incipientes na Bacia Estância devido à sua posição marginal em
relação à tectônica compressiva que estruturou a Faixa de Dobramentos Sergipana.

• Unidades Estratigráficas

O preenchimento sedimentar da Bacia do Recôncavo, que atinge a espessura


de 7.000 m no depocentro da bacia (Da Silva et al. 2003), compreende quatro fases:
Fase Sinéclise, Pré-Rifte, Sin-Rifte e Pós-Rifte (Figura 6). A descrição das unidades
a seguir segue a proposta por Caixeta et al.1994.
A fase Sinéclise, de idade paleozóica, é representada pela Formação
Afligidos que é subdividida nos membros Pedrão e Cazumba. O membro Pedrão
inclui arenitos, fino a muito fino, cinza-claro e bege, com intercalações de siltito
cinza-claro, rico em nódulos de sílex, e camadas de anidrita e halita, sendo
interpretada como deposição em ambiente marinho raso a litorâneo restrito. O
membro Cazumba se caracteriza por folhelhos lacustres com coloração vermelha,
de partição blocosa, com níveis sílticos esbranquiçados.
Os contatos, inferior com o embasamento e superior com a Formação Aliança
(Pré-Rifte), são discordantes.
25

Para Da Silva et.al. (2003), a fase Pré-Rifte representa o estiramento inicial da


crosta. Nesta fase depositaram-se os sedimentos das formações Aliança, Sergi,
Itaparica e Água Grande.
A Formação Aliança abrange os membros Boipeba e Capianga, ambos
depositados por sistemas fluvio-eólico-lacustres. O Membro Boipeba é composto
por arcóseo fino de coloração marrom-avermelhada, com estratificação cruzada de
grande e médio porte, e o Membro Capianga é tipicamente caracterizado por
folhelhos vermelho-tijolo.
A Formação Sergi é composta por arenitos fino a conglomeráticos, cinza-
esverdeado e vermelho, com estratificações cruzada acanalada e tabular de médio a
grande porte. Nesta formação também ocorrem intercalações de folhelho vermelho e
cinza-esverdeado, e conglomerados. As rochas são interpretadas como depositadas
em sistemas fluviais entrelaçados com retrabalhamento eólico.
Os sedimentos que compõem a Formação Itaparica são folhelhos marrom e
cinza-oliva lacustre, dispostos concordantemente à Formação Sergi, e sotoposto em
discordância às rochas da Formação Água Grande.
A Formação Água Grande é representada por arenito fino a grosso, cinza-
claro a esverdeado, rico em estratificação cruzada acanalada de médio e grande
porte, depositados por sistemas fluviais tendo retrabalhamento eolico. Os contatos,
inferior com a Formação Itaparica, e superior com a Formação Candeias, são
discordantes.
Na fase Rifte, a Bacia do Recôncavo foi preenchida por dois sistemas
progradacionais principais (Magnavita et al. 1998 apud Da Silva et al.2003): o
primeiro, longitudinal a oblíquo, flúvio-deltaico passando a lacustre, representado
pelas formações Candeias, Maracangalha, pelo Grupo Ilhas e pela Formação São
Sebastião; o segundo sistema consiste-se de leques deltáicos derivados da borda
falhada, com conglomerados proximais (Formação Salvador) e turbiditos mediais a
distais (Figura 05).
26

Figura 05: Paleogeografia da Fase Sin-Rifte da Bacia do Recôncavo ilustrando a deposição


das formações Candeias, Maracangalha, Salvador e pelo Grupo ilhas. Modificado de
Medeiros e Pontes 1981.

A Formação Candeias, representante do primeiro sistema, é subdividida nos


membros Tauá e Gomo. O Membro Tauá se caracteriza por folhelho escuro, físsil,
com partição acicular. Já o Membro Gomo é formado por folhelho cinza-esverdeado,
laminado, com delgadas camadas de calcário e arenito fino cinza-claro.
A Formação Maracangalha se caracteriza por folhelho esverdeado e cinza-
escuro que englobam corpos lenticulares de arenito. É subdividida nos membros
Caruaçu e Pitanga. O Membro Caruaçu é constituído por camadas lenticulares de
arenito fino e médio, com estratificações cruzadas tangenciais e estratificação plano-
paralela, laminações por correntes e convolutas. De acordo com Magnavita et
al.2005, as rochas que compõem este membro constituem depósitos turbidíticos. O
Membro Pitanga é composto por arenitos muito finos, argilosos, maciços, que
exibem acamamento gradacional. Os estratos são interpretados como depósitos de
fluxo de detritos remobilizados em frentes deltáicas (Magnavita et al. 2005).
A Formação Marfim é composta por arenitos com granulometria que varia de
fina a média, bem selecionado, cinza-claro, com camadas de folhelho cinza
esverdeado intercaladas.
27

A Formação Pojuca é caracterizada por intercalações de arenito cinza muito


fino a médio, folhelho cinza-esverdeado, siltito cinza-claro e calcário castanho, que
se sobrepõe à Formação Marfim.
A Formação Taquipe representa um depósito de preenchimento de uma
feição erosiva em forma de canyon, alongada na direção norte-sul, desenvolvida
durante uma fase de queda do nível do lago. É constituída por folhelho cinza com
estratificação paralela e lentes de arenito muito fino maciço.
A Formação São Sebastião é composta por sedimentos derivados de
sistemas fluviais que representam o assoreamento final da Bacia do Recôncavo.
A Formação Salvador, alvo do trabalho em questão, depositada pelo segundo
sistema progradante da fase sin-rifte, terá suas características descritas
detalhadamente no item 2.2.
Na fase Pós-rifte, houve deposição da Formação Marizal, com uma espessura
média de 50 m. A Formação Marizal representa ciclos de conglomerado polimíticos
suportados pela matriz, compostos por seixos de granulitos, gnaisses e quartzitos
que gradam para arenitos finos a médios, calcários e folhelhos escuros bem
laminados (Magnavita et al. 2005). De acordo com Milhomem et al.(2003), o
contraste entre a suborizontalidade dos estratos que compõem a Formação Marizal
e a estruturação dos depósitos sotopostos permite relacionar sua deposição ao
contexto de subsidência termal pós-rifte.
28

Figura 06: Carta Estratigráfica da Bacia do Recôncavo, Caixeta et al.1994, onde o retângulo
vermelho mostra a Formação Salvador.
29

2.1. A FORMAÇÃO SALVADOR

A Formação Salvador, de idade que varia do Berriassiano ao Aptiano inferior,


é composta por conglomerados e arenitos da borda leste das Bacias de Recôncavo
e Tucano Sul/Central, e borda noroeste das Bacias de Jatobá e Tucano Norte
(Caixeta et al.1994).
Barroso (1984) excluiu os arenitos e folhelhos do Membro Morro do Barro, por
não apresentarem relação com os conglomerados da Formação Salvador. De
acordo com o mesmo autor, os arenitos que realmente compõem às fácies distais da
Formação Salvador fazem parte do Membro Sesmaria.
Segundo Magnavita et al. (2005), na Bacia do Recôncavo, os leques
conglomeráticos da Formação Salvador são derivados da erosão do bloco alto da
falha de borda, e constituíram um dos sistemas progradantes que preencheram a
Bacia durante a fase sin-rifte.
Estes conglomerados apresentam formato de espessas cunhas que exibem
um afinamento em direção ao centro da bacia (Figura 07). Esta geometria cuja
espessura máxima do corpo sedimentar fica próximo à escarpa ou frente das
montanhas e as partes mais delgadas da cunha, na parte mais distal da escarpa
caracterizam os leques clássicos e os mais comuns (Pereira 2001).

