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6º ANO - 2010

Mister Moleza e o
Reino da Preguica

De Daniel Adjafre
NOME:..................................................................................................................................ANO:..................

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Personagens: Elenco
LUCAS
MÃE DE LUCAS
MISTER MOLEZA
D. PEDRO I
MARECHAL DEODORO DA FONSECA
TIRADENTES
FINADINHO
JOSÉ DA SILVA

Argumento:
Mister Moleza rouba o feriado de 21 de Abril, e o Brasil não mais poderá fazer aniversário. Lucas acorda
pensando que é feriado do Descobrimento do Brasil e descobre que aquele dia já é o seguinte - houve um salto do
dia 20 para 22 de Abril. Sua mãe explica que ele tem que ir para o colégio e não sabe o que aconteceu.
No colégio, Lucas vai à Biblioteca para tentar encontrar uma resposta. Lá, encontra D. Pedro I, que lhe conta que
Mister Moleza é o responsável pelo seqüestro de Tiradentes e que ele rouba feriados para que o reino da Preguiça
tenha apenas feriados o ano inteiro e ninguém trabalhe. Aparece também Deodoro da Fonseca, que propõe a D.
Pedro I irem tentar resgatar Tiradentes.
No Reino da Preguiça, Mister Moleza, em seu castelo, explica para Tiradentes seus planos diabólicos e divaga
sobre os “benefícios” da preguiça. Lucas, Deodoro e D. Pedro chegam, ameaçam Mister Moleza, mas logo são
tomados de grande preguiça. D. Pedro e Deodoro acabam por dormir e são presos juntamente com Tiradentes.
Lucas consegue fugir.
De volta à Biblioteca, Lucas, lamenta não ter mais quem o ajude. Surgem então o Fantasma, o Trabalhador e o
Coelho. Lucas explica porque não podem ir ao castelo de Mister Moleza - uma vez que a preguiça toma de conta
e perdem as forças. Têm juntos a idéia de fazerem uma super bananada com vários ingredientes- pó de guaraná,
café, mel, rapadura, castanha de caju, etc, invadirem o castelo e, se forem pegos, fingirem que dormiram.
No castelo, os prisioneiros conversam sobre qual deles fará mais falta às pessoas - discutem sobre qual o feriado
mais importante.
Lucas e seus amigos chegam e são surpreendidos por Mister Moleza. Este, tenta provocar nos invasores a
preguiça e o sono. Todos fingem cair sob esses efeitos. Mister Moleza tem preguiça de prendê-los naquele
momento e vai dormir. Lucas e seus amigos param de fingir que estão dormindo e libertam os outros. Mister
Moleza acorda durante a fuga (a maioria já conseguiu fugir) e lhes provoca preguiça (o efeito da super-bananada
está passando).

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Cena I

(Cenário: quarto de Lucas. Ele dorme. Sua mãe vem acordá-lo.)

MÃE DE LUCAS - Lucas, ô Lucas! Vamos acordando que já está na hora.


LUCAS (acordando) - Mas mãe, hoje não é feriado?
MÃE DE LUCAS - Hoje!?
LUCAS - Vinte e um de Abril, dia de Tiradentes.
MÃE DE LUCAS (pegando um calendário) - Deixe-me ver. Vinte e um... vinte e um... aqui! Olha, não tem
nada. Sempre que é feriado, tem uma bolinha vermelha.
LUCAS - Nossa, que estranho! Deixa eu ver. (olha o calendário)
MÃE DE LUCAS - Além do mais, na rua, as pessoas estão indo trabalhar normalmente.
LUCAS - Mas hoje era pra ser feriado, sim. O que será que aconteceu?
MÃE DE LUCAS - Bom, eu não tenho a menor idéia, mas enquanto não descobrimos, o senhor trate de trocar
de roupa, tomar sua bananada e ir pra escola.
LUCAS - Ah, mãe, deixa eu dormir mais um pouquinho, estou com uma preguiça...
MÃE DE LUCAS - Nã nã nã nã não. Venha logo pra cozinha tomar sua bananada, que a preguiça passa.

(Mãe de Lucas sai. Ele troca de roupa, com muita preguiça. Blackout.)

Cena II

(Cenário: escola, próximo à porta da biblioteca.)

LUCAS - Eu estou achando muito estranha essa história de hoje, vinte e um de Abril, não ser mais feriado. Vou à
biblioteca, ver se descubro alguma coisa.

(Na biblioteca, Lucas folheia um livro quando, de repente, ouve uma voz.)

D. PEDRO I - Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que vou.

(Surge D. Pedro I. Lucas assusta-se.)

LUCAS - Nossa, que susto! Quem é você?


