Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mister Moleza e o
Reino da Preguica
De Daniel Adjafre
NOME:..................................................................................................................................ANO:..................
2
Personagens: Elenco
LUCAS
MÃE DE LUCAS
MISTER MOLEZA
D. PEDRO I
MARECHAL DEODORO DA FONSECA
TIRADENTES
FINADINHO
JOSÉ DA SILVA
Argumento:
Mister Moleza rouba o feriado de 21 de Abril, e o Brasil não mais poderá fazer aniversário. Lucas acorda
pensando que é feriado do Descobrimento do Brasil e descobre que aquele dia já é o seguinte - houve um salto do
dia 20 para 22 de Abril. Sua mãe explica que ele tem que ir para o colégio e não sabe o que aconteceu.
No colégio, Lucas vai à Biblioteca para tentar encontrar uma resposta. Lá, encontra D. Pedro I, que lhe conta que
Mister Moleza é o responsável pelo seqüestro de Tiradentes e que ele rouba feriados para que o reino da Preguiça
tenha apenas feriados o ano inteiro e ninguém trabalhe. Aparece também Deodoro da Fonseca, que propõe a D.
Pedro I irem tentar resgatar Tiradentes.
No Reino da Preguiça, Mister Moleza, em seu castelo, explica para Tiradentes seus planos diabólicos e divaga
sobre os “benefícios” da preguiça. Lucas, Deodoro e D. Pedro chegam, ameaçam Mister Moleza, mas logo são
tomados de grande preguiça. D. Pedro e Deodoro acabam por dormir e são presos juntamente com Tiradentes.
Lucas consegue fugir.
De volta à Biblioteca, Lucas, lamenta não ter mais quem o ajude. Surgem então o Fantasma, o Trabalhador e o
Coelho. Lucas explica porque não podem ir ao castelo de Mister Moleza - uma vez que a preguiça toma de conta
e perdem as forças. Têm juntos a idéia de fazerem uma super bananada com vários ingredientes- pó de guaraná,
café, mel, rapadura, castanha de caju, etc, invadirem o castelo e, se forem pegos, fingirem que dormiram.
No castelo, os prisioneiros conversam sobre qual deles fará mais falta às pessoas - discutem sobre qual o feriado
mais importante.
Lucas e seus amigos chegam e são surpreendidos por Mister Moleza. Este, tenta provocar nos invasores a
preguiça e o sono. Todos fingem cair sob esses efeitos. Mister Moleza tem preguiça de prendê-los naquele
momento e vai dormir. Lucas e seus amigos param de fingir que estão dormindo e libertam os outros. Mister
Moleza acorda durante a fuga (a maioria já conseguiu fugir) e lhes provoca preguiça (o efeito da super-bananada
está passando).
3
Cena I
(Mãe de Lucas sai. Ele troca de roupa, com muita preguiça. Blackout.)
Cena II
LUCAS - Eu estou achando muito estranha essa história de hoje, vinte e um de Abril, não ser mais feriado. Vou à
biblioteca, ver se descubro alguma coisa.
(Na biblioteca, Lucas folheia um livro quando, de repente, ouve uma voz.)
D. PEDRO I - Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que vou.
5
D. PEDRO I - Muito bem, aí vai: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel
Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Burbom
LUCAS - Nossa, isso tudo?
D. PEDRO I - Pois é. Só consegui decorar tudo quando tinha quinze anos de idade.
LUCAS - É melhor mesmo chamar só de D. Pedro I.
D. PEDRO I - Eu acho meu nome lindo, imponente, nobre, distinto...
LUCAS (interrompendo-o) - Mas o que foi que o Tiradentes fez pra ser feriado no seu dia? Ele era um dentista
tão bom assim?
D. PEDRO I - Claro que não... como você se chama?
LUCAS - Lucas.
D. PEDRO I - Pois bem, Lucas, é que Tiradentes foi um dos homens que mais lutou pela independência do
Brasil.
