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A filosofia política de Bakunin e a pedagogia libertária: reflexões

acerca da Educação Integral e da Escola Moderna de Barcelona


The Bakunin’s political philosophy and the libertarian pedagogy: Reflections about the
Integral Education and the "Escuela Moderna"

Ivan Thomaz Leite de Oliveira1

Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir as proposições pertinentes à filosofia política
de Mikhail Bakunin e extrair possíveis implicações de seu desenvolvimento na Escola Moderna
de Barcelona, célebre instituição escolar de caráter libertário, cujo fundador e mentor, Francisco
Ferrer y Guardia, foi importante militante anarquista. Por meio desta análise, poder-se-á
encontrar uma chave de compreensão para o papel fundamental das escolas libertárias na
estratégia anarquista. Partindo da análise da concepção do dualismo organizacional
desenvolvida por Bakunin, e examinando o eixo central da organização escolar pode-se notar
que existe uma preocupação comum de não determinar um caráter direta e conscientemente
anarquista, a fim de evitar possíveis perseguições por parte do Estado, ou mesmo uma restrição
do público que visava atingir. Essa característica, presente nas proposições organizativas
bakunianas e na proposta da Escola Moderna sugerem um caráter específico às escolas
libertárias dentro da estratégia de transformação social do anarquismo.

Palavras-chave: Filosofia política. Anarquismo. Pedagogia libertária. Bakunin.

Abstract: This article aims to discuss revelant proposals of Mikhail Bakunin's political
philosophy and extract implications of its development in the Escola Moderna de Barcelona,
celebrated school institution of libertarian character, whose founder and mentor, Francisco
Ferrer y Guardia, was important militant anarchist. Through this analysis, we can find a key to
understanding the fundamental role of libertarian schools in the anarchist strategy. From the
understanding of organizational dualism design developed by Bakunin, and analyzing the
central axis of the school organization it may be noted that there is a common concern to do not
determinate a direct and consciously anarchist character, in order to avoid possible persecution
by the State, or even a restriction on the public it was intended to achieve. Such feature present
in Bakunin’s organizational propositions and on proposal of the Escola Moderna suggests a
specific character to libertarian schools within the strategy of social transformation of
anarchism.

Keywords: Political philosophy. Anarchism. Libertarian pedagogy. Bakunin.

***

Introdução

A educação integral, conforme a defesa de Bakunin2, se pautando na elaboração


de Robin, tinha como objetivo central o combate transformador na esfera

1
Graduando em Ciências Sociais na Universidade Estadual Paulista, UNESP, Campus de Marília.
Bolsista: PIBIC/CNPq. Orientador: Marcos Tadeu Del Roio. E-mail: ivan.oliveiracs@gmail.com
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cultural/ideológica. Essa atuação possuía influencia limitada, na visão dos autores, na


transformação da realidade em comparação com as outras duas esferas, quais sejam a
econômica e a política/jurídica/militar3. No entanto desempenhava papel importante na
atuação do nível social. Partindo da concepção do dualismo organizacional, a
Associação Internacional dos Trabalhadores configuraria o nível social, circulo onde as
classes dominadas se organizam, onde todos os trabalhadores seriam representados, sem
corte ideológico, pautando seu acordo na posição de explorados dentro do sistema
capitalista. A Aliança da Democracia Socialista, organização idealizada por Bakunin e
outros militantes, seria o nível político, possuindo corte ideológico claro, acordo
estratégico e tático, coesão de organização específica. Dessa maneira, o projeto de
educação integral elaborado por Robin, membro da ADS, tinha como finalidade a
atuação no nível de massas, ou seja, o nível social. Assim sendo, suas proposições não
possuíam recorte ideológico e não tinham como alvo (intencional ou não-intencional)
unicamente anarquistas.
Concepção semelhante pode ser apreendida na experiência idealizada por Ferrer
y Guardia, a Escola Moderna. Mesmo com a prática militante anarquista de seu diretor,
este estabelecimento de ensino manteve seu caráter libertário sem se associar, de modo
claro e consciente, a ideologia anarquista, o que segundo Ferrer, poderia afastar as
próprias classes dominadas, principal foco fixado pela escola.
A compreensão do conteúdo da articulação entre anarquismo e pedagogia
libertária, embora óbvia em aparência, é elemento pouco explorado, ainda que presente
na maioria dos textos que versam sobre as diferentes experiências educacionais que
lograram organizar seu plano pedagógico pelo viés libertário. É perceptível a ausência
de critérios comuns que balizam estas produções em elementos como uma definição
rigorosa de anarquismo, a distinção entre anarquista e libertário e por decorrência disso,
a relação própria que o processo educativo estabelece com a proposta de transformação
social anarquista. A bibliografia sobre a qual este artigo se debruça parece trazer
algumas respostas e chaves de compreensão para estas perguntas, embora não as
explicite neste texto, dado o seu objetivo. Tomando por base as contribuições recentes

