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S UMÁRIO
A P R E S E N T A Ç Ã O ......................................................................................................................................... 1
IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO.................................................................................................................................... 7
RESPONSÁVEL TÉCNICO ........................................................................................................................................................ 7
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2.1.2. Previsão de consumo .............................................................................................................................. 45
2.1.3. Cota “per capita” do sistema distribuidor de água potável ................................................................... 46
2.1.4. Demanda hídrica .................................................................................................................................... 48
2.1.5. Coeficiente de retorno (relação esgoto/água)........................................................................................ 48
2.1.6. Contribuição de esgotos ......................................................................................................................... 48
2.1.7. Contribuição unitária de carga orgânica ................................................................................................ 49
2.1.8. Contribuição de infiltração ..................................................................................................................... 49
2.1.9. Coeficientes de reforço ........................................................................................................................... 49
2.2. VAZÕES DE DIMENSIONAMENTO ............................................................................................................................. 49
2.2.1. Vazões domésticas ................................................................................................................................. 50
2.2.2. Vazões de infiltração .............................................................................................................................. 50
2.2.3. Vazões industriais ................................................................................................................................... 51
2.2.4. Vazões totais .......................................................................................................................................... 51
2.2.5. Carga orgânica média afluente .............................................................................................................. 51
2.3. CRITÉRIOS PARA DIMENSIONAMENTO DE REDE COLETORA E INTERCEPTORES ................................................................... 51
2.3.1. Vazão mínima ......................................................................................................................................... 52
2.3.2. Lâmina .................................................................................................................................................... 52
2.3.3. Declividade ............................................................................................................................................. 52
2.3.4. Diâmetro e material da tubulação ......................................................................................................... 53
2.3.5. Profundidade das redes .......................................................................................................................... 53
2.3.6. Poços de visita ........................................................................................................................................ 53
2.4. NORMAS ADOTADAS ............................................................................................................................................ 54
2.5. ESTUDOS DE POPULAÇÃO....................................................................................................................................... 54
2.5.1. Modelos de Previsão de População ........................................................................................................ 55
2.5.2. Estudo Populacional Adotado................................................................................................................. 60
2.5.3. Estimativa da população de projeto ....................................................................................................... 61
2.1. ZONAS CARACTERÍSTICAS DAS ÁREAS DO PROJETO ...................................................................................................... 64
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4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................................................... 85
4.2. REDE EXISTENTE................................................................................................................................................... 86
4.3. NÍVEIS DE TRATAMENTO ........................................................................................................................................ 86
4.4. ESTUDO AMBIENTAL NO CORPO RECEPTOR ............................................................................................................... 87
4.5. TRATAMENTO PRELIMINAR .................................................................................................................................... 87
4.6. TRATAMENTO PRIMÁRIO ....................................................................................................................................... 88
4.7. TRATAMENTO SECUNDÁRIO ................................................................................................................................... 89
4.7.1. Operação, processo e sistema de tratamento da fase líquida ............................................................... 90
4.7.2. Operação, processo e sistema de tratamento do lodo ........................................................................... 97
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L ISTADEQUADROS
QUADRO 1– Distâncias rodoviárias............................................................................................................................... 9
QUADRO 2 – Dados climáticos Juiz de Fora/MG ....................................................................................................... 25
QUADRO 3 – Perfil escolar de Belmiro Braga/MG .................................................................................................... 29
QUADRO 4 – Taxas de nascimento e mortalidade ...................................................................................................... 30
QUADRO 5 – Acesso a serviços básicos ....................................................................................................................... 30
QUADRO 6 – Indicadores sociais ................................................................................................................................. 31
QUADRO 7 – Aspectos demográficos / 2010 ................................................................................................................ 32
QUADRO 8 – Série histórica do crescimento da população de Belmiro Braga/MG ................................................ 32
QUADRO 9 – Taxa de crescimento anual – Belmiro Braga/MG ............................................................................... 33
QUADRO 10 - Consumo de água em alguns tipos de estabelecimentos comerciais e industriais ........................... 46
QUADRO 11 - Consumo per capita médio adotado por algumas entidades segundo NBR..................................... 47
QUADRO 12 - Projeções Populacionais para a população urbana do município de Belmiro Braga/MG.............. 57
QUADRO 13 – Número de moradias nos distritos de Belmiro Braga/MG ............................................................... 61
QUADRO 14 - Relação entre características urbanas e demografia ........................................................................ 62
QUADRO 15 - Parâmetros amostrados no ponto BS 024 para o 4º semestre de cada ano ...................................... 73
QUADRO 16 - Parâmetros amostrados no ponto BS 028 para o 4º semestre de cada ano ...................................... 73
QUADRO 17 - Identificação dos impactos e medidas de controle ambiental (planejamento e implantação) ........ 82
QUADRO 18 - Identificação dos impactos e medidas de controle ambiental na fase de operação ......................... 83
QUADRO 19 - Dados de projeto para final de plano (2032)....................................................................................... 86
QUADRO 20 - Vantagens e desvantagens dos tanques sépticos ................................................................................. 92
QUADRO 21 - Processamento do lodo de acordo com o sistema de tratamento de esgoto ...................................... 97
QUADRO 22 - Processamento do lodo de acordo com o sistema de tratamento de esgoto .................................... 100
QUADRO 1 - Características padrões físico-químicas dos esgotos sanitários domésticos ......................................... 1
QUADRO 2 - Parâmetros esperados da ETE ................................................................................................................ 1
QUADRO 3 - Características típicas dos sistemas de tratamentos de esgoto citados ................................................. 3
QUADRO 4 - Sistema de tratamento e suas características ......................................................................................... 4
QUADRO 5 - Comparação qualitativa dos sistemas de tratamento da fase líquida ................................................... 5
QUADRO 6 - Avaliação relativa dos sistemas de tratamento de lodo (fase sólida) .................................................... 6
QUADRO 7 - Vantagens e desvantagens dos sistemas apresentados ........................................................................... 7
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L ISTADEFIGURAS
FIGURA 1– Localização do município de Belmiro Braga/MG .................................................................................. 10
FIGURA 2 - Localização da cidade de Belmiro Braga e seus distritos ...................................................................... 10
FIGURA 3 – Geomorfologia Zona da Mata/MG ......................................................................................................... 12
FIGURA 4 – Mapa das unidades geológicas da Zona da Mata/MG .......................................................................... 14
FIGURA 5 – Mapa de solos da Zona da Mata/MG ..................................................................................................... 15
FIGURA 6 – Bacia Hidrográfica dos Rios Preto e Paraibuna .................................................................................... 19
FIGURA 7 – Vegetação .................................................................................................................................................. 21
FIGURA 8 – Temperatura média anual de Minas Gerais .......................................................................................... 22
FIGURA 9 – Precipitação acumulada mensal de Minas Gerais (mm) ...................................................................... 23
FIGURA 10 – Potencial eólico anual de Minas Gerais ................................................................................................ 24
FIGURA 11 - Rendimento nominal mensal domiciliar de Belmiro Braga ................................................................ 32
FIGURA 12 – Pirâmide Etária da população de Belmiro Braga ............................................................................... 33
FIGURA 13 - Gráficos e equações dos modelos matemáticos – município de Belmiro Braga/MG ......................... 59
FIGURA 14 – Esquema de um leito de secagem .......................................................................................................... 99
FIGURA 15 – Fluxograma das alternativas propostas para o sistema de esgotamento sanitário do município de
Belmiro Braga...................................................................................................................................................... 102
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DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO
Identificação do Empreendimento
Responsável Técnico
Empresa Contratada
Rua Rio Grande do Norte, 1560 conjunto 1006 – Bairro Funcionários – Belo Horizonte, MG
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OBJETIVO DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
Atender toda a população urbana e das localidades rurais com a coleta e o tratamento do
esgotamento sanitário, implantado novas redes coletoras, interceptores, substituição das partes
ineficientes, estações elevatórias e estações de tratamentos, promovendo a melhoria das condições
sanitárias, eliminando os focos e riscos de doenças, contaminação das águas superficiais e
subterrâneas e odores desagradáveis.
Citam-se ainda os seguintes benefícios do empreendimento:
• Saúde Pública: eliminação de roedores e de vetores que prejudicam a saúde da população
local;
• Ambiental: melhoria paisagística do local e eliminação do odor ocorrido em trecho às
margens do rio;
• Compatibilização: com demais planos, projetos e programas;
• Econômico: possibilitar o fomento do turismo local e do ecoturismo da região.
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1. DADOS E CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DO PROJETO
1.1. Localização
O município de Belmiro Braga situa-se na região da Zona da Mata do Estado de Minas gerais, e
Microrregião de Juiz de Fora. Limita-se ao norte com Juiz de Fora e Lima Duarte, ao leste com
Santa Bárbara do Monte Verde, oeste com Matias Barbosa e Simão Pereira e ao sul com os
municípios cariocas de Paraíba do Sul e Rio das Flores. Possui área de 393,13 km².
O município de Belmiro Braga está localizado a 28,6 km de Juiz de Fora. As coordenadas
geográficas do distrito são 21º56’56”S e 43º24’54”O.
Belmiro Braga possui três distritos, Sobragy, São José das Três Ilhas e Porto das Flores, além
das localidades de Fortaleza, Vila Klabin e Vila de São Francisco. O distrito de Sobragy está
localizado 4,5 Km. São José das Três Ilhas, esta a 18 km do município, e Porto das Flores a 33 km,
na divisa entre Belmiro Braga e Rio das Flores/RJ. A localidade de Fortaleza se encontra a 7,1 Km,
Vila de São Francisco a 5,4 Km e Vila Klabin a 2,8 Km. A linha férrea Ferrovia Centro Atlântica
atravessa o município no distrito de Sobragy, o Gasoduto MG/RJ da Petrobrás também passa
próximo ao distrito de São José das Três Ilhas, mas não da área habitada e por Fortaleza,
atravessando inclusive a rua principal.
O acesso a partir de Belo Horizonte é feito através da BR-040 e de Juiz de Fora através da MG-
353. As distâncias aproximadas do município de Rio Preto para algumas capitais são:
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FIGURA 1– Localização do município de Belmiro Braga/MG
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1.2. Histórico
Belmiro Braga possui origem histórica comum a todos os antigos distritos da região de Juiz de
Fora, que surgiram a partir da abertura do Caminho Nov, iniciada por desbravadores por volta de
1701. O arraial começou a povoar-se por volta de 1852. No local, existia a fazenda denominada Boa
Vista, de propriedade de Joaquim Garcia de Oliveira, que mais tarde foi adquirida por Joana
Claudina de Jesus, doadora para a criação do povoado de quatro alqueires de terra à Santana, hoje
padroeira da cidade. Outros moradores se radicaram à região, adquirindo terras e ali se fixando, na
sua maioria portugueses ou descendentes. Mais tarde, também chegaram os italianos que muito
contribuíram para o progresso do lugar.
A pequena povoação de Vargem Grande foi elevada à categoria de distrito de Paz em 1857. Em
1882, foi criada a Paróquia de Vargem Grande, e, em 1943, o local passou a ser distrito de Juiz de
Fora, com o nome de Ibitiguaia. Em 1962, tornou-se município desmembrando-se de Juiz de Fora,
adquirindo o nome de Belmiro Braga, em homenagem ao ilustre poeta que ali nasceu.
O distrito de São José das Três Ilhas, é hoje patrimônio histórico tombado com construções
datadas do século XIX. A Igreja matriz de São José das Três Ilhas foi construída pelos escravos dos
senhores do Ciclo do Café por volta de 1873. A Vila Klabin era até os anos 80 uma vila de
operários da mineração Empresa de Caulim Ltda., administrada pela empresa do grupo Klabin.
Devido ao baixo preço e interesse do mercado em relação ao comércio de caulim, a empresa
encerrou suas atividades e por iniciativa de uns dos proprietários, as residências da vila operária
foram doadas aos antigos empregados que a ocupavam.
O topônimo originou-se de homenagem ao grande poeta Belmiro Berlamino de Barros Braga,
ou somente Belmiro Braga, nascido em 7 de Janeiro de 1872 na localidade de Vargem Grande.
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O território do município de Belmiro Braga está inserido parte na cadeia de montanhas da Serra
da Mantiqueira e na depressão do rio Paraíba do Sul segundo mapeamento realizado pelo CETEC
de 1983.
A unidade geomorfológica Serra da Mantiqueira estende-se a partir das cabeceiras do rio
Camanducaia, no sul do Estado, pela divisa de Minas Gerais com São Paulo e Rio de Janeiro, e
prossegue em modo descontínuo ao longo da fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo. As
formas de relevo se caracterizam ora por escarpas, muitas delas envolvendo anfiteatros de
drenagem, cristais subparalelas, vertentes retilíneas, vales encaixados e orientados por fraturas na
direção ENE-OSO, ora por altas colinas, de topos arredondados, vertentes côncavo-convexas e
drenagem dendrítica. A Serra da Mantiqueira apresenta as altitudes médias mais elevadas do
Estado, entre 1.200 e 1.800 metros.
A depressão do rio Paraíba do Sul estende-se do baixo curso do rio Paraibuna até uma área ao
norte do rio Muriaé, prolongando-se a leste pelo Estado do Rio de Janeiro. Para o interior do Estado
de Minas Gerais evolui até as escarpas da Mantiqueira, em direção ao centro do estado alonga-se
pelos vales dos rios Pomba e Novo. Os rios que abriram a Depressão são Paraibuna, Pomba e
Muriaé. Predominam nesta unidade formas de relevo me colinas côncavo-convexas, amplas
planícies aluviais e alinhamentos de cristais isolados.
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Fonte: CETEC, 1983.
De acordo com o Diagnóstico Ambiental do Estado de Minas Gerais realizado pelo CETC em
1983 a constituição geológica da Zona da Mata é composta por rochas datadas do Proterozóico.
Como a Associação de Gnaisses Diversos (PЄgn), Grupo São João Del Rei (PЄsj), Associação
Araxá-Andrelândia-Canastra (PЄaac), Sequência Varginha-Guaxupé (PЄvg), Associação
Charnockítica (PЄsch) e alguns pequenos trechos na unidade do Supergrupo Rio das Velhas (PЄrv).
A cidade de Belmiro Braga possui território dentro de duas unidades: Associação de Gnaisses
Diversos (PЄgn) e Associação Charnockítica (PЄsch). Grande parte da área do município está
inserida na formação PЄsch. Suas principais características são a presença de rochas do tipo:
charnockitos, granulitos, anfibolitos, dioritos, gabros, piroxenitos, migmatitos e quartizitos diversos.
Os minerais constituintes desses tipos de rochas são principalmente: quartzo, feldspato, hiperstênio,
mica, sillimantita, olivina, anfibólio, piroxênio, zirconita e apatita. A decomposição produz um
manto de 5 a 10 metros de espessura, onde normalmente se podem observar os minerais alterados e
as estruturas de deformações.
Ao sul do município, às margens do rio Preto, encontra-se pequena faixa da formação PЄgn,
caracterizada por alguns locais de rochas manganesíferas, metabasitos, anfibolitos, xistos, rochas
básicas e ultrabásicas. Além de frequentes faixas quartizíticas, formando cristais e recursos minerais
como: pedras preciosas, minerais de lítio e caulinita.
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FIGURA 4 – Mapa das unidades geológicas da Zona da Mata/MG
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FIGURA 5 – Mapa de solos da Zona da Mata/MG
1.4. Hidrografia
Dentre as doze regiões hidrográficas existentes do país, encontra-se a Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste, com 229.972 km² de área de drenagem, o equivalente a 2,7% do País. De acordo
com a Agência Nacional de Águas (ANA), a Região Hidrográfica Atlântico Sudeste é conhecida
nacionalmente pelo elevado contingente populacional e pela importância econômica de sua
indústria. O grande desenvolvimento da região, entretanto, é motivo de problemas em relação à
disponibilidade de água. Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que apresenta uma das maiores
demandas hídricas do País, a bacia também possui uma das menores disponibilidades relativas. Os
seus principais rios são o Paraíba do Sul e Doce, com respectivamente 1.150 e 853 km de extensão.
