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O trabalho alienado inverte essa relação até que o homem, precisamente porque é um
ser consciente, faz da sua atividade vital, de sua essência, apenas meio para a sua
existência (312)
Por isso, na medida em que arranca ao homem o objeto da sua produção, o trabalho
alienado arranca-lhe a sua vida genérica, a sua real objetividade genérica, e
transforma sua vantagem sobre o animal na desvantagem de lhe ser retirado o seu
corpo inorgânico, a natureza. (313)
Em geral, a proposição de que ao homem está alienado o seu ser genérico significa
que o homem está alienado do outro, tal como cada um está alienado de sua essência
(wesen) humana. (314)
No mundo real prático, a auto alienação só pode aparecer através da relação real
prática com outros homens. O meio pelo qual a alienação procede é ele próprio um
meio prático. Pelo trabalho alienado o homem gera, portanto, não só a sua relação
com o objeto e o ato da produção como homens alienados e hostis a ele; [...] (316)
Nota de roda pé: A alienação do ser genérico humano para Marx (2015:340) é uma
condição histórica, principalmente envolvendo a mercadoria como resumo do processo
de alienação da produção. A conceituação de alienação no jovem Marx é a
exteriorização desprovida de humanidade e coisificada num movimento independente
ao seu produtor (o homem), a esse respeito dois excertos são esclarecedores:
“finalmente, a exterioridade do trabalho para o trabalhador aparece no fato de que ele
não é [trabalho] seu, mas de um outro, em que ele não lhe pertence, em que nele não
pertence a si próprio, mas a um outro. (MARX 2015:309). E “se o produto do trabalho
não pertence ao trabalhador, é um poder alienado frente a ele, então isso só é
possível porque ele pertence a outro homem fora o trabalhador. Se a sua atividade é
para ele tormento, então deve ser fruição para um outro e alegria de viver de um outro.
Não os deuses, não a natureza, só o próprio homem pode ser esse poder alienado
sobre o homem”. (MARX 2015:315,316).
O homem – por muito que seja portanto um indivíduo particular e, precisamente, a sua
particularidade faz dele um indivíduo e uma comunidade (gemeinwesen) individual real
– é tanto a totalidade, a totalidade ideal, a existência subjetiva para-si da sociedade
sentida e pensada como também existe na realidade, quer como uma totalidade de
expressão humana de vida. Portanto, pensar e ser são decerto diferentes, mas
simultaneamente estão em unidade um com o outro. (348)
Ideologia alemã
[...] uma classe que configura a maioria dos membros da sociedade e da qual emana a
consciência da necessidade de uma revolução radical, a consciência comunista, que
também pode se formar, naturalmente, entre as outras classes, graças à percepção da
situação de classe;[...] enquanto a revolução comunista volta-se contra a forma da
atividade existente até então, suprime o trabalho e supera a dominação de todas as
classes ao superar as próprias classes, pois essa revolução é realizada pela classe
que, na sociedade, não é mais considerada como uma classe, não é reconhecida
como tal, sendo já a expressão da dissolução de todas as classes, nacionalidades
etc., no interior da sociedade atual[...] P. 41-2
Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou pelo que
se queira. Mas eles mesmo começam a se distinguir dos animais tão logo começam a
produzir seus meios de vida, passo que é condicionado por sua organização corporal.
Ao produzir seus meios de vida, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida
material. [...] Tal como os indivíduos exteriorizam sua vida, assim são eles. O que eles
são coincide, pois, com sua produção, tanto com o que produzem como também com
o modo como produzem. O que os indivíduos são, portanto, depende das condições
materiais de sua produção P. 87
Artigos de honneth
Deleuze: para nós o intelectual teórico deixou de ser um sujeito, uma consciência
representante ou representativa. Aqueles que agem e lutam deixaram de ser
representados, seja por um partido ou um sindicato que se arrogaria o direito de ser a
consciência deles. Quem fala e age? Sempre uma multiplicidade, mesmo que seja na
pessoa que fala ou age. Nós somos todos pequenos grupos. Não existe mais
representação, só existe ação: ação de teoria, ação de prática em relações de
revezamento ou em rede. P 130 deleuze defende um profundo atomismo na vida
política
Foucault: é por isso que a teoria não expressará, não traduzirá, não aplicará uma
prática; ela é uma prática. Mas local e regional, como você diz: não totalizadora. Luta
contra o poder, luta para fazê-lo aparecer e feri-lo onde ele é mais invisível e mais
insidioso. Luta não para uma “tomada de consciência” (há muito tempo que a
consciência como saber está adquirida pelas massas e que a consciência como
sujeito está adquirida, está ocupada pela burguesia), mas para a destruição
progressiva e a tomada de poder ao lado de todos aqueles que lutam por ela, e não na
retaguarda, para esclarecê-lo. Uma “teoria” é o sistema regional dessa luta. P 132
Foucault: isso quer dizer que a generalidade da luta certamente não se faz por meio
da totalização de que você falava há pouco, por meio da totalização teórica, da
“verdade”. O que dá generalidade à luta é o próprio sistema do poder, todas as suas
formas de exercício e aplicação. P 142
Nenhuma classe da sociedade civil pode desempenhar esse papel sem despertar, em
si e nas massas, um momento de entusiasmo em que ela se confraternize e misture
com a sociedade em geral, confunda-se com ela, seja sentida e reconhecida como sua
representante universal; [...] para que um estamento [stand] se afirme como um
estamento de toda a sociedade, é necessário que, inversamente, todos os defeitos da
sociedade sejam concentrados numa outra classe, que um determinado estamento
seja o do escândalo universal, (p. 154)
Parte desprezada
sua postura é humanística tornar possível uma objetivação tendo a política meio, por isso chega
a afirmar:
Da relação do trabalho alienado com a propriedade privada, segue-se ainda que a
emancipação da sociedade da propriedade privada [...] da emancipação dos
trabalhadores não como se se tratasse apenas da emancipação deles, mas antes porque
na sua emancipação está contido todo o humano (allgemein menschliche) – este,
todavia, está aí contido porque toda a servidão humana está envolvida na relação do
trabalhador com a produção e todas as relações de servidão são apenas modificações e
consequências dessa relação. (MARX 2015:319)