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O Interferômetro de Michelson,

a refutação da hipótese do éter e duas aplicações

Angelo E. S. Hartmann1
1
Graduando em Física Bacharelado
Instituto de Matemática, Estatística e Física - IMEF
Universidade Federal do Rio Grande - FURG

17 de junho de 2016

Resumo
O Interferômetro de Michelson cumpriu o papel contrário ao seu objetivo inicial: constatar evidências
empíricas favoráveis à hipótese do éter. O experimento foi capaz de mostrar, pela via negativa, que não
há direção privilegiada para a propagação da luz e, com isso, tornou insustentável a hipótese de um meio
pelo qual, à semelhança das ondas sonoras, a luz se propaga - o éter. Ao refutar a ideia de um referencial
privilegiado, Michelson tornou explícito, a partir da experiência, o conflito lógico entre as Transformações
de Galileu e as Equações de Maxwell e criou a necessidade incontornável de uma nova mecânica. Além
da sua contribuição histórica, o Interferômetro de Michelson foi aplicado durante o Século XX em
diversas áreas da Física por sua geometria específica e pela alta capacidade de precisão. Este trabalho
apresenta-se como uma tentativa tanto de situar o Experimento de Michelson no desenvolvimento da
Física Moderna, quanto de reproduzi-lo, numa versão simplificada, para medir o comprimento de onda
do laser de N e − He e o índice de refração do CO2.

1 Introdução: a situação histórica para qualquer referencial inercial.


O Interferômetro de Michelson assume justa-
Com o artigo On the Electrodynamics of Moving Bo- mente o papel de testar a hipótese do éter: os resul-
dies [4], publicado em 1905, Einstein propõe que o tados negativos obtidos por A. Michelson, em 1881
Princípio da Relatividade Galileana deva ser válido [7], e com melhor precisão na companhia de E. Mor-
não apenas para a mecânica, como também para o ley, em 1886 [8], consistiram na eliminação de um dos
eletromagnetismo e a ótica. De fato, os resultados maiores erros da História da Física e, desse modo, re-
de observações astronômicas em ótica, realizados no presenta um experimento decisivo para o surgimento
Século XVIII por James Bradley e François Arago, de uma nova Física no início do Século XX.
mostraram a impossibilidade de se evidenciar o mo-
vimento absoluto da Terra. Este se tornou o princi-
pal suporte empírico para o princípio assumido por
2 Michelson e a refutação do éter
Einstein.
2.1 Alguns Precedentes históricos
O conflito lógico entre as Leis de Newton, por
um lado, e as Equações de Maxwell, por outro, só Consideramos, a seguir, quatro resultados que leva-
existia, na concepção de Einstein, porque se man- ram Michelson a construir uma nova, e derradeira,
tinha, equivocadamente, a hipótese de um referen- forma de testar o meio hipotético do éter.
cial privilegiado - o sistema em repouso do éter [11]. (I) A aberração de Bradley (1727). O primeiro
Eliminando-se a hipótese do éter e corrigindo-se as consiste na "aberação estelar": o fato de a posição
Transformações de Galileu para os fenômenos óti- das estrelas fixas em relação à Terra variar de acordo
cos, isto é, para fenômenos cuja velocidade seja da com o movimento orbital do planeta ao redor do Sol.
ordem da velocidade da luz, seria possível e racional, James Bradley (1683-1762) entendeu que o fenômeno
na compreensão do jovem Einstein, assumir um pos- era devido ao fato de a velocidade da luz ser finit:
tulado que garantisse a invariância das leis da Física se considerarmos o conjunto velocidade da luz c e

1
2 MICHELSON E A REFUTAÇÃO DO ÉTER 2

velocidade de deslocamento da Terra v, então a dire- tein, em 1905 [4], ao postular que todas as leis da
ção aparente da estrela fixada descreve uma pequena Física são invariantes em referenciais inerciais.)
elipse, muito próxima a um circulo de diâmetro an- Maxwell propôs que as leis dos fenômenos elé-
gular α = vc , onde α é o "parâmetro de aberração". tricos e magnéticos (obtidas por Gauss, Faraday,
(II) Observação astronômica de Arago (1810). O Ampère e complementadas por Maxwell), até então
segundo resultado que tem grande impacto na Física entendidos como sendo de naturezas distintas, tra-
do Século XIX foi obtido em 1810 pelo astrônomo tam de uma única realidade - campo eletromagnético
François Arago (1786-1853) em contraposição à te- - e podem ser descritas por um conjunto de quatro
oria corpuscular de I. Newton (1643-1727). Arago equações fundamentais, conhecidas como as Equa-
concluiu que o ângulo de refração da luz proveniente ções de Maxwell. Todas as componentes dos campos
das estrelas, ao incidir sobre um prisma, independe eletromagnéticos satisfazem a equação da onda uni-
da velocidade de arrasto da Terra. De acordo com a dimensional
teoria de Newton, as diferentes velocidades dos cor-
púsculos deveriam ser modificadas pelo movimento ∂E 2
2∂ E
de arrasto da Terra, afetando o ângulo de refração = c , (2)
∂t2 ∂x2
com a mesma [11].
cuja velocidade de propagação,
Por outro lado, a teoria ondulatória da luz, pro-
posta por Augustin Fresnel (1788 − 1827), tomava a 1
c= √ , (3)
luz, à semelhança das ondas sonoras, como uma com- εo µ o
binação de oscilações periódicas de um meio mate- depende das propriedades elétricas e magnéticas do
rial, o éter, imóvel no espaço absoluto. A velocidade meio [3]. De acordo com [10], as constantes
da luz em um meio refringente de índice n em re-
10−9 F
 
pouso, com relação ao éter, é V = c/n. Se o meio εo ∼
= (4)
refringente está em movimento com velocidade v, a 4π x 8.98755 m
velocidade da luz sofre uma modificação dada por
H
 