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A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul possui uma área de drenagem de 62.074 km² e
abrange os Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A área da bacia corresponde a
cerca de 0,7% da área do país e, aproximadamente, a 6% da região sudeste do Brasil. O rio Paraíba
do Sul é formado pela união dos rios Paraibuna e Paraitinga. Entre os principais formadores da
margem esquerda destacam-se os rios Paraibuna mineiro, Pomba, Muriaé. Na margem direita os
afluentes mais representativos são os rios Piraí, Piabanha e Dois Rios. Em estudo realizado pela
Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisas e Estudos Tecnológicos (Fundação COPPETEC)
observou-se a predominância de áreas de aqüífero com águas de boa qualidade para abastecimento
público (mais de 90%). Em alguns trechos da região mineira da bacia encontram-se águas com
qualidade inferior, porém toleráveis para o abastecimento público.
Há diversos fatores que contribuem para a degradação da qualidade das águas da bacia, tais
como: a disposição inadequada do lixo; desmatamento indiscriminado com a conseqüente erosão,
que acarreta o assoreamento dos rios, agravando as conseqüências das enchentes; retirada de
recursos minerais para a construção civil sem a devida recuperação ambiental; uso indevido e não
controlado de agrotóxicos; extração abusiva de areia; ocupação desordenada do solo; pesca
predatória; entre outros. Com relação ao saneamento básico, a situação de degradação é crítica: 1
bilhão de litros de esgotos domésticos, praticamente sem tratamento, são despejados diariamente
nos rios da bacia do Paraíba - 90% dos municípios da bacia não contam com estação de tratamento
de esgotos. Aos efluentes domésticos somam-se 150 toneladas de DBO por dia, correspondente à
carga poluidora derivada dos efluentes industriais orgânicos (sem contar os agentes tóxicos,
principalmente metais pesados). A carga poluidora total da bacia do Paraíba, de origem orgânica,
corresponde a cerca de 300 toneladas de DBO por dia, dos quais cerca de 86% derivam de efluentes
domésticos, e 14% industriais. A disponibilidade hídrica per capita na bacia é de 7.303 m3/hab×
ano. Os principais usos da água na bacia são: abastecimento, diluição de esgotos, irrigação e
geração de energia hidroelétrica e, em menor escala, há a pesca, aqüicultura, recreação, navegação,
entre outros.
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O rio Paraibuna é o maior afluente em volume de água do Paraíba do Sul, apresentando vazão
média de 179 m3/s. Este rio nasce na Serra da Mantiqueira, no município de Antônio Carlos, a uma
altitude de 1180 m. A partir das nascentes, seu curso tem orientação W-E até proximidades da
divisa dos municípios Antônio Carlos e Santos Dumont. Em seguida recebe as águas do rio do
Peixe e do rio Preto pela margem direita e o rio Cágado pela margem esquerda, onde assume o
sentido N-S até a foz no Paraíba do Sul. Seu trecho final, numa extensão de 44 km, corresponde à
divisa entre os Estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Tem grande importância por ser o
principal receptor dos efluentes da região de Juiz de Fora.
A bacia do rio Paraibuna ocupa uma área de cerca de 8.593 km2 nos Estados de Minas Gerais e
Rio de Janeiro. De acordo com o Atlas Digital das Águas de Minas elaborado pela Universidade
Federal de Viçosa (UFV) em 2010 a bacia hidrográfica do rio Paraibuna ocupa a 12º posição no
ranking de produtividade hídrica, com 4,7 L/s × km2. O rio possui vazão média de 75,30 m3/s,
pluviosidade média de 171,33 m3/s, evapotranspiração 96,03 m3/s e a relação vazão/chuva de
43,95%, ou seja, a capacidade de recarga de aquíferos.
De acordo com Deliberação Normativa do CERH/MG, nº 06/2002 e suas alterações a bacia
hidrográfica do rio Paraíba do Sul foi dividida em duas Unidades de Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos (UPGRH), quais sejam: PS1 - Afluentes do rio Preto e Paraibuna e PS2 -
Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé. As UPGRH’s foram estabelecidas visando a
implantação dos instrumentos da Política Estadual e da gestão descentralizada dos recursos hídricos
no Estado de Minas Gerais. Em março de 2006 a Associação Pró-Gestão da Bacia Hidrográfica do
Rio Paraíba do Sul (AGEVAP) elaborou junto com a Fundação COPPETEC, o resumo atualizado
do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Paraíba do Sul, elaborado em 2001, para o período
de 2007 a 2010.
O rio Preto, que tem sua nascente a 2.700 m de altitude, na Serra do Itatiaia, junto ao Pico das
Agulhas Negras e é divisa natural entre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com 248 Km
de comprimento, o rio Preto é o principal afluente do rio Paraibuna e possui uma bacia de
contribuição de aproximadamente 3.427 Km2. Segundo o Atlas Digital das Águas de Minas, o rio
possui vazão média de 54,80 m3/s, pluviosidade média de 101,41 m3/s, evapotranspiração 46,61
m3/s e a relação vazão/chuva de 54,04%, ou seja, média capacidade de recarga de aqüíferos.
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O rio do Peixe nasce no município de Lima Duarte, na Serra da Mantiqueira a 1.300 m de
altitude. Alguns trechos do rio do Peixe servem de fronteira natural de municípios. Com 224 Km de
comprimento, o rio do Peixe é o segundo maior afluente do rio Paraibuna e possui uma bacia de
contribuição de aproximadamente 2.357 Km2. Os principais afluentes do rio do Peixe são os rios
Grão Mogol e Vermelho.
De acordo com Deliberação Normativa COPAM Nº 16 de 24 de setembro de 1996 que dispõe
sobre o enquadramento das águas estaduais da Bacia do Rio Paraibuna, os afluentes que compõe a
sub-bacia do rio Preto e do rio do Peixe estão dentro das Classes Especial e 1, dependendo do
trecho. Entretanto, pelo que cita o resumo atualizado do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do
Rio Paraíba do Sul de 2006, vale o artigo 42 da Resolução nº 357 de 2005 que estabelece como
Classe 2 todas as águas doces do país enquanto não forem feitos os enquadramentos pelos órgãos
competentes. Já que não foram ativas as metas para providenciar a avaliação da condição da
qualidade da água nem propostas medidas para efetivação do enquadramento no prazo de dois anos
hidrológicos para a bacia do rio Paraibuna.
Os principais cursos d’água que cortam o município de Belmiro Braga são: rio Paraibuna, rio
Preto, rio do peixe, córrego Boa Sorte, ribeirão Espírito Santo e ribeirão Lambari. Belmiro Braga é
uns dos 29 municípios que integram a Bacia Hidrográfica dos Rios Preto e Paraibuna de acordo
com o IGAM.
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FIGURA 6 – Bacia Hidrográfica dos Rios Preto e Paraibuna
1.5. Vegetação
A fisionomia vegetal que abrange a região de Belmiro Braga e grande parte da Zona da Mata é
denominada Floresta Estacional Semidecidual, típica do bioma Mata Atlântica. Nesta, as estações
úmidas e secas são bem definidas. As florestas atlânticas são ecossistemas que apresentam árvores
com folhas largas e perenes além de abrigar árvores que atingem de 20 a 30 metros de altura. Em
função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, esse bioma encontra-se hoje
extremamente reduzido, sendo uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo.
Apesar de reduzida a poucos fragmentos, na sua maioria descontínuos, a biodiversidade de
seu ecossistema ainda é uma dos maiores do planeta. Essa classe de floresta tem ocorrência natural
nas regiões mais próximas à Serra da Mantiqueira e especialmente nas sub-bacias dos rios Pomba e
Muriaé e no terço inferior da bacia do Paraíba do Sul, onde o clima se apresenta mais seco.
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De acordo com estudo realizado para a elaboração do resumo do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do
Rio Paraíba do Sul em 2007 sobre a distribuição dos padrões de ocupação e uso do solo na região da bacia,
observou-se que no trecho mineiro da bacia, o mais desmatado, existe expressiva quantidade de municípios
que apresentam nenhuma ou ínfima quantidade de cobertura florestal. São poucos os municípios mineiros
com melhores níveis de cobertura florestal. Entre 10% e 20% de cobertura florestal encontram-se
somente oito municípios – Bom Jardim de Minas (19%), Itamarati de Minas (18,5%), Santana do
Deserto (17,5%), Pedra Dourada (15%), Santa Bárbara do Monte Verde (13%), Além Paraíba
(12%), Barão de Monte Alto (11%) e Fervedouro (10%). E, com mais de 20% de cobertura
florestal, existem somente dois municípios mineiros: Matias Barbosa (21%) e Bocaina de Minas
(30%), esse situado em região montanhosa e apresentando ainda uma das maiores áreas de
vegetação secundária e um percentual atípico de área de pastagem (23%). Mais da metade (59%) do
trecho mineiro da bacia é composta por 53 municípios que apresentam menos de 5% de cobertura florestal.
Dentre esses, estão os municípios de Carangola, Cataguases, Juiz de Fora, Muriaé e Santos Dumont.
Entre 1997 e 2000, o Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica
Brasileira (PROBIO) realizou uma ampla consulta para a definição de áreas prioritárias para
conservação na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pantanal, Mata Atlântica e Campos Sulinos, e na
Zona Costeira e Marinha. Sendo assim, tornar possível a identificação de as áreas prioritárias para
conservação da biodiversidade, avaliação dos condicionantes socioeconômicos e das tendências
atuais da ocupação humana do território brasileiro, bem como formular as ações mais importantes
para conservação dos recursos naturais. Belmiro Braga está dentro de uma dessas áreas, de
relevante importância para a conservação do bioma Mata Atlântica.
De acordo com levantamento realizado em 2010 pela Fundação SOS Mata Atlântica, o
município de Belmiro Braga possui 6.622 hectares registrados como remanescentes de Mata
Atlântica. O município ainda esta dentro da Lei 11.428 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do bioma Mata Atlântica em todo território nacional.
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FIGURA 7 – Vegetação
1.6. Clima
Em Minas Gerais dominam as condições meteorológicas de características tropicais. Este tipo de
clima na região pode também pode ser chamado de tropical de altitude, e possui o mesmo regime
pluviométrico do clima tropical de savana, mas o regime de temperaturas é igual ao do clima
subtropical. No inverno, as geadas acontecem com certa frequência em virtude da ação das frentes
frias originadas da massa polar Atlântica. Em decorrência do declínio da temperatura do ar com a
altura, os valores mais baixos são observados geralmente nas áreas mais elevadas, embora seja
visível também a influência da latitude.
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FIGURA 8 – Temperatura média anual de Minas Gerais
A pluviosidade média anual da região da Zona da Mata varia entre 1.000 e 1.500 mm, na
proximidade com a região mais ao sul do Estado este índice tende a aumentar, podendo ultrapassar
1.600 mm ao ano.
Seguem mapas relativos à precipitação acumulada mensal em milímetros para os seis últimos
meses, de agosto de 2011 a janeiro de 2012 para todo estado de Minas Gerais.
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FIGURA 9 – Precipitação acumulada mensal de Minas Gerais (mm)
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Fonte: CPTEC, 2012.
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Radiação solar é a designação dada à energia radiante emitida pelo Sol, em particular aquela que
é transmitida sob a forma de radiação eletromagnética. Cerca de metade desta energia é emitida
como luz visível na parte de frequência mais alta do espectro eletromagnético e o restante na do
infravermelho próximo e como radiação ultravioleta. A média da radiação solar para a região de
Juiz de Fora nos três últimos meses foi de 443,37 kJ/m2.
Dados da estação meteorológica de Juiz de Fora em convênio com o Departamento de
Geociências do INMET produziram o seguinte quadro contendo dados climáticos para a região, nos
períodos de novembro de 2011 a Janeiro de 2012.
1.7. Infraestrutura
O município dispõe de estrutura operacional para realizar as atividades de abastecimento de
água, coleta de esgoto e drenagem pluvial. A Prefeitura é responsável por estes serviços juntamente
com a COPASA-MG, Secretaria de Meio Ambiente e Secretaria de Obras. A cidade possui
Secretarias de Obras, Saúde, Educação, Assistência Social, Cultura, Esportes e Fiscalização.
25
O tipo de tratamento empregado se dá por meio de floculação, decantação e filtração. Enquanto
98% do abastecimento público se dão por meio de captação superficial, apenas 2% é feita por meio
de poços. Existe previsão para ampliação do sistema de abastecimento urbano na sede do
município, atualmente a rede de distribuição conta com aproximadamente 8,0 km . Existem dois
reservatórios cada um com capacidade de armazenar 50,0 e 10,0 m3 de água tratada e 100% das
residências possui hidrômetro de acordo com informações da Prefeitura Municipal. O volume
consumido aproximado é de 170.000 litros de água por dia, quanto ao preço da tarifa, a mesma
varia entre R$ 7,50 e R$ 18,30.
Nos distritos, o abastecimento de água se dá em sua maioria através de poços artesianos e
distribuída diretamente à população, em outras ocorre a captação de água de nascente para a
distribuição direta.
As reclamações mais frequentes são provenientes da população do distrito de Porto das Flores,
pela elevada turbidez na água. Há também a necessidade do aumento da capacidade dos
reservatórios e a implantação de um sistema de cloração pós captação no Sítio do Dr. Lindolfo.
26
O distrito de Sobragy possui rede coletora única em tubos de PVC, que segundo informações,
não atende à demanda atual e apresenta problemas de entupimento das caixas diluidoras. O efluente
gerado é lançado sem tratamento no rio Paraibuna, um afluente do ribeirão Espírito Santo também
recebe a contribuição de cerca de 20 residências. No distrito de São José das Três Ilhas as redes são
mistas, de manilha de cimento ou barro e tubos de PVC nos trechos mais novos. O efluente é
despejado no córrego São José que corta grande parte do distrito, sua vazão é muito pequena
ocorrendo uma grande concentração de carga orgânica.
Em Porto das Flores, também distrito de Belmiro Braga, duas Pousadas afirmam possuir sistema
independente para tratamento do esgoto gerado. Já no gerado pelas residências, o mesmo é coletado
por uma pequena rede coletora e lançado sem tratamento no rio Preto. Vila São Francisco não
possui rede coletora e os esgotos são encaminhados individuais ou de forma coletiva para um
pequeno curso d’água, afluente do rio do Peixe. Na localidade de Fortaleza, do lado da rua principal
onde não existe curso d’água, há uma pequena rede coletora que recebe os esgotos das residências
deste lado da rua. No outro lado, existe um pequeno curso d’água, afluente do ribeirão Espírito
Santo, que recebe os esgotos “in natura” das residências próximas.
27
De acordo com informações mais atuais da Prefeitura Municipal, os resíduos sólidos urbanos de
Belmiro Braga são dispostos hoje em Aterro Controlado localizado em uma propriedade particular a
5,0 km da sede do município, seguindo pela estrada para Sobragy.
Em relação à coleta seletiva a mesma é realizada em todo município, no entanto o veículo
utilizado não é próprio para este tipo de serviço. O material é separado usando-se um dispositivo
dentro do próprio veículo.
Nos distritos, a coleta é realizada porta a porta, duas vezes por semana por três funcionários em
um caminhão dotado de carroceria. A coleta tanto na sede do município, quanto nos distritos é
realizada as segundas e quintas-feiras, de 6 às 15 horas.
