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Pós-Graduação em Psico-oncologia

Maria da Conceição Felix dos Santos

A sexualidade da mulher com câncer de colo de útero no


contexto dos cuidados paliativos na cidade Manaus/AM

MANAUS
2018
Maria da Conceição Felix dos Santos

A sexualidade da mulher com câncer de colo de útero no


contexto dos cuidados paliativos na cidade de Manaus/AM

Trabalho de TCC apresentado à Faculdade


UnYLeYa como parte integrante do conjunto de
tarefas avaliativas da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso.
Orientadora Prof.ª Ma. Luciana Raposo dos
Santos Fernandes

Manaus
2018
Maria da Conceição Felix dos Santos

A sexualidade da mulher com câncer de colo de útero no


contexto dos cuidados paliativos na cidade de Manaus/AM

Aprovado pelos membros da banca examinadora em ___/___/___, com menção ___


(_____________)

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente à Deus, por ter me concedido saúde, força e disposição
para fazer o curso de especialização em Psiconcologia. Sem ele, nada disso seria
possível. Também sou grato ao senhor por ter dado amigos e familiares que me apoiam e
intercedem por mim.

De modo especial, quero agradecer a minha grande incentivadora, Udenize


Pessoa. Uma colega ímpar, guerreira e grande inspiração para mim. Grata por todo apoio
e paciência!
“A morte é um dia que vale a pena viver”
Ana Claudia Quintana Arantes

Resumo
O câncer é uma doença que traz consigo o estigma de morte, por esse motivo é tão
temida. Essa neoplasia causa muitas implicações na vida do individuo, ele se vê
mergulhado no mundo de incertezas e isso afeta toda estrutura do doente. Dentre os
aspectos envolvendo a vida do sujeito, a sexualidade é a questão de tamanho significado.
Com o acometido com câncer de colo de utero, a relação conjugal passa pelo processo
de ressignificação. Este trabalho teve como objetivo analisar o que muda na sexualidade
da mulher frente o adoecimento com Câncer de colo de útero. Realizou-se estudo
qualitativo, através da pesquisa bibliográfica, para elucidação das questões levantadoas
com o estudo.

Palavras-chave: Câncer de colo de útero, Sexualidade, Cuidados Paliativos.

Abstract
Cancer is a disease that carries with it the stigma of death, so it is so feared. This
neoplasm causes many implications in the life of the individual, he finds himself immersed
in the world of uncertainties and this affects every structure of the patient. Among the
aspects involving the subject's life, sexuality is the issue of meaning. With the patient
suffering from uterine cervix cancer, the marital relationship goes through the process of
re-signification. This study aimed to analyze what changes in the sexuality of women
facing the disease with cervical cancer. A qualitative study was carried out, through the
bibliographical research, to elucidate the questions raised with the study.

Key words: Cervical cancer, Sexuality, Palliative Care


Sumário

INTRODUÇÃO.....................................................................................................................10

CAPITULO I - CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E INCIDÊNCIAS DA NEOPLASIA..........................18

CAPITULO II - SEXUALIDADE E SUAS IMPLICAÇOES EM DECORRÊNCIA DO CCU.......................19

CAPÍTULO III - SEXUALIDADE NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS...........................22

FENOMENOLOGIA-EXISTENCIAL....................................................................................26

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................32

REFERENCIAS...................................................................................................................32
INTRODUÇÃO

No Brasil, o Câncer de Colo de Útero também é um problema de saúde pública


sendo um dos três tipos de câncer mais comum em mulheres, o primeiro é o câncer de
mama, seguido do câncer de mama e do colorretal. No estado do Amazonas,
diferentemente do resto do país, o cancer de colo de útero tem a maior incidência, com
previsão de 680 casos novos para o estado e 640 casos para capital Manaus em 2018,
tendo assim na capital uma estimativa de incidência de 58,37 por 100.000 habitantes.
(INCA, 2018).
Com base nos dados citados e compreendendo que a sexualidade é inerente à
pessoa humana e depende da homeostase de múltiplos fatores para que se mantenha
saudável, muitos outros fatores podem influenciar negativamente o apetite sexual de um
indivíduo, nos sentimos motivadas a responder ao problematização desse estudo que é
“Como o processo de adoecer com câncer de colo de útero interfere na sexualidade da
mulher?
A partir do diagnóstico de câncer, esses fatores podem trazer mudanças
significativas na vida do indivíduo e seu círculo familiar. Durante o tratamento os efeitos
colaterais das medicações, a radioterapia e a braqueterapia, costuma cursar com efeitos
colaterais locais resultantes da irradiação, sendo comuns sintomas físicos de dor e
dispaurenia, podem ser citados como fatores que influencia negativamente o apetite
sexual da mulher com câncer. Se as ansiedades sexuais não forem trabalhadas com
intuito de reduzi-las, haverá uma maior probabilidade de desenvolvimento de problemas e
dificuldades na esfera sexual.
Para o desenvolvimento desse trabalho, sugeriu-se a teoria dos cuidados paliativos
que tem por objetivo proporcionar melhor qualidade de vida com enfoque holístico, tanto
para o paciente quanto para seus familiares, utilizando uma abordagem multidisciplinar:
física, psicológica, social e espiritual, para compreensão não somente dos alívios de
sintomas, mas inclusive no que concerne a vida sexual.
Motivada pela problemática acima apresentada sugerimos o tema: A sexualidade
da mulher com câncer de colo de útero no contexto de cuidados paliativos na cidade de
Manaus/AM.
Considerando, também a participação e compreensão do parceiro durante esse
momento. Quando o parceiro participa do diagnóstico, da terapia e do aconselhamento
profissional, o prognóstico e evolução do câncer são mais favoráveis. É importante dar
oportunidade a paciente para expressar o que sente, ou seja, seus próprios medos e
angústias. Muitas vezes o parceiro teme compartilhar o relacionamento sexual com medo
de machucar a pessoa que está com câncer, alterando até mesmo o hábito de dormir do
casal. Para a doente, isto pode ser a confirmação de que o parceiro sexual a está
repelindo, configurando a necessidade do presente estudo.

