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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRUSQUE - UNIFEBE

JAKELINE ANGIOLETTI KOHLER

A CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DAS NOVAS


TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

BRUSQUE
2007
JAKELINE ANGIOLETTI KOHLER

A CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DAS NOVAS


TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Mo
nografia apresentada ao Centro Uni-
versitário de Brusque – UNIFEBE como
requisito do Curso de Pós- Graduação em
Nível de Especialização – Lato Sensu -
em Teorias e Práticas, Séries Iniciais e
Educação Infantil para obtenção do Títu-
lo de Especialista na modalidade
Formação para o Magistério Superior.

Orientador: Prof. MSc. Ademar Kohler

BRUSQUE
2007
UNIFEBE – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRUSQUE
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM TEORIAS E PRÁTICAS, SÉRIES
INICIAIS E EDUCAÇÃO INFANTIL

A CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES PARA O USO DAS NOVAS


TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Por: Jakeline Angioletti Kohler

Este trabalho monográfico de Conclusão do Curso de Especialização Lato


Sensu em Teorias e Práticas, Séries Iniciais e Educação Infantil foi julgado adequado
para obtenção do certificado de especialista apto para o mercado de trabalho e
exercício do magistério, sendo aprovado com conceito ......

_________________________ _____________________
Prof. MSc. Prof. MSc. Ademar Kohler
Coordenador Orientador

Brusque, .................de...................de 2007.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................06
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................09
2.1 NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO.............................................................09
2.2 O PROFESSOR DIANTE DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS.....................12
2.2.1 Primeira Revolução Industrial............................................................................12
2.2.2 Segunda Revolução Industrial...........................................................................14
2.3 A CONCEPÇÃO SÓCIO-INTERACIONISTA: PIAGET E VIGOTSKY.................14
2.3.1 A Construção do Conhecimento........................................................................14
2.4 CONCEPÇÕES DE PROCESSO DE ENSINO....................................................18
2.5 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR........................................................................22
2.6 A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES NO BRASIL........................................24
2.7 CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA...........................................................................25
2.7.1 A Concepção Antiga...........................................................................................27
2.7.2 Nova Concepção...............................................................................................28
2.8 COMO FICA A AUTO-ESTIMA DO PROFESSOR?.............................................32
2.9 A INTEGRAÇÃO DA INFORMÁTICA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA....................33
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................36
4 REFERÊNCIAS.......................................................................................................42
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – PROCESSO SÓCIO-CULTURAL CONTEMPORÂNEO..................19


RESUMO

Esta monografia faz uma apresentação do tema Formação do Professor em Serviço


no Uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação. O objetivo deste
estudo é analisar a política de desenvolvimento de recursos humanos para a
capacitação do professor, em serviço, na aquisição de competências no uso das
Novas Tecnologias, em face aos papéis educacionais que o professor deve assumir;
As dificuldades para a capacitação dos professores no uso das Novas Tecnologias
para ambiente de ensino-aprendizagem; Os possíveis problemas relacionados à
aquisição de competências no uso do computador; Os impedimentos funcionais para
a capacitação do professor no ambiente de trabalho; Os projetos governamentais
para a formação de recursos humanos no uso das tecnologias mediadas pelo
computador. Estamos vivendo na Era da Informação, caracterizada pelas novas
tecnologias que surgem a cada momento e pela competitividade. Os recursos
tecnológicos da comunicação estão cada vez mais presentes na vida cotidiana das
pessoas, trazendo um conjunto de novos valores que se transformam a cada dia e
consequentemente transformam a sociedade e seu contexto. Surge, então, a
necessidade de criar condições para instrumentalizar o professor, em serviço, para o
uso das novas tecnologias. Vários fatores limitadores serão aqui identificados
mesmo porque, não estando no nível de uma conjectura já totalmente implantada e
sim como um processo contínuo, e como tal têm-se as marcas na existência
profissional dos erros e acertos, das vantagens e desvantagens, das vitórias e
derrotas no percurso da qualidade e melhoria da educação, que deve ser
oportunizada para todos os profissionais da educação.
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1 INTRODUÇÃO

Os recursos tecnológicos da comunicação estão cada vez mais presentes na


vida cotidiana das pessoas, trazendo um conjunto de novos valores que se
transformam a cada dia e consequentemente transformam a sociedade e seu
contexto. A escola, muitas vezes, está à margem deste processo, não conseguindo
encontrar seu verdadeiro papel neste contexto social.
Esta visão requer que, nós educadores, pensemos na potencialidade das
inovações tecnológicas no sentido também de procurar criar uma nova consciência
que leve os indivíduos a neutralizarem os efeitos negativos da tecnologia sobre o
meio social, ou seja, reconhecendo os aparelhos tecnológicos como um grande
reprodutor de ideologias e conceitos morais que regem a sociedade.
Sabe-se que o educador é um dos principais agentes de inovação e
transformação educacional. Sabe-se também que, sem educadores nenhuma
mudança persiste nenhuma transformação é possível.
Neste sentido, é necessária a formação de profissionais capazes de
sobreviverem neste mercado cada vez mais competitivo. Surge, então, a
necessidade de criar condições para instrumentalizar o professor, em serviço, para o
uso das novas tecnologias.
A presença das novas tecnologias, dos recursos de informática de um modo
geral, tornou-se indispensável e irreversível. Há a necessidade de provocar
mudanças no paradigma pedagógico e, por tal motivo repensar com criticidade o
papel da educação.
As tecnologias devem preferencialmente ser usadas para proporcionar aos
estudantes a oportunidade de interagir e trabalhar juntos em problemas e projetos
significativos, e juntar-se à comunidade de alunos e profissionais.
Vale, aqui, fazer um parêntese e refletir que simultaneamente ao fato da
informática multiplicar imensamente a capacidade de transmissão de informações e
conhecimentos, corre-se o risco de viver um dos aspectos mais dramáticos que esta
nova era traz: a possibilidade de divisão entre os que têm e os que não têm acesso
às informações. Conforme Schaff (1990), na sociedade informática, a ciência pode
assumir o papel de força produtiva e assim, produzir novas divisões de classe e
novas diferenças sociais entre as pessoas.
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Outro enfoque é demonstrar como o construtivismo pode ajudar-nos a


reconceitualizar o uso de novas tecnologias para significativamente alterar o modo
como é conduzida. Os princípios construtivistas fornecem um conjunto de diretrizes
a fim de auxiliar projetistas e professores na criação de meios colaboracionistas
direcionados ao ensino, que apóiem experiências autênticas, atraentes e reflexivas.
É necessário, portanto, aos professores que vivem nesse mundo em
constante mudança “saber aprender”, e é exatamente isto que devem aprender a
ensinar.
O papel do professor na sociedade moderna é preparar o aluno para o
futuro, que já se faz presente, facilitando a aquisição de conhecimentos e
habilidades necessárias para enfrentar diferentes situações, o que vai exigir
transferência e assimilação de informação.
Não é simplesmente introduzir as novas tecnologias na escola, como o
computador, e achar que se está desenvolvendo um ensino mais tecnológico. Não
basta termos toda uma informatização dentro das salas de aula se não soubermos
utilizar isso de forma coerente com o processo educacional.
Neste sentido, a formação do profissional, para atuar nessa nova sociedade,
implica em entender a aprendizagem como uma maneira de representar o
conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e
possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores. Entender a
aprendizagem, sob esse enfoque, requer a análise cuidadosa do que significa
ensinar e aprender e, consequentemente, rever o papel da escola e, principalmente,
do professor.
Sabemos que a presença do computador, dos recursos de informática de um
modo geral, tornou-se indispensável e irreversível. É preciso nos conscientizar e
provocar mudanças no paradigma pedagógico e, por tal motivo, é necessário esse
estudo, para repensar com maior criticidade o papel da educação.
Assim sendo, como é possível implementar cursos que oportunizem a
participação do professor em serviço que queiram fazer uso pedagógico das novas
tecnologias, principalmente aquelas mediadas pelo computador.
O aspecto da educação com relação às inovações e revoluções
tecnológicas, interagindo com a prática, é de suma importância com relação ao
conhecimento prático conciliando-o com a teoria já existente.
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Desta forma, é possível analisar os possíveis problemas relacionados à


capacitação do professor em serviço no uso das novas tecnologias da informação e
comunicação, principalmente aquelas mediadas pelo computador.
Identificar as dificuldades para a capacitação dos professores no uso das
novas tecnologias para ambiente de ensino-aprendizagem e os impedimentos
funcionais para a capacitação do professor no ambiente de trabalho. Analisar as
expectativas dos professores relacionadas ao uso das novas tecnologias no
ambiente escolar, a crença no modismo tecnológico e a resistência de alguns
professores ao uso do computador;
Importante se faz esclarecer que o estudo é relevante para toda a
sociedade, pois trata da formação do professor em serviço, frente às novas
tecnologias da comunicação e informação, a fim de termos profissionais capacitados
a ensinar nossas crianças, adolescentes, adultos e idosos, objetivando melhorar
nosso quadro educacional. Um dos problemas mais complexos em inovar a
educação é a dificuldade dos educadores em desenvolver uma reflexão pedagógica
sobre a prática educativa. Não se consegue estabelecer uma ponte entre as
diversas teorias estudadas e suas opções e atitudes do cotidiano.
É comprovado que para que a utilização de qualquer recurso contribua de
maneira significativa no processo ensino-aprendizagem é preciso que o professor
saiba utilizá-lo, portanto é essencial que a ele seja oportunizada capacitação
adequada.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 NOVAS TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO