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D. PEDRO I - Como assim, quem sou eu? Vai dizer que não sabe?
LUCAS - Olhando bem, você parece com alguém que eu conheço...
D. PEDRO I - Mas todas as pessoas no Brasil me conhecem. Ou, pelo menos, deveriam me conhecer.
LUCAS - Você é ator de novela?
D. PEDRO I - Não.
LUCAS - Cantor de rock?
D. PEDRO I - Não.
LUCAS - Já sei! Pagodeiro.
D. PEDRO I (irritado) - Pelo amor de Deus, garoto, eu sou D. Pedro I.
LUCAS - D. Pedro I!?
D. PEDRO I - O próprio.
LUCAS - Mas o que é que você está fazendo aqui?
D. PEDRO I - Eu vim procurar ajuda para salvar um amigo, um grande amigo meu.
LUCAS - Quem?
D. PEDRO I - O Joaquim.
LUCAS - Que Joaquim?
D. PEDRO I - Joaquim José da Silva Xavier. E agora, sabe quem é?
LUCAS - Joaquim José da Silva Xavier? Não conheço.
D. PEDRO I - Você não é muito esperto, hein? Percebo que freqüenta muito pouco a biblioteca. Se viesse mais
vezes aqui, não ficaria fazendo essas perguntas bobas. Tiradentes. Ti-ra-den-tes. Joaquim José da Silva Xavier é o
nome verdadeiro de Tiradentes.
LUCAS - Quer dizer que Tiradentes é apelido?
D. PEDRO I - Claro! Onde já se viu alguém chamar-se Tiradentes?
LUCAS - É um apelido meio esquisito.
D. PEDRO I - Esquisito nada - ele é dentista.
LUCAS - Ah, bom. Assim, sim. Já pensou? Podia ser pior: Obturadentes. Ou Arrancadentes. E D. Pedro I, é
apelido?
D. PEDRO I - Claro que não. Dom, é um título pelo qual um imperador, como eu, deve ser tratado. O primeiro,
porque sou o primeiro imperador do Brasil. E Pedro é uma parte de meu nome.
LUCAS - E como é seu nome completo?
D. PEDRO I - Você quer mesmo saber?
LUCAS - Quero.
D. PEDRO I - Tem certeza?
LUCAS - Claro que tenho certeza. Parece até que você não sabe dizer seu nome completo.

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D. PEDRO I - Muito bem, aí vai: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel
Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Burbom
LUCAS - Nossa, isso tudo?
D. PEDRO I - Pois é. Só consegui decorar tudo quando tinha quinze anos de idade.
LUCAS - É melhor mesmo chamar só de D. Pedro I.
D. PEDRO I - Eu acho meu nome lindo, imponente, nobre, distinto...
LUCAS (interrompendo-o) - Mas o que foi que o Tiradentes fez pra ser feriado no seu dia? Ele era um dentista
tão bom assim?
D. PEDRO I - Claro que não... como você se chama?
LUCAS - Lucas.
D. PEDRO I - Pois bem, Lucas, é que Tiradentes foi um dos homens que mais lutou pela independência do
Brasil.
LUCAS - Então foi Tiradentes quem proclamou a independência do Brasil?
D. PEDRO I - Eu, eu proclamei a independência - modéstia à parte. Tiradentes tentou. Ten-tou. Mas, tenho que
reconhecer, é um grande homem, destemido e que lutou heroicamente por nosso país. Daí ser feriado em sua
homenagem.
LUCAS - Mas não é mais feriado dia vinte e um.
D. PEDRO I - Aí está o problema: Tiradentes foi seqüestrado.
LUCAS - Seqüestrado? Por quem?
D. PEDRO I - Pelo terrível preguiçoso Mister Moleza.
LUCAS - Mister Moleza? Quem é esse?
D. PEDRO I - Mister Moleza é um homem muito mal e preguiçoso. Ele é o mestre do Reino da Preguiça.
LUCAS - E por que ele seqüestrou Tiradentes?
D. PEDRO I - Porque a coisa de que Mister Moleza mais gosta de fazer é roubar feriados - roubar feriados para
o Reino da Preguiça. Ele já tem quase um ano inteirinho só de feriados.
LUCAS - Puxa, mas isso deve ser legal.
D. PEDRO I - Legal? Você está maluco! Com tantos feriados as pessoas não estudam, não trabalham, acabam
ficando burras.
LUCAS - Quer dizer que você não gosta de feriados?
D. PEDRO I - Claro que gosto! Eu mesmo represento um feriado - o Sete de Setembro - dia em que proclamei a
Independência do Brasil. Nos feriados nós podemos ficar com nossas famílias, ir à praia, ao clube, nos
divertirmos a valer. Mas gosto também dos outros dias do ano, são muito importantes. Dá pra fazer muitas coisas
boas também, como trabalhar e estudar.

(Ouvem um tosse por detrás das prateleiras.)

D. PEDRO I - Você ouviu?


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LUCAS - O quê?
D. PEDRO I - Parece que alguém tossiu atrás daquela prateleira.

(Ouvem novamente a tosse.)

D. PEDRO I - Será Mister Moleza, querendo me seqüestrar também?

(D. Pedro I saca sua espada. Ela é bem menor do que se supunha - é praticamente uma faca.)

LUCAS - Ih, que espada ridícula!


D. PEDRO I - É, bem... quer dizer, é que ela já está meio velhinha. Você tem que levar em conta que desde 1822
que eu a tenho. Na verdade, a ferrugem andou estragando-a um pouco.