µo ∼
= 4π x 10−7 (5)
c m
0
V = ± α0 v, α=1−n . 2
(1)
n são, respectivamente, denominadas constante de per-
Aqui, o termo α0 é o "coeficiente de Fresnel", inserido missividade elétrica do vácuo e constante de perme-
em 1818 como o "arrastamento parcial do éter"pelos abilidade magnética do vácuo. Decorre dos valores
corpos que o atravessam. empíricos das Eq.4 e 5 que a velocidade de propaga-
ção das ondas eletromagnéticas no vácuo é da ordem
(III) Experimento de Fizeau (1851). Em 1851,
de
o físico francês Hypollite Fizeau (1819-1896) desen-
8 m
 
volve um experimento que "materializa"a fórmula de ∼
c = 2, 99792 x 10 . (6)
Fresnel, dividindo um raio luminoso ao atravessar s
um tubo duplo de ar e de corrente de água (de ín- Maxwell concluiu, de forma inescapável, que a luz é
dice n e velocidade v) que, em seguida, se recombi- uma onda eletromagnética e tem velocidade de pro-
nam e formam um padrão de interferência. Com este pagação c, colocando os fenômenos óticos sob domí-
experimento de "primeira ordem", isto é, proporcio- nio de natureza eletromagnética. A concepção que
nal à razão v/c, Fizeau elimina a possibilidade de Maxwell tinha de onda, no entanto, que era a concep-
um arrastamento total do éter, hipótese assumida ção dominante entre os físicos do Século XIX, estava
em teorias que se apresentaram na época como al- restrita à ideia de perturbação de um meio mate-
ternativas àquelas de Fizeau e de Maxwell-Lorentz rial. Está, dessa forma, explicitamente consolidada
[11]. nas conclusões de Maxwell a hipótese do éter como
(IV) Maxwell e a unificação dos fenômenos elétri- o "suporte material das ondas eletromagnéticas"[6],
cos, magnéticos e óticos. A segunda grande síntese [10].
da História da Física ocorreu com o artigo "A Dy- Outros experimentos continuaram sendo feitos
namical Theory of the Eletromagnetic Field"[6] pu- com o objetivo de detectar variações nas leis da ótica
blicado em 1865 por James C. Maxwell (1831-1879). para sistemas ditos "em repouso"e "em movimento".
(A primeira grande síntese foi feita por Newton, com Em outras palavras, buscava-se determinar as va-
o Principia [9], ao unificar as leis do movimento pla- riações que um sistema ótico (fonte, rede ou instru-
netário, de Kepler, com a lei da inércia, de Galileu. mento ótico, receptor, observador) sofre quando está
A terceira grande síntese foi consolidada por Eins- em movimento em relação a um referencial inercial
2 MICHELSON E A REFUTAÇÃO DO ÉTER 3

e quando está em repouso em relação ao mesmo re- Os termos entre parênteses são constantes no tempo;
ferencial inercial. logo, podem ser escritos na forma
Nesse sentido, Eleuthère Mascart (1837-1908) es-
tudou em 1874 fenômenos óticos arrastados no mo- E0 cos(α) = E01 cos(α1 ) + E02 cos(α2 ); (15)
vimento da Terra (difração, refração, dupla refração E0 sin(α) = E01 sin(α1 ) + E02 sin(α2 ). (16)
e polarização rotatória). A série de experimentos
realizada por Albert A. Michelson (1852-1931) foi A perturbação resultante pode, então, ser represen-
direcionada ao estudo de interferências óticas. Por tada por
meio delas, Michelson se propôs a detectar o meio
hipotético pelo qual a luz se propaga a partir de um E = E0 cos(α) sin(wt) + E0 sin(α) cos(wt)
sistema ótico em repouso em relação à Terra. Mas
antes de apresentarmos o arranjo elaborado por Mi- ou
chelson, vamos esboçar a física dos fenômenos que
E = E0 sin(wt + α). (17)
resultam de interferências óticas.
Para obter a amplitude E0 , elevamos as Eqs. (11),
2.2 A Física da Interferência (12) ao quadrado e aplicando a relação de Pitágoras,
Uma solução possível da Equação Diferencial da cos (α) + sin (α) = 1, temos que
2 2