Figura 07: Paleogeografia da Fase Sin-rifte e distribuiço regional da cunha clástica que
compõe a Formação Salvador na Bacia do Recôncavo (Modificado de Magnavita & Silva
1995).
30

Os sedimentos que constituem a Formação Salvador, produtos de contínuo


rejuvenescimento tectônico do Alto de mesmo nome, possuem espessuras que
variam de algumas dezenas até mais de 2000 metros registrados na perfuração de
poços exploratórios, como pode ser observado no mapa de isópacas dessa
formação (Figura 08). Observa-se também no mapa de isópacas que as maiores
espessuras desta formação estão ao longo da borda leste da Bacia do Recôncavo.

Figura 08: Mapa de Isópacas da Formação Salvador na Bacia do Recôncavo. Fonte: Neto et
al. 1984
CAPÍTULO 3 – LEQUES ALUVIAIS E LEQUES DELTÁICOS

3.1. Conceitos de Leques Aluviais e Leques Deltáicos

Leques aluviais são depósitos formados por sedimentos mal selecionados


que se acumulam no sopé das montanhas ou das cadeias de montanhas; na base
das escarpas de falhas normais; na desembocadura dos vales submarinos ou na
desembocadura dos vales associados a lagos (Pereira 2001). Sua distribuição é
aproximadamente triangular a partir do vale a montante (Figura 9). Para Bridge
(2006), a preservação dos depósitos de leques aumenta com a subsidência do
hanging wall (borda flexural da bacia).
Os depósitos aluviais são um componente importante do registro geológico e
ocorrem em contextos geotectônicos distintos, podendo constituir indicadores
sensíveis dos controles exercidos pelo tectonismo e pelas variações no nível do mar
ou do lago na sedimentação.
Em todos os ambientes climáticos leques aluviais podem ser gerados, a
depender apenas de uma mudança na geomorfologia do terreno. Esta mudança,
armadilha a maior parte dos sedimentos grosseiros entregues a partir da captação
de montanha, e, portanto, afeta a dinâmica sedimentar a jusante, quer seja em
relação a sistemas fluviais distais, ou a ambientes de bacia sedimentar. Ao fazê-lo,
os leques preservam um sensível registro sedimentar das modificações ambientais
ocorridas na área de fonte dos sedimentos, em vez de gravar mudanças no seu
percurso como seria, por exemplo, sedimentos lacustres pluviais (Harvey et. al.
1999). Esta mudança brusca de declive resulta em uma abrupta diminuição de fluxo
em tensão e na taxa de transporte de sedimento, que conduz a localizadas
deposições (Bridge, 2006).
32

Figura 09: Modelo esquemático mostrando a deposição de leques aluviais em formato


aproximadamente triangular na frente de regiões montanhosas Fonte: Unnatural Disasters.

Os leques deltaicos são leques depositados em corpos sub-aquosos, em


ambientes marinhos ou lacustrinos, podendo gerar assim correntes de turbidez,
fluxos de detrititos, dentre outros processos. Neste caso, têm como representantes
mais característicos, os turbiditos, além de depósitos formados por deslizamentos,
escorregamento ou os chamados fluxo-turbiditos (Pereira 2001).
Segundo Miall (1992), para a maioria dos geólogos, os termos leque aluvial e
leque deltaico implica em sedimentos grosseiros depositados em canais
entrelaçados. O mesmo autor ainda comenta que existe uma tendência dos
geólogos usarem os temos unicamente para descrição de unidades conglomeráticas
depositadas na margem de bacias pretéritas, unidade esta denominada de
fanglomerado.
A deposição dos leques aluviais e/ou deltáicos é controlada por flutuações no
nível dos corpos aquosos resultantes de fatores alocíclicos dentre os quais temos o
clima e a tectônica, cuja influência destes fatores não é de fácil separação em riftes
33

intracontinentais (Frostick and Reid, 1989 apud Magnavita e Silva, 1995). Para
Harvey (2007), a deposição de leques aluviais é resultado da interação de três jogos
de fatores: (i) tectônica, topografia total e espaço de acomodação; (ii) quantidade de
água, sedimento, e os processos que operam no leque (geologia de bacia e alívio,
clima); e (iii) os que influenciam a relação entre o leque e ambientes adjacentes.

3.1.1. Clima

O clima, na deposição dos leques aluviais, influencia na energia do fluxo e no


aporte sedimentar. Na literatura são reconhecidos leques aluviais de clima árido e
leques aluviais de clima úmido.
Os leques aluviais de clima árido possuem em sua porção proximal depósitos
de fluxo de detritos polimíticos, contendo seixos a blocos. Este tipo de depósito é
desenvolvido em locais de grande declividade, abundante suprimento de detritos,
requerendo descargas muito fortes para seu início, condições essas mais típicas de
climas áridos e semi-áridos. Nestes locais, durante longos períodos secos, a
desagregação mecânica produz detritos em abundância, os quais são remobilizados
durante as chuvas torrenciais que ocorrem de forma esporádica e que causam a
deposição de altas cargas de sedimento (Riccomini et al.2000).
Leques aluviais de clima árido são identificados primeiramente pelas suas
características físicas, com alguma influência de feições químicas. Oxidação é
bastante observada e, minerais tais como calcita e gipso podem estar presentes
como precipitados, especialmente em porções de distais dos leques. Fósseis estão
geralmente ausentes ou se presentes não são distinguíveis dos presentes em outros
ambientes continentais (Bull 1992).
Como regra geral, sedimentos de leques de clima árido são grosseiros,
pobremente ordenados, e geralmente possuem camadas estratificadas. Há uma
diminuição geral em tamanho de grão das porções proximais para as mais distais do
leque e uma diminuição global sutil em tamanho de grão da base do leque para o
topo. Estas generalizações são largas em natureza, geralmente estão relacionadas
à grande variação das condições e dos mecanismos de transporte (Davis 1983).
Poucos são os estudos sobre leques aluviais de clima úmido. Estes leques
aluviais mostram muitas semelhanças com os de clima árido, porém, requerem além
do grande desnível topográfico resultante da ação tectônica, grande quantidade de
34