(Aproximam-se cautelosamente da prateleira. MÚSICA DE SUSPENSE. Com um forte espirro aparece o


Marechal Deodoro da Fonseca, assustando os outros dois.)

D. PEDRO I (irritado) - Minha nossa, Deodoro, assim você me mata do coração, homem!
DEODORO - Desculpem, desculpem. Eu não queria assustá-los.
LUCAS - Deodoro?
DEODORO - Marechal Deodoro da Fonseca, ao seu dispor, meu jovem.
LUCAS - Já sei! Você proclamou a república no Brasil.
D. PEDRO I - República... bah!
DEODORO - Exatamente. Em 15 de... de... Novembro de... de... (espirra) 1889.
D. PEDRO I (para Lucas) - Hum, até que você não é tão lesadinho quanto eu pensava. (Afasta-se um pouco,
dando as costa para Deodoro.)
LUCAS (para Deodoro) - Você está doente?
DEODORO - Um pouco, um pouco. Nada grave. Alguma novidade?

(D. Pedro I permanece de costas para ele.)

DEODORO (tentando fazer com que D. Pedro o ouça) - Eu perguntei se havia alguma novidade.
D. PEDRO I - Está falando comigo?
DEODORO - Claro que estou.
D. PEDRO I (desdenhoso) - Nenhuma. Acho que o jeito é mesmo eu ir ao castelo de Mister Moleza para salvar
o Tiradentes.
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DEODORO - Então vamos logo, o que estamos esperando?
D. PEDRO I - E alguém o convidou?
DEODORO - Como assim, alguém me convidou? Eu não preciso de convite para ajudar meu país.
D. PEDRO I - E como você pretende enfrentar Mister Moleza? Posso saber?
DEODORO - Ora essa, com a minha espada, é claro. (Procura a espada na bainha e não encontra) Ué, cadê
ela?
D. PEDRO I (debochando) - Nem a espada trouxe.
DEODORO - Acho que a esqueci.
D. PEDRO I - Um imperador não esqueceria sua espada.
DEODORO - Olha aqui seu...
LUCAS - Ei, ei... o que é isso? Deixem de brigar e acalmem-se.
D. PEDRO I - Republicano de meia tigela!
DEODORO - Monarquista desqualificado.
LUCAS - Assim não vamos conseguir resolver nenhum problema. Prestem atenção: libertar Tiradentes é de
interesse de todos nós, não é?
D. PEDRO I - Sim.
DEODORO - Lógico.
LUCAS - Pois então? Se não nos unirmos, não teremos chance. Portanto, deixem de lado essa briga besta e
façam as pazes agora mesmo.

(Deodoro e D. Pedro I, após relutarem um pouco, apertam-se as mãos.)

LUCAS - Muito bem. Agora sim, podemos ir.


D. PEDRO I - Você também quer ir?
LUCAS - Claro!
DEODORO - Não acho que seja uma boa idéia.
D. PEDRO I - Lá é muito perigoso.
LUCAS - Mas eu sou esperto, eu posso ajudar.
D. PEDRO I - Não basta ser esperto, Lucas. Uma vez chegando ao Castelo de Mister Moleza, temos que agir
muito rápido, pois o sono e a preguiça logo tomarão conta de nós.
DEODORO - Temos que ser fortes, determinados.
LUCAS - Pois estão falando com a pessoa certa. Além do mais, três juntos é melhor do que dois.
D. PEDRO I - Com licença, um instantinho.

(D. Pedro I e Deodoro afastam-se um pouco de Lucas.)


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D. PEDRO I - Que é que você acha?
DEODORO - Não sei... De certa forma ele está certo, quanto mais gente para enfrentar Mister Moleza, melhor.
D. PEDRO I - Você não acha que ele tem cara de quem é meio preguiçoso?
DEODORO - Um pouco, um pouco, mas acho que podemos confiar nele.

(Retornam para junto de Lucas.)

D. PEDRO I - Muito bem, Lucas, nós decidimos que você poderá ir conosco.
DEODORO - Mas veja lá, hein? Se você se deixar levar pela preguiça, se tornará prisioneiro de Mister Moleza e
passará o resto da vida sonolento, sem disposição para brincar e estudar.
LUCAS - Podem contar comigo, não vão se arrepender.
DEODORO - Que tal irmos cantando uma música no caminho?
LUCAS - Que música?
DEODORO - O hino da Bandeira. Vocês conhecem?
LUCAS e D. PEDRO I - Não.
DEODORO - Então vou ensiná-los. É assim. (canta o início do Hino da Bandeira.)

(Blackout)

Cena III

(Castelo de Mister Moleza. Um trono suntuoso ao centro, uma grande ampulheta, um calendário gigante e uma
cela do lado esquerdo, onde vemos Tiradentes.)

