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Realização:
Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva
Projeto Jovens Mobilizadores/as pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos
Apoio:
Programa Juventudes – Fundação FEAC
Autor:
Marcos Ribeiro
Coautores/as:
Francisco Cabral
Margarita Díaz
Marta Solyszko
Rodrigo Correia
Arte da capa:
Aisha Asad Bakari
Projeto gráfico:
Vitor Coelho
1ª edição – 2020
100 exemplares.
26 Garantias Legais
para a EIS
A Fundação FEAC
e o Programa 84
Juventudes
Marcos Internacionais
Marcos Nacionais
Leis e Políticas Públicas Bibliografia
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46 Quem deveria
realizar a EIS?
Papel do/a educador/a
Educação Apresentação
Integral em
Sexualidade
Educação Integral em Sexualidade (EIS)
Um Guia para a sua realização
É com muito prazer que a Reprolatina apresenta o novo material educativo.
Apresentação Este Guia foi elaborado como parte do Projeto Jovens Mobilizadores/as pelos
Direitos Sexuais e Reprodutivos desenvolvido pela Reprolatina – Soluções
Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva em parceria com o Programa
Juventudes da Fundação FEAC de Campinas e tem por objetivo auxiliar
adolescentes, jovens e profissionais das Escolas, Organizações da Sociedade
Civil (OSC) e Centros de Saúde capacitados/as pelo Projeto na realização da
Educação Integral em Sexualidade (EIS) em seus locais de atuação.
Pensamos que este Guia é um instrumento muito importante para auxiliar não como “o dono ou a dona do saber”, senão como um/a facilitador/a do
na realização da EIS, por esse motivo, seu conteúdo foi cuidadosamente processo educativo com uma postura ética, aberta e de respeito,
definido e escrito. reconhecendo as/os adolescentes como sujeitos/as de direitos, facilitando
o diálogo, a revisão de valores, conceitos, a desconstrução de mitos, a
O Guia contempla um breve histórico sobre a educação sexual no Brasil, o reconstrução de novos significados, de modo a contribuir para que
conceito de EIS, seus objetivos, seus benefícios, as principais características que adolescentes possam desenvolver sua autonomia, aprendam a tomar
deve ter a EIS de boa qualidade, os Marcos Legais nacionais e internacionais decisões pensadas e construam projetos de vida com mais saúde.
e as Políticas Públicas que respaldam a EIS. Além disso, ressalta qual o papel
e limites de quem realiza a EIS e de como transformá-la em realidade no Esperamos que as informações contidas neste Guia facilitem e contribuam
cotidiano da escola ou de outros espaços de trabalho com adolescentes fora com seu trabalho na realização da EIS em sua escola ou fora dela.
da escola, e também inclui algumas orientações e estratégias metodológicas
para a sua realização.
Embora, este Guia possa ser utilizado por qualquer profissional, que esteja
Bom trabalho!
interessado/a no tema, o ideal é que tenha sido capacitado/a e atue sempre Equipe da Reprolatina.
Como surgiu a
sexualidade tem se intensificado, vale ressaltar que o conhecimento da história
faz com que tenhamos um melhor entendimento das relações desiguais e
assimétricas dos dias de hoje, o que não significa a aceitação da submissão
EIS?
feminina, da homofobia na sociedade e no ambiente escolar e na ausência
de políticas públicas educacionais para combater o que se naturalizou por
séculos. Conhecer faz com que cada pessoa possa se proteger de uma
Infecção Sexualmente Transmissível (IST), de uma gravidez, de uma relação
abusiva ou de uma violência de gênero, onde a mulher é a vítima preferencial.
Breve histórico da EIS
Para que vocês tenham uma ideia de como a sociedade encarava a sexualidade
e as relações ao longo da história, na Idade Antiga - De 4.000 a.C. a 476 d.C.,
o povo Hebreu vivia numa sociedade patriarcal. A mulher ocupava um lugar
secundário e o homem tinha poder de mando sobre ela. A função feminina
1
era cuidar da família e jamais permanecer desocupada.
Mesmo na Grécia Antiga onde o sexo era visto como inerente à atividade
humana e os gregos atribuíam uma grande importância à beleza, à harmonia, à
idealização do corpo nu e a sua exaltação nas artes e com Deuses sexuados,
os papéis de homens e mulheres eram bem delimitados: o homem livre era
o cidadão de direito, ao contrário das mulheres que tinham um papel de
submissão e ausência de direitos.
isto é, promover descendentes. Por isso o coito interrompido também não A primeira publicação acadêmica que trouxe uma abordagem institucional da
era aceito como método contraceptivo. Educação Sexual no Brasil foi a tese de Francisco Vasconcelos (1915), intitulada:
Educação Sexual da Mulher, publicada no Rio de Janeiro. O trabalho tinha uma
Na abordagem deste assunto é importante desmitificar essa visão da leitura bastante médico-moralista, com informações sobre a saúde da mulher
masturbação como algo “pecaminoso”, por desperdiçar a “semente da vida”, e orientações para prepará-la para a função de mãe, esposa e dona de casa.