Onda 2.1, pode ser escrita na forma


E02 = E01
2
+ E02
2
+ 2E01 E02 cos(α2 − α1 ). (18)
E(x, t) = E0 sin[wt − (kx + )], (7)
A fase α da onda resultante pode ser obtida
onde E0 é a amplitude de propagação da onda na di- dividindo-se a expressão (12) pela (11):
reção positiva do eixo x, w a frequência angular da
oscilação, k o número de onda e  um "incremento"na E01 sin(α1 ) + E02 sin(α2 )
tan(α) = . (19)
fase da onda [3]. Podemos separar as partes espacial E01 cos(α1 ) + E02 cos(α2 )
e temporal da fase de onda escrevendo
Segue da Eq. (13) que a onda resultante é harmônica
α(x, ) = −(kx + ) (8) e tem a mesma frequência que suas ondas constituin-
tes, mas sua amplitude E0 , Eq. (14), e fase α, Eq.
e, com isso, reescrevemos a Eq. (2) na forma
(15), são diferentes das originais.
E(x, t) = E0 sin(wt + α(x, )). (9) A intensidade de uma onda de luz, definida como
o fluxo de densidade de energia por unidade de área
Se considerarmos duas ondas, por unidade de tempo, é a média temporal da mag-
E1 = E01 sin(wt + α1 ) (10) nitude do vetor de Poynting,
E2 = E02 sin(wt + α2 ), (11) cεo E02
I = hSiT = , (20)
se propagando com mesma frequência, mesma velo- 2
cidade e no mesmo sentido, a perturbação resultante onde c é a velocidade da luz e εo a constante de per-
será uma superposição linear destas duas ondas: missividade no vácuo. A média temporal de uma
E =E +E . 1 2 (12) função f (t) em um intervalo T é, por definição,
Z t+ T
Usando a identidade trigonométrica 1 2
hf (t)iT = f (t)dt. (21)
T t− T2
sin(a + b) = sin(a) cos(b) + cos(a) sin(b),
obtemos das Eqs. (5) e (6) No nosso caso, segue da Eq. (14) uma contribui-
ção adicional à intensidade da onda resultante, dada
E = E01 [sin(wt) cos(α1 ) + cos(wt) sin(α1 )] (13) pelo termo
+E02 [sin(wt) cos(α2 ) + cos(wt) sin(α2 )] .
2E01 E02 cos(α2 − α1 ).
Colocando em evidência os termos dependentes do
tempo, Este é o termo responsável pelo fenômeno da inter-
ferência: mais especificamente, a diferença de fase
E = [E01 cos(α1 ) + E02 cos(α2 )] sin(wt) (14)
+ [E01 sin(α1 ) + E02 sin(α2 )] cos(wt) δ ≡ α2 − α1 (22)
2 MICHELSON E A REFUTAÇÃO DO ÉTER 4

é o fator que causa interferência construtiva, se um fator muito pequeno para os instrumentos de me-
dição que se tinham na época.
δ = 2nπ, (n = 0, ±1, ±2, ...) (23) O fator agravante, apenas mencionado na Intro-
dução 1, consiste no conflito lógico entre as Equações
e interferência destrutiva, se de Maxwell e as Transformações de Galileu, pedra de
toque da Física Newtoniana (ou seja, pedra de to-
δ = (2n + 1)π, (n = 0, ±1, ±2, ...) (24)
que de toda a Física na época!). Essa é outra grande
contribuição feita por Maxwell: ao unificar o Eletro-
As ondas constituintes são ditas em fase no caso de
magnetismo e a Ótica, fez germinar na Física uma
a interferência ser construtiva e fora de fase, se a
situação lógica aberta a uma nova e ainda mais pro-
interferência é destrutiva.
funda revolução. Se com os feitos de Maxwell, havia
Sendo d a diferença de caminho ótico percorrido
se instalado uma situação de revisão da mecânica,
pelos feixes, obtemos os máximos de interferência
com os resultados de Michelson, consolidou-se a ne-
pela relação
cessidade de uma nova mecânica [16].
2N É preciso, portanto, tecer brevemente alguns co-
λ= cos θ, (25)
d mentários sobre a física galileana. Como pensada
por Galileu, a inércia de um sistema físico é a ten-
que será a equação a ser utilizada na sessão 3 para dência natural que o sistema tem de permanecer em
calcular o comprimento de onda do He-Ne (Hélio- seu estado original de repouso ou movimento retilí-
Neon). neo uniforme.
S '
2.3 O Interferômetro de Michelson
Conforme mencionado seção 2.1, até o Século XIX,
só fazia sentido falar em ondas enquanto perturba- S

ções que se propagam em um suporte material. No


caso das ondas sonoras, a velocidade de propagação
do som é medida no referencial no qual o meio ou r '
suporte material está em repouso. (A uma tempera-
r
tura de 20 °C, a propagação do som no ar é ∼ 340
m/s.)
R
A formulação dada por Maxwell às leis do Eletro-
magnetismo colocou uma questão fundamental para
a medição da velocidade da luz: se a velocidade de
propação das ondas sonoras é medida em relação ao Figura 1: Relação entre os referenciais inerciais S e
referencial no qual o seu suporte material está em S’.
repouso, será que no caso das ondas eletromagnéti-
cas existe um referencial especial ou privilegiado no O conteúdo físico da inércia consiste em afirmar que
qual as ondas estão em repouso e, portanto, seja este a velocidade de um sistema não e altera instantane-
o referencial no qual a velocidade c deva ser medida? amente. Referenciais inerciais são aqueles nos quais
A hipótese subjacente a questões desse tipo, como o são válidas as Leis de Newton na sua forma mais
leitor já imagina, é a hipótese do éter. simples. As Leis de Newton, por sua vez, são inva-
Uma das principais dificuldades envolvidas na re- riantes na classe dos referenciais inerciais. O vetor
solução dessa questão é a ordem de grandeza de de- posição r de um ponto material P em um sistema
tecção da velocidade de tal meio hipotético. Pode- inercial S’, relativo a S, pode ser expresso como
mos conceber isso facilmente se pensarmos o éter
"apoiando-se"na velocidade orbital da Terra, algo da r = R + r’, (28)
ordem de
onde R é o vetor posição da origem do sistema S’ em
vorb = 3, 0 x 10 m/s.4
(26) relação a S e r’, o vetor posição de P em S’. A varia-
ção temporal da relação acima, em primeira ordem,
A razão entre vorb e c, cf. 6, consiste em um fator é dada por