Novas tecnologias compreendem conhecimentos científicos avançados


aplicados ao processo produtivo conforme interesses econômicos e políticos
dominantes.
Educação compreende o conjunto de instituições, processos formais e
informais de elaboração, organização e difusão de idéias, valores e atitudes ligados
basicamente aos interesses de classes dominantes.
As novas tecnologias da informação e da comunicação têm importância em
todas as áreas da atividade humana e são capazes de provocar alterações em todas
elas. Constata-se muitas aplicações da informática na indústria, na pesquisa
científica, nas comunicações, nos transportes, educação e outros.
Indivíduos de diferentes localidades podem tomar conhecimento dos últimos
acontecimentos do mundo na mesma hora em que se verificam. Podem, de forma
mais rápida e eficiente, obter informações, experiências e opiniões sobre lugares
distantes e tempos diferentes. Também é possível adquirir conhecimentos sobre
outras civilizações, da cultura dos nossos antepassados e dos valores, atitudes,
costumes e crenças do mundo de hoje, com a ajuda do computador.
Na educação, o computador ocupa um lugar de destaque entre as novas
tecnologias pelo poder de processamento de informação que possui como
ferramenta, porque permite ao usuário (professor ou aluno) construir novos objetos
virtuais, observar fenômenos em quase todos os campos do conhecimento e como
instrumento de mediação entre professor e aluno, ao possibilitar o estabelecimento
de novas relações para a construção do conhecimento, uma representação das
coisas através do pensamento mais formal.
Segundo Moran (2001), o papel do computador como mediador, interfere de
forma complexa e ambivalente em nossos processos mentais por apresentar
características ao mesmo tempo semelhantes e diferentes das nossas:
transformação da representação e do raciocínio em objetos manipuláveis através do
seu poder em registrá-los numa memória ilimitada e inalterada; rapidez de execução
dos comandos e efeitos recursivos, ou seja, a volta sistemática da informação sobre
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si mesma. Tudo isso produz formas de interatividade e ritmos novos, que levam a
efeitos diversos, positivos e negativos, não só no plano cognitivo da aprendizagem,
como também no plano psico-afetivo e social.
O computador pode ser considerado como órgão do cérebro humano,
instrumento da atividade intelectual, não para substituir ou complementar a atividade
humana, mas para reorganizá-la.
Mas, para que essas mudanças intelectuais sejam eficazes, é necessário
que o computador seja adequado à atividade humana transformadora. A simples
presença do computador na escola não assegura uma melhoria do processo ensino-
aprendizagem, pois o fundamental é como ele será utilizado por professores e
alunos.
Segundo Valente (1993, p. 55):

A introdução do computador na educação tem provocado uma verdadeira revolução na


nossa concepção de ensino e de aprendizagem. Primeiro, os computadores podem ser mais
usados para ensinar. A quantidade de programas educacionais e as diferentes modalidades
de uso do computador mostram esta tecnologia pode ser bastante útil no processo ensino-
aprendizado. A análise desses programas mostra que num primeiro momento, eles podem
ser caracterizados como simplesmente uma versão computadorizada dos atuais métodos de
ensino.

O computador é uma ferramenta da cultura que autores contemporâneos,


como Pierre Lévy (1993) considera de forma qualitativamente significativa. Antes de
sua criação e disseminação, que o tornou cada vez mais acessível à não-
especialistas, se dispunha das formas oral e escrita da linguagem como
“ferramentas mentais”, como dizia Vygotsky (1984). Essas ferramentas dão forma,
de certa maneira, ao pensar. A possibilidade de interação com o computador cria
novas maneiras de organizar o pensamento, especialmente no ambiente
educacional.
No mundo em que vivemos hoje e no qual viveremos amanhã, o
envolvimento responsável dos cidadãos nas atividades e obrigações de cada um
dos grupos dentro dos quais interage, assim como da sociedade como um todo,
passa a depender em escala jamais imaginada antes, desse acesso imediato à
informação.
O processo educacional e de aprendizagem passa por um maior
movimento, assim, o professor como qualquer outro profissional de outra área, deve
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conhecer e saber (ter instrumentos) para colocar em prática aquilo que está na
teoria, podendo ocorrer um avanço na área educacional. A educação tem que
interagir com o meio em que está inserido e esse meio propõe a inserção das novas
tecnologias no ensino.
Se tal acesso for cortado ou se as informações disponíveis forem acanhadas
ou superficiais, feitas de meias-verdades, distorções, trivialidades e chavões, as
tomadas de decisão e as soluções de problemas serão inevitavelmente e
irreparavelmente atingidas da pior maneira possível. Daí a urgente necessidade de
multiplicarmos em larga escala as oportunidades graças às quais qualquer cidadão
possa desenvolver adequadamente em si próprio as capacidades de:
a) localizar e obter rapidamente informações confiáveis;

b) discriminar entre boa e má informação, isto é, entre informação séria,


objetiva, fidedigna, e informação tosca, destituída de valor, falaciosa,
deturpada ou sem fundamento, a partir de certos critérios ditados pela
lógica e pelo bom senso e da avaliação adequada da idoneidade das
fontes;

c) discriminar entre informação relevante e informação irrelevante, entre o


que é e o que não é pertinente;

d) reter informações críticas;

e) processar ou operar mentalmente e por meio de escritos, esquemas,


gráficos, diagramas, etc., as informações relevantes, assimilando-as ou
acomodando-as (no sentido Piagetiano dos termos) à massa de
informações, planos, estratégias, esquemas cognitivos e comportamentos
de que é senhor;

f) aplicar as informações disponíveis à solução de problemas e à tomada de


decisão tanto no que respeita aos seus problemas pessoais como aos dos
grupos e da comunidade a que pertence;

g) participar ativamente, com lucidez, com inteligência, com as informações


de que dispõe, de grupos nos quais são analisados problemas e tomadas
decisões, sem o risco de ser vítima de doutrinação ou manipulação,
ostensivas ou veladas;

h) criar novas informações, através da invenção, da composição, da análise


e da síntese, das múltiplas vias, enfim, que possibilitam a ampliação do
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bem estar comum e o enriquecimento do patrimônio cultural da


humanidade, no seu sentido mais amplo.

Embora Silva (1969, p. 18) explique a sincronia absoluta entre sociedade e


escola não seja possível - porque o processo de atualização cultural da sociedade
se dá com maior agilidade do que as instituições escolares conseguem selecionar,
organizar, adequar e implementar ao ambiente escolar – a partir das duas últimas
décadas do século XX esse processo de afastamento entre sociedade e escola vem
se agravando (MORAES, 1997).
Com o desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação, o
ritmo de desenvolvimento vem se acelerando exponencialmente e as instituições
escolares, apesar de estarem se atualizando, não estão conseguindo acompanhar a
velocidade das inovações. Se anteriormente a defasagem passava despercebida
pela comunidade em geral, atualmente pela própria ação dos meios de
comunicação, ela é desvelada repetida e sistematicamente fazendo com que mesmo
os leigos ou menos instruídos critiquem o trabalho da escola.
Considerando que o fazer escolar está calcado na prática docente, percebe-
se que o modelo de atuação profissional está em crise, desvelando-se dessa forma,
a necessidade de se atualizar a formação dos professores, principalmente daqueles
que já atuam na Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental.

2.2 O PROFESSOR DIANTE DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

2.2.1 Primeira Revolução Industrial

O conhecimento formalizado pela escola não sofreu grandes mudanças em


relação ao século passado, enquanto que novas formas de armazenar e transmitir o
saber foram criados pela sociedade, segundo SANTOS (1998), “[...] parece cega,
surda e muda às metamorfoses da percepção humana que a realidade tecnológica
está provocando. A escola encara a formação da percepção, da sensibilidade e da
subjetividade de seus alunos como se eles ainda se encontrassem no século XVIII,
antes da Revolução Industrial”.
Uma escola com prática pedagógica hegemônica e para poucos, ligada ao
poder religioso e dos governantes, cujo papel do professor era o de transmitir um
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conhecimento já pronto e voltado aos interesses do estado e da igreja, quase


sempre revestida de caráter autoritário e dogmático, foi paradigma até o inicio do
século passado.
A escola para atender a demanda de mão-de-obra da emergente Revolução
Industrial, na qual a ciência passa a ser “objeto de conhecimento” e dogmática,
segundo Ripper (1994, p. 60) ao professor cabe a missão de transmitir esse saber
enciclopédico a um ideal de aluno padronizado. Neste cenário há um círculo vicioso,
pois o professor é também submetido ao mesmo tratamento do de seu aluno,
recebendo esse conhecimento já pronto.
Nesse século, a escola pública é influenciada pela ideologia Taylonista (F.
Taylor 1856 -1915), sistema de administração científica baseado na produção em
série, o saber e o fazer, antes integrados no trabalho artesanal, são separados; o
saber é apropriado pela “gerência” (Gerência Científica) e seguindo o modelo dessa
teoria a escola é como uma fábrica e o aluno é o insumo básico a ser modelado pela
ação do professor.
Os conteúdos são elaborados em unidades estanques sem conexão entre
eles e esse modelo atinge o auge com Skinner (1968) e a Instrução Programada,
que elimina o professor como agente cultural.
Segundo Toffler (1981), o produto dessa escola é um indivíduo capaz de
seguir ordens com atenção, não-questionador, capaz de fazer algo sem se
preocupar/interrogar por que é feito desse modo e não de outro, sempre confiante
em que há alguém que já pensou por ele como fazer, e capaz de se esforçar para
fazer o melhor em seu posto ou linha de montagem.
Na década de 50, esses modelos já não atendem ao emergente paradigma
de produção, teoricamente nascido nos EUA com W. Deming, e que vai ser
desenvolvido no Japão, pela fábrica de automóveis Toyota.
O operário assume o controle de qualidade, com autoridade da produção, e
suas sugestões de como melhorar o processo de fabricação são estudadas e
eventualmente implementadas. O perfil desse operário exige flexibilidade e
capacidade de assumir múltiplas funções.
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2.2.2 Segunda Revolução Industrial

