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RESUMO
Foi realizada uma pesquisa em uma drogaria localizada no município de Itaocara, estado do
Rio de Janeiro no período de janeiro a junho de 2011. O objetivo da pesquisa foi verificar
quais são os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) mais dispensados bem como as
principais associações. Os resultados revelaram a dispensação total de 14.072 AINEs com
maior dispensação no mês de junho com um total de 2.885 dispensações (20,50%), sendo o
mês de fevereiro o de menor índice de dispensações, no total de 1.766 (12,55%). Um total de
6.359 formulações (45,19%) continha apenas um princípio ativo, enquanto que 7.713
formulações (54,81%) apresentavam dois ou mais princípios ativos associados. Dentre as
formulações isoladas, as três mais dispensadas foram a dipirona com um total de 45,90% das
vendas, seguida do ácido mefenâmico (20,96%) e do paracetamol (11,23%). Dentre as
formulações associadas, 7.713 no total, as três mais dispensadas incluíram a dipirona +
escopolamina (26,25%), seguida de dipirona + cafeína + mucato de isometrepteno (21,76%) e
da dipirona + cafeína + orfenadrina (17,75%). O princípio ativo mais presente nas associações
foi a cafeína seguida da dipirona e do paracetamol. De acordo com a metodologia utilizada é
possível concluir que os AINEs constituem-se em fármacos com alta dispensação nas
drogarias, sendo maior nos meses de maio e junho; a dipirona é o mais dispensado,
principalmente na forma associada; seguida pelo ácido mefenâmico e pelo paracetamol. A
automedicação é frequente em relação ao uso de tais medicamentos.
ABSTRACT
A research was carried out in a commercial drugstore located in the municipality of Itaocara,
State of Rio de Janeiro in the period of January to June 2011. The objective of the research
was to determine what are the nonsteroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) more
dispensed and the main associations. The results revealed a total of 14,072 NSAID
dispensated with higher dispensation in June with a total of 2885 dispensations (20.50%),
being February the month with the lowest rate of dispensations, the total of 1,766 (12.55%). A
total of 6359 formulations (45.19%) contained only one active ingredient while 7713
formulations (54.81%) had two or more associated active ingredients. Among the individual
formulations, the three most dispensed were dipyrone with a total of 45.90% of sales, then
mefenamic acid (20.96%) and acetaminophen (11.23%). Among the associated formulations,
7713 in total, the three most dispensed included dipyrone + scopolamine (26.25%), followed
by dipyrone + caffeine + isometrepteno mucate (21.76%) and dipyrone + caffeine +
orphenadrine (17,75%). The active ingredient that was more present in associations was
1 – Introdução
2 – Metodologia
3 - Resultados e Discussão
Durante o período estudado, o total de dispensação de drogas da classe dos AINEs foi
equivalente a 14.072. Ao se avaliar o total de dispensação mensal, os resultados indicaram
que houve maior dispensação de AINEs no mês de junho com um total de 2.885
dispensações, perfazendo 20,50% das vendas no primeiro semestre de 2011. O segundo mês
com maior venda de AINEs foi em maio com 2.752 dispensações (19,56%), seguido do mês
de março com 2.354 dispensações (16,73%), abril com 2.173 dispensações (15,44%), janeiro
com 2.142 dispensações (15,22%), sendo o mês de fevereiro o de menor índice de
dispensações, no total de 1.766 (12,55%).
No gráfico 1 podem ser melhor observadas as dispensações de AINEs ao longo dos
primeiros seis meses do ano de 2011 no estabelecimento comercial estudado.
(%) 25
20
15
10
0
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Um princípio ativo
54,81%
gráfico 3 podem ser melhor observadas as dispensações das formulações contendo princípios
ativos sem associações.
50
(%)
40
30
20
10
0
na
s
no
o
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a
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(AINEs)
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Ác
Gráfico 3. Fármacos da classe dos AINEs mais vendidos durante o primeiro semestre de
2011 em uma drogaria do município de Itaocara, estado do Rio de Janeiro.
