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Elementos de Máquinas II

UNIDADE DIDÁTICA III

ENGRENAGENS
Elementos de Máquinas II

Tipos de Engrenagens
Elementos de Máquinas II

De uma maneira geral tem-se os seguintes tipos de


engrenagens:

• cilíndricas de dentes retos;


• helicoidais;
• cônicas;
• parafuso – coroa sem-fim.

As engrenagens cilíndricas de dentes retos possuem os dentes


paralelos ao eixo de rotação, são utilizadas para transmitir movimento
entre dois eixos paralelos. É a mais simples de todas, e o seu formato é
utilizado para desenvolver as relações cinemáticas da forma do dente. A
Figura 1 mostra esquematicamente este tipo de engrenagem. Elas devem
ser empregadas em baixas velocidades, produzem ruídos e, pela forma
do dente, não produzem um fácil acoplamento.
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Figura 1 – Engrenagem cilíndrica de dentes retos usadas para


transmitir movimento entre eixos paralelos
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As engrenagens helicoidais têm dentes inclinados em relação ao eixo de


rotação, e podem ser empregadas nas mesmas condições da engrenagem de
dentes retos, porém apresentam um nível de ruído bastante reduzido.
A forma inclinada do dente facilita o acoplamento, porém cria esforços
axiais e momentos fletores inexistentes nas engrenagens de dentes retos. Se o
empuxo axial for muito elevado, ou indesejável, pode-se usar engrenagens
helicoidais duplas, tipo “espinha de peixe”.
Este tipo equivale a duas engrenagens helicoidais com sentido de hélice
opostos, montadas lado a lado no mesmo eixo, e assim os empuxos axiais
opostos anulam a carga axial resultante.
Podem também transmitir movimento entre eixos não paralelos. No
acoplamento desse tipo de engrenagem o ângulo de hélice é o mesmo em cada
engrenagem, porém enquanto uma tem hélice à esquerda a outra deve ter hélice
`a direita.
A Figura 2 mostra este tipo de engrenagem.
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Figura 2 – Engrenagem helicoidal transmitem movimento entre


eixos paralelos e não paralelos
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As engrenagens cônicas possuem dentes formados em superfícies


cônicas, daí o seu nome, e são empregadas para transmitir movimentos entre
eixos concorrentes, e normalmente são fabricadas para ângulos de 90° entre os
eixos, mas podem ser projetadas para outros ângulos. Elas podem ser:
• Cônicas de Dentes Retos → são usadas quando a velocidade da linha
primitiva é no máximo 5 m/s, o ruído não é uma consideração importante e
são mais baratas. A Figura 3 mostra um exemplo desse tipo de engrenagem:

Figura 3 – Engrenagem cônica de dentes


retos usadas para transmitir movimento entre
eixos concorrente.
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• Cônicas Espiraladas → também chamada de espirais ou elóides,


recomendadas para velocidades elevadas ou quando o nível de ruído é
importante. São cortadas de modo que o dente não é mais reto, mas forma
um arco circular. A Figura 4 mostra que as superfícies primitivas e a natureza
de contato são as mesmas que ocorrem para as engrenagens cônicas de
dentes retos, exceto pelos dentes em forma espiral.

Figura 4 – Engrenagem cônica


espiral
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A Figura 5 como é definido o ângulo de espiral da engrenagem cônica.
Observe que o ângulo é feito com a horizontal:

Figura 5 – Corte de dentes de engrenagem cônica espiral mostrando


ângulo de hélice
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• Zerol → são engrenagens cônicas espiraladas, patenteada, com dentes


curvos, porém com ângulo de espiral zero. Os esforços axiais permitidos
não são tão elevados quanto aqueles das cônicas espirais e, portanto, são
normalmente usadas em substituição da engrenagens cônicas de dentes
retos, agora com um nível de ruído bem menor.

A engrenagem zerol é cortada com a mesma ferramenta das engrenagens


cônicas espirais, mas para fins de projeto se utiliza o mesmo procedimento
das cônicas de dentes retos, substituindo no final por uma zerol.

• Cônicas Hiperbolóides ou Hipóides → a superfície primitiva é um


hiperbolóide de revolução, utilizadas em caso de transmissão angular,
como nos diferenciais de automóveis. Semelhantes às espiraladas exceto
que os eixos são deslocados e não interceptantes. A interação entre os
dentes desta engrenagem é uma combinação de rolamento e
deslizamento ao longo de uma linha reta, muito similar ao que ocorre no
parafuso sem fim. A Figura 6 mostra um exemplo do acoplamento dessas
engrenagens.
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•Espiróides → são engrenagens que permitem um grande deslocamento do


eixo, ao contrário da engrenagem hipóide. Neste caso o pinhão começa a
parecer com um parafuso sem fim em cone.