chuva que tende a colocar sedimentos no lado oceânico, área mais úmida, distante
da área fonte que geralmente é constituída por grandes cadeias montanhosas.
Muitos leques de clima úmido também desenvolvem em ambiente de frente a
geleiras, tal como no Alaska (Davis 1983).
As características gerais de sedimentos em leques de clima úmido também
são muito parecidas com as dos leques de clima árido. A parte superior dos leques
de clima úmido é caracterizada pela presença de partículas mais grossas, com uma
diminuição da granulometria para as porções mais distais. Leques de clima úmido
parecem exibir baixa variabilidade estratigráfica em textura de sedimento. Seria
esperado que numa seção hipotética, perto do ápice, contenha quase todas as
partículas de tamanho de seixo ou maior. Isto gera um contraste com leques de
clima árido que tendem a mostrar uma mistura de estratos finos e grossos. Tais
sucessões texturais refletem as condições de fluxo relativamente constantes em
leques úmidos somente em contraste com episódios extremos de inundação e
condições estáticas de transporte de sedimentos em leques áridos.

3.1.2. Tectônica

A tectônica exerce fator bastante importante na deposição dos leques. É ela


que ocasiona o aparecimento de mudanças bruscas de declive que favorece a
deposição dos leques, gera instabilidade do sedimento a ser transportado e,
aumenta a quantidade de rochas susceptíveis ao intemperismo e a erosão, através
do aparecimento de falhas e fraturas. A tectônica também pode controlar alguma
ciclicidade presente nos depósitos de leques aluviais. Esta ciclicidade reflete a
coalescência espacial de vários pulsos de leques de épocas distintas.

3.2. Identificação de Leques Aluviais/Deltáicos

Sedimentos aluviais são predominantemente clásticos, com granulometria


que varia de lama a matacões nas frações mais conglomeráticas. Sedimentos
químicos secundários podem ser formados nos ambientes de planície de inundação
associados aos depósitos de leques (Miall 1992).
Para Miall (1996), em fluxos com uma alta concentração de sedimentos, o
transporte de grãos é resultado do empuxo ou força motriz. A níveis modestos de
35

concentração de sedimento, o fluxo é não-coesivo e, pode ser interiormente


turbulento, resultando em laminações, com imbricação de clastos.
De acordo com o mesmo autor, em níveis mais altos de concentração de
sedimento (>40%) é dito que o fluxo é hiperconcentrado. Neste fluxo, cisalhamento é
transmitido pelo fluxo por uma pressão de dispersão que é o resultado de colisões
intergranulares. Grãos mais grossos movem a regiões de mais baixo cisalhamento,
na extremidade do fluxo, resultando numa gradação inversa. Em fluxos com ainda
mais altas concentrações de sedimentos o fluxo tem características pseudoplásticas,
onde a matriz é aderente, e tem uma força adequada para suportar clastos grandes,
o que gera uma pequena escolha interna, e os clastos maiores gradualmente são
jogados para fora, de forma que verticalmente e a jusante podem haver clastos
estratificados.
O tamanho dos clastos que pode ser transportado em fluxos de detritos
depende da força do fluxo que é relacionada à viscosidade e espessura do fluxo. Por
isto, a máxima granulometria do clasto geralmente é classificada segundo o
tamanho do depósito de fluxo de detritos e varia de acordo com a densidade do
fluxo.
O arredondamento e a esfericidade dos clastos também são bastante
variáveis. Os fatores controladores destas características são: a distância da fonte e
resistência do material transportado. Quanto mais resistente e mais próximo da
fonte, maior a granulometria e mais anguloso será o sedimento. O grau de
intemperismo do material a ser transportado também é um fator controlador do
arredondamento, sedimentos já muito intemperizados, mesmo que próximos da área
fonte podem apresentar arredondamento e esfericidades elevados.
Composicionalmente, as variedades encontradas compondo o arcabouço dos
depósitos de leques serão mais diversificadas quanto maior for a quantidade de
litologias disponíveis na área fonte. Nestes depósitos é comum a repetição vertical
de camadas de conglomerado, arenito/siltito e folhelho, característica das porções
proximais, intermediárias e distais, respectivamente. Esta ciclicidade reflete a
coalescência espacial de vários pulsos de leques de épocas distintas.
36

3.3. Processos Sedimentares associados a Leques Aluviais

Leques Aluviais são resultantes de deposição gerada por fluxos densos ou


gravitacionais, que constituem o tipo de fluxo viscoso em que a viscosidade elevada
se deve à grande concentração de sedimentos no fluido.
De acordo com Giannini & Riccomini (2000), do ponto de vista geológico, as
três características mais comuns aos diferentes tipos de fluxo gravitacionais são: 1)
associação preferencial a declives; 2) a formação de depósitos, na base destes
declives, com a morfologia de lóbulos e/ou leques; 3) o caráter episódico (dissipação
de grande quantidade de energia e deslocamento de grande massa de sedimentos
em tempo muito reduzido, de segundos a poucas horas).

De acordo com os mesmos autores, os principais processos sedimentares


associados à deposição em leques aluviais são: queda de rochas,
deslizamentos/escorregamentos, fluxo granular, fluxo de detritos ou de lama e fluxo
em lençol e liquefação. O modo de atuação destes processos e características dos
principais depósitos associados são expostos na Figura 10 e descritos abaixo.

3.3.1. Queda de Rochas

A queda de rochas (rockfall) é caracterizada pela presença de uma superfície


ou área de ruptura onde agem as forças de cisalhamento na resistência máxima ou
residual do solo ou rocha, pelas propriedades e leis constitutivas próprias de
materiais porosos. Neste processo ocorre a queda livre do material sobre gradientes
altos ou queda com algumas colisões com outros blocos. É um evento
extremamente rápido (m/mim, m/s) que resulta na acumulação do material (tálus) na
base da encosta.

3.3.2. Deslizamentos/Escorregamentos

Neste tipo de processo, a característica essencial é o desequilíbrio localizado


de tensão interna, ao longo de uma superfície de fraqueza preexistente ou definida
durante o processo. O regime de forças distribui-se de tal modo que há distensão no
topo do declive, com formação de planos de deslocamentos verticais (falhas
normais) e blocos escalonados; e compressão na base, onde a deposição se dá sob
a forma de dobras recumbentes atectônicas (Giannini & Riccomini, 2000).
Figura 10: Principais tipos de fluxo gravitacionais e suas características quanto a regime reológico, mecanismos de interação grãos/fluido,
declive mínimo e depósito. Fonte: Giannini & Riccominni (2000).
38

3.3.3. Fluxo Granular (Grain Flow)

O fluxo granular é plástico com razão grãos/fluido elevada. O fluido pode ser
água ou ar. A interação intergranular típica é friccional e dá-se em sedimentos
relativamente puros na granulação areia. Em virtude de intensas forças de atrito que
se observam nestas condições, o ângulo mínimo necessário para desencadeamento
do processo é o mais elevado entre os fluxos gravitacionais (Giannini & Riccomini,
2000).

