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A UTILIZAÇÃO DO VÍDEO NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO COM

EDUCADORES DE PIRACICABA/SP
Mirian Stella Rother1
Maria Guiomar Carneiro Tomazello2

Introdução

As novas tecnologias utilizadas no ensino/aprendizagem são frutos do extraordinário


desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido no século passado e que, segundo
Kawamura (1998), inicia-se pela imagem, seu registro, passando pela possibilidade de
transmissão e seu uso como forma de comunicação, até chegarmos aos recursos de
informática. Segundo Almeida (1984), desde o desenvolvimento do primeiro videotape, em
1956, pela empresa AMPEX dos Estados Unidos, o vídeo vem passando por um constante
aperfeiçoamento tecnológico, que iniciou essa trajetória com seu uso praticamente exclusivo
pelas emissoras de televisão, que até então, só podiam realizar suas produções ao vivo, até o
VHS (video home system), formato do vídeo "caseiro" que veio popularizar-se no Brasil, a
partir da segunda metade da década de 70.
Para Perrenoud (2000), a integração do vídeo ao ensino, nos anos 70, sobre o qual
fundavam grandes esperanças, não cumpriu as suas promessas, pois era pouco interativa e
funcionava nos moldes da sensibilização a certos problemas. No entanto, para Serna (1998) os
professores ainda hoje, em suas aulas, não utilizam o vídeo com todas as possibilidades que
esta tecnologia pode oferecer. Na verdade, os alunos "vêem televisão", o que não é um
processo propriamente educativo.
A autora afirma que a tecnologia do sistema vídeo comporta três elementos básicos e
diferenciadores a se levar em conta no processo de ensino e aprendizagem: i) a interatividade
entre o sistema e seu usuário (play, revew, pause, repetição do que foi visto, etc); ii) os
sistemas de símbolos que utiliza (código audiovisual, imagem prognóstica, gráfica, música,
etc) similares aos elementos da TV; e iii) a mensagem, as diferentes formas que podem ser
representadas e estruturadas, assim como os diferentes conteúdos culturais que transmite
(SERNA, 1998).
De maneira geral, o vídeo é utilizado em sala de aula quando os educadores desejam
transportar a realidade social e científica para a sala de aula, pois, conforme Pablo Del Rio
1
Mestre em Educação pela UNIMEP. Professora da Faculdade de Comunicação - UNIMEP. E-mail:
mirother2001@yahoo.com.br
2
Doutora em Ciências pela USP. Professora do PPGE - UNIMEP. E-maill: mgtomaze@unimep.br

1
(1992), apud Serna (1998), as linguagens audiovisuais podem contextualizar o conhecimento
acadêmico. Dessa forma, são muito utilizados quando se deseja inserir a problemática
ambiental na sala de aula.
Como o foco da investigação é a utilização do vídeo por educadores ambientais, neste
trabalho, não será discutido o vídeo enquanto linguagem específica, mas sim como suporte,
podendo dessa forma registrar e reproduzir imagens e sons de produções cinematográficas,
televisivas e de produções videográficas propriamente ditas, e que na realidade reflete a
prática da grande maioria dos educadores brasileiros, que ainda não dispõe nas escolas de
equipamentos mais sofisticados e de maior custo.
A finalidade deste trabalho é identificar quais objetivos têm o educador ambiental ao
utilizar o vídeo; como utiliza o vídeo em suas práticas, como faz a mediação e se esta tem sido
favorável ao alcance dos objetivos; como seleciona o vídeo para as suas práticas e por último
identificar quais os critérios utilizados para a seleção dos vídeos, de forma que as
propriedades pedagógicas da linguagem audiovisual sejam otimizadas na educação ambiental
em sala de aula ou fora dela.