Figura 6 – Engrenagem cônica hiperbolóide


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O par parafuso sem-fim e coroa mostrado na Figura 7 representa o
quarto tipo básico de engrenagens. Verifica-se que assemelha-se a um parafuso,
e a direção rotação da engrenagem coroa depende da direção de rotação do
parafuso e se os dentes são cortados à direita ou à esquerda. Este conjunto são
usados principalmente quando a razão de velocidades dos dois eixos é
razoavelmente alta, em torno de três. São usado para transmitir movimento entre
eixos não paralelos e não interceptantes.

Figura 7 – Parafuso sem-fim e engrenagem


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Nomenclatura de Engrenagens
de Dentes Retos
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A nomenclatura para dentes de engrenagens retas está ilustrada
na Figura 8:

Figura 8 – Nomenclatura para engrenagens de dentes retos


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O círculo primitivo é um círculo teórico sobre o qual todos os cálculos
são baseados, e seu diâmetro é o diâmetro primitivo ( d ). Duas engrenagens
acopladas têm seus respectivos diâmetros primitivos tangentes entre si.

A menor engrenagem é denominada de pinhão, enquanto a outra é


simplesmente engrenagem ou também chamada de coroa.

O passo circular ( p ) é medido no círculo primitivo, e é a distância de


um ponto de um dente até o ponto correspondente no outro dente.

Módulo ( m ) é a razão entre o diâmetro primitivo ( d em milímetros )


e o número de dentes ( N ).

Passo diametral ( P ) é a razão entre o número de dentes ( N ) e o


diâmetro primitivo ( d em polegadas ).
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Adendo ( a ) é a distância radial entre o topo do dente ( círculo de topo


) e o círculo primitivo. Dedendo ( b ) e a distância radial do fundo do dente (
círculo de raiz ) ao círculo primitivo
Relações Úteis:
N
P=
d (in)

d (mm)
m=
N

πd
p= =πm
N

pP = π
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A Figura 9 ilustra o acoplamento de duas engrenagens, mostrando os


círculos das engrenagens bem como a interação entre os dentes. O ponto P é
chamado de Ponto Principal, é o ponto de tangência entre os dois círculos
primitivos.

Figura 9 – Acoplamento de duas engrenagens e interação entre os dentes


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A Linha de Ação ou Linha de Pressão é a tangente aos dois Círculos Base
passando pelo Ponto Principal. O Ângulo de Pressão é o ângulo feito entre a Linha
de Pressão e a horizontal.
Da Figura 9 verifica-se ainda que quando as duas engrenagens estão
acopladas, seus círculos primitivos rolam um sobre o outro, sem deslizamento,
assim a velocidade no círculo primitivo é:

V = ω1r1 = ω2 r2
e que:
rb = r cos φ
onde: r1 = raio do círculo primitivo da engrenagem 1;
r2 = raio do circulo primitivo da engrenagem 2;
rb = raio do círculo base;
Φ = ângulo de pressão.
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Razão de Contato
e
Comprimento da Linha de Ação
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A região de ação de dentes acoplados é mostrada na Figura 10 em que


o contato entre os dentes começa e termina na intercessão dos dois Círculos de
Topo ( Adendo ) com a Linha de Pressão. Nesta figura o contato inicial é feito no
ponto a e o final no ponto b.

Comprimento de Ação é distância entre o início e o fim do contato


medido sobre a Linha de Ação, isto é, a distância ab, representada como Lab.

Razão de Contato ( mc ) é definido como a relação entre o


Comprimento da Linha de Ação e Passo Base, e indica o número médio de
pares de dentes que se encontram em contato durante o acoplamento:

Lab
mc =
p cos φ
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Figura 10 – Comprimento de Ação


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Lab = Ro21 − Rb21 + Ro22 − Rb22 − Csenφ


onde:
Lab = Comprimento de Ação;
Ro1 = Raio do círculo de topo da engrenagem 1;
Ro2 = Raio de círculo de topo da engrenagem 2;
Rb1 = Raio do circulo base da engrenagem 1;
Rb2 = Raio do círculo base da engrenagem 2;
C = Distância entre centros O1-O2;
Φ = Ângulo de Pressão.
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Interferência
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Interferência é o fenômeno que ocorre quando a ponta do dente da
engrenagem conduzida escava o pé do dente da engrenagem motora.

Este fenômeno acontece quando o contato entre os dentes ocorre


antes do ponto de tangência, como mostrado na Figura 11, onde o contato está
ocorrendo antes do ponto de tangência C, ou seja, o contato está ocorrendo
abaixo do circulo base da engrenagem motora.