A escola é questionada, diante desse novo perfil produtivo que se espalha


por todos os setores da atividade econômica, em dois aspectos segundo Ripper
(1994, p. 63), quanto seu tamanho e quanto ao seu objetivo. “Essa nova escola
requer não só um novo conceito pedagógico, mas principalmente que os professores
assumam uma nova responsabilidade e um papel central como intermediadores do
processo de aquisição e elaboração do conhecimento”.
As novas tecnologias desenvolvidas pela sociedade e adaptadas ao
ambiente de aprendizagem, segundo Ripper (1994, p. 63), “Novos meios
tecnológicos, como computadores, podem se tornar poderosos auxiliares dos
professores nesse papel. Entretanto, a introdução da tecnologia apenas pela
tecnologia pode ter resultado oposto ao desejado, reforçando a “escola linha de
montagem” enquanto cria a ilusão de modernidade”.
Essa “nova escola”, cujo discurso pedagógico é o de procurar propiciar ao
aluno um desenvolvimento voltado à construção do conhecimento, vai buscar na
psicologia o desenvolvimento construtivista de Piaget e Vygotsky como
embasamento dessa nova metodologia. Com Piaget (1986), a teoria
Interativa/Construtivista e com Vygotsky (1984) a teoria Histórico-Sócio-Cultural na
formação desse “novo professor”.
Três aspectos dessa teoria deverão ser abordados neste estudo:
a) os conhecimentos são construídos;
b) o aprendiz está no bojo do processo;
c) o contexto da aprendizagem desempenha papel determinante.

2.3 A CONCEPÇÃO SÓCIO-INTERACIONISTA: PIAGET E VIGOTSKY

2.3.1 A Construção do Conhecimento

No referencial construtivista o conhecimento se dá a partir da ação do sujeito


sobre a realidade. Para Vygotsky (1987), esse mesmo sujeito não é apenas ativo,
mas interativo, porque constitui conhecimentos e se constituí a partir das relações
intra e interpessoais.
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É na troca com outros sujeitos e consigo próprio que se vão internalizando


conhecimentos da própria consciência. Desta forma, o sujeito do conhecimento, não
é apenas passivo, regulado por forças externas que o vão moldando; não é somente
ativo, regulado por forças internas; ele é interativo.
Para Piaget (1986), a aprendizagem depende do estágio de
desenvolvimento atingido pelo sujeito, para Vygotsky (1987), a aprendizagem
favorece o desenvolvimento das funções mentais. Segundo Vygotsky (1987), o
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe
em movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
impossíveis de acontecer.
Esse aprendizado se inicia muito antes do sujeito entrar na escola, pois,
desde que nasce e durante seus primeiros anos de vida, encontra-se em interação
com diferentes sujeitos — adultos e crianças — e situações, o que vai lhe permitindo
atribuir significados a diferentes ações, diálogos e vivências.
Os interacionistas destacam que o organismo e meio exercem ação
recíproca. Um influencia o outro e essa interação acarreta mudanças sobre o
indivíduo.
É, pois, na interação da criança com o mundo físico e social que as
características peculiares desse mundo vão sendo conhecidas. Para a criança, a
construção desse conhecimento exige elaboração, ou seja, uma ação sobre o
mundo.
A concepção interacionista de desenvolvimento apoia-se, portanto na idéia
de interação entre organismos e meio e vê a aquisição de conhecimento como um
processo construído pelo indivíduo durante toda a sua vida, não estando pronto ao
nascer nem sendo adquirido passivamente pelo meio.
Experiências anteriores servem de base para novas construções que
dependem, todavia, também da relação que o indivíduo tem com o ambiente numa
situação determinada.
O interacionismo possui duas correntes teóricas: a elaborada por Piaget e
seus seguidores e a defendida por Vygotsky. Estas duas correntes possuem
semelhanças e diferenças que se complementam.
Para Piaget (1986), a criança possui uma lógica de funcionamento mental
que difere qualitativamente da lógica do adulto.
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Investigou como, através de quais mecanismos, a lógica infantil se


transforma em lógica adulta. Nessa investigação, Piaget partiu de uma concepção
de desenvolvimento envolvendo um processo contínuo de trocas entre o organismo
e o meio ambiente.
A base da teoria de Piaget é a noção de equilíbrio. Para ele todo organismo
vivo — quer seja uma flor, um animal, uma criança — procura manter um estado de
equilíbrio ou de adaptação com seu meio, agindo de forma a superar perturbações
na relação que ele estabelece com o meio.
O desenvolvimento cognitivo do indivíduo ocorre através de constantes
desequilíbrios e equilibrações. O aparecimento de uma nova possibilidade orgânica
no indivíduo ou a mudança de alguma característica do meio ambiente, por mínima
que seja, provoca a ruptura do estado de repouso, da harmonia entre organismo e
meio, causando um desequilíbrio.
Dois mecanismos são acionados para alcançar um novo estado de
equilíbrio. O primeiro recebe o nome de assimilação. Através dele o organismo, sem
alterar suas estruturas, desenvolve ações destinadas a atribuir significações, a partir
da sua experiência anterior, aos elementos do ambiente, é chamado de
acomodação, impelindo o organismo a se modificar, a se transformar para se ajustar
às demandas impostas pelo ambiente.
Embora assimilação e acomodação sejam processos distintos e opostos,
numa realidade eles ocorrem ao mesmo tempo. Ao longo do processo de
desenvolvimento existem, no entanto, ocasiões em que um desses mecanismos
prepondera sobre o outro como ocorre no jogo simbólico infantil, onde o mesmo
esquema é aplicado a diferentes objetos modificando-lhes os significados.
Há momentos em que a acomodação é mais importante que a assimilação,
como se passa na imitação, onde a criança procura copiar as ações de um modelo,
ajustando seus esquemas aos da pessoa imitada.
Piaget definiu o desenvolvimento como sendo um processo de equilibrações
sucessivas, no entanto, esse processo, embora contínuo, é caracterizado por
diversas fases, ou etapas, ou períodos, cada etapa define um momento de
desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas estruturas cognitivas.
Segundo Piaget (1986), o desenvolvimento passa por quatro etapas distintas: a
sensório-motora, a pré-operatória, a operatório-concreta e a operatório-formal.
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Um outro tipo de interacionismo é proposto por Vygotsky (1987). Sua visão


de desenvolvimento baseia-se na concepção de um organismo ativo, cujo
pensamento é construído paulatinamente num ambiente que é histórico e, em
essência, social.
Nessa teoria é dado destaque às possibilidades que o indivíduo dispõe a
partir do ambiente em que vive e que dizem respeito ao acesso que o ser humano
tem a “instrumentos” físicos (como a enxada, a faca, a mesa, o computador, etc.) e
simbólicos (como a cultura, valores, crenças, costumes, tradições, conhecimentos)
desenvolvidos em gerações precedentes.
A teoria de Vygotsky é marcada por um forte determinismo do social no
indivíduo, uma vez que este último simplesmente espelharia o primeiro.
Segundo Vygotsky (1987, p. 57):

O processo de internalização é ao contrário, um processo ativo, no qual a criança apropria-


se do social de uma forma particular. Reside aí, na verdade, o papel do sujeito:
interiorização e transformação interagem constantemente, de forma que o sujeito, ao
mesmo tempo em que se integra no social, é capaz de posicionar-se frente ao mesmo, ser
seu crítico e seu agente transformador. Assim a medida que as crianças crescem, elas vão
internalizando a ajuda externa que se torna cada vez menos necessária: a criança, mantém,
agora o controle sobre sua própria conduta.

A aquisição de um sistema lingüístico reorganiza todos os processos


mentais infantis. A palavra dá forma ao pensamento, criando novas modalidades de
atenção, memória e imaginação.
Além de indicar um objeto do mundo externo, ela também específica as
principais características desse objeto, generaliza as características percebidas e as
relaciona em determinadas categorias. Daí a importância da linguagem para o
pensamento: ela sistematiza a experiência da criança e serve para orientar o seu
comportamento.
Vygotsky (1987) adota a visão de que pensamento e linguagem são dois
círculos interligados. É na interseção deles que se produz o que se chama de
pensamento verbal, o qual não inclui, assim, nem todas as formas de pensamento,
nem todas as formas de linguagem.
Existem, portanto áreas do pensamento que não tem relação direta com a
fala, como é o caso da inteligência prática, em geral. Por outro lado, Vygotsky dá
uma importância tão grande ao pensamento verbal que chega a afirmar que as
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estruturas de linguagem dominadas pelas crianças passam a constituir as estruturas


básicas de sua forma de pensar.
Ao reconhecer a imensa diversidade nas condições histórico-sociais em que
as crianças vivem, Vygotsky não aceita a possibilidade de existir uma seqüência
universal de estágios cognitivos, como propõe Piaget.
Para Vygotsky (1987), os fatores biológicos preponderam sobre os sociais
apenas no início da vida das crianças e as oportunidades que se abrem para cada
uma delas são muitas e variadas, adquirindo destaque, em sua teoria, as formas
pelas quais as condições e as interações humanas afetam o pensamento e o
raciocínio.
De acordo com Vygotsky (1987), o processo de formação de pensamento é,
portanto, despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação
que se estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação de
experiências de muitas gerações.
Em sala de aula, por exemplo, ao ensinar, o professor destaca alguns
objetos existentes no ambiente, chama a atenção dos alunos para determinados
aspectos, enquanto negligencia outros e levanta questões acerca dos elementos
destacados.
Nessa interação com o professor os alunos têm oportunidade para
reestruturar sua percepção, discriminar pontos centrais daqueles que são acessórios
ou pouco relevantes. Tais formas comportamentais usadas pelos professores na
situação de aprendizagem, vão sendo apropriadas pelos alunos que podem passar a
usá-las de modo independente, ao tentar compreender novos aspectos de ambiente.

