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Reforma Sanitária e Modelos Assistenciais de Saúde

A Reforma Sanitária é um movimento social e político que surgiu no Brasil a partir


da década de 1970 e ganhou força durante os anos 1980. Seu principal objetivo era
a busca pela democratização e universalização do acesso à saúde, com base nos
princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), como a universalidade, integralidade
e equidade. A Reforma Sanitária defendia a participação da sociedade civil na
formulação e controle das políticas de saúde, visando à superação das
desigualdades sociais e à construção de um sistema de saúde mais justo e
eficiente.

Principais diretrizes do SUS:

Universalidade…
Integralidade…
Equidade…
Descentralização…
Participação social…
Financiamento adequado: O SUS deve receber recursos suficientes para garantir o
funcionamento adequado de seus serviços e ações. O financiamento é essencial
para a manutenção da universalidade e integralidade do sistema.

Os Modelos Assistenciais de Saúde se referem às diferentes abordagens e


estratégias utilizadas para organizar a assistência à saúde da população. No
contexto do SUS, os modelos assistenciais são fundamentados na atenção primária
como porta de entrada do sistema, com enfoque na prevenção e promoção da
saúde, buscando evitar a superutilização dos serviços de alta complexidade. Esses
modelos também valorizam a integralidade do cuidado, ou seja, a consideração de
todos os aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais dos indivíduos.

Vigilância em Saúde:

A Vigilância em Saúde é uma das atribuições fundamentais do SUS e engloba um


conjunto de ações de monitoramento, prevenção, controle e promoção da saúde da
população. O objetivo principal é identificar e responder a riscos, ameaças e
situações que possam afetar a saúde da população, evitando a ocorrência de surtos
e epidemias, bem como o agravamento de doenças.

Os indicadores de nível de saúde da população são medidas utilizadas para avaliar


o estado de saúde de uma determinada comunidade ou região. Esses indicadores
incluem medidas como a taxa de mortalidade infantil, a expectativa de vida ao
nascer, a incidência de determinadas doenças, a cobertura vacinal, entre outros.
Eles são importantes para monitorar o impacto das políticas de saúde, identificar
problemas de saúde e orientar a formulação de estratégias de intervenção.
Diferentes tipos de vigilância:

Vigilância Epidemiológica:

A Vigilância Epidemiológica é responsável por acompanhar a ocorrência de doenças


e agravos à saúde na população, identificar tendências e padrões de distribuição e
analisar as causas e fatores associados. Seu foco é a prevenção e controle de
doenças transmissíveis e não transmissíveis. Algumas de suas atribuições incluem:
Notificação compulsória de doenças: Obrigatoriedade de profissionais de saúde
notificarem certas doenças aos órgãos de vigilância, permitindo a detecção precoce
de surtos e epidemias.

Notificação obrigatória:
Doenças transmissíveis:
Dengue
Sarampo
Influenza (gripe)
Tuberculose
HIV/AIDS
Hepatites virais
Chikungunya
Leishmaniose visceral e tegumentar
Doença de Chagas aguda
Meningites
Febre amarela

Doenças de impacto na saúde pública:


Hanseníase
Diabetes mellitus em menores de 15 anos
Violência doméstica, sexual e/ou outras formas de violência contra crianças e
adolescentes
Violência contra a mulher
Violência contra a população LGBT+

Investigação de surtos: Identificação das causas e fontes de surtos de doenças e


adoção de medidas de controle para evitar sua disseminação.

Monitoramento de indicadores: Acompanhamento de indicadores de saúde, como


incidência, prevalência, letalidade, entre outros, para avaliar a situação
epidemiológica da população.

Vigilância Sanitária: A Vigilância Sanitária é responsável por fiscalizar e controlar


produtos, serviços e ambientes que podem afetar a saúde da população. Seu
objetivo é garantir que as normas e regulamentos de saúde sejam cumpridos,
evitando riscos à saúde. Algumas de suas atribuições incluem:

Inspeção de estabelecimentos: Verificação do cumprimento das normas sanitárias


em hospitais, clínicas, indústrias alimentícias, entre outros.

Registro e controle de produtos: Avaliação e liberação de medicamentos, alimentos,


cosméticos e outros produtos, garantindo sua segurança e qualidade.

Fiscalização de ambientes: Inspeção de locais públicos e privados para garantir a


qualidade do ambiente e a ausência de riscos à saúde.