Na Figura 11 os pontos C e D são pontos de tangência, e os pontos A


e B são pontos de início de fim de contato.

O efeito de interferência é o de enfraquecer o dente e diminuir a razão


de contato, levando a falha do dente. Existe vários métodos para evitar a
interferência, que fogem ao nosso estudo.
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Figura 11 - Interferência
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Engrenagens Cônicas de
Dentes Retos
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Utilizadas para transmitir movimento entre eixos interceptantes, em geral


fazendo 90°, mas podem ser produzidas para qualquer ângulo.
A nomenclatura está ilustrada na Figura 12 abaixo:

Figura 12 – Engrenagem cônica de dentes retos


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Os ângulos primitivos do pinhão ( γ ) e da engrenagem coroa ( Γ )estão


relacionados ao número de dentes do pinhão ( P ) e da engrenagem ( G ):

NP
tgγ =
NG

NG
tgΓ =
NP
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Engrenagens Helicoidais
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A Figura 13 ilustra uma porção da vista de topo de uma engrenagem


helicoidal:

Figura 13 – Vista de topo de uma engrenagem helicoidal


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Na Figura 13, tem-se:

• Ψ = ângulo de hélice;
• pt = passo circular transversal → distância ac;
• pn = passo circular normal → distância ae;
• px = passo axial → distância ad;
• Pn = passo diametral normal;
• Pt = passo diametral transversal;
• Φn = ângulo de pressão normal;
• Φt = ângulo de pressão transversal.

Assim, pode-se obter as seguintes relações:


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pn = pt cosψ

pt
px =
tanψ

pn Pn = π

Pt
Pn =
cosψ

tan φn
cosψ =
tan φt
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Engrenagens Sem-Fim
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A Figura 14 mostra a nomenclatura de um par sem-fim:

Figura 14 – Nomenclatura de um par sem-fim


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Os ângulos de hélice do parafuso e da engrenagem costumam ser


bastante diferentes, normalmente são bem grandes no parafuso e muito
pequeno na engrenagem.
Em vista disso costuma-se especificar o ângulo de avanço ( λ ) no
parafuso, enquanto que na engrenagem se especifica o ângulo de hélice ( ΨG ).
O ângulo de avanço do parafuso é o complemento do ângulo de hélice da
engrenagem.
Da mesma forma, é comum declarar o passo axial do parafuso ( px ) e
o passo circular transversal ( pt ) da engrenagem, este é normalmente chamado
apenas de passo circular.
O diâmetro primitivo da engrenagem é o diâmetro medido no plano
contendo o eixo do sem-fim, conforme mostrado na Figura 14, sendo igual a:

N G pt
dG =
π
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O parafuso pode ter qualquer diâmetro primitivo, pois não está


relacionado com o número de dentes, entretanto deve ter o mesmo que o passo
da fresa utilizada para cortar os dentes dopar sem-fim. Em geral deve cair
dentro do seguinte intervalo:
C 0,875 C 0,875
≤ dw ≤
3,0 1,7

onde C é a distância entre centros. Esta proporção resulta em ótima capacidade


de potência do par.
O avanço ( L ) e o ângulo de avanço ( λ ) do parafuso sem-fim estão
relacionados da seguinte forma:

L
L = px N w ; tan λ =
π dw
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A Figura 15 mostra que os ângulos de pressão ( Φn ) dependem do


ângulo de avanço ( λ ) e devem ser suficientemente grandes para evitar o
afinamento dos dentes do sem-fim:

Figura 15 – Ângulos de pressão recomendados em


função do ângulo de avanço do sem-fim
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Sistema de Dentes
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Um Sistema de Dentes é um padrão que especifica as relações


envolvendo adendo, dedendo, profundidade de trabalho, espessura do dente e
ângulo de pressão, com a finalidade de atender a intercambialidade das
engrenagens.
A Figura 16 apresenta os padrões para engrenagens cilíndricas de
dentes retos:

Figura 16 – Sistema de dentes para engrenagens cilíndricas de dentes retos


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A Figura 17 apresenta uma tabela com os Passos Diametrais e os


módulos mais usados. Observe que existem módulos preferidos, e somente
na impossibilidade de usar estes, é que os demais serão usados:

Figura 17 – Tabela de Passo Diametral e Módulos


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A Figura 18 mostra uma tabela de proporções das dimensões de


dentes para engrenagens cônicas de dentes retos com ângulo de pressão
igual a 20◦:

Figura 18 – Proporção das dimensões dos dentes de engrenagens


cônicas com ângulo de pressão igual a 20◦
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A Figura 19 exibe a tabela de proporções de dimensões de dentes


para engrenagens helicoidais:

Figura 19 - Proporção das dimensões dos dentes de engrenagens helicoidais


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FIM

F I M

FIM

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