porque traz consequências psicológicas para os adolescentes que a associam
com a ginecomastia1. Muitos jovens se recusam a frequentar a aula de educação Nos anos 30, o jornal Diário da Noite, muito popular na época, obteve uma
física e, quando isso ocorre, a tomar banho junto com os colegas com medo resposta muito favorável quando perguntou se as pessoas eram favoráveis à
da “zoação”, que se estende pela sala, tornando-os isolados e sem querer ir educação sexual. Os pontos divergentes foram sobre as estratégias de ensino
à escola, o que acaba interferindo no aprendizado escolar. e os conteúdos a serem apresentados. Ou seja, as mesmas preocupações
que muitas famílias e educadores/as têm nos dias atuais: a metodologia e o
Na Idade Contemporânea – 1789 até a atualidade - mais especificamente no conteúdo a respeito desse trabalho.
período do Vitorianismo ou Era Vitoriana, a sexualidade foi paulatinamente,
deixando de fazer parte da vida. Podemos dizer que foi o auge da repressão Nos anos 50, os registros são do Estado de São Paulo: entre 1954, o que
sexual, de fortes tabus, da hipocrisia e do duplo padrão moral. perdurou até a década de 70, o Serviço de Saúde Pública do Departamento
de Assistência ao Escolar oferecia aulas de orientação sexual às meninas da
Nessa época, informar era “perigoso”. O filósofo Rousseau (1712-1778) no século quarta série primária (hoje Ensino Fundamental I).
XVIII tinha a ideia de que a ignorância e a informação dirigida e repressiva era
o “pior dos males”, preservando assim a criança dos “perigos” da sexualidade. Na década de 60, mais precisamente em 1968, no Rio de Janeiro, a deputada
Três séculos depois, este é um assunto que não está totalmente resolvido, Julia Steimbruck, apresentou um projeto de lei que:
pois parece que a conversa sobre sexualidade ainda causa temor entre pai
e mãe ou responsável e a escola. Propunha a introdução obrigatória da educação sexual em todas
as escolas do país [...]. Apesar de ter recebido apoio de parte dos
deputados, intelectuais e educadores, teve maior peso o parecer
Os primeiros passos da Educação Sexual no Brasil remetem ao finalzinho contrário apresentado pela Comissão Nacional de Moral e Civismo,
do século XIX e entrando pelo século XX, quando se pensava na educação que no mesmo ano, pronunciou-se radicalmente contra a introdução
sexual com uma preocupação voltada para o combate às infecções sexualmente da educação sexual nas escolas. Uma frase já famosa desse parecer,
ao defender as supostas inocências, pureza e castidade das crianças
transmissíveis (na época conhecida como Doenças Venéreas) e a masturbação,
dizia: “Não se abre à força um botão de rosa, sobretudo com as mãos
numa visão pecaminosa, como falamos anteriormente. sujas” (SAYÃO, 1997, p. 109).
Nas décadas de 60 e 70, podemos destacar três importantes avanços para Devido à situação política da época, todos os projetos com esta temática
o comportamento sexual: foram engavetados ou interrompidos.
1. Comercialização do primeiro contraceptivo oral eficaz A atual LDB, de 1996, não traz essa discussão.
onde o sexo começou a ser desvinculado da procriação;
2.
No começo dos anos 80, que perdura até os dias de hoje, houve o surgimento
A luta por direitos iguais aos homens, uma proposta da aids, uma doença atualmente controlável, mas ainda sem cura, que gerou
do feminismo; mudança de comportamento em todas as pessoas da época e futuras gerações.
3. O divórcio instituído no Brasil em 1977. Diante da emergência do tema viu-se a necessidade de levar este assunto
para a escola e, mais uma vez, apenas com a preocupação da prevenção. A
Essas conquistas foram muito importantes para a equidade e igualdade de mesma do final do século XIX com as IST, só que agora com a aids. Soma-se
gênero, um tema que não pode deixar de ser discutido num trabalho de EIS a isso a preocupação com a gravidez na adolescência que começava a ser
a ser realizado pela escola ou fora dela. um tema recorrente.
No início da década de 70 a Lei 5692/71 altera as Diretrizes e Bases da Nesse período, ainda estávamos com a ideia de criar medidas para a prevenção
Educação Brasileira (LDB) e torna obrigatória a inclusão de Programas de de doenças. E isso pode ser percebido com a preocupação do poder público
Saúde no currículo escolar, favorecendo que as escolas passassem a tratar diante do enfrentamento da epidemia da aids, através da Portaria Interministerial
de questões ligadas à sexualidade humana, o que não era oficialmente Nº 796 de 1992, entre os Ministérios da Educação e de Saúde, que propõem
permitido. um projeto educativo de prevenção à aids, nas redes públicas e oficiais de
ensino de todo país, em todos os níveis de escolarização.