LUCAS - Então foi Tiradentes quem proclamou a independência do Brasil?
D. PEDRO I - Eu, eu proclamei a independência - modéstia à parte. Tiradentes tentou. Ten-tou. Mas, tenho que
reconhecer, é um grande homem, destemido e que lutou heroicamente por nosso país. Daí ser feriado em sua
homenagem.
LUCAS - Mas não é mais feriado dia vinte e um.
D. PEDRO I - Aí está o problema: Tiradentes foi seqüestrado.
LUCAS - Seqüestrado? Por quem?
D. PEDRO I - Pelo terrível preguiçoso Mister Moleza.
LUCAS - Mister Moleza? Quem é esse?
D. PEDRO I - Mister Moleza é um homem muito mal e preguiçoso. Ele é o mestre do Reino da Preguiça.
LUCAS - E por que ele seqüestrou Tiradentes?
D. PEDRO I - Porque a coisa de que Mister Moleza mais gosta de fazer é roubar feriados - roubar feriados para
o Reino da Preguiça. Ele já tem quase um ano inteirinho só de feriados.
LUCAS - Puxa, mas isso deve ser legal.
D. PEDRO I - Legal? Você está maluco! Com tantos feriados as pessoas não estudam, não trabalham, acabam
ficando burras.
LUCAS - Quer dizer que você não gosta de feriados?
D. PEDRO I - Claro que gosto! Eu mesmo represento um feriado - o Sete de Setembro - dia em que proclamei a
Independência do Brasil. Nos feriados nós podemos ficar com nossas famílias, ir à praia, ao clube, nos
divertirmos a valer. Mas gosto também dos outros dias do ano, são muito importantes. Dá pra fazer muitas coisas
boas também, como trabalhar e estudar.
(D. Pedro I saca sua espada. Ela é bem menor do que se supunha - é praticamente uma faca.)
D. PEDRO I (irritado) - Minha nossa, Deodoro, assim você me mata do coração, homem!
DEODORO - Desculpem, desculpem. Eu não queria assustá-los.
LUCAS - Deodoro?
DEODORO - Marechal Deodoro da Fonseca, ao seu dispor, meu jovem.
LUCAS - Já sei! Você proclamou a república no Brasil.
D. PEDRO I - República... bah!
DEODORO - Exatamente. Em 15 de... de... Novembro de... de... (espirra) 1889.
D. PEDRO I (para Lucas) - Hum, até que você não é tão lesadinho quanto eu pensava. (Afasta-se um pouco,
dando as costa para Deodoro.)
LUCAS (para Deodoro) - Você está doente?
DEODORO - Um pouco, um pouco. Nada grave. Alguma novidade?
DEODORO (tentando fazer com que D. Pedro o ouça) - Eu perguntei se havia alguma novidade.
D. PEDRO I - Está falando comigo?
DEODORO - Claro que estou.
D. PEDRO I (desdenhoso) - Nenhuma. Acho que o jeito é mesmo eu ir ao castelo de Mister Moleza para salvar
o Tiradentes.
7
DEODORO - Então vamos logo, o que estamos esperando?
D. PEDRO I - E alguém o convidou?
DEODORO - Como assim, alguém me convidou? Eu não preciso de convite para ajudar meu país.
D. PEDRO I - E como você pretende enfrentar Mister Moleza? Posso saber?
DEODORO - Ora essa, com a minha espada, é claro. (Procura a espada na bainha e não encontra) Ué, cadê
ela?
D. PEDRO I (debochando) - Nem a espada trouxe.
DEODORO - Acho que a esqueci.
D. PEDRO I - Um imperador não esqueceria sua espada.
DEODORO - Olha aqui seu...
LUCAS - Ei, ei... o que é isso? Deixem de brigar e acalmem-se.
D. PEDRO I - Republicano de meia tigela!
DEODORO - Monarquista desqualificado.