3.3.4. Fluxo de Detritos (Debris Flow)

Fluxo de Detritos aparecem como depósitos espessos contendo muito


sedimento, que possuem comportamento plástico ao invés de se comportar como
um fluido (Bull 1972). Os depósitos resultantes deste processo são pobres em
classificação, pois, não há nenhum mecanismo que, preferencialmente, remova
certas partículas de determinado tamanho. A forma é lobular e tabular, com pouca
ou nenhuma organização interna de partículas. Esta fácies de sedimento de leque é
muito comum no leque superior ou área de proximal.

A quantidade de água em um fluxo será um fator determinante na organização


interna. Relativamente, fluxos de baixa densidade contêm clastos de tamanho
menor, podem conter algum acamamento gradativo, e também mostrar imbricação
quando comparado com fluxos de alta densidade que transportam sedimentos de
granulometria maior (Bull 1972). Estratificações podem ser reconhecidas em
situações onde fluxos sucessivos se acumularam. Tipicamente, fluxos aparecem
com uma espessura uniforme ao longo de sua extensão.

3.3.5. Fluxo em Lençol (Sheet Flow)

Os sedimentos são predominantemente areia, com algum sedimento na


fração silte ou cascalho. Estratificações cruzadas, em pequena escala, é comum nos
arenitos e alguma imbricação pode estar presentes nos conglomerados.
Acamamento planar é o tipo acamamento mais comum, indicando prevalecimento de
condições de regime de fluxo superior. Lóbulos de sheet flow são semelhantes em
39

tamanho aos de depósitos de fluxo de detritos e, são um pouco mais comuns na


parte intermediária do leque do que em outras áreas (Davis 1983).

3.3.6. Liquefação dos sedimentos

A liquefação (fluidificação ou liquidificação) é um estado da matéria, no limiar


entre a reologia plástica e a fluidal, em que os grãos estão suspensos em seus
próprios poros (Giannini & Riccomini 2000). Nos sedimentos o fenômeno de
liquidificação é influenciado por uma vibração mecânica, que pode ser a própria
turbulência causada pela passagem do fluxo, sismos ou passagens de geleiras,
dentre outros; os quais provocam a saída da água existente nos poros dos
sedimentos para regiões de menor pressão gerando a formação de diversas
estruturas como: dish, dobras convolutas e de escape de fluidos.

Fazem parte deste tipo de processo também as correntes de turbidez. Estas


correntes constituem misturas de água com sedimentos que se movem junto ao
fundo sedimentar, claramente distintas do corpo de água ao seu redor. O movimento
e a manutenção da corrente junto ao fundo são atribuídos à sua maior densidade em
comparação com águas arredores, devido à presença de partículas em suspensão.
Entre estas partículas e o fluido, o mecanismo de interação determinante das
características do transporte é a turbulência.
O estímulo primário, necessário à formação de uma corrente de turbidez,
pode ser representado por um abalo sísmico, pela chegada abrupta de uma corrente
de fundo com forte esforço cisalhante, pelo aporte e deposição rápida de grande
quantidade de sedimentos ou pelas vastas combinações possíveis destes fatores.
40

CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO DO AFLORAMENTO

4.1. Descrição do Afloramento

O afloramento de Mont Serrat é composto por intercalações de níveis de


conglomerados, arenitos e lamitos, característicos de depósitos de leques deltáicos
superpostos e amalgamados (Fotografia 02).

Fotografia 02: Intercalações de níveis de conglomerados e de arenitos característicos de


depósitos de leques deltáicos.

4.1.1. Conglomerados

Conglomerados são rochas sedimentares alóctones e epiclásticas, formadas


a partir dos depósitos de clastos. A forma, o tamanho e a petrografia dos depósitos
41

de clastos dependem da rocha matriz, do meio e modo de transporte, além do


ambiente de sedimentação.
Os depósitos de clastos quando litificados originam os conglomerados ou
brechas. A seleção de tamanhos de fragmentos grossos nos depósitos rudáceos
depende das características da área-fonte e das características dos meios e modos
de transporte e deposição.
Para Suguio (2003), o grau de arredondamento dos seixos é um bom índice
do grau de maturidade, mas não deve ser comparado com o dos arenitos, pois,
rochas homogêneas tendem a produzir fragmentos com as mesmas dimensões,
enquanto as rochas com comportamento mecânico anisotrópico produzem
fragmentos de preferência discoidais ou elipsoidais.
Os conglomerados podem ser classificados baseados nos seguintes
parâmetros: textura, maturidade e proveniência.
São conhecidos ortoconglomerados e paraconglomerados (Figura 11).
Ortoconglomerados são conglomerados clasto-suportados, ou seja,
conglomerados cujo percentual de arcabouço é muito superior ao de matriz. Os
ortoconglomeratos são um arranjo intato de seixos e areias grossas e, se
caracterizaram por um cimento mineral. Para Pettijohn (1957), são conglomerados
que foram depositados num ambiente com águas altamente turbulentas, com altas
velocidades. Eles são, então, fortemente acamadados e geralmente estão
associados com areias grossas com estratificação cruzadas.
Paraconglomerados são conglomerados que apresentam mais matriz de que
megaclastos, sendo melhores classificados como lamito ou arenitos com seixos ou
calhaus dispersos. São reconhecidos dois tipos fundamentais de
paraconglomerados: com matriz estratificada e com matriz maciça.
42

a b

c d

Figura 11: Representação esquemática: orto x paraconglomerado. “a”, “b” e “c” são
sustentados pelo arcabouço, enquanto que “d” possui arcabouço flutuante (sustentado pela
matriz). Fonte: Giannini (2000).