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf
No aspecto pedagógico é fundamental que não seja uma ação isolada do/a
educador/a, por um interesse pessoal, ou por acreditar na importância do
tema. Claro que é importante esta mobilização, mas a escola precisa garantir
o espaço efetivo, que separe o tempo para que as atividades de EIS ocorram,
que dê condições (recursos pedagógicos) para que o trabalho aconteça com
tranquilidade e que mobilizem pais e mães ou responsáveis para estarem
juntos neste processo.
O que é
no trabalho a ser realizado pelos/as educadores/as deve contemplar, além
dos aspectos biológicos e da genitalidade, as dimensões psicológicas,
sociais, culturais, históricas e políticas que o tema enseja, não se reduzindo
a EIS?
ao corpo físico e à prevenção das infecções sexualmente transmissíveis ou
de uma gravidez indesejada. Isso porque entendemos que um projeto sobre
EIS precisa ser plural. A diversidade faz com que o trabalho contemple as
diversas dimensões do ser humano.
Conceito Nas ações que orientam a EIS é importante discutir os diferentes tabus,
preconceitos, crenças e atitudes da sociedade relacionadas à sexualidade
Objetivos e que foram construídas ao longo da história e ainda estão presentes nas
ideias e no comportamento da sociedade.
Benefícios e características
2
A UNESCO define a EIS em suas Orientaciones técnicas internacionales sobre
educación en sexualidad un enfoque basado en la evidencia de 2018 como:
Alguns elementos chaves da EIS: O conceito deste trabalho não pode deixar de contemplar o prazer, o respeito
por si e pelo outro, a responsabilidade diante do uso ou da exigência da
✓ Cientificamente precisa e abrangente.
camisinha e o desenvolvimento de uma visão crítica e reflexiva sobre o corpo
e a sexualidade, exercendo, assim, a sua cidadania no sentido mais pleno.
✓ Relevante culturalmente e apropriada ao contexto.
O trabalho deve problematizar, levantar questionamentos, ampliar o leque de
✓ Adequada ao nível de idade e desenvolvimento juvenil.
conhecimentos e desenvolver a autonomia de adolescentes para que possam
escolher o caminho a seguir, conscientes diante das diferentes situações
✓ Tem como base os direitos humanos.
que se apresentam, sabendo dizer “não” quando necessário e responsáveis
diante das próprias escolhas.
✓ Promove a igualdade de gênero.
Na escola, o trabalho deve ser pautado nos conceitos pedagógicos, não tendo
✓ Incorpora métodos de ensino participativos por meio de facilitadores/
a perspectiva do aconselhamento individual, algo que lembre um “trabalho
as capacitados/as.
terapêutico”. A EIS precisa ser orientada nos limites da ação educativa, sem
invadir a intimidade e o comportamento do corpo discente e nem dos/as
✓ Oferece um ambiente de aprendizado seguro e saudável.
educadores/as.
Objetivos
Esses objetivos, a partir do trabalho dos/as educadores/as, vão contribuir
muito positivamente para a vida dos/as adolescentes e jovens de forma
segura, protegida e saudável.
Ao pensar nos objetivos da EIS vale ressaltar que o trabalho precisa ser
emancipador, reflexivo e crítico.
Benefícios e Características
Esta discussão é tão ampla e universal que a Unesco ressalta que crianças,
adolescentes e jovens tenham acesso a conceitos fundamentais para que Muitos pais, mães e/ou responsáveis perguntam quais são os benefícios
possam ter uma visão positiva da sexualidade e percebam a importância de deste trabalho na escola ou fora dela. Alguns ficam com medo de que pode
uma “comunicação clara nas relações interpessoais, desenvolvam o espírito incentivar um início precoce da vida sexual.
crítico e reflitam a cada tomada de decisão à sua vida sexual e reprodutiva,
garantindo assim o seu bem-estar” (UNESCO, 2014, p. 15-6). É importante que os/as educadores/as possam conversar com os pais,
mães e responsáveis de seus/suas alunos/as nesse sentido e ressaltar que
Partindo desses pressupostos e para facilitar a realização da EIS, propomos a oferta deste trabalho por parte da escola propicia grandes ganhos para
aos/às educadores/as que: o desenvolvimento biológico, psicológico e social de seus/suas filhos/as,
além de proteção e prevenção.
