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Introdução
O presente relatório é resultado da aula de campo realizada na Microrregião do
Litoral Sul do Estado da Paraíba, que teve como objetivo “caracterizar os aspectos
fisicoambientais, biogeográficos e socioeconômicos dos municípios paraibanos da
Microrregião” como também observar como estão sendo geridas as Unidades de
Conservação (UC’s) localizadas na área e verificar os possíveis impactos originados
pelo crescimento urbano desordenado. Para tanto, – a partir da excursão que teve inicio
na APA de Jacarapé em João Pessoa e foi em direção a algumas praias dos municípios
do Conde e de Pitimbu (Tabatinga, Coqueirinho, Tambaba, Praia Bela, Praia de
Pitimbu e Praia fluvial de Pontinha) – foram averiguados os diferentes aspectos físicos
(tais como: paisagem, vegetação, diversidade das espécies), além da influência da ação
humana e suas conseqüências na conformação da paisagem.
Outro ponto tratado durante o estudo foram as Áreas de Preservação (APA’s);
Partindo do princípio que as mesmas se encontram dispersas por todo o território
estadual (se estendendo do Litoral ao Sertão), e que a maior parte delas concentram-se
na Mesorregião da Zona da Mata, foram analisados mapas com a distribuição das
mesmas pelo território paraibano, os quais constam com a classificação destas áreas de
acordo com as suas esferas de atuação, sejam elas, Federal, Estadual ou Municipal,
assim procuramos dar enfoque aquelas que se encontram na microrregião supracitada
(como é o caso da APA de Tambaba, localizada entre os municípios do Conde, Pitimbu
e Alhandra), subsidiando assim a presente investigação. Destacou-se também o
crescimento da cidade em direção ao município do Conde com a constante especulação
imobiliária visando atender a demanda da construção civil materializada através da
verticalização cada vez mais presente, desta forma nos deparamos com a falta de
aplicação da lei para intervir na degradação decorrente do crescimento urbano
desordenado.
Caracterização da Microrregião do Litoral Sul
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MAPA 1: Microrregião do Litoral Sul
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Oficialmente o Município do Conde faz parte da Microrregião da Grande João Pessoa, porém popularmente suas
praias são denominadas como pertencentes ao litoral sul da Paraíba.
região eles encontram-se mais rebaixados. Os tabuleiros constituem o chamado Grupo
Barreiras. Os sedimentos da Formação Barreiras derivam basicamente dos produtos
resultantes da ação do intemperismo sobre o embasamento cristalino, localizado mais
para o interior do continente, no caso da Paraíba, este embasamento é composto pelas
rochas cristalinas do Planalto da Borborema.
A região é banhada pela bacia do rio Gramame. Como parte da região da Mata
Paraibana encontra-se em uma área de clima quente e úmido (As’), com temperaturas
médias de 26ºC e índices pluviométricos entre 1200 e 1800 mm. O Litoral Sul possui
vegetação típica de praia, predominantemente herbácea, adaptada a solos arenosos e as
condições de salinidade; vegetação de mangue (formação florestal perenifólia paludosa)
adaptada a solos encharcados e salinos, onde vivem animais como caranguejos (Ulcides
cordatus) e moluscos; além da Mata Atlântica (floresta perenifólia latifoliada costeira).
O município de Pitimbu apresenta a maior faixa litorânea do estado composta
por um conjunto de 13 praias (Praia de Pitimbu, Praia de Acaú, Praia Bela, Praia Azul,
Praia dos Mariscos, Praia do Pontal, Praia da Guarita, Praia de Santa Rita, Praia das
Falésias, Ponta de Coqueiros, Praia de Pontinhas, Barra do Abiaí e Barra do Graú) e um
farol lá encontra-se ainda uma planície de restinga.
Unidades de Conservação
As unidades de conservação é uma das maneiras encontradas para garantir a
preservação de áreas com grande biodiversidade, elas se apresentam como reservas
biológicas e extrativistas, parques nacionais, áreas de preservação entre outros. São
espaços com valor naturalístico que são delimitados e protegidos pelo poder público.
Estas áreas têm por objetivo preservar a biodiversidade da interferência humana assim
como conscientizar e evitar a ocupação indevida da área além de criar uma área para
pesquisa.
Pode-se dizer que no Brasil esta é uma pratica ainda recente se levarmos em
conta que a maioria das unidades foram criadas nos últimos 30 anos. O Brasil possui
atualmente 1.600 unidades entre reservas particulares, federais, estaduais e municipais
uma quantidade relativamente alta, porém não suficiente, pois o país ainda possui áreas
não protegidas. O SNUC foi regulamentado pela lei No 9.985, de 18 de julho de 2000.
As unidades de conservação estão divididas em dois grupos, Unidades de
Proteção Integral (Estações Ecológicas, Reservas Biológicas (REBIO), Parque
Nacional (PARNA), Monumentos Naturais, Refúgios de Vida Silvestre) e Unidades de
Uso Sustentável (Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Relevante Interesse
Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva Extrativista (RESEX),
Reserva de Fauna (REFAU), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN)). Estes dois grupos podem ser geridos por três
esferas do poder público, Federal, Estadual e Municipal.
