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RESUMO
A formação moral é uma temática relevante porque possibilita uma reflexão sobre a
formação moral dos sujeitos do campo, buscando contribuir para a prática didática
dos profissionais da educação que utilizam livros didáticos. Este trabalho tem como
objetivo geral demonstrar como um livro da “Coleção Novo Girassol: saberes e
fazeres do campo” pode possibilitar oportunidades para a construção dos valores da
solidariedade e do trabalho coletivo. Para o alcance deste, elencamos os seguintes
específicos, identificar imagens do livro do 5º ano de Língua Portuguesa, Geografia
e História, desta coleção didática que remetam a formação moral, especificamente
aos valores da solidariedade e do trabalho coletivo e estudar as possibilidades que o
profissional pode utilizar a imagem para abordar a formação moral. Utilizamos como
referencial teórico La Taille (2006); Marques (2012); MST (2002) dentre outros.
Utilizamos como metodologia a análise documental, que é uma técnica de pesquisa
na qual se analisa materiais que não receberam ainda um tratamento
aprofundado/crítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa. As reflexões e análises apresentadas nesse ensaio, trazem
indícios que a partir desse recurso didático, o profissional de educação pode focar a
formação moral dos sujeitos do campo, estritamente na construção dos valores da
solidariedade e do trabalho coletivo, percebidos através do olhar sensível que o
profissional/ pesquisador precisa ter para identificar e estudar como pode vim a ser
trabalhado esses valores em sala de aula. Partindo dessa amostra de análises,
percebemos que o livro de Língua Portuguesa, Geografia e História do 5º ano da
“Coleção Novo Girassol: saberes e fazeres do Campo” dar indícios para o
profissional da educação do campo trabalhar/abordar a formação moral,
especificamente na construção dos valores da solidariedade e do trabalho coletivo.
1
Ensaio elaborado com base no Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Licenciatura em
Pedagogia, intitulado “FORMAÇÃO MORAL: a “Coleção Novo Girassol: saberes e fazeres do campo”
como material didático mediador na construção de valores dos Sujeitos do Mundo Rural” (2017), de
autoria de Ana Viviane Miguel de Azevedo, com a orientação da Profª Nilvania dos Santos Silva.
2
Graduada em Licenciatura em Pedagogia, do CCHSA; Integrante do “Núcleo de Extensão
Multidisciplinar para o Desenvolvimento Rural” (NEMDR) do CCHSA; ana-viviane1@hotmail.com
3
Docente do Departamento de Educação do CCHSA; e coordenadora do NEMDR;
nilufpb@gmail.com
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INTRODUÇÃO
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regidas por regras e condutas que devem ser obedecidas e respeitadas por todos os
sujeitos das comunidades. Nesse ponto de vista
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palavras, através da solidariedade pode ser desenvolvido a capacidade de cooperar,
de compartilhar (partilhar algo, seja através da experiência, da cultura, dos
sentimentos). Marques (2012) ainda discute que:
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fazeres do campo” pode possibilitar oportunidades para a construção dos valores da
solidariedade e do trabalho coletivo. Para o alcance deste, elencamos os seguintes
específicos, identificar imagens do livro do 5º ano de Língua Portuguesa, Geografia
e História, desta coleção didática que remetam a formação moral, especificamente
aos valores da solidariedade e do trabalho coletivo e estudar as possibilidades que o
profissional pode utilizar a imagem para abordar a formação moral.
Utilizamos como metodologia a análise documental, que é uma técnica de
pesquisa na qual se analisa materiais que não receberam ainda um tratamento
aprofundado/crítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa. Sá-Silva, Almeida e Guindani compreende que “a pesquisa
documental é um procedimento que se utiliza de métodos e técnicas para a
apreensão, compreensão e análise de documentos dos mais variados tipos” (2009:
pp. 4-5).