A Educação Ambiental

Desde os anos 60, o modelo de desenvolvimento econômico adotado pelos países


desenvolvidos, os chamados países ricos, vêm promovendo uma série de impactos ambientais
avassaladores no planeta, num espaço de tempo curtíssimo, jamais vistos na história da
humanidade, o que levou a comunidade política internacional a inquietar-se com a temática
ambientalista e a organizar diversos eventos, encontros e documentos que construíram a
história da Educação Ambiental.
Em março de 1965, a expressão environmental education (educação ambiental) é
ouvida pela primeira vez na Grã-Bretanha. Na ocasião, aceita-se que Educação Ambiental
deva se tornar uma parte essencial da educação de todos os cidadãos e deixe de ser vista
essencialmente como conservação ou ecologia aplicada, cujo veículo seria a biologia (DIAS,
2000, p. 33).
Interessante lembrar que, em 1965, quando surge o interesse mais profundo pelas
questões ambientais, que segundo Dias (2000) pode se atribuir ao enorme sucesso do
lançamento três anos antes do livro "Primavera Silenciosa" de Raquel Carson, também é o ano
em que a Sony lança o portapack, aparelho de vídeo com sistema de gravação transistorizado,
que veio revolucionar o Ampex de 1956, que foi o primeiro gravador de vídeo com padrão
broadcast. O portapack era um aparelho que operava com fita de meia polegada e leitura
óptica helicoidal e dispunha de imagem preto-e-branco (ARMES, 1998, p. 79 -95).
2
Em 1975, quando da realização da "Primeira Conferência Intergovernamental sobre
Educação Ambiental", organizada pela Unesco e pelo Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, Pnuma, conhecida como a "Conferência de Tbilisi", se estabelecem as
recomendações mais significativas para o desenvolvimento da educação ambiental, tal como
conceituada hoje, quando explicitada a abrangência de suas articulações com a diversidade
política, econômica, social, científica, tecnológica, cultural, ecológica e ética.
Segundo as orientações da declaração da Conferência Intergovernamental de Tbilisi
sobre educação ambiental, os objetivos da educação ambiental são: favorecer a compreensão e
preocupação da interdependência econômica, social, política e ecológica nas áreas rurais e
urbanas; oferecer a todas as pessoas a oportunidade de adquirir os conhecimentos, valores,
atitudes, compromissos e capacidades necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
criar novas regras de conduta nos indivíduos, grupos e na sociedade em geral em relação ao
ambiente (FENSHAM et al, 1996, p.156).
Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro, Brasil, é palco da Rio - 92, encontro que vem
reforçar as premissas de Tbilisi, e reunir esforços para acabar com o analfabetismo ambiental,
e ao mesmo tempo, capacitar indivíduos para cumprir a difícil tarefa de identificar,
dimensionar os problemas ambientais e buscar soluções.
Em Johannesburgo, África do Sul, em 2002, ocorreu a Rio +10. Os resultados da
Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável terminaram em decepção. Das cinco
prioridades (água, saneamento, energia, saúde, agricultura e biodiversidade) os alvos e datas
só foram garantidos em dois: saneamento e biodiversidade.
Apesar do Brasil ter saído na frente nesta reunião ao apresentar propostas interessantes
para o desenvolvimento sustentável, os resultados indicam ser cada vez mais urgente a
formação de cidadãos com uma cosmovisão e um sistema de valores novos. Assim, as
instituições públicas brasileiras deveriam realmente se esforçar para introduzir a educação
ambiental em suas estruturas educativas, pois, apesar da Lei 9795/99, que institui a Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA), em que a promoção da Educação Ambiental é
colocada como obrigação legal de responsabilidade de todos os setores da sociedade, do
ensino formal e do informal, isso ainda não aconteceu de fato.
Em geral, a Educação Ambiental resulta de campanhas isoladas, ações em datas
comemorativas, projetos descontextualizados que deixam de lado aspectos culturais, políticos,
econômicos e sociais, que são partes integrantes da temática ambiental. Poucos projetos são
pensados a partir das potencialidades das regiões em que a população alvo está inserida
(VIANNA, 2001).

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Obviamente que o desenvolvimento de novas tecnologias na comunicação deste
período para cá, responde por um crescimento gigantesco na emissão de mensagens,
veiculadas principalmente através da televisão, como um fator comunicacional catalisador do
processo de globalização. Quanto à população das nações que vivem sob a dominação
neoexpansionista norte-americana, segundo Pedrini (1997) e Cavalcanti (1997), em função do
analfabetismo ambiental em que se encontram, acabam por sofrer as degradações éticas e
morais, assistindo à exploração desenfreada de suas reservas naturais, tecnológicas e
materiais, para a sustentação de um modelo de desenvolvimento econômico imposto pelos
países ricos através da veiculação massiva de conteúdos, modelo de vida e hábitos de
consumo não apropriados para a maior parte das nações do planeta.
A televisão, o meio de comunicação que mais ganhou importância nos últimos 50
anos, desfruta de extrema capacidade comunicativa. Não esqueçamos, porém, que entre os
principais objetivos da televisão podemos citar o estímulo ao consumo, entretenimento e
informação, e que esses processos se estabelecem de forma linear numa via de mão única,
diferentemente do vídeo, em que é possível uma maior interatividade, pela sua própria
especificidade tecnológica, que permite ver, rever, pausar, e obviamente estabelecer um
diálogo de natureza crítica - reflexiva, ainda que tenha uma organização interna de seus signos
que foram intencionalmente organizados em seu discurso.
Não se pode negar que diante da tela da televisão, milhões de brasileiros se divertem
diariamente e, eventualmente, aprendem algumas coisas. No entanto, enquanto os meios de
comunicação de massa continuam a bombardear adultos e crianças, a escola ainda encontra
dificuldades em trabalhar com eles, insistindo em ensinar basicamente contando com a
palavra oral e escrita (TRABJER e COSTA, 2001).
Considerando que muitos grupos sociais já têm intimidade com a linguagem
audiovisual, por que então não otimizar o uso dessa ferramenta tecnológica, proporcionando
maior oportunidade de dialogar com a mensagem, na busca da melhoria de qualidade de vida?
Por que é tão difícil experimentar novos caminhos, diferentes daqueles já percorridos?
Para Pérez Gomez (1995, p.16), a escola é extremamente conservadora. Como qualquer outra
instituição social, desenvolve e reproduz sua própria cultura. As tradições, costumes, rotinas,
rituais e inércias que a escola estimula e se esforça em conservar e em reproduzir condicionam
claramente o tipo de vida que nela se desenvolve e reforçam a vigência de valores, crenças e
expectativas ligadas à vida social dos grupos que constituem a escola.
Assim, torna-se necessário preparar o indivíduo para o discernimento das relações de
interdependência em que está envolvido como ser humano e como cidadão (CAPRA, 1996).