No afloramento, os conglomerados se apresentam como níveis polimíticos,


compostos basicamente por clastos de gnaisses, granulitos, pegmatitos e anfibolitos
constituintes do Alto de Salvador e, por extraclastos de carbonatos da Formação
Estância. Numericamente, observou-se que a maioria dos clastos que compõem o
afloramento são derivados da erosão do embasamento, e que, os clastos da
Formação Estância ocorrem nos lóbulos superiores no afloramento.
A granulometria dos clastos varia de grânulo à matacão e o arredondamento
dos clastos varia de anguloso a arredondado. O arredondamento destes clastos
reflete não o grau de transporte, mas a dureza dos constituintes e à susceptibilidade
destas rochas ao intemperismo. No afloramento foram encontrados clastos com
feições que demonstravam que as rochas já estavam com um avançado estágio de
intemperismo antes de serem transportados (Fotografia 03 A e B). Estas feições
representam o resquício da alteração intempérica que resistiu à erosão
apresentando-se como auréolas em torno do clastos geralmente cimentadas por
calcita ou por óxido de ferro.
43

Podem ser observados orto e paraconglomerados (Fotografias 04 A e B), com


matriz areia grossa e, em muitos, principalmente nos ortoconglomerados, é
observada grano-decrescência ascendente em seus estratos. Os
paraconglomerados, no afloramento estudado, são porções proximais de depósitos
de leques, clastos, sendo depositados sobre arenitos distais de leques mais antigos,
já depositados.

Fotografia 03: Clastos com auréolas de alteração intempérica.

A
B

Fotografia 04: Ortoconglomerado polimítico (A) e Paraconglomerado com matriz areia


grossa (B).

4.1.2. Arenitos

Os arenitos encontrados intercalados ou associados aos conglomerados da


Fm. Salvador são, composicional e texturalmente, muito variados em função dos
processos envolvidos na sua gênese. Aqueles, que resultaram de pouca segregação
de conglomerados, e, portanto, nestes intercalados, possuem textura média a
44

grossa, maciços, mas tendo também incipiente estratificação plano-paralela a


cruzada de pequeno porte (Fotografia 06 A e B). Ocorrem em camadas decimétricas
a centimétricas, de coloração bege-amarelada, e exibem estruturas do tipo escape
de fluidos, tipo Dish, dobras convolutas (Fotografias 07, 08A e B), estruturas que
revelam altas concentrações de fluidos no seu ambiente deposicional.
Na base da Fotografia 07 A, observam-se conglomerados com gradação
normal, passando para arenito com estruturas do tipo dish no topo, sendo truncada
por outro nível conglomerático.

Fotografia 05: Intercalação de níveis conglomeráticos com arenitos maciços (A) e Arenito
exibindo estratificação plano-paralela a cruzada de pequeno porte (B).

Fotografia 06: Estrutura do tipo escape de fluido truncada, no topo, por um nível
conglomerático.
45

Fotografia 07: Estrutura do tipo Dish indicada pela seta (A) e Dobras convolutas (B).

Como estruturas deformacionais, algumas camadas exibem dois sistemas de


fraturas, contemporâneas, orientadas N100°/85°SW e N145°/85°SW (Fotografia 08).
Também foram observadas nestas camadas “Shear Band” ou bandas de
deformação, com orientação N190°/Vertical, onde em algumas foi encontrado
possível óleo biodegradado (Fotografia 09 A).
Aydin (1978) definiu “shear bands” ou bandas de deformação como estreitas
faixas marcadas por deformação intragranular, com cisalhamento localizado e
normalmente sem apresentar uma superfície de descontinuidade. Podem ocorrer
como falhas de poucos milímetros a centenas de metros de comprimento e com
rejeitos que variam de poucos milímetros a alguns centímetros. De acordo com
Trzakos et al. (2007), o estudo de bandas de deformação tem auxiliado na
interpretação da evolução e de possíveis impactos na circulação de fluidos em
reservatórios fraturados.
No afloramento descrito, as bandas de deformação apresentam-se
comumente como ressaltos no relevo (Fotografia 09A). Sua maior resistência ao
intemperismo deve-se ao preenchimento dos planos por sílica. Exibem comprimento
de centímetros a poucos metros e largura entre 2 a 20 cm. Em alguns locais pôde
ser observado indicativos de cinemática dextral/normal (Fotografia 09 B).
46

A existência das bandas de deformação revela que ocorreu deformação em


três estilos: fluido ou com bastante água no sedimento, evidenciado pelas estruturas
sedimentares, deformação em estado plástico que é caso das shear bands e
deformação em estado rúptil, revelado pela presença de fraturas.

Fotografia 08: Dois sistemas de fraturas contemporâneos com direção

N100/85SW e N145/85SW.

Nível de possível óleo biodegradado

A B

Fotografia 09: Shear Bands vista em planta apresentando ressaltos na camada e possível
óleo preenchendo fraturas (A) e em detalhe fraturas com movimentação dextral (B).
47

4.1.3. Lamitos

Níveis de lamito cinza-esverdeado ocorrem entre camadas de conglomerado


(Fotografia 10), geralmente apresentam-se bastante intemperizados, dificultando a
identificação de suas estruturas. Provavelmente representam sedimentos das
porções mais distais dos depósitos de leques deltáicos.

Fotografia 10: Nível de Lamito bastante intemperizado com estruturas pouco evidentes.

4.2. Descrição de Perfis Esquemáticos

Com a finalidade de melhor caracterizar o afloramento estudado foram


confeccionados dois perfis esquemáticos, nas melhores exposições verticais
observadas. A localização dos perfis no afloramento pode ser observada no
fotomosaico esquemático (Figura 12).
Foi observada a existência de níveis de conglomerado, de 20 cm a 2m de
espessura, exibindo granodecrescência ascendente em seus estratos. Nestes
níveis, notou-se um enriquecimento na quantidade de clastos derivados da
Formação Estância, com aumento do arredondamento e diminuição da
granulometria dos clastos para o topo do perfil.
Os níveis de arenito são, em sua maioria, maciços, de granulometria variável e
seu topo geralmente é marcado por truncamentos decorrentes da deposição dos
níveis de conglomerado de leques deltáicos mais recentes. Apresentando estruturas
sedimentares foram encontrados um único nível de arenito exibindo estratificação
plano-paralela e outro exibindo escape de fluidos.
O nível de lamito encontrado é quebradiço e aparentemente maciço.
48

(A)

(B)

Figura 12: Fotomosaico ilustrando uma visão geral do afloramento de Mont Serrat contituído por leques deltácos superpostos e amalgamados, com a localização dos perfis confeccionados (A) e Perfis esquemáticos
(B).
49

CAPÍTULO 5 – DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA

5.1. Caracterização dos Carbonatos da Formação Estância

Para as descrições petrográficas dos carbonatos foi utilizada a classificação


utilizada pela PETROBRAS, adaptada de Bramkamp & Powers (1958) e Folk (1959)
mostrada na Figura 13. Foram descritas as lâminas delgadas: AMF-1, AMF-2 e
AMF-5.

Figura 13: Classificação de rochas carbonáticas em uso na PETROBRAS, adaptada de


Bramkamp & Powers (1958) e Folk (1959).

