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DIREIT O

DO CONSUMIDOR – RENAT O PORT O

AULA6 - DIREIT OS BÁSICOS: PROT EÇÃO À VIDA, EDUCAÇÃO, INFORMAÇÃO E

PUBLICIDADE PART E1

1. DIREIT OS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

Nesta aula, darem os continuidade ao estudo acerca dos direitos básicos do

consum idor. Anteriorm ente, vim os os conceitos: consum idor e produto ou serviço, logo,

adentrarem os nos direitos prestados aos consum idores.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e a divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
IV - a proteção contra a propaganda enganosa e abusiva, métodos comerciais
coercitivos e desleais, bem como práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
IX - (Vetado)
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.

Deve-se conjugar esses direitos básicos com o que foi aprendido na parte que

trata da relação de consum o.

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Em resum o, os incisos, respectivam ente, abordam :

I - Proteção à vida;

II - Educação para o consum o;

III - Inform ação;

IV - Publicidade, práticas com erciais abusivas e cláusulas abusivas;

V - Q uebra da base objetiva dos c o nt r at o s ;

VI - Principais dano s (m ateriais e m orais) sofridos pelos consum idores;

VII - Acesso ao Judiciário;

VIII - Inversão do ônus da prova;

IX - VETADO ;

X - Serviços públicos.

EXEMPLO: Um a pessoa tem um a conta bancária, cujo contrato tem um a

cláusula que prevê juros de 50% . O prim eiro passo é identificar a relação de consum o

para buscar esses direitos. Q uem tem um a conta corrente é consum idor e o banco é

fornecedor de serviços, portanto, aplica-se o C DC .

C onsiderando que existe um a cláusula contratual abusiva (art. 6º, inciso IV do

C DC ), isto é, junta-se a ideia de existência de um a relação de consum o ao direito

básico e, assim , a pessoa pode se fazer valer de seu direito.

O professor cita que lançou, recentem ente, um livro sobre o tem a de direitos

básicos do consum idor, dando, ainda, exem plos de casos trabalhados por ele em sala

de aula. Prim eiram ente, cita o exem plo de um a pessoa em que seu carro soltou a roda

e capotou, inform ando que os direitos básicos deste consum idor estão dispostos no art.

6º, incisos I e VI e, além desses, os artigos 8, 9 e 10 do C DC .

Em seguida, cita o exem plo de um a pessoa que teve um problem a em um

contrato com um a em presa, porque nele continha um a cláusula abusiva. Nesse

cenário, seriam aplicáveis os arts. 6, inciso IV e 51 do C DC . Em terceiro lugar, cita o caso

de um a pessoa que com prou um produto possivelm ente bom , de acordo com a

publicidade, no entanto, não era, desse m odo, é um a hipótese em que seriam

aplicáveis o arts. 6º, inciso IV, 36, 37 e 38.

À vista disso, o professor concluiu que o art. 6º seria um a espécie de sum ário do

C DC , ou seja, trata das cláusulas gerais, enquanto o restante do C ódigo responsabiliza-

se pelo aprofundam ento. Além das relações já citadas, no que tange às práticas

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com erciais abusivas tem os os arts. 6º, inciso IV e 39; sobre contratos, os arts. 6º, inciso V
e 46 ao 54; danos, o art. 6º, inciso VI, bem com o os arts. 12 ao 17.

Ainda, o art. 6º, inciso VII, o qual atesta o acesso ao Judiciário, guarda relação

com o art. 5º, que se trata da política nacional de proteção das relações de consum o. Já

os arts. 6º, inciso VIII, 38, 12, § 3 e 14, § 3 situam -se sobre a inversão do ônus da prova; o

art. 22, assim com o o art. 6º, inciso X são atinentes ao acesso ao serviço público; e, por

fim , o art. 6, incisos II e III, os quais m anifestam sobre os direitos de educação e

inform ação, guardam relação com os arts. 30 ao 35.

1.1. T ÉCNICA DE SOLUÇÃO DE CONFLIT OS UT ILIZANDO O CDC

O s direitos básicos estão no art. 6º e a continuidade está nos dem ais artigos do

C DC , conform e explicitado acim a. Em prim eiro lugar deve-se achar a relação de

consum o, considerando os seguintes aspectos:

• O co nsum ido r:

a ) C o nsum ido r standard (a rt. 2º);


b) C o nsum ido r po r equipa ra çã o (a rts. 17, 29 o u 2º, pa rá gra fo único ).

• Fo rnecedo r (a rt. 3º)


• O bjeto :

a ) Pro duto (a rt. 3º, § 1)


b) Serviço (a rt. 3º, § 2)

Em seguida, deve-se identificar o direito básico do caso concreto e os dispositivos

que se relacionam a ele.