MISTER MOLEZA - Ah, que dia maravilhoso! Não fiz absolutamente nada. Não aprendi nada, não estudei,
não trabalhei - uma maravilha. E toda essa indolência, graças a você, meu caro Tiradentes.
TIRADENTES - Isso é um absurdo! Eu, Tiradentes, ser seqüestrado por um preguiçoso como você, Mister
Moleza.
MISTER MOLEZA - Você deveria estar orgulhoso de seu dia ser agora um feriado do Reino da Preguiça.
TIRADENTES - Acontece que, para os brasileiros, o dia vinte e um de Abril é um dos dias mais importantes
para a história do Brasil. Um dia em que as pessoas lembram de como é importante acreditar em um ideal. Um
dia em que todos lembram de como um cidadão pode contribuir para um futuro melhor de seu país.
MISTER MOLEZA - Eu estou pouco ligando para eles. Agora que você é meu prisioneiro, eu posso ficar com o
feriado só pra mim.
TIRADENTES - Vejo que você não é nem um pouco patriota.
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MISTER MOLEZA - Patriota? De jeito nenhum. Eu sou mesmo é preguiçoso. Indolente. Sonolento... (boceja)
Ah, que sono, por falar nisso. Se não se incomoda, meu caro Tiradentes, vou tirar uma sonequinha, sim?
TIRADENTES - É só isso que você sabe fazer mesmo. Dormir, espreguiçar-se, bocejar... Você não perde por
esperar: meus amigos inconfidentes virão me ajudar, você vai ver.
MISTER MOLEZA - Ora, se existe uma coisa de que eu não gosto é de alguém ficar me atrapalhando o sono.
Portanto, meu caro Tiradentes, porque você também não dá um cochilo?
TIRADENTES - Mas eu (boceja) eu... eu não estou (boceja novamente) com... sono. (dorme)
MISTER MOLEZA - Muito bem, muito bem, assim mesmo. Não adianta resistir ao meu poder. Quando eu
acordar, continuaremos a conversa.

Cena IV

(Mister Moleza dorme em seu trono e Tiradentes no chão de sua cela. Após um breve instante, aparecem Lucas,
D. Pedro I e Deodoro, que esgueiram-se pelo lado oposto de onde encontra-se Tiradentes.)

D. PEDRO I - Muito bem, chegamos.


DEODORO - Olhem, lá está Mister Moleza. Parece que está dormindo.
LUCAS - E vejam, do outro lado, Tiradentes.
D. PEDRO I - Vamos em silêncio para que Mister Moleza não acorde.
DEODORO - Parece que vai ser muito fácil.
LUCAS - Tomara.

(Eles atravessam o palco, sorrateiramente, até a cela de Tiradentes.)

DEODORO - Tiradentes, Tiradentes, acorde, homem.


TIRADENTES - Aaann?
DEODORO - Você sabe onde está a chave?
TIRADENTES - Aaann?
LUCAS - Ih, pelo jeito, ele está morto de preguiça.
D. PEDRO I - Coragem, homem. A chave, onde Mister Moleza guarda a chave?
LUCAS - Nós viemos salvá-lo.
DEODORO - Mas sem a chave não vamos conseguir libertá-lo.

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D. PEDRO I - Claro que vamos. (grita, erguendo a espada) Independência ou morte.

(Mister Moleza acorda.)

MISTER MOLEZA - Quê? Quem está aí?


LUCAS - Puxa vida, D. Pedro, olha só o que você fez. Precisava gritar desse jeito?
DEODORO - Acordou Mister Moleza.
D. PEDRO I - É que eu me empolguei...
MISTER MOLEZA - Ora vejam só! (eles voltam-se para Mister Moleza) Pensam que podem vir aqui, assim
facilmente, e libertar seu amigo, hein? Pensam que sou idiota? Pois vão juntar-se a ele, serão meus prisioneiros.
D. PEDRO I - Nós não temos medo de você, Mister Moleza.
DEODORO (escondendo-se por trás de D. Pedro I) - Nem um pouquinho.
MISTER MOLEZA - Pois agora vocês vão sentir uma preguiça, mas uma preguiça que nunca sentiram em suas
vidas. Seus olhos vão ficar pesados...
DEODORO - Parece que tenho um pedaço de chumbo em cada olho.
D. PEDRO I - Os meus olhos parece que têm areia.
MISTER MOLEZA - Suas pernas vão ficar moles...

(Todos ficam cambaleando, com as pernas moles. Bocejam várias vezes.)

DEODORO - Eu dava tudo por uma boa cama.


D. PEDRO I - Eu não tenho disposição nem pra ficar de pé.
LUCAS (à parte) - Engraçado, eu não estou sentindo nada.
MISTER MOLEZA - Vocês estão com uma grande vontade de dormir, de deitar e não fazer nada, de curtir uma
boa preguiça...
D. PEDRO I - Se tô.
DEODORO - Ah uma rede...

(Deodoro e D. Pedro I deitam-se e dormem.)

LUCAS (à parte) - Engraçado. Eu não sinto preguiça nenhuma. Não sei porque os poderes de Mister Moleza não
fizeram efeito em mim. Mas o que é que eu faço agora? Se eu ficar aqui, serei preso com os outros. Já sei. Vou
fingir que estou dormindo e quando Mister Moleza se distrair, fugirei.