LUCAS - Assim não vamos conseguir resolver nenhum problema. Prestem atenção: libertar Tiradentes é de
interesse de todos nós, não é?
D. PEDRO I - Sim.
DEODORO - Lógico.
LUCAS - Pois então? Se não nos unirmos, não teremos chance. Portanto, deixem de lado essa briga besta e
façam as pazes agora mesmo.
D. PEDRO I - Muito bem, Lucas, nós decidimos que você poderá ir conosco.
DEODORO - Mas veja lá, hein? Se você se deixar levar pela preguiça, se tornará prisioneiro de Mister Moleza e
passará o resto da vida sonolento, sem disposição para brincar e estudar.
LUCAS - Podem contar comigo, não vão se arrepender.
DEODORO - Que tal irmos cantando uma música no caminho?
LUCAS - Que música?
DEODORO - O hino da Bandeira. Vocês conhecem?
LUCAS e D. PEDRO I - Não.
DEODORO - Então vou ensiná-los. É assim. (canta o início do Hino da Bandeira.)
(Blackout)
Cena III
(Castelo de Mister Moleza. Um trono suntuoso ao centro, uma grande ampulheta, um calendário gigante e uma
cela do lado esquerdo, onde vemos Tiradentes.)
MISTER MOLEZA - Ah, que dia maravilhoso! Não fiz absolutamente nada. Não aprendi nada, não estudei,
não trabalhei - uma maravilha. E toda essa indolência, graças a você, meu caro Tiradentes.
TIRADENTES - Isso é um absurdo! Eu, Tiradentes, ser seqüestrado por um preguiçoso como você, Mister
Moleza.
MISTER MOLEZA - Você deveria estar orgulhoso de seu dia ser agora um feriado do Reino da Preguiça.
TIRADENTES - Acontece que, para os brasileiros, o dia vinte e um de Abril é um dos dias mais importantes
para a história do Brasil. Um dia em que as pessoas lembram de como é importante acreditar em um ideal. Um
dia em que todos lembram de como um cidadão pode contribuir para um futuro melhor de seu país.
MISTER MOLEZA - Eu estou pouco ligando para eles. Agora que você é meu prisioneiro, eu posso ficar com o
feriado só pra mim.
TIRADENTES - Vejo que você não é nem um pouco patriota.
9
MISTER MOLEZA - Patriota? De jeito nenhum. Eu sou mesmo é preguiçoso. Indolente. Sonolento... (boceja)
Ah, que sono, por falar nisso. Se não se incomoda, meu caro Tiradentes, vou tirar uma sonequinha, sim?
TIRADENTES - É só isso que você sabe fazer mesmo. Dormir, espreguiçar-se, bocejar... Você não perde por
esperar: meus amigos inconfidentes virão me ajudar, você vai ver.
MISTER MOLEZA - Ora, se existe uma coisa de que eu não gosto é de alguém ficar me atrapalhando o sono.
Portanto, meu caro Tiradentes, porque você também não dá um cochilo?
TIRADENTES - Mas eu (boceja) eu... eu não estou (boceja novamente) com... sono. (dorme)
MISTER MOLEZA - Muito bem, muito bem, assim mesmo. Não adianta resistir ao meu poder. Quando eu
acordar, continuaremos a conversa.
Cena IV
(Mister Moleza dorme em seu trono e Tiradentes no chão de sua cela. Após um breve instante, aparecem Lucas,
D. Pedro I e Deodoro, que esgueiram-se pelo lado oposto de onde encontra-se Tiradentes.)
10
D. PEDRO I - Claro que vamos. (grita, erguendo a espada) Independência ou morte.
LUCAS (à parte) - Engraçado. Eu não sinto preguiça nenhuma. Não sei porque os poderes de Mister Moleza não
fizeram efeito em mim. Mas o que é que eu faço agora? Se eu ficar aqui, serei preso com os outros. Já sei. Vou
fingir que estou dormindo e quando Mister Moleza se distrair, fugirei.