A sexualidade da mulher com câncer de colo de útero no contexto de cuidados paliativos


na cidade de Manaus/AM

A preocupação em cima da temática se deu devido ao número de mulheres com


esse tipo de neoplasia no Brasil, onde, a estimativa do INCA para 2018 é de 16.370 e
para o Amazonas a estimativa é de 840 e para capital é de 640.
Essa estimativa alarmante em cima de um problema que não diz respeito só a
mulher, mas sim toda a comunidade na qual ela está inserida, onde são imprescindíveis
políticas públicas para que a mulher acometida com o câncer de colo de útero tenha toda
assistência necessária para atravessar todo o processo que essa doença implica.
O câncer ainda é uma doença estigmatizada, muitos atrelam o diagnóstico a
finitude, por esse motivo a mulher irá vivenciar sofrimento físico e emocional e aprenderá
a lidar à medida que passa pelo contexto adverso. Entre todas as doenças, o câncer é
uma das que mais provoca impacto psicológico, pois, incertezas e inseguranças farão
parte de toda trajetória de tratamento.
De acordo com Silveira (2005), o câncer do colo de utero é um problema de saúde
pública, pois atinge a mulher em toda sua esfera física, psicológica, econômica e social, e
a alta mortalidade acomete as mulheres em idade produtiva, o que provoca incertezas e
insegurança diante do diagnóstico.
Através disso o acometimento pela doença causa desconfortos em toda a
totalidade da mulher, se ver dependente de cuidados alheios, o corpo é visto de forma
fragmentada levando em consideração somente a sua patologia. Sant’Anna (2001 p.27)
diz q a subjetividade do doente é reduzida a identificação de elementos corporais.
Nesse sentido Merlau-Ponty (2006 p.131), discorre acerca da sexualidade no
adoecimento, obedecendo a outra percepção, através do corpo passa a ter limitações de
interação e torna-se um corpo dessexualizado. Nesse contexto entende-se que a outra
forma de percepção do corpo uma vez que o adoecimento da mulher com essa neoplasia
irá limitar a sua sexualidade.
Merleau-Ponty (2006) diz ainda que o ser doente conhece e percebe seu corpo no
mundo de maneira diferente, pois através do adoecimento ele ressignifica sua maneira
de existir.
Frente a essa temática o interesse subsidiou a pesquisa do trabalho de conclusão
de curso sobre A sexualidade da mulher com câncer de colo de útero no contexto de
cuidados paliativos, e visa compreender os efeitos psicologicos na mulher mediante o
diagnóstico de câncer de colo de útero e o que isso implicará na sua sexualidade.

O presente trabalho tem por objetivo principal analisar o que muda na sexualidade
da mulher frente o adoecimento com Câncer de colo de útero

Os objetivos secundários da pesquisa se referem a:


 Compreender a percepção da mulher frente ao diagnóstico de câncer do colo do
útero.

 Avaliar a relação conjugal durante o tratamento de Câncer de colo de útero e em


cuidados paliativos.

 Identificar no contexto psicológico, a ressignificação da sexualidade no momento


em que a paciente fica fora de possibilidades terapêuticas.

Este trabalho é caracterizado por uma pesquisa qualitativa, baseada em revisão


bibliográfica, esse tipo de pesquisa não preocupa-se em enumerar dados ou medir
eventos, mas, sim, procura-se a obtenção de dados descritivos frente a temática
apresentada.
Denzin e Lincoln (2005a, p.3 apud FLICK 2009, p. 16), salientam que a pesquisa
qualitativa é um conjunto de práticas interpretativas que torna possível o mundo se tornar
visível, ou seja, o campo de estudo é feito no ambiente natural onde o individuo está
inserido, pois através dessa visão é possível interpretar os fenômenos a partir dos
“sentidos que as pessoas lhes atribuem”.
Conforme discorre Malhotra (2012 apud ALVES 2016), em relação às metas da
pesquisa qualitativa: o autor diz que esse tipo de pesquisa serve para interpretação dos
dados . Com isso o autor trás três passos:

 A redução dos dados nessa etapa o pesquisador separa os dados a serem


considerados,
 A exibição dos dados neste o pesquisador desenvolve padrões e
ferramentas que o ajudarão e esclarecer dos dados.

 Conclusão e verificação, aqui o pesquisador “considera o significado dos


dados analisados e avalia suas implicações para a questão de pesquisa”. (p.
130).

Será utilizado o método fenomenológico para a compreensão das vivências frente


à sexualidade da mulher uma vez acometida pelo câncer de colo de útero. Nesse método
é possível investigar a intensidade dos fenômenos psicológicos que surgem intimamente
na mulher adoecida e de como ela se percebe nessa nova perspectiva de ser-mulher-
com-cancer.