2
Neste artigo não iremos explorar exatamente as proposições de Bakunin a cerca da educação integral,
defesa embasada nas proposições de Robin, ao invés disso buscaremos estabelecer uma conexão entre as
concepções estratégicas desenvolvidas dentro de sua filosofia política e suas possíveis implicações na
elaboração posterior da experiência pedagógica idealizada e concretizada por Francisco Ferrer y Guardia,
a Escola Moderna.
3
Para um desenvolvimento detalhado da teoria das esferas, consultar (Schmidt; van der Walt, 2009) e
(Correa, 2012).

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de autores como Correa (2012) e Schmidt e van der Walt (2009) é possível iniciar um
trabalho de alicerçamento das análises acerca da pedagogia libertária em critérios
rigorosamente estabelecidos sobre o anarquismo, seu desenvolvimento histórico, teórico
e estratégico.
Dessa maneira, tomando a análise do desenvolvimento histórico das proposições
organizacionais bakunianas e da elaboração e aplicação da educação integral e da
pedagogia racionalista pode-se apreender uma continuidade clara entre o projeto
estabelecido na AIT por Bakunin e Robin para a atuação no nível de massas, no que diz
respeito à educação, e o posterior desenvolvimento da Escola Moderna de Barcelona e
seus desdobramentos. O conteúdo comum das experiências é a expressão de um
segmento da pedagogia libertária que possui uma vinculação clara com a estratégia de
transformação social anarquista, que abarca a ação nas três esferas da sociedade:
econômica; política/jurídica/militar; e cultural/ideológica, sendo esta última a esfera de
atuação das escolas libertárias no intento de fomentar uma cultura autogestionária, cuja
importância para o objetivo final do anarquismo é central. Nesse sentido a preocupação
presente nas proposições organizacionais de Bakunin, dividindo os níveis de atuação em
um nível social e um nível político, pensando a relação entre a AIT e a ADS, pode ser
apreendido em experiências da pedagogia libertária na preocupação de não caracteriza-
las enquanto escolas anarquistas, garantindo assim a abertura para que as classes
oprimidas tivessem a possibilidade de ter acesso a educação formal. Ao mesmo tempo,
desenvolviam espirito crítico e tomavam parte de uma cultura autogestionária
constituindo-se enquanto sujeitos autônomos, aptos a tomarem o papel de protagonistas
na história e realizar as transformações sociais aspiradas.
Analisaremos nesse artigo as proposições do pedagogo francês Paul Robin
acerca da Educação Integral e da elaboração de um programa educacional para a AIT
em suas linhas gerais. Em seguida, passaremos para uma contextualização histórica do
movimento operário europeu em que se desenvolve esta proposta, analisando
sumariamente a concepção desenvolvida por Bakunin para a atuação na AIT, por meio
da organização conhecida como Aliança da Democracia Socialista. Posto isso, é
possível apresentar a Escola Moderna de Barcelona, expondo seus elementos centrais no
sentido de auferir as conexões e continuidades com as proposições desenvolvidas por
Bakunin e Robin. Com isso, será possível perceber fundamentos da relação entre
anarquismo e pedagogia libertária, sua articulação enquanto ações transformadoras de

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mútua influência, oferecendo subsídios para a elaboração de práticas educacionais com


vistas à transformação social.

