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A MULHER DAS CICATRIZES

Sinopse dos personagens:


DONA ANA é uma mãe dedicada, amorosa, sofredora e viúva.

ANA JÚLIA é sua filha mais nova e que despreza a mãe, a situação que vivem. Cria
uma grande mentira junto de seus colegas de faculdade.

MARIANA é a filha mais velha, que ajuda a mãe, é carinhosa e trabalhadora.

Em uma pequena cidade do interior, morava D. Ana e suas duas filhas: Mariana
e Ana Júlia. D. Ana, viúva há alguns anos, firmemente sustentando e dando o
melhor de si para suas filhas. Ela trabalhava de segunda a segunda com muita
alegria, tudo isso para garantir os estudos da filha mais nova, Ana Júlia. Ainda
jovem, D. Ana foi vítima de um acidente que a impossibilitou de trabalhar fora,
por isso vive confinada num quarto de sua casa, onde costura dia e noite. Tem
vergonha de suas cicatrizes e trabalha além da costura, com sua filha mais
velha fazendo bolos para esta vender.

D. ANA: Aninha, minha filha! Arrumei uma costura grande, só vou sair do
quartinho a noite.

ANA JULIA: No domingo mãe, quem vai fazer o almoço? Eu tenho que sair
daqui a pouco.

D. ANA: Filha, o almoço já deixei pronto, é só aquecer. Ah! Eu e sua irmã antes
de irmos a escola dominical, já fizemos os bolos para ela levar amanhã,
aproveitei e fiz o seu preferido: cenoura! Está no forninho.

(Mãe sai e filha começa a reclamar)

ANA JULIA: Ai que saco! Ela sabe que estou de dieta para minha formatura!

(Em seguida toca o telefone.)

ANA JULIA: Alô! Oi, Rafael! Não, vou ficar em casa...Que horas? Duas horas
encontro vocês lá! Já vou me arrumar.

(Continua deitada mexendo no celular – Mariana entra)

MARIANA: Ana Julia, cadê a mamãe?

ANA JULIA: Está na máquina.

MARIANA: Poxa, Ana Julia! Você nem para esquentar o almoço e levar para
ela?

ANA JULIA: Não começa não! Esquenta você que está em pé, pois eu acabei
de acordar e já estou indo me arrumar.
(Mariana sai reclamando)
MARIANA: Você é inacreditável. Não pode ajudar a mamãe em nada! Quando
vai acordar para a vida? E quanto tempo você não aparece na igreja?

Ana Júlia: Não tenho tempo para isso!

(Mariana vai esquentar comida enquanto Ana Julia sai)

MARIANA: Mãe, vem almoçar!

(D. Ana entra e o celular de Ana Júlia toca)

D. ANA: É o telefone da Ana tocando.

D. ANA: Alô?! A Ana Júlia está se arrumando...

(Ana Julia interrompe)

ANA JULIA: EU JÁ FALEI QUE NÃO É PARA ATENDEREM MEU CELULAR!

D. Ana: Desculpe, filha

(D. Ana se afasta e Ana Julia sai falando no telefone)

ANA JULIA: Desculpe, Carol! Não, minha mãe está viajando ainda. Era a
empregada aqui de casa.

(D. Ana ouve e chora silenciosamente)

(Todos saem de cena)

(Mariana entra com a mãe que se senta no sofá)

MARIANA: Mãe, vou arrumar e a senhora deita aqui enquanto tento falar com a
Ana novamente.

(Mariana pega o celular e ocorre um diálogo apenas com a voz de Ana Júlia)

ANA JÚLIA: Fala, Mariana! Eu já estou chegando.

MARIANA: Ana, estou te ligando a noite toda! Mamãe passou mal e eu levei ela
ao hospital. Já estamos em casa, mas você precisa vir para casa.

ANA JÚLIA: Eu não sou médica, Mariana! Estava ocupada comemorando com
meus amigos. Ela pode esperar! Vocês já estão em casa? Então. Tchau.

(Desliga o telefone e Mariana olha para o telefone sem acreditar)


MARIANA: Mãe, você precisa descansar e se cuidar. Viu o que o médico
disse? Já fizemos todos os exames e a senhora nunca cuidou dessas
queimaduras como deveria.

