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Como gravar um baixo eléctrico

10.10.2006 - 05:10
Apesar da maioria dos sintetizadores modernos já virem com bons
efeitos para guitarras baixo incluídos, não existe nada comparável ao
verdadeiro instrumento, desde que seja bem tocado, e que se saiba
como gravá-lo.

Hoje em dia, o baixo tem um papel proeminente em diferentes


géneros musicais. O Dub Reaggae não chegaria muito longe sem o
baixo, assim como muitos géneros com bastante ritmo, como estilos
latinos ou os provenientes da América do Sul. Mesmo até fora destes
estilos, o baixo é uma peça fulcral para a sonoridade e para o "felling"
de uma música. Um baixo bem tocado e bem gravado é vital para
qualquer secção rítmica, e vale a pena o esforço, de forma a obter o
som correcto.

Um bom som para um baixo começa com um instrumento


razoavelmente bom e bem tocado. Após este ponto de partida terá
de decidir se quer ligar o microfone a um amplificador de baixo ou
adoptar um dos métodos de ligação directa - DI - possíveis, ou,
poderá ainda, combinar estes dois, uma abordagem comum de
alguns engenheiros de som.

O método mais simples é ligar o baixo a uma box DI, mas, a não ser que o instrumento possua pickups activos (poderá
necessitar de uma pequena bateria), não o poderá ligar a um input de uma mesa de mistura e estar a espera de bons
resultados - haverá uma discrepância grande de impedâncias.

O método para fazer este processo correctamente, é utilizar uma box DI com uma impedância de input de pelo menos
500k (ómega) e de preferência mais alta do que 1M (ómega). Virtualmente, todas as boxes DI activas que apresentam
um input para instrumentos, preenchem estes requerimentos.

Com o instrumento adequado e uma boa técnica da parte do baixista, esta abordagem mais simples pode produzir bons
resultados, mas à medida que os outros instrumentos são adicionados a mistura, o som do baixo tenderá a perder
potência, e o tom obtido não é o mesmo do que se estivesse a utilizar um amplificador, pois os amplificadores para
guitarras e baixos não possuem uma resposta de frequência linear.

Os equalizadores das consolas mais simples não são capazes de emular correctamente um amplificador de guitarra, por
isso, um processador "outboard" será uma melhor aposta.
Colocar um equalizador de gráfico ou paramétrico de qualidade, após a box DI poderá melhorar muito o resultado final.
A maioria dos músicos sabe que adicionar um "boost" de 80Hz irá "engordar" a linha das frequências "baixas" do baixo,
mas se ouvir atentamente os sons durante uma gravação, provavelmente irá descobrir que também irá atingir bastante
os alcances médios e mais baixos - a maioria das colunas hi-fi domesticas não conseguem reproduzir esses níveis de
frequências.
A solução é experimentar com o equalizador dentro da região compreendida entre os 120Hz e os 350Hz, já que é aqui
que o "som verdadeiro" é definido.

Outra técnica que pode utilizar, envolve combinar o equalizador com um simulador de colunas, como o "Palmer Junction
Box". Os simuladores de colunas são desenhados para duplicar o rolloff das altas-frequências ou colunas reais, por isso
pode continuar a utilizar o seu equalizador para dar forma às frequências baixas e médias, para de seguida permitir ao
simulador de colunas tratar dos níveis superiores.