2.4 CONCEPÇÕES DE PROCESSOS DE ENSINO

Ao falar em concepções de processos de ensino e enfocar o paradigma


Sócio-Cultural Contemporâneo, esta-se falando em modernidade, e pode-se citar
Pedro Demo, em seu livro Desafios Modernos da Educação, em que a modernidade
é compreendida como desafio que o futuro acena para as novas gerações. Em
particular, seus traços científicos e tecnológicos como capacidade de adequar-se e
de responder aos desafios das instrumentações técnicas, sobretudo do mundo da
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informação eletrônica e onde ser moderno é, antes de tudo, ser capaz de definir e
comandar a própria modernidade.
Ao falar sobre modernidade, compreendemos suas características principais
e dentre elas, a transitoriedade, onde tudo se faz e desfaz velozmente, inclusive os
avanços da ciência.
Compreendemos a evidência do incerto, a presença do imprevisto, do novo
e da mudança, da incorporação do conhecimento científico no nosso cotidiano, da
universalização das comunicações e do processamento eletrônico e a presença do
conhecimento distribuído.
Pensando em modernidade, reconhecemos a ruptura das barreiras, o
crescimento e as transformações das relações culturais e produtivas, a afirmação da
cidadania como direito fundamental e da liberdade subjetiva e o conseqüente
advento da consciência que emerge à medida que o indivíduo assume a sua própria
autonomia.
E, observando a modernidade, nos defrontamos com a ampliação das
fronteiras da humanidade, com a expansão dos horizontes apoiados no poder da
comunicação e da tecnologia com o reconhecimento de suas características
básicas, dentre elas a necessária valorização do indivíduo como referência
primordial de todo processo educacional e a responsabilidade como eixo
fundamental dos movimentos de educação para a “Nova Era”.
Diante do exposto, baseado no livro “Ensino: as abordagens do processo”
(1986), da professora Maria das Graças Nicoletti Mizukami, pode-se abordar o
Processo Sócio-Cultural Contemporâneo da seguinte forma:

QUADRO 1 – PROCESSO SÓCIO-CULTURAL CONTEMPORÂNEO


 Estudo científico da aprendizagem em seus múltiplos aspectos.
 A educação é vista como um processo contínuo;
 Problematização da realidade.
Características Gerais
 Análise dos aspectos sócio-político-sociais.
 Busca possibilitar uma real participação das camadas mais
populares enquanto sujeito de um processo cultural.
Homem  Sujeito como elaborador e construtor do conhecimento.
 O homem que reflete sobre seu meio concreto, torna-se
consciente da sua realidade e comprometido a mudá-la.
20

 O homem é sujeito de sua própria educação.


 O homem é um ser da práxis: ação e reflexão.
 O homem e o mundo estão em constante interação;
Mundo  Homens concretos, situados no tempo e no espaço, inseridos
num contexto sócio-econômico-cultural.
 O homem cria a cultura.
Sociedade-Cultura  Cultura é a aquisição sistemática da experiência humana (crítica
e criadora), não é armazenamento.
 Reflexão e conscientização sobre a realidade e contexto em
que se vive.
 Não há receitas nem modelos.
Conhecimento
 Conhecimento elaborado e criado a partir do mútuo
condicionamento, pensamento e prática.
 Conhecimento como construção contínua.
 A educação é condição formadora necessária ao
desenvolvimento do ser humano.
 Não há neutralidade na educação.
Educação  O homem como sujeito da educação.
 Objetivo: provocar e criar condições para que se desenvolva
uma atitude crítica, comprometida com a ação (transformação da
consciência).
 A educação não está restrita à escola.
 Local de crescimento mútuo (professor e alunos).
Escola  Visa criar condições para que qualquer aluno aprenda por si
próprio.
 Ambiente rico em experiências.
 Não se restringe a situações formais.
 Educação é problematizadora.
 Diálogo: educador e educando crescem juntos.
 Busca do desenvolvimento da inteligência, da reflexão.
 Baseada no ensaio e erro, na pesquisa, na investigação e

Ensino-aprendizagem solução de problemas.


 Fundamenta-se no processo e não no produto.
 O homem conhece dialogando com o outro e com o mundo.
 A inteligência é o instrumento da aprendizagem.

Professor-aluno  O homem é sujeito da própria educação.


 Diálogo e oportunidade de cooperação (troca de experiências).
21

 A função do professor é criar situações que desafiem, que


desequilibrem, que gerem pesquisa, análise etc.
 Cabe ao professor (facilitador) orientar, pesquisar, coordenar.
 Ensino baseado na investigação.
 O trabalho cooperativo é fundamental.
 O desenvolvimento deve ser desafiador, rico em possibilidades.
Metodologia  Problematização da realidade.
 Ritmos individuais de aprendizagem.
 Diálogo.
 Temas geradores (partem da realidade do aluno).
 Auto-avaliação.
 Avaliação centrada no aluno considerando estágio de
Avaliação
desenvolvimento.
 É qualitativa.
FONTE: Mizukami, 1986

“Aprender a aprender”, para André Danzin (1998, p. 30), presidente do


comitê Intergovernamental do Programa de Informática do Governo Francês:

É transmitir ao aluno o controle dos mecanismos cerebrais, é ir além da leitura e da escrita,


que hoje tem se constituído nos exercícios principais. É dotar as crianças de meios de
construir os seus modelos de representação, é dotá-los de um determinado número de
imagens mentais que servirão de base para suas conquistas futuras. Esta dificuldade de
assimilar informações e transformá-las em conhecimentos, graças à passagem por um
sistema organizado, dentro do cérebro, significa a passagem da pedagogia por sistemas
especialistas, que por sua vez requerem a explicitação de idéias sob a forma de modelos
precisos, não necessariamente matemáticos. E isto representa sem dúvida, um instrumento
de emancipação e de progresso na transmissão do conhecimento.

Para Pedro Demo (1997, p. 57):

O que marcará a modernidade educativa será a didática do aprender a aprender, ou do


saber pensar, englobando, num só todo a necessidade de apropriação do conhecimento
disponível, e seu manejo criativo e crítico... A competência que a escola deve consolidar e
sempre renovar é aquela fundada na propriedade do conhecimento como instrumento mais
eficaz da emancipação das pessoas e da sociedade.

O uso das Novas Tecnologias na Educação, mediadas pelo computador,


favorece a abordagem interdisciplinar, condição fundamental da educação do futuro,
que nos possibilita a integração e o exame das diversas interações entre as
diferentes disciplinas de um todo curricular. A interdisciplinaridade não é apenas uma
metodologia de organização das atividades docentes é, sobretudo, uma forma de
22

compreender e de modificar o mundo e de construir o conhecimento. Significa


também da unidade perdida do saber.

2.5 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Fala-se muito na necessidade do professor estar afinado com o seu tempo,


de estar exercendo uma das características básicas do que é a temporalidade
quando afirmamos que ele deve se apropriar das novas tecnologias da informação e
comunicação (NTIC).
Mas, temos que lembrar que de uma forma geral os educadores não foram e
não estão sendo preparados para tal. Num mundo com mudanças tão aceleradas a
dasatualização acontece de forma muito rápida.
Pesquisas em vários países do mundo estimam que mais ou menos em dois
anos após a conclusão do curso universitário, qualquer profissional já está
desatualizado. Essa informação reforça a idéia de educação permanente. Essa
mesma agilidade nos permite afirmar que a grande maioria dos educadores não teve
a oportunidade de conhecer as novas tecnologias da informação e comunicação.
Essas tecnologias podem ser utilizadas para a educação dos educadores
não só no que diz respeito a seu uso, mas também no sentido amplo de educação
permanente, seja no sentido de educar os educadores para usar as novas
tecnologias da informação e comunicação, seja no sentido de educar os educadores
com as descobertas das várias ciências que podem contribuir para a ação docente.
Tais programas podem ser realizados por instituições privadas, pelas
universidades ou pelo poder público. O que parece essencial é que seja uma
realidade.
Para Valente (1993), usar as novas tecnologias da informação e
comunicação para formar educadores nos parece vantajoso sob alguns aspectos:
O primeiro diz respeito à questão da democratização do acesso à educação,
isto é, através da educação a distância podemos facilitar o acesso à educação a
profissionais da educação de todos os lugares do país e não só os que residem ou
podem se deslocar para os grandes centros.
23