O documento analisado neste ensaio foi o livro de Língua Portuguesa,
Geografia e História do 5º ano da “Coleção Novo Girassol: saberes e fazeres do
campo” que é uma coleção de livros didáticos que são direcionados para a
Educação do Campo. Focalizou-se em ilustrações que possam possibilitar aos
profissionais da educação trabalharem a formação moral, estritamente na
construção dos valores da solidariedade e do trabalho coletivo, para com os
discentes das escolas situadas no campo, como os do município de Bananeiras
(PB).
DESENVOLVIMENTO
Desta forma, neste ensaio, o norteador foi a busca de imagens que possam
servir como oportunidades didáticas para possibilitar aos profissionais da educação
ensinarem conhecimentos chaves para a formação moral, aprendizagem de regras,
princípios e valores essenciais para a vida rural, especificamente o valor da
solidariedade e do trabalho coletivo.
Na unidade 1 do livro de Língua Portuguesa, Geografia e História, mais
precisamente na parte de História, uma vez que o livro é dividido por componente
curricular, tem uma ilustração que o profissional da educação do campo pode estar
focando os valores da solidariedade e do trabalho coletivo.
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Ilustração 01: Comunidade, memória e história.
Fonte: “Coleção Novo Girassol saberes e fazeres do campo”, Língua Portuguesa, Geografia e
História, 5º ano (2014, pág.147).
Isto é, para uma ação consciente, o sujeito precisa ter refletido sobre sua
atitude para, em seguida, poder tomar uma decisão que permita compreender a
situação na perspectiva do outro, em nome do coletivo. O que implica, se
necessário, ajudá-lo, sem pretender receber nada em troca. Com isso, acreditamos
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que o profissional de educação da escola situada no campo, para mediar um
processo de construção de valores como o da solidariedade precisa vivenciar e
adotá-los, praticando em sua vida. Partindo de reflexões, mas, indo além, agindo de
maneira consciente, auxiliando com a elaboração de situações de aprendizagem
que favoreçam aos seus discentes subsídios para que adotem valores como esse na
sua vida.
A partir da ilustração 01, o docente pode proporcionar inicialmente um debate
sobre a importância da Associação dos Agricultores da comunidade, questionando,
se os alunos sabem que na comunidade existe uma Associação, se eles conhecem
a história de luta da mesma. Bem como, o profissional de educação ele pode
possibilitar um espaço de diálogo da escola com a Associação, em que o presidente
poderia ir na escola informar como é o funcionamento, como também, o docente
poderia levar os alunos para participarem de uma reunião para que eles possam
entender como se dar o processo de uma Associação. E que dentro de uma
Associação, existe vários valores interligados dentre eles a solidariedade, a união, a
luta e o trabalho coletivo.
No capítulo 2 da unidade 1 do mesmo livro, tem uma imagem que possibilita o
profissional de educação do campo abordar os valores da solidariedade, união e
trabalho coletivo.
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investigando se entidades como estas existem na comunidade? E, caso se façam
presentes, quem são os integrantes? Quais as ações estão sendo desenvolvidas?
Como pode contribuir para o processo de construção de regras, princípios e valores
essenciais para a vida rural?
Diante disso o profissional de educação do campo deve proporcionar a
construção ou a ampliação do valor da solidariedade e do trabalho coletivo, uma vez
que tanto na Associação como no Conselho, é trabalho em grupo, em que cada um
tem a sua função. É importante salientar a distinção em participar de uma atividade
em que haja coletividade embasada num verdadeiro trabalho em grupo, daquela em
que há uma mera divisão/recorte das atividades, sem que os envolvidos participem,
vivenciem, todas as fases da ação, desde o planejamento até a avaliação.
Daí considera a relevância do trabalho em grupo na prática educativa como
uma atividade que permita a ocorrência da colaboração (cooperação) no trabalho
por parte de todos de forma a permitir a minimização dos efeitos negativos da
imitação. O educador deve evitar o que em geral vem ocorrendo que é “a
transformação de trabalhos individuais em grupais, por exemplo, dar uma lista de
questões para um grupo responder e dentro dividi-las e “cada um faz o seu’
novamente! ” (MENIN, 1996: p. 93).