Existe a coleta de resíduos de saúde, através de empresa privada, que os leva para tratamento e
disposição final em Belo Horizonte, coleta de resíduos especiais, como pneus e resíduos de
construção pela Prefeitura. Os serviços de varrição, capina e poda são também de responsabilidade
da Prefeitura Municipal.
A taxa pelo serviço é cobrada no IPTU. A Prefeitura de Belmiro Braga desenvolve uma
campanha educativa de preservação ambiental por meio de distribuição de pequenos cartazes pela
cidade. A campanha visa obter um racional e correto uso da água e aperfeiçoar a coleta de lixo
incentivando a coleta seletiva. Atualmente, o município ainda não pratica a coleta seletiva dos seus
resíduos.
28
1.8. Serviços
1.8.1. Educação
O quadro a seguir apresenta a porcentagem da população em idade escolar (4 a 17 anos), a taxa
de analfabetismo, considerando a população (acima de 15 anos), a taxa de abandono e as taxas de
aprovação das principais séries de Belmiro Braga, em Minas Gerais.
Segundo dados do IBGE do ano de 2009, 584 alunos estavam matriculados no ensino
fundamental, no ensino médio estavam matriculados aproximadamente 139 alunos e no ensino pré-
escolar eram 98 alunos. Quanto ao número de docentes, no município de Belmiro Braga existem 57
no ensino fundamental, 29 no ensino médio e 8 na pré-escola. No município existem 9 escolas de
ensino fundamental, 5 de ensino médio e 4 de ensino pré-escolar. Dados mais atuais, de 2010
referentes ao último Censo Demográfico realizado pelo IBGE, destacam que dos 3.403 habitantes
2.767 acima de 5 anos são alfabetizados, ou seja 81,31%.
Em Vila Klabin existe a Escola Wolff Klabin, construída junto à vila operária na época do
funcionamento da mineração de caulim na região. Até os dias de hoje a escola pertencente à
empresa e funciona através de convênio com a Prefeitura Municipal. Na localidade de Fortaleza,
também existe um escola, sob a responsabilidade do município.
1.8.2. Saúde
Segundo dados do IBGE de 2009, o município possui 8 estabelecimentos de saúde, sendo todos
provenientes do serviço público municipal. Porém, nenhum destes possuem leitos para internação.
Segundo dados do DATA SUS, de 2010 a despesa total com saúde por habitante foi de R$
658,73 no ano de 2008. O número de nascidos vivos no município de Belmiro Braga era de 39 em
2000 e passou para 31 em 2008, o que demonstra um declínio de 20,51%. E a taxa bruta de
natalidade, passou de 11,4 para 10,0 no mesmo período, um declínio de 12,28%. No período entre
2004 e 2006, a taxa de mortalidade infantil do município aumentou 20,74%, passando de 25,6‰ em
2004 para 32,3‰ em 2006 e o número de óbitos aumentou de 2,5‰ para 7,7‰.
29
QUADRO 4 – Taxas de nascimento e mortalidade
Belmiro Braga
Critério
2000 2008
Número de nascidos vivos 39 31
Taxa bruta de natalidade 11,4 10,0
1
Mortalidade infantil (por 1000 nascidos vivos) 25,6 32,3
Nº de óbitos (por 1000 habitantes) 2,51 7,7
1
Dados de 2004
Fonte: DataSus, 2010.
1.8.3. Habitação
De acordo com o Censo 2010 do IBGE, o município de Belmiro Braga possui um total de 652
domicílios particulares, o que representa 60,09% dos 1.085 existentes. Ainda segundo os mesmo
dados, 118 (10,9%) são alugados e 315 (29,03%) são cedidos pelo empregador ou de outra forma.
Do total, 91,24% são casas que possuem de 1 a 5 moradores e o restante, que corresponde a 8,75%,
mais de 6 moradores.
O quadro a seguir apresenta a evolução do acesso a serviços básicos no período de 2000 e 2010.
30
QUADRO 6 – Indicadores sociais
Belmiro Braga
Critério
1991 2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0,657 0,735
Classificação na UF - 382
Classificação Nacional - 2290
Fonte: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento-PNUD
1.9.1. Renda
As principais atividades econômicas desenvolvidas no município de Belmiro Braga são a
agricultura, pecuária, exploração vegetal, indústria de bebidas, comércio, suinocultura, laticínios,
mineração e piscicultura. As empresas que possuem sede no município são: Nova Fortaleza
Agropecuária Ltda., JP Mineração Ltda., Indústria e Comércio de Artefatos de Cimento São
Nicolau, Laticínios Bom Pastor Ltda., Companhia Paraibuna de Energia, Laticínios MBL Ltda.,
Agropecuária Três Ilhas Ltda., Auto Posto Ibitiguaia e Charles San Thomas Turismo Rural Ltda.
De acordo com dados do IBGE do ano de 2009 o setor de serviços correspondia ao maior PIB
do município, com cerca de R$ 14.847,00, seguindo do setor agropecuário (R$ 12.308,00) e
industrial (R$ 4.284,00). O PIB per capita chegou a ser de R$ 34.555,10 em 2008 e o rendimento
mensal domiciliar per capita normal era de R$ 406,00.
A seguir é apresentado gráfico com a relação entre o rendimento nominal mensal domiciliar em
salários mínimos, e os domicílios particulares permanentes de Belmiro Braga.
31
FIGURA 11 - Rendimento nominal mensal domiciliar de Belmiro Braga
A renda per capita média do município cresceu 38,92%, passando de R$ 158,02 em 2000 para
R$ 406,00 em 2009.
1.10. Demografia
Segundo o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010, Belmiro Braga apresenta uma
população total de 3.403 habitantes, com uma densidade demográfica em torno de 8,65 hab/km² e
grau de urbanização de 32,29%, conforme apresentado no quadro a seguir.
32
População
Ano Urbana Rural Total
hab % hab % hab
1970 830 15,58 4.498 84,42 5.328
1980 821 20,91 3.106 79,09 3.927
1990 941 23,67 3.034 76,33 3.975
2000 950 27,72 2.477 72,27 3.427
2010 1.099 32,29 2.304 67,70 3.403
Fonte: IBGE; Censos Demográficos de 1970 a 2010
Segundo estimativa realizada pelo IBGE, no ano de 2010 a população feminina do município de
Belmiro Braga é de 1.681 e a população masculina de 1.722. A seguir é apresentada a pirâmide
etária da população.
33
1.11. Planejamento do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgoto
34
SB4 0,21
TOTAL 2,36
35
SB2 32
SB3 264
TOTAL 720
SB1 80
SB2 383
Vila São Francisco SB3 53
SB4 86
TOTAL 602
-*: Não há estimativa para populações nestas áreas
As pranchas a seguir apresentam a definição das sub-bacias de esgotamento para cada área de
abrangência do projeto:
36
Belmiro
37
Sobragy
38
São Jose das três ilhas
39
Fortaleza
40
Vila Klabin
41
Porto das flores
42
Vila são francisco
43
1.12. Estimativa das Vazões
Para estimativa da vazão poderemos proceder a uma estimativa da vazão através de técnicas,
uma que leva em consideração apenas a área edificada existente, e a segunda que leva em
consideração informações, como por exemplo, o crescimento populacional, dados socioeconômicos,
consumo per capita de água, entre outros. Com base nas informações supracitadas e juntamente com
outras observações podemos proceder a uma estimativa prévia da vazão dos esgotos gerados no
município de Belmiro Braga.
Alguns pontos importantes a serem observados:
• Conforme apresentado neste volume no item 1.10 Demografia, o município de Belmiro
Braga possui uma população total de 3.403 habitantes e uma densidade demográfica em
torno de 8,65 hab/km² (IBGE, 2010). Porém os distritos não são citados na respectiva fonte
de consulta, sendo assim, podemos julgar que estes estão inseridos nos dados apresentados
em relação ao município. Para efeito deste trabalho vamos considerar que os dados
referentes aos distritos adjacentes estão inclusos nos dados do IBGE;
• 588 (54,19%) domicílios de Belmiro Braga eram atendidos pela rede geral de abastecimento
de água, 335 (30,87%) possuíam poço ou nascente e 162 (14,93%) possuíam outra forma de
abastecimento;
• 486 (44,79%) domicílios eram atendidos com rede de esgoto sanitário, 599 (55,20%)
utilizavam fossas, valas ou outro escoadouro;
• 879 (81,01%) residências de Belmiro Braga contam com a coleta de lixo pelo serviço
público;
• O município de Belmiro Braga possui um total de 652 domicílios particulares, o que
representa 60,09% dos 1.085 existentes; 118 (10,9%) são alugados e 315 (29,03%) são
cedidos pelo empregador ou de outra forma. Do total, 91,24% são casas que possuem de 1 a
5 moradores e o restante, que corresponde a 8,75%, mais de 6 moradores;
• O distrito de Sobragy possui 133 casas, São José das Três Ilhas, 88 e Fortaleza, 40. Foram
diagnosticadas 37 casas em Vila Klabin, sendo 30 delas, cedidas pelo empregador na época
que atividade da mineração e hoje de propriedade dos moradores. 165 casas em Porto das
Flores e 77 na Vila de São Francisco;
• As principais atividades econômicas desenvolvidas no município de Belmiro Braga são
baseadas na agropecuária, ecoturismo, extração vegetal e mineral;
44
• Em 2011 a Prefeitura Municipal criou a Lei Nº 387 e 388 de 19 de Outubro que dispõe sobre
a criação de um pólo industrial na cidade.
As vazões destinadas ao uso doméstico variam com o nível de vida da população, sendo tanto
maiores, quanto mais elevado esse padrão. Com relação à água para uso comercial, destaca-se a
parcela utilizada pelos restaurantes, bares, hotéis, pensões, postos de gasolina e garagens, onde se
manifesta um consumo muito superior ao das residências. Quanto às indústrias, aquelas que
utilizam a água como matéria prima ou para lavagens e refrigeração apresentam consumos mais
elevados.
Em ambos os casos, é difícil conhecer a demanda provável numa cidade sem que seja feito um
levantamento das necessidades de cada estabelecimento.
45
Conhecem-se valores médios de consumo relacionados a cada tipo de atividade, em função de
unidades de produção ou de outros dados tomados como referência. A tabela logo a seguir indica
alguns valores que poderão ser utilizados na previsão de consumo de estabelecimentos comerciais e
industriais.
A água para uso público é a parcela de água utilizada na irrigação de jardins, lavagem de ruas e
passeios, edifícios e sanitários de uso público, alimentação de fontes, esguichos e tanques fluxíveis
de redes de esgoto.
QUADRO 10 - Consumo de água em alguns tipos de estabelecimentos comerciais e industriais
Natureza Consumo
Escritórios comerciais 50 l/pessoa/dia
Restaurantes 25 l/refeição
Hotéis, pensões 120 l/hóspede/dia
Lavanderia 30 l/kg/roupa
Hospitais 250 l/leito/dia
Garagens 50 l/automóvel/dia
Postos de serviços para veículos 150 l/veículo/dia
Indústrias (uso sanitário) 70 l/operário/dia
Matadouros – animais de grande porte 300 l/cabeça abatida
Matadouros – animais de pequeno porte 150 l/cabeça abatida
Laticínios 1- 5 l/kg de produto
Curtumes 50 - 60 l/kg de couro
Fábrica de papel 100 – 400 l/kg de papel
Tecelagem (sem alvejamento) 10 - 20 l/kg de tecido
Laminação do aço 85 l/kg de aço
Indústria têxtil 1000 l/kg de tecido
Saboaria 2 l/kg de sabão
Usinas de açúcar 75 l/kg de sabão
Fábrica de conservas 20 l/kg de conserva
Cervejarias 20 l/litro de cerveja
46
Em cidades servidas por sistemas de abastecimento, o consumo per capita “q” é obtido
dividindo-se a quantidade de água aduzida durante o ano por 365 e pelo número total de habitantes
ou de pessoas abastecidas. A população abastecida é a que deve prevalecer, quando possível, pois
conduz a um resultado mais realístico. Este, evidentemente, inclui a parcela representada pelas
perdas. Na quase totalidade das cidades a população abastecida pelo sistema de suprimento é menor
que a total. Isso porque existem outras fontes de água, como rios e poços particulares, que são
também utilizadas.
No Brasil as cidades desprovidas de sistema de abastecimento possuem consumo per capita que
varia de 30 a 60 litros. As beneficiadas com serviço público eficiente, de 100 a 200 litros. Em
poucas cidades este valor é ultrapassado, sobressaindo-se as grandes capitais dos Estados. Para as
zonas servidas por torneiras públicas (chafarizes) é considerado o consumo de 30 litros por pessoa.
Vários são os fatores que afetam o consumo de água nas comunidades. São de ordem geral ou
específica; estes se relacionam com o próprio abastecimento de água. Dentre os fatores genéricos,
destaca-se o tamanho da cidade, suas características, tipo e quantidade de indústrias, o clima,
hábitos higiênicos e o destino dos dejetos. Quanto aos específicos, citam-se a modalidade de
suprimento, a qualidade, disponibilidade e custo da água, a pressão na rede e o controle do próprio
consumo.
Na avaliação da demanda hídrica para o consumo humano, utilizam-se dados mais ou menos
consagrados de consumo médio per capita. As normas para projeto organizadas ou adotadas por
entidades locais, estaduais ou regionais, geralmente apresentam os valores a serem adotados.
Conforme o Diagnostico dos Serviços de Água e Esgotos (2009) do Ministério das Cidades, o
estado de Minas Gerais, no ano de 2009, obteve um consumo médio per capita de 137,4 l/hab.dia.
Os Indicadores Básicos Gerenciais – IBG da COPASA, para o período de janeiro/2007 a
dezembro/2007 apontam a cota per capita de água de 120 l/hab.dia. Já na CESAMA de Juiz de
Fora/MG registram no ano de 2009 a cota “per-capita” média medida de 200 l/hab x dia nos
distritos onde não há hidrômetros.
1
Segundo Von Sperling o consumo de água per capita, para pequenas localidades (faixa da
população entre 10.000 – 50.000 habitantes) pode ser considerado de 110 – 180 l/hab.d.
A NBR 12211/1992 e 12214/1992 define o per capita de acordo com a população atendida:
QUADRO 11 - Consumo per capita médio adotado por algumas entidades segundo NBR
1
Livro: Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos (1996),
47
a- para populações futuras de até 10.000 habitantes: 150 a
Projeto de Normas Brasileiras para elaboração de 200 l/hab./dia;
projetos de sistemas de abastecimento de água, abril b- para populações futuras entre 10.000 e 50.000
de 1992 (NBR 12211/1992), e projetos de sistemas habitantes: 200 a 250 l/hab./dia;
de bombeamento de água para abastecimento c- para populações futuras maiores que 50.000 habitantes:
público, (NBR 12214/1992). igual ou maior que 250 l/hab./dia;
d- para população temporária: 100 l/hab./dia.
48
Para tal, ficou decidido que devido às características já mencionadas, a contribuição per capita
de esgoto para as áreas de abrangência do projeto é de 144 l/hab.dia de acordo com a NBR acima;
resultado encontrado levando-se em consideração que este consumo representa 80% do consumo
diário de água por habitante por dia.
49
2.2.1. Vazões domésticas
As vazões coletadas e afluentes ao tratamento foram calculadas com os parâmetros anteriores,
de acordo com as expressões:
• Vazão média afluente
P×q×C
Qm = + Qi
86.400
Onde:
Qm = vazão média afluente em l/s;
P = população atendida;
q = cota “per-capita” = 160 l/hab. x dia ou 144 l/hab. x dia;
C = coeficiente de retorno = 0,80;
Qi = 0,00033 x L = vazão de infiltração na rede coletora, onde L é o comprimento de rede
coletora e de interceptores, em metros.