O outro aspecto refere-se ao princípio do aprender fazendo, com isso é


necessário lembrar que para aprender é preciso agir intelectualmente ou fisicamente
sobre a informação.
Se o educador pode ter acesso às informações referentes às novas
tecnologias da informação e comunicação agindo por meio e com elas, isso parece
um caminho bastante facilitador para que o professor aprendiz possa construir seu
conhecimento e não apenas memorizar uma série de dados ou mesmo informações.
Sabemos que a hora não é mais a de uma formação clássica, quando se
podia transmitir um ‘”saber/saber fazer” de uma geração para outra. A “invenção do
possível” está hoje na pauta do dia na formação pedagógica. (VALENTE, 1993)
Com a chegada das novas tecnologias pode também ser a oportunidade
para um repensar e uma reflexão saudável sobre a missão do professor. Em
algumas escolas, onde o laboratório existe há mais tempo, existem professores
especializados (que dominam bem o operacional da máquina) para fazerem o
atendimento/monitoramento dos alunos durante as aulas de informática.
O problema é que esses professores são bastante técnicos, e repassam aos
alunos conhecimentos técnicos. Novamente o papel da escola diante do advento
tecnológico passa a ser de uma escola de informática gratuita. Segundo Valente
(1993, p. 115): “[...] o conhecimento necessário para que o professor assuma uma
posição não é adquirido através de treinamento. É necessário um processo de
formação permanente, dinâmico e integrador, que se fará através da pratica e da
reflexão sobre essa pratica, da qual se extrai o substrato para a busca da teoria que
revela a razão de ser da prática”.
Dentro das escolas os professores se deparam com um grande contingente
de crianças e adolescentes, com maior acesso aos recursos tecnológicos, que
crescem vivenciando a tecnologia como uma coisa natural, rotineira e prazerosa.
São indivíduos que tendem a interagir melhor em grupos, compartilham bem
as informações e as buscam de maneira ampla e multidimensional, vindo de
encontro ao perfil do profissional que a sociedade exige.
24

Diante de tal realidade, Valente (1993, p. 35) coloca que:

O papel do professor deixará de ser o de total entregador da informação para ser o de


facilitador, supervisor, consultor do aluno no processo de resolver seu problema.
Eventualmente, essa “consultoria” terá momentos de transmissão de informação ao aluno.
Entretanto, ela deverá se concentrar em propiciar ao aluno a chance de converter a enorme
quantidade de informação que ele adquire, em conhecimento aplicável na resolução de
problemas de seu interesse.

Nesse sentido, o profissional para poder atuar nessa nova sociedade,


deverá entender a aprendizagem como uma maneira de representar o
conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e
possibilitando a busca e a compreensão de novas idéias e valores.

2.6 A CAPACITAÇÃO DOS PROFESSORES NO BRASIL

Através do Proninfe foram distribuídos pelo país, vários núcleos localizados


em universidades, secretarias de educação e escolas técnicas federais. Esses
núcleos, chamados de centros de informática na educação, tiveram atribuições de
acordo com seus diferentes campos de atuação, em função da sua clientela,
constituindo-se em centros de informática na educação superior – CIES, centros de
informática na educação de 1º e 2º graus – CIED e centros de informática na
educação técnica – CIET.
Os CIES são segundo a concepção do Proninfe ambientes destinados à
realização de pesquisa científica de caráter interdisciplinar, que foram implantados
em algumas universidades através de projetos-piloto que tinham como objetivo o
treinamento de professores para oferecer suporte e supervisionar experiências dos
CIED e CIET. Competia também aos CIES ou NIES o aperfeiçoamento contínuo da
formação profissional, técnica e científica na graduação, pós-graduação e extensão
universitária, oferecendo cursos de especialização e atualização aos professores da
rede pública de ensino que não tinha condições de aprofundar seus conhecimentos
sem o amparo e a integração com a comunidade universitária.
Em 09 de abril de 1997 foi criado o PROINFO que é o Programa Nacional de
Informática, lançado pelo Ministério da Educação e Desporto. Este programa é
coordenado pela Secretaria da Educação a Distancia SEED/MEC, com sede em
Brasília, sendo desenvolvida em parceria com os governos estaduais e alguns
25

municipais. A instalação de computadores nas escolas respeita critérios


estabelecidos entre a SEED/MEC e as Secretarias Estaduais de Educação – SEE.
No encontro promovido pelo MEC/PROINFO, com os coordenadores
estaduais do PROINFO e representante municipais, realizado em Fortaleza – Ceará,
nos dias 19 e 20 de outubro de 2000, foi firmado parceria para a criação de
ambientes de aprendizagem com os recursos da informática. Estas parcerias são
voltadas para as Escolas de Educação Fundamental – Ensino Médio com os
recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações – FUST.
Ao MEC caberá então a capacitação dos professores, ao FUST a aquisição
dos equipamentos e às Secretarias Estaduais e Municipais de Educação a infra-
estrutura para as instalações dos equipamentos nas Unidades escolares, com o
auxilio do CONSED – Conselho Nacional de Secretários (as) de Educação, tem
como papel principal introduzir as Novas Tecnologias de Informação nas escolas
públicas do Ensino Fundamental e Médio.
O PROINFO tem na preparação de recursos humanos – os professores –
sua principal meta. Os professores são capacitados em dois níveis: multiplicadores e
de escolas.
O professor-multiplicador é um especialista em capacitação de professores
(de escolas) para o uso da telemática em sala de aula: adota-se no Programa,
portanto, o princípio professor capacitando professor. Os professores multiplicadores
compõem os NTEs Núcleos de Tecnologia Educacional. Os Núcleos de Tecnologias
são estruturas de apoio técnico-pedagógico no processo de informatização das
escolas públicas estaduais e municipais. É um centro de capacitação de professores
em informática educativa.

2.7 CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA

Ao se analisar a prática pedagógica do professor, devem ser levados em


conta os valores que ele traz consigo não perdendo de vista as condições
determinantes de sua existência e, principalmente, a concepção político-pedagógica
que norteou seu processo de formação.
26

Não apresentar esses componentes é deixar de perceber, entre outras


coisas, a multiplicidade de elementos políticos, econômicos, culturais, ideológicos
que definem a prática do professor.
Dessa forma, não se pode buscar aprender a sua prática apenas pelos
comportamentos que demonstra em sala de aula. É preciso ter a compreensão de
que as intervenções do docente na escola representam um dos momentos de uma
dimensão maior, de sua práxis como sujeito histórico determinado. (FREIRE, 1987)
O domínio do conteúdo por parte do professor, como uma das partes que
constituem sua prática pedagógica, que é eminentemente política, faz com que a
capacitação revista-se de grande importância na construção desta prática.
Será nos momentos em que ele está sendo capacitado que o docente se
apropriará dos instrumentais necessários ao desempenho de uma ação crítica,
criativa e transformadora. “Além disso, se essa estiver partindo das próprias
‘exigências do educador, a capacitação o leva a voltar-se sobre sua própria prática,
a refletir sobre ela e se insatisfazer”. (DANTAS, 1991, p. 77).
É importante destacar que a importância da apropriação de conhecimentos
sobre os recursos tecnológicos deve ir além da questão do aluno apenas
instrumentalizar-se com conhecimentos básicos sobre o manuseio do equipamento,
neste caso o computador. Pode-se afirmar que assim como alguns alunos entram
nas Universidades possuindo algum conhecimento sobre computadores, outros não
possuem este domínio. Assim, faz-se necessário possibilitar aos alunos acesso aos
conhecimentos fundamentais sobre o computador.
Neste sentido, podem ser inseridos conhecimentos como: o funcionamento
do computador; seus componentes internos e externos (hardware e software);
configurações; instalação de software; noções de programação; editores de textos;
planilhas eletrônicas; conhecimentos básicos sobre Internet.
É possível, também, possibilitar aos alunos conhecimentos sobre as
tecnologias de informação que nortearão sua prática pedagógica possibilitando uma
formação que além de habilidades técnicas proporcione uma visão crítica quanto à
utilização dos recursos informatizados.
Face a esta questão, como sugestão é a criação de ambientes que
favoreçam este tipo de trabalho, para que o aluno que tenha mais domínio sobre o
computador possa ter oportunidade de compartilhar os seus conhecimentos com o
27

que possui menos domínio, sempre com uma reflexão pedagógica em relação às
novas tecnologias da informação e da comunicação.

2.7.1 A Concepção Antiga

Na concepção tradicional de educação, o aluno vem até a escola com a


cabeça essencialmente vazia e cabe à escola nela colocar um conjunto de
conhecimentos atuais e habilidades intelectuais, testando periodicamente a
aquisição destes conhecimentos através de provas e exames.
As habilidades intelectuais mais valorizadas são a lingüística (capacidade de
ler, compreender e escrever textos) e a lógico-matemática (capacidade de processar
informação quantitativa), porque essas são aquelas necessárias para empregos na
indústria e comércio, para onde a maior parte dos alunos é destinada na Era
Industrial.
Embora dificilmente reconhecida como tal segundo o antigo paradigma, a
idéia orientadora é “moldar” os alunos para o mundo fabril que os espera, usando
técnicas produtivas similares à linha de montagem: salas de aula isoladas umas das
outras e limitadas em recursos; mesas e cadeiras dispostas em filas; o professor
desempenhando a função de dono e entregador principal do conhecimento; a
apresentação de informação limitada ao uso de livros-texto e do quadro-negro e
quase sempre de forma linear e seqüencial.
O conhecimento centralizado na pessoa do professor era considerado
segundo Chaves (2003, p. 2), “como um capital profissional e este capital de
saberes era um investimento, que na função docente, deveria ser transmitido, ser
socializado às gerações mais novas, e consequentemente, mais ignorantes”.
Neste cenário, o papel ativo era exercido pelo professor; o aluno é um
elemento passivo, um mero receptor dos pacotes de informação preparados pelo
sistema educacional.
Segundo Freire (1987, p. 87), “é uma educação domesticadora, bancária,
que deposita no aluno informações, dados, fatos, uma educação em que o professor
é que detém o saber, a autoridade, é quem dirige o processo e representa um
modelo a ser seguido”.
28

Memorização de informação é a pedra fundamental neste paradigma;


respostas corretas às perguntas dos exames, isto é, conformidade a um
determinado modelo do mundo, é o esperado de cada aluno.
Há poucas oportunidades para a simulação de eventos naturais ou
imaginários, tanto para aumentar a compreensão de conceitos complexos quanto
para estimular a imaginação. O currículo educacional é visto através de uma filosofia
de separação:
O conhecimento humano é dividido em classificações estanques
(matemática, geografia, história, literatura, português, língua estrangeira, biologia,
física, química, etc.) sem a mais remota possibilidade de ver possíveis inter-
relacionamentos entre elas.
E, finalmente, o aluno que consegue terminar este tipo de estudo é
considerado “formado”, pronto para o mercado de trabalho e sem necessidade de
estudos posteriores.