Conforme discorre Ribeiro (1999):

[...] o método fenomenológico procura descrever a estrutura essencial do


fenômeno psicológico a ser explicado, ele não está ainda fazendo teoria, mas
estabelecendo as condições básicas de uma possível teoria. Portanto, a função da
abordagem fenomenológica não é de teoriza, mas a de permitir elaboração de
conceitos que expressem adequadamente o fenômeno que se pretende estudar”.
(P. 38)

De acordo com Forghieri (1993 apud FORGERINI 2010), esse tipo de abordagem
fenomenológica se propõe descrever o fenômeno tal qual como ele se manifesta, ou seja,
busca captar a percepção concreta dos sentimentos experenciados pelos indivíduos,
visando à singularidade de interpretação do sujeito, a percepção interpretada por ele de
acordo com as experiências vividas, nesse método os fenômenos são percebidos pelo
sujeito sem interferência, ou seja, tal qual como ele enxerga esse fenômeno.
Moreira (2002 apud ALVES 2016), ressalta que o método fenomenológico se
baseia na vivencia do individuo e na sua experiência subjetiva da realidade de como ele
vê o mundo e se deixa influenciar por ele.
Nessa perspectiva este trabalho propõe descrever e compreender como a mulher
acometida com câncer de colo de útero trata sua sexualidade e visa entender o processo
de ressignificação do corpo à medida que ela passa pela vivência em relação aos
cuidados paliativos.
CAPITULO I
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO E INCIDENCIA DA NEOPLASIA

O Câncer de um modo geral é definido por um conjunto de mais de 100 doenças


que têm em comum o crescimento desordenado de células, não controlado pelo
organismo e que tende a invadir tecidos e órgãos vizinhos. No caso do câncer do colo do
útero, o órgão acometido é o útero, de acordo com especificações da MS o colo, a parte
mais baixa e estreita do útero que fica em contato com a vagina (BRASIL, 2011a).
A partir de 1940 o controle do câncer do colo do útero iniciou através de
profissionais que trouxeram para o Brasil a citologia e a colposcopia, o Brasil foi um dos
primeiros países a utilizar o exame Papanicolau para detecção e prevenção do câncer do
colo uterino. Entre as mulheres essa neoplasia é principal causa de morte. Segundo o
INCA (2018, não paginado) esta neoplasia é o terceiro tumor mais freqüente na população
feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de
mulheres por câncer no Brasil. Traz-nos ainda que na década de 90, 70% dos casos eram
de doença invasiva, o estágio mais agressivo da doença.
O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais freqüente entre as
mulheres, com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, sendo
responsável pelo óbito de, aproximadamente, 230 mil mulheres por ano. Sua
incidência é cerca de duas vezes maior em países menos desenvolvidos quando
comparada aos países mais desenvolvidos. (BRASIL, 2009, p. 33)

A neoplasia está associado à infecção por alguns tipos oncogênicos do


Papilomavírus Humano (HPV). De acordo com Pires e Gouveia (2001) existem mais de
100 subtipos do HPV, as principais regiões anatômicas onde se encontram os HPV são o
colo do útero, vulva, vagina e pênis, além das mucosas oral e laríngea. Conforme salienta
Colatino (2010) os HPVs se dividem por grau de risco.

 HPVs de baixo risco são: 6, 11, 40, 42,43 e 44, que causam verrugas genitais
externas e lesões benignas de colo de útero.
 De alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68, encontrados em
lesões de alto grau e carcinoma invasor.
 De riscos intermediários: HPVs 26, 34, 53, 54, 55, 61, 62, 66, 73, 82, 83 entre
outros. Os de alto risco são encontrados em 50 a 80% das lesões de alto grau e
em 99,7% dos casos de câncer invasor do colo de útero .
Segundo o autor acima supracitado o fator de risco mais importante no gênese de
carcinoma de colo uterino são as infecções pelos tipos 16 e 18, são responsáveis por
aproximadamente 70% dos casos de câncer.

A três fazes para identificação do câncer de colo de útero segundo Colatino (2010):

1. Quando apresenta infecção por HPV, sem outras manifestações;


2. Quando apresenta alterações morfológicas das células do epitélio do colo uterino,
que se dão as lesões intra epiteliais;
3. Quando a lesão atravessa a membrana basal do epitélio caracterizando o
carcinoma invasor.

Estudos mostram que à própria infecção pelo HPV demonstra outros fatores
ligados como a genética, condições socioeconômicas e oferta e acesso aos serviços de
saúde; e a características comportamentais vida sexual e auto cuidado, influenciam e
determinam a prevalência do câncer de colo de útero.
Conforme salienta Bezerra et al (2005) O câncer de colo de útero esta relacionado
a vários fatores como: DSTs, condições infecciosas e reativas, carência nutricional, receio
de realizar exames, ignorância e dificuldades de acesso aos serviços de saúde, todos
esses elementos dificultam o diagnostico precoce.
Ainda hoje o acesso precário a serviços de detecção precoce e tratamento, a
grande maioria das mortes ocorre em mulheres que vivem em países de baixa e média
renda, e via de transmissão do câncer do colo do útero é através do sexo pelo vírus HPV.
Normalmente não é comum a mulher apresentar sintoma, na maior parte das vezes a
infecção pelo HPV não apresenta. A mulher tanto pode sentir uma leve coceira, ter dor
durante a relação sexual ou notar um corrimento. O mais comum é ela não perceber
qualquer alteração em seu corpo. (RAMOS, 2007).
Está sempre atenta aos desconfortos que o corpo apresenta é fundamental para a
detecção de diversas doenças, inclusive ao câncer.
Falcão (2011) salienta que é uma doença em muitas situações assintomático no
inicio, pode apresentar quadro clinico como sangramento vaginal recorrente ou após a
relação sexual, secreção vaginal anormal, perda de peso, fadiga, e dor abdominal
associada a queixas urinárias ou intestinais nos estágios avançados.
O Ministério da Saúde divulga no manual do Inca os tipos e a detecção da
neoplasia:
O câncer do colo do útero inicia-se a partir de uma lesão pré-invasiva, curável em
até 100% dos casos (anormalidades epiteliaisconhecidas como displasia e
carcinoma in situ ou diferentes graus de neoplasia intraepitelial cervical [NIC]),
que normalmente progride lentamente, por anos, antes de atingir o estágio
invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, quando não impossível.
Barron e Richart (1968) mostraram que, na ausência de tratamento, o tempo
mediano entre a detecção de uma displasia leve (HPV, NIC I) e o
desenvolvimento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para as
displasias moderadas (NIC II) este tempo é de 38 meses e, nas displasias graves
(NIC III), de 12 meses. Em geral, estima-se que a grande maioria das lesões de
baixo grau regredirão espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de
alto grau não tratadas evoluirão para câncer invasor em um período médio de 10
anos (Sawaya et al., 2001). Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos
Estados Unidos (NCI, 2000) calcula que somente 10% dos casos de carcinoma
in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70%
terão evoluído decorridos 10 a12 anos, caso não seja oferecido tratamento.
(BRASIL, 2002b, p. 13).