(Lucas deita-se junto dos outros.)

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MISTER MOLEZA (grande gargalhada) - Idiotas. Pensavam que eram mais fortes do que minha preguiça.
Ninguém pode resistir aos meus poderes. Ninguém.

(Mister Moleza fica de costas para Lucas - voltando-se para o público. Ele aproveita para tentar fugir. Durante
a próxima fala de Mister Moleza, Lucas se esconderá pelas costas do vilão, aproveitando suas distrações. Mister
Moleza tira a chave da cela do bolso e gesticula segurando-a)

MISTER MOLEZA - Imbecis. Pensaram que seria fácil. Mas enganaram-se re-don-da-men-te. Eu sou muito
mais esperto do que eles imaginam. No final das contas, acabaram me ajudando bastante. Agora, ao invés de um
feriado, tenho três: sete de Setembro, quinze de Novembro e vinte e um de Abril.

(Lucas foge do castelo. Luz cai em resistência enquanto ouvimos a gargalhada de Mister Moleza.)

Cena V

(Lucas está de volta à biblioteca da escola. Olha aleatoriamente alguns livros.)

LUCAS - Eu não entendo porque não sofri os efeitos da preguiça e do sono. D. Pedro I e o Marechal Deodoro
rapidinho foram dominados. Pensaram que podiam resistir, mas que nada. E agora, como vou ajudar meus
amigos?

(Som de TEMPESTADE, MÚSICA DE TERROR.. Surge o fantasma Finadinho. Lucas está apavorado.)

LUCAS - Quem... quem é vo-você?


FINADINHO - Eu sou Finadinho.
LUCAS - Finadinho?
FINADINHO - An-ham. Eu sou o presidente - eleito - do grêmio dos finados.
LUCAS - Finados?
FINADINHO - Mortos. Finados quer dizer mortos.
LUCAS - Puxa, e o que é que você veio fazer aqui?
FINADINHO - Ora, ajudar meus amigos D. Pedro I, Marechal Deodoro, Tiradentes. Soube que Mister Moleza
os aprisionou.
LUCAS - Verdade.
FINADINHO - Aquele infame preguiçoso! É melhor que eu trate logo de enfrentá-lo antes que ele tente também
roubar o feriado do dia de finados.

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LUCAS - Ué, e tem esse feriado, dia de finados?
FINADINHO - Lógico! É o dia dois de Novembro. Um dia para as pessoas - aquelas que estão vivas, é claro -
irem visitar e rezar pelo seus parentes queridos, que já foram dessa para melhor.
LUCAS - Ah, é por isso que nesse dia as pessoas vão aos cemitérios, levando rosas.
FINADINHO - E eles ficam tão lindos, floridos...
LUCAS - Mas você tem algum plano?
FINADINHO - Plano!? Não.
LUCAS - Ih, então vai ser difícil. Como é que você quer salvar D. Pedro I, o Marechal Deodoro e o Tiradentes
sem um plano?
FINADINHO - Taí uma boa pergunta. Acho que vamos ter muito trabalho.

(Aparece José da Silva, um trabalhador - capacete, macacão e levando sempre consigo uma caixa de
ferramentas.)

JOSÉ DA SILVA - Trabalho!? Alguém falou em trabalho? É com carteira assinada?


