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Luciano Farias de Novaes2, Fernando Falco Pruski 3, Sílvio Bueno Pereira 4, Douglas Oliveira
Queiroz5, Renata del Giudice Rodriguez6
RESUMO
Dentre as principais limitações encontradas para a adequada gestão dos recursos hídricos pode-
se citar as reduções das vazões com o aumento da área de drenagem e a inexistência de
metodologias disponíveis que quantifiquem as vazões e garantam a continuidade destas ao longo da
rede hidrográfica da bacia. Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi propor uma metodologia
que permite o ajuste das vazões mínimas ao longo da rede hidrográfica visando superar estas
limitações que dificultam o adequado gerenciamento de recursos hídricos. Foi realizado um estudo de
caso para a bacia do Paracatu. A metodologia proposta consistiu em ajustar modelos de regressão
para representação das vazões mínimas em função da área de drenagem no rio de maior ordem, e a
partir deste, obter as vazões na foz de cada rio afluente. O método proposto possibilitou a obtenção
de resultados que permitem uma melhor qualidade das informações para o gerenciamento de
recursos hídricos.
ABSTRACT
Water Resource Management: A New Method to Estimate the Minimum Flow Rate
Among the major limitations for adequate water resource management is the flow rate reduction
due to increased drainage area and the lack of methods to quantify the available water that assures
flow rate continuity on a hydrographic net. The objective of this study was to develop a method that
allows for adjustment of the minimum flow rate throughout the hydrographic net. A case study was
done in the Paracatu basin. The method allows for adjusting an equation to estimate the minimum flow
rate as a function of the greater drainage area on the river basin. This equation calculates the flow rate
in the estuary of each affluent river. The results showed the feasibility of the method to obtain better
information for the water resource management.
Figura 1. Rede hidrográfica da Bacia do Paracatu com a indicação dos rios para os quais
foram ajustadas equações para a estimativa das vazões mínimas.
Uma vez obtido o modelo de regressão De posse da vazão na foz do Rad e das
para o Rp, procedeu-se a estimativa das vazões nos postos fluviométricos situados
vazões na foz dos rios que lhe são afluentes neste rio, procedeu-se o ajuste de uma
diretos (Rad). No mapa da bacia, identificou- equação de regressão para representação
se o Rad e determinou-se a área de da vazão em função da área de drenagem.
drenagem para o Rp, a montante da Este ajuste foi realizado de tal forma que a
confluência com o Rad e a área de equação resultante produzisse uma vazão
drenagem do Rad, sendo, nula, quando a área de drenagem fosse zero
conseqüentemente, a área de drenagem e a e uma vazão igual à estimada na foz do rio,
jusante da confluência destes rios, a qual é quando a área de drenagem fosse aquela
obtida pela soma destas áreas de correspondente à área de drenagem do rio.
drenagem. Este procedimento encontra-se Para as situações em que o Rad não
representado na Figura 2, na qual é possuía nenhum posto fluviométrico, a
considerada a confluência dos rios Paracatu equação utilizada para descrever a vazão foi
(Rp) e do Sono (Rad), sendo a área de uma equação linear que passa pelos
drenagem correspondente à da seção 2, mesmos pontos descritos anteriormente.
obtida pela soma das áreas de drenagem Para a estimativa das vazões nos rios
correspondentes às seções 1 e 3. afluentes direto do Rad (Rad(n)), foi utilizado
De posse das áreas de drenagem das o mesmo procedimento descrito
seções a montante e a jusante da anteriormente, sendo utilizada a equação
confluência dos Rp e Rad, estimou-se as ajustada para o Rad, para estimar as vazões
vazões nestas duas seções, utilizando-se o imediatamente a montante e a jusante da
modelo de regressão obtido para o Rp, confluência dos Rad e Rad(n), para então,
sendo a diferença entre estas duas vazões por meio da diferença entre estas duas
correspondente à vazão na foz do Rad. vazões, se obter a vazão na foz do Rad(n).
70
1,025
Q7,10 = 0,00111 Ad 6
2
5
60 R = 0,98
50
4
Q7,10 (m s )
-1
40
3
3
30 1 - Ponte da BR - 040
2 2 - Santa Rosa
3 - Porto da Extrema
20 4 - Caatinga
5 - Porto do Cavalo
6 - Porto Alegre
10
1
0
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000 45.000
2
Área de drenagem (km )
Figura 3. Equação para estimar a Q7,10 em função da área de drenagem no Rio Paracatu e
valores estimados nas estações fluviométricas utilizadas no estudo.
120
0,994
Q95% = 0,00236 Ad
2
100 R = 0,998 5
6
80
Q95% (m s )
-1
4
3
60 3
1 - Ponte da BR - 040
40 2 2 - Santa Rosa
3 - Porto da Extrema
4 - Caatinga
20 5 - Porto do Cavalo
1 6 - Porto Alegre
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000
2
Área de drenagem (km )
Figura 4. Equação obtida para estimar a Q95% em função da área de drenagem no Rio
Paracatu e valores estimados nas estações fluviométricas utilizadas no estudo.
Quadro 3. Equações que possibilitam a estimativa das Q7,10 e Q95% ao longo de cada um
dos principais rios constituintes da rede hidrográfica da Bacia do rio Paracatu.