Contudo o câncer do colo do útero detectado precocemente apresenta grande


potencial de cura. Porém para saúde publica continua sendo um grande desafio o seu
controle, pois as estatísticas ano após ano trazem grande preocupação.
Segundo o Ministério da Saúde (2018) estima-se, para o Brasil, biênio 2018-2019,
a ocorrência de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano. Essas estimativas
refletem o perfil de um país que possui os cânceres de próstata, pulmão, mama feminina
e cólon e reto entre os mais incidentes, entretanto ainda apresenta altas taxas para os
cânceres do colo do útero, estômago e esôfago.
No Brasil as taxas de incidência estimada e de mortalidade por câncer do colo do
útero apresentam valores intermediários em relação aos países em desenvolvimento,
porém são elevadas quando comparadas às de países desenvolvidos com programas de
detecção precoce bem estruturados (BRASIL, 2010).
Nas Regiões Norte e Nordeste, apesar de também apresentarem os cânceres de
próstata e mama feminina entre os principais, a incidência dos cânceres do colo do útero
e estômago tem impacto importante nessa população. A Região Norte é a única do país
onde as taxas dos cânceres de mama e do colo do útero se equivalem entre as mulheres.
Segundo pesquisas as mulheres jovens apresentam maior probabilidade de ser
infectada pelo HPV, pois a incidência é maior nas adolescentes com vida sexual ativa, o
risco aumenta devido o inicio precoce do sexo e o risco de surgimento é maior devido a
imaturidade da cervix. (CARNEIRO et al., 2004; SARIAN et al., 2003; BRINGHENTI et al.,
2001; UTAGAWA et al., 2000).
Naud et al. (2000), discorrem acerca da incidência da infecção pelo HPV, que pode
chegar a taxa de cerca de 30% a 40% em pacientes jovens com aproximadamente aos 20
anos; a partir dos 35 anos, incidência diminui para cerca de 10% e a infecção pelo HPV
de alto risco para cerca de 5%; de acordo com a maturação diminui a prevalência de
infecção, contudo cresce a probabilidade de se desenvolver o câncer do colo de útero.
Entretanto, o Ministério da Saúde (INCA, 2016) adverte que entre 1.301.210
exames citopatológicos realizados em mulheres com menos de 24 anos de idade, em
2013, no Brasil, 0,17% dos exames tiveram resultado de HSIL e 0,006% tiveram resultado
de câncer ou HSIL não podendo excluir micro invasão.
Além da baixa incidência de câncer do colo do útero em mulheres jovens, há
evidências de que o rastreamento em mulheres com menos de 25 anos seja menos
eficiente do que em mulheres mais maduras. Um estudo caso-controle, no Reino Unido,
que incluiu 4.012 mulheres com câncer invasor do colo do útero mostrou dois resultados
relevantes: o primeiro foi que 75% das mulheres de 20 a 24 anos que tiveram um câncer
invasor já tinham pelo menos um exame citopatológico prévio. O segundo resultado foi
que as mulheres que tiveram câncer diagnosticado entre 25 e 29 anos não foram
protegidas por controles citológicos realizados antes dos 24 anos.
Contudo, é importante salientar que o diagnóstico de casos novos de câncer do
colo uterino está associado, em todas as faixas etárias, com a ausência ou irregularidade
do rastreamento, nesse caso a prevenção é o caminho, é necessário que todas as
mulheres sexualmente ativas, façam exames periodicamente.
Conforme nos apresenta as Diretrizes para o Rastreamento do câncer do colo do
útero a MS adverte em relação ao exame preventivo que:

A realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais


amplamente adotada para o rastreamento do câncer do colo do útero . Atingir alta
cobertura da população definida como alvo é o componente mais importante no
âmbito da atenção primária, para que se obtenha significativa redução da
incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero. (p.32)

Para isso o Ministério da saúde definiu as Normas e Recomendações acerca da


periodicidade do exame preventivo.

[...] definiu que, no Brasil, o exame colpocitopatológico deveria ser realizado em


mulheres de 25 a 60 anos de idade, ou que já tivessem tido atividade sexual
mesmo antes desta faixa de idade, uma vez por ano e, após 2 exames anuais
consecutivos negativos, a cada 3 anos. (BRASIL, 2002a, p. 13)
As vacinas contra o HPV também ja são uma realidade no brasil, usada como
estratégia no controle e combate ao câncer de colo de útero. Segundo a MS desde
2014, foram imunizadas 5,3 milhões de meninas de 9 a 15 anos com as duas doses da
vacina contra o vírus HPV. Esse total corresponde a 45,1% do total dessa faixa etária.
Esse procedimento também já é uma realidade para os meninos com idades entre
11 a 15 anos.

[…] a ampliação na oferta de vacina contra HPV para meninos de 11 a 15 anos


incompletos (até 14 anos, 11 meses e 29 dias). A medida tem o objetivo de
aumentar a cobertura da vacina em adolescentes do sexo masculino.
Atualmente, a vacina contra a doença já é disponibilizada em meninos de 12 e
13 anos. Até 2016, o foco da campanha eram as meninas. (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2017, não paginado).