• Vazão mínima afluente
Quanto às vazões mínimas, considerou-se a vazão média multiplicada pelo coeficiente K3,
relativo à hora de menor contribuição.
P × q × C × K3
Qmín = + Qi
86.4000
• Vazão máxima afluente
Para o cálculo das vazões máximas, consideram-se os coeficientes do dia de maior consumo
(K1) e da hora de maior consumo (K2).
P × q × C × K1 × K 2
Qmáx = + Qi
86.400
Q =q
I I
xL
Onde:
QI = contribuição de infiltração (L/s);
L = extensão de redes coletoras contribuintes (m).
qI = taxa de infiltração (L/s.km).
A vazão de infiltração foi limitada em 25% da vazão doméstica máxima, calculada ano a ano.
50
2.2.3. Vazões industriais
No presente projeto não serão consideradas vazões industriais no dimensionamento das
unidades, uma vez que as indústrias existentes na área de contribuição não representam potencial
poluidor significativo.
Q =Q +Q D I
Onde:
Q = vazão total contribuinte (L/s);
QD = contribuição de esgoto doméstico (L/s);
QI = contribuição de infiltração (L/s).
51
A necessidade de funcionamento das canalizações de coleta em regime hidráulico de
escoamento livre requer que se observem no lançamento do traçado das redes, as bacias naturais de
drenagem, para tirar partido das situações favoráveis à utilização das profundidades mínimas
estabelecendo desta forma o melhor arranjo sob o ponto de vista técnico, econômico e financeiro.
Sendo a topografia uma das principais norteadoras do traçado da rede de esgotos, pode-se
definir dentro destas áreas, algumas sub-bacias de contribuição.
Os critérios e parâmetros utilizados no dimensionamento dos interceptores foram definidos com
base nas normas T-234/0 – Projeto de Redes Coletoras Interceptores e Emissários de Esgotos
Sanitários da COPASA e na norma da ABNT NBR 12.207 – Projeto de Interceptores de Esgoto
Sanitário, conforme a seguir.
2.3.2. Lâmina
A lâmina máxima permitida é de 75%, quando a velocidade de escoamento for inferior a
velocidade crítica ou 50%, quando a velocidade de escoamento for superior a velocidade crítica.
2.3.3. Declividade
A declividade mínima será a correspondente à tensão trativa de 1,0 Pa para a vazão média de
início de plano. A declividade que satisfaz essa condição é:
I omín = 0,0055 xQi−0,74
Onde:
I omín = declividade mínima admissível, em m/m;
Qi = vazão média de início de plano, em L/s.
A declividade máxima será a correspondente à velocidade máxima de 5,0 m/s para a vazão
máxima de final de plano.
52
2.3.4. Diâmetro e material da tubulação
O diâmetro mínimo adotado para os interceptores, conforme orientação da COPASA-MG será
150 mm.
• Para os DN inferiores ou iguais a 400 mm serão utilizados tubos de PVC junta elástica;
• Para os DN superiores a 400 mm serão utilizados de tubos de concreto junta elástica;
• Para as travessias não destrutivas serão utilizados tubos de PEAD;
• Para as travessias sob os córregos serão utilizados tubos de ferro fundido ou MCA
dependendo do diâmetro. Sempre envelopados em concreto;
• Para a travessia sob o córrego serão utilizados tubos de ferro fundido.
O coeficiente de rugosidade dos tubos, ainda de acordo com a Norma 12.207 para o caso de
PVC, é de 0,013.
53
2.4. Normas Adotadas
No desenvolvimento deste projeto, foram adotadas as normas pertinentes da ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas especificamente as relacionadas abaixo:
• NBR 9.648/86: Estudo de concepção de esgotos sanitários;
• NBR 9.649/86: Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário;
• NBR 12.207/89: Projeto de interceptores para esgoto sanitário;
• NBR 12.208/92: Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário;
• NBR 12.209/92: Projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário;
• NBR 12.229/93: Projeto, construção e operação de sistemas de fossa sépticas;
• NBR 12.266/92: Projeto e execução de valas para assentamento de tubulação de água,
esgoto ou drenagem urbana;
• NBR 9.814/87: Execução de rede coletora de esgoto;
• NBR 12.587/92: Cadastro de sistema de esgotamento sanitário;
• NBR 13.133/94: Execução de levantamento topográfico;
• NBR 7.367/98: Projeto de assentamento de tubulações de PVC rígido para sistemas de
esgoto sanitário;
• NBR 13.969/97: Sistemas de tratamento complementares e disposição final de efluentes;
• NBR 7.362/90: Tubos de PVC rígido com junta elástica, coletor de esgoto;
• NBR 10.845/89: Tubo de poliéster reforçado com fibra de vidro, com junta elástica, para
esgoto sanitário;
• NBR 9.651/86: Tubos e conexões de ferro fundido para esgoto;
• NBR 8.899/86: Tubos de concreto armado, de seção circular, para esgoto sanitário;
• NBR 9.898/87: Preservação e técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos
receptores;
• NBR 9.897/87: Planejamento de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores;
• NBR 9.800/87: Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor
público de esgoto sanitário.
54
No método matemático, o cálculo da população é feito mediante uma equação matemática
definida, cujos parâmetros são obtidos a partir da observação dos dados históricos. São muitos
conhecidos os processos de crescimento aritmético e geométrico, os quais pressupõem que o
aumento da população em função do tempo obedeça, respectivamente, a uma progressão aritmética
e a uma progressão geométrica. Além desses, destaca-se a utilização das equações linear,
logarítmica e exponencial e os processos empíricos ou de extrapolação gráfica.
No método histórico, admite-se que o aumento populacional de uma comunidade seja um
aspecto da evolução dos organismos sociais. Embora não haja regra matemática rígida ou lei natural
governando os acontecimentos históricos, admite-se que a marcha da civilização, nos vários
municípios, promova a ocorrência de ciclos ou fases de desenvolvimento. Nestas condições, a curva
de evolução de uma comunidade mais desenvolvida lança luz sobre o que se pode esperar em outras
áreas que estão a caminho das mesmas fases de expansão.
Na prática, são aplicados diversos processos de previsão, alguns deles combinados entre si.
Essas diferentes hipóteses de cálculo conduzem a uma variação de resultados numéricos, a qual
indica a magnitude das incertezas envolvidas e, assim, oferece melhor orientação para a escolha
judiciosa dos valores a serem adotados no projeto.
55
Neste processo, admite-se que o crescimento da cidade nos últimos anos se processou conforme
uma progressão geométrica e que haverá de processar-se nos próximos anos segundo a mesma
progressão.
Desde que se conheçam dois dados de população P1 e P2, correspondentes aos anos T1 e T2,
pode-se definir a razão q da progressão geométrica pela fórmula:
P2
q = T2 −T1 −1
P1
Resulta a previsão da população P:
P = P0 (q )t − t 0
No processo geométrico, considera-se o logaritmo natural da população variando linearmente
com o tempo. Por meio de gráfico, em papel mono logarítmico, pode-se verificar essa linearidade,
representando as datas dos vários censos em abscissas e os logaritmos dos valores da população
como ordenadas. Também neste caso o crescimento é pressuposto ilimitado. Da mesma forma, a
taxa média ponderada é recomendável para os estudos de previsão.
a = exp[
∑ ln P − b ∑ x ] , sendo N positivo, inteiro e diferente de 1.
i i
N N
56
N ∑ Pi ln x i − ∑ ln x i ∑ Pi
b=
N ∑ (ln xi ) 2 − ( ∑ ln x i ) 2
1
a= ( ∑ Pi − b∑ ln x i ) , sendo N positivo, inteiro e diferente de 1.
N
57
2015 - 1094 1242 3563 1132 5119
2016 - 1100 1298 3683 1146 5531
2017 - 1107 1346 3807 1159 5935
2018 - 1114 1361 3936 1172 6334
2019 - 1120 1402 4069 1183 6726
2020 - 1127 1467 4206 1193 7113
2021 - 1134 1483 4348 1203 7496
2022 - 1141 1500 4495 1212 7874
2023 - 1147 1558 4646 1221 8247
2024 - 1154 1624 4803 1229 8617
2025 - 1161 1666 4965 1237 8984
2026 - 1167 1684 5133 1244 9346
2027 - 1174 1702 5306 1251 9706
2028 - 1181 1721 5485 1258 10062
2029 - 1187 1822 5671 1264 10416
2030 - 1194 1841 5862 1271 10767
2031 - 1201 1860 6060 1277 11115
2032 - 1207 1904 6264 1282 11460
Taxa de crescimento
0,43 2,53 8,23 0,70 11,25
anual (2011/2032)
58
FIGURA 13 - Gráficos e equações dos modelos matemáticos – município de Belmiro Braga/MG
59
2.5.2. Estudo Populacional Adotado
O crescimento populacional de uma cidade está relacionado a fatores que não podem ser
previstos com exatidão, podendo sofrer alterações em relação aos dados históricos. Em razão disso
considera-se a inclusão de certa margem de segurança na estimativa, no sentido de que as
populações reais futuras não venham a menos de alguma forte causa imprevisível, facilmente
ultrapassar a população de projeto estimada, reduzindo a vida útil do sistema.
Em função da realidade local podemos fazer as seguintes considerações:
• Em Belmiro Braga, a área de expansão da cidade se localiza a sudeste, em uma área com
potencial para abrigar loteamentos;
• No distrito de Vila Klabin não se levou em consideração para elaboração do projeto
questões como áreas de expansão, uma vez que a mesma é uma vila planejada e não
existem áreas disponíveis para construção de novos loteamentos ou construções. Na
parte oeste de Sobragy se encontram as principais áreas em expansão. São grandes lotes
e sítios a noroeste;
• Em Fortaleza a principal área de expansão urbana está localizada a nordeste do distrito,
margeando a estrada de acesso para Vila Klabin;
• Nos demais distritos, como Porto das Flores, São José das Três Ilhas e Vila de São
Francisco, não foram observadas áreas de expansão urbana.
Resumindo, na cidade de Belmiro Braga e em sua área de influência, não existem
empreendimentos que possam modificar a curto e médio prazo a economia local, porém devido à
criação da Lei Municipal 387 e 388 de 2011, o município inicia o processo de criação de um pólo
industrial.
Analisando-se os estudos de projeção, considerou-se que o melhor ajuste da curva de
crescimento foi o modelo de Projeção de Parabólica, com o maior coeficiente de correlação
(R2=0,943).
60
2.5.3. Estimativa da população de projeto
Segundo o estudo de estimativa de projeção da população aponta-se para o ano de 2013, ano de
realização dos estudos e início de plano, uma população total de 1.750 habitantes no total para as
bacias de Sobragy, São José das Três Ilhas, Fortaleza, Vila Klabin, Porto das Flores e Vila de São
Francisco. A população de final de plano, em 2032, será de 4.065 habitantes. Generalizando, a
população total do município, no início de plano será de 2.939 habitantes e a população de final de
plano, 2032, será de 5.969 habitantes. Não foi possível realizar o mesmo procedimento para a
população dos distritos e das localidades rurais, uma vez que não foram disponibilizadas ou não
existem dados históricos sobre a evolução das populações nestas regiões.
Como o objetivo deste projeto é a construção do sistema de esgotamento sanitário em todo
município de Belmiro Braga e as principais fontes de pesquisa não dispõe de dados específicos
sobre o número de habitantes nos distritos, optou-se em estimar estes valores através de outros
métodos.
Um dos métodos adotados para o levantamento da população de início de plano foi através da
contagem diretamente “in loco” do número de residências sendo ainda verificadas as características
de urbanização.
De acordo com dados do último Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, a maioria
das residências do município (91,24%) apresenta de 1 a 5 moradores. Para parâmetro de projeto,
utilizou-se os valores de 3 e 4 habitantes por residência para as estimativas populacionais. A
localidade de Fortaleza se encontra em processo de expansão residencial, por isso optou-se em
empregar o valor de 4 hab/residência neste local.
O livro “Sistemas de Esgotos Sanitários” de 1973 produzido pela Faculdade de Saúde Pública
da Universidade de São Paulo e pelo Centro Tecnológico de Saneamento Básico (CETESB) cita
que para se obter o conhecimento da população futura de uma cidade, é necessário saber qual a
possível distribuição desta população. A intensidade de ocupação de uma área é expressa por sua
densidade demográfica. O quadro seguinte apresenta valores referentes ao número de habitantes por
hectare em relação às condições de urbanização.
61
QUADRO 14 - Relação entre características urbanas e demografia
Característica Hab/ha
Áreas periféricas, casas isoladas,
25 – 50
lotes grandes
Casas isoladas, lotes médios e
50 – 75
pequenos
Casas geminadas, predominando 1
75 – 100
pavimento
Casas geminadas, predominando 2
100 – 150
pavimentos
Prédios de apartamentos pequenos 150 – 250
Prédios de apartamentos altos 250 – 750
Áreas comerciais 50 – 100
Áreas industriais 25 – 50
Densidade global média 50 – 150
Fonte: Sistemas de Esgotos Sanitários, 1973.
Para estimativa das populações de final de plano de cada bairro, localidade e suas respectivas
sub-bacias, foram utilizadas como referência os dados demográficos descritos no Quadro 15.
Enfim, para o levantamento da população de final de plano para o projeto do sistema de
esgotamento sanitário de Belmiro Braga, optou-se em trabalhar com o método previsto pelo livro
“Sistemas de Esgotos Sanitários”, acima citado. Assim sendo, a característica demográfica utilizada
será a de que toda a área do bairro ou localidade esteja saturada, ou seja, totalmente ocupada.
Estes dados foram aplicados no cálculo para a população de final de plano (2032) para cada uma
das sub-bacias das áreas de projeto, em que foram aproveitados valores estabelecidos para a
característica de “áreas periféricas, casas isoladas, lotes grandes”, ou seja, de 25 a 50 hab/ha. Em
Belmiro Braga, os valores de densidade demográfica variaram de 40,45 ou 75 hab/ha, nos distritos
de Sobragy e São José das Três Ilhas, este valor esteve baixo, de 30 e 25 respectivamente. Por ser
um distrito maior, localizado próximo à cidade e também por contar com grandes áreas livres, a
possibilidade de crescimento de Sobragy e consequentemente de maior recebimento de novos
habitantes é maior do que São José das Três Ilhas. Este apresenta característica de cidade turística e
não existem áreas visíveis para uma maior expansão urbana, portanto a densidade demográfica
utilizada para final de plano foi menor que a usada em Sobragy. Já nos distritos de Fortaleza e
Porto das Flores, foram empregados os mesmos valores de densidade demográfica, de 25 hab/ha
para projeção da população em cada sub-bacia para final de plano. Os dois distritos são pequenos,
entretanto em Fortaleza existe a possibilidade de aproveitamento das grandes áreas ainda
inutilizadas, para loteamentos e pátios industriais. Porto das Flores está localizado às margens do
Rio Preto, na divisa entre os estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, o que faz com que seu
território seja limitado a grandes expansões urbanas.
62
Vila Klabin e Vila de São Francisco São os menores distritos de Belmiro Braga, entretanto são
os que possuem o maior número de residências por hectare, ou seja, com maiores densidades
demográficas. Para ambos foram aproveitados valores também estabelecidos para a característica de
“áreas periféricas, casas isoladas, lotes grandes”, com tudo em Vila Klabin os valores foram de 40 e
50 hab/ha, enquanto em Vila de São Francisco foram de 40 e 45, dependendo da sub-bacia.
Segue quadro com as estimativas populacionais para cada sub-bacia das áreas de abrangência do
projeto:
População (hab.)