2.7.2 Nova Concepção

O antigo paradigma educacional tornou-se incapaz de lidar com as


constantes mudanças ocorridas na sociedade nos últimos vinte ou trinta anos: o
aumento do volume de informações de todos os tipos disponíveis para o cidadão
comum, e em especial para profissionais que têm como parte do seu trabalho diário
a tarefa de tomar decisões; o aumento da complexidade em todos os setores da vida
profissional e pessoal; a dificuldade em lidar com sistemas com maior ou menor grau
de integração e a necessidade de fazer relacionamentos novos entre campos de
conhecimento antes isolados.
A sociedade está vivenciando um novo paradigma no setor educacional.
Com a revolução tecnológica e o desenvolvimento da informática, a exigência por
novos ambientes de aprendizagem está cada vez maior, pois está ligada aos novos
cenários que a sociedade apresenta. As mudanças organizacionais, tecnológicas,
econômicas, culturais e sociais sugerem, por conseguinte, que a educação também
transforme no modo de pensar e aprender o mundo. De acordo com Moraes (1997,
p. 35), esse novo modelo de educação é apresentado de forma cada vez mais
29

interativa, rápida, flexível e cada vez mais com redução de custos. No entanto,
coloca que

como o indivíduo poderá sobreviver a esse movimento cultural, atuar, participar e


transformar a sua realidade, se a educação não lhe oferece condições instrumentais
mínimas requeridas pelos novos cenários mundiais? Como absorver os traços culturais
presentes na herança histórica da humanidade se a educação continua preparando um
indivíduo para um passado remoto, para um mundo desconectado, onde textos, livros e
teorias no papel ainda constituem as únicas formas de representação do conhecimento?
Como preparar o indivíduo para trabalhar modelos computacionais que requerem novas
formas de construção do conhecimento, se os professores desconhecem as novas
tecnologias e continuam temendo toda e qualquer possibilidade de inovação no ambiente
escolar?

Temos ainda o estabelecimento de novos padrões de comportamento social,


caracterizados por valores alternativos, com a promoção da individualidade e
conseqüente aceitação democrática de preferências individuais; a migração, por
parte de uma camada cada vez maior de trabalhadores e profissionais, de empregos
regulares para trabalhos realizados em casa, ou através de contratos de curta
duração como free lancer.
O crescimento da necessidade de reciclagem constante de trabalhadores e
profissionais devido à quantidade de nova informação disponível em novos formatos
e com novas formas de acesso e o aumento de internacionalização dos
conhecimentos necessários para tomar decisões, para ser mais produtivo e mais
competitivo no mercado de trabalho. (VALENTE, 1993)
A formação do professor, colocada por Moraes (1997), é fundamental para a
inserção da nova realidade cultural, pois predomina ainda na educação formal, o
conhecimento lógico-matemático, as habilidades ligadas ao cálculo, a leitura e à
escrita. A totalidade do indivíduo é vista como partes de um todo onde a separação
entre corpo e mente é dimensionada entre professores e alunos.
Na perspectiva de muitos educadores, o conhecimento não é fragmentado,
mas sim interligado. Gardner (1995, p. 56) afirma que conhecemos através de um
"sistema de inteligências interconectadas e, em parte, independentes, localizadas
em regiões diferentes do nosso cérebro, com pesos diferentes para cada indivíduo e
para cada cultura".
Segundo Gardner (1995), essa ampla variedade de inteligências humanas
conduz a nova visão de educação, a qual o autor chama de "educação centrada no
30

indivíduo". Essa nova perspectiva de educação equivale a uma visão pluralista da


mente, reconhecendo que as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas. O ensino
baseado no computador converge para esse pensamento, pois a descoberta faz
parte desse aprendizado.
Gardner conduziu a sua pesquisa baseada nos estilos cognitivos
diferenciados apresentados pelos indivíduos. A sua teoria é apresentada sob a forma
das "inteligências múltiplas". Todos nós possuímos as inteligências ou habilidades,
porém com pesos diferentes.
Segundo o autor, a inteligência ou habilidade lingüística é aquela em que se
manifesta o gosto pela leitura, escrita, ouvir e contar histórias e que facilita a
compreensão através das palavras faladas ou escritas. Uma outra inteligência ou
habilidade é apresentada pela lógico-matemática que pode estruturar, organizar e
sintetizar os conteúdos da vida cotidiana e a encontrar ordem no caos. Uma outra é
apresentada sob a forma de inteligência espacial, que está em trabalhar com
imagens, capacidade de visualizar espacialmente as fotos, as imagens, o visual.
A sensibilidade para ambientes musicais e melodias está na inteligência
musical, onde o aprendizado é favorecido através do som. A inteligência cinestésico-
corporal é aquela aonde a informação chega mais rápido através do movimento e do
toque. Nessa abordagem, a aprendizagem é mais rápida quando o indivíduo está se
movimentando.
Os meios de informação e comunicação utilizam o paradigma de Gardner,
pois têm na sua estrutura a combinação de quase todos esses elementos: fala,
imagem, movimento, sensorial. Podem combinar a linguagem escrita com a falada
com a dimensão espacial. O acesso ao conhecimento é dado através da
combinação dessas variáveis, quer sejam palavras, música, imagem, além de estar
envolvida por um contexto afetivo, e assim poder ser reconhecida mais facilmente.
Em conseqüência, o novo paradigma educacional, hoje em
desenvolvimento, sugere que a escola tem que ser, antes de tudo, um ambiente
“inteligente”, especialmente criado para a aprendizagem. Um lugar rico em recursos
por ser um local privilegiado, onde os alunos possam construir os seus
conhecimentos segundo os estilos individuais de aprendizagem que caracterizam
cada um.
31

Para Moraes, (1996, p. 40):

Paradigma é um modelo científico de grande envergadura, com base teórica e


metodológica, convincente e sedutora, e que passa a ser aceito pela maioria dos cientistas
integrantes de uma comunidade. É uma construção que põe fim às controvérsias existentes
na área a respeito de determinados fenômenos. A partir da existência de um consenso
sobre determinadas ocorrências ou fenômenos por parte de um grupo de cientistas, inicia
uma sinergia unificadora ao redor de um novo tema.

Em vez de filas de mesas e cadeiras ou carteiras, há mesas para trabalhos


em grupo, sofás e poltronas confortáveis para leituras, computadores para a
realização de tarefas acadêmicas e para comunicações digitais locais, nacionais e
internacionais.
Um ambiente onde a avaliação é feita constantemente e serenamente na
carreira do aluno, e a ênfase é colocada não na memorização de fatos ou na
repetição de respostas corretas, mas na capacidade de o aluno pensar e se
expressar claramente, solucionar problemas e tomar decisões adequadamente.
A internet possui dimensões gigantescas e com grandes potencialidades e
variedades, ocorrendo muitas vezes uma maior estrutura, orientação e instrução de
seus usuários.
Assim, seu uso e desenvolvimento na educação promovem a interação do
professor, computador e aluno, sendo possível verificar e organizar melhor este
sistema, esclarecendo dúvidas e direcionando o aluno a pensar e a aprender a
aprender.
Sobre o educador, para Moran (2001, p. 05) o professor ajuda,

[...] a contextualizar, a ampliar o universo alcançado pelos alunos, a problematizar, a


descobrir novos significados no conjunto de informações trazidas. Esse caminho de ida e
volta, onde todos se envolvem, participam – na sala de aula, na lista eletrônica e na home
page – é fascinante, criativo, cheio de novidades e de avanços. O conhecimento que é
elaborado a partir da própria experiência se torna muito mais forte e definitivo [...]

Com a mudança do papel do professor que, ao passar às tecnologias de


informação a responsabilidade de “entregar” o conhecimento ao aluno, libera-se para
ser mais um guia do aluno, um conselheiro, um parceiro na procura da informação e
da verdade, aumentando a participação ativa do aluno.
A motivação para aprendizagem surge no aluno, de dentro para fora, em vez
de ser algo externo, como, por exemplo, algo que vem dos pais ou do professor.
32

Finalmente, há o reconhecimento de que a aprendizagem permanente daqui em


diante será uma tarefa constante na vida profissional e pessoal de todos, e que cabe
já à escola capacitar o aluno para aprender qualquer assunto que lhe interessa.
As novas tecnologias estão divididas nas seguintes categorias: redes,
multimídia e mobilidade. As redes LANs, WANs e serviços on-line (especialmente a
Internet) bem como as conferências de áudio e videoconferência, e-mail, software
colaborativo e gerenciamento da instrução. Multimídia apresenta uma ampla
variedade de dados (vídeo analógico e digital, animação bi e tridimensional, inclui
também discos e drives de CD-Rom, hardware para exibição gráfica e placas de
som).
Processadores de sinais digitais, para processamento de fala e sinais, estão
também surgindo no mercado. A aplicação da multimídia na educação garante o
aspecto motivacional, pois ela envolve o uso da imagem e do som de maneira
atraente para aprender e analisar os conteúdos.