vorb ∼ −4 d d
= 10 , (27) (r) = (R + r’), (29)
c dt dt
2 MICHELSON E A REFUTAÇÃO DO ÉTER 5

que, denotando por v a velocidade de P em rela- o espelho P1 e o anteparo S1 (definida como sendo
ção a S, V a velocidade de S’ em relação a S e v’ a paralela ao movimento orbital da Terra) é
velocidade de P no referencial S’, obtemos
t1 = tida + tvolta
v = V + v’, (30) l l
= +
c+V c−V
conhecida como a Soma de Velocidades Galileana. (c − V ) + (c + V )
= l
Um detalhe crucial na passagem da Eq. 42 para a c2 − V 2
Eq.43 é o fato de a variação temporal ser a mesma 2lc
= 2
em ambos referenciais S e S’. Nas palavras de New- c −V2
ton, "todos os movimentos podem ser acelerados e 2l 1
retardados, mas o fluxo do tempo absoluto não é t1 = . (32)
c 1 − V 2 /c2
propenso a qualquer mudança"[9]. Com Einstein, a
compreensão do tempo passa por uma revisão estru- De modo semelhante, o tempo t2 que o feixe leva
tural, cuja medida passa a depender da velocidade para percorrer a distância l entre o espelho P1 e o
da luz como padrão objetivo da medida do tempo. anteparo S2 (agora, perpendicular ao movimento or-
Pela soma galileana de velocidades, podemos bital da Terra) é, pelo Teorema de Pitágoras,
constatar, de acordo com a hipótese dominante, que
ct2 2 V t2 2
   
o suporte material no qual a propagação da luz es- = + (l)2
taria em repouso deveria corresponder a 2 2
t22 2
(c − V 2 ) = (l)2
v’ = vorb − c (31) 4
2l
t2 = √
onde V corresponde à velocidade da luz c. c −V2
2
A forma elaborada por Michelson para testar a 2l 1
t2 = . (33)
hipótese do éter é ilustrada na Figura 2 e consiste, c 1 − V 2 /c2
p
a partir de uma geometria bem definida, em fazer
incidir sobre um espelho semi-transparente P1 , loca- Defini-se a quantidade adimensional (equivalente à
lizado a 45°da fonte Q, um feixe de luz monocromá- "aberração"de Bradley 2.1)
tica, dividindo-o em dois, que incidem nos espelhos
v
S1 e S2 e são refletidos novamente para um receptor β≡ . (34)
F. O espelho semi-transparente P2 compensa o fato c
de o feixe atravessar duas vezes o espelho P1 . Então, por aproximação binomial, reescrevemos as
Eqs. 46 e 33 como

(1 − β 2 )−1 ∼
= 1 + β2
2l
t1 = (1 + β 2 ) (35)
c
e
1
(1 − β 2 )−1/2 ∼
= 1 + β2
2
2l 1 2
 
t2 = 1+ β . (36)
c 2

Segue-se que a variação temporal

l
∆t = t2 − t1 = β 2 . (37)
c
Figura 2: O Interferômetro de Michelson. Extraído
de [1]. Possibilidades: Se ∆t = 0, ou seja, se o referencial
do éter é a própria Terra), não há diferença de ca-
Pela Soma de Velocidades de Galileu, o tempo minho ótico e a interferência é construtiva; Se ∆t =
t1 que o feixe leva para percorrer a distância l entre 12 T , isto é, corresponder à metade do período T da
3 APLICAÇÕES 6

onda, a interferência é destrutiva. Como T c = λ, Mais recentemente, o Interferômetro de Michel-


interessa-nos a razão T , ou seja,
∆t
son tornou-se fundamental no estudo espacial de at-
mosferas [14] e na busca pela detecção direta das
∆t l β2 ondas gravitacionais por meio do VIRGO Interfe-
=
T c λ/c rometer [15]. Iniciado em 1993 numa colaboração
l 2 entre Itália, França, Holanda, Polônia e Hungria, o
= β
λ VIRGO possui braços de 3 km de comprimento cada
= δm, (38) e uma sensibilidade de até 10 GHz e está atualmente
em operação.
onde δm denota o deslocamento em termos do nú-
mero de franjas. Duas aplicações bastante simples do Interferô-
Nos primeiros experimentos realizados em 1881, metro de Michelson consistem na determinação de
os braços do interferômetro tinham um comprimento comprimentos de onda e na medição do índice de
l∼= 1, 2m cada e λ = 600nm (luz amarela) [10]. Para refração de gases. Apresentamos, a seguir, a meto-
β estimado em ∼ 10−4 , deveria-se obter um desloca- dologia desenvolvida para efetuar tais experimentos.
mento δm da ordem de

|δm| ∼ 0, 4 x 107 x 10−8 ∼ 0, 04 de franja. (39)