A educação integral na AIT

No congresso da Associação Internacional dos Trabalhadores de 1867, realizado


em Laussane, abriu-se o debate acerca da educação integral e da necessidade de
produzir o acúmulo necessário para a elaboração de um programa da Internacional que
contemplasse o problema vital da educação dos trabalhadores. No ano seguinte, em
Bruxelas, foram apresentadas discussões sobre o tema que se concluiu no congresso do
ano seguinte em Bâle. (ROBIN, 1989, p.90)
O professor francês Paul Robin teve papel fundamental na elaboração teórica e
prática da educação integral. Sua atuação no liceu de Brest, entre 1861 e 1864, foi
fundamental para a posterior elaboração da educação integral. Robin acreditava que
deveria instruir seus alunos integralmente, e que esta formação extrapolava a sala de
aula, portanto, levava seus alunos a passeios onde a observação da natureza e da
realidade dos trabalhadores serviam como a base para os estudos nas mais diversas
áreas do conhecimento. A postura inovadora e antidogmática do educador atrai forte
pressão da comunidade local e de seus superiores “pois, além de seu pensamento
político, não respeita os programas, fomenta protestos entre os alunos e ainda trabalha
com a instrução popular” (GALLO, 1990, p.178). Diante deste quadro, o educador se
demite, partindo para a Bélgica.
Do ponto de vista da atuação política, Robin começa a se aproximar de grupos
progressistas neste período em que se instala em Bruxelas. Aproxima-se da AIT por
meio do Conselho Federal Belga da Internacional. Expulso da Bélgica em 1868, por
apoiar uma greve, desloca-se para Genebra onde estabelece contato com diversos
militantes socialistas, dentre eles, o militante anarquista russo Mikhail Bakunin. Robin
se torna membro da Aliança da Democracia Socialista, organização específica
Anarquista que atuava na Internacional. Retomaremos mais a frente à questão do
modelo organizativo da ADS.
No que diz respeito ao direito do individuo obter o maior desenvolvimento
possível de suas faculdades intelectuais, Robin apresenta uma objeção comum, que
permanece até os dias de hoje em cada escola, em cada sala de aula, que consiste na

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ideia que um jornaleiro, por exemplo, não precisa conhecer as especulações filosóficas
ou as belas artes, em suma ter contato com o conhecimento humano produzido. Isto
porque, uma vez de posse destes conhecimentos, esse sujeito irá desejar abandonar a sua
importante, porém, desgastante função para exercer outra menos cansativa e se mesmo
assim a miséria mantê-lo em seu posto sentir-se-á mais desgraçado que seu
companheiro de trabalho. A isso Robin responde com maestria:

Antes de tudo é importante rechaçar essa objeção. Todo homem deve


ser considerado sob dois pontos de vista: como ser isolado,
independente, completo por si só, e como membro da coletividade.
Nenhuma destas duas maneiras de considera-lo pode ser sacrificada
pela outra. Como ser distinto e completo, ele tem direito ao
desenvolvimento total de suas faculdades; como membro da
coletividade, ele deve contribuir com a sua parte de trabalho íntegro e
necessário. Se este trabalho se distribui segundo a justiça entre todos
os homens; se as necessidades extravagantes de alguns deles não
alteram o equilíbrio entre o consumo e a produção; se os instrumentos
criados pela indústria moderna estão, como convém, à disposição dos
trabalhadores; enfim, se o trabalho é racionalmente organizado e os
produtos dele são distribuídos de forma equitativa, a parte de trabalho
exigida de cada um se reduzirá consideravelmente, e o tempo de ócio
será muito maior. (ROBIN, 1989, p.89)

Além disso, Robin aponta alguns elementos constitutivos da educação integral


expondo a questão da superação da divisão entre saber e fazer, sendo esta, uma
educação pautada na noção mencionada anteriormente que o individuo possui duas
esferas, uma individual e outra coletiva, portanto deve se tornar um ser produtivo a
partir de determinada idade, e a educação deve acompanhar este processo. Toma por
base uma série de preconceitos e limitações desenvolvidos nas crianças por meio de
uma ação educacional pautada em dogmatismos e pré-noções sem qualquer
embasamento racional. Um limite claro do autor, reflexo de seu contexto histórico, é a
base positivista em que se baseia seu raciocínio. Ainda que haja um forte elemento de
crítica social e a defesa da transformação revolucionária da sociedade, seu referencial
comtiano aproxima-o do positivismo por meio da defesa da racionalidade e da
objetividade do conhecimento construído a partir do método científico, a partir do
modelo das ciências naturais. Essa discussão, embora pareça superada nos dias de hoje,
estava na ordem do dia em meados do século XIX, sobretudo porque o próprio Robin
toma como interlocutores os pensadores e pedagogos cuja prática e filosofia se
encontravam no campo do idealismo e da teologia.

