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Prof. Dr.

Paulo Albuquerque Fundações e Elementos Enterrados


– EC -8 2 3

A expressão proposta por Reese&O’Neill (1989) estabelece:

qsf = β. σ’v z com β=Ks .tgδ

Quadro 7 – Valores de β.
z ≤ 1,10m β = 1,20
2,25m >z>1,10m β = 1,5 − 0,25 z
z > 2,25m β = 0,25

O fator de mobilização ms atinge valor máximo para recalques de 6 a 13mm, em


areias.

• Resistência de Base
A resistência última de base para tubulões é menor do que para estacas porque:
ü O solo de apoio é alterado pelo processo de escavação, especialmente para o
caso de escavação mecânica;
ü A densificação do solo que ocorre sob a ponta das estacas de deslocamento
não se verifica nos tubulões;
ü Ocorre um alívio temporário de tensões enquanto o furo permanece aberto;

A resistência última da base é dada por:


1
qbf = .γ.φ b .Nγ + σ' vb.Nq
2
Para tubulões longos σ’vb tende a σ’v(lim) e a primeira parcela da equação é desprezada.

Com base em valores de SPT, temos:

qbf = 20NSPT + σ' vb (kPa) ≤ 40kPa

Onde NSPT é o índice de resistência à penetração média entre a cota de apoio da base e a
distância 1φ b abaixo da base.
A partir de dados do CPT, a tensão admissível pode ser estimada por:

φ  z 
qbf = qc  b 1+ b  com φ b (m)
 40  φ b 

Onde qc é o valor médio da resistência do cone na região de apoio o tubulão. Sugere-

se limitar este valor à 60kPa.


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qbf = 25NSPT + σ'vb (kPa)

Onde NSPT é o índice de resistência à penetração médio entre a cota de apoio da base e a
distância 2φ b abaixo da base.
De acordo com Décourt (1991) a tensão admissível também pode ser estimada a partir
do ensaio de CPT.
qbf = (0,14 a 0,10) qc + σ’vb
B) Solos Não Coesivos

• Resistência Lateral
Para tubulões revestidos com camisa perdida, a escavação provoca uma separação
entre o solo e o fuste. Por este motivo não se considera a contribuição do atrito, que é
suficiente apenas para equilibrar o peso próprio do tubulão.
Q = Qbf . mb onde Qsf=0

Para o caso de tubulões com camisa recuperada:


L

Qsf = ∫ qsf.π.φ f.dz


0

com
qsf = Ks tgδ.σ’v z
onde:
• σ’vz e a tensão efetiva vertical, á profundidade z, assumida com crescendo linearmente
até a profundidade 15φ b e a partir daí se mantendo constante.
• Ks é o coeficiente de empuxo que, para o caso deve ser assumido como sendo KA, ou
adota-se K s =f (Ls ) da seguinte maneira:
Quadro 6 – Valores de K s .
Lf (m) Ks
< 8m 0,7
8 a 12 0,6
> 12 0,5

• δ é o ângulo de atrito entre o solo e concreto. Potyondy (1961), propõe δ=0,88φ’.

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onde:
cu é a coesão não drenada do solo na região de apoio da base (1,0 φ b acima da cota de
apoio e 1,5 φ b abaixo).
Nc é o fator de capacidade de carga de fundações profundas (φ=0, N c = 9).

Reese & O’Neill (1989) propõem a seguinte expressão para a determinação da tensão
última da base.
qbf = Fr.Nc* . cu ≤ 4000kPa
onde:
Fr. representa um fator de redução da tensão última da base, de modo que os
recalques dos tubulões se situem dentro do limite da aceitação da estrutura (em geral ≤
25mm).

• φ b ≤1,90m → Fr = 1,0

2,5
• φ b >1,90m → Fr = ≤ 1 com φ b (m)
400.Ψ1.φ b .Ψ2

z 
Ψ1 = 0,0071+ 0,0021 b  ≤ 0,015
 φb 

Ψ2 = 0159
, cu com cu (kPa) 0,50 ≤ Ψ2 ≤1,50

  z 
N*c = 6 1+ 0,2 b   ≤ 9
  φb 

zb
Para ≥ 2,5 N*c = 9
φb

• cu é a resistência ao cisalhamento do solo entre a cota de apoio da base e a distância


2φ b abaixo da base.
O fator de mobilização da base é função dos recalques sofridos pelo tubulão, sendo
normalmente empregados os valores:
• mb = 1,0 para s=(0,10 a 0,15 φ b) em tubulão com base alargada
• mb = 1,0 para s=0,20 φ b para tubulão sem base alargada

Décourt (1989) propõe uma expressão para fundações diretas que pode ser estendida
para o caso de fundações profundas pela inclusão do efeito de profundidade (σ’vb).