As autoridades tem intensificado as propagandas de prevenção desta neoplasia


nos últimos anos, visando o controle da mortalidade no Pais, conforme nos mostra
Schmidt e colaboradores (2011) ao afirmarem que diminuição da mortalidade pelo câncer
de colo de útero nas ultimas décadas no Brasil se dá pelas campanhas e programas para
prevenção e controle deste tipo de câncer no país.

CAPITULO II
SEXUALIDADE E SUAS IMPLICAÇOES EM DECORRÊNCIA DO CCU.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define sexualidade como uma energia


que nos motiva para encontrar amor, contato, ternura e intimidade; ela integra-se no modo
de como nos sentimos, movemos e somos tocados, é ser sensual e ao mesmo tempo
sexual.
Sexualidade também é contextualizada por Chaves (2003) como uma referência a
todos os fenômenos da vida sexual do indivíduo tais como: sexo biológico (masculino e
feminino), atividades físicas que envolvem os órgãos sexuais, registros do corpo que
ocorrem desde o nascimento, ocorrência de liberdade ou repressão sexual, procriação,
relacionamento dentre outros.
Porém, a subordinação feminina a limitava somente ao exercício da maternidade e
o cuidado com a família e a casa. Através dos tempos a mulher vem ganhando espaço e
principalmente tomando posse do seu próprio corpo, com isso o exercício da maternidade
se tornou uma opção:

O avanço inigualável da situação das mulheres no século XX está intimamente


relacionado ao controle que ela adquiriu sobre seu próprio corpo e sobre a
maternidade. Contribuíram de forma decisiva para isso o advento dos métodos
contraceptivos e os avanços da medicina, que propiciaram uma maior
expectativa de vida. As mortes precoces e as mortes em conseqüência dos
partos, que atingiam as mulheres antigamente, passaram a ser mais controladas
permitindo a elas não só o acesso à vida profissional como sua continuidade
nessa área de atuação, após a maternidade. Da mesma forma, os movimentos
feministas contribuíram para o acesso das mulheres à educação e ao mundo do
trabalho (REIS, 2002, pp. 17-18).

À medida que a mulher lança sua autonomia em relação ao seu proprio corpo vira
refém e se torna objeto conforme é posta o padrão de beleza, como afirma Reis (2002):

Se por um lado, o corpo feminino deixou de submeter-se à antiga servidão a


determinadas regras, fosse elas do âmbito da sexualidade, da procriação ou
mesmo da moda do vestuário, por outro, ele se encontra submetido a coerções
estéticas mais regulares e imperativas, o que resulta numa ansiedade maior do
que a vivida antigamente [...] As transformações da identidade social da mulher,
advindas principalmente dos progressos contraceptivos e das novas aspirações
profissionais, desvincularam a corpulência feminina da associação com a
fecundidade – ou seja, da antiga posição materna no epicentro da identidade
feminina. Por outro lado, a primazia da beleza feminina passou a obedecer aos
mecanismos do mercado e à mercantilização do mundo (REIS, 2002, p. 82).

A saúde sexual definida por Okawara (2000 apud LEITE, 2015), como a
integração dos aspectos somáticos, emocional, intelectual e social do ser sexual, de
maneira positivamente enriquecedora e que eleva a personalidade humana, a
comunicação e o amor; ter capacidade de desfrutar e controlar o comportamento sexual
de acordo com uma ética pessoal e social; estar livre do medo, da vergonha, da culpa,
dos tabus e outros fatores psicológicos e inibidores de uma resposta sexual ou que
prejudiquem suas relações sexuais; estar livre de distúrbios orgânicos e deficiências que
interfiram nas funções sexual e reprodutora.
Com base nisso a historicidade da função sexual vem a ser um conjunto de
estágios físicos e psicológicos, através do qual uma pessoa progride durante a atividade
sexual, conhecido como ciclo de resposta sexual (CLEARY; HEGARTY, 2011).
Conforme descrevem Fleury; Pantaroto; Abdo (2011) a atividade sexual é
constituído por quatro fases:

(1) desejo (inclui as fantasias sexuais e o interesse na atividade sexual);


(2) excitação (caracteriza-se pelo prazer e pelas mudanças fisiológicas associadas);
(3) orgasmo (o clímax do prazer);
(4) resolução (sensação de bem-estar geral, relaxamento e retorno às condições
fisiológicas anteriores ao início da atividade sexual).

Com acometimento da doença e conseqüentemente o tratamento a anatomia


vaginal e a função sexual sofre alterações, com isso afeta as fases do ciclo de resposta
sexual, levando a uma alteração desta função ocorre por conseguinte ocorre a
perturbação nos processos que formam o ciclo de resposta sexual (ABDO; FLEURY,
2006; ALMEIDA, 2010).
O câncer de colo de útero afeta negativamente a sexualidade feminina em
comparação com outros tipos de doenças crônicas. Além disso, seus efeitos adversos
físicos e psicológicos tendem a diminuir com o tempo, porém as consequências sobre a
vida sexual permanecem por longo período. Golbasi e Erenel (2012).
Em se tratando dos tipos de tratamento que a mulher vivencia durante o processo
de adoecimento por essa neoplasia o tratamento com radioterapia leva a maior disfunção
quando comparado ao tratamento cirúrgico e quimioterapêutico de acordo com (Cleary e
Hegarty, 2011). O tratamento de radioterapia tende a tornar a mucosa vaginal seca,
facilmente traumatizada, coarctada e menos distensível dificultando a relação sexual
(HERZOG; WRIGHT, 2007).
Nas sobreviventes do câncer de colo de útero o baixo desejo sexual é comum
devido às alterações que ocorrem na vagina durante todo processo de tratamento, o que
dificulta a excitação (WHITE, 2008).
CAPÍTULO III
SEXUALIDADE NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Antigamente o objetivo principal da medicina eram o alívio dos sintomas, portando