É possível estabelecer alguns elos entre a escola ativa e as propostas
embasadas por outras pedagogias, como a da pedagogia do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)? Sim, ao considerar que esta educação tem
como princípio, filosófico e pedagógico, o trabalho, ou seja, a ela cabe “oportunizar
aos educandos vivencias de trabalho e de cooperação. Neste caso a educação é
pelo e para o trabalho e à cooperação” (MST, 1992). Osis (MST, 2005), expos que a
educação do MST tem como seu maior desafio oportunizar o “fazer”, a prática, da
ajuda mútua e da ação cooperada enquanto parte da prática educativa, numa
perspectiva transversal.
Na perspectiva da “Pedagogia do Movimento” MST (1992) para que isto seja
possível a escola deve ser um lugar de vivência e de reflexão de uma nova moral,
construído no coletivo, o que implica no fato de todos se conceberem como
responsáveis pela atividade. São exemplos destes valores a disciplina pessoal, a
perseverança, o amor ao trabalho e ao estudo, a honestidade etc. O foco do
processo educativo passa a ser o aprender a se organizar, a trabalhar em grupo. O
que implica em ações grupais que possibilitem que todos os discentes, orientados
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por pais e professores, possam participar dos processos de planejamento, execução
e avaliação do trabalho educativo, como dos momentos em que há jogos,
brincadeiras, estudo, (MST, 1992).
O profissional de educação do campo pode utilizar a ilustração 02 para focar
o trabalho em grupo, por exemplo, a partir do trabalho didático das unidades o
professor pode proporcionar a reflexão nos alunos com os seguintes
questionamentos: o que é trabalho coletivo? É só dividir as partes? Como deve ser
desenvolvido e executado o trabalho coletivo? Dessa forma, o docente também tem
que ter a sensibilidade para mediar esse processo de aprendizagem.
Assim, aborda-se o trabalho em grupo através da cooperação dos sujeitos no
trabalho de se reunirem para tomarem certas decisões pensadas para o bem de
todos os moradores da comunidade, focando assim segundo o MST (2002, p.13)
que é “através do trabalho coletivo que forjamos novas relações com nossa família,
com o ambiente e com a sociedade”. Ou seja, ao trabalhar de forma coletiva você
estar construindo novas relações com a sua família, seus amigos, vizinhos.
Para tanto, faz-se necessárias mudanças na vida comunitária, ressaltada na
imagem da ilustração 02, que pode ocorrer mediada por uma Associação dos
Agricultores e pode interligar-se ao Conselho Escolar, em que nas Diretrizes
Operacionais para a Educação Básica das Escolas do Campo (2002) em seu artº 11
aborda a gestão democrática e traz em seu §1 que “para a consolidação da
autonomia das escolas e o fortalecimento dos conselhos que propugnam por um
projeto de desenvolvimento que torne possível à população do campo viver com
dignidade” (BRASIL, 2002).
Cabe, então, ao Conselho Escolar intervir, enquanto parte de um processo
marcado pela gestão democrática, com integrantes de vários segmentos da escola
dentre eles: gestores, professores, funcionários, pais, comunidade escolar e alunos.
Diante da importância do Conselho Escolar para a escola, especificamente para a
escola do campo, o MEC (2004) disponibilizou cadernos que abordam essa
importância:
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pedagógico da escola, que deve ser visto, debatido e analisado dentro do
contexto nacional e internacional em que vivemos (BRASIL, 2004).
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é um apoio a alguém que seja seu próximo e até mesmo, apoiar, ajudar aquele que
você nunca tinha visto, mais você percebe que ele estar precisando da sua ajuda.
Sugerimos que o profissional de educação do campo, pode utilizar essa
ilustração 03 para propor uma atividade de desenho no sentido de que os alunos
eles representem como é a família do campo atual, questionando como vivem as
famílias deles, como é a questão econômica, as relações familiares. Com isso, que
eles possam demonstrar alguns valores que são presentes nas relações familiares.