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Bustamante & Gianeselli (1982) sugerem valores para a tensão lateral última em
função da resistência do cone (qc) medida no CPT.
qsf.= λ. qc

Quadro 5 - Valores para a tensão lateral última em função da resistência do cone (qc)
Bustamante & Gianeselli (1982).
Solo qc (kPa) λ qs (máx)
Argila mole à média < 1000 0,0333 15
Argila média a rija 1000 – 5000 0,0250 35
Silte, areia fofa ≤ 5000 0,0167 35
Argila, silte > 5000 0,0167 35
Calcários moles ≤ 5000 0,0100 35
Areias pedregulhosas 5000 – 12000 0,0100 80
Calcário alterado e fragmentado > 5000 0,0167 120
Areia e pedregulhos densos 12000 0,0067 120

O fator de mobilização (ms ) atinge o valor 1,0 para recalque de 5% do φ f e a partir daí
decresce até um valor limite de 0,35 a 0,40.
Valores cariando entre 0,15 até 0,75 tem sido propostos por diversos autores. De
acordo com estudos efetuados por Skempton, verificou-se que o valor de ms depende do
tempo em que a escavação permaneceu aberta.
Quando o solo na cota de apoio da base é muito mais rígido que o solo o longo do
fuste o ms = 0.
• Resistência da base

A resistência última da base é determinada pelo produto da tensão da base pela área
de apoio do tubulão.
Qb = Qbf . mb

Qbf = qbf . Ab
Com:
qbf = cu . Nc

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Vários autores freqüentemente costumam adotar:


Argila média ¢ α=0,45
Argila rija ¢ α=0,20

• Desprezar a tensão lateral no trecho superior do fuste até a profundidade de 1,5m e o


comprimento referente uma vez o diâmetro do fuste acima do início do alargamento
da base.

Coduto (1994) apresenta algumas relações, adaptadas de Kulhawy&Jackson (1989):


Quadro 2 – Faixas de valores,
cu ≤ 30kPa qsf = cu
30kPa <cu ≤ 250kPa qsf = 4,82. cu 0,51
cu > 250kPa qsf = 0,32. cu

Reese et. al (1976) sugerem os valores de α, bem como os valores limites de qsf.

Quadro 3 – Valores de α Reese et. al (1976).

Tipo de Escavação Sem base alargada Com base alargada


α qsf.(lim) kPa α qsf.(lim) kPa

Executada a seco ou com leve auxílio de lama 0,50 90 0,30 40

Situações onde pode ocorrer retenção de lama


entre o concreto e o solo envolvente, com 0,30 40 0,15 25
perfurações parciais com lama

Terzaghi & Peck (1967) sugerem os valores apresentados abaixo para estimativa do
atrito lateral que se desenvolve nas camisas, para tubulões atingindo entre 8 e 40m.

Quadro 4 - Valores apresentados abaixo para estimativa do atrito lateral Terzaghi & Peck
(1967).
Solo qs (kPa)
Silte e argila mole 10 a 30
Argila muito rija 50 a 200
Areia fofa 10 a 30
Areia compacta 30 a 70
Pedregulho compactado 50 a 100

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Com relação ao comportamento dos tubulões quando submetidos a provas de carga,


foi verificado que para baixas deformações (admissíveis), a parcela de resistência lateral, para
tubulões longos é significativas (ms =1,0), com deformações da ordem de 5mm a 10mm
independente do diâmetro do fuste.

A plena mobilização da resistência da base se dá para grandes deformações 10 a


20φ base.

Apresentam-se a seguir valores sugeridos por Reese&ONeill (1988), referente às


deformações necessárias à mobilização das parcelas resistentes.

Quadro 1 – Valores de deformações necessárias à plena mobilização das parcelas resistentes.


Carga Lateral Carga da Base
Solo
Faixa de valores tendência Faixa de valores tendência
0,004φ f 0,025φ b
Argiloso 0,006φ f 0,050φ b
0,007φ f 0,060φ b
0,007φ f 0,040φ b
Arenoso 0,008φ f 0,050φ b
0,009φ f 0,060φ b

Segundo Bowles (1988), a plena mobilização da resistência lateral (solos coesivos) se


verifica com um recalque de 0,05φ b, após o que o ms diminui até um valor limite de 0,40.
Na literatura em geral são encontradas recomendações de ms (limite) variando de 0,45
a 0,75.

A) Solos Coesivos
• Resistência Lateral
L

Qsf = ∫ qsf.π.φ f.dz


0

A tensão lateral última (qsf) é função da aderência entre solo e concreto do fuste do
tubulão que, depende da resistência não drenada do solo do fuste (cu).
qsf =α. cu

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TUBULÕES
Previsão da Carga Ruptura (Métodos Teóricos)

Para o cálculo da carga de ruptura de tubulões, pode se empregar métodos teóricos e


empíricos. Apresenta-se a seguir uma metodologia para a obtenção deste valor, porém, para
este caso em particular, a carga lateral será somada ao valor da carga de ruptura total, pratica
esta não muito utilizada no meio técnico.

PP Qs L

Qp
Figura 1 – Transferência de carga.
A carga de última de um tubulão deve ser a somatória das seguintes parcelas:

Q + P P = Q ss mm + Q bb mm

Onde:
Qsm = ms .Qsf (parcela da resistência lateral)
Qbm = mb.Qbf + σ’vb (parcela da resistência da base)
ms e mb = fatores de mobilização da carga lateral última e carga última da base
Qsf e Qbf = cargas limites últimas na ligação tubulão/solo e no apoio da base respectivamente
σ’vb = tensão vertical efetiva à cota de apoio do tubulão

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