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Introdução

Antes de ter densidade filosófica

A palavra deriva do latim “nihil” que quer dizer “nada” literalmente, ou seja, que “não
existe”.
Os gregos da Antiguidade acreditavam que devíamos questionar, duvidar e examinar
todas as nossas crenças.
Os sofistas - relativistas - podem ser considerados de niilistas porque defendiam o
ceticismo epistemológico - não existe uma verdade objetiva, independente e absoluta a
perseguir
Górgias - já que tudo o que conhecemos é o "nosso mundo privado" aliado às nossas
perceções então esse conhecimento não tem uma base objetivo para a determinação da
verdade e assim: "Nada existe (a relação que permite aos sentidos experimentarem o
mundo é desconhecida)- se existisse, não podia ser conhecido - se fosse conhecido, não
poderia ser comunicado" (pensamos através de palavras que têm significados diferentes
para diferentes pessoas, que descrevem as impressões recebidas pelos sentidos)
Heraclito - "No mesmo rio não é possível entrar duas vezes"; o mundo está em contante
fluxo e permuta continuamente; por isso se algo não permanece o mesmo em dois
instantes é impossível adquirir conhecimento sobre esse objeto

O que é? Busca do ser humano por sentido…


Niilismo não é uma teoria do intelecto - é acreditar no nada; o mundo é incompreensível
e o conceito de verdade é fictício; não existe ordem nem significado, ou seja, um
propósito; é uma atitude de negação de qualquer sentido; uma atitude pessimista sobre a
vida; É uma consequência natural mas necessária onde não existe valores absolutos, eles
são ocos. Esta crença pode levar a uma destruição, leva a acreditar que não existe
esperança alguma nem moral, somos fracos então. Mas precisa de ser superado -
afirmação da vida;
Os seres humanos encontram-se num estado psicológico em que buscam uma ordem no
universo, uma totalidade ou estrutura racional e universal que aparenta uma qualquer
finalidade que sustenta toda a existência humana - essa busca resulta numa desilusão
porque concluímos que esta vida é sofrimento e morte apenas.
Estamos preocupados no séc. XXI por exemplo com a melhora nas condições
socioeconómicas da população ligadas a partidos políticos. Se algum dia acordarmos com
esse objetivo concluído veremos que não só o sentimento de felicidade que esperaríamos
ter não se encontra lá, mas sim um vazio só que também ao melhorarmos essas condições
tornamo-nos conscientes que apesar de termos os meios para viver não temos sentido pelo
que viver. Por exemplo, Nietzsche previu o crescente sentimento do niilismo cheio de
desespero, imoralidade e sobretudo destruição sem razão durante o séc. XX culminando
na 1 e 2 guerras mundiais. Porque acreditar que a vida tem sentido é acreditar que a vida
tem um propósito que pode ser explicado e que nós conseguimos nos identificar com ele.
Pode ser pertencer ou fazer parte de "uma causa" seja boa ou má transcendendo o conceito
de individualidade.
Pretender procurar um sentido para a vida está intrinsecamente ligado com o objetivo de
dar significado ao nosso sofrimento, o que parece ser algo a que cada ser humano não
escapa, enquanto neste mundo pois no final resta-nos apenas a morte; a ideia de um
mundo feliz e utopicamente possivel é uma ilusão. Muito desse sofrimento vem da
experiência do niilismo mas também na crença em sistemas de crenças tradicionais.

Teorias do “verdadeiro mundo”

Assim, o ser humano tem duas opções:


- Aceitar que a vida não tem sentido;
- (consequência da nossa consciência que este mundo é repleto de horrores) Depositar o
significado da nossa existência numa realidade superior (para além deste) com que o ser
humano se possa identificar - condena este mundo como inferior e ilusório e acredita que
esse mundo superior existe; (é uma escapatória do niilismo e não aceitação)
O "verdadeiro mundo" é utópico repleto de felicidade, bênção e verdade. É um destino,
dá significado à vida por transformá-la numa viagem em direção à redenção do individuo
que compensa todos os horrores vividos até então na Terra. Esta metafísica dá uma base
"objetiva" para uma moral, porém decadente
Teorias do "verdadeiro mundo" estruturam a existência em dois reinos que correspondem
a duas diferentes realidades:
- Valor superior - o "verdadeiro mundo";
- Valor inferior - a existência terrena;
Pessoas que acreditam nestas teorias sentem que o seu "verdadeiro eu" pertence a esse
mundo superior e por isso também afirmam que a vida tem um sentido o que, por
conseguinte, satisfaz a sua necessidade de autoestima e importância
Mas a crença neste tipo de teoria satisfaz as necessidades psicológicas profundas. Foram
criadas por indivíduos que precisavam de proteção contra a realidade brutal que é a vida;
por isso escapam dos fardos e responsabilidades que nos aparecem como desafios desta
vida
E a descrença nessas teorias pode fazer alguém ter efetivamente mais sucesso pois esse
alguém é deixado só no mundo e tem a escolha de aproveitar a vida em completa aceitação
e êxtase;