D. Ana: Minha filha, eu estou terminando o presente da sua irmã, tenha


paciência com ela. Ela é nova, mas vamos confiar em Deus. É só uma fase.

MARIANA: Mamãe, ela precisa saber a verdade! Não é fase, ela te trata mal,
ela saiu da igreja e só quer saber desses amigos da faculdade. Ela já não é
mais criança e precisa saber...

(Sem notarem a presença de Ana Júlia, que abre a porta e começa a escutar,
elas conversam)

D. ANA: Ainda não, Mariana. E na verdade, ela não precisa saber de nada.

(Ana Julia entra)

ANA JÚLIA: Saber o que? O que eu não sei?

D. ANA: Nada, filha! Julinha, minha filha, convide seus amigos e colegas da
faculdade para comemorar o sua formatura conosco, eu faço uns salgados, um
bolo, compramos refrigerante.

ANA JULIA: Não, mãe! Eu não vou convidar ninguém. E, fala sério!
Salgadinhos?!

D. Ana: Mas filha!? Eu tanto, juntei dinheiro para fazer essa festinha. Você
merece!

(Ana Júlia a interrompe irada)

ANA JULIA: Eu já disse que não vou convidar ninguém, e eu não te pedi nada
disso. Além do mais a noite eu vou sair com os amigos.

MARIANA: Chega, Ana Júlia! Você não vai nem perguntar como a mamãe
está?

ANA JÚLIA: Aposto que era frescura. Estou vendo que ela está bem! Até
demais...

(Mariana interrompe)

MARIANA: Conta, Mãe! Ela precisa saber. Ela não pode continuar te tratando
assim.

D. ANA: Morávamos em uma casa de madeira velha, eu estava lavando roupa


quando ouvi um estrondo, e vi as chamas tomando conta da casa. Você estava
na escola, mas a Julinha ainda bebê e dormia lá dentro. Foi então que entre as
chamas eu entrei e envolvendo-a num cobertor molhado tirei-a de lá, eu
precisava salvar ela e por misericórdia de Deus você está aqui. Sou grata a
Deus por isso. Não tenho do que me queixar! Deus é maravilhoso!

(E as lágrimas invadem o seu rosto, o de Mariana e de Júlia. D. Ana não


consegue mais falar calando-se. Enquanto isso, Ana Júlia se desespera por
saber que as cicatrizes que a mãe carregava por todos esses anos e que
envergonhavam-na, era o símbolo de sua vida.)

ANA JULIA: Mãe, me perdoa, porque nunca me falou que foi por minha causa
que tens essas cicatrizes? Para salvar minha vida, mãe! Quantas vezes te
maltratei e até te rejeitei.

MARIANA: Agora você sabe, Ana Júlia! Um dia a mamãe deu a vida dela pela
sua, a saúde dela, e até a beleza dela. Você nunca deu valor e ainda assim ela
não se arrepende disso. Foi o preço que ela pagou.

ANA JÚLIA: Meu Deus, o que eu fiz?

MARIANA: Além da mamãe, Ana Júlia, Jesus também deu a vida dele por você
e olhe só, você é duas vezes ingrata! Tudo é mais importante para você,
menos quem mais te amou. Você nunca tem tempo para Deus.

ANA JÚLIA: Meu Deus, me perdoa! Mãe, me perdoa! Eu nunca poderia


imaginar, na verdade sempre fui egoísta demais para perceber quem sempre
me amou. Ah, Deus! Me arrependo muito. Me ajuda, Deus! Agora eu sei que
preciso de ti.

D. ANA: Sua irmã tem razão, Ana Júlia! Antes de mim, Jesus deu a vida Dele
por você e hoje você não reconhece isso, nunca tem tempo e não reconhece
Deus em sua vida. Ele te deu uma nova chance, minha filha! Aproveite.

(Se abraçam)

Integrantes: 3 pessoas.
Cortinas: 2 pessoas.
Som: 1 pessoa.
Luzes: 1 pessoa.
Cenário: 3 pessoas
Total 9 pessoas

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