✓ Compreendam, criticamente, o histórico da sexualidade e a evolução
da educação sexual no Brasil, o que será importante para uma visão
Alguns benefícios:
mais ampla e contextualizada do trabalho a ser realizado;
a) Uma Educação Integral em Sexualidade baseada em informações
✓ Tenham uma visão clara do conceito de Educação Integral em científicas, pautada nos Direitos Humanos e adequada à faixa etária
Sexualidade e as suas principais características; como propomos, não antecipa a atividade sexual como pode ser a
dúvida de muitos pais. Ao contrário, bem informados/as adolescentes
✓ Conheçam as políticas públicas que respaldam a realização da tendem a adiar a primeira relação sexual e quando decidem iniciar,
Educação Integral em Sexualidade no Brasil; há evidências de maior cuidado com a prevenção;
✓ Saibam como realizar um trabalho na escola e a metodologia mais b) Adiando o início da atividade sexual, reduz o risco de uma gravidez
adequada; não planejada e de uma infecção sexualmente transmissível (IST),
incluindo o HIV-aids;
✓ Conheçam o seu papel e os limites necessários para a sua prática
pedagógica na realização da EIS; c) Além da informação, um direito de todas as pessoas, o trabalho
de EIS protege crianças e adolescentes contra uma violência sexual.
✓ Tenham o conhecimento das estratégias educativas para a As informações básicas adquiridas em projetos dessa natureza vão
implementação da EIS na escola. permitir entender o que é consentimento; o que pode e o que não
pode; o que é toque abusivo e onde pode ou não pode ser tocada e Só a informação e o trabalho pontual, mesmo importantes, não são capazes
quem são as pessoas autorizadas a ajudar na sua higiene e cuidado; de fazer os/as adolescentes e jovens desenvolverem atitudes e habilidades
preventivas para enfrentar situações de vulnerabilidade quando as mesmas
d) O trabalho de EIS e as dinâmicas realizadas a partir das atividades acontecerem. Daí a importância de um projeto que tenha continuidade.
desenvolvidas facilitam o convívio com o que é diferente, no
aprendizado que diferenças não significam desigualdades e o Por que a escola é um espaço adequado para a realização de um
respeito deve estar inserido no comportamento de todas as pessoas; trabalho de EIS?
e) Esse respeito inclui o combate ao bullying, à misoginia, homofobia, “Espaço adequado” não significa que seja o único, podemos realizar ações
às diferenças de classes sociais e tudo que traz preconceitos e pode pedagógicas na área da sexualidade nos mais diferentes locais, incluindo “fora
enraizar através da discriminação; da escola”, como OSC, Centro de Saúde e em outros espaços da comunidade.
Mas, a escola facilita, por receberem diariamente os/as estudantes, com um
f) A oferta por parte da escola de um trabalho desta natureza facilita vínculo estabelecido e conhecimento mútuo, com foco na aprendizagem de
na discussão e combate à violência de gênero, onde a mulher é a conhecimentos, o que favorece o seu planejamento, debate e continuidade.
vítima preferencial. Discutir novas masculinidades, onde o menino
desenvolva o respeito às meninas e reconheça os seus limites, em Mesmo muitas famílias achando que esta é uma questão do privado e,
toda seriação escolar, é um passo importante e traz significativos portanto, um assunto para dentro de casa, é na escola que as diferenças se
resultados para as relações entre meninos (homens) e meninas intensificam, onde acontecem o “ficar” e os primeiros ensaios do namoro, o
(mulheres); preconceito se apresenta em situações de bullying e outras discriminações
e é o principal espaço social onde a garotada troca ideias e estabelece
g) A informação, o reconhecimento de si, o protagonismo diante de os primeiros vínculos, após a família. Nessas diferentes situações as
situações diversas e a melhoria na autoestima adquiridos através questões da sexualidade estão presentes nas diversas rodas de bate-papo.
do trabalho de EIS traz benefícios não só para a vida pessoal, mas
perdura por toda a vida, incluindo o campo profissional. Dessa forma, por que não trazer essa conversa do pátio e corredores escolares
para a sala de aula? A informação, a desmitificação de mitos e crenças, o
Uma questão que sempre surge e perguntam é se o trabalho de Educação respeito às diferenças, o combate à violência de gênero e qualquer tipo de
Integral da Sexualidade é uma função da escola. Sabemos que este é um preconceito e o conhecimento do corpo, que não se limita apenas ao biológico,
papel da família e que se completa na escola, propiciando mais informação, não podem ficar do lado de fora, como se a sexualidade fosse sofrer alguma
troca de ideias, o debate sobre temas que trazem um senso crítico mais punição, caso entre e essa conversa aconteça dentro da sala de aula.
apurado e a possibilidade de conviver e aceitar as diferenças.
A escola, enquanto espaço de aprendizagem, que recebe crianças,
No entanto, é importante que este trabalho seja planejado, contínuo e com adolescentes e jovens de famílias com ideias diferentes e pela natureza do
conteúdos adequados a cada faixa etária. trabalho se interagem pelo próprio convívio diário, favorece o desenvolvimento
de uma conversa sobre sexualidade, não pontual, mas com continuidade,
Nem sempre em casa existe um espaço para este assunto e mesmo que pai e
mãe ou responsável tenham uma “cabeça arejada” para conversar livremente,
este contato com a diversidade que a escola proporciona é fundamental para
o crescimento dos/as adolescentes e jovens e a construção da cidadania e
da ética.