Bacia Sub-bacia
2013 2032
SB1 564 964
SB2 60 77
SB3 36 161
Belmiro Braga
SB4 42 170
SB5 487 532
TOTAL 1.189 1.904
SB1 102 592
SB2 96 120
Sobragy
SB3 201 496
TOTAL 399 1.208
SB1 189 439
SB2 42 84
São José das Três Ilhas
SB3 33 68
TOTAL 264 591
SB1 140 627
Fortaleza SB2 20 132
TOTAL 160 759
SB1 90 134
Vila Klabin SB2 21 52
TOTAL 111 185
SB1 360 424
SB2 30 32
Porto das Flores
SB3 195 264
TOTAL 585 720
SB1 33 80
SB2 93 383
Vila São Francisco SB3 36 53
SB4 69 86
TOTAL 231 602
Nota: Não foi possível fazer estimativa ano a ano tendo em vista a falta de dados confiáveis.
63
2.1. Zonas Características das Áreas do Projeto
A delimitação das bacias sanitárias e sub-bacias das áreas de projeto em Belmiro Braga para
início de plano, relativas ao ano de 2013, foram apresentadas no item 1.11 Planejamento do Sistema
de Coleta e Tratamento de Esgoto deste volume. Devido à ausência de dados confiáveis, não se
pode empregar o método de estimativa populacional ano a ano para as sub-bacias. Com isso foi
necessário ater-se a dados levantados em campo e informações fornecidas pela Prefeitura Municipal
e obtidas em levantamentos de campo. Já para final de plano foi adotada a determinação da
população através de bacias saturadas, considerando a saturação urbanística para as áreas de
abrangência do projeto.
64
Em 1993 a Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), a pedido do Conselho Estadual de
Política Ambiental (COPAM), iniciou o desenvolvimento de estudos visando ao enquadramento
dos rios estaduais. A primeira fase desses estudos teve por objeto o rio Paraibuna, afluente do rio
Paraíba do Sul, e constituiu a base das propostas de deliberação encaminhadas ao COPAM, que
enquadrou as águas estaduais deste rio (Deliberação Normativa - DN COPAM no 16/96), com base
na resolução CONAMA no 20/86 e a DN COPAM no 10/86, que estabelece a classificação das águas
do Estado de Minas Gerais. A referida deliberação instituiu, ainda, uma comissão de
enquadramento do rio Paraibuna, o qual tinha por meta providenciar a avaliação da condição da
qualidade das águas e propor medidas para efetivação do enquadramento no prazo de dois anos
hidrológicos, o que, na prática, não ocorreu. Portanto, continua prevalecendo o artigo 42 da
Resolução no 357/2005 que estabelece como Classe 2 todas as águas doces do país enquanto não
forem feitos os enquadramentos pelos órgãos competentes. (Plano de Recursos Hídricos da Bacia
do Rio Paraíba do Sul, 2006).
Em 20 de junho de 2002, foi criada a AGEVAP (Associação Pró Gestão das Águas da Bacia
Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul), constituída para o exercício das funções de secretaria
executiva do CEIVAP, desenvolvendo também as funções definidas no art. 44 da Lei n°. 9.433/97,
que trata das competências das chamadas Agências de Bacia. A partir da edição da Medida
Provisória Nº. 165/04, posteriormente convertida na Lei Nº. 10.881/04, a AGEVAP pôde, por meio
do estabelecimento de Contrato de Gestão com a Agência Nacional de Águas (ANA), assumir as
funções de uma Agência de Bacia, que são, essencialmente, prestar suporte administrativo, técnico
e financeiro, como receber os recursos oriundos da cobrança pelo uso da água bruta na bacia e
investi-los segundo o plano de investimentos aprovado pelo Comitê da Bacia – CEIVAP.
65
Para facilitar o processo de licenciamento e estabelecer critérios quando à classificação de
empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de autorização ou de
licenciamento ambiental no nível estadual, segundo o porte e potencial poluidor, foi criada em 2004
a Deliberação Normativa Nº 74, que determina também normas para indenização dos custos de
análise de pedidos de autorização e de licenciamento ambiental, e dá outras providências.
Refere-se na Resolução 369 de 2006 em seu art. 5º que o órgão ambiental competente emitirá a
licença ambiental desde que contemplam as medidas mitigadoras e compensatórias; previstas no §
4, do art. 4o, da Lei n o 4.771, de 1965. Tais medidas deverão ser executadas pelo empreendimento
na mesma sub-bacia hidrográfica, na área de influência ou nas cabeceiras dos rios.
Em seu artigo segundo a Resolução CONAMA no. 01 de 1986 defende a elaboração de Estudo
de Impacto e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) para algumas atividades chamadas de
modificadoras do meio ambiente, a serem submetidas ao órgão ambiental. Neste artigo consta nos
incisos V e VII, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários e obras hidráulicas de
saneamento.
Já a Resolução CONAMA No. 05 de 1988 esclarece no art. 3o a necessidade de licenciamento
ambiental para as obras de sistema de abastecimento de água, sistemas de esgotamento sanitário,
sistemas de drenagem e sistemas de limpeza urbana. O licenciamento para obras de esgotamento
sanitário abrange assim as seguintes outras construções: interceptores, elevatórias, estações de
tratamento, emissários e disposição final.
Para esta DN, que enquadra os sistemas de infraestrutura de saneamento, temos:
• E-03-06-9 Tratamento de esgoto sanitário
Pot. Poluidor degradador
Ar: P Água: M Solo: M Geral: M
Porte
Vazão Média Prevista < 50 l/s: pequeno
Vazão Média Prevista > 400: grande
Os demais: grande: médio
Para interceptores, emissários, elevatórias e reversão de esgoto temos:
• E-03-05-0 Interceptores, Emissários, Elevatórias e Reversão de Esgoto
Pot. Poluidor degradador
Ar: P Água: M Solo: PGeral: P
Porte
200 < Vazão Máxima Prevista < 500 l/s: pequeno
66
500 ≤ Vazão Máxima Prevista ≤ 1.000 l/s: médio
Vazão Máxima Prevista > 1.000 l/s: grande
No estado de Minas Gerais os empreendimentos são classificados em classes, de acordo com o
porte e potencial poluidor, encontrados acima. Para determinar em qual classe o empreendimento
ou atividade está inserida, deve-se seguir a tabela abaixo para também ser orientado o tipo de
licenciamento ambiental necessário.
67
Entretanto, as unidades de transporte e tratamento considerados de médio porte, devem
apresentar ao órgão ambiental competente informações gerais, descrição do projeto, caracterização
da vegetação, recursos hídricos e meio socioeconômicos, além de plano de monitoramento e
medidas mitigadoras por exemplo.
As unidades enquadradas como de pequeno porte apresentam ao órgão somente informações
gerais sobre o projeto, outorga de direito do uso de recurso hídrico e documento que comprove a
localização em conformidade, por exemplo. Tal licença simplificada é chamada de Licença
Ambiental Única de Instalação e Operação (LIO ou LS) e tem no mínimo 4 anos de validade.
Áreas de preservação permanente - APP são espaços ambientais públicos ou privados, cobertos
ou não por vegetação nativa, especialmente protegida por lei, e razão da importância da
conservação de sua vegetação natural, como forma de garantir o equilíbrio dos ecossistemas nos
quais está inserida, o que se faz, fundamentalmente, através da proteção dos recursos hídricos, da
paisagem, da estabilidade geológica, do solo, da biodiversidade, do fluxo gênico da fauna e da flora,
e do resguardo ao bem-estar das populações humanas (artigo 1º, § 2º, inciso II do Código Florestal,
com redação dada pela Medida Provisória Nº 2.166-67, de 24.08.2001).
Basicamente, tais áreas protegidas podem ser classificadas em:
- áreas de preservação permanente por força de definição legal (ou por efeito da lei), listadas no
art. 2º do Código Florestal:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal
cuja largura mínima seja:
1. De 30 metros para os cursos d'água de menos de 10 metros de largura;
2. De 50 metros para os cursos d'água que tenham de 10 a50 metros de largura;
3. De 100 metros para os cursos d'água que tenham de 50 a 200 metros de largura;
4. De 200 metros para os cursos d'água que tenham de 200 a 600 metros de largura;
5. De 500 metros para os cursos d'água que tenham largura superior
a 600 metros;
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja sua
situação topográfica num raio mínimo de 50 metros de largura. (...)
68
Apesar do que sugere sua denominação, consolidou-se o entendimento segundo o qual esses
espaços ambientais não se submetem a um tratamento restritivo absoluto, podendo ser
excepcionalmente suprimidos e utilizados com finalidades econômicas, hipóteses que devem se
restringir aos casos de utilidade pública ou interesse social e aos demais requisitos previstos no art.
4º do Código Florestal, com redação dada pela MP 2.166-67/2001.
O inciso III do art. 2º da resolução CONAMA No. 369 de 28 de Março de 2006 dispõem sobre a
excepcionalidade em intervenção ou supressão de vegetação em APP, quando esta for de utilidade
pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte,
saneamento e energia;
f) obras públicas para implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e
de efluentes tratados.
Esta mesma resolução define em seu art 3º. Algumas exigências quando for comprovado pelo
requerente:
I - a inexistência de alternativa técnica e locacional às obras, planos, atividades ou projetos
propostos;
II - atendimento às condições e padrões aplicáveis aos corpos de água;
III - averbação da Área de Reserva Legal e
IV - a inexistência de risco de agravamento de processos como enchentes, erosão ou
movimentos acidentais de massa rochosa.
Caso haja a necessidade de supressão de vegetação ou intervenção em APP, toda obra ou
atividade de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental deverá obter do
órgão ambiental competente a autorização para intervenção ou supressão. O processo administrativo
deverá ser protocolado junto ao órgão ambiental competente, observando as normas ambientais
aplicáveis. A autoridade ambiental estadual é competente pela emissão da autorização com
anuência prévia do órgão federal ou municipal, no caso deste projeto o órgão competente estadual
será representado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF).
O empreendimento deverá enviar juntamente com o Documento Autorizativo para Intervenção
Ambiental (DAIA), os documentos necessários para a formalização discriminados no Requerimento
para Intervenção Ambiental.
69
A autorização para intervenção em APP executado em áreas urbanas, dependerá do órgão
ambiental municipal, desde que o município possua o Conselho Municipal de Meio Ambiente,
Plano Diretor ou Lei de Diretrizes Urbanas (em municípios com menos de 20 mil habitantes),
mediante anuência do órgão ambiental estadual e federal, fundamentada em parecer técnico.
A Lei Federal 11.428 de 22 de Dezembro de 2006 que dispõe sobre a utilização e proteção da
vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, cita em se em seu artigo 14 que a supressão de
vegetação primária e secundária em estágio avançado de regeneração só é passiva de supressão em
casos de utilidade pública e relevante interesse social. Sendo que a mesma dependerá de autorização
do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou
municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto parágrafo a seguir
“§ 2o A supressão de vegetação no estágio médio de regeneração situada em área urbana
dependerá de autorização do órgão ambiental municipal competente, desde que o município
possua conselho de meio ambiente, com caráter deliberativo e plano diretor, mediante
anuência prévia do órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer
técnico”.
Entretanto, todo corte ou supressão autorizado por esta Lei ficam condicionados à compensação
ambiental, na forma da destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, com as
mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica e sempre que possível na mesma
microbacia hidrográfica.
Outro conceito relevante que deve ser analisado no momento do planejamento e implantação das
obras de esgotamento sanitário de Belmiro Braga, principalmente em áreas rurais, é o de Reserva
Legal. Este é dado pelo Código Florestal, em seu art. 1°, §2°, III, inserido pela MP N°. 2.166-67, de
24.08.2001, sendo:
"área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação
permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e
proteção de fauna e flora nativas."
Reserva Legal é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, que não seja a
de preservação permanente (APP). Ela varia de acordo com o bioma e o tamanho da propriedade e
pode ser:
I – 80% da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;
II – 35% da propriedade rural localizada no bioma cerrado dentro dos estados que compõem
a Amazônia Legal;
III- 20% nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do país.
70
Portanto, os proprietários de terra terão que reservar uma parte da vegetação natural em sua
propriedade para que o ecossistema seja protegido. Segundo o decreto 6.514, que pune com rigor os
crimes ambientais, o prazo para o produtor rural fazer a averbação da Reserva Legal é de um ano.
71
De acordo com Deliberação Normativa COPAM Nº 16 de 24 de setembro de 1996 que dispõe
sobre o enquadramento das águas estaduais da Bacia do Rio Paraibuna, os afluentes que compõe a
sub-bacia do ribeirão Espírito Santo estão dentro das Classes Especial e 1, dependendo do trecho.
Entretanto, pelo que cita o resumo atualizado do Plano de Recursos Hídricos da Bacia do Rio
Paraíba do Sul de 2006, vale o artigo 42 da Resolução Nº 357 de 2005 que estabelece como Classe
2 todas as águas doces do país enquanto não forem feitos os enquadramentos pelos órgãos
competentes.
Já que não foram ativas as metas para providenciar a avaliação da condição da qualidade da
água nem propostas medidas para efetivação do enquadramento no prazo de dois anos hidrológicos
para a bacia do rio Paraibuna.
A Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH No 1 de 5 de maio de 2008 dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Esta cita a
destinação de cada curso d’água dependendo da classe em que foi enquadrado (Art. 4º):
I - classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com filtração e desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral;
II - classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme
Resolução CONAMA No 274 de 29 de novembro de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao
solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA No 274, de 29 de novembro 2000.
72
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e
de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato
direto; e
e) à aquicultura e à atividade de pesca.
Em relação à qualidade e consequentemente ao padrão para lançamento de efluentes, os cursos
d’água de classe especial, 1 e 2 devem respeitar as condições estabelecidas na Secção II da DN
Conjunta 01/2008, descritos em seus artigos 12, 13 e 14.
Para que se possa ter ideia da atual situação dos cursos d’água da região em estudo, este item
também foi baseado no estudo realizado pelo Instituto Mineiro das Águas (IGAM) sobre o
Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais no Estado de Minas Gerais no quarto trimestre
do ano de 2010. Este relatório teve por objetivo a avaliação da qualidade das águas no referido
período contemplando uma discussão geral dos resultados das variáveis físico-químicas,
bacteriológicas e dos indicadores IQA (índice de qualidade das águas), CT (contaminação por
tóxicos), IET (índice de estado trófico), densidade de cianobactérias e ensaios ecotoxicológicos.
Estes parâmetros foram analisados de amostras realizadas nas estações BS024 e BS028 localizadas
no Rio Paraibuna no distrito de Sobragy e no Rio Preto na foz no Rio Paraibuna.
Deste Monitoramento foram gerados resultados gerais que demonstram que nestes dois pontos a
contaminação por tóxicos é baixa e o Índice de Qualidade da Água é médio, tanto do Rio Preto
quanto do Rio Paraibuna, com IQA entre 50 e 70.
Segundo este monitoramento, as fontes mais prováveis de poluição nos rios Preto e Paraibuna
são o lançamento de esgotos sanitários de Belmiro Braga, extração de pedras, argila e areia.
73
3.2. Análise Ambiental do Empreendimento e Impactos Esperados
As alterações no meio ambiente são provocadas pelas atividades humanas decorrem
principalmente das modificações na estrutura do ambiente biofísico, tais como, intervenção em
APP, supressão de vegetação, movimentação ou retirada dos solos e da introdução de componentes
estranhos aos ecossistemas, que ocasionam impactos de natureza negativa ou positiva. Através da
definição das áreas de influencia do empreendimento poder-se-á valorar os impactos nas diversas
fases do empreendimento (planejamento, implantação e operação).