Compressão
A maioria dos engenheiros de som utilizam sempre algum nível de compressão para a guitarra baixo, o que é uma boa
ideia por muitas razões.
Se o baixista, utilizar uma técnica baseada em slapping ou pulling, o parâmetro de ataque das notas poderá ser muito
elevado, por isso, se não o comprimir ou o limitar, correrá o risco de sobrecarregar o som final, ou terá de definir o nível
da gravação tão baixo que o corpo principal do som proveniente do instrumento será demasiado pequeno.
A melhor forma de tratar este tipo de técnica é utilizar um compressor que possua um limitador separado, pois o método
tradicional, para manter o parâmetro de ataque num som comprimido, é definir o parâmetro de ataque do compressor
para algumas décimas de milissegundos, de forma a deixar passar sem compressão o impulso inicial. O tempo de
"release" é geralmente definido para cerca de 1 quarto de segundo, mas isto irá variar de modelo para modelo, por isso
vá experimentando. Utilizar definições automáticas para o parâmetro de ataque e para o "release", também podem
produzir bons resultados pois estas definições podem-se adaptar às diferentes dinâmicas e aos diferentes estilos de
tocar de cada artista, dentro da mesma música.

Permitir que as variações mais abruptas possam passar inalteradas devido ao compressor pode produzir um
bom som, mas são essas mesmas variações (ou a falta delas) as causadoras dos problemas de sobrecarga nas
gravações, por isso ter um limitador independente após o compressor, é extremamente útil. O "threshold" do limitador
deve estar definido logo abaixo do nível máximo da gravação (perto do limiar de distorção) para que este entre em efeito
só nos picos mais altos.

Mesmo que o baixo seja tocado de uma forma mais tradicional, a compressão continua a ser útil, já que equilibra o nível
de diferentes notas e, igualmente importante: aumenta a energia média do som, isto é, faz com que o som pareça mais
alto ao mesmo nível dos picos.

Pode ainda reduzir ligeiramente o parâmetro de ataque do compressor para acentuar o começo duma nota, mas esteja
atento aos níveis da gravação.

Uma dica útil para o caso de não possuir um compressor com um limitador separado, é utilizar um compressor de canal
duplo é por a saída do canal 1 na saída do canal 2. Defina o canal 1 para fazer a compressão normalmente, mas ponha
o canal 2 para limitar utilizando uma relação mais alta combinando-o com um parâmetro de ataque muito rápido e o
tempo de "release" mais veloz que conseguir utilizar.

Ajuste o "threshold" do canal 2 para que o ganho na redução só ocorra quando o nível do som esteja a poucos dBs de
atingir a região de sobrecarga nos medidores do gravador. Claro que aqueles que ainda utilizam cassetes analógicas
podem se dar ao luxo de não serem tão "formais" em relação aos níveis - de facto um pouco de saturação na cassete,
pode fazer maravilhas ao som do baixo. O que nos leva a falar de "¦.

Distorção
Algum dos melhores sons da guitarra baixo provêm dos amplificadores de válvulas, e como todos os guitarristas e
baixistas sabem, os amplificadores de válvulas distorcem duma maneira muito musical quando são puxados ao máximo.
Um grande número de processadores de estúdio modernos ou incluem equipamentos a válvulas ou emuladores, com
diferentes graus de sucesso, consoante a qualidade do material.
Pode até arranjar boxes DI a válvulas, como a "Ridge Farm Gás Cooker". Ao utilizar uma destas pode ainda dar mais
potência ao som do baixo sem o tornar obviamente distorcido. Claro que se quiser obter o som do baixo "Stranglers", um
set apropriado de pedais overdrive pode-lhe oferecer-lhe bons resultados.
O dispositivo de válvulas ou o emulador na corrente do sinal serão colocados exactamente onde soarem melhor, mas se
quiser ser mesmo um purista, deverá posicioná-los antes do emulador de colunas, se o estiver a utilizar, claro. Isto
porque num amplificador real, qualquer distorção criada dentro do circuito do amplificador é filtrada pela resposta limitada
das colunas.