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Investigar qual o papel do vídeo na Educação Ambiental não teria o menor sentido
sem questionar como tem sido feita a sua mediação pelo educador. Este trabalho tem esta
dimensão de interesse e preocupação.

Metodologia da Pesquisa

Esta investigação, de natureza exploratória e descritiva, procurou formular com


objetividade seus problemas e desenhar com clareza o perfil das informações que foram
possíveis de se levantar para que se possa vir a compreender como os audiovisuais são
trabalhados pelos educadores e quem sabe, responder à parte dos questionamentos feitos
anteriormente por Trabjer e Costa (2001, p.28) em seu livro “Avaliando a Educação
Ambiental no Brasil: materiais audiovisuais” em que colocam:

Uma amiga comunicóloga e “videomaker” contou que, ao receber um prêmio de


vídeo ambiental por um trabalho sobre frutas brasileiras, assistiu a diversos filmes
ambientais e ficou pensando: quem veria aquilo tudo? Sua dúvida ecoou
imediatamente em nós, mas ainda com este livro continuamos a sentir falta de uma
análise da recepção e da utilização real dos vídeos por professores em sala de aula,
por ambientalistas em ONGs, por técnicos em empresas ou governos. Qual é essa
comunidade de recepção? Quem desempenha de fato o papel de receptor? Como os
audiovisuais são percebidos, sentidos, interpretados? Como são trabalhados pelos
educadores?

Quanto ao valor teórico e a relevância social da pesquisa, à medida que tende a criar
articulações e reflexões que sejam úteis para a compreensão de uma dimensão maior da
temática, deverá extrapolar os seus próprios limites, ou seja, pretende-se dar um salto de
qualidade para que deixe de ser um trabalho meramente descritivo, para ser científico
(SELLTIZ et al, 1965).
A fim de reconhecer mais precisamente os significados das informações advindas da
coleta de dados, a análise de conteúdo será a opção analítica, pois, esta tem sido a mais
comumente utilizada nas investigações experimentais descritivas atualmente, em cujo
conteúdo estejam presentes os meios de comunicação. Por técnica de análise de conteúdo, está
se tomando aquela que define uma unidade de análise, seja ela através do aparecimento ou
total ausência de palavras-chave ou de afirmativas e propostas sobre uma determinada
questão. Entende-se ainda, a definição de categorias de análise de temas, métodos, agentes e
outras que possam ser criadas, além de uma seleção de amostra do material analisado, a partir
dos propósitos e hipóteses que foram definidos (BARDIN, 1977).
Após a definição do tipo de análise, buscou-se imediatamente identificar e delimitar o
universo da pesquisa. Se a questão é investigar a utilização do vídeo na Educação Ambiental,

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com quais sujeitos, educadores ambientais, vai ser estabelecido o diálogo? Quais serão as
questões e os critérios de análise?
Por meio de quinze entrevistas com educadores ambientais do ensino formal e não
formal da cidade de Piracicaba – SP, procurou-se saber quais os vídeos mais utilizados por
eles, como tem sido estabelecida a sua mediação, identificar a contribuição do vídeo à
formação ambiental do cidadão piracicabano, por intermédio de um diálogo entre a
Comunicação Social e a Educação, na sua vertente ambiental.
A investigação foi delimitada no âmbito da cidade de Piracicaba / SP, pois desde
março de 2001, os educadores ambientais mais ativos e participantes da cidade vêm
trabalhando a criação da Política Municipal de Educação Ambiental, em conformidade com a
Política Nacional de Educação Ambiental. Eles foram os sujeitos escolhidos para a pesquisa.