Na 4º unidade, especificamente no 1º capítulo do livro de Língua Portuguesa,
Geografia e História, tem uma parte que destaca os direitos em uma democracia e
vem focar a democracia indígena. Através dessa imagem o profissional pode
trabalhar os valores do trabalho coletivo, da união e do respeito aos mais velhos às
culturas, como a indígena, quilombola e campesina.
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Dessa forma, podemos ir tentando desconstruir a visão dos alunos que no
coletivo há menos trabalho, mas, pelo contrário, é distinto dos outros, com aspectos
únicos que embasam a formação de valores essenciais para a vida comunitária,
embasada na ajuda ao outro a qual faz construir um sentimento de coletividade.
Recomendamos ao profissional de educação do campo que utilize a proposta
do livro que é a questão se a democracia indígena é semelhante com a democracia
praticada em sua própria comunidade, o que vai fazer com que os discentes eles
pesquisem como é o modo da democracia na comunidade. Podemos questionar,
onde podemos conseguir esses dados? Será que na Associação poderíamos obter
essas informações? Ou tem outro espaço que podemos saber? E a democracia da
escola, existe? Como existe? Por que existe?
Diante desses questionamentos, podemos organizar um espaço em que
possamos ter a diretoria da Associação e a diretoria da Escola, o que pode ser um
espaço de esclarecimento, tirando todas as dúvidas de como funciona a democracia
de ambas as partes, quais são as semelhanças e diferenças. Dessa maneira,
promovendo um espaço de aprendizagem para todos os envolvidos no processo.
Esta e outras amostra traz indícios que a partir desse recurso didático, o
profissional de educação pode focar a formação moral dos sujeitos do campo,
estritamente na construção dos valores da solidariedade e do trabalho coletivo,
percebidos através do olhar sensível que o profissional/ pesquisador precisa ter para
identificar e estudar como pode vim a ser trabalhado esses valores em sala de aula.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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Bem como, esse trabalho possibilitou compreender que precisamos ter um
olhar mais sensível para as imagens do livro didático e tentar perceber a imagem
mais aprofundada e não apenas observar a descrição da imagem e isso é de suma
importância para a construção do sujeito, tanto o que estar mediando o processo
quanto o que estar sendo mediado.
A partir desse estudo, entendemos a necessidade de uma formação
continuada para os profissionais da educação do campo, para que eles possam
entender que podemos partir do livro didático para trabalharmos a formação moral, a
construção dos valores da solidariedade e do trabalho coletivo, sendo que, isso
precisa ser apresentado e discutido com estes profissionais e também através
dessas formações continuadas pode-se compartilhar as experiências vivenciadas
que poderão enriquecer ainda mais a prática pedagógica assim como os saberes
dos profissionais que atuam para favorecer as aprendizagens dos sujeitos do mundo
rural.
Desta forma, concluímos que o livro didático analisado pode favorecer uma
educação contextualizada, na qual o profissional de educação que faz uso dele,
aborde a formação moral, na construção dos valores da solidariedade e do trabalho
coletivo e sem deixar de esclarecer que ao trabalhar um valor, indiretamente
estamos abordando outros porque os valores estão interligados.
Porém, não podemos deixar de ressaltar que este ensaio se dedicou apenas
a um breve estudo sobre como um livro didático pode mediar o processo de
formação moral do Sujeito do Campo. Assim, em primeiro lugar, não podemos
esquecer os limites, espaciais e temporais, que devem ser considerados antes de
qualquer generalização dos resultados obtidos. Em segundo, estas limitações
remetem a necessidade de mais – quanti e qualitativamente - estudos que, com
certeza, esperamos ultrapassar os muros de um Trabalho de Conclusão de Curso,
remetendo a novos projetos de pesquisa, inclusive os de pós-graduação. É um
compromisso que assumimos!
REFERÊNCIAS
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saberes e fazeres do campo” como material didático mediador na construção
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0253
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