se seguia o curso natural tanto a um prognóstico favorável ou não. A partir do século XX,
os sintomas eram estudados na esperança de encontrar uma cura. As novas descobertas
quer tecnológicas, quer farmacológicas da medicina moderna, permitiram o aparecimento
de novos tratamentos para combater as diferentes doenças. No entanto , ainda existem
diversas doenças que permanecem incuráveis (Stoneberg & von Gunten, 2006 apud
MIRRA, 2012).
Porém, com os estudos avançando a primazia passou a ser a melhor qualidade
vida nos doentes incuráveis, nesse sentido a Organização Mundial de Saúde (OMS)
definiu os cuidados paliativos como “uma abordagem que visa melhorar a qualidade de
vida dos doentes – e suas famílias – que enfrentam problemas decorrentes de uma
doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do
sofrimento, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não
só físicos, como a dor, mas também dos psicossociais e espirituais” (World Health
Organization, WHO, 2002).
A OMS traz ainda alguns aspectos ligados aos cuidados paliativos.para esclarecer
melhor esse conceito (WHO, 2002):

 Os cuidados paliativos afirmam a vida e aceitam a morte como um processo


natural, pelo que não pretendem provocá-la ou atrasá-la;
 Os cuidados paliativos têm como objetivo central o bem-estar e a qualidade de vida
do doente, pelo que se deve disponibilizar tudo aquilo que vá de encontro a essa
finalidade;
 Os cuidados paliativos promovem uma abordagem global e holística do sofrimento
dos doentes, pelo que é necessária formação nas diferentes áreas em que os
problemas ocorrem – física, psicológica, social e espiritual – e uma prestação de
cuidados de saúde verdadeiramente interdisciplinar;
 Os cuidados paliativos são oferecidos com base nas necessidades, e não apenas
no prognóstico ou no diagnóstico, pelo que podem ser introduzidos em fases mais
precoces da doença;
 Os cuidados paliativos, tendo a preocupação de abranger as necessidades das
famílias e cuidadores, prolongam-se pelo período do luto;
 Os cuidados paliativos pretendem ser uma intervenção rigorosa no âmbito dos
cuidados de saúde, pelo que utilizam ferramentas científicas e se integram no
sistema de saúde, não devendo existir à margem do mesmo.

Diante deste contexto, a partir do momento que o individuo está fora de


possibilidades terapêuticas, ele passa aos cuidados paliativos que terá como objetivo o
doente e não mais o diagnóstico. Através de uma equipe multidisciplinar levará maior
qualidade de vida aos doentes e seus familiares, para que ele possa vivenciar a finitude
de uma maneira digna. (TWYCROSS, 2003).
O autor supracitado a cima discorre de uma forma resumida os cuidados paliativos:
Dirigem-se mais ao doente do que à doença; aceitam a morte, mas também melhoram a
vida; constituem uma aliança entre o doente e os prestadores de cuidados; preocupam-
se mais com a «reconciliação» do que com a cura (TWYCROSS, 2003).
Portanto, os cuidados paliativos permitem que o doente possa passar pelo
processo da terminalidade ressignificando o processo do morrer e possibilitando que o
doente possa entrar “vivo” na própria morte.
A sexualidade é definida em contexto de cuidados paliativos como "a capacidade
do indivíduo se vincular às necessidades emocionais com intimidade física" (Cort et al.,
2004). O sexo é inerente ao individuo e a sexualidade é a capacidade de vivenciar toda a
intimidade de maneira que causará bem estar ao indivíduo (Cort et al., 2004).
A perda de desejo é muitas vezes multifatorial, ou seja, implica diversos contextos
principalmente na questão emocional. No caso de um diagnóstico de uma doença crônica
os cuidados nesse sentido vão alem de uma prescrição de medicamento. Por isso é
fundamental ver o paciente de forma holística, investigar todo o processo que o levou a
inibição do desejo sexual.
Merleau-Ponty (2006a), discorre que é a partir do corpo que temos a percepção
de existência, ou seja nosso corpo é o veiculo de comunicação com o mundo. É por ele
que percebemos, experenciamos e vivenciamos tudo a nossa volta. É através do corpo
que damos sentidos e significados a tudo. Nesse sentido para darmos vasão a
sexualidade o corpo precisa está em homeostase. Nesse contexto Foucault (2001a)
relata que a sexualidade não é o principal ponto de controle, mas é o mais estratégico,
pois o corpo é o que posiciona o ser no mundo e dão sentido à sua existência através
das experiências vivenciadas.

Cort et al. (2004), descrevem alguns fatores de impacto sobre a sexualidade do


doente:

1. Vulnerabilidade implícita na própria doença - como ela é percebida, incluindo a


ameaça para o futuro e o medo da morte e do morrer.
2. Desamparo, incluindo a perda de controlo do corpo;
3. Invasão do corpo por outros e de dependência sobre os outros para a
sobrevivência.
4. Imagem corporal alterada, que pode incluir desgosto, sentindo-se sujo, fétido,
anormal ou doente.
5. Ansiedades sobre o tratamento e a dor.
6. A culpa pela possibilidade de ter causado ou contribuído para a doença.

Contudo, o corpo uma vez adoecido perde sua autonomia de ser-no-mundo e a


sexualidade é negada, pois o processo de adoecimento causa desconforto, dor e
invariavelmente corpo fica a mercê da terminalidade.

