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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0004244-32.2015.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : TELEFONICA BRASIL S A
:
Recorrido(s) : MARIA SUELI AZEVEDO RODRIGUES
:
Origem : 17ª VSJE DO CONSUMIDOR (UNIVERSO MATUTINO

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE


DECLARAÇÃO DE DÉBITO, COM PEDIDO DE DANOS
MORAIS. COBRANÇAS EFETUADAS RELATIVAS A
PERÍODO POSTERIOR À DATA DA SOLICITAÇÃO DE
CANCELAMENTO DO PLANO PÓS PAGO..
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO EM
HARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE
E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, MARIA AUXILIADORA
SOBRAL LEITE – Relatora, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ e
ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA ,Presidente, em proferir a
seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME,
de acordo com a ata do julgamento. Sem custas e honorários advocatícios, pelo êxito
parcial do recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 17 de Setembro de 2015.


PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora
BELA. ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0004244-32.2015.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : TELEFONICA BRASIL S A
:
Recorrido(s) : MARIA SUELI AZEVEDO RODRIGUES
:
Origem : 17ª VSJE DO CONSUMIDOR (UNIVERSO MATUTINO

Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. AÇÃO DE


DECLARAÇÃO DE DÉBITO, COM PEDIDO DE DANOS
MORAIS. COBRANÇAS EFETUADAS RELATIVAS A
PERÍODO POSTERIOR À DATA DA SOLICITAÇÃO DE
CANCELAMENTO DO PLANO PÓS PAGO..
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. QUANTUM INDENIZATÓRIO EM
HARMONIA COM OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE
E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório nos termos da Lei n.º 9.099/95.


Circunscrevendo a lide e a discussão recursal para efeito de registro,
saliento que o Recorrente TELEFONICA BRASIL S A pretende a reforma da sentença
lançada nos autos que julgou procedente em parte os pedidos formulados pela exordial
para “condenar a Ré a alterar o contrato da Autora para plano de telefonia pré-paga; condeno a Ré a indenizar a parte
Autora a título de dano material, na importância de R$ 251,40, sendo este valor já calculado com a dobra legal,
atualizada monetariamente a partir do prejuízo e corrigidos com juros à taxa de 1% a.m. da citação; condeno a Ré a
indenizar a parte Autora a título de dano moral na importância de R$ 2.000,00 (dois mil reais) atualizada

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monetariamente e corrigida com juros à taxa de 1% a.m. a partir dessa decisão.”

Em suas razões recursais, a empresa recorrente alega não ter ocorrido


danos morais no caso presente, bem como pugna em caráter eventual pela redução do
quantum condenatório.
Sem contrarrazão foram os autos conclusos.
Os autos foram distribuídos à 2ª Turma Recursal, cabendo-me a função de
Relatora.
Presentes as condições de admissibilidade do recurso, conheço-o,
apresentando voto com a fundamentação aqui expressa, que submeto aos demais
membros desta Egrégia Turma.

VOTO

Sem preliminares, passo ao exame do mérito.


Trata-se de ação na qual o autor alega ser usuário dos serviços presatados
pela demandada sob a modalidade pós pago, todavia, após sucessivos
descontentamentos com o serviço, resolveu proceder ao cancelamento do plano em
15/11/2014, com migração para o plano pré pago. Afirma o autor que vinha recebendo
cobranças indevidas, mesmo após a referida solicitação de cancelamento.

O exame dos autos evidencia que o ilustre a quo examinou com acuidade a
demanda posta à sua apreciação no que concerne à cobrança indevida, tendo em vista
que a empresa recorrente deixou de trazer elementos probatórios que refutassem as
alegações da parte autora, não apresentando suposto contrato firmado entre as partes,
nem tão pouco qualquer outro capaz de comprovar o vínculo jurídico e a efetiva utilização
dos serviços supostamente prestados.
Assim, caberia à empresa trazer aos autos elementos que infirmassem as
alegações da parte autora, nos termos do art.333,II do CPC, o que todavia não lograra
fazer.

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No presente caso, o autor juntou aos autos no evento 01 projudi não


somente as faturas atinentes a período posterior á solicitação de cancelamento da
autora, demonstrando a manifesta abusividade de sua conduta. Todavia, em que pese a
reprovabilidade da conduta da parte demandada, o simples fato da cobrança indevida, de
per si, sem a presença de outros elementos, não enseja danos morais. Insta ressalvar
que a parte autora não colaciona aos autos nenhum comprovante de negativação de seu
nome, e nem aduz circunstância desabonadora de seu crédito na praça. Nesse sentido
vem decidindo a jurisprudência:

CONSUMIDOR. TELEFONIA. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. SOLICITAÇÃO DE CANCELAMENTO DOS
SERVIÇOS. COBRANÇA INDEVIDA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. DANOS MORAIS NÃO
CONFIGURADOS. A cobrança indevida caracteriza mero descumprimento contratual, que por si
só, não configura o dano moral. A configuração do dano extrapatrimonial requer ofensa a algum
dos atributos da personalidade, o que não se evidencia no caso em exame. Enunciado nº 5 do
Encontro dos Juizados Especiais Cíveis do Estado. SENTENÇA CONFIRMADA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO DESPROVIDO. (TJ-RS - Recurso Cível:
71005300280 RS , Relator: Roberto Carvalho Fraga, Data de Julgamento: 26/05/2015, Primeira
Turma Recursal Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 28/05/2015)

CONSUMIDOR. TELEFONIA. SOLICITAÇÃO DE CANCELAMENTO DOS


SERVIÇOS. PERSISTÊNCIA DAS COBRANÇAS. IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DE
VALORES NA FORMA DOBRADA. AUSENTE COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTOS
INDEVIDOS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA PARCIALMENTE
MANTIDA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ-RS - Recurso Cível: 71005525928
RS , Relator: Cleber Augusto Tonial, Data de Julgamento: 09/07/2015, Terceira Turma Recursal
Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 10/07/2015)).

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Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR


PROVIMENTO PARCIAL ao recurso interposto pela Recorrente TELEMAR NORTE
LESTE, tão somente para excluir o capítulo da sentença atinente aos danos morais,
confirmando, consequentemente, todos os termos da sentença hostilizada. Sem
condenação em custas e honorários advocatícios, pelo êxito parcial no recurso.

Salvador, 17 de setembro de 2015

Bela. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE


Juíza Relatora

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