Hidrografia Equações para estimativa das vazões
1,025 0,994
Rio Paracatu Q7,10 = 0,00111 Ad Q95% = 0,00236 Ad
Ribeirão Santa Fé Q7,10 = 0,00149 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Ribeirão da Areia Q7,10 = 0,00149 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Ad 0,00043 2 Ad 0,00043 2
Q7,10 = 0,6832 e Ad > 185 km Q95% = 1,015 e Ad > 185 km
Rio do Sono 2 2
Q7,10 = 0,003999 Ad Ad < 185 km Q95% = 0,005941 Ad Ad < 185 km
Ribeirão das Gaitas Q7,10 = 0,002719 Ad Q95% = 0,00404 Ad
Rio do Sono II Q7,10 = 0,001135 Ad Q95% = 0,00169 Ad
Ribeirão das Almas Q7,10 = 0,000499 Ad Q95% = 0,000741 Ad
Ribeirão Cotovelo Q7,10 = 0,00147 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Rio da Caatinga Q7,10 = 0,00147 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Córrego Gameleira Q7,10 = 0,00147 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Rio Verde Q7,10 = 0,00147 Ad Q95% = 0,0022 Ad
Ribeirão Gado Bravo Q7,10 = 0,000361 Ad Q95% = 0,000476 Ad
0,241 0,2104
Rio Preto Q7,10 =1,6119 Ad Q95% = 3,2278 Ad
Ribeirão Mamoneiras Q7,10 = 0,000405 Ad Q95% = 0,000536 Ad
0,1241 0,1343
Ribeirão Cana Brava Q7,10 = 0,2424 Ad Q95% = 0,2987 Ad
0,167 0,1741
Ribeirão Roncador Q7,10 = 0,1317 Ad Q95% = 0,167 Ad
Rio Bezerra Q7,10 = 0,00106 Ad Q95% = 0,001464 Ad
Ribeirão Formosa Q7,10 = 0,00106 Ad Q95% = 0,001464 Ad
1,3233 1,3745
Ribeirão Entre Ribeiros Q7,10 = 0,0001 Ad Q95% = 0,0001 Ad
Ribeirão Barra da Égua Q7,10 = 0,00127 Ad Q95% = 0,00189 Ad
0,902 0,9292
Ribeirão São Pedro Q7,10 = 0,0034 Ad Q95% = 0,0043 Ad
Córrego Rico Q7,10 = 0,00144 Ad Q95% = 0,00221 Ad
Rio da Prata Q7,10 = 0,00143 Ad Q95% = 0,00222 Ad
0,7596 0,7468
Rio Escuro Q7,10 = 0,0106 Ad Q95% = 0,0187 Ad
0,1143 0,1728
Ribeirão Escurinho Q7,10 = 0,9895 Ad Q95% = 0,9892 Ad
0,1615 0,2122
Ribeirão Santa Isabel Q7,10 = 0,0414 Ad Q95% = 0,0658 Ad
Ribeirão Traíras Q7,10 = 0,0001551 Ad Q95% = 0,000362 Ad
Rio Santa Catarina Q7,10 = 0,001376 Ad Q95% = 0,00224 Ad
35 Q95% = 0,0029 Ad 1,0018 (Equação obtida com o método tradicional de regionalização de vazões)
Q95% = 3,2278 Ad 0,2104 (Equação proposta)
30
4
25
3
Q95% (m3 s-1)
1
20
2
15
1 - Fazenda Limeira
10 2 - Unaí
3 - Santo Antônio do Boqueirão
5 4 - Porto dos Poções
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
2
Área de drenagem (km )
Figura 5. Equações ajustadas para estimar a Q7,10 no Rio Preto considerando a metodologia
proposta neste trabalho e o método tradicional de regionalização de vazões obtido
por EUCLYDES et al. (2005).
20 4
Q7,10 (m s )
3 -1
15 1
3
10 2 1 - Fazenda Limeira
2 - Unaí
3 - Santo Antônio do Boqueirão
5
4 - Porto dos Poções
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
2
Área de drenagem (km )
12 3
10 2
8
1 - Fazenda Limeira
6
2 - Unaí
4 3 - Santo Antônio do Boqueirão
4 - Porto dos Poções
2
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000
2
Área de drenagem (km )
12 Q7,10 = 0,000194 Ad 1,1957 (Equação obtida com o método tradicional de regionalização de vazões)
Ad 0,00043 2
Q7,10 = 0,6832 e para Ad > 190 km (Equação proposta)
10 2
Q7,10 = 0,003999 Ad para Ad < 190 km (Equação proposta)
8
Q7,10 (m3 s-1)
1 - Veredas
6
2 - Cachoeira das Almas
3 - Cachoeira do Paredão
3
4
2
2
1
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Área de drenagem (km )
18
Q95% = 0,00018 Ad 1,2414 (Equação obtida com o método tradicional de regionalização de vazões)
16 Q95% = 1,015 e
Ad 0,00043 2
para Ad > 190 km (Equação proposta)
2
14 Q95% = 0,005941 Ad para Ad < 190 km (Equação proposta)
12
Q95% (m3 s-1)
10 1 - Veredas
3
2 - Cachoeira das Almas 2
8
3 - Cachoeira do Paredão
6
2 1
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Área de drenagem (km )
6 3
5
4 2
3
1 - Veredas
2 2 - Cachoeira das Almas
1 3 - Cachoeira do Paredão
1
0
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
2
Área de drenagem (km )
Figura 10. Equação obtida utilizando-se a metodologia proposta neste trabalho e a equação
linear que possisbilitaram a estimativa da Q7,10 no Rio do Sono.