3.1 Determinação do comprimento de
Como o limite de precisão do experimento era de onda do He-Ne
10−2 , o deslocamento, se tivesse acontecido, teria sid
detectado por Michelson. E, no entanto, o resultado A instrumentação utilizada é uma versão do In-
foi nulo! Nenhum deslocamento foi detectado. terferômetro de Michelson elaborada pela indústria
Michelson considerou a possibilidade de a veloci- alemã Phywe Systeme GMBH [12] e consiste basi-
dade orbital da Terra ser diferente da velocidade da camente nos seguintes componentes, comuns a am-
Terra relativa ao éter. Em outras palavras, poderia- bos experimentos que serão executados: uma base
se supor que o referencial do meio hipotético "cami- com suporte variável, uma haste de suporte de aço
nha"com a Terra. Isso levou Michelson e Morley a inoxidável 600mm, um laser de He-Ne (Hélio-Neon),
repetirem o experimento diversas vezes, em diferen- 0, 5mW (Figura 3), um suporte de lentes e uma lente
tes estações do ano, de 1881 a 1886, na tentativa de de f = +20mm (Figura 4) e o Interferômetro de Mi-
captarem uma fase do movimento orbital da Terra chelson (Figura 5).
na qual Terra e éter estariam se movendo em sen-
tidos diferentes. E o resultado continuou o mesmo:
nulo!
A partir do resultado de Michelson, por quase
duas décadas a Física esteve mergulhada em uma
situação problemática na qual ou as leis do Eletro-
magnetismo estão incorretas ou as Transformações
de Galileu não são válidas para o domínio eletro-
magnético. Uma nova revolução estava a caminho!

3 Aplicações
Devido à sua geometria específica de recombinação
de feixes de luz e ao alto nível de precisão, o Inter-
ferômetro de Michelson permite uma gama de aplica- Figura 3: Fonte Laser de He-Ne, 0, 5mW .
ções. Se utilizarmos feixes de luz colimada, obtemos
uma variante do Interferômetro original conhecida
por Interferômetro de Twyman-Green, introduzido O laser deve ser alinhado de modo a incidir com
em 1916 para testar sistemas óticos. Outra vari- um ângulo de 45°com o espelho semitransparente.
ante é o Interferômetro de Mach-Zehnder, desenvol- Para se obter um número maior de franjas de inter-
vido independente por Ludwig Zehnder em 1891 [17] ferência no anteparo, os espelhos do interferômetro
e Ernst Mach em 1892 [5] com um espelho semi- precisam ser ajustados antes de colocarmos a lente
refletor a mais que o arranjo original. convergente entre a fonte do laser e o interferômetro.
3 APLICAÇÕES 7

de laser e o espelho semitransparente. Ao incidir so-


bre o espelho semitransparente, o laser é dividido em
dois feixes, um em direção ao espelho fixo M1 e o ou-
tro na direção do espelho móvel M2 . Ambos feixes
são novamente refletidos para o espelho semitrans-
parente e atingem o anteparo formando um padrão
de franjas circulares de interferência, como ilustra a
Figura 7.

Figura 4: Suporte de lentes e uma lente com f =


+20mm.

Figura 7: Padrão de Interferência: franjas circulares.

3.2 Índice de refração do ar


O Interferômetro de Michelson também pode ser
Figura 5: Interferômetro de Michelson. aplicado para medir o índice de refração do ar, que
denotaremos por nar . Seguindo os passos efetuados
Para isso, o espelho que durante o experimento fi- no Technical report da Phywe [12], vamos deduzir a
cará fixo, deve ser ajustado até que os dois feixes de relação entre nar , a pressão ambiente po e o com-
laser, ao atingirem o anteparo, coincidam num único primento de onda λ usado para gerar a interferência
ponto. Esse alinhamento é o principal ajuste do ex- ótica.
perimento e deve ser feito com bastante cautela, pois O índice de refração do ar depende linearmente
sem ele o padrão de franjas circulares não ocorrerá. da pressão ambiente, de modo que

∆n
n(p) = no + .p, (40)
∆p

onde no = n(p = 0), cujo conteúdo físico implica


que, se p = 0, o vácuo absoluto predomina e no = 1.
A razão ∆n
∆p é obtida experimentalmente e representa
a variação do índice de refração causada por peque-
nas variações na pressão do sistema:

∆n n(p + ∆p) − n(p))


= . (41)
∆p ∆p

Figura 6: Alinhamento dos feixes refletidos antes de O caminho ótico percorrido pelo feixe de luz pode ser
se acoplar a lente com foco f=+20mm. expresso em termos do índice de refração n do gás
que ele atravessa e do comprimento s do recipiente
Em seguida, a lente convergente com foco do gás,
f=+20mm pode ser acoplada ao suporte de lentes, fi-
xado aproximadamente no ponto médio entre a fonte x = n(p)s. (42)
3 APLICAÇÕES 8

Segue-se, de imediato, que a variação da pressão do


gás causa uma variação linear no caminho ótico per-
corrido pelo feixe de luz, ou seja,