Uma das características do trabalho de EIS é que não existe “prova” ou “nota”,
mas sim uma troca de ideias, as informações necessárias, as indagações para
que se elaborem as próprias respostas a partir do debate com a turma, de
forma integradora e coletiva do saber.
A não realização de um trabalho na área de EIS pode fazer com que os/
as estudantes fiquem ansiosos/as pela falta de um espaço para terem suas
dúvidas esclarecidas, o que acaba interferindo no aprendizado escolar. Isso
porque a sexualidade é a parte mais importante do ser humano.
Garantias Legais
para a EIS ✓ Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
Marcos Nacionais
Desenvolvimento (CIPD) (Cairo -1994)
3
✓ Princípios do Yogyakarta (2007)
Marcos Nacionais
É comum educadores/as, gestores/as escolares e coordenação pedagógica
ficarem na dúvida sobre a implementação de projetos de EIS por não se
sentirem seguros/as frente às garantias, já que este tema não é consenso
nas escolas e nem faz parte do currículo escolar.
✓ Constituição Federal (1988) Isso ocorre por desconhecerem algumas garantias legais que já existem no
nosso país e acordos internacionais, dos quais o Brasil é signatário, o que
✓ Estatuto da Criança e do adolescente (1990) traz um respaldo maior para a realização deste trabalho.
✓ Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997) Se nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a “Orientação Sexual” se
apresenta como tema transversal e muito bem fundamentado teoricamente, na
✓ Programa Saúde e Prevenção nas Escolas – SPE (2003) Base Nacional Comum Curricular (BNCC) esta discussão não está aparente,
o que faz com que os trabalhos a serem realizados sejam contemplados
✓ Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2003) através de outros temas, ampliando-os e contextualizando- os, como veremos
na página 39.
✓ Brasil sem Homofobia (2004)
A educação é um direito de todos/as os/as brasileiros/as como assegura a
✓ Estatuto da Juventude (2005) Carta Magna do nosso país. A Constituição Federal, em seu Art. 6º, diz que:
✓ Plano Nacional de Políticas para Mulheres (2006) São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância [...] na forma desta constituição [...].
✓ Lei Maria da Penha (2006)
Art. 53º – a criança e o adolescente têm direito à educação, visando É através da educação, um direito constitucional como descrito em seu Art.
ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício 6º, que se troca ideais, amplia o conhecimento, combate o preconceito no
da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:
I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; sentido mais amplo da expressão e se discute questões que contemplam o
II – direito de ser respeitado por seus educadores [...]. desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Tanto na Constituição Federal, quanto no ECA, a sexualidade entra como Além dos dois instrumentos soberanos da justiça brasileira – Constituição
um direito irrefutável em seus aspectos sociais, educacionais e na proteção Federal e o ECA – outros documentos legitimam tal trabalho, corroborando
à criança e adolescente, porque ao falarmos dessas questões, fica implícito com as leis máximas do país.
o desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo e social e, nesse sentido, a
sexualidade é parte integrante pois se desenvolve e é a base para a formação O Estatuto da Juventude (2015) em seus Artigos 17 e 18, referenda que:
da identidade de todas as pessoas, não podendo se dissociar de nenhum
desses aspectos. Art. 17º O jovem tem direito à diversidade e à igualdade de direitos e
de oportunidades e não será discriminado por motivo de: I - etnia, raça,
cor da pele, cultura, origem, idade e sexo; II - orientação sexual, idioma
A efetivação de políticas públicas e preparo para o exercício da cidadania ou religião; III – opinião, deficiência e condição social ou econômica [...];
relacionam-se com uma visão plena de respeito ao cidadão em todas as
suas singularidades e diferenças, com a garantia do Estado, através da Art. 18º A ação do poder público na efetivação do direito do jovem à
diversidade e à igualdade contempla a adoção das seguintes medidas:
implementação de políticas que deem direito a todas as pessoas igualmente I – adoção nos âmbitos federal, estadual, municipal e do Distrito Federal,
e sem discriminação. de programas governamentais destinados a assegurar a igualdade de
direitos dos jovens de todas as raças e etnias, independentemente de
sua origem, relativamente à educação, à profissionalização, ao trabalho
e renda, à cultura, à saúde, à segurança à cidadania e ao acesso à
justiça; II – Capacitação dos professores do ensino fundamental e médio
para a aplicação das diretrizes curriculares nacionais no que se refere
ao enfrentamento de todas as formas de discriminação; III - inclusão
de temas sobre questões étnicas, raciais, de deficiência, de orientação
sexual, de gênero e de violência doméstica e sexual praticada contra
a mulher na formação dos profissionais de educação, de saúde e de
segurança pública e dos operadores do direito; IV [...]; [...]; V – inclusão
nos conteúdos curriculares de informações sobre a discriminação na
sociedade brasileira e sobre o direito de todos os grupos e indivíduos
a tratamento igualitário perante a lei; VI - inclusão, nos conteúdos
curriculares, de temas relacionados à sexualidade, respeitando a
diversidade de valores e crenças.