FINADINHO - Quem é você?
JOSÉ DA SILVA (cumprimentando Finadinho) - José da Silva, trabalhador assalariado.
LUCAS (cumprimentando-o) - Prazer.
JOSÉ DA SILVA - O prazer é todo meu.
FINADINHO - José da Silva!? Vai dizer que existe o feriado do dia do José da Silva?
JOSÉ DA SILVA - Não, não, meu amigo, José da Silva é apenas o meu nome. O feriado mesmo chama-se dia do
trabalho, e comemora-se - mundialmente - em primeiro de Maio.
FINADINHO - Mas como é que pode ser feriado no dia do trabalho?
JOSÉ DA SILVA (para Lucas) - Esse seu amigo faz uma perguntas meio bobas, não? Talvez porque ele esteja
doente, repare como está pálido.
LUCAS - É que ele é um fantasma.
JOSÉ DA SILVA - Fantasma!?
LUCAS - É, ele é o presidente do grêmio dos finados.
JOSÉ DA SILVA - Ah, sei...
FINADINHO - E você, eu presumo, deve estar querendo ajudar na libertação de D. Pedro I, Marechal Deodoro
da Fonseca e Tiradentes.
JOSÉ DA SILVA - Precisamente.
FINADINHO - Muito bem, nosso amigo Lucas estava falando sobre um plano...
JOSÉ DA SILVA - Um plano?
LUCAS - Não... quer dizer, na verdade eu não tenho nenhum plano.
FINADINHO e JOSÉ DA SILVA (em uníssono, desanimados) - Ahhhhhh!
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LUCAS - Mas...
FINADINHO e JOSÉ DA SILVA (em uníssono, curiosos) Annnnn?
LUCAS - Eu não tenho certeza.
FINADINHO e JOSÉ DA SILVA (em uníssono, desanimados) - Ahhhhhh!
LUCAS - Mas tenho uma suspeita.
FINADINHO e JOSÉ DA SILVA (em uníssono, apreensivos) - Siiiim?
LUCAS - É que quando nós três fomos ao castelo de Mister Moleza, o Marechal Deodoro e D. Pedro I foram
facilmente dominados pelos poderes de Mister Moleza - tornaram-se preguiçosos que só vendo.
JOSÉ DA SILVA - Mas e você?
LUCAS - Aí é que está! Eu não senti nada, nem um soninho.
JOSÉ DA SILVA - Muito estranho, muito estranho.
FINADINHO - Estranhíssimo.
JOSÉ DA SILVA - Por que a preguiça não fez efeito em você?
FINADINHO - Talvez você tenha dormido bastante durante a noite?
LUCAS - Eu dormi como todos os outros dias, não acho que tenha sido isso.
JOSÉ DA SILVA - Você tomou algum remédio contra a preguiça?
LUCAS - Não, a não ser... esperem, já sei! Foi a bananada.
FINADINHO e JOSÉ DA SILVA (em uníssono) - Bananada!?
LUCAS - Foi. Todo dia de manhã, antes de sair para a escola, minha mãe me dá um copo bem grande de
bananada - ela fala que é pra acabar com o sono e a preguiça.
JOSÉ DA SILVA - Muito interessante. A bananada lhe deixou protegido contra a preguiça. Então, se todos nós
tomarmos a sua bananada, poderemos entrar no castelo de Mister Moleza sem sermos aprisionados.
LUCAS - E libertar nossos amigos.
FINADINHO (à parte) - Se tem uma coisa de que não gosto é bananada. Prefiro mingau.
LUCAS - Então vamos à minha casa.

Cena VI

(Cozinha da casa de Lucas. Conforme ele vai lembrando dos ingredientes, vai adicionando-os ao liqüidificador.)
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LUCAS - Muito bem, deixem-me ver. Primeiro, o liquidificador. (pega o liquidificador). Depois... as bananas, é
claro.
JOSÉ DA SILVA - É claro.
FINADINHO - Onde já se viu bananada sem bananas? E o que mais?
LUCAS - Leite.
FINADINHO - É claro.
JOSÉ DA SILVA - Onde já se viu bananada sem leite?
LUCAS - E farinha láctea.
JOSÉ DA SILVA - É claro.
FINADINHO - Onde já se viu bananada sem farinha láctea?
LUCAS - Neston.
FINADINHO - É claro, Neston.
JOSÉ DA SILVA - Onde já se viu bananada sem Neston?
LUCAS - Um pouco de açúcar, e o que mais, o que mais?
FINADINHO - O que mais, o que mais?
JOSÉ DA SILVA - O que mais, o que mais?
LUCAS - Mel!
FINADINHO - Mel.
JOSÉ DA SILVA - Mel, é claro.
LUCAS - Hummm, pelo jeito vocês parecem que não são muito acostumados a fazer bananada.
JOSÉ DA SILVA - Eu sou. Como bom trabalhador, preciso estar bem alimentado e disposto para começar bem o
dia. E a bananada me dá força, ânimo.

(Lucas liga o liquidificador.)

FINADINHO (à parte) - Já eu, como já disse, prefiro mingau. Nunca gostei de bananada. Pra falar a verdade,
odeio bananada.
LUCAS (desligando o liquidificador) - Pronto.

(Enche três copos. Lucas e José da Silva tomam, mas Finadinho disfarça, afasta-se um pouco e derrama o
conteúdo do copo em um jarro de plantas.)

FINADINHO (à parte) - Eu não acredito mesmo que isso vá fazer algum efeito. Mas é melhor deixar que meus
amigos pensem que eu tomei tudo. Caso contrário, podem querer me impedir de ir com eles.

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LUCAS - E então, gostaram?
JOSÉ DA SILVA - Esplêndida!
FINADINHO - Uma delícia.
LUCAS - Tomaram tudo?
JOSÉ DA SILVA - Tudinho.
FINADINHO (virando o copo vazio) - Não deixei uma gota.
LUCAS - Ótimo! Agora estamos preparados para enfrentar Mister Moleza.
JOSÉ DA SILVA - Sua preguiça não nos afetará.
FINADINHO - Tomara.
LUCAS - Então vamos.

Cena VII

(De volta ao castelo de Mister Moleza. Este encontra-se em seu trono, tirando um cochilo. Na cela estão os três
prisioneiros. D. Pedro I canta o hino da independência.)

MISTER MOLEZA (acordando) - Ah, que música chata! Assim eu não consigo dormir.
D. PEDRO I - Música chata, uma pinóia. Mais respeito que esta... música chata, como você chamou, é o Hino
da Independência do Brasil.
TIRADENTES - E é um hino muito bonito.
DEODORO - De fato.
MISTER MOLEZA - Pois eu prefiro o hino do Reino Preguiça. É assim:
Não faço nada o dia inteiro
Durmo cedo e acordo tarde
Não trabalho e não estudo
Só penso em fazer maldade

Não há coisa que eu mais goste


Que um feriado pra repousar
E um ano inteiro sem fazer nada
Uma preguiça boa pra danar

TIRADENTES - Isso é horrível!