∆x = n(p + ∆p) − n(p)s. (43)

Partindo da pressão ambiente po e diminuindo a


pressão do recipiente do gás, observam-se N deslo-
camentos das franjas (ou anéis) de interferência. A
variação de um mínimo a outro mínimo corresponde
a uma variação do caminho ótico por comprimento
de onda λ, de modo que, entre p e ∆p,

Figura 8: Recipiente do ar
∆x = [n(p) − n(p + ∆p)]λ. (44)
Após alinhados os feixes, acopla-se a lente de foco
f=+20mm à base de lentes de forma semelhante ao
Considerando que o feixe atravessa duas vezes o re-
arranjo da seção anterior; deve-se constatar, nesse
cipiente, igualando as Eqs. 43 e 44 e usando a Eq.
momento, a formação de um padrão de franjas de
41, obtém-se
interferência menos nítido que na Fig. 6 devido ao
fato de um dos feixes de lase atravessar quatro vezes
[n(p + ∆p) − n(p)]2s = [n(p) − n(p + ∆p)]λ o recipiente do ar.
∆n ∆N λ
= − (45)
∆p ∆p 2s

Substituindo a Eq.45 na 40, obtemos

∆N λ
n(p) = n(0) − p, (46)
∆p 2s

que é a relação a ser usada para calcular o índice de


refração do ar.
Quanto ao arranjo experimental para medir o ín-
dice de refração do ar, são acrescentados ao arranjo
anterior: o recipiente para armazenar o ar (Fig. 8)
e uma bomba de pressão a vácuo (Fig. 9). Devido à
alta sensibilidade do Interferômetro, seguimos a se-
Figura 9: Bomba de pressão
guinte metodologia: conectamos a bomba de pressão
ao recipiente antes de acoplá-lo ao interferômetro; O índice de refração é medido reduzindo-se a pres-
ainda com a fonte de laser desligada, encaixamos o são interna do recipiente com a bomba; a variação
recipiente do ar à base do interferômetro utilizando de pressão provoca um deslocamento das franjas de
dois parafusos brancos de plástico para fixá-lo. interferência, de modo que a pressão inicial do sis-
Note que o recipiente tem duas aberturas: uma tema é registrada quando ocorre o primeiro desloca-
que é conectada à bomba de pressão a vácuo e a mento das franjas. Segue-se reduzindo lentamente a
outra que, por enquanto, será mantida bem isolada. pressão interna do recipiente até completar um novo
(Para medirmos o índice de refração do CO2, o ci- deslocamento das franjas; registra-se a pressão cor-
lindro de gás carbônico será conectado ao recipiente respondente e repete-se o procedimento até N = 6 ou
por esta abertura.) Em seguida, liga-se a fonte de 7 vezes (mais do que isso pode quebrar o recipiente).
laser e realiza-se, novamente, o alinhamento dos fei- Com a variação de pressão ∆p e o N correspon-
xes refletidos no anteparo (no nosso caso, é a parede dente, pode-se um gráfico N x ∆p, onde a inclina-
do laboratório). ção da reta do gráfico é obtida da razão ∆N /∆p.
4 RESULTADOS 9

Substituindo os valores já conhecidos (∆p, ∆N , λexp ,


s=10mm, pambiente =1,015 bar) na equação Eq. 46,
obtém-se o índice de refração do ar.

3.3 Índice de refração do CO2

Seguindo [12], temos que, da Eq. 40, o caminho ótico


sofre, ao atravessar o recipiente, uma variação

x1 = n1 (2s)
x2 = n2 (2s),

para o ar, com índice de refração n1 e para o CO2, cm


índice de refração n_2, respectivamente. Fazendo a Figura 10: Cilindro de CO2
diferença

(x2 − x1 ) = (n2 − n1 )2s

temos que

∆x
∆n = . (47)
2s

A variação do caminho ótico está diretamente rela-


cionada com o número de deslocamentos de franjas,
de modo que

λ Figura 11: Recipiente do gás


∆x = N . (48)
2

Substituindo a Eq. 48 na 47, temos

λ
∆n = N , (49)
4s

ou de forma equivalente,

λ
n2 = n1 + N . (50)
4s

Assim, conhecido o índice de refração do ar n1 e


λ, pode-se calcular o índice de refração do CO2,
medindo-se as N variações que o gás gera nas franjas Figura 12: Arranjo Experimental para medir o ín-
de interferência. dice de refração do CO2.
Ao arranjo anterior, é acrescentado o cilindro de
CO2 (Fig. 10), que é conectado ao recipiente por 4 Resultados
uma mangueirinha, como mostra a Fig. 11. O ex-
perimento, depois de montado, é mostrado na Fig. Os dados coletados para a medição do comprimento
12. de onda do He-Ne e do índice de refração do CO2 es-
4 RESULTADOS 10

tão relacionados nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. vermelha. O coeficiente de inclinação da reta é dado
Apresentamos, a seguir, a análise dos experimentos por
realizados.
∆N 7−1
= = −8, 823[bar−1 ] (54)
∆p 0, 235 − 0, 915
4.1 Comprimento de onda do He-Ne
e a equação de regressão linear do ajuste é y =
Para medir o comprimento de onda do laser de Ne- 9, 073 − 8, 823x.
He, ajustamos o micromêtro acoplado ao espelho
móvel de modo a obtermos o mínimo de intensidade
no máximo central do padrão de interferência.
Seguimos, então, os seguintes passos: (i) anota-
mos o valor inicial do micrômetro; (ii) Em seguida,
fazemos variar o espelho móvel girando o micrôme-
tro por N = 50 vezes de mínimos que chegam ao
máximo central; (iii) registramos a posição do mi-
crômetro e iniciamos nova contagem.
O comprimento de onda do laser N e−He, forne-
cido pelo Technical Report da Phywe é de 632, 8nm.
A melhor média obtida na determinação experimen-
tal foi de Figura 13: Gráfico da variação ∆ p x N.