A Convenção Interamericana de Direitos Humanos (1969) - base importante O Marco Legal: Saúde um Direito de Adolescentes é uma publicação
do sistema interamericano de proteção dos Direitos Humanos, e a Convenção do Ministério da Saúde de 2006 que aponta os principais documentos
sobre os Direitos das Crianças (1989) que objetiva à proteção de crianças e nacionais e internacionais de proteção ao exercício do direito à saúde dos
adolescentes de todo o mundo, aprovada pela ONU e seus países membros, e das adolescentes. Seu objetivo é orientar profissionais de saúde, gestores
onde o Brasil é signatário, trazem esta base legal para o/a educador/a e o estaduais e municipais, e órgãos e instituições que atuam na área de saúde
seu trabalho de EIS na escola. do adolescente, fornecendo elementos para o processo de tomada de
decisões e para a elaboração de políticas públicas.
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD),
realizada na cidade do Cairo, Egito, em 1994, foi a maior conferência Plano Nacional de Políticas para Mulheres (2006) – O primeiro objetivo do
intergovernamental relacionada às populações e um marco na história dos eixo que trata da Educação Inclusiva e não sexista, é: “incorporar a perspectiva
direitos das mulheres. Importantes acordos foram firmados nesta conferência, de gênero, raça, etnia e orientação sexual no processo educacional formal e
como: informal”, sendo que a prioridade é implementação de “ações no processo
• Promoção da igualdade de gênero. educacional para a equidade de gênero, raça, etnia e orientação sexual”.
• Eliminação da violência contra a mulher.
• Garantia dos direitos reprodutivos. Princípios do Yogyakarta (2007) - Outro documento importante são os
• Redução da mortalidade materna e infantil. Princípios do Yogyakarta que estabelecem a efetivação da legislação
internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identidade
IV Conferência Mundial das Mulheres, também conhecida como Conferência de gênero. Estes princípios trazem uma garantia para que a população
de Pequim, foi realizada em setembro de 1995, na cidade de Pequim (Beijing), LGBTQ+ tenha a proteção de qualquer violência na escola e que para tanto
capital da China. Foi um momento importante na história de luta pelos direitos à o tema seja tratado com os/as estudantes.
igualdade e à justiça social, que selou o compromisso dos países em transformar
o mundo, por meio da experiência das mulheres. Esta conferência colocou Declaração Ministerial da Cidade do México “Prevenir com a Educação” -
as mulheres, independentemente de sua classe social, idade, etnia, filiação Em julho de 2008 o Governo do México reuniu 30 Ministros da Saúde e 26
política, religião e orientação sexual, como força principal no desenvolvimento Ministros da Educação de toda a América Latina e do Caribe para preparar
de uma nova agenda de atuação e no centro dos esforços para o alcance da um compromisso destinado a assegurar o acesso universal à prevenção do
igualdade plena da mulher na sociedade. HIV para adolescentes e jovens, bem como prover uma educação integral
em sexualidade como estratégia de prevenção contra o HIV e portal para
O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos – PNEDH (2003) – os serviços de saúde sexual e reprodutiva. O resultado dessa reunião foi
revisado em 2006, informa que “educar em direitos humanos é fomentar a Declaração Ministerial da Cidade do México “Prevenir com a Educação”.
processos de educação formal e não formal, de modo a contribuir para a Semelhante às Metas para o Desenvolvimento do Milênio (aprovadas por 189
construção da cidadania, o conhecimento dos direitos fundamentais, o respeito países na Cúpula do Milênio das Nações Unidas, realizada em setembro de
à pluralidade e à diversidade sexual, étnica, racial, cultural, de gênero e de 2000), bem como à Declaração de Compromisso sobre HIV/aids (aprovada
crenças religiosas”. pela Assembleia Geral da ONU em 2001), a Declaração Ministerial significa
um esforço unificado em uma tentativa de deter a epidemia do HIV/aids
na América Latina e no Caribe. O objetivo da Declaração é fortalecer os Plano Nacional de Educação (2014) – O PNE tem uma vigência de 10 anos, ou
esforços de prevenção por meio da informação e enfoques multissetoriais seja, até 2024. Em seu Artigo 2º, inciso III, descreve como uma das diretrizes
na educação integral em sexualidade, incluindo desenvolvimento/revisão a “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da
de currículos; maior acesso à informação e serviços; e melhor divulgação ao cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação”.
público em colaboração com a mídia e a sociedade civil.