DEODORO - Um péssimo exemplo para as crianças do Brasil.

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D. PEDRO I - Você é um péssimo cantor e um compositor pior ainda.
MISTER MOLEZA - Ora, calem-se todos vocês e me deixem dormir.

(Os heróis têm novo acesso de preguiça, bocejam várias vezes.)

DEODORO - Ih, me bateu um sono...


TIRADENTES - E eu já dormi tanto...
D. PEDRO I - Que preguiça! Acho que mais uma sonequinha vai bem.

(Os três dormem. Lucas, Finadinho e José da Silva entram no castelo.)

JOSÉ DA SILVA - Acho que Mister Moleza está dormindo.


LUCAS - Pra variar.
FINADINHO - Vamos de fininho para ele não acordar.
LUCAS - Da outra vez, ele acordou com um grito de D. Pedro. Portanto, façam bastante silêncio, porque se ele
acordar...
JOSÉ DA SILVA - Mas agora estamos protegidos pela bananada.
FINADINHO - Mas não é bom confiar muito nisso...
LUCAS - Vão para junto de nossos amigos que irei pegar a chave no bolso de Mister Moleza.

(Avançam em direção à cela. Lucas pega a chave de Mister Moleza, que acorda.)

MISTER MOLEZA - Eu não acredito! De novo!? Maldito garoto. Da outra vez conseguiu fugir, mas agora,
será meu prisioneiro. E ainda me trouxe de presente mais dois feriados. Muita generosidade de sua parte.

(Lucas começa a abrir a cela.)

MISTER MOLEZA - Agora vão sentir uma grande preguiça, um grande sono. Sua pernas estão moles... os
olhos pesados...

(Os presos saem da cela ainda com muita preguiça. Lucas e José da Silva estão bem e os ajudam. Finadinho
começa a esmorecer.)

FINADINHO (bocejando) - Ai, que preguiça! Que sono...


LUCAS - Vamos, D. Pedro, vamos Deodoro. José, ajude Tiradentes.
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MISTER MOLEZA - Parem! Que está acontecendo? Não sentem preguiça? Não sentem sono? O que houve
com meus poderes?

(Os cinco fogem, mas Finadinho deita-se, quase dormindo.)

FINADINHO (bocejando) - Como meus olhos estão pesados! Que moleza! (Deita-se)
MISTER MOLEZA - Malditos! Como conseguiram resistir à preguiça? Voltem aqui, voltem. (olhando
Finadinho) Pelo menos este brancoso ficou. Não é muita coisa, mas pelo menos é um bom feriado - dois de
Novembro.

(Arrasta Finadinho para dentro da cela.)

MISTER MOLEZA - Agora eu vou dormir mais um pouquinho, pois já fiz muito esforço por hoje.

(Senta-se em seu trono e dorme. Pouco tempo depois Finadinho acorda.)

FINADINHO - Ai, que moleza! Que preguiça! Ei, o que aconteceu? Estou preso? Ora vejam só! Esse Mister
Moleza é muito burro mesmo. Pensa que essas grades podem me prender. Será que ele não sabe que fantasmas
podem passar através das paredes? (atravessa as grades) Pronto, já estou livre novamente. Posso ir encontrar
meus amigos antes que eles fiquem preocupados comigo. (Caminha em direção à saída. Pára e observa Mister
Moleza dormindo) Sabe que agora eu tive uma boa idéia?

(Finadinho pega a chave de Mister Moleza, abre a cela e empurra o trono - com ele ainda dormindo - para
dentro dela.)

FINADINHO (trancando) - Pronto. Resolvido. Quero ver ele sair daí quando acordar.

Cena VIII

(Lucas e os outros chegam.)

LUCAS - Finadinho, você está bem?


FINADINHO - Estou, estou. Com um pouco de preguiça, é verdade, mas estou bem.
MISTER MOLEZA (acordando)- Hein! Que aconteceu? Onde estou?
DEODORO - Olhem só, Mister Moleza está preso.
JOSÉ DA SILVA - Como você conseguiu fazer isso, Finadinho?

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FINADINHO - Vocês não contavam com a minha astúcia, hein?
MISTER MOLEZA (acordando) - Desgraçados, tirem-me daqui.
D. PEDRO I - Tirem-me daqui, coisa nenhuma. Você está onde você merece, Mister Moleza de meia tigela.
MISTER MOLEZA - Vamos fazer uma acordo - vocês me libertam e eu os deixo em paz.
DEODORO - E quem é que acredita em você?
TIRADENTES - Você não sairá nunca mais daí. Vamos embora. (Todos andam em direção à saída)
MISTER MOLEZA - Não façam isso comigo. Não me deixem só. Não me abandonem. Não me deixem
sozinho.
LUCAS - Esperem, eu tive uma idéia.
FINADINHO - Que idéia?
LUCAS - Vamos dar uma chance a Mister Moleza de se recuperar de sua preguiça.
D. PEDRO I - Uma chance?
LUCAS - É. Afinal, todos merecem uma segunda chance.
DEODORO - De fato.
LUCAS - A idéia é a seguinte: vocês repararam que a cela não possui teto?
JOSÉ DA SILVA - Não?
LUCAS - Não. Podem olhar.