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É possível notar a relevância das proposições educacionais de Robin na ADS,


por meio de um trecho do programa desta organização, documento escrito à mão por
Bakunin em 1871, recuperado por Max Nettlau, anarquista nascido em Viena
historiador e historiógrafo do anarquismo (BAKUNIN, p.45, 2010).

Como los menores de edad, especialmente los niños, son en gran


medida incapaces de razonar y de dirigir conscientemente sus actos, el
principio de tutela y autoridad, que será eliminado de la vida social,
seguirá encontrando una esfera de aplicación en la educación de los
niños. Sin embargo, esa autoridad y tutela deberán ser verdaderamente
humanas y racionales y totalmente ajenas a los frenos teológicos,
metafísicos y legales. Habrá que comenzar aceptando la premisa de
que, desde su nacimiento, ningún ser humano es bueno o malo, y que
la bondad, es decir, el amor a la libertad, la conciencia de la justicia y
de la solidaridad, el culto, o más bien el respeto, a la verdad, la razón
y el trabajo, solamente pueden desarrollarse en los hombres mediante
una educación racional. Por tanto, insistimos en que el único objetivo
de esa autoridad serpa preparar a los niños para la máxima libertad.
Este objetivo sólo podrá alcanzarse mediante la autoeliminación
gradual de la autoridad para dar paso a la libre actividad de los niños a
medida que se aproximan a la madurez.
La enseñanza deberá comprender todas las ramas del ciencia, la
técnica y el conocimiento de la artes. Deberá ser a la vez científica y
profesional, general, obligatoria para todos los niños y especial (de
acuerdo con los gustos e inclinaciones de cada uno de ellos) para que
todo joven y toda muchacha que dejen la escuela al hacerse mayores
de edad estén preparados para desempeñar una labor manual o mental.
(BAKUNIN, p.9, 2013)

Posto isso, é importante ressaltar ainda a influencia que a atuação na AIT e na


ADS exerceu sobre a concepção educacional cunhada por Robin. Para tanto, se faz
necessária uma breve apresentação dos elementos basilares destas organizações na
concepção do grupo de militantes no qual o pedagogo francês se inseria.

Bakunin e o dualismo organizacional

Mikhail Bakunin (1814 – 1876) nasceu na Rússia, estudou em Moscou, onde foi
influenciado fortemente por Hegel. Sua filosofia política esta fortemente calcada em
Proudhon4, embora rejeite parte de suas proposições, posição que o distinguiu dos

4
(Dicionário Oxford de Filosofia, p.37, 1997)

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setores mutualistas, ligados a tradição proudhoniana, que compunham a ala federalista


da AIT e delinearam o grupo que ficou conhecido como coletivista5.
A necessidade de criar organizações específicas anarquistas foi constatada por
diversos militantes ao longo da história. Bakunin foi um deles, e a formação da Aliança
da Democracia Socialista é uma iniciativa que tinha por objetivo congregar aqueles
militantes com acordo ideológico, estratégico e programático com o anarquismo. O
desenvolvimento da ADS é fruto do amadurecimento teórico e das concepções
estratégicas desenvolvidas por Bakunin nos anos de sua militância desde as diversas
revoluções que ocorreram na Europa em 1848, até a elaboração da “Fraternidade
Internacional” ou “Aliança dos Revolucionários Socialistas” em 1864, sociedade secreta
que pode ser considerada um anteprojeto do que seria a ADS6.
Esta organização anarquista elaborou sua estratégia a partir da concepção do
dualismo organizacional, que divide a atuação militante em dois níveis: o nível político
e o nível social. O primeiro consiste nas organizações da classe trabalhadora, tais como
sindicatos e movimentos populares. Corresponderia nesse caso a AIT. O segundo diz
respeito a uma organização política com corte ideológico, acordo estratégico e
programático rigorosamente definidos, correspondente a ADS. Essa divisão tem como
objetivo primordial a não ideologização dos movimentos e das organizações da classe
trabalhadora. Estas devem se reportar e representar os trabalhadores independentemente
de suas filiações ideológicas.
A Aliança da Democracia Socialista surge como produto da secessão de um
grupo conhecido como Liga da Paz e da Liberdade em conjunção com trabalhadores
que pertenciam a AIT. Guillaume expõe as circunstâncias que culminaram na separação
da liga:

Em 1867 os democratas burgueses de diversas nações, principalmente


franceses e alemães, fundaram a Liga da Paz e da Liberdade e
convocaram, em Genebra, um congresso que teve ampla repercussão.
Bakunin nutria ainda algumas ilusões em relação aos democratas: foi a
este congresso onde pronunciou um discurso, tornou-se membro do
comitê central da Liga, fixou residência na Suiça, perto de Vevey, e,
durante o ano seguinte, esforçou-se em trazer seus colegas do comitê

5
Para uma compreensão da relação das correntes mutualista e coletivista como parte de uma tradição
federalista e antiautoritária na AIT, consultar Correa (2012) e Samis (2011).
6
Para maiores detalhes acerca do surgimento e desenvolvimento desta organização, Guillaume (1884-
1916), militante anarquista membro da AIT, apresenta um compendio muito rico de informações acerca
da Internacional em quatro volumes sob o titulo “L’Internacional: documents et souvenirs”, obra que não
possui tradução em português. É possível encontrar um fragmento publicado em Textos
Anarquistas/Michael Alexandrovich Bakunin (p.13-35, 2010).

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para o socialismo revolucionário. No segundo congresso da Liga, em


Berna (setembro de 1868), fez, com alguns amigos, membros da
organização secreta fundada em 1864, (...) uma tentativa de fazer
votar na Liga resoluções francamente socialistas, mas, depois, de
vários dias de debates, os socialistas revolucionários em minoria,
declararam que se separariam da liga (25 de setembro de 1868),
fundando, no mesmo dia, sob o nome de Aliança Internacional da
Democracia Socialista, uma nova associação da qual Bakunin redigiu
o programa. [...] Constituindo-se, a Aliança Internacional da
Democracia Socialista havia declarado seu desejo de tornar-se um
ramo da Associação Internacional dos Trabalhadores, cujos estatutos
gerais ela aceitaria. (GUILLAUME apud BAKUNIN, p.15-16, 2010)

Correa (2012) aponta o duplo objetivo da ADS demonstrado no seguinte trecho


de seus estatutos:
a.) Ela se esforçará propagar entre as massas populares de todos os
países as verdadeiras ideias sobre a política, sobre a economia política
e sobre a economia social e sobre todas as questões filosóficas. Ela
fará uma ativa propaganda por meio de jornais, das brochuras e dos
livros, assim como por meio da fundação de associações públicas. b.)
Ela buscará filiar todos os homens inteligentes, enérgicos, discretos e
de boa vontade, sinceramente devotados a nossos ideais – a fim de
formar em toda a Europa e em todos as localidades possíveis,
incluindo a América, uma rede invisível de revolucionários devotados
e empoderados por essa própria aliança. (BAKUNIN, 2000 apud
CORREA, 2012, p.212)

Aponta, ainda, o papel fundamental desempenhado pela ADS, a partir de sua


fundação em 1868, destacando-se a atuação dos militantes desta organização no nível
social, criando seções da Internacional em países onde ela ainda não existia ou mesmo
criando novas seções em países onde já havia se instalado.

Criando ou participando das seções da AIT, esses anarquistas


promoveram programas que, entre outros pontos, sustentavam a
necessidade de mobilizações amplas de trabalhadores, articulados em
movimentos classistas, para a realização de lutas populares
combativas, independentes e organizadas em bases federalistas, que
deveriam ser capazes, ao mesmo tempo, de proporcionar conquistas
imediatas aos trabalhadores, mas também, de caminhar rumo à
revolução social e ao socialismo, passando necessariamente pela
derrubada do capitalismo e do Estado. (CORREA, 2012, p.213)

No nível político os aliancistas esforçaram-se na abertura de seções da ADS nos


países, com o objetivo de potencializar o programa de massas defendido pela
organização e aumentar a organicidade entre os militantes anarquistas.