Ao transtorno de viver dependente dos cuidados alheios, pode-se somar aquele


provocado pela quebra da conexão entre práticas que, na vida do indivíduo fora
do hospital, possuem alguma continuidade: o corpo do hospitalizado transforma-
se no principal lugar para manifestações descontínuas e fragmentadas; ele é
freqüentemente tratado por partes e abstraído através de exames e fichas de
cadastramento; a subjetividade do paciente é reduzida à identificação de
elementos corporais [...] O indivíduo se torna divisível na medida em que a
intimidade de seu organismo é exposta dia e noite (SANT´ANNA, 2001, p. 32).
Portanto, se vive sempre em busca de significados e sentidos para a existencia,
diante do adoecimento nega-se também a sexualidade e sofre diante da ruptura da vida
tentando postergar a terminalidade.

FENOMENOLOGIA-EXISTENCIAL

A fenomenologia é o estudo do fenômeno tal qual este se apresenta, baseado


nesse contexto Almeida (2006 apud ALVES, 2016) afirma que “Etimologicamente,
Fenomenologia significa o estudo do fenômeno, ou seja, de tudo que se mostra em si
mesmo” (p. 33).
Hurssel considerado o pai da fenomenologia diz que a consciência é sempre
consciência de algo, ou seja, nesse sentido ele define a questão da intencionalidade.
De acordo com Dartigues (2005 apud ALVES, 2016), Hurssel explica que:
(...) O princípio de intencionalidade é que a consciência é sempre consciência de
alguma coisa’, que ela só é consciência estando dirigida a um objeto (sentido
de intentio). Por sua vez, o objeto só pode ser definido em sua relação à
consciência, ele é sempre objeto-para-um-sujeito. (...) Isto não quer dizer que o
objeto está contido na consciência como que dentro de uma caixa, mas que só
tem seu sentido de objeto para uma consciência (p. 212).

Por ser o estudo dos fenômenos, a fenomenologia se apresenta de acordo como


se percebe as coisas, dando cada uma o seu significado, e de como as observamos em
sua totalidade.
Maurice Merleau-Ponty foi um filósofo e psicólogo que nasceu na cidade de
Rochefor-sur-Mer no dia 14 de março de 1908, realizou seus estudos na École Normal e
Supérieure de Paris e graduou-se em filosofia. A sua compreensão de que somos um
corpo em movimento e sensível ao mundo a nossa vê essa “corporeidade” configura a
possibilidade de perceber a nossa própria existência de ser no mundo, atuantes e de uma
significação intransferível (MERLEAU-PONTY, 2002, p.173 apud TERRA, 2007).
Merleau-Ponty (1945 apud MOREIRA 2004) traz no prefácio do seu livro
“Fenomenologia da Percepção”, sua definição sobre a fenomenologia:

A fenomenologia é o estudo das essências; e todos os problemas, segundo ela,


voltam a definir as essências: a essência da percepção, a essência da
consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é também uma filosofia que
recoloca a essência na existência, e não pensa que se possa compreender o
homem e o mundo de outra forma, que não seja a partir de sua ‘facticidade. É uma
filosofia transcendental, que põe em suspenso, para compreendê-las, as
afirmações da atitude natural, mas é também uma filosofia para a qual o mundo já
está sempre lá, antes da reflexão, como uma presença inalienável, e cujo esforço
de reencontrar o contato ingênuo com o mundo pode lhe dar, enfim, um status
filosófico. (p. I)

Para o autor o corpo é o veiculo de comunicação com o mundo, nesse sentido a


maneira como o corpo interage com o mundo é como será percebido pelo ser. Nóbrega
(2008) relata que a percepção não nasce em outro lugar senão da interação do corpo com
o mundo, através das experiências vividas.
De acordo com a proposta de Hursell quando diz que a “consciência é sempre
consciência de algo”, ou seja, da intencionalidade – um objeto so se torna algo a partir
que se toma consciência dele. Para Merleau-Ponty o corpo é a expressão do concreto no
mundo, só inicia as experiências a partir do corpo em movimento.
Seguindo a perspectiva de Merleau-Ponty do “veiculo de comunicação” do homem
com o mundo é o corpo, nesse sentido a sexualidade se apresenta ao corpo a medida
que esse corpo se percebe no mundo, e essa percepção se dá das experiências vividas
desse corpo com o mundo ao qual está inserido. Diante do exposto a partir do momento
que a mulher adoecida percebe esse corpo irá determinar como a sua sexualidade
corresponderá a tudo que será experenciado e vivenciado.
Este trabalho é relevante para a Psico-Oncologia, visto que o que se espera na
investigação é como se configura a sexualidade da mulher com câncer de colo de útero
no contexto dos cuidados paliativos. Nesse sentido se busca comprender as
ressignificações feita pela mulher em relação a sua sexualidade a partir do momento que
ela se encontra fora de possibilidades terapêuticas. Para isso a fenomenologia contribuiu
para a psicologia, pois visa a compreensão dos fenômenos psicológicos frente ao
adoecer:

Fenomenologia possibilitou à Psicologia uma postura diferenciada para investigar


os fenômenos psicológicos, na busca pelo entendimento do fenômeno do adoecer,
a forma como o ser se percebe no mundo é que configurara o cuidado em uma
perspectiva existencial (ALVES, 2016).

De acordo com essa perspectiva, o fenômeno do adoecer de câncer de colo de


útero traz grande impacto emocional e entender como esse processo influenciará na
sexualidade, portanto é necessário um olhar holístico para vivencia da mulher nesse
processo e a compreensão de como ela busca ressignificar a sua perspectiva existencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreender a percepção da mulher frente ao diagnóstico de câncer do colo do útero.