11
MISTER MOLEZA (grande gargalhada) - Idiotas. Pensavam que eram mais fortes do que minha preguiça.
Ninguém pode resistir aos meus poderes. Ninguém.
(Mister Moleza fica de costas para Lucas - voltando-se para o público. Ele aproveita para tentar fugir. Durante
a próxima fala de Mister Moleza, Lucas se esconderá pelas costas do vilão, aproveitando suas distrações. Mister
Moleza tira a chave da cela do bolso e gesticula segurando-a)
MISTER MOLEZA - Imbecis. Pensaram que seria fácil. Mas enganaram-se re-don-da-men-te. Eu sou muito
mais esperto do que eles imaginam. No final das contas, acabaram me ajudando bastante. Agora, ao invés de um
feriado, tenho três: sete de Setembro, quinze de Novembro e vinte e um de Abril.
(Lucas foge do castelo. Luz cai em resistência enquanto ouvimos a gargalhada de Mister Moleza.)
Cena V
LUCAS - Eu não entendo porque não sofri os efeitos da preguiça e do sono. D. Pedro I e o Marechal Deodoro
rapidinho foram dominados. Pensaram que podiam resistir, mas que nada. E agora, como vou ajudar meus
amigos?
(Som de TEMPESTADE, MÚSICA DE TERROR.. Surge o fantasma Finadinho. Lucas está apavorado.)
12
LUCAS - Ué, e tem esse feriado, dia de finados?
FINADINHO - Lógico! É o dia dois de Novembro. Um dia para as pessoas - aquelas que estão vivas, é claro -
irem visitar e rezar pelo seus parentes queridos, que já foram dessa para melhor.
LUCAS - Ah, é por isso que nesse dia as pessoas vão aos cemitérios, levando rosas.
FINADINHO - E eles ficam tão lindos, floridos...
LUCAS - Mas você tem algum plano?
FINADINHO - Plano!? Não.
LUCAS - Ih, então vai ser difícil. Como é que você quer salvar D. Pedro I, o Marechal Deodoro e o Tiradentes
sem um plano?
FINADINHO - Taí uma boa pergunta. Acho que vamos ter muito trabalho.
(Aparece José da Silva, um trabalhador - capacete, macacão e levando sempre consigo uma caixa de
ferramentas.)
Cena VI
(Cozinha da casa de Lucas. Conforme ele vai lembrando dos ingredientes, vai adicionando-os ao liqüidificador.)
14
LUCAS - Muito bem, deixem-me ver. Primeiro, o liquidificador. (pega o liquidificador). Depois... as bananas, é
claro.
JOSÉ DA SILVA - É claro.
FINADINHO - Onde já se viu bananada sem bananas? E o que mais?
LUCAS - Leite.
FINADINHO - É claro.
JOSÉ DA SILVA - Onde já se viu bananada sem leite?
LUCAS - E farinha láctea.
JOSÉ DA SILVA - É claro.
FINADINHO - Onde já se viu bananada sem farinha láctea?
LUCAS - Neston.
FINADINHO - É claro, Neston.
JOSÉ DA SILVA - Onde já se viu bananada sem Neston?
LUCAS - Um pouco de açúcar, e o que mais, o que mais?
FINADINHO - O que mais, o que mais?
JOSÉ DA SILVA - O que mais, o que mais?
LUCAS - Mel!
FINADINHO - Mel.
JOSÉ DA SILVA - Mel, é claro.
LUCAS - Hummm, pelo jeito vocês parecem que não são muito acostumados a fazer bananada.
JOSÉ DA SILVA - Eu sou. Como bom trabalhador, preciso estar bem alimentado e disposto para começar bem o
dia. E a bananada me dá força, ânimo.
FINADINHO (à parte) - Já eu, como já disse, prefiro mingau. Nunca gostei de bananada. Pra falar a verdade,
odeio bananada.
LUCAS (desligando o liquidificador) - Pronto.