Se quiser ter a vida facilitada, alguns pré-amplificadores desenhados especificamente para guitarras também funcionam
bem para o baixo"¦

Gravar o Baixo
Como é claro, existem puristas que se recusam a ligar um baixo a uma box
DI. Ligar um bom
Apesar de poder utilizar um microfone dinâmico, (o qual pode servir para
várias finalidades) na gravação do seu baixo, irá descobrir que a maioria
deste tipo de microfone possuem uma atenuação considerável para
frequências baixas, de forma a compensar o efeito de proximidade quando
é utilizado na gravação de perto.
Por causa disto, a não ser que o coloque mesmo próximo da fonte sonora,
irá aperceber-se que o som em algumas frequências tenderá a perder
potência.
A melhor aposta será utilizar um microfone dinâmico (não-vocal), que
possua uma resposta razoável ? s frequências baixas, ou então
experimentar um daqueles microfones dedicados para baixo/bombo da
bateria, colocando-o entre 15 cm a 30 cm em frente da coluna. Se estiver a
utilizar um amplificador de válvulas, irá descobrir que não necessita de
adicionar compressão ou pelo menos não muita, mas se o amplificador for
do tipo "solid-state", e não possuir um compressor incorporado, então ai
será uma boa ideia tentar adicionar pelo menos um pouco de compressão, na tentativa de melhorar o resultado final. A
abordagem mais segura neste caso é deixar a compressão para depois da mistura a não ser que atinja níveis tão graves
que gerem distorção.
Pode fazer mudanças nos tons se mover o microfone - o som mais brilhante é conseguido ao apontar o microfone para o
centro da coluna, enquanto que se o mover um pouco para o lado irá registar um som mais quente, menos directo (less-
in-your-face).
Também será uma boa ideia variar a distância a que este é colocado para obter outros resultados. Tente ajustar o
posicionamento do microfone de forma a obter os melhores resultados possíveis antes de adicionar a equalização. Se
conseguir deixar a equalização para a mistura final irá deixar as suas opções em aberto. Ao fim de contas o que lhe pode
soar bem em isolamento pode não ficar tão bem juntamente com o resto da mistura.

amplificador para baixo não é um problema, desde que esteja a trabalhar num ambiente que lhe permita tocar o
instrumento com a altura suficiente e que possua um bom microfone.

O melhor de dois mundos


Se realmente quiser ir mais longe com o som do baixo, experimente combinar um amplificador com microfone
incorporado com uma das técnicas de DI que foram mencionadas anteriormente. Esta abordagem combinada é utilizada
por muitos profissionais. As fases em que o som é gravado e submetido a uma box DI, irão ter um efeito profundo no
trabalho final, por isso possivelmente terá de fazer uma inversão de fase a uma das fontes, de forma a obter o melhor
resultado possível.
Como a equalização pode não ter o mesmo efeito em relação ao som como um todo, experimente equalizar cada fonte
individualmente assim como o seu balanço. Similarmente, se alterar a distância entre o microfone e as colunas também
irá afectar a fase dos sons combinados, por isso esta teoria pode-o ajudar a ajustar correctamente o resultado final.

Como se pode ver, existem vários métodos de gravação de uma guitarra baixo, no entanto, se quiser manter as suas
opções em aberto até mistura final, pode sempre utilizar uma box DI (flat) para não processar em demasia o som, talvez
até combinar com um limitador para que possa detectar e eliminar qualquer pico excessivo para de seguida aplicar um
dos métodos aqui explicados neste artigo durante a fase de mistura.

Se possuir faixas suficientes poderá gravar o som natural e o som processado em faixas distintas. Se tiver possibilidade
experimente este método mas se estiver a gravar directamente do amplificador - tudo o que necessita é de uma box DI
entre o instrumento e o amplificador (a maioria possui um conector para ligar o áudio) com a box DI ligada a uma entrada
livre do gravador.

Os utilizadores de computadores também possuem varias opções quando se fala de tratamento de som, além da comum
compressão e equalização, neste momento existe vário software que emulam amplificadores que podem produzir
resultados muito convincentes. A verdadeira beleza de um Homestudio é que você não está sujeito às mesmas pressões
de tempo como num estúdio comercial, por isso pode-se dar ao luxo de experimentar e ver quais os métodos que
funcionam melhor para si.

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