Resultados e Discussão

Foram utilizadas três categorias para análise das respostas, inspiradas nas categorias de
objetivos da educação ambiental, propostas na "Conferência de Tbilisi": IN) informação /
conhecimento; CO) sensibilização / conscientização; AP) atitudes / habilidades / participação.
Os resultados estão sistematizados no quadro I, anexo.
Na primeira categoria (IN) serão encontrados os casos em que vídeos foram
selecionados e utilizados como apoio no processo de ensino e aprendizagem com o objetivo
de apresentar, ilustrar, informar ou simplesmente reapresentar em linguagem audiovisual
questões ambientais diversas. Na segunda (CO), estarão os casos em que o educador ou
educadora ambiental, pretendeu sensibilizar e conscientizar os alunos sobre as questões
ambientais, com a intenção de promover um quadro afetivo e intelectualmente favorável para
a aquisição de novos valores e atitudes ao meio ambiente. E, finalmente, na terceira categoria
(AP), encontrar-se-ão os casos em que os educadores pretendem, além de informar,
sensibilizar e conscientizar, promover o desenvolvimento de habilidades de seus alunos no
diagnóstico e solução das questões ambientais, para que seus alunos possam participar e
intervir de forma ética e responsável na construção de uma melhor qualidade de vida.
O primeiro ponto a ser salientado é que apenas um, dentre quinze entrevistados, não
utiliza vídeo em suas práticas.
Dos catorze restantes, doze educadores colocaram que o primeiro critério para a
seleção do vídeo a ser exibido para seus alunos é temática, oito referiram-se à adequação da
linguagem ao público, principalmente quanto à faixa etária. Dois deles salientaram a
importância da duração, tanto pelo tempo que possa prender a atenção, principalmente quando
o público é infantil, como também pelo próprio tempo de duração das aulas. Um salientou
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como critério o vídeo proporcionar diferentes pontos de vista para gerar debate sobre o tema,
outro, o seu potencial sensibilizador.
Apenas um entrevistado destacou como critério a qualidade técnica do vídeo e a
própria habilidade na apropriação dos elementos da linguagem audiovisual, como
enquadramento, movimentação de câmera e ritmo entre outros.
Embora a maioria dos entrevistados tenha apontado a escolha dos vídeos por temas,
nenhum deles relata ter usado a temática ambiental local como critério para escolha do vídeo.
Entretanto para Mayer (1998), o meio ambiente é aquele que nos cerca, o próximo, o
cotidiano, aquele em que pequenas transformações na forma de pensar e agir pode transformar
aos poucos, a realidade. Partidária do “agir localmente e pensar globalmente” sugere ser
necessário que as localidades tenham políticas próprias de gestão ambiental.
Quanto à forma de mediação dos vídeos, quatro dos entrevistados utilizam o vídeo
com a clara intenção de ilustrar o tema abordado. Três dos entrevistados têm por objetivo
sensibilizar os alunos para as questões ambientais; um se refere à sensibilização por impacto
e, seis educadores revelaram o propósito de induzir a reflexão e gerar debates a partir do
vídeo. Percebe-se aí a forte vocação do vídeo como motivador, conforme a denominação de
Ferrés (1996).
Três dos entrevistados utilizam o vídeo para reforçar ou memorizar a teoria e os
conteúdos trabalhados com os alunos em aulas expositivas. Um educador evidencia sua
qualidade potencial de substituir a aula de campo, em locais de difícil acesso, seja por
distância ou condições de segurança.
Dois dos entrevistados utilizam o vídeo como substituto da aula expositiva,
pressupondo que o discurso do audiovisual possa substituir a exposição do tema pelo
educador, ou seja, a própria aula; e um, atribui ao vídeo um caráter meramente instrucional,
traduzido em sua fala: “Apresentamos o vídeo e vamos para a prática”.
Quanto às categorias de análise criadas para identificar os objetivos dos educadores ao
utilizar os vídeos como recurso educacional, nove se enquadram na categoria IN -
Informação / Conhecimento, três na categoria CO - Sensibilização / Conscientização e dois na
categoria AP - Atitudes / Habilidades / Participação, o que possivelmente seja um indicador
da falta de um conhecimento sistematizado dos objetivos da Educação Ambiental.
Tendo como referência os pressupostos da Educação Ambiental, as categorias de
análise foram criadas a partir das respostas dos educadores, possibilitando responder a
algumas questões desta pesquisa.
A primeira questão é a capacitação do educador ambiental. Considerando que, por
interesses políticos e econômicos do estado brasileiro, a Educação Ambiental, tal como é