A lâmina AMF-1 é constituída por um mosaico de calcitas neomorfizadas


(40%) e romboedros de dolomita (60%), Fotomicrografia 01 A e B. Ocorrem também
50

traços de sílica sob a forma de megaquartzo que aparece também preenchendo


microfraturas. Manchas de calcilutitos não neomorfizados ocorrem associadas ao
mosaico microcristalino. Segundo a classificação da PETROBRAS é um
Doloespatito/Microdoloespatito dolomitizado cuja textura original está irreconhecível.
A lâmina AMF-2 é constituída por: oncolitos simples e compostos, oóides e
calcitas neomórficas. Nota-se a presença de romboedros de dolomita revelando
feições de dolomitização. Ainda segundo classificação adotada pela PETROBRAS
seria um Calcarenito espático oncolítico neomorfizado e dolomitizado.
A lâmina AMF-5 é composta por um mosaico finamente cristalino, com
bastante pelóides e possível cimento de calcita espática. Apresenta um nível que
pode ser microbialito. O nome da rocha é Calcilutito peloidal neomorfizado
(PETROBRAS).

Fotomicrografia 01: Mosaico de calcitas neomorfizadas e romboedros de dolomita em luz


plana (A) e em luz polarizada (B), com objetiva de 10 x.

Fotomicrografia 02: Oncolitos neomorfizados e dolomitizados. Aumento de 10X.


51

Fotomicrografia 03: (A) Calcilutito peloidal com estrutura orgânica, possivelmente microbial.
Objetiva de 2,5 X e luz plana e (B) Calcilutito peloidal levemente neomorfizado, aumento de
10X (B).

5.2. Caracterização dos níveis de arenito da Formação Salvador

Em relação aos níveis de arenito foram estudadas e descritas duas lâminas


ao microscópio petrográfico: AMF-3 e AMF-4.
Petrograficamente a AMF-3 é um arenito fino a médio, mal selecionado, com
grãos angulosos a sub-angulosos. MIneralogicamente, sua composição modal é:
63% de quartzo, 20% de feldspatos, 9% de biotita, 8% de cimento espático e traços
de fragmentos de rocha metamórfica (Fotomicrografia 04 A e B). Segundo Folk
(1970), trata-se de um sub-arcósio calcítico.
O cimento de calcita presente na lâmina AMF-3 pode ser resultado de
dissolução e reprecipitação dos clastos de carbonato da Formação Estância.
A lâmina AMF-4, arenito fino a médio com a seguinte classificação modal:
75% de quartzo, 15% de feldspatos, 10% de óleo biodegradado e traços de biotita
(Fotomicrografia 05). Segundo Folk (1970) sub-arcósio.
Os quartzos apresentam-se microfraturados possivelmente devido a
confecção da lâmina (Fotomicrografia 04 A), com extinção ondulante e raros
crescimentos secundários. Biotitas estão cloritizadas e/ou com extinção olho-de-
pássaro, os feldspatos, sericitizados e vacuolizados. Alguns grãos estão bastante
intemperizados podendo ser considerados como pseudo-matriz.
O óleo biodegradado aparece preenchendo a porosidade tipo intergranular.
52

CC CC QZ
QZ

Fotomicrografia 04: Grãos de quartzo bastante fraturados (A) aumento de 10X e detalhe do
cimento de calcita espática (B) Aumento de 50X. CC = Calcita e QZ = Quartzo.

Fotomicrografia 05: Lâmina AMF-4, arenito com grãos de quartzo angulosos a subangulosos
e óleo biodegradado preenchendo os espaços porosos (A) Objetiva de 2,5X e, (B) Mesma
rocha com objetiva de 10X.
53

CAPÍTULO 6 – ESTUDO DAS PALEOCORRENTES

6.1. Fundamentação Teórica

Em sedimentologia, Imbricação refere-se à orientação preferencial de clastos,


de tal modo, que há uma sobreposição freqüente destes, uns aos outros, como
“dominós tombados”. Para Rees (1965) apud Yagishita (1989), esta orientação
preferencial dos clastos em muitos processos sedimentares é imposta por forças
hidrodinâmicas durante a deposição do sedimento. Neste processo, a forma dos
clastos também é importante, pois, imbricação ocorre em clastos cuja a forma se
aproxima a de uma elipse, com um eixo maior (X), um eixo intermediário (Y) e um
eixo menor (Z).
Na literatura são reconhecidos dois tipos de imbricação: a de eixo (X) e a de
plano (XY). Na imbricação de eixo (X), ocorre a orientação do eixo maior (X) dos
clastos paralelos à direção do fluxo. Neste tipo de imbricação, o principal mecanismo
transporte dos clastos é por arrasto, pois, ao ser arrastado o clasto tende a alinhar o
eixo maior na direção do fluxo. A imbricação é gerada quando, existe um clasto já
imbricado, posicionado na linha de frente do fluxo que está trazendo outros clastos.
No local onde encontra-se o primeiro clasto, há geração de uma turbulência que
escava a parte de trás do mesmo, fazendo que este tombe, virando uma “rampa” por
onde se posicionarão os próximos clastos trazidos pela corrente (Figura 14).
Geralmente é observada em conglomerados na base de depósitos turbidíticos e de
depósitos de leques aluviais.
54

Figura 14: Mecanismo de geração de imbricação de Eixo (X). Fonte: Earthscience.

A imbricação de plano (XY) também pode ser chamada de imbricação de eixo


(Y), pois, nela há orientação do eixo intermediário (Y) na direção do fluxo e, por
conseguinte, do eixo maior (X) perpendicular à direção do fluxo. Este tipo de
imbricação é gerada quando o mecanismo de transporte dos clastos é o rolamento
que favorece a orientação do eixo intermediário na direção do fluxo, pois, ao longo
deste eixo o formato do clasto se aproxima a um círculo. Esta imbricação é
observada em clastos rolados na base de canais fluviais.
Na determinação dos sentidos de paleocorrentes é comum medir o eixo maior
(X) ou intermediário (Y) visto que, estes se alinham paralelos à direção do fluxo, a
depender do mecanismo de transporte dos clastos. Neste trabalho, é proposto e
testado um novo método (Corrêa-Gomes & Araújo 2008 em preparação) para
determinação do sentido de paleocorrentes a partir do eixo menor (Z) dos clastos,
pois, foi observado que em ambos os mecanismos de transporte, arrasto ou
rolamento, o eixo menor dos clastos cai na direção da corrente, como pode ser
observado na Figura 15. Nesta figura, também pode-se observar que em situações
de basculamento de camadas, onde as camadas são visualizadas com sua
polaridade invertida, a o posicionamento do eixo Z em relação à corrente não se
altera.
A determinação do sentido de paleocorrentes a partir da medida de eixo (Z)
em ambiente de leque deltaico se faz mais confiável, pois, neste ambiente ocorrem
tanto arrasto quanto rolamento no transporte dos clastos. No presente estudo, a
determinação do sentido das paleocorrentes que depositaram a Formação Salvador
em Mont Serrat é importante para o entendimento da evolução do paleorelevo da
55

bacia, estilo da deposição, proveniência dos clastos e hierarquização dos lóbulos


deltáicos.