Dipirona
isolada
34,60%
dipirona em
associação
65,40%
Paracetamol
em formulação
isolada
27,60%
Paracetamol
em formulação
associada
72,40%
AAS em
formulação
isolada
49,68%
AAS em
formulação
associada
50,32%
quadros de cefaléia. Em uma pesquisa realizada por Castilho et. al (1999) observaram-se que
a dipirona sódica foi a mais prescrita entre as drogas com finalidade analgésica por cirurgiões
dentistas, em formulação isolada, enquanto que a sua associação com cloridrato de
isometrepteno foi uma das menos dispensadas. Também um estudo realizado em uma clínica
de uma instituição de ensino superior revelou que a dipirona foi o analgésico mais prescrito,
representando 70,4% das prescrições (SEABRA; LOPES, 2010). Em uma avaliação do
tratamento da cefaléia em uma unidade de emergência da cidade de Ribeirão Preto realizado
por Bigal et al. (1999) a dipirona foi o fármaco de primeira escolha, perfazendo 41,8% das
dispensações e sendo o fármaco também que apresentou os melhores resultados,
principalmente quando a dipirona foi associada aos antieméticos (88,2%), ao diclofenaco
(83,3%) e na forma isolada com 83,8% de melhoras.
Apesar dos riscos associados ao uso da dipirona, ela está entre os fármacos mais
utilizados no Brasil sendo que esse fato pode ser explicado, de acordo com Wannamacher
(2005), pelo seu alto potencial antipirético, sendo mais eficaz do que o paracetamol e o
ibuprofeno. Outro fato que deve ser levado em consideração é que a dipirona no Brasil é um
dos fármacos de mais fácil acesso pela população em geral, sendo vendido sem prescrição
médica nas farmácias e estando disponível também em mercados, padarias e até mesmo bares.
Hoje no Brasil a fiscalização da dispensação dos AINEs nesse tipo de comércio é mínima ou
até mesmo inexistente. De acordo com o Intercontinental Marketing Services Health
Incorporated (IMS Health Incorporated), no ano de 2000 a dipirona foi o segundo
medicamento mais vendido em associação com isometrepteno e cafeína. Na forma isolada ela
apresentou-se como o terceiro fármaco mais vendido e outra associação presente entre os mais
vendidos foi a dipirona sódica com prometazina e adifenina (SOBRAVIME, 2001). Embora a
dipirona seja um fármaco muito utilizado no Brasil, ela não é considerada um medicamento
essencial pela Organização Mundial de Saúde e seu uso foi suspenso em diversos países como
EUA, Canadá e Inglaterra (BRICKS, 1998). As principais causas citadas que justificariam a
proibição ou restrições ao uso da dipirona incluem quadros de anemia aplástica e
agranulocitose. No entanto, existem resultados bastante controversos em relação às
ocorrências destes efeitos, tanto por parte de diferentes estudos paralelos quanto referentes às
informações do fabricante. De acordo com relatos da SOBRAVIME (2001) o fabricante de
dipirona e alguns conselheiros científicos têm reiteradamente afirmado que o risco de
desenvolver agranulocitose em razão do emprego de dipirona é tão baixo quanto 1:1.000.000.
Por outro lado, segundo outros autores, este dado é enganoso e falso, pois os resultados
apresentados pelo IAAAS (International Agranulocytosis and Aplastic Anemia Study), que
constituem a referência dos fabricantes, dão como dimensão do denominador "uma semana de
uso", enquanto a frequência de agranulocitose é usualmente dada como casos por ano. Assim,
deve-se multiplicar a frequência de agranulocitose induzida por dipirona segundo a IAAAS
(1:1.000.000) por 52 (semanas) a fim de obter a unidade correta (ano). O resultado final será
equivalente a um caso de agranulocitose por 20.000 usuários de dipirona por ano (1:20.000),
um valor realístico. Em 1985, o IAAAS documentou cerca de 100 casos de agranulocitose
induzida por dipirona na República Federal da Alemanha e seu uso esteve próximo de 10
milhões de caixas prescritas para cerca de 3 milhões de pacientes no mesmo ano, o que resulta
em um caso de agranulocitose em 30.000 usuários (1:30.000). Este valor está de acordo com
os dados calculados provenientes da literatura internacional, realizados pelo Federal Health
Office em 1982. Ambos os cálculos mostram que o risco de agranulocitose induzida pela
dipirona é na verdade 50 vezes mais elevado que a magnitude do risco "semanal" de
1:1.000.000 descrito pelo IAAAS e amplamente propagada pelo produtor. Segundo, ainda, os
dados da SOBRAVIME (2001), a dipirona apresenta um componente imunogênico muito alto
e não só causa reações alérgicas na medula óssea, mas também o inteiro espectro das doenças
imunogênicas graves incluindo nefrite intersticial, hepatite, alveolite e pneumonite tanto
4 – Conclusões
5 - Bibliografia
LOBO, C.; MARRA, V. N.; SILVA, R. M. G. Crises dolorosas na doença falciforme. Revista
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