2.8 COMO FICA A AUTO-ESTIMA DO PROFESSOR?

Sabemos que auto-estima são o amor e respeito que temos por nós
mesmos. Quando temos auto-estima, sentimos respeito e confiança em nós
mesmos; temos uma atitude que é positiva e aberta e sabemos que estamos de bem
com o mundo. Quando a auto-estima é baixa, questionamos a nossa confiança em
nós mesmos e temos uma atitude menos positiva e menos aberta para o mundo.
Auto-estima é sentir que temos poder pessoal, é sentir-se como uma pessoa
única e especial; é sentir-se pertencente a um grupo e sentir alegria e
encantamento.
É estar ciente da importância da integridade, fazer aquilo que é eticamente
certo, sentir-se responsável pelos seus atos e entender as implicações dos seus
atos para com os outros. É sentir que se tem um propósito na vida e saber que se
tem capacidade para determinar, até certo ponto, o que será no futuro.
Finalmente, e, aqui surge a conexão com a tecnologia, é sentir que se
domina alguma habilidade ou capacidade.
Auto-estima é ao mesmo tempo uma causa e um efeito: se nós introduzimos
a tecnologia em nossas escolas, dando amplo acesso a ela para alunos e
33

professores, estaremos criando condições para o nascimento de novas formas de


auto-estima, inteiramente válidas em si, mas que também podem podem ser
transferidas para outras áreas do trabalho escolar, aumentando cada vez mais a
capacidade para a aprendizagem e o prazer de fazê-la.

2.9 A INTEGRAÇAO DA INFORMATICA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Bruno Vitalle fundamenta a Integração da Informática na prática pedagógica,


em dez teses que serão explicitadas a seguir:
Vitalle (apud Valente, 1993) diz que prefere falar da “Integração de
Informática na Prática Pedagógica”, do que em “Uso de Computadores em Escolas”.
De fato, a expressão “Uso de Computadores” tem sido, até agora,
estritamente relacionada ao que tem sido geralmente denominado CAI (Computer
Assisted Instruction).
Às diferentes formas de CAIs têm sido sempre enfatizado o uso do
computador na sala de aula como um instrumento (ferramenta?) (alguns diriam
como um “Gadget”) a mais.
O computador, portanto, se junta ao telefone, ao rádio, à televisão, ao
videocassete, etc., como um passivo, ser útil, servo do professor e talvez dos
alunos.
E a intenção é estabelecer uma prática pedagógica na qual o instrumento
INFORMÁTICA (isto é, o computador mais uma linguagem simples de programação)
da prática escolar possa ser tratado mais como um objeto de conhecimento do que
como uma ferramenta e que possamos ter uma formação contínua em serviço para
o uso do computador.
As seguintes teses esquemáticas ajudarão a delinear este projeto, Vitalle
(apud Valente, 1993):

a) não podemos nunca esperar do computador que ofereça uma solução


mágica para nenhum dos problemas encontrados nas relações entre
alunos e professores, alunos e escola, alunos e conhecimento, em poucas
palavras: problemas educacionais são problemas sociais, não problemas
computacionais;
34

b)podemos aprender a explorar todas as modalidades tradicionais de


representação para um dado problema (por ações verbais e gestuais, por
desenhos e esquemas, etc.) antes de nos centrarmos na modalidade de
informática pertinente (por exemplo, uma abordagem processual expressa
numa linguagem formal). Em poucas palavras, pensamento vem primeiro,
computador depois;

c) devemos sempre pensar no componente informático da prática escolar


como um importante e complexo “Objeto do Conhecimento”. E não como
uma conveniente e rápida ferramenta, em outras palavras: HARDWARE
(computador) e SOFTWARE (linguagem de programação) não devem ser
separados na prática de aula, mas antes ficarem juntos como um
interessante objeto de estudo;

d)o professor deve sempre ser sensível às relações cognitivas e afetivas dos
alunos com os computadores e com a linguagem de programação que
eles usam. Essas relações podem ser muito diferentes da dos professores
e, mais ainda, das dos profissionais de informática. Em outras palavras: O
computador não é nem estritamente uma máquina, nem realmente um ser
vivo, uma nova relação com este estranho objeto tem que ser encontrada;

e)o professor deve estar ciente e deve fazer os alunos, cientes da relação
estrita existente entre o problema proposto, o método da resolução usado
e o procedimento final, o qual prevê uma representação e solução
informática do problema;

f) a presença de um componente informático na prática escolar deve ser


usado para criar um espaço transdisciplinar, fazendo muita falta nos atuais
projetos educacionais. A criação deste espaço pode ser grandemente
ajudada pela definição de uma rede de relações entre diferentes
disciplinas da escola tradicional, mais requerendo a mesma abordagem
metodológica e estratégica;

g)o professor deve escolher temas problemas que nos leve a uma análise e
reflexão a longo do tempo na sala de aula. O mesmo problema pode ser
tratado várias vezes, em graus de profundidade crescente, durante o ano,
ele pode ser retomado no mesmo nível de aprofundamento e
possivelmente com novas ferramentas por mais disponíveis;

h)o professor deve ajudar aos alunos a ler e a escrever procedimentos tão
simples e transparentes quanto possível, preocupações sobre (com)
tempo de computação e procedimentos elegantes não devem ser tomados
como pertinentes, quando o principal objetivo do trabalho com os alunos é,
entender com eles, os métodos de resolução e estrutura dos
procedimentos subjacentes;
35

i) não temos nenhuma razão para correr na pesquisa pedagógica assim


como na prática pedagógica para experimentar e pegar a ferramenta
informática mais nova, o computador mais veloz, o software educacional
mais colorido, a linguagem mais na moda. Não precisamos disso. E a
corrida atrás deles vai tomar todo o nosso tempo e energia;

j) devemos experimentar e evitar que, afinal, no currículo da escola primária


e da escola secundária, a introdução da informática possa conduzir a uma
nova disciplina escolar, independente, com professores específicos e
possivelmente uma avaliação numérica final. Tornaria a informática uma
carga a mais para os alunos e destruiria completamente suas
potencialidades transdisciplinares.

Questões muito práticas devem ser discutidas durante todo o processo de


formação e capacitação do professor para que este adquira conhecimentos e
compreensão das possibilidades efetivas em sua prática pedagógica. Como o
professor vai oferecer acesso as NTIC aos seus alunos? Quais as opções que
existem em relação ao uso do laboratório de informática? Como integrar a outras
disciplinas para trabalhar de forma interdisciplinar?
É evidente que, para introduzir mudanças estruturais no sistema educacional
precisa-se muito mais do que a colocação de recursos tecnológicos nas escolas. Na
realidade, são precisos uma integração entre os recursos tecnológicos, agora
especialmente as Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, e uma reflexão
sobre sua utilização para que se possa atingir uma proposta realmente eficiente de
educação.
36

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As teses precedentes são relativas ao meio de fazer uso de computadores


quando eles já estão presentes na escola. “Melhor” aqui significa: ter em conta os
aspectos psico-cognitivos e psico-pedagógicos das duas relações básicas aqui
envolvidas: a dos alunos com o computador e a dos alunos com a linguagem de
programação.
Essas questões não têm resposta geral, universal. O que é importante aqui dizer é
que:

a) computadores não parecem ser necessários no processo pedagógico. Há


vários meios alternativos para ter um ensino inteligente e processos ativos
de aprendizagem na escola sem computadores;

b) computadores não parecem ser suficientes no processo pedagógico, pode


haver vários meios de desenvolver currículos com eles, assim como sem
eles;

d) computadores não devem ser introduzidos fora de um contexto, como se a


escolha de sua entrada fosse neutra, os custos sociais (nos quais há mais
do que mero custo econômico) devem sempre ser tomados em conta no
processo de decisão;

e) o componente informático na escola não deve ser introduzido para “ajudar


ensinar física melhor”, ou a biologia ou nada mais; a discussão sobre
computadores e educação em termos de “transferências” para outras
disciplinas tem se mostrado fútil. Se decidirmos introduzir este
componente na prática escolar não será no sentido de “fazer as coisas
melhores”, mas no sentido de “fazer outras coisas”. Em particular, como já
foi mencionado, no sentido de quebrar as tradicionais barreiras entre
disciplinas escolares e criar o novo, prometendo espaços
transdisciplinares para os alunos.

Certamente a introdução da tecnologia da informação e da comunicação no


sistema educacional apresenta problemas de diferente natureza e dificilmente
progredirá através de políticas autoritárias. Somente através de uma ampla reflexão
e da realização de experiências em situações habituais de ensino, tendo o professor
como o agente fundamental, poderá ir sendo aprofundada a problemática suscitada
em seus diferentes aspectos.
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Referindo-se à introdução da tecnologia da informação e da comunicação no


âmbito da educação assim se posiciona Mably (2001, p. 301):

Não é surpreendente que a reação inicial, no mundo inteiro, tem sido enfocar a introdução
de computadores nos processos de ensino e aprendizagem das escolas. Isto é um aspecto
mais concreto, direto, experimental, atraente, até mesmo inebriante. De alguma forma, a
presença física do poderoso micro dá a alguns professores e escolas a sensação de que
eles são “progressistas” e “atualizados”. Utilizar computadores é excitante, pelo menos no
começo, e os alunos parecem estar cativados e interessados. Para citar a Grã-Bretanha
como exemplo, montou-se um esquema para possibilitar a todas as escolas a aquisição de
computadores a preço bem baixo. Algumas escolas promoveram atividades de
levantamento de fundos para comprar mais computadores. A reputação por excelência de
uma escola era julgada pelos seus recursos em computadores. Infelizmente, este
entusiasmo inicial foi progressivamente abafado quando, aos poucos, compreendeu-se que
o computador por si só não é válido sem um software de boa qualidade. Poucos ainda se
preocupam com o “porquê” de ter computadores, é justo dizer que muitas escolas ainda não
têm um claro programa curricular justificável para o seu uso. Um cínico poderia bem sugerir
que a introdução dos computadores nas escolas britânicas tinha mais a ver com promover a
indústria de microcomputadores britânicos do que com a educação. Certamente um dos
resultados foi um tremendo aumento na venda de microcomputadores no mercado interno.