Representação em planta da Imbricação

Representação em perfil da Imbricação

Figura 15: Representação esquemática de imbricação de plano XY em (A) e em (B)


Imbricação de eixo X, onde pode-se notar o posicionamento do eixo menor (Z) caindo na
direção da corrente.

6.2. Determinação do sentido das Paleocorrentes em Mont Serrat

Em Mont Serrat, depósitos de leques deltaicos, são observados os dois tipos


de imbricação citados anteriormente (Fotografia 12). Foram realizadas 628 medidas
de eixo Z para determinação do sentido das paleocorrentes, sempre procurando
medir os eixos Z dos clastos que apresentavam-se imbricados no afloramento
(Fotografia 13). Aliado a este estudo, foi confeccionado um pequeno mapa
esquemático da distribuição das rochas que compõem a Fm. Salvador no
56

afloramento estudado, baseando-se na composição dos clastos encontrados (Figura


16). De acordo com esta característica, são encontrados dois tipos de
conglomerado: o primeiro constituído por 100% de rochas do embasamento
cristalino e o segundo constituído por rochas do embasamento cristalino e 20 a 30%
de carbonatos da Fm. Estância.

Fotografia 12: Imbricação de Plano XY e de Eixo X observadas no afloramento de Mont


Serrat. A seta vermelha indica o sentido da paleocorrente.

Fotografia 13: Clastos imbricados mostrando paleocorrente para sudoeste, indicada pela
seta vermelha.
57

Espacialmente pode-se observar que os conglomerados que contém os


clastos da Fm. Estância ocorrem no centro da área estudada, perfazendo 25% do
total da área. Pôde-se notar também que os estratos mais novos localizam-se na
porção mais ao norte do afloramento, sendo compostos pelos conglomerados com
clastos da Fm. Estância, enquanto que os mais velhos localizam-se mais ao sul,
compostos pelos conglomerados com apenas clastos do embasamento cristalino.
Na Fotografia 14 pode-se observar que os conglomerados com clastos da Formação
Estância são mais novos que os conglomerados compostos por clastos do
embasamento, sendo encontrados na porção superior do afloramento, bem
evidenciado pela diferença de coloração dos clastos. È possível notar ainda que, a
granulometria dos clastos que compõem o conglomerado composto por clastos do
embasamento é maior do que a dos clastos que formam os conglomerados com
clastos da Fm. Estância.
Para facilitar o estudo, o afloramento foi dividido em cinco partes principais: A,
B, C, D e E, baseado na sua distribuição espacial e composição dos clastos dos
conglomerados (Figura 17).

Conglomerado com
clastos da Fm. Estância

Conglomerado composto por


clastos do embasamento

Fotografia 14: Afloramento de Mont Serrat onde é possível observar que os conglomerados
com clastos da Formação Estância ocupam a porção superior, portanto, são mais novos.
58

Figura 16: Mapa esquemático da distribuição das rochas da Formação Salvador em Mont Serrat, Salvador – BA.
59

Figura 17: Mapa de localização das sub-áreas estudadas.


60

A Sub-área A é composta pelos dois conglomerados acima citados: o


constituído por clastos do embasamento e o conglomerado com 20-30% de
extraclastos da Fm. Estância (Figura 18). As paleocorrentes apresentam como
direções mais freqüentes: N170°-N180° com 8 medidas (16,67%), N160°-N170° com
7 medidas (14,58%), N130°-N140° com 5 medidas (10,42%). Estas medidas indicam
que a área-fonte dos sedimentos que compõem a sub-área (A) localizava-se a norte,
visto que as paleocorrentes possuem orientação preferencial para sul, indicando
área-fonte a Norte do afloramento estudado.
A sub-área B é constituída por conglomerados com clastos do embasamento
e, por conglomerados com clastos do embasamento e da Fm. Estância. As porções
arenosas apresentam S0 com direção N125°/30°SE. As paleocorrentes encontradas
possuem direção principal N210°- N220° com 7 medidas (8,86%), N150°- N160°
com 6 medidas (7,59%) além de, N090°-N100° e N240°- N250° ambas com 4
medidas (5,06%), Figura 19. A dispersão dos dados das paleocorrentes em duas
direções principais pode ser devido à existência de dois lóbulos nesta porção do
afloramento, tendo como vetor resultante, uma paleocorrente com orientação
aproximadamente para sul, relacionada com uma área-fonte a Norte.
Na Sub-área C são observados apenas conglomerados com clastos do
embasamento, apresentado fraturas com dois trends principais N100/85SW e
N145/85SW (Figura 20) e as paleocorrentes mais freqüentes possuem orientação
N210°- N220° com 28 medidas (18,06%), N200°- N210° com 24 medidas (15,48%) e
N190°- N200° com 23 medidas (14,84%). No diagrama de rosetas presente na
mesma figura pode-se perceber o direcionamento das paleocorrentes bem evidente
para Sudoeste, indicando fonte a Nordeste.
Na sub-área D são observados leques conglomeráticos que na sua
constituição apresentam de 20 a 30% de extraclastos da Formação Estância. Nesta
porção do afloramento as paleocorrentes mais freqüentes medidas possuem direção
N250°- N260° com 14 medidas (7,36%), N260°- N270° com 11 medidas (5,79%) e
N270°- N280° com 11 medidas (5, 79), como exposto na Figura 21. Nesta porção do
afloramento observa-se paleocorrentes para sudoeste, indicativas de área-fonte a
nordeste, provável contribuição da Falha de Salvador.
A sub-área E apresenta conglomerados constituídos por clastos do
embasamento com S0 com direção N164/20SE. Apresenta paleocorrentes mais
freqüentes com direção N200°- N210° com 21 medidas (13,46%), N190°- N200° com
61