Define-se como área de Influencia o espaço geográfico a ser direta ou indiretamente afetados
pelos impactos gerados das atividades de implantação e operação do mesmo. As áreas de influência
serão definidas como Área de Influência Indireta (AII), Área de Influência Direta (AID) em
conformidade com a abrangência e o tipo de impactos sobre os recursos naturais renováveis, biota e
população humana, conforme apresentado a seguir:
- Área de Influência Indireta (AII): do ponto de vista físico e biótico e socioeconômico, a área
de influência indireta foi delimitada como sendo o todo o município.
- Área de Influência Direta (AID): a área de influência direta foi delimitada como a área
constituída pela faixa de 3,0m ao longo dos interceptores, os logradouros públicos e todo entorno
das áreas das ETEs e Elevatórias.
Após a identificação dos impactos ambientais, de acordo com as fases do empreendimento, será
avaliado cada impacto e as ações que deverão ocorrer concomitantemente aos mesmos durante as
fases do empreendimento.
74
Se um sistema de tratamento for adequadamente empregado e manuseado, estes problemas serão
minimizados e melhorarão em muito a qualidade do curso d’água, beneficiando assim seus
potenciais usuários a jusante.
Podem-se citar como possíveis melhorias a diminuição da capacidade da água de veicular
organismos patógenos, uma maior incidência de luz solar devido a redução no teor de sólidos,
aumento da disponibilidade de água do curso hídrico, aumento da qualidade e disponibilidade de
água disponível no lençol freático.
No caso da bacia hidrográfica do rio Paraibuna, em levantamento realizado para elaboração do
Plano Diretor da Bacia em 2007, o lançamento inadequado e sem tratamento de efluentes nos cursos
d’água pertencentes à bacia, representam um dos maiores problemas para a manutenção da
qualidade destes. Assim sendo, serão indiscutíveis os benefícios decorrentes da implantação de um
sistema de esgotamento sanitário para a região.
75
3.2.1.4. Impactos sobre o meio socioeconômico
A implantação de redes de coleta e de tratamento de efluentes para populações que sofrem com
o problema da disposição inadequada do mesmo, gera primordialmente impactos positivos. Essas
ações visam proporcionar maior conforto à população beneficiária e o favorecimento da melhoria
das condições de saúde, inclusive com a diminuição da ocorrência de doenças de veiculação hídrica.
Espera-se que a implantação do sistema proporcione então uma melhoria das condições de vida da
população local. Qualquer obra de infraestrutura principalmente quando se abrange grandes áreas
como neste caso, gera certo incômodo a população local decorrente da geração de resíduos
decorrente das perfurações e do trabalho dos maquinários. Entretanto, este impacto é temporário,
visto somente na fase de implantação.
Ressalta-se que no caso deste projeto, não foi verificada a necessidade de reassentamento de
famílias ou possíveis danos ao patrimônio histórico, cultural e arqueológico na área de implantação
da rede ou da ETE. Não serão afetadas as populações rurais, ou atividades econômicas consideradas
como de subsistência da população.
3.2.1.5. Ocupação/renda
Para execução dos serviços de implantação do sistema de esgotamento sanitário e demais
atividades propostas, serão requisitados trabalhadores, gerando ocupação e renda temporária para a
força de trabalho local.
Quando da operação do sistema, os empregos serão permanentes, inclusive com a geração de
novos postos de trabalhos pela introdução de medidas de controle e monitoramento do corpo
receptor e da estação de tratamento de esgotos. A redução no tratamento das doenças, que sofrerão
decaimento com a implantação da rede, também implicará em ganhos econômicos para a população
e para o município em geral.
76
3.2.2.2. Fase de implantação
• Mobilização da mão de obra:
Na fase de implantação deverá ser alocado pessoal de obra. Conforme o diagnóstico realizado na
área, existe o quadro de desemprego dos habitantes locais. A renda mensal é baixa. Sendo assim,
sugere-se dar prioridade à utilização de mão de obra local visando beneficiar o contingente
disponível no distrito.
A alocação do pessoal nas obras, tanto na implantação quanto na operação, poderá gerar
incremento no setor de comércio local, além de indução ao setor informal.
• Implantação do canteiro de obras:
Na implantação das unidades do sistema, aberturas de acessos, limpeza de áreas e instalação do
canteiro de obras, serão necessários serviços de terraplenagem, os quais ocasionarão a supressão da
vegetação e movimentação de terra, impactos sobre o solo e sobre o meio biótico. Está previsto a
retirada da cobertura vegetal e árvores de pequeno porte.
Essa atividade poderá desencadear carreamento de sólidos para os corpos d’água provocando
assoreamento e o aumento de turbidez de suas águas. Este impacto está associado a área de
influencia direta e indireta do empreendimento.
• Intervenção em APP (área de preservação permanente):
De acordo com dados apresentados por imagens de satélite, fotos, visitas em campo e pelos
levantamentos topográficos, foi possível identificar as áreas de preservação permanente que
sofrerão intervenção, ou seja, áreas que se localizam a uma distância menor ou igual a 30,0 metros
dos cursos d’água. Nestas, haverá a necessidade de se implantar desde as redes de coleta,
interceptores, emissários a estação elevatórias ou de tratamento de esgotos.
• Supressão de vegetação:
Foram verificadas alternativas locacionais em que não seria necessária a supressão de vegetação,
neste caso, grande parte pertencente ao bioma mata atlântica. Portanto, em grande parte dos casos
observados no município de Belmiro Braga, a supressão de vegetação não pôde ser evitada.
• Medidas de controle ambiental deverão ser tomadas, como:
A supressão de vegetação deverá ser limitada estritamente a área necessária para a implantação
das redes coletoras e das Elevatórias e ETE, principalmente quando houver intervenção em APP.
Ao término das obras deverá ser executada a recomposição vegetal com plantio de espécies nativas
de porte médio e de plantas ornamentais conforme previsto no projeto urbanístico.
77
Segue abaixo, quadro com levantamento preliminar sobre as intervenções que irão ocorrer nas
APP’s decorrente das obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário de Belmiro Braga.
Estão sendo apresentadas informações como área da intervenção, incluindo supressão de vegetação
e a área afetada por cada tipo de obra.
Intervenção
Local Obra Área (m2)
em APP
EEE1
74,05 Sim
EEE2
70,0 Sim
Belmiro Braga EEE3
85,0 Sim
RAFA acoplado a filtro
267,0 Não
anaeróbio
EEE1
75,0 Não
Sobragy RAFA acoplado a filtro
429,9 Sim
anaeróbio
EEE1
80,0 Sim
Fossa séptica
São José das Três Ilhas 413,0 Sim
RAFA acoplado a filtro
420,0 Sim
anaeróbio
EEE1 151,0 Sim
Fortaleza EEE2 293,0 Não
Fossa séptica 478,0 Sim
Vila Klabin Fossa séptica 423,13 Sim
EEE1 250,0 Sim
Porto das Flores
Fossa séptica 412,0 Não
Vila de São Francisco Fossa séptica 377,45 Sim
78
Para minimizar os ruídos os equipamentos deverão sempre passar por inspeções e manutenções
rotineiras. Além disso, os equipamentos devem trabalhar em horários compatíveis com a população
vizinha e a legislação municipal pertinente.
Quanto ao desconforto dos operários é recomendada a observância à especificação da NBR e as
exigências de Segurança do Trabalho (NR’s).
Com relação ao incremento de veículos e máquinas e equipamento no trânsito local, deverão ser
instaladas placas de sinalização e tapumes. Embora a área de implantação da ETE seja distante do
trânsito, devem-se tomar todas as medidas de controle e sinalizações adequadas. Já as obras da rede
coletora deverão interferir no dia a dia da população, mas espera-se que através dos veículos de
comunicação e de placas de sinalização todos os transtornos sejam amenizados.
A abertura de valas para a execução da rede coletora na faixa de 1,50 m deverá ser totalmente
recomposta conforme o pavimento original.
O canteiro de obras deverá dispor de uma infraestrutura adequada ao seu funcionamento, com
instalações sanitárias apropriadas ao número de empregados, bem como um sistema de coleta e
disposição adequada dos esgotos gerados nas instalações através da instalação de uma fossa séptica.
A água potável a ser consumida no canteiro de obra deverá ser fornecida através de caminhões pipa
e armazenada em caixas d’água.
79
No caso dos reatores tipo RAFA, a maioria dos gases produzidos (metano e dióxido de carbono)
é retirada pelo coletor de biogás antes da saída do efluente líquido, fazendo com que odor seja
menos incidente na saída do sistema.
Como mediada de controle, o gás produzido no processo deve ser queimado antes de ser lançado
na atmosfera, cabendo ao operador observar sempre as canalizações de coleta para evitar possíveis
obstruções ou entupimentos.
No caso das estações elevatórias o controle do odor só é conseguido com uma manutenção dos
equipamentos através de lubrificação de peças e acessórios e limpeza de todas as unidades, grades,
caixa de areia, etc.
Caso ocorra alguma falha no fornecimento de energia ou necessária a troca ou reparo de alguma
unidade ou equipamento, está previsto no projeto, o sistema de segurança e descarga, que, para a
ETE prevê o lançamento direto no corpo d’água. Nas elevatórias os esgotos devem ser acumulados
no poço extravasor sendo quando possível retornável ao tanque da Elevatória, ou encaminhado ao
curso d’água.
3.2.2.4. Armazenamento
Os resíduos gerados na ETE deverão ser armazenados em caçambas específicas para este fim,
que devem permanecer próximas à área de descarte do lodo. As caçambas também serão utilizadas
para o descarte dos sólidos grosseiros e areia, gerados na fase de tratamento preliminar.
As caçambas permanecerão na área de armazenamento até que estejam com volume suficiente
para seu transporte até o destino final.
O transporte dos resíduos será feito através de caminhões Brooks cobertos com lona, sendo
executado em horário de menor movimento.
3.2.2.5. Segurança
Acidentes na área da ETE poderão ser evitados através de implantação de medidas de prevenção
de acidentes tais como:
• Cerca no entorno da área;
• Faixa de segurança do uso do solo no entorno da área da ETE.
Ainda como medida de segurança deve-se equipar todo o pessoal de operação com
equipamentos de proteção individual, preparar os funcionários com cursos e treinamentos de
segurança.
80
3.2.2.6. Disposição final dos resíduos da ETE
Propõem-se as seguintes alternativas para a disposição final dos resíduos gerados na ETE:
• Uma alternativa para os resíduos da ETE é quanto a sua utilização como adubo orgânico na
agricultura, porém, fica condicionada a realização de análise físico-química e bacteriológica
do material. Essa utilização tem crescido muito, e baseado em pesquisas e informações,
recomenda-se o seu uso em cultivos de árvores frutíferas, ornamentais, reflorestamento e
cereais. Não é recomendada a utilização desses resíduos em hortas ou sobre vegetais que
terão consumo direto da população. O lodo do esgoto contém microrganismos que podem
contaminar alimentos quando em contato direto. Assim sendo, hortaliças e frutas rasteiras
como o morango, melão e melancia não podem receber o lodo como fonte de matéria
orgânica;
• uso em gramados e jardins públicos é restritivo devido à possibilidade da presença de
crianças. É importante observar que o lodo proveniente de esgotos não substitui
completamente as fontes tradicionais de adubação, tais como nitrogênio e fósforo, o lodo é
mais uma fonte auxiliar e complementar. A reciclagem dos biossólidos do Leito de
Secagem, através de colagem prévia (pH 12) e adubação de culturas, em condições de
receber este benefício, poderá reduzir substancialmente os resíduos a serem tratados;
• O manuseio do lodo deve ser feito com cuidado e orientação de pessoal técnico
especializado. O armazenamento, após a desidratação no leito de secagem, poderá ser em
bombonas de plástico para facilitar seu transporte pela coleta municipal até o local indicado
pela Prefeitura para seu descarte.
Os quadros a seguir apresentam sumariamente os impactos ambientais decorrente da
implantação do empreendimento e as medidas mitigadoras propostas:
81
QUADRO 17 - Identificação dos impactos e medidas de controle ambiental (planejamento e implantação)
Medidas de controle
Fase Ações / elementos Serviços Impactos ambientais
Ambiental
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QUADRO 18 - Identificação dos impactos e medidas de controle ambiental na fase de operação
Medidas de controle
Fase Ações / elementos Impactos ambientais
ambiental
-Geração de ruídos;
-Liberação de odores desagradáveis; -Limpeza e remoção de sólidos grosseiros da grade e da caixa
-Propagação de doenças; de areia;
-Operação da unidade de
-Proliferação de insetos; -Dividir equitativamente a vazão;
tratamento (sistema e
-Desequilíbrio no processo biológico; -Adotar sistema adequado de medição de vazão;
equipamentos);
-Alteração do equilíbrio hidrológico da -Limpeza do poço de sucção;
-Efluente final (padrão de
Operação da estação bacia hidrográfica; -Adicionar cal sobre o lodo e sobre os materiais grosseiros;
emissão);
de tratamento de esgoto e -Efluentes com grande teor de sólidos, -Programa de atendimento nas emergências;
-Lodo do processo;
das elevatórias devido à falta de energia e pelo -Disposição adequada dos lodos e detritos;
-Destino final do lodo e
extravasamento dos esgotos; -Execução de programas de manutenção preventiva;
detritos;
-Melhoria da qualidade das águas -Implantação de cinturão verde ao redor da área da ETE e das
-Estação elevatória (resíduos
superficiais; EEE;
gerados).
-Diminuição da incidência de moléstias -Plano de Trabalho e Operação bem definidos e adequados ao
relacionadas à falta de um sistema sistema de tratamento escolhido.
adequado para o esgotamento sanitário.
83
3.3. Conclusões
A implantação das redes coletoras que conduzirá os esgotos sanitários até a ETE irá representar
uma nova condição de vida para as populações beneficiadas, com considerável melhoria na
qualidade de vida e na saúde pública, uma vez que a falta deste sistema aumenta os riscos de
contaminações de várias doenças, principalmente as associadas ao destino de dejetos e as doenças
transmitidas pela água.
Sendo o sistema de tratamento operado e monitorado atendendo os parâmetros projetados e os
exigidos por lei os patógenos deixam de ser a grande preocupação de impacto ao meio ambiente e
restringe-se aos resíduos sólidos e lodo, mas que se observado as medidas ambientais sugeridas
esses aspectos negativos esperados serão mitigados.
Cita-se vários benefícios com a implantação do tratamento dos esgotos:
• Diminuição da mortalidade infantil;
• Redução no número de doenças de veiculação hídrica;
• Redução das despesas com a medicina curativa;
• Aumento na produtividade do trabalho;
• Aumento na expectativa de vida;
• Preservação do meio ambiente;
• Favorecimento ao turismo local e
• Melhoria da qualidade da água dos córregos que drenam o município.
É grande a expectativa da população dos municípios beneficiados pela implantação do sistema
de tratamento de esgotos que deverá ser controlada através da divulgação do projeto, somente após
a confirmação de inicio das obras.
Na fase de implantação das obras, com a utilização de técnicas construtivas adequadas, não
deverão acarretar impactos negativos significativos nas áreas de influência deste empreendimento.
As interferências em APP’s deverão ser minimizadas com programas de recuperação ambiental
através do plantio de espécies nativas ao longo da faixa dos interceptores e nas áreas das EEE’s e
ETE’s serão previstas cinturões verdes em todo perímetro das áreas.
84
Como medidas compensatórias aos impactos gerados pela implantação do projeto, será
estabelecido um programa de educação ambiental que seguirá em paralelo ao projeto buscando
apresentar a importância do sistema de tratamento de esgotos para o meio ambiente e
principalmente para a população de Belmiro Braga. A implantação do programa de educação
ambiental deve também atingir a população através da comunicação escrita e falada abrangendo o
conhecimento sobre os problemas trazidos devido ao mau uso das instalações sanitárias e o manejo
inadequado dos resíduos sólidos, além de incentivar a população a manter o ambiente preservado.