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concebida desde a Conferência Intergovernamental de Tbilisi realizada em 1975, no Brasil foi
ignorada ao longo de quase duas décadas, reduzindo-se a aspectos mais ecológicos, pode-se
datar a introdução da Educação Ambiental no Brasil como uma educação mais politizada a
partir da Conferência “Rio 92”, ou seja, há apenas uma década. Inegavelmente, inúmeros
avanços foram realizados, com a Política Nacional de Educação Ambiental, com a introdução
da Educação Ambiental enquanto tema transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais e
com as próprias Políticas Municipais de Educação Ambiental que estão sendo implantadas em
diversas cidades brasileiras.
No entanto, os educadores ambientais ativos, em sua grande maioria, aqueles que estão
em sala de aula ou fora dela, dedicando-se à alfabetização ambiental de crianças, adolescentes
e adultos, ainda não se encontram alinhados com aos conceitos e objetivos de Educação
Ambiental difundidos pelo mundo todo através de inúmeras conferências internacionais,
produção e divulgação de documentos, congressos, seminários e pesquisas. Continuam a
compreender a Educação Ambiental nas suas vertentes mais ingênuas, nas quais as condições
políticas, econômicas, sociais, éticas e culturais não são explicitadas quando tratam das
questões ambientais. Uma visão contaminada de um homem muito maldoso, que desmata
florestas, caça animais silvestres para vender, desperdiça água e joga lixo nas praias e
calçadas, influência provável do período do regime militar brasileiro, no qual as questões
ambientais foram tratadas pela mídia de forma isolada, conferindo-lhes um caráter puramente
biológico, e, portanto reducionista.
Em paralelo ao despreparo da maioria dos educadores para o tema, acrescente-se o
distanciamento da universidade brasileira em geral, que ainda procura formas de realizar a
integração entre a pesquisa, o ensino e a extensão e que, sobretudo nas atividades de extensão,
tendem a assumir uma postura assistencialista frente às desigualdades drásticas a que está
exposta a sociedade. A maior parte dos educadores brasileiros não tem acesso à pesquisa e à
atualização de seus saberes, não tem oportunidades de investir em seu próprio
aperfeiçoamento, e seria minimamente inocente afirmar que a responsabilidade é
exclusivamente da universidade. Suas condições de trabalho estão histórica e
progressivamente piores.

Considerando o contexto em que ocorre a educação ambiental nas escolas, a sua


incorporação incipiente pelos sistemas de ensino, as lacunas da formação inicial dos
professores na temática ambiental, as condições em que ocorre o desenvolvimento
profissional continuado desses educadores e o artigo 11 da Política Nacional de
Educação Ambiental, que aponta a formação inicial e continuada de professores
como estratégia básica para institucionalizar a educação ambiental e favorecer a
superação de lacunas e dos problemas existentes no currículo, o MEC está
implementando o Programa Parâmetros em Ação – Meio Ambiente na Escola
(VIANNA, 2001, p.27).

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Aqui caberia destacar a necessidade de mecanismos que comprometessem a
universidade com o oferecimento de programas permanentes de formação continuada aos
educadores, visando um ensino de qualidade. Para Pacca e Villani (2000, p. 97) a
universidade não pode renunciar à responsabilidade de proporcionar uma assessoria
permanente e adequada aos professores em serviço formados por ela.

Considerações Finais

Os educadores ambientais entrevistados, da educação formal e não-formal,


confrontam-se com estruturas e necessidades diferentes, é verdade, mas são unânimes em
reconhecer a importância da Educação Ambiental no Brasil, e seus esforços na formação de
indivíduos comprometidos com a melhor qualidade de vida para todos. Entretanto, é
necessário lastrear tais esforços, com conhecimentos sistematizados sobre Educação
Ambiental, para que possam ser coroados com maiores êxitos.
Outra questão, que raramente nos damos conta, é o isolamento a que estamos
submetidos. São muitos os programas e projetos de Educação Ambiental em uma cidade.
Entretanto, não existem, de maneira geral, a socialização dos resultados, a união na captação
de recursos nem a avaliação coletiva das experiências realizadas. Esse panorama acaba por
levar os educadores ambientais à exaustão, já que dificilmente é possível a continuidade e a
expansão dos projetos, que se tornam estanques.
Entende-se que a falta de conhecimento sistematizado dos princípios e objetivos da
Educação Ambiental por parte da grande maioria dos educadores, na educação formal e na
não-formal, é o motivo que os leva à utilização intuitiva do vídeo em suas práticas.
Que a linguagem audiovisual tem a adesão da grande maioria dos educadores
entrevistados, todos sabemos, mas quais objetivos pretendem alcançar ao utilizar o vídeo,
estes não os expressam com a complexidade desejável, talvez pelo próprio conhecimento
simplista que trazem consigo.
É certo que ainda sofremos de certa dose de escassez metodológica na Educação
Ambiental, entretanto, já se dispõe do relato de várias experiências positivas nesse sentido,
que possam servir de orientação para novas práticas (MOURA, 1997).
Entre informar, apresentar, sensibilizar, conscientizar, e promover a aquisição de
atitudes favoráveis à construção de uma sociedade ambientalmente sadia, existem diferenças.
O desejável seria o educador ter consciente a categoria de objetivo que pretende alcançar ao
exibir o vídeo para seus educandos, tanto quanto orientação para a escolha dos títulos para