17 medidas (10,90%) e N160°-N170° com 12 medidas (7,69%), como pode ser


observado na Figura 22. Nesta região, assim como na sub-área C, observa-se uma
paleocorrente bem marcada para sudoeste, indicando fonte com orientação
aproximadamente N030°
Após a análise dos dados de paleocorrente e interpretação da área fonte do
sedimento encontrado nas cinco sub-áreas estudadas, nota-se que, a principal fonte
dos conglomerados compostos por clastos do embasamento possui direção
aproximadamente N030° (Figura 23), ou seja, posiciona-se paralela ao sistema de
Falhas de Salvador. Este fato acarreta em algumas possibilidades para a deposição
desses leques: (a) os sedimentos seriam provenientes da Falha de Salvador e,
seriam depositados através de uma canalização fluvial coaxial a esta falha; (b) os
sedimentos seriam provenientes do Alto de Salvador, porém, a canalização dos
sedimentos seria influenciada por outra falha com direção N30°, pertencente ao
mesmo sistema de falhas, que estaria posicionada no interior da Bacia do
Recôncavo; e (c) a deposição da Formação Salvador em Mont Serrat seria
proveniente de uma falha ortogonal à Falha de Salvador, posicionada a norte, com
direção N120°, muito provavelmente uma das falhas de transferência existentes na
bacia. Com relação aos conglomerados que em sua composição apresentam clastos
da Fm. Estância foi observado que, para os afloramentos A e B as paleocorrentes
são preferencialmente para sul indicando fonte a norte, podendo ser correlacionada
a rios que adrentraram no lago tectônico da Bacia do Recôncavo provenientes de
regiões mais elevadas a norte. Porém, na sub-área D, os mesmos conglomerados
demonstram fonte a nordeste, indicando que o transporte dos conglomerados com
clastos da Fm. Estância encontrados no afloramento em estudo, também proveio
da Falha de Salvador, o que acarretaria na existência da referida Formação em
algum local sobre as rochas granulíticas presentes do Alto de Salvador.
Na figura 24 pode-se observar que para a deposição dos conglomerados com
clastos do embasamento as situações mais prováveis seriam de fluxo confinado a
semi-confinado enquanto que, as mais indicadas para a deposição dos
conglomerados com clastos da Formação Estância seriam de fluxo livre a semi-
confinado.
62

Figura 18: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas litologias encontradas na sub-área A.
63

Figura 19: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas litologias encontradas na sub-área B.
64

Figura 20: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas litologias encontradas na sub-área C.
65

Figura 21: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas litologias encontradas na sub-área D
66

Figura 22: Mapa esquemático da distribuição das principais paleocorrentes nas litologias encontradas na sub-área E.
67

Figura 23: Diagrama de rosetas comparativo ilustrando os padrões de paleocorrente do afloramento, dos conglomerados com
clastos da Fm. Estância e dos conglomerados compostos por clastos do embasamento.
68

Figura 24: Modelos genéticos propostos.


69

CAPÍTULO 7 - DISCUSSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a elaboração deste trabalho foi possível concluir que a Formação


Salvador, no afloramento de Mont Serrat, é constituída por leques deltaicos,
superpostos e amalgamados, compostos por intercalações de níveis de
conglomerados, arenitos e lamitos, característicos deste tipo de depósito. Fato
comprovado pelas estruturas sedimentares encontradas, tais como
granodecrescência ascendente dos estratos conglomeráticos, estratificação plano-
paralela a cruzadas de pequeno porte nos níveis arenosos, estes que ainda
apresentam estruturas de fluidização e liquidificação tais como: estruturas de escape
de fluidos, Tipo Dish e dobras convolutas que revelam altas concentrações de
fluidos no seu ambiente deposicional.
Nos níveis de arenito ainda foram encontrados fraturas preenchidas por óleo
biodegradado. A ocorrência deste óleo, no afloramento estudado, pode ter um
significado economicamente importante, visto que, a Bacia do Recôncavo é
comprovadamente produtora de petróleo e gás natural, e em profundidade, estes
arenitos possuem contato com os folhelhos do Membro Gomo da Formação
Candeias, geradores da bacia. Podendo este óleo significar possível migração dos
folhelhos geradores, caracterizando em profundidade, estes níveis de arenito como
importantes reservatórios em potencial.
Neste afloramento foram distinguidos dois tipos de conglomerados com base
na litologia dos seus clastos: conglomerados compostos por clastos do
embasamento e conglomerados com 20-30% de clastos da Formação Estância.
Petrograficamente, os clastos da Formação da Formação Estância são
classificados como Doloespatito/Microdoloespatito cuja textura original é
70

irreconhecível, Calcarenito espático oncolítico neomorfizado e, dolomitizado e


Calcilutito peloidal neomorfizado de acordo com a classificação adotada pela
PETROBRAS. Nestas rochas observa-se comumente feições de dolomitização e
neomorfismo representados por mosaicos de calcitas e dolomitas. Os níveis de
arenito são classificados, segundo Folk (1970), como sub-arcósio a sub-arcósio
calcítico.
Na determinação das peleocorrentes observou-se que a fonte dos
conglomerados compostos por clastos do embasamento possui direção
aproximadamente N030°, ou seja, posiciona-se paralela ao sistema de Falhas de
Salvador. Este fato acarreta três possibilidades para a deposição desses leques: (a)
os sedimentos seriam provenientes da Falha de Salvador e, seriam depositados
através de uma canalização fluvial coaxial a esta falha; (b) os sedimentos seriam
provenientes do Alto de Salvador, porém, a canalização dos sedimentos seria
influenciada por uma outra falha com direção N30°, pertencente ao mesmo sistema
de falhas, que estaria posicionada no interior da Bacia do Recôncavo; e (c) a
deposição da Formação Salvador em Mont Serrat seria proveniente de uma falha
ortogonal à Falha de Salvador, posicionada a norte, com direção N120°, muito
provavelmente uma das falha de transferência existentes na bacia. Com relação aos
conglomerados que em sua composição apresentam clastos da Fm. Estância
observa-se que para os afloramentos A e B, as medidas de paleocorrente indicam
fonte dos sedimentos a norte, podendo ser correlacionada a paleorios que
adrentraram no lago tectônico da Bacia do Recôncavo provenientes de regiões mais
elevadas a norte. Porém, na sub-área D, os mesmos conglomerados demonstram
fonte a nordeste, indicando que o transporte dos conglomerados com clastos da Fm.
Estância encontrados no afloramento em estudo, também proveio da Falha de
Salvador, o que acarretaria na existência da referida Formação sobre as rochas
granulíticas presentes do Alto de Salvador.
Apesar dos bons resultados apresentados, ainda são necessários maiores
estudos nos depósitos conglomeráticos da Formação Salvador, a fim de, determinar
com maior precisão as áreas-fonte do material encontrado no afloramento estudado.
Após a realização deste trabalho, nota-se a necessidade de separar os dados
obtidos nos conglomerados com clastos do embasamento dos obtidos através de
medições de eixo menor nos conglomerados que apresentam clastos da Formação
71

Estância nas sub-áreas A e B para melhor determinar as diferenças no padrão das


paleocorrentes.
72

CAPÍTULO 8 – REFERÊNCIAS

ALLARD, G.O. & TIBANA, P. Extensão Pré-Cretácea e Petrografia da Série


Estância, Reconstituída pelo Estudo dos Conglomerados Cretáceos do
Recôncavo. Boletim Técnico da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 1966. v.9 (I), p. 17-
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Almeida. São Paulo, Beca. 2004. Cap.1, p.16-35.

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Bahia: Uma Síntese. Revista Brasileira de Geociências. 2003. v.33 (1), p.3-6.

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73

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