EXEMPLO: Um plano de saúde recusa-se a cobrir determ inado tratam ento de

um beneficiário, o qual sem esse am paro, m orrerá.

a) Identificar a relação de consum o: a pessoa que possui plano de saúde é

consum idor standard, logo, aplica-se o art. 2º. O plano de saúde é fornecedor de

serviços, relacionando-o, tam bém , ao art. 3º, caput e § 2.

b) Analisar se existe direito básico: consum idor de plano de saúde está diante de

um a cláusula abusiva que viola o princípio da boa-fé objetiva. Aplica-se, portanto, o art.

6º, inciso IV, o qual tem rem issão ao art. 51.

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c) Por sua vez, o art. 51 dispõe de um rol exem plificativo de cláusulas contratuais

nulas de pleno direito. Dentre elas, o inciso IV dispõe sobre cláusulas que criem

relações iníquas, abusivas e que estejam em desacordo com a boa-fé e a equidade.

d) Desse m odo, para discorrer sobre o tem a deve-se apontar que foi ferido o

direito básico previsto no art. 6º, inciso IV e, m ais especificam ente, no art. 51, inciso IV.

e) O ideal é que, além disso, fundam ente-se a questão abordando a C onstituição

e os princípios.

Q ualquer fundam entação de questões de direito do consum idor deve seguir este

cam inho:

1 2 3 4 5 6

O prim eiro passo é identificar a relação de consum o, o que provavelm ente

estará nos arts. 2º e 3º. Na m aior parte das vezes, o consum idor, trabalhado em questão

de prova, será o standard, encontrado no art. 2º, o fornecedor estará sem pre no art. 3º,

assim com o os produtos e serviços. Por consequência, na m aioria das vezes, será

possível extrair a relação de consum o dos arts. 2° e 3°.

O s direitos básicos estão no art. 6º, sendo que cada direito básico te rem ete a um

outro direito. C onform e anteriorm ente m encionado, o ideal é sem pre m encionar a

C onstituição e os princípios que envolvem essa m atéria. C om efeito, os princípios e a

política nacional de consum o estão nos arts. 4º e 5º do C DC , e o art. 1º traz a

C onstituição.

Essa é a ideia de um conhecim ento jurídico em cam adas. A propaganda

enganosa, por exem plo, está prevista no art. 6º, contudo, a C onstituição garante a

defesa do consum idor com o direito fundam ental de todo brasileiro. Acrescenta-se que

se não houvesse essa norm a de eficácia supralegal (C DC ) e nem o texto C onstitucional,

haveria os princípios: condizentes ao tecido da lei. Adem ais, cada inciso do art. 6º

rem ete a um a outra norm a que aprofunda a ideia nela contida. Essa estrutura torna a

resposta com pleta.

OBSERVAÇÃO: O professor acredita, em decorrência de análise jurisprudencial,

que a probabilidade de questões serem cobradas, sobre plano de saúde, são m uito

elevadas.

QUEST ÃO

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Tício tem um plano de saúde há m uitos anos com a em presa X. O corre que,

quando Tício precisa de um tratam ento, a em presa se nega a fornecê-lo. C onsiderando

que a cobertura está prevista no contrato, m as a em presa se nega, Tício tem algum

direito?

COMENT ÁRIO DA QUEST ÃO

Co nt ar : 1 2 3 4 5 6.

Extrai-se dos núm eros 2 e 3, pois, inicialm ente, identifica-se a relação de

consum o.

Extrai-se do 6 o direito básico ferido: o direito à vida, proteção, saúde e

segurança, os quais se rem etem aos arts. 8º, 9º e 10.

Extrai-se do 1, 4 e 5 a C onstituição respaldada nesses direitos, assim com o os

princípios.

C aso se queira redigir um a petição inicial de direito do consum idor deve-se

dem onstrar:

a ) Endereça m ento ;
b) Q ua lifica çã o da s pa rtes;
c) Fa to s;
d) Direito - nessa pa rte, po de-se utiliza r o m esm o sistem a de co nta gem de 1 2 3 4
5 6 - essa é a pa rte que, no rm a lm ente, to rna -se questã o de pro va ;
e) Pedido s.

EXEMPLO: Se o pedido é para que o autor seja internado, o nom eam os de ação

de obrigação de fazer; se, para m ais, deseja indenização, dar-se-á o nom e de ação de

obrigação de fazer c/c perdas e danos; se houver urgência, ação de obrigação de fazer

c/c perdas e danos com pedido de tutela antecipada

Nas próxim as aulas, serão aprofundados cada um dos direitos básicos

detalhadam ente.

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