O estigma de morte que o câncer carrega ainda é muito intenso e persistente


naqueles que são acometidos por essa neoplasia. As mulheres acometidas com câncer
de colo de útero além de enfrentarem todo o processo de tratamento, precisam ainda lidar
com o preconceito, rejeição e enfrentar todo o impacto emocional causado pela doença.
O adoecimento com câncer causa aspectos emocionais nunca antes experenciado
pelo ser, alem da insegurança e das incertezas mediante de todo processo, muitas
variáveis surgem com o medo de prolongamento do sofrimento, porém a questão da
finitude assusta, contudo o individuo se percebe e transforma o adoecimento na
possibilidade de rever conceitos antes arraigado e rígido.

[...] a própria ocorrência de fatos que acarretam diminuição de recursos pessoais


ou restrição de condições externas na vida de um indivíduo podem transformar-se
num estímulo para que ele se dedique à descoberta e atualização de
potencialidades das quais, até então, não havia percebido possuir, ou não as havia
valorizado suficientemente, para se dispor a atualizá-las (FORGHIERI, 1993, p.
53).

Nesse sentido, a adversidade pode muitas vezes potencializar possibilidades de


um novo recomeço, apesar das angústias que o adoecimento causa. A partir da
compreensão de uma vivencia com aspectos traumáticos como é o caso do câncer de
colo de útero, a mulher pode desenvolver estratégias de enfrentamento que a farão
encontrar recursos adaptativos para sua nova realidade.
[...] é necessário que a pessoa aceite as situações de sofrimento e com elas se
envolva, para que consiga compreendê-las e ter, então, condições de se abrir às
suas possibilidades de existir, que continuarão sendo amplas, apesar das
restrições e sofrimentos que estiver vivenciando em determinado momento
(FORGHIERI, 1993, p. 53).

A percepção de vulnerabilidade frente ao diagnóstico e ao tratamento, desperta


pensamentos e sentimentos que iram causar impacto em todas as esferas da mulher,
mexendo sobre maneira em sua auto-estima e imagem corporal, entender esse processo
será fundamental para ressignificação nos aspectos fisiológicos, psicológicos e sociais,
que afetam sua qualidade vida.
Conforme Castro et al (2015) discorre a respeito de como cada um experencia o
adoecimento.
O modelo do Senso Comum (Leventhal, Brissete, & Leventhal, 2003; Leventhal et
al., 1997) postula que a maneira como o sujeito pensa sobre seu problema de
saúde e, consequentemente se comporta diante dele, tem relação com a
percepção que ele tem da doença. O modelo mental das percepções é construído
por cada pessoa, com base na realidade e na sua percepção de condição de
saúde. Deste modo, a natureza e a organização das percepções podem conduzir
a pessoa a comportamentos relacionados à sua saúde e ao modo como o
paciente enfrenta a sua doença.
De acordo com Figueiredo et al (2004), a imagem corporal é um componente
fundamental na construção da identidade pessoal. Conforme o autor relata que uma
pessoa tem de si mesma forma-se a partir da interrelação de três componentes: a
imagem idealizada; a imagem fornecida através da impressão de terceiros (informações
externas) e a imagem objetiva (Figueiredo et al.,2004).
Na possibilidade de percepção da existência em sua totalidade, a mulher
adoecida se sente vulnerável a medida que sua imagem corporal se modifica, é nesse
momento que ela toma consciência da sua existência enquanto ser-no-mundo-com-
cancer.

[...] não me é essencial apenas ter um corpo, mas até mesmo ter este corpo-
aqui. Não é apenas a noção do corpo que, através da noção do presente, é
necessariamente ligada à noção do para si, mas a existência efetiva de meu
corpo é indispensável à existência da minha “consciência” (MERLEAU- PONTY,
2006a, p. 577-578).

Essa subjetividade da compreensão em relação ao de ser-no mundo-com-câncer é


que vai inflenciar a sua vivencia do que é percebido pelo corpo e a singularidade do sentir
a medida que o corpo se modifica através dos processos de tratamento.
Merleau-Ponty (2006) discorre que a compreenção da consciência através dos
sentidos e significados que atribuímos constantmente ao que é sensível ao corpo é que
nos permite estar presentes no mundo. A mulher adoecida se reposiciona no mundo à
medida que ressignifica a sua totalidade de existir.
O autor supracitado explica como o ser doente ressignifica o corpo a partir do que
ele se apropria para si.
O ser doente reapropria-se do mundo como um corpo que o desconhece, que se
reposiciona diante do mundo e dos outros, pois já não tem em seu corpo a
experiência legitimada anteriormente, como corpo integral no mundo. Ele, a partir
da experiência do adoecimento, posta-se como aquele que se põe a conhecer e
perceber seu corpo e mundo, e por isso, o resignifica. “um doente sente uma
segunda pessoa implantada em seu corpo (MERLEAU-PONTY, 2006b, p.131).

A partir da compreensão da mulher frente ao adoecimento e as ressignificações


feitas ao longo de todo processo, será possível o desenvolvimento da resiliência, de
acordo com Rutter (1987), quando o ser se torna resiliente ele tem a capacidade de
atravessar o contexto adverso tendo habilidade de lidar com as mudanças que ocorrem
ao longo da vida, segundo o autor a resiliência é definida como um processo de relativa
resistência manifestada por algumas pessoas diante de situações que oferecem risco
psicossocial para seu funcionamento e desenvolvimento (RUTTER, 1999).
Nesse contexto discorrem Junqueira e Deslandes (2003) que a resiliencia é a
capacidade do individuo lidar com as circunstâncias estressoras de maneira positiva não
cedendo a elas, mas superando-as, de acordo a ressignificação psicológica do mesmo.a
resiliência.
À medida que a mulher vitima da doença compreende o processo pelo qual está
passando e aprende a desenvolver a resiliencia ela desenvolve características e
estratégias de manejo frente a situações adversas.

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