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finalidades definidas, mesmo sendo possível reconhecer que existe um saber não
sistematizado, talvez intuitivo do educador ao realizar suas escolhas basicamente entre o
material que lhes vêm à mão, e quase invariavelmente pelo tema que abordam e adequação da
linguagem do vídeo ao seu receptor.
Entre os entrevistados, encontram-se desde os que acreditam que os vídeos substituam
o seu próprio discurso, até os que o utilizam como uma pausa agradável que alivia o ritmo
cansativo das aulas expositivas.
Do mesmo modo que se destacou a importância do educador ambiental saber definir
os objetivos de suas práticas com coerência e precisão, salienta-se a necessidade dos
videomakers que se proponham a realizar vídeos voltados à educação ambiental, procurem
capacitar-se sobre seus princípios. O recurso audiovisual não deve dirigir a prática, mas servir
como apoio para que os objetivos de determinada prática educacional sejam alcançados.
Assim, é igualmente possível que muitas práticas tenham sido comprometidas pela qualidade
de um vídeo que possa apresentar desde conceitos reducionistas, improbidades teóricas, visões
simplistas, ou até desinteressar os educandos por falta de qualidades técnicas, como imagem e
som ruins, ou ainda inabilidade na construção da linguagem audiovisual, a partir de seus
elementos como enquadramentos, movimentos de câmera, entre outros.
Quanto aos vídeos que abordem as questões ambientais locais, todos os entrevistados
mostram-se favoráveis, por motivos diversos: identificação com o tema, maior poder de
tradução de uma realidade imediata e íntima. Sem dúvida um sinal verde para produtores de
vídeo: a demanda do vídeo ambiental é crescente. Uma espécie de oportunidade de olhar o
meio em que vivemos, aquilo que nos cerca, como se fosse pela primeira vez, um olhar
sensível e crítico que permite avaliar o que está bem e o que não está.
Quando se tem a oportunidade de olhar como se fosse a primeira vez, surge a
possibilidade de reconstruir. Reconstruir para construir um mundo melhor. Não seria esse o
objetivo final da Educação Ambiental?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasiliense, 1984.
ARMES, Roy. On video - o significado do vídeo nos meios de comunicação. São Paulo:
Summus, 1999.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, s.d.
BRASIL. MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF, 1998.
CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Cultrix, 1996.

10
CAVALCANTI, C. (Org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas
públicas. São Paulo: Cortez, 1997.
CURRIE, K. Meio Ambiente: Interdisciplinaridade na prática. Campinas: Papirus, 1998.
DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 6ª edição. São Paulo:
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FERRÉS, Joan. Vídeo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996
KAMAMURA, M. R. D. "Linguagem e novas Tecnologias". In: ALMEIDA, Maria José P. M.
de e SILVA, Henrique César da (orgs.). Linguagens, leituras e ensino de ciência. Campinas,
Mercado de Letras, 1998.
MAYER, M. "Educación ambiental: de la acción a la investigación". Enseñanza de las
Ciencias. Barcelona. vol 16, nº 12: 217-231, junho/1998.
MOURA, Silvana Aparecida. "O Papel da Pesquisa sobre Comunicação Científica na
Educação Ambiental". In: Comunicação e Ciência. São Bernardo do Campo: Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares - INTERCOM, 1997.
PACCA, J. ; VILLANI, A. La competencia dialógica del profesor de ciencias en Brasil.
Enseñanza de las ciencias. Vol. 18, nº 1, marzo, 2000.
PEDRINI, A. de GUSMÃO. Educação Ambiental: Reflexões e práticas contemporâneas.
Petrópolis: Vozes, 1997
PÉREZ GÓMES, A. I. "La escuela, encrucijada de culturas". Investigación en la Escuela, nº
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PERRENOUD, P. Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,
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SELLTIZ et al. Métodos de pesquisa das relações sociais. São Paulo: Editora Herder, 1965.
SERNA, Manuel Cebrián de la. "Los videos didácticos: claves para su producción y
evalucion". Revista Digital Pixel Bit, nº 01, 1998. Disponível em:
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TRAJBER, R.; COSTA, L. B. "Avaliando materiais audiovisuais de educação ambiental". In:
TRAJBER, R.; COSTA, L. B. (orgs.) Avaliando a Educação Ambiental no Brasil.
Materiais audiovisuais. São Paulo: Peirópolis: Instituto Ecoar para a Cidadania, 2001.
VIANNA, L. P. Meio Ambiente na Escola: A proposta do MEC. Pátio: Revista Pedagógica.
Ano V nº 19: 26-29, novembro 2001/janeiro 2002.