λexp = 646, 0[nm], (51) A partir da Eq. 46, temos que, para o comprimento
de onda experimental 51, a uma pressão p = 1, 015
gerando um erro experimental da ordem de mbar, o índice de refração do ar medido é

|646nm − 632, 8nm| nar = 0, 99971. (55)


Erro = .100 = 0, 0208%. (52)
632, 8nm De acordo com [12], valor correspondente do índice
Foram realizadas também medidas com lente de foco de refração do ar, a uma pressão normal p = 1, 013
f=+50mm. Os dados coletados estão registrados na bar, à temperatura de 22 °C e fonte de luz monocro-
Tabela 3. Obtivemos, nesse caso, um erro da ordem mática de comprimento de onda λ = 632, 8nm é n =
de 1, 0026. Obteve-se, assim, um erro da ordem de
|0, 99971 − 1, 000269|
|615, 7nm − 632, 8nm| Erro = .100 = 0, 0558%. (56)
Erro = .100 = 0, 027%, (53) 1, 000269
632, 8nm

que representa um acúmulo maior de erros devido 4.3 Índice de refração do CO2
à dificuldade de se localizar o máximo central e le-
O valor médio de N deslocamentos das franjas ob-
var a cabo uma contagem mais rigorosa dos mínimos.
tido após 10 repetições do experimento foi N̄ = 9, 6.
Nesse caso, a contagem dos mínimos foi gravada com
Assim, pela Eq. (XXX), o índice de refração experi-
uma câmera filmadora comum, com o objetivo de se
mental do CO2 é
obter uma contagem mais precisa dos mínimos e re-
duzir o erro; mas a tentativa não tornou o uso da λ
n2 = n1 + N̄
lente de foco f=+50mm mais precisa que a de foco 4s
f=+20mm. (646, 0nm)
= 0, 99971 + (9, 6)
4(10mm)
= 0, 99971 + 0, 00015504
4.2 Índice de refração do ar
n2 = 0, 99986504. (57)
Os dados coletados constam na Tabela 3, que, a cada
deslocamento N de mínimos de interferência, faz cor- De acordo com [12], o índice de refração do CO2 a
responder a pressão p interna do recipiente, a pressão pressão normal e temperatura 22 °C é n = 1, 000416.
ambiente po e a variação de pressão ∆p. Os dados obtidos contêm um erro experimental da
A partir dos dados medidos, obtém-se um gráfico ordem de
∆p x N , cf. Figura 13, no qual os dados estão re- |0, 99986504 − 1, 000416|
presentados pelos pontos azuais e o ajuste pela reta Erro = .100 = 0, 05507%.(58)
1, 000416
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 11

Tabela 1: Dados coletados para medição do comprimento de onda do Ne-He (f=+20mm).

Posição inicial [m] Posição final [m] Variação d [m] N λ [nm]


0 1,50 x 10−5 1,50 x 10−5 50 600
1,50 x 10−5 3,10 x 10−5 1,60 x 10−5 50 640
3,10 x 10−5 4,80 x 10−5 1,70 x 10−5 50 680
4,80 x 10−5 6,55 x 10−5 1,75 x 10−5 50 700
6,70 x 10−5 8,45 x 10−5 1,75 x 10−5 50 700
8,45 x 10−5 1,005 x 10−4 1,60 x 10−5 50 640
1,005 x 10−4 1,165 x 10−4 1,60 x 10−5 50 640
1,165 x 10−4 1,320 x 10−4 1,55 x 10−5 50 620
1,325 x 10−4 1,500 x 10−4 1,75 x 10−5 50 700
1,500 x 10−4 1,640 x 10−4 1,40 x 10−5 50 560
1,640 x 10−4 1,795 x 10−4 1,55 x 10−5 50 620
1,795 x 10−4 1,960 x 10−4 1,65 x 10−5 50 660

Tabela 2: Dados coletados para medição do comprimento de onda do Ne-He (f=+50mm).