(Todos dirigem-se à cela e olham tentando ver o teto.)

D. PEDRO I - Provavelmente Mister Moleza ficou com preguiça de terminar de construir.


LUCAS - Eu preciso de madeira, pregos e um martelo.
JOSÉ DA SILVA - Martelo e pregos é pra já. (Tira-os de sua caixa de ferramentas)
DEODORO - Madeira eu acho que tem ali. (Pega alguns pedaços)
LUCAS - Ótimo, acho que já basta.
D. PEDRO I - E qual é a idéia?
LUCAS (para todos) - Bem, se Mister Moleza deixar a preguiça de lado e tiver disposição, ele pode construir
uma escada com essa madeira e esses pregos.
MISTER MOLEZA - Uma escada?
LUCAS - Sim, Mister Moleza. Se você construí-la poderá sair daí de dentro pelo alto.

(Todos olham para cima e depois jogam o material para dentro da cela.)

D. PEDRO I - Ótima idéia.

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DEODORO - Muito inteligente.
JOSÉ DA SILVA - Mas se ele não tiver disposição para construir a escada...
TIRADENTES - ...irá passar o resto de sua vida preso.
FINADINHO - Será que ele é tão preguiçoso assim?
LUCAS - Bem, agora o problema é dele. Já tem a sua chance.
DEODORO - Mas e se ele sair e tentar seqüestrar outros feriados?
LUCAS - Agora, com a super-bananada, nós já sabemos como combater a preguiça.
DEODORO - É verdade, Mister Moleza não nos assusta mais.
FINADINHO - Então, vamos embora, que já é hora.
LUCAS - Vamos.

(Saem todos.)

MISTER MOLEZA (olhando para cima) - Uma escada!? Mas é muito alto... vai dar muito trabalho. (boceja)
Só de pensar já estou cansado. Acho que antes é melhor dormir um pouquinho. Talvez quando eu acordar, esteja
disposto para construir essa maldita escada. (olha para o martelo e a madeira) Ah, mas isso vai dar um
trabalho... (Dorme)

Cena IX

(Quarto de Lucas. Amanhece o dia. Ele está dormindo, sua mãe entra.)

MÃE DE LUCAS - Lucas, ô Lucas! Vamos acordando que já está na hora.


LUCAS (acordando sobressaltado) - An!? Que dia é hoje?
MÃE DE LUCAS - Nossa, que disposição! Hoje é vinte e dois de Abril.
LUCAS - Dia do descobrimento do Brasil?
MÃE DE LUCAS - Sim, é isso mesmo. Mas nem se empolgue que o feriado foi ontem.
LUCAS - Ontem foi feriado mesmo?
MÃE DE LUCAS - Claro! Dia de Tiradentes. Venha logo para a cozinha que sua bananada já está pronta.

(Mãe de Lucas sai.)

LUCAS (triste) - Será que tudo não passou de um sonho?

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(Lucas ouve alguém assobiando o hino da independência.)

LUCAS (alegre) - Ei, eu conheço esse assobio!

(Aparece D. Pedro I.)

LUCAS (eufórico) - D. Pedro!

(Aparecem os outros.)

LUCAS - Tiradentes, Finadinho, José, Deodoro! E eu já estava pensando que tudo tinha sido apenas um sonho.
D. PEDRO I - Que sonho o quê! Foi tudo pra valer.
FINADINHO - Nós viemos, Lucas, pra lhe pedir uma coisa.
LUCAS - Que coisa?
FINADINHO - Que você não conte essa história para ninguém.
D. PEDRO I - Senão vão lhe chamar de mentiroso. As pessoas não vão acreditar.
DEODORO - Esse é o nosso segredo, meu jovem
LUCAS - Podem deixar que eu não conto pra ninguém. (pausa) A não ser...
TODOS (juntos) - Hein?
LUCAS - No dia da mentira. No dia da mentira vou contar pra todo mundo e todos vão pensar que é mentira.
D. PEDRO I - Assim, sim. Tudo bem
LUCAS - E Mister Moleza, ainda está preso?
FINADINHO - Está tal e qual nós o deixamos.
JOSÉ DA SILVA - Ainda não teve disposição para construir a escada.
D. PEDRO I - E acho que não terá tão cedo.
JOSÉ DA SILVA - Ei, por que não cantamos, uma música, para comemorar nossa vitória?
FINADINHO - Ótimo! Grande idéia.
D. PEDRO I - Qual música? O Hino da Independência?
DEODORO - Ou o Hino da Bandeira?
JOSÉ DA SILVA - Acho que poderíamos cantar o Hino Nacional Brasileiro.
TIRADENTES - Vamos lá!

Fim

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