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Podemos apontar uma série fragmentos de escritos de Bakunin que fazem


menção a questão do dualismo organizacional tais como:

Então, era absolutamente necessário sustentar alta a bandeira dos


princípios teóricos, expor bem alto estes princípios em toda sua
pureza, a fim de formar um partido por pouco numeroso que fosse,
mas composto unicamente por homens que estivessem sinceramente,
plenamente, apaixonadamente ligados a estes princípios, de modo que
cada um, em tempo de crise, pudesse contar com todos os outros.
Agora já não se trata de recrutar. Nós conseguimos formar, bem ou
mal, um pequeno partido – pequeno em relação ao número de homens
que aderem a ele com conhecimento de causa, imenso em relação aos
seus aderentes instintivos, em relação às massas populares das quais
ele representa as necessidades melhor do que qualquer outro partido.
[...] Então o que devem fazer as autoridades revolucionárias? E
trabalhemos para que estas existam o menos possível. O que é que
elas devem fazer para desenvolver e organizar a revolução? Elas não
devem fazê-la por decretos, nem impô-la às massas, mas provocá-la
nas massas. Elas não lhes devem impor uma organização qualquer,
mas, suscitando a sua organização autônoma de baixo para cima,
trabalhar secretamente, com a ajuda da influência individual sobre os
indivíduos mais inteligentes e mais influentes de cada localidade, para
que esta organização esteja o mais próxima possível de nossos
princípios. Todo o segredo do nosso triunfo está aí. (BAKUNIN,
1870, p. 225-228)

Não se pense que eu quero impor a causa da anarquia absoluta nos


movimentos populares. Tal anarquia não seria outra coisa senão uma
ausência completa de pensamento, de objetivo e de conduta comum, e
ela deveria conduzir necessariamente a uma impotência comum.
(BAKUNIN, 1868?, p.198)

E o seguinte trecho que ilustra com muita lucidez no que consiste a divisão e a
função de cada nível:
A aliança é o necessário complemento da Internacional. Mas a
Internacional e a Aliança, ainda quando têm a mesma finalidade, ao
mesmo tempo perseguem objetivos diferentes. Uma tem a missão de
agrupar as massas operárias, os milhões de trabalhadores, através dos
diferentes países e nações, através das fronteiras de todos os estados; a
outra, a Aliança, - tem a missão de dar a estas massas uma orientação
realmente revolucionária. Os programas de uma e de outra, sem que
de modo algum sejam opostos, são diferentes pelo grau de seu
respectivo desenvolvimento. O da Internacional, se o tomamos com
toda a serenidade que exige o caso, convém o germe, mas solo em
germe, todo o programa da Aliança, O programa da Aliança é a
explicação última do programa da Internacional. (BAKUNIN, no
prelo).

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Este é o contexto geral do surgimento da Educação Integral e os princípios


organizativos fundantes que balizam a sua elaboração. Cabe agora apresentar outra
escola libertária que reformulou certos aspectos da concepção de Robin, mantendo,
porém, seus traços fundamentais. A Escola Moderna de Barcelona resgata os
fundamentos da Educação Integral nos seus elementos pedagógicos e herda em grande
medida as concepções organizacionais de Bakunin no que diz respeito à questão da
divisão dos níveis.

A Escola Moderna de Barcelona

Fundada em 1901, pelo militante anarquista Francisco Ferrer y Guardia, a Escola


Moderna pode ser apontada como exemplo para ilustrar uma função possível da
instituição escolar dentro da estratégia anarquista, partindo fundamentalmente da
concepção do dualismo organizacional como principio norteador da prática militante
nesta instituição.
Ferrer, após anos exilado na França, estabeleceu contatos que se tornaram vitais
para a fundação da Escola Moderna. De volta a Espanha passa a elaborar o programa
escolar e organizar os elementos fundamentais para concretizar o projeto. Compreende
uma questão central da prática anarquista que é ação dirigida com o objetivo de
transformar a sociedade, como se pode auferir dos seguintes trechos dos livros: A
Escola Moderna, escrito por Ferrer e publicado postumamente e do livro O
Racionalismo Combatente de Francisco Ferrer y Guardia de autoria de Ramón Safón:

Chegou um momento em que me pareceu que o tempo seria perdido


se das palavras não se passasse às obras. Estar em posse de um
privilégio importante, devido à imperfeição da organização da
sociedade e ao azar do nascimento, conceber ideias regeneradoras e
permanecer na inação e na indiferença no meio de uma vida prazerosa
me parecia incorrer em uma responsabilidade análoga à em que
incorria aquele que ao ver um semelhante em perigo e impossibilitado
de se salvar não lhe estendesse a mão. (FERRER Y GUARDIA, 2010,
p. 4)

Para compreender essa avalanche de ódio contra Ferrer e o impacto


que teve a criação da Escola Moderna, é preciso ter sempre em mente
que Ferrer não se encontrava na situação de um simples pedagogo
com uma obsessão educativa na cabeça, mas possuía sobretudo uma
atitude e qualidades de homem de relações e de ação, fazendo contato

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e adquirindo apoio em todos os meios progressistas da época, embora


soubesse que muitos destes escondiam muito egoísmo e hipocrisia no
esforço educativo, e que poucos desejavam “uma transformação
radical para uma perfeita regeneração social. (SAFÓN, 2003, p.23-24)

Safón (2003) atenta para o caráter combativo de Ferrer, mais do que a figura do
pedagogo. Sustenta que, antes de tudo, o educador anarquista foi um homem de ação
“fundador de realidades e realizador de ideias”, não um pedagogo em teoria, mas “um
combatente em educação social”. Buscou com a sua militância por meio da Escola
Moderna “Ativar o senso humano ao ponto que ninguém possa mais aceitar a opressão e
a iniquidade como norma de vida e possa, ao contrário, rejeitá-las pela revolta.”.
O autor sustenta ainda que Ferrer mantinha relações estreitas com os anarquistas,
sem, no entanto, adotar as táticas que utilizavam a violência. Sua esfera de atuação era a
cultural/ideológica: “(...) ele propunha-se em principio a atacar pacificamente a base da
sociedade de então pelos meios que essa empregava: a educação.” (Ibid., p.11-12)
A discussão de pacifismo adotada por Ferrer deve ser colocada em seu contexto.
O período de 1880 e 1890 foi marcado pelo insurrecionalismo, corrente anarquista que
defende a propaganda pelo fato, contrária às conquistas de curto prazo e acredita que a
utilização da violência é um gatilho disparador de movimentos de massa. Teve muita
expressividade na Itália e na França, este último, país onde Ferrer permaneceu durante
seu exílio no final do século XIX. Dessa forma, aqueles que adotavam uma postura
crítica a essa corrente do anarquismo opuseram criticas em distintos graus e em distintas
esferas, defendendo ações prévias que preparassem as classes dominadas para o
processo revolucionário, seja por meio da educação seja pelas conquistas de curto prazo,
que seriam a “ginástica revolucionária” que prepararia para a revolução. Ainda sobre a
questão da violência, o anarquismo de massas defende a utilização da violência como
forma de acumular forças para os movimentos já existentes. Nesse contexto é que se
insere a posição dita pacifista de Ferrer7.
Havia uma preocupação por parte de Ferrer com o distanciamento da Escola
Moderna de qualquer possibilidade de associação com o anarquismo. O risco de
perseguição por parte do Estado espanhol - absolutamente justificado, haja vista a
execução de Ferrer após um julgamento a portas fechadas e uma condenação sem
provas em 1909 – e a resistência de setores das classes populares a aproximarem-se das
iniciativas anarquistas seja por preconceito, seja pela falta de identificação ideológica

7
Para mais detalhes acerca desta classificação das correntes anarquistas, consultar (CORREA, 2012)

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com o anarquismo estavam no cerne da ausência da caracterização da escola enquanto


experiência anarquista. A divisão entre os níveis político e social parece ter sido crucial
para a definição do caráter da Escola Moderna, enquanto iniciativa pertencente ao nível
social. Isso pode ser bem ilustrado no seguinte trecho de Safón (2013):