Agenda 2030 (2015) - Em 25 a 27 de setembro deste ano, chefes de Estado
O Consenso de Montevidéu sobre População e Desenvolvimento é um e de Governo e altos representantes reuniram-se na sede das Nações Unidas
documento resultante da primeira reunião da Conferência Regional sobre em Nova York e definiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
População e Desenvolvimento da América Latina e do Caribe ocorrida em globais, neste caso a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. A
2013, na cidade de Montevidéu no Uruguai. Em relação à EIS, destaca-se: Agenda 2030 indica as ações e diretrizes para o trabalho das Nações Unidas
e seus países membros e inclui nesta discussão a sexualidade e gênero.
• A garantia da implementação de programas de educação integral
para a sexualidade, que reconheçam a afetividade, desde a primeira Todos esses documentos e acordos internacionais reafirmam a importância
infância, respeitem a autonomia gradativa das crianças e as decisões do trabalho de EIS como direito da pessoa e parte integrante do seu
informadas de adolescentes e jovens sobre sua sexualidade, com desenvolvimento para que cresça informada, saudável, com comportamento
foco na participação, interculturalidade, gênero e direitos humanos. responsável e preventivo, exercendo a cidadania no sentido mais pleno,
com as garantias do Estado.
• A implementação de programas de saúde sexual e saúde reprodutiva
integrais com qualidade e apropriados para adolescentes e jovens,
incluindo neles serviços de saúde sexual e saúde reprodutiva,
com enfoque de gênero, intergeracional, intercultural e de direitos
humanos que ao mesmo tempo garantam o acesso a métodos
contraceptivos atuais, seguros e eficazes com respeito ao princípio
de privacidade e confidencialidade visando que adolescentes
e jovens possam exercer seus direitos sexuais e reprodutivos
contribuindo para que tenham uma vida sexual prazerosa, saudável
e com responsabilidade, evitando a gravidez não planejada, a
transmissão do HIV e demais infecções de transmissão sexual,
tomando decisões livres com informação e responsabilidade
relacionadas à sua vida sexual e reprodutiva, bem como o exercício
de sua orientação sexual.
As políticas educacionais devem assegurar o direito à informação e à formação Os PCN, elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC)
integral do cidadão. Nesse sentido, a EIS não pode ser deixada de lado dos está organizado num conjunto de cadernos que apresentam propostas de
programas governamentais. estruturação curricular para o Ensino Fundamental, que consistem também
em temas transversais, entre eles “Orientação Sexual”, como era chamada a
Os Marcos Nacionais e Internacionais e os Planos de Educação contribuem educação sexual antigamente.
efetivamente para as políticas educacionais.
Os cadernos de Temas Transversais orientam como trabalhar esses temas
com os/as alunos/as do Ensino Fundamental I e II, com um bom suporte para
os/as educadores/as.
nos espaços de formulação e execução de políticas públicas de prevenção • Estimular a pesquisa e a difusão de conhecimentos que contribuam
das IST/aids e do uso nocivo de drogas; - apoiar as diferentes iniciativas para o combate à violência e à discriminação de GLTB;
que trabalham com promoção da saúde e prevenção nas escolas; - instituir
a cultura da prevenção nas escolas e entorno. • Criar o Subcomitê sobre Educação em Direitos Humanos no
Ministério da Educação, com a participação do movimento de
Brasil sem Homofobia (2004): Com a ideia efetiva de contribuir para homossexuais, para acompanhar e avaliar as diretrizes traçadas.
a implantação do Programa Gênero e Diversidade Sexual nas Escolas,
implementou-se uma a ação denominada “Elaboração do Plano de Combate (REPROLATINA, 2011, p. 10).
à Discriminação contra Homossexuais”.
Para que assegurassem a realização deste projeto por parte dos/as educadores/
Para efetivar este compromisso a Secretaria Especial de Direitos Humanos as elaborou-se um Caderno denominado “Escola sem Homofobia” com
lançou o Programa Brasil Sem Homofobia - Programa de Combate à Violência importante fundamentação teórica e metodologia para dar subsídios aos
e à Discriminação contra a população LGBTI+ e de Promoção da Cidadania docentes. Mesmo diante da importância deste programa numa realidade
Homossexual. onde o Brasil encontra-se entre os primeiros lugares no ranking que mais
mata a população LGBT, este programa foi vetado em maio de 2011.
O programa de ações que trata da educação no Projeto Escola sem
Homofobia, incluía os seguintes tópicos: Lei Maria da Penha (2006): Mesmo não sendo uma política educacional, a
Lei Maria da Penha (11.340 de 07 de agosto de 2006), traz uma contribuição
• Fomentar e apoiar curso de formação inicial e continuada de importante para as políticas públicas realizadas no espaço escolar,
professores na área da sexualidade; principalmente na discussão sobre a violência de gênero e no combate
ao preconceito e discriminação contra a mulher. O trabalho de EIS a ser
• Formar equipes multidisciplinares para avaliação dos livros didáticos, realizado na escola traz grandes benefícios para a mudança desta realidade:
de modo a eliminar aspectos discriminatórios por orientação sexual a discussão de gênero, o respeito às diferenças, a luta por direitos, as
e a superação da homofobia; oportunidades iguais para meninos e meninas e o empoderamento das
meninas para que tenham uma boa autoestima e saibam dizer “não”, quando
• Estimular a produção de materiais educativos (filmes, vídeos e querem dizer “não”.