Artigo recebido em:


26/05/2004

Aprovado para publicação em:


26/10/2004

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ANEXO: QUADRO I - A UTILIZAÇÃO DOS VÍDEOS PELOS EDUCADORES AMBIENTAIS

F NF UV VÍDEOS CITADOS CRITÉRIOS DE ESCOLHA MEDIAÇÃO IN CO AP


"que se encaixem no assunto" Temática Como ilustração
Institucional da empresa Linguagem (duração, faixa etária,
"para ampliar momentos de reflexão,
Documentários gravados da TV objetividade)
sensibilização e cooperação"
Disponíveis para locação Temática
"Ilha Das Flores"
"O buraco branco no tempo" Como ilustração.
As 20 aulas de educação ambiental Temática "(...) o vídeo tá ali, mostra tudo, muito mais do
do Telecurso 2000 que se eu ficar falando duas horas"
"SOS Mata Atlântica"
"(...) o do oceano, que fala sobre
as plantas e animais que vivem no
oceano, o da floresta tropical e o
do lixo, que mostra o aterro Temática
"mostrar o que não foi falado, tem que tirar do
sanitário desde a coleta até Linguagem (adequação à faixa etária)
vídeo o que não foi falado"
chegar no aterro (refere-se ao
vídeo "A turma da Limpeza"). Os
três são um desenho animado..".
Legenda: "Itálico" = Falas extraídas das respostas F = Educação Formal NF = Educação Não Formal UV = Usa vídeo
IN = Informação / Conhecimento CO = Sensibilização / Conscientização AP = Atitudes / Habilidades / Participação

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QUADRO I - A UTILIZAÇÃO DOS VÍDEOS PELOS EDUCADORES AMBIENTAIS (CONTINUAÇÂO)

F NF UV VÍDEOS CITADOS CRITÉRIOS DE ESCOLHA MEDIAÇÃO IN CO AP


"O Buraco Branco no Tempo",
Temática "Como fonte de informação e reflexão.
entrevistas com os professores
"(...) possibilitando dimensionar outros Geralmente são passados antes do lanche para
Rubem Alves, Marcos Sorrentino e
pontos de vista ou que a turma tenha tempo para refletir sobre
Cacá Diegues, "Sun Screen",
ampliando a discussão do tema" eles"
"Inversões", "Gota a Gota"
"Para preparar e provocar uma discussão em
Não citou títulos, mas relatou uma "(...) que apresentam possibilidade de grupo, que em seguida, busca-se resultados das
divisão de opiniões no órgão que atingir os objetivos de transmissão e diferentes opiniões, agregando valores. Para
representa entre vídeos que tenham sensibilização da mensagem (...) levando- ilustrar e memorizar os assuntos já abordados.
enfoque mais holístico e os "menos se em conta as questões cognitivas da Para sistematizar práticas operacionais que
filosóficos" comunicação." deverão ser aplicadas focalizando a educação
ambiental."
"(...) como reforço da teoria, mas sabe como
é... cada professor acaba trabalhando de um
Planeta Terra Temática
jeito próprio, com discussões depois, mas não
sai muito disso."