Posição inicial [m] Posição final [m] Variação d [m] N λ [nm]


2,165 x 10−4 2,295 x 10−4 1,30 x 10−5 41 634,1
2,295 x 10−4 2,415 x 10−4 1,20 x 10−5 40 600
2,415 x 10−4 2,560 x 10−4 1,45 x 10−5 49 591,8
2,560 x 10−4 2,680 x 10−4 1,20 x 10−5 39 615,4
2,680 x 10−4 2,795 x 10−4 1,15 x 10−5 50 700
2,795 x 10−4 2,905 x 10−4 1,10 x 10−5 40 550
2,905 x 10−4 3,035 x 10−4 1,30 x 10−5 40 650
3,035 x 10−4 3,130 x 10−4 0,95 x 10−5 36 528
3,130 x 10−4 3,245 x 10−4 1,15 x 10−5 40 575
3,245 x 10−4 3,370 x 10−4 1,25 x 10−5 40 625
3,370 x 10−4 3,485 x 10−4 1,15 x 10−5 40 575

5 Considerações Finais do Interferômetro de Michelson, conforme apresen-


tado nas seções 3 e 4. Foram obtidos: (i) o com-
primento de onda do laser de He-Ne igual a 646nm,
O Interferômetro de Michelson representa um dos
com erro experimental da ordem de 0, 0208%; (ii) ín-
grandes experimentos que marcaram o surgimento
dice de refração do ar igual a 0, 99971, com erro de
de uma nova Física no início do Século XX. Os re-
0, 0558%; e (iii) índice de refração do CO2 igual a
sultados de Michelson tornaram possível eliminar da
0, 99986504, com erro de 0, 05507%. Tais resultados
ciência a hipótese de que as ondas eletromagnéticas
indicam o alto nível de precisão que o Interferômetro
dependiam de um suporte material para se propaga-
de Michelson é capaz de fornecer.
rem, causando um movimento de arrasto do sistema
ótico. De fato, em todos os casos apresentam na se-
ção 2 há uma compensação que deve ser explicada: Referências
trata-se da modificação da frequência aparente de
uma vibração em movimento relativo à fonte. Tal [1] Born, M.; Wolf, E. Principles of Optics. 6th Ed.
efeito, conhecido como efeito Doppler-Fizeau, foi ex- Oxford: Pergamon, 1980.
plicado para as vibrações sonoras por Christian Dop-
pler em 1842 e estendido às vibrações luminosas por [2] Bradley, J. Phil. Trans. 35, 1727-1728, 637-61.
Fizeau. doi: 10.1098/rstl.1727.0064.

Além da reconstrução histórica, foram explora- [3] Hecht, E. Optics. 4th. Ed. San Francisco: Pear-
das nesse trabalho duas aplicações bastante simples son, 2002.
REFERÊNCIAS 12

Tabela 3: Dados coletados para medição do índice de refração do ar

N p [bar] p0 [bar] ∆p [bar]


1 0,100 1,015 0,915
2 0,210 1,015 0,805
3 0,340 1,015 0,675
4 0,440 1,015 0,575
5 0,560 1,015 0,455
6 0,670 1,015 0,345
7 0,780 1,015 0,235

[4] Lorentz, H. A.; Einstein, A.; Minkowski H.; [11] Paty, M. A Física do Século XX. Aparecida:
Weyl, H. The Principle of Relativity. A Col- Ideias e Letras, 2009.
lection of Original Memoirs on the Special and
General Relativity. New York: Dover Publicati- [12] Phywe Series of Publications. Refraction
ons, 1952. index of air and CO2 with Michelson
Interferometer. Technical report, Phywe
[5] Mach, L. "Ueber einen Interferenzrefraktor". Systeme GMBH, Götingen. Disponível
Zeitschrift für Instrumentenkunde 12 (1892), p. em: http://www.nikhef.nl/~h73/kn1c/
89˘93. praktikum/phywe/LEP/Experim/2_2_07.pdf.
Acesso: 16/06/2016.
[6] Maxwell, J. C. "A Dynamical Theory of the
Electromagnetic Field", Phil. Trans. R. Soc. [13] Rothman, M. A. Discovering the Natural Laws.
Lond 155, 1865, p.459 − 512. doi: 10.1098/ The Experimental Basis of Physics. New York:
rstl.1865.0008. Dover, 1972.

[7] Michelson, A. A. "The Relative Motion of the [14] Shepherd, G. G.; et al.. "WAMDII: wide angle
Earth and the Luminiferous Ether". Am. Jour. Michelson Doppler imaging interferometer for
Sci. 22 (1881), p.120 − 129. Spacelab". Appl. Opt. 24, p.1571. doi:10.1364/
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[8] Michelson, A. A.; Morley, E. W. On the
[15] Virgo Interferometer: http://www.ego-gw.
Relative Motion of the Earth and the Lumini-
it/virgodescription/pag_4.html. Acesso:
ferous Ether. Am. Jour. Sci. 34, 1887, p.333;
16/06/2016.
Phil. Mag. 24, 1887, p.449. Disponível em:
https://www.aip.org/history/exhibits/ [16] von Laue, M. "Inertia and Energy". In: Schilpp,
gap/PDF/michelson.pdf Acesso: 16/06/2016. P. A. Albert Einstein: Philosopher-Scientist.
Evanston, 1949, p.522.
[9] Newton, I. Scholium às Definições in Philo-
sophiae Naturalis Principia Mathematica, Livro [17] Zehnder, L. "Ein neuer Interferenzrefraktor".
1 (1689); trans. Andrew Motte (1729). Berkeley: Zeitschrift für Instrumentenkunde 11 (1891), p.
University of California Press, 1934. p.8. 275˘285.

[10] Nussenzweig, M. Curso de Física Básica, vol.4. [18] Whittaker, E. A History of Theories of Aether
São Paulo: Blucher, 2014. and Electricity. New York: Dover, 1984.

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