Ultrapassar o Nilismo

O Niilismo em si apresenta um erro de raciocínio ou então não em si, mas sim na


interpretação de quem o sente, isto é, uma generalização apressada. Ao tomarem
consciência que as suas crenças velhas que davam sentido à vida são na verdade mentira
e apenas construções mentais, concluem assim que todas as crenças universalmente que
lhe dão algum significado igualmente são ilusórias
Portanto, niilismo não é um fim em si mesmo, mas apenas um estado de passagem na
vida, de aprendizagem das suas lições e por essas razões, tem de ser aproveitado da
melhor maneira e ultimamente tem de ser superado!
Esses são obrigados a procurar sentido aonde as outras teorias negavam: neste mundo
terreno! Assim descobriram que a vida é muito mais valiosa do que alguma vez tinham
imaginado pois canalizaram toda a sua energia para a Terra!
A maioria das pessoas são indiferentes, conformistas, preguiçosas e medrosas tomadas de
inércia, assim seguem as massas escolhendo a mediocridade e não o seu potencial em
bruto; estas pessoas sãos desprovidas de qualquer desejo criativo e reprimem valores
superiores que possibilitam a criatividade; a moralidade deste grupo por isso mesmo é
perigosa; E, em ordem para alguém tomar consciência desse seu potencial não pode
querer em tais teorias do "verdadeiro mundo" e lhes extrair um sentido mas sim ao
interiorizar-se, procurando no único "lugar" em que o homem ocidental ainda não
explorou para além deste mundo, ele próprio;
O sentido da vida é tornar-nos humanos, sermos apenas! É preciso coragem e força para
"caminhar na vida", amá-la, podemos voltar ao sofrimento! Será que este é de todo
negativo? Pensamos que sofrer é mau pois deriva de algo doloroso e desagradável, mas
isso quer dizer que tem menos valor? Penso que não, é uma oportunidade de crescimento
pessoal;
Se nem tudo o que nos faz sofrer é mau (ou a experiência e aprendizagem que resultam
disso) então o que é mau ou o que é bom? O que é bonito ou feio? O que é correto e
incorreto? O que é justo ou injusto? Tomemos consciência assim que para ultrapassarmos
o niilismo e afirmarmos a vida é preciso uma reavaliação dos nossos valores!
Temos de analisar então a nossa experiência para melhor entendermos a realidade porque
somos elementos deste universo que partilhamos a mesma essência daquilo que nos
rodeia;
A moralidade das massas serve para dominar, é uma possível de outras, limitada somente
por elas mesmas; muitos indivíduos pretendem derrubar essa descoberta da afirmação da
vida (aceitação) que erroneamente pedem por igualdade; E, apesar da sua aparente
inocência, não pretendem mudar o mundo para melhor como vemos diariamente, em vez
disso, levados por ressentimento e enveja procuram ganhar poder politico e social com o
propósito de provocar destruição como compensação dos seus próprios falhanços.
Mas aquele que se supera a si mesmo, ama a vida e cria o sentido da terra! A antiga crença
num tempo linear caracterizado pela existência de um passado, presente e futuro para ele
desaparece. Esse humano vive no "portal do instante" ou simplesmente o "presente",
aceitando aquilo que "é" a cada momento. Este homem não precisa duma
conceptualização do que "foi" ou o que "virá", um tempo não prático, mas sim meramente
psicológico que na realidade não existe. A nossa capacidade de lembrar e projetar
acontecimentos ilude-nos constantemente.
Será que todos estas qualidades alimentam um sentimento exagerado da nossa própria
personalidade e no seu valor, um fervor exacerbado do ego? Se assumirmos que a
personalidade é a combinação de características ou qualidades que formam o caracter de
um individuo, donde provém essas características? Como se formam? Será uma escolha
individual, da sociedade ou cultura? Pois bem, a resposta à primeira pergunta terá de ser
não já que esse homem supera não só a moral das massas (porém não deve impô-la a
ninguém!) mas também a sua própria personalidade imposta por essa sociedade,
tornando-se em algo como uma consciência cristalina, uma essência indiscritível.
Aceitar que a vida não tem sentido é só o começo da mudança.

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