(Enche três copos. Lucas e José da Silva tomam, mas Finadinho disfarça, afasta-se um pouco e derrama o
conteúdo do copo em um jarro de plantas.)
FINADINHO (à parte) - Eu não acredito mesmo que isso vá fazer algum efeito. Mas é melhor deixar que meus
amigos pensem que eu tomei tudo. Caso contrário, podem querer me impedir de ir com eles.
15
LUCAS - E então, gostaram?
JOSÉ DA SILVA - Esplêndida!
FINADINHO - Uma delícia.
LUCAS - Tomaram tudo?
JOSÉ DA SILVA - Tudinho.
FINADINHO (virando o copo vazio) - Não deixei uma gota.
LUCAS - Ótimo! Agora estamos preparados para enfrentar Mister Moleza.
JOSÉ DA SILVA - Sua preguiça não nos afetará.
FINADINHO - Tomara.
LUCAS - Então vamos.
Cena VII
(De volta ao castelo de Mister Moleza. Este encontra-se em seu trono, tirando um cochilo. Na cela estão os três
prisioneiros. D. Pedro I canta o hino da independência.)
MISTER MOLEZA (acordando) - Ah, que música chata! Assim eu não consigo dormir.
D. PEDRO I - Música chata, uma pinóia. Mais respeito que esta... música chata, como você chamou, é o Hino
da Independência do Brasil.
TIRADENTES - E é um hino muito bonito.
DEODORO - De fato.
MISTER MOLEZA - Pois eu prefiro o hino do Reino Preguiça. É assim:
Não faço nada o dia inteiro
Durmo cedo e acordo tarde
Não trabalho e não estudo
Só penso em fazer maldade
16
D. PEDRO I - Você é um péssimo cantor e um compositor pior ainda.
MISTER MOLEZA - Ora, calem-se todos vocês e me deixem dormir.
(Avançam em direção à cela. Lucas pega a chave de Mister Moleza, que acorda.)
MISTER MOLEZA - Eu não acredito! De novo!? Maldito garoto. Da outra vez conseguiu fugir, mas agora,
será meu prisioneiro. E ainda me trouxe de presente mais dois feriados. Muita generosidade de sua parte.
MISTER MOLEZA - Agora vão sentir uma grande preguiça, um grande sono. Sua pernas estão moles... os
olhos pesados...
(Os presos saem da cela ainda com muita preguiça. Lucas e José da Silva estão bem e os ajudam. Finadinho
começa a esmorecer.)
FINADINHO (bocejando) - Como meus olhos estão pesados! Que moleza! (Deita-se)
MISTER MOLEZA - Malditos! Como conseguiram resistir à preguiça? Voltem aqui, voltem. (olhando
Finadinho) Pelo menos este brancoso ficou. Não é muita coisa, mas pelo menos é um bom feriado - dois de
Novembro.
MISTER MOLEZA - Agora eu vou dormir mais um pouquinho, pois já fiz muito esforço por hoje.
FINADINHO - Ai, que moleza! Que preguiça! Ei, o que aconteceu? Estou preso? Ora vejam só! Esse Mister
Moleza é muito burro mesmo. Pensa que essas grades podem me prender. Será que ele não sabe que fantasmas
podem passar através das paredes? (atravessa as grades) Pronto, já estou livre novamente. Posso ir encontrar
meus amigos antes que eles fiquem preocupados comigo. (Caminha em direção à saída. Pára e observa Mister
Moleza dormindo) Sabe que agora eu tive uma boa idéia?
(Finadinho pega a chave de Mister Moleza, abre a cela e empurra o trono - com ele ainda dormindo - para
dentro dela.)
FINADINHO (trancando) - Pronto. Resolvido. Quero ver ele sair daí quando acordar.
Cena VIII
18
FINADINHO - Vocês não contavam com a minha astúcia, hein?
MISTER MOLEZA (acordando) - Desgraçados, tirem-me daqui.