Vigilância Ambiental:

A Vigilância Ambiental tem como objetivo monitorar e controlar fatores ambientais


que possam afetar a saúde da população. Ela atua na prevenção de doenças
relacionadas ao ambiente, como doenças transmitidas por vetores e contaminantes
ambientais. Algumas de suas atribuições incluem:

Controle de vetores: Medidas de prevenção e controle de vetores, como mosquitos


e roedores, para evitar a transmissão de doenças como dengue, zika e leptospirose.

Monitoramento da qualidade da água e do ar: Avaliação da qualidade da água de


consumo humano, das águas de rios e praias, e do ar, para evitar a exposição a
contaminantes que possam causar danos à saúde.

Vigilância em desastres naturais: Atuação em situações de desastres naturais,


como enchentes e deslizamentos de terra, para prevenir e controlar doenças
relacionadas a essas situações.

Esses três tipos de vigilância atuam de forma complementar, contribuindo para a


proteção da saúde da população e a promoção de ambientes saudáveis. Suas
ações são fundamentais para o planejamento e desenvolvimento de políticas de
saúde efetivas e direcionadas às necessidades da população.

Sistema de saúde como uma das políticas públicas sociais:

O sistema de saúde, como o SUS no Brasil, é uma das políticas públicas sociais
que têm como objetivo garantir o acesso universal e igualitário aos serviços de
saúde para toda a população. Ele abrange um conjunto de ações e serviços de
saúde, desde a atenção básica até a alta complexidade, buscando promover a
saúde, prevenir doenças, tratar enfermidades e reabilitar os indivíduos quando
necessário.
Redes de Atenção à Saúde no Brasil:

As Redes de Atenção à Saúde são arranjos organizacionais que visam integrar os


diferentes serviços e níveis de atenção em saúde, promovendo a continuidade do
cuidado e a integralidade das ações. No Brasil, existem diversas Redes de Atenção
à Saúde, como a Rede de Atenção às Urgências e Emergências, a Rede de
Atenção Psicossocial, a Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas, entre
outras. Essas redes buscam otimizar o uso dos recursos, melhorar a resolutividade
e a qualidade do atendimento, além de garantir o acesso dos usuários a serviços de
saúde de forma mais eficiente e humanizada.

As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são uma estratégia organizativa do Sistema


Único de Saúde (SUS) no Brasil, que visa promover a integração e articulação dos
serviços e níveis de atenção em saúde de forma mais eficiente e efetiva.

As Redes de Atenção à Saúde são entendidas como um conjunto de ações e


serviços de saúde articulados, hierarquizados e integrados, que buscam atender às
necessidades de saúde de uma determinada população. O objetivo principal das
RAS é garantir a oferta de serviços de forma mais organizada, eficiente e centrada
no usuário, evitando a duplicidade de procedimentos, atrasos e desperdícios, e
garantindo a continuidade do cuidado.

Principais redes:

Rede de Atenção Básica: Essa rede é a porta de entrada do SUS e tem como
objetivo oferecer ações de prevenção, promoção e tratamento de doenças, além de
garantir o acompanhamento contínuo dos usuários. As Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e as equipes de Saúde da Família são os principais componentes dessa
rede.

Rede de Atenção Psicossocial: Voltada para o cuidado de pessoas com problemas


de saúde mental, essa rede busca promover a inclusão social e a reabilitação
psicossocial dos usuários. Ela inclui serviços como Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS) e Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT).

Rede de Atenção às Urgências e Emergências: Essa rede visa oferecer


atendimento rápido e qualificado para situações de urgência e emergência.
Hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são alguns dos serviços que
compõem essa rede.

Rede de Atenção Oncológica: Especializada no tratamento de câncer, essa rede


busca garantir o acesso a diagnóstico precoce, tratamento adequado e
acompanhamento dos pacientes oncológicos.
Integração dos serviços e níveis de atenção em saúde: Para promover a integração
dos serviços e níveis de atenção em saúde, as Redes de Atenção utilizam
estratégias como o estabelecimento de fluxos de referência e contra-referência, a
realização de reuniões e discussões entre os profissionais de diferentes serviços, o
compartilhamento de informações e dados de saúde dos usuários e a utilização de
sistemas de informação em saúde. A integração visa facilitar a comunicação entre
os serviços, garantir a continuidade do cuidado e promover uma abordagem mais
holística e coordenada das necessidades de saúde da população.