Legenda: "Itálico" = Falas extraídas das respostas F = Educação Formal NF = Educação Não Formal UV = Usa vídeo
IN = Informação / Conhecimento CO = Sensibilização / Conscientização AP = Atitudes / Habilidades / Participação

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QUADRO I - A UTILIZAÇÃO DOS VÍDEOS PELOS EDUCADORES AMBIENTAIS (CONTINUAÇÃO)

F NF UV VÍDEOS CITADOS CRITÉRIOS DE ESCOLHA MEDIAÇÃO IN CO AP


"Coleção da Enciclopédia
"Primeiro fazemos uma introdução do assunto,
Britânica", da Discovery Channel, Temática
daí passamos o vídeo, e depois a discussão a
da Editora Globo, de SPJ Linguagem (imagens, duração)
respeito, ver o que dá para tirar do vídeo"
Produções
"Assim, agente recebe a escola aqui, damos
"(...) os enviadas pelo Instituto algumas informações gerais sobre o lugar
Temática
Florestal de São Paulo e as da primeiro, depois algumas noções de educação
"(...) e pela duração... assim entre 10 e 15
WWF, uma ong americana" ambiental, e depois vamos arrastando para o
minutos."
"A Reserva da Biosfera" tema do vídeo. Depois passamos o vídeo e
vamos para a trilha."
"A gente sempre pega os que falam de
lixo e reciclagem, porque aqui nós não
"Ilha das Flores" temos coleta diária de lixo, as pessoas
"Apresentamos o vídeo e vamos para a prática"
"A turma da Limpeza" enterram ou queimam o lixo, é um
problema nosso, particular, porque a
escola aqui é rural. (...)"
Legenda: "Itálico" = Falas extraídas das respostas F = Educação Formal NF = Educação Não Formal UV = Usa vídeo
IN = Informação / Conhecimento CO = Sensibilização / Conscientização AP = Atitudes / Habilidades / Participação

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QUADRO I - A UTILIZAÇÃO DOS VÍDEOS PELOS EDUCADORES AMBIENTAIS (CONTINUAÇÃO)

F NF UV VÍDEOS CITADOS CRITÉRIOS DE ESCOLHA MEDIAÇÃO IN CO AP


"A gente tem que escolher os que tem
"O vídeo é assim para dar o primeiro impacto,
"os que vieram do Ministério do assim... uma figura com quem eles se
para pegar e falar "tá aí, ó !" Depois é que a
Meio Ambiente. (...) do Consórcio identifiquem, como esses que eu falei que
gente entra explicando
do Rio Piracicaba" vieram do Ministério, daí as crianças
tudo !"
prestam atenção."
Temática "(...) para reforçar o conteúdo da aula, para
Linguagem (adequação à idade dos frisar bem, para marcar, para ela poder ver o
"A turma da Limpeza"
alunos) assunto... às vezes foi falado de uma indústria,
"Viravolta"
"O conteúdo tem que estar de acordo por exemplo, e você não pode visitar lá, daí o
"O Reciclador Solidário"
com o que foi visto em sala de aula, tem vídeo faz isso pra criança, ela tem acesso a um
"Ilha das Flores"
que reforçar e acrescentar o que foi visto lugar ou assunto que ela não teria
com os professores." normalmente."
"Ele pode servir para uma pré-atividade na
"Acqua"
introdução de determinado assunto, para
"Agressão ao Homem", "O Contra "De acordo com a temática em estudo e
debates ou para encerramento do mesmo;
Ataque das Bactérias - os avaliação quanto à adequação na forma
depende do vídeo, do assunto e da metodologia
antibióticos não fazem efeito", de abordagem que o vídeo propõe"
do professor."
"Procel - Energia da Vida"

Legenda: "Itálico" = Falas extraídas das respostas F = Educação Formal NF = Educação Não Formal UV = Usa vídeo
IN = Informação / Conhecimento CO = Sensibilização / Conscientização AP = Atitudes / Habilidades / Participação

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QUADRO I - A UTILIZAÇÃO DOS VÍDEOS PELOS EDUCADORES AMBIENTAIS (CONTINUAÇÃO)

F NF UV VÍDEOS CITADOS CRITÉRIOS DE ESCOLHA MEDIAÇÃO IN CO AP


"Várias formas... congelando imagens, fazendo
comentários de linguagem, comentários de
a trilogia "Koyaanisqatsi", "Ilha da linguagem audiovisual mesmo, fazendo relações
"(...) o primeiro é temático, o conteúdo,
Flores", "Dívida da Vida" da arquitetura com o porquê do cara ter
na verdade vejo se o conteúdo tem
"Arquitetura da Destruição", enquadrado daquele jeito... fazemos debate,
pertinência, qualidade técnica, imagens,
"Paisagens Urbanas" chamamos gente de fora para debater...
enquadramento, movimentação de
"(...) aqueles mais temáticos para arquitetura é linguagem, intervenção do homem
câmera."
casos específicos." no espaço, por isso que eu acho que tudo tem a
ver... educação ambiental, arquitetura e
audiovisual..."
Legenda: "Itálico" = Falas extraídas das respostas F = Educação Formal NF = Educação Não Formal UV = Usa vídeo
IN = Informação / Conhecimento CO = Sensibilização / Conscientização AP = Atitudes / Habilidades / Participação

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