85
QUADRO 19 - Dados de projeto para final de plano (2032)
Carga orgânica
Vazão média
Local População (hab.) média afluente
afluente (l/s)
(gDBO/hab. x dia)
Belmiro Braga 1.940 4,541 54 x 1,457
Sobragy 1.208 2,596 54 x 1,457
São José das Três Ilhas 591 1,436 54 x 1,457
Fortaleza 759 1,543 54 x 1,457
Vila Klabin 185 0,810 54 x 1,457
Porto das Flores 984 2,050 54 x 1,457
Vila de São Francisco 602 1,280 54 x 1,457
86
Além deste, deve-se aplicar os níveis anteriores, preliminar e primário. O nível terciário objetiva
a remoção de poluentes específicos, é pouco utilizado em tratamento de efluentes sanitários, uma
vez que é direcionado a efluentes industriais, com características próprias. O tratamento preliminar
visa a remoção apenas dos sólidos grosseiros, e o primário a remoção de sólidos sedimentáveis e a
parte da matéria orgânica.
Espera-se que a alternativa proposta para o tratamento dos esgotos do município obtenham
eficiência de remoção de poluentes e contaminantes, compatibilizando o padrão de lançamento com
a regulamentação ambiental descrita na Legislação Estadual DN 01/2008 COPAM/CERH.
87
O método mais utilizado como tratamento preliminar é a utilização de grade, caixa retentora de
areia e medidor de vazão. O gradeamento possui a finalidade de basicamente reter sólidos
grosseiros com granulometria pouco maiores que 1,0 cm, dependendo do espaçamento entre as
grades. Esta é uma alternativa economicamente viável e independe dos níveis posteriores, sendo
assim deve sempre ser aplicada no tratamento de efluentes.
Após gradeamento o efluente passará pelo desarenador onde será removida toda areia do esgoto.
O objetivo do desarenador é evitar o acúmulo de material inerte nos reatores biológicos. A unidade
desarenadora é do tipo canal com limpeza manual e fica situado à montante da elevatória (quando
houver). A areia deve ser removida periodicamente do desarenador e acondicionada em caçambas,
para uma posterior disposição em aterro sanitário. Como unidades complementares o tratamento
preliminar possuirá uma caixa de entrada para receber o afluente do interceptor, uma calha Parshall
para efetuar medições de vazão e um sistema de “by-pass” para possibilitar a limpeza da caixa de
areia. Esta calha, instalada à jusante da unidade de desarenação terá a finalidade de medir a vazão.
88
Este método deve complementar o tratamento preliminar, para que o efluente chegue nas etapas
posteriores com características de degradabilidade propiciais aos níveis secundários, e caso seja
necessário o terciário.
Independente do nível de tratamento final o método mais comumente aplicado é a caixa de
sedimentação ou caixa de areia. A respectiva caixa retém os materiais que tenham velocidade de
sedimentação ou peso especifico substancialmente maiores que aqueles sólidos orgânicos. Em
outras palavras, promove a separação de partículas com densidade superior à do esgoto. Este
método tem se mostrado economicamente viável devido à logística do meio filtrante empregado.
O método aplicado classifica-se como um processo biológico unitário, que segundo Metcalf &
Eddy (1991) é um método de tratamento nos quais a remoção de contaminantes ocorre por meio de
atividade biológica. Para a remoção de matéria orgânica (DBO em suspensão e/ou solúvel) utiliza-
se vários mecanismos, como a sedimentação, adsorção, hidrólise e estabilização.
Os sub-produtos desta etapa serão considerados posteriormente, como por exemplo o lodo
biológico.
89
− Lagoas de maturação;
− Disposição no solo;
Patogênicos
− Desinfecção com produtos químicos;
− Desinfecção com radiação ultra-violeta.
− Nitrificarão e desnitrificação biológica;
Nitrogênio − Disposição no solo;
− Processos físico-químicos.
− Remoção biológica;
Fósforo
− Processos físico-químicos.
90
A etapa física neste tipo de tratamento consiste na decantação, em que são separados os
materiais sólidos, líquidos e gasosos por diferença de massa específica. A sedimentação é o
processo de deposição dos sólidos por ação da gravidade. A flotação ocorre uma vez que pequenas
bolhas de gases, produzidas pela digestão anaeróbia, aceleram a ascensão de partículas sólidas
menos densas. Partes destas partículas, que formam a camada de escuma, podem atingir uma
espessura de 0,2 a 0,25 m, e é constituída por gorduras, como óleos e graxas.
A tecnologia empregada nestes tanques sépticos é bem simples, compacta, e de baixo custo.
Entretanto, assim como os demais processos anaeróbios, não apresenta alta eficiência,
principalmente na remoção de patôgenos, porém produz um efluente razoável.
Outra limitação é a baixa eficiência na remoção de matéria orgânica dissolvida, mesmo com o
tempo de detenção hidráulica maior. Para vazões pequenas e médias, os custos e a simplicidade
construtiva e operacional dos decanto-digestores são comparáveis apenas aos da lagoa de
estabilização.
A extrema simplicidade na operação pode ser fator decisivo na escolha deste tratamento,
principalmente em locais onde não se pode assegurar uma operação competente, atenciosa e
constante. A eficiência deste tratamento depende de vários fatores, principalmente da carga
orgânica volumétrica, carga hidráulica, geometria, temperatura e condições de operação.
Normalmente, a eficiência na remoção de DBO ou DQO varia de 40 e 70% e entre 50 e 80% na
remoção de sólidos suspensos.
Em relação ao dimensionamento, a relação largura/comprimento deve ser de no mínimo 2 e no
máximo 4, recomenda-se que a largura interna mínima seja de 0,80 m e a profundidade de 1,20 a
2,80 m dependendo do volume de efluente produzido. Quanto aos aspectos construtivos, a unidade
pode ser pré-fabricada ou construída no local, porém os materiais devem ser resistentes à
agressividade química dos esgotos.
Sobre os tanques sépticos, existem vários modelos: filtro anaeróbio, filtro aeróbio e filtro de
areia são os mais comuns e utilizados no Brasil. Dentre estes, vamos proceder à análise do filtro
anaeróbio.
Por definição, segundo a NBR ABNT13.969, filtro anaeróbio é um reator biológico com esgoto
em fluxo ascendente, composto de uma câmara inferior vazia e uma câmara superior preenchida de
meio filtrante submersos, onde atuam microorganismos facultativos e anaeróbios, responsáveis pela
estabilização da matéria orgânica. Estes tanques podem ser de câmara única, de câmaras em série
ou de câmeras sobrepostas e podem apresentar forma cilíndrica ou prismática retangular.
91
O primeiro modelo é utilizado para atender a residências de pequenos edifícios, mas os outros
dois prestam-se também para tratar volumes maiores de esgoto, sobretudo se tratando de várias
unidades conjugadas. Os dispositivos de entrada e saída são muito importantes para a eficiência do
sistema, uma vez que o duto de entrada diminui a área de turbulência, favorecendo a decantação, e o
de saída permite a tomada do efluente no nível em que o líquido é mais claro, além de reter escuma.
Existem duas opções para a destinação do efluente líquido após tratamento, sendo os mesmos a
partir de disposição no solo: valas de infiltração ou sumidouro. A escolha de qual opção a ser
adotada depende do tipo de solo do local, seu grau de permeabilidade, utilização e localização da
fonte de água no subsolo para consumo humano, volume e taxa de renovação das águas de
superfície.
As valas são recomendadas para locais onde o lençol freático está próximo a superfície e sua
implantação se dá por meio de uma escavação no solo, onde são colocados tubos de dreno com
brita, que permitem ao longo de seu comprimento, escoar para dentro do solo o líquido proveniente
da fossa e do filtro. Já o sumidouro é um poço sem laje de fundo, apenas com tijolos maciços ou
blocos de cimento nas laterais que também permite a penetração do efluente gerado pela fossa no
solo.
A remoção do lodo deve ser executada em frequência prevista em projeto (tempo de
esgotamento), por pressão hidrostática através de tubulação ou mecanicamente, por bombeamento
ou sucção; porém ambas as manobras devem levar em consideração o descarte adequado do lodo. O
lodo, removido em longos períodos de tempo, é estabilizado e facilmente pode ser condicionado
para o destino final, como disposição no solo. (PROSAB, 1999).
Ainda de acordo com a norma ABNT supracitada, meio filtrante é o material destinado a reter
sólidos ou fixar microrganismos na sua superfície para depuração de esgotos. Um material muito
empregado e que possui boa adsorção é a brita Nº. 4.
A seguir algumas vantagens e desvantagens em relação a este tipo de tratamento.
92
• Alternativa 2: RAFA acoplado a filtro anaeróbio (ETE compacta)
Tecnologia combinada que suporta as intempéries típicas do nosso tipo de clima, utilizado tanto
para efluente sanitário e industrial. O RAFA – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente diminui a
concentração da matéria orgânica contribuindo para uma maior eficiência do filtro anaeróbio
acoplado ao sistema.
Este é um sistema de rápida execução e custo de implantação reduzido, quando comparada as
outras tecnologias utilizadas.
A matéria orgânica efluente é direcionada por canaletas ao filtro anaeróbio acoplado ao RAFA,
tendo a finalidade de um sistema de pós-tratamento. Esta combinação pode propiciar uma eficiência
na remoção de DBO acima de 60%.
Algumas vantagens do sistema:
− Sistema compacto que reúne dois processos de tratamento em série em um único módulo;
− Reator pré-fabricado, o que representa maior rapidez de instalação;
− Baixo custo de implantação e operação;
− Grande facilidade de modulação e expansão;
− Simplicidade de operação e manutenção;
− Não utilização de produtos químicos;
− Baixo impacto ambiental, pois não libera maus odores nem produz ruído;
− Facilidade de localização no meio urbano;
− Área mínima para instalação;
− Grande confiabilidade, pois se adapta bem ao nosso clima;
− Alta eficiência na redução da carga orgânica contida nos esgotos;
− Baixa produção de lodo digerido e
− Os subprodutos gerados, como o lodo estabilizado e o biogás, podem ser reaproveitados.
A seguir será descrito o principio de funcionamento do sistema, conforme informações obtidas
junto ao fabricante.
O esgoto afluente entra pela parte superior do reator e é distribuído uniformemente no fundo do
mesmo. Ascende preenchendo toda a câmara do RAFA propriamente dito e extravasa, através de
tubos, para o compartimento anterior ao Filtro Anaeróbio. Percola de baixo para cima pelo material
inerte do filtro (brita 4), verte para a calha coletora e daí vai para uma unidade de pós-tratamento ou
o destino final.
93
No interior do RAFA acontecem os fenômenos da decantação, gaseificação - na zona
denominada ’manta de lodo’ - e digestão do lodo, proporcionados pela ação das bactérias
anaeróbias. Os gases produzidos nas reações de transformação da matéria orgânica pelas bactérias
metanogênicas, notadamente o metano (CH4), são separados do meio líquido pelo separador
trifásico, que os direciona para a parte central superior, de onde são coletados para o queimador
com dispositivo corta-chamas/dissipador ou simplesmente dispersos na atmosfera. O defletor,
localizado imediatamente abaixo do separador, evita com que os gases cheguem até o anel superior
do reator, favorecendo com isto a decantação e por conseguinte a separação do material sólido do
esgoto do meio líquido.
O lodo decantado acumula-se no fundo do reator onde acontece a digestão e sua consequente
estabilização. Depois de determinado tempo de residência e ter atingido certo volume, o lodo é
descartado através de tubulação de fundo para leitos de secagem para ser desidratado e
posteriormente incorporado à matriz do solo. Pode opcionalmente ser retirado por caminhão limpa-
fossa e enterrado em valas sépticas ou disposto em aterro sanitário.
O efluente do RAFA que percola pelo filtro sofre a ação das bactérias alojadas em seus
interstícios e a intervenção de fenômenos físico-químicos, responsáveis pela estabilização
complementar da matéria orgânica e pelo aumento da clarificação do efluente final. O filtro pode
ser esgotado ou retro-lavado, caso necessário. Os amostradores permitem a coleta de material do
interior do reator para realização de análises laboratoriais de parâmetros que irão auxiliar na
operação e monitoramento do sistema. A inspeção lateral permite o acesso para manutenção interna.
As inspeções na parte superior são usadas para a retirada de sobrenadante (escuma) que se forma na
superfície. A ventilação propicia a saída e entrada de ar, assegurando o funcionamento hidráulico.
Mais recentemente, também tem-se eliminado o decantador quando se usam reatores anaeróbios
de manta de lodo, porém, nesse caso, é obrigatório o uso de gradeamento fino dos esgotos
(PROSAB, 1999).
94
− Diminuição do consumo de energia no tratamento posterior (caso seja um tanque de
aeração);
− Diminuição do volume de matéria orgânica a ser degradada no tratamento posterior e
− Havendo viabilidade, pode-se considerar o uso do gás metano gerado (CH4) na produção de
energia.
A DBO é estabilizada anaerobicamente por bactérias dispersas no reator. A parte superior do
reator é divida em zonas de sedimentação e de coleta de gás. A zona de sedimentação permite a
saída do efluente clarificado e o retorno dos sólidos (biomassa) ao sistema aumentando a sua
concentração no reator. Este tipo de sistema dispensa decantação primária e a produção de lodo é
baixa.
A alta concentração de biomassa no reator propicia a formação de uma camada denominada
manta de lodo. Devido a elevada concentração de biomassa, o volume requerido a este tipo de
reator é bastante reduzido, quando em comparação com todas as outras alternativas de tratamento.
Baseando-se ainda, nas condições topográficas e considerando os benefícios ambientais, a
junção de um RAFA com um biofiltro anaeróbio, por constituir-se em um processo biológico
satisfatório aos parâmetros analisados, é capaz de realizar o tratamento do esgoto em nível
secundário, atingindo eficiência de remoção de matéria orgânica em torno a 85%, para afluentes
com características domésticas.
Embora os reatores RAFA incluam amplas vantagens comparado com outros tratamentos,
principalmente no que diz respeito a requisitos de área, simplicidade e baixos custos de projeto,
operação e manutenção, são observados alguns aspectos que colocam este sistema em desvantagem,
como a possibilidade de emanação de maus odores; baixa capacidade de tolerar cargas tóxicas;
elevado intervalo de tempo necessário para a partida do sistema e necessidade de uma etapa de pós-
tratamento.
Em relação ao pós tratamento, o filtro anaeróbio é a alternativa proposta. O filtro é
dimensionado de acordo com o reator e reduz a depuração da carga orgânica afluente atendendo aos
níveis estabelecidos de lançamento do efluente.
Como resultado da atividade anaeróbia no RAFA são formados gases, e dentre estes, em relação
aos mau odores, podemos citar um dos principais gases liberados neste processo, o metano (CH4).
Um dos principais gases causadores do efeito estufa, o metano possui características odoríferas
marcantes. Caso não seja feito o reaproveitamento deste, por exemplo, na produção energética,
recomenda-se que seja realizada a sua queima. Para tal, é necessário acoplar ao reator um
dispositivo de incineração de gases, que reduz o metano a CO2, gás menos nocivo a atmosfera.
95
O risco da geração ou liberação de maus odores pode ser bastante minimizado através de um
projeto bem elaborado, tanto nos cálculos cinéticos, quanto nos aspectos hidráulicos. A completa
vedação do reator, incluindo a saída submersa do efluente, colabora sensivelmente para a
diminuição destes riscos. A operação adequada do reator contribui também neste sentindo (Von
Sperling, 1996).
Quanto à partida do sistema, ponto de operação satisfatório em remoção de matéria orgânica,
esta pode ser realmente lenta, variando de 4 a 6 meses, mas apenas em situações em que não são
utilizados inóculos. Nos últimos anos, com a utilização de metodologias de partida bem
fundamentadas e com o estabelecimento de rotinas operacionais adequadas, significativos avanços
foram alcançados no sentido de diminuir o período de partida dos sistemas e de minimizar os
problemas operacionais nessa fase. De qualquer forma, a qualidade da biomassa a ser desenvolvida
no sistema dependerá de uma rotina operacional adequada e, por conseguinte, da estabilidade e da
eficiência do processo de tratamento.
No que pesem as grandes vantagens dos sistemas anaeróbios, os mesmos têm dificuldades em
produzir um efluente em que se enquadre nos padrões estabelecidos pela legislação ambiental. Tal
aspecto ganha relevância na medida em que os órgãos ambientais e estaduais têm intensificado a
sua fiscalização e atuado efetivamente no licenciamento ambiental de novos empreendimentos no
setor de saneamento.
Seguem algumas vantagens do uso do RAFA seguido de um filtro anaeróbio, segundo dados do
PROSAB, 1999:
− Volume total dos tanques do sistema combinado reduzidos pela metade ou menos, devido a
diminuição significativa da quantidade de matéria orgânica e sólidos suspensos no RAFA;
− Não necessita de um digestor exclusivo para o lodo de excesso aeróbio, que pode ser
efetuado no próprio RAFA;
− Menor volume total de lodo estabilizado, facilitando o manuseio para destinação final;
− Menor demanda de oxigênio e energia para o tanque aeróbio e havendo possibilidade de
produção de energia suficiente pelo biogás;
− Não necessita de dimensionamento para os aeradores pela demanda máxima de oxigênio,
devido ao papel de equalização do RAFA.
96
4.7.2. Operação, processo e sistema de tratamento do lodo
Qualquer sistema de tratamento de efluentes sanitários geram como sub-produto, o lodo. Por
definição, segundo a NBR ABNT 13.969, o lodo biológico é um material formado de flocos
biológicos, sólidos orgânicos e inorgânicos, resultantes do crescimento de microrganismos no
reator. O lodo quando formado no sistema preliminar e primário é chamado de lodo primário,
gerado da sedimentação de material particulado afluente. Por vez, quando formado no tratamento
secundário, seja em qualquer tipo de reator ou tratamento, é chamado de lodo secundário. Este
constitui-se em uma mistura de sólidos não biodegradáveis do afluente e massa bacteriana que
cresce no reator.
Existem ainda outros sub-produtos gerados no tratamento de águas residuárias: materiais
separados pelo sistema de gradeamento, areia e escuma das fossas sépticas. Entretanto, destes o
principal em termos de volume e importância é o lodo biológico.
Definido o sistema de tratamento do efluente, indiretamente define-se também o tipo de lodo
gerado e sua disposição final. Nos casos acima apresentados tem-se o lodo originário de sistema de
tratamentos anaeróbios. No caso do sistema de tratamento anaeróbio o lodo já sai estabilizado, ou
seja, sem presença de matéria orgânica, requerendo apenas sua disposição final.
A seguir, conforme Von Sperling (1996), é apresentado as etapas de remoção do lodo e os
tratamentos requeridos.
Este tipo de lodo gerado requer na maioria dos casos apenas a sua desidratação, ou seja,
remoção de umidade e consequente, a redução de volume. Existem duas formas de se proceder a
esta redução. A primeira consiste na instalação de um sistema de adensamento de lodo, e a segunda
consiste em direcionar o material a um pátio de secagem. A escolha entre um destes processos fica
condicionada a questões econômicas e técnicas. O adensador requer um custo alto de investimento,
quando comparado ao pátio de secagem, porém este ultimo possui alguns fatores limitantes: requer
uma considerável área útil disponível e deve ser observada as condições climáticas da região (evitar
épocas de chuvas e alta umidade).
97
Caso o lodo seja desidratado em adensador, o mesmo está apto à disposição final, neste caso,
aterro sanitário existente no município. Se o lodo for direcionado para um pátio, onde por meio de
secagem ao ar livre o mesmo é desidratado, após esta etapa ele deve ser direcionado para a
disposição final. Caso não exista aterro sanitário no município, o lodo pode ser reutilizado em
outras atividades, como condicionador de solo, ou utilizado ainda na fertirrigação.
Em se tratando de leitos de secagem, algumas observações devem ser feitas. A quantidade de
água percolada é maior que a evaporada. O tipo de solo utilizado para promover a percolação deve
ser propicio a esta finalidade, a fim de evitar o acúmulo e enxarcamento da área, o que contribuiria
para a proliferação de vetores. Usualmente o design mais comum para este tipo de tratamento é
como se imaginássemos uma caixa de areia, sobre uma camada de brita estratificada, com tubos
perfurados que coletam a água drenada.
Aplica-se uma batelada de lodo (camada com espessura inicial de 30,0 a 60,0 cm), e antes de
proceder a uma nova remessa de lodo, deve-se retirar o material já estabilizado para que a eficiência
do sistema não seja afetada.
O funcionamento dos leitos de secagem é um processo natural de perda de umidade que se
desenvolve devido aos seguintes fenômenos:
• Liberação dos gases dissolvidos;
• Liquefação devido à diferença de peso específico aparente do lodo digerido e da água;
• Evaporação natural da água devido ao contato íntimo com a atmosfera e
• Evaporação devido ao poder calorífico do lodo.
Os leitos de secagem são tanques, geralmente retangulares, com paredes de alvenaria ou
concreto e fundo de concreto.
O dispositivo de entrada do lodo no leito de secagem deve permitir descarga em queda livre
sobre placa de proteção da superfície da camada de areia.
A altura livre das paredes do leito de secagem, acima da camada de areia, deve ser de 0,5m a
1,0m. A soleira drenante permite que o líquido presente no lodo percole por camadas sucessivas de
areia e pedregulho com diferentes granulometrias. As camadas são dispostas com grãos de tamanho
crescente de cima para baixo.
98
Uma camada de areia com espessura de 7,5 a 15,0 cm, com diâmetro efetivo de 0,3 a 1,2 mm e
coeficiente de uniformidade igual ou inferior a 5. Sob a camada de areia, três camadas de brita,
sendo a inferior de pedra de mão ou brita 4 (camada suporte), a intermediária de brita 3 ou 4 com
espessura de 20,0 a 30,0 cm e a superior de brita 1 ou 2 com espessura de 10,0 a 15,0 cm; não deve
ser permitido o emprego de mantas geotêxteis. Sob a camada de areia tem-se a camada suporte que
é composta de tijolos recozidos ou outros elementos de material resistente à operação de remoção
do lodo seco, com juntas de 2,0 a 3,0 cm tomadas cm areia da mesma granulometria usada na
camada de areia. Tem a finalidade de possibilitar uma melhor distribuição do lodo, impedir a
colmatação e garantir que a retirada do lodo desidratado seja realizada sem o revolvimento das
camadas superficiais da soleira drenante.
A área total de drenagem, assim formada, não deve ser inferior a 15% da área total do leito de
secagem. O fundo do leito de secagem deve ser plano e impermeável com inclinação mínima de 1%
no sentido de um coletor principal de escoamento do líquido drenado.
O sistema de drenagem é constituído por tubos assentados com juntas abertas ou perfurados com
diâmetro mínimo de 100 mm, colocados no fundo do tanque e distantes entre si não mais que 3,0 m.
Durante a fase de projeto dos leitos de secagem devem ser previstas pistas de acesso em volta
das diversas unidades, de forma a possibilitar a movimentação de caminhões que venham retirar o
lodo após a secagem. Após atingir teores de sólidos em torno de 30%, o lodo deve ser retirado do
leito de secagem o mais rápido possível, a fim de não dificultar sua remoção posterior.
Além disso, a permanência prolongada do lodo nos leitos promove o crescimento de vegetação.
99
Caso o lodo seja reutilizado em processos agricultáveis, deve-se ter atenção para os
contaminantes patológicos, sendo assim, o leito de secagem requer uma cobertura, passando a ter o
mesmo efeito de uma estufa, ou do processo de compostagem, em que, com o aumento da
temperatura advindo da concentração de raios solares as bactérias patogênicas seriam eliminadas.
A seguir, conforme Von Sperling (1996), é apresentado as etapas de remoção do lodo e os
tratamentos requeridos.
Caso o lodo seja reutilizado em processos agricultáveis, deve-se ter atenção para os
contaminantes patológicos, sendo assim, o leito de secagem requer uma cobertura, passando a ter o
mesmo efeito de uma estufa ou do processo de compostagem, em que, com o aumento da
temperatura advindo da concentração de raios solares as bactérias patogênicas seriam eliminadas.
Propõem-se as seguintes alternativas para a disposição final dos resíduos gerados nas ETE’s dos
locais de projeto:
• Uma alternativa para os resíduos da ETE é quanto a sua utilização como adubo orgânico na
agricultura, porém, fica condicionada a realização de análise físico-química e bacteriológica
do material. Essa utilização tem crescido muito, e baseado em pesquisas e informações,
recomenda-se o seu uso em cultivos de árvores frutíferas, ornamentais, reflorestamento e
cereais. Não é recomendada a utilização desses resíduos em hortas ou sobre vegetais que
terão consumo direto da população. O lodo do esgoto contém microorganismos que podem
contaminar alimentos quando em contato direto. Assim sendo, hortaliças e frutas rasteiras
como o morango, melão e melancia não podem receber o lodo como fonte de matéria
orgânica;
100
• Uso em gramados e jardins públicos é restritivo devido à possibilidade da presença de
crianças. É importante observar que o lodo proveniente de esgotos não substitui
completamente as fontes tradicionais de adubação, tais como nitrogênio e fósforo, o lodo é
mais uma fonte auxiliar e complementar. A reciclagem dos biossólidos do leito de secagem,
através de colagem prévia (pH 12) e adubação de culturas, em condições de receber este
benefício, poderá reduzir substancialmente os resíduos a serem tratados.
Dependendo do volume a ser gerado, não justifica a necessidade de disposição do lodo em
aterro sanitário. Uma vez também que o município de Belmiro Braga não possui um local adequado
para recebimento dos resíduos e o transporte deste lodo para outra cidade pode ser muito oneroso.
O manuseio do lodo deve ser feito com cuidado e orientação de pessoal técnico especializado. O
armazenamento, após a desidratação no leito de secagem, poderá ser em bombonas de plástico para
facilitar seu transporte pela coleta municipal até ao aterro, e deverá ser aterrado.
A seguir é apresentado fluxograma das alternativas de tratamento propostas:
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FIGURA 15 – Fluxograma das alternativas propostas para o sistema de esgotamento sanitário do município de Belmiro Braga
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RAFA ACOPLADO A FILTRO ANAERÓBIO
103
5. ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO
O efluente final produzido pela ETE no RAFA/Fan, deverá atender aos seguintes padrões de
lançamento.
Conforme Deliberação Normativa No 010/86 da FEAM, somente poderão ser lançados nos
corpos receptores, os esgotos após tratamento que reduza em 85% a carga de DBO5, ficando o
efluente com o valor limite de 60 mg/l. Para valores maiores de DBO5, mesmo após o tratamento
com eficiência de 85%, o lançamento será permitido caso não provoque mudança significativa nas
condições do corpo receptor.
Segue abaixo quadro informativo sobre o custo de cada sistema de tratamento proposto, em reais
por habitante para o município de Belmiro Braga.
Capacidade de Independe de
resistência a outras
Menor possibilidade de problemas
Eficiência na remoção Economia variações do característica
ambientais
afluente e cargas s para o bom
Simpli
Confiabilidade
de choque desempenho
cidade
Sistema Requisitos Custos Geração operaciona
Maus odores
le
Coliformes
Nutrientes
Qualidade
Aerossóis
Sub-produtos
Tóxicos
manutençã
Implantação
Vazão
Clima
Energia
Operação & o Insetos e
DBO Área Solo Ruídos
vermes
manutenção
Tratamento
0 0 0 5 5 5 4 5 5 5 5 5 3 5 5 1 4 5 2
preliminar
Tratamento
1 1 1 5 4 4 3 3 4 5 4 4 3 4 5 2 4 5 2
primário
Filtro
4 2;3 2 4 3 2 3 1 4 3 3 4 3 2 5 4 4 4 3
biológico
RAFA 3 1 2 5 5 4 5 4 2 2 2 3 4 2 4 2 - - 4
Filtro
3 1 2 5 5 4 5 4 3 3 2 3 4 2 4 2 - - 4
anaeróbio
Fonte: Von Sperling, Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos (1999).
5: mais favorável; 1: menos favorável; 2, 3 e 4: intermediários, em classificação decrescente ; 0: efeito nulo ; 2:3: variável com o tipo de processo, equipamento, modalidade ou
projeto.
QUADRO 28 - Avaliação relativa dos sistemas de tratamento de lodo (fase sólida)
Confiabilidade
Simplicidade de
odores
Operação/manute
Unidade operação e
Variações de
Implantação
MO Variações manutenção
Volume
vazão
nção
do Área Energia qualidade Tóxicos
do lodo
lodo afluente
Aeróbia 1 4 2 . 3 2 4 4 2 4 3 3 5
Anaeróbia 1 4 2 4 2 4 3 3 2 4 2 2 3
Leitos de
5 0 1 4 3 3 4 4 4 3 2 1 2
Secagem
Lagoas de lodo 3 0 1 5 4 4 5 4 4 2 4 2 1
Mecanizada 4;5 0 4 3 2 2 3 3 4 4 3 5 5
Fonte: Von Sperling, Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos (1999).
5: mais favorável ; 1: menos favorável ; 2, 3 e 4: intermediários, em classificação decrescente ; 0: efeito nulo ; 4:5: variável com o tipo de processo, equipamento, modalidade ou projeto.
QUADRO 29 - Vantagens e desvantagens dos sistemas apresentados
Sistemas aeróbios
Sistema Vantagens Desvantagens
− Boa eficiência na remoção de DBO; − Operação ligeiramente mais
− Mais simples conceitualmente do que sofisticada;
lodos ativados; − Elevados custos de implantação;
− Maior flexibilidade operacional que − Relativa dependência da
Filtro biológico filtros de baixa carga; temperatura do ar;
− Melhor resistência a variações de − Necessidade do tratamento
carga que filtros de baixa carga; completo do lodo e da sua
− Reduzidas possibilidades de maus disposição final;
odores. − Elevada perda de carga.
Sistemas anaeróbios
− Satisfatória eficiência na remoção de
DBO;
− Baixos custos de implantação e − Dificuldade em satisfazer padrões de
operação; lançamento bem restritivos;
− Reduzido consumo de energia; − Possibilidade de efluentes com
− Não necessita de meio suporte; aspecto desagradável;
− Construção, operação e manutenção − Remoção de N e P insatisfatória;
RAFA simples; − Possibilidade de maus odores;
− Baixíssima produção de lodo; − A partida do processo é geralmente
− Estabilização do lodo no próprio lenta;
sistema; − Relativamente sensível a variações
− Boa desidratabilidade do lodo; de carga;
− Necessidade apenas de secagem e − Usualmente necessita pós-
disposição final do lodo; tratamento.
− Rápido reinicio após períodos de
paralisação.
− Área mínima para instalação;
− Baixos custos de implantação e
operação;
− Satisfatória eficiência na remoção de − Relativamente sensível a variações
RAFA
DBO; de carga;
acoplado a − Menor eficiência se comparado a
− Pós-tratamento já inserido no sistema;
filtro sistemas aeróbios;
− Liberação de poucos odores e ruídos;
− aspecto desagradável;
anaeróbio − Baixa produção de lodo digerido;
− Remoção de N e P insatisfatória.
− Necessidade apenas de secagem e
disposição final do lodo;