A problemática apontada pelo autor suscita uma vez mais a importância de


situar explicitamente a questão da relação entre inovação tecnológica e educação,
assim como a da dialética entre novidade e inovação, aspectos freqüentemente
considerados como sinônimos.
Se não for acompanhada de algo mais básico e fundamental não provoca
uma autêntica mudança. O novo pode ser irrelevante e não levar a nenhuma
transformação qualitativa.
A busca crítica do novo em educação vai freqüentemente acompanhada do
tecnicismo, da supervalorização dos equipamentos, métodos e técnicas, o que é
uma forma de transformar os meios em fins.
Gonzalez Zamora (1977) distingue três formas de aplicação da tecnologia
educacional em países em desenvolvimento.
Na primeira, a partir da caracterização do contexto e das necessidades reais
da população, com o compromisso de enfrentar os problemas mais relevantes que
afetam a educação, coloca-se o conhecimento científico, as metodologias, as
técnicas e os equipamentos a serviço da solução dos referidos problemas.
Na segunda, a partir de um conhecimento teórico dos instrumentos, estes
são aplicados indiscretamente, permanecendo um enfoque meramente eficientista,
38

procurando-se “otimizar” aberta ou disfarçadamente, consciente ou


inconscientemente, o sistema vigente com todas as suas ambigüidades.
Na terceira, tendo por base uma visão superficial dos conhecimentos
disponíveis para fazer tecnologia educacional e com uma ausência de sensibilidade
humana, se fazem pseudotecnologia educacional para justificar pseudo-
cientificamente decisões sem uma análise crítica do contexto educacional vigente.
Na prática predominam a terceira e a segunda alternativas. Certamente, “a
tecnologia da informação” não é uma exceção. No entanto, a existência de algumas
experiências na linha da primeira abordagem assinalada permite afirmar sua
possibilidade e lançar um desafio a ser enfrentado.
O desafio da informática na educação é o de como pode ela contribuir para
transformar em profundidades as nossas práticas pedagógicas? É necessário
colaborar com a transformação.
Construir um processo de ensino-aprendizagem capaz de integrar
articuladamente processo e produto, dimensão intelectual e afetiva, objetividade e
subjetividade, assimilação de conhecimentos e construção criativa, compromisso
com o saber e a questão do poder na escola, dimensão lógica e psicológica,
aspectos gerais e específicos da aprendizagem, dimensão política e técnica da
prática pedagógica, função de ensino e de socialização da escola, fins da educação,
meios e estratégias.
Segundo, de La Taille, et alii (1995), entre as características do computador
que lhe conferem vantagem sobre os demais instrumentos, podemos citar as
seguintes:

a) É um recurso audiovisual superior aos demais por ser interativo. Nesse


sentido, pode solicitar e responder às intervenções do aluno, evitando que
este permaneça passivo e, conseqüentemente, que se disperse para
outros aspectos não relevantes da situação;

b) Além de ser um recurso audiovisual interativo, o computador possui a


vantagem de poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno, por exemplo,
repetindo uma mesma explicação o número de vezes que o aluno desejar,
ou, esperando o tempo que for necessário por uma resposta do aluno;

c) Outro ponto positivo a ser ressaltado é a prontidão com que o aluno


recebe o feedback às suas intervenções. Desta forma, ao trabalhar com
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um determinado conteúdo, digamos, por exemplo, fixação da ortografia de


determinadas palavras, o aluno tem uma avaliação imediata sobre aquelas
que precisa exercitar mais para um completo domínio do assunto.

Estas características, que fazem do computador um interlocutor totalmente


diverso daqueles com os quais o aluno se relaciona habitualmente, podem talvez ser
responsabilizado pelo alto grau de motivação por parte dos alunos, em usar o
instrumento sempre que possível. Isto porque, mesmo já tendo tido algum contato
com o computador os alunos continuam predispostos a novos contatos.
A motivação é extremamente importante para qualquer aprendizagem, pois,
sem ela, é pouco provável que a atenção do indivíduo esteja voltada para o que
deve aprender. Nesse sentido, acreditamos que a motivação aliada a outros pontos
positivos do computador, pode contribuir significativamente para o processo ensino
aprendizagem.
Verifica-se que o computador pode ser um instrumento auxiliar
extremamente útil ao professor nas duas primeiras etapas da aprendizagem:
perceber e conceituar. Isso porque, como já se viu anteriormente, o computador
pode ser concebido como um instrumento audiovisual.
A questão enfocada é a formação do professor em trabalho com a chegada
das novas tecnologias da informação e da comunicação no ambiente físico da
escola e como o professor está sendo preparado para absorver, em um tempo curto,
essas tecnologias contextualizadas no fazer pedagógico.
No entanto, esta pode ser uma oportunidade para um repensar e uma
reflexão saudável sobre o trabalho do professor, além do processo da aquisição de
conhecimento facilitado pelas tecnologias como uma atividade de “formação”.
Portanto de construção, de modelagem da pessoa, da estruturação de seu intelecto.
Repensar nesse sentido o papel da memória, do ambiente cultural e
lingüístico, da capacidade crítica, da sensibilidade, do senso ético, etc.; também
medir a eficiência das tecnologias à luz desses grandes objetivos. Centrar
novamente a missão do professor em torno do ato pedagógico; repensar esse ato
como fundador, que dá luz ao projeto de cada indivíduo, que inicia seu percurso de
vida e que, portanto vai justificar sua caminhada educacional pessoal e estimular
sua vontade de aprender. Pensar também o ato pedagógico como um ato livre e
40

criador de liberdade. Avaliar o impacto das tecnologias educacionais em termos de


dependência ou, contrariamente, de independência intelectual.
Essas situações são aquelas em que está presente um desafio: desenvolver
um projeto, resolver uma tarefa inacabada. É o professor, como mais um dos atores
nessa parceria que tem a responsabilidade de estar atento para a criação ou
facilitação desses momentos.
Seu papel é crucial, não como observador passivo ou dirigente inflexível,
mas como ‘mestre” na acepção histórica da palavra, aquele que promove o
desenvolvimento crescente de aprendizes sob os seus cuidados, para que se
tornem ‘mestres”, como ele.
Kramer (2006) sugere algumas maneiras de como a formação em serviço
pode favorecer a melhoria da qualidade do ensino:
a) pensando a prática;
b) buscando novos conhecimentos;
c) transformando essa prática
d) favorecendo o acesso e a análise dos conhecimentos em jogo;
e) abrindo espaço para o pedagógico;
f) superando a alienação e o afastamento dos profissionais da escola em
relação ao ensino;
g) fortalecendo as escolas
h) redefinindo o papel dos especialistas (de supervisor para desafiador ou
coordenador das discussões);
i) oferecendo elementos de análise crítica sobre o papel do professor;
j) propiciando a construção de Projetos Pedagógicos na escola.

Acrescenta-se que a capacitação do professor em serviço é a única forma


possível, hoje, para que ele possa ser preparado para o trabalho com as novas
tecnologias, principalmente aquelas mediadas pelo computador.
A resistência que alguns professores têm diante de projetos do governo, está
na descontinuidade e na falta de seriedade com que esses projetos são
operacionalizados. A auto-estima do professor está diretamente relacionada ao
acesso que ele tem às informações, que são caras, para quem tem jornada tripla
para poder ganhar o mínimo necessário para sobreviver com dignidade.
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Ao professor resta continuar lutando com dignidade e ética, com uma mão
empunhando o giz e com a outra abrindo espaços sociais que os coloque em dia
com a formação necessária para cumprir sua profissão que é a de estar preparando
seus alunos para o futuro.
Tendo em vista a importância do tema, Capacitação do Professor em
Trabalho no uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação (NTIC),
recomenda-se que seja feito um acompanhamento dos Projetos desenvolvidos pelo
Governo Federal, Estadual e Municipal, para posterior formulação de uma pesquisa
científica.
Indica-se novas pesquisas em instituições de ensino particular, para
acompanhamento do investimento das mesmas na formação dos professores por
elas contratados, no uso das Novas Tecnologias na Educação. Recomenda-se que
seja desenvolvida uma pesquisa sobre a satisfação do professor diante da
necessidade de “aprender” a usar o computador como ferramenta intelectual no seu
fazer pedagógico.
A capacitação dos professores torna-se imprescindível, devido às inovações
tecnológicas, sendo necessário buscar programas que possibilitam aos professores
conhecimentos das novas tecnologias, a fim de termos profissionais capacitados a
ensinar nossas crianças, adolescentes, adultos e idosos.
Qualquer estudo que pretende se aprofundar sobre as novas tecnologias na
educação, em especial a que consiste o uso do computador, deve ir além da
observação do paradigma do uso do computador como mera peça de apoio ou
referência de maior status para a escola. Deve refletir que a questão da informática
na educação vai mais além de discutir este ou aquele software em si, e chegar a
como ele pode ser usado para auxiliar nas propostas de mudanças, das próprias
mudanças operadas por ele na prática pedagógica.
O crescimento da informática exerce grande impacto na vida da sociedade
moderna. Vários setores como o produtivo, o industrial, o financeiro, da pesquisa
científica, das comunicações, etc., já estão informatizados. Portanto, é o momento e
a vez do setor educacional dar o seu salto e ingressar nesse futuro.
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