publicações) sobre orientação sexual e superação da homofobia;
Base Nacional Comum Curricular - BNCC (2017): A BNCC, promulgada
• Apoiar e divulgar a produção de materiais específicos para a em 2017 e que tem força de lei, portanto deve ser seguida por todas as
formação de professores; escolas do território nacional, não traz conteúdos tão claros relacionados
à EIS para toda a seriação escolar. Mas, isso não é um impeditivo e, como
• Divulgar as informações científicas sobre sexualidade humana; falamos anteriormente, a abordagem de alguns temas pode ser ampliada
e contextualizada. É importante entender que, como o próprio nome diz,
base é o que sustenta.
A BNCC é, portanto, o ponto de partida para a construção de um currículo, (nesta faixa etária já podemos falar de camisinha), respeito às diferenças.
ao organizar e articular as habilidades a ser ensinadas ao longo da Educação Textos sobre bullying e de combate ao racismo também são indicados.
Básica.
Competências específicas de linguagens para o Ensino Fundamental: Item 5 - Construir argumentos com base em dados, evidências e
informações confiáveis e negociar e defender ideias e pontos de vista
Item 4 - Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de que promovam a consciência socioambiental e o respeito a si próprio
vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de indivíduos e
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do
mundo contemporâneo. Item 7 - Conhecer, apreciar e cuidar de si, do seu corpo e bem- estar,
compreendendo-se na diversidade humana, fazendo-se respeitar e
Práticas de linguagem e Objetos do Conhecimento: respeitando o outro, recorrendo aos conhecimentos das Ciências
da Natureza e às suas tecnologias.
Língua Portuguesa – 1º ao 5º Ano
Práticas de Linguagem: Oralidade
Objetos do Conhecimento: Formação do Leitor Literário / Unidades Temáticas e Objetos do Conhecimento:
Contação de histórias
Ciências – 1º Ano
Língua Portuguesa – 6º ao 7º Ano Unidades Temáticas: Vida e evolução
Práticas de Linguagem: Produção de Textos Objetos do Conhecimento: Corpo humano e respeito à
Objetos do Conhecimento: Construção da textualidade / diversidade
Relação entre textos
Ciências – 8º Ano
O que podemos fazer? Unidades Temáticas: Vida e evolução
Objetos do Conhecimento: mecanismos reprodutivos e
Os textos a serem trabalhados – através da leitura, construção e relação sexualidade
textual – podem ser a partir de livros paradidáticos que apresentem
conteúdos relacionados às relações de gênero, cidadania, prevenção
História – 6º Ano
A BNCC apresenta os Temas Contemporâneos Transversais e nos eixos
Unidades Temáticas: Mundo pessoal: eu, meu grupo
Saúde (Saúde, Educação Alimentar e Nutricional) e Cidadania e Civismo (Vida
social e meu tempo.
Familiar e Social, Educação em Direitos Humanos, Direitos da Criança e do
Objetos do Conhecimento: O papel da mulher na Grécia
Adolescente), o/a educador pode transversalizar os conteúdos apresentados
e em Roma, e no período medieval.
neste Guia, relacionando-os aos eixos, com respaldo do ECA que, inclusive,
é contemplado em Cidadania e Civismo.
Fundamentação Legal
O debate sobre a necessidade de fixar conteúdos mínimos
para o ensino já estava previsto em alguns marcos legais,
como a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1996. O Plano Nacional de Educação (PNE),
sancionado em 2014, aponta a BNCC como uma das
estratégias necessárias para se atingir as metas de qualidade
para a Educação no decênio 2014-2024. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) e os Referenciais Curriculares
Nacionais da Educação Infantil (RCNEI) continuam em
vigência, sendo documentos norteadores para os/as
educadores/as, mas sem caráter de obrigatoriedade. Neste
caso, é a BNCC.
Quem deveria
dará a sua formação nos temas relacionados à EIS. É o que chamamos de
Educação Continuada.
realizar a EIS?
Como temos visto ao longo deste Guia, a sexualidade “conversa” com as
mais diferentes dimensões da existência humana e, dentro desta perspectiva,
incluem-se os aspectos afetivos, socioculturais, cognitivos, históricos e
políticos, na elaboração de políticas públicas como já apontado.
Papel do/a Educador/a Não podemos elencar apenas uma área e é por isso que através da
interdisciplinaridade ou, preferencialmente, com um tempo específico para
a realização do trabalho, todas as disciplinas podem – e devem – trazer a
sua contribuição para o debate.
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É por isso que, o/a educador/a, independentemente da disciplina que
leciona ou da sua área de atuação, pode ser responsável pelo trabalho
de EIS. Neste caso, então, estamos falando de