D. PEDRO I - Tirem-me daqui, coisa nenhuma. Você está onde você merece, Mister Moleza de meia tigela.
MISTER MOLEZA - Vamos fazer uma acordo - vocês me libertam e eu os deixo em paz.
DEODORO - E quem é que acredita em você?
TIRADENTES - Você não sairá nunca mais daí. Vamos embora. (Todos andam em direção à saída)
MISTER MOLEZA - Não façam isso comigo. Não me deixem só. Não me abandonem. Não me deixem
sozinho.
LUCAS - Esperem, eu tive uma idéia.
FINADINHO - Que idéia?
LUCAS - Vamos dar uma chance a Mister Moleza de se recuperar de sua preguiça.
D. PEDRO I - Uma chance?
LUCAS - É. Afinal, todos merecem uma segunda chance.
DEODORO - De fato.
LUCAS - A idéia é a seguinte: vocês repararam que a cela não possui teto?
JOSÉ DA SILVA - Não?
LUCAS - Não. Podem olhar.
(Todos olham para cima e depois jogam o material para dentro da cela.)
19
DEODORO - Muito inteligente.
JOSÉ DA SILVA - Mas se ele não tiver disposição para construir a escada...
TIRADENTES - ...irá passar o resto de sua vida preso.
FINADINHO - Será que ele é tão preguiçoso assim?
LUCAS - Bem, agora o problema é dele. Já tem a sua chance.
DEODORO - Mas e se ele sair e tentar seqüestrar outros feriados?
LUCAS - Agora, com a super-bananada, nós já sabemos como combater a preguiça.
DEODORO - É verdade, Mister Moleza não nos assusta mais.
FINADINHO - Então, vamos embora, que já é hora.
LUCAS - Vamos.
(Saem todos.)
MISTER MOLEZA (olhando para cima) - Uma escada!? Mas é muito alto... vai dar muito trabalho. (boceja)
Só de pensar já estou cansado. Acho que antes é melhor dormir um pouquinho. Talvez quando eu acordar, esteja
disposto para construir essa maldita escada. (olha para o martelo e a madeira) Ah, mas isso vai dar um
trabalho... (Dorme)
Cena IX
(Quarto de Lucas. Amanhece o dia. Ele está dormindo, sua mãe entra.)
20
(Lucas ouve alguém assobiando o hino da independência.)
(Aparecem os outros.)
LUCAS - Tiradentes, Finadinho, José, Deodoro! E eu já estava pensando que tudo tinha sido apenas um sonho.
D. PEDRO I - Que sonho o quê! Foi tudo pra valer.
FINADINHO - Nós viemos, Lucas, pra lhe pedir uma coisa.
LUCAS - Que coisa?
FINADINHO - Que você não conte essa história para ninguém.
D. PEDRO I - Senão vão lhe chamar de mentiroso. As pessoas não vão acreditar.
DEODORO - Esse é o nosso segredo, meu jovem
LUCAS - Podem deixar que eu não conto pra ninguém. (pausa) A não ser...
TODOS (juntos) - Hein?
LUCAS - No dia da mentira. No dia da mentira vou contar pra todo mundo e todos vão pensar que é mentira.
D. PEDRO I - Assim, sim. Tudo bem
LUCAS - E Mister Moleza, ainda está preso?
FINADINHO - Está tal e qual nós o deixamos.
JOSÉ DA SILVA - Ainda não teve disposição para construir a escada.
D. PEDRO I - E acho que não terá tão cedo.
JOSÉ DA SILVA - Ei, por que não cantamos, uma música, para comemorar nossa vitória?
FINADINHO - Ótimo! Grande idéia.
D. PEDRO I - Qual música? O Hino da Independência?
DEODORO - Ou o Hino da Bandeira?
JOSÉ DA SILVA - Acho que poderíamos cantar o Hino Nacional Brasileiro.
TIRADENTES - Vamos lá!
Fim
21