Unidades de Preservação na Paraíba
A Paraíba possui uma quantidade razoável de unidades de conservação que estão
em sua maioria localizadas na Mesorregião da Zona da Mata paraibana. Das unidades
existentes na Paraíba 7 são reservas particulares de patrimônio natural, 13 de
preservação estadual, 3 federais e 3 municipais. As unidades de preservação na Paraíba
se estendem do litoral ate o sertão. Estas áreas são protegidas não apenas por leis
federais como também pelos códigos estaduais e municipais de meio ambiente e
algumas em particular pelo plano diretor de cada município como é o caso da APA de
Jacarapé.
Crescimento Urbano
O avanço no processo de urbanização ocorrido no século XX, assim como o
avanço tecnológico e o consumismo incentivado pelo mesmo contribuíram para a
alteração nos padrões de vida da sociedade e isso provocou o aumento na demanda por
recursos naturais causando assim uma pressão sobre esses recursos.
O crescimento urbano do país nas últimas duas décadas causaram mudanças não
só na dinâmica social como também, na área política, cultural e econômica. Tal
crescimento afeta toda sociedade porem trazem consigo problemas principalmente na
área ambiental, pois tal crescimento afeta diretamente a biodiversidade que precisa ser
retirada para dar lugar às construções.
Expansão imobiliária na grande João Pessoa
O município de João Pessoa já se encontra bastante urbanizado e é em
decorrência dessa urbanização que a cidade vem se expandindo em direção ao
município do Conde. O crescimento de empreendimentos imobiliários na grande João
Pessoa é visível, a especulação imobiliária é crescente e para conseguir atender a
demanda a construção civil precisa de novas áreas.
A verticalização já é um fenômeno constante em toda grande João Pessoa
principalmente nos bairros próximos a orla. O Altiplano Cabo Branco é um exemplo
claro da influencia do Crescimento imobiliário O bairro que há anos era coberto por
vegetação hoje vive um “buum” imobiliário com a construção de condomínios de luxo.
É importante destacar que estas áreas aparecem na lei orgânica do município
como “Zonas” especiais de conservação.
Art. 26. São Zonas Especiais de Conservação do
Município:
II – Falésias do Cabo Branco, Falésias Vivas e
Mortas;
V – Mata do Cabo Branco;
VII – O Altiplano do Cabo Branco;
VIII – A Ponta e a Praia do Seixas;
X – Os Vales dos Rios: Jaguaribe, Cuia, Cabelo,
Gramame, Sanhauá...(CÓDIGO AMBIENTAL DO
MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA)
Figura 1: Mata de Jacarapé. Fonte: Laciene. Figura 2: Residência em Jacarapé. Fonte: Lindomar.
O que foi observado na aula de campo é que a obra está parada, trata-se de um
canteiro de obras gigante sem nenhum trabalhador, há alguns galpões provisórios
construídos provavelmente pelos próprios pedreiros, caminhões para carregar entulho,
porém em plena quarta-feira não havia ninguém trabalhando. No local tem muito
entulho jogado pelo enorme descampado que está cercado para ninguém invadir.
O centro de convenções sem duvida é um grande empreendimento para o setor
turístico e trará varias divisas para o estado, mas os danos ambientais causados com a
sua construção são enormes já que á área onde está localizado é um local onde ainda
existe uma considerável diversidade da fauna e da flora local.
Figura 9: vista da praia de Coqueirinho. Fonte: Laciene . Figura 10: “Cânion de Coqueirinho. Fonte Laciene
Figura 14: Av. Beira Mar em Pitimbu. Fonte: Laciene Figura 15: Barracas na praia de Pitimbu. Fonte Laciene
Referências
CRAVEIRO, Juliana Rodrigues Venturi. Caracterização das Unidades de
Conservação: Referências Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza. 1 º Simpósio de Pós – Graduação em Geografia do Estado de São Paulo. Rio
Claro – SP – 2008.
GOVERNO DO ESTADO. Atlas Geográfico da Paraíba. João Pessoa, Graffset, 1985.
GUERRA, Antônio Teixeira. Dicionário Geológico-Geomorfológico. Rio de Janeiro,
IBGE, 1969.
MOREIRA, Emília de Rodat F. O espaço natural paraibano. João Pessoa, 19_ _.
SEABRA, G. F. Turismo insustentável: degradação da cultura e do meio ambiente no
estado da Paraíba. Revista Paraibana de Geografia, João Pessoa, v. 2, n. 1, p. 89-100,
2000.
SILVA, L. M. T. et al. Uso e ocupação do litoral sul da Paraíba: o caso de Jacarapé.
Revista Cadernos do Logepa – Série Texto Didático. Ano 2, n.º 3, p. 34-43. 2003.