Acesso às Redes de Atenção à Saúde Pública:

O acesso às Redes de Atenção à Saúde Pública é um dos principais desafios do


SUS. Ele envolve a disponibilidade de serviços e profissionais de saúde em
quantidade adequada e em locais estratégicos, além de garantir o acesso equitativo
e oportuno aos serviços, respeitando as necessidades e especificidades de cada
indivíduo. O acesso é fundamental para que as pessoas possam buscar
atendimento quando necessário, receber o cuidado adequado e prevenir agravos à
saúde.

Ações individuais e coletivas de promoção, proteção e recuperação da saúde:

As ações individuais de promoção, proteção e recuperação da saúde são aquelas


realizadas diretamente com os indivíduos, visando a sua saúde e bem-estar. Isso
inclui o autocuidado, como a adoção de hábitos saudáveis de alimentação e prática
de atividade física, a procura por serviços de saúde para consultas e tratamentos, e
a adesão aos cuidados prescritos pelos profissionais.

As ações coletivas de promoção, proteção e recuperação da saúde envolvem


estratégias voltadas para grupos de pessoas ou a população como um todo. Isso
inclui ações de vacinação em massa para prevenção de doenças, campanhas de
conscientização sobre hábitos saudáveis, programas de educação em saúde nas
escolas, entre outras iniciativas que visam melhorar a saúde e prevenir doenças em
uma escala maior.

Essas ações individuais e coletivas são complementares e fundamentais para a


promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Elas
contribuem para a redução de riscos à saúde, a prevenção de doenças e a
promoção do bem-estar físico, mental e social.

Principais indicadores

Significado e utilidade dos indicadores de saúde:


Taxa de mortalidade infantil: Indica o número de óbitos de crianças menores de um
ano, para cada mil nascidos vivos, em um determinado período. É um indicador
sensível que reflete as condições de saúde, acesso a cuidados médicos e qualidade
de vida da população.

Expectativa de vida ao nascer: Representa o número médio de anos que um


indivíduo pode esperar viver ao nascer, considerando a mortalidade em todas as
idades. É um indicador que reflete o nível geral de saúde e as condições de vida da
população.

Incidência de doenças: mede a ocorrência de novos casos de uma determinada


doença em uma população específica durante um período de tempo. Essa medida é
essencial para o monitoramento de doenças transmissíveis, surtos e epidemias.

Cálculo e interpretação dos indicadores:

Taxa de mortalidade infantil: Calcula-se dividindo o número de óbitos de crianças


menores de um ano pelo número de nascidos vivos, multiplicando o resultado por
mil. Uma taxa de mortalidade infantil alta indica problemas na assistência à saúde
materno-infantil e condições precárias de vida.

Expectativa de vida ao nascer: Calcula-se somando a idade específica de


mortalidade para cada idade ao longo da vida e dividindo esse total pelo número de
nascimentos. A expectativa de vida é influenciada por fatores como acesso à saúde,
nutrição, educação e saneamento básico.

Incidência de doenças: Calcula-se dividindo o número de novos casos de uma


doença pelo total de pessoas em risco durante um período específico. Esse
indicador é fundamental para identificar tendências de doenças e a necessidade de
intervenções de saúde.

Índice de envelhecimento: é calculado dividindo-se o número de pessoas com 60


anos ou mais pelo número de pessoas com menos de 15 anos, multiplicado por
100. Esse indicador não expressa uma probabilidade ou risco, mas sim uma relação
numérica que permite avaliar as tendências da dinâmica demográfica de uma
população em relação ao envelhecimento. Ele fornece informações sobre a
proporção de idosos em relação às crianças e pode ser utilizado para analisar o
envelhecimento populacional em determinado espaço geográfico e período de
tempo.
Importância dos indicadores na saúde pública:

Os indicadores de saúde desempenham um papel fundamental na saúde pública,


pois permitem:

- Identificar grupos de maior risco para determinadas doenças;


- Avaliar o impacto de políticas e programas de saúde;
- Monitorar tendências de doenças e desigualdades em saúde;
- Direcionar recursos e intervenções para áreas de maior necessidade;
- Estabelecer metas e avaliar o progresso na melhoria da saúde da população.
-
Em suma, os indicadores de nível de saúde são ferramentas essenciais para
compreender a situação de saúde de uma população, identificar problemas e
planejar intervenções eficazes para promover o bem-estar e qualidade de vida dos
cidadãos.

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