Escolas laicas, escolas anticlericais, escolas anarquistas existiam,


evidentemente, mantidas pela Sociedade dos livre-pensadores, pelos
centros operários, pelos ateneus, mas segundo as observações de
Ferrer, ele considerou que umas (as laicas e as anticlericais)
professavam uma pedagogia moderada, e que as outras (aquelas dos
centros operários e dos ateneus) eram demasiado marcadas política e
socialmente. Denominavam-nas, por sinal, “o berço do anarquismo”, e
elas causavam medo, não apenas às classes superiores e intelectuais
reinantes, mas particularmente à opinião pública de classe média e até
mesmo popular. Elas causavam mais medo ainda porque a revolução
parecia eminente. A isso, Ferrer preferia evitar assustar os homens de
boa vontade, embora conservando um objetivo revolucionário
apoiando-se em novas pedagogias ligadas à evolução do progresso
humano em geral, e manter o rumo para a libertação do homem. (Ibid.,
p. 24)

Esse elemento é depositário da concepção do dualismo organizacional de


Bakunin, na medida em que constitui o eixo central e a justificativa prática da divisão
dos níveis social e político. Garantir que as iniciativas do nível social - a AIT ou a
Escola Moderna - atingissem o maior número possível de individualidades das classes
exploradas era o objetivo primordial a ser alcançado. Nesse sentido, restrições de caráter
ideológico como a filiação ao anarquismo diminuía consideravelmente a amplitude das
iniciativas pelos motivos já apontados. Era necessário que o denominador comum
daqueles que as compunham fosse mais geral, pautado na própria condição de
explorados e dominados na sociedade de classes. Isto não significa que grupos
organizados por meio de acordos ideológicos eram dispensáveis. Em lugar de
ideologizar as iniciativas do nível social, Bakunin propunha a existência de um nível
político, onde o acordo ideológico e a coesão interna eram rigorosamente acordados
entre os membros.
Na mesma direção, a Escola Moderna não se propunha a ser uma escola
anarquista ou se relacionar com o combate nas esferas política/jurídica/militar e
econômica. Nesse sentido, caracterizava-se por ser uma experiência do nível de massas,
isto é, sem recorte ideológico. E constituía-se enquanto método de combate à
dominação na esfera cultural/ideológica, descartando a violência enquanto ferramenta

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e da Escola Moderna de Barcelona

de luta, porém sem negar a necessidade da articulação das esferas no processo de


transformação social.

Conclusão

A relação entre a proposta educativa preconizada por Ferrer teve bases


fortemente fincadas nas proposições de Bakunin formuladas por Paul Robin para a AIT
em 1969. Especialmente no que diz respeito à questão dos níveis de atuação. Com isso é
possível auferir que a Escola Moderna foi uma iniciativa elaborada para a atuação no
nível de massas, sem possuir corte ideológico, para garantir que um maior número de
sujeitos pudesse se envolver no projeto e que as crianças ingressassem sem que elas ou
suas famílias tivessem a noção de que seriam convencidas por tal ou qual doutrina
política, e sim postas em contato com o conhecimento humano produzido
historicamente por meio da experiência e da observação, sem imposições dogmáticas.
Conforme exposto anteriormente, existem elementos concretos auferidos da
prática militante de Ferrer que o coloca indubitavelmente nas fileiras do anarquismo e
indícios instigantes acerca do desenvolvimento da Escola Moderna que pode ser ainda
mais aproximada da discussão estratégica que se travava dentro do desenvolvimento
histórico do anarquismo enquanto corrente socialista. Dessa forma, é possível direcionar
o debate acerca da pedagogia libertária e do seu papel na estratégia social anarquista
para novos rumos, aproximando as discussões, abrindo possibilidades para a ação
articulada da prática educativa e de perspectivas de transformação da sociedade a fim de
criar mecanismo de atuação na realidade contemporânea por meio do resgate do
acúmulo produzido ao longo da história.
O intento é enriquecer as bases teóricas dos estudos acerca da pedagogia
libertária aproximando os recentes debates levantados sobre o tema aproximando-os dos
também recentes debates que tem buscado delimitar o anarquismo em um momento
histórico determinado, com princípios, táticas, estratégias e uma ética, próprios,
partindo da análise das experiências no qual esteve presente e nos seus representantes
genuínos, avaliando a sua coerência interna e as implicações de suas proposições em
experiências históricas como a da Escola Moderna de Barcelona em específico, mas,

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e da Escola Moderna de Barcelona

também de modo geral, da pedagogia libertária articulada com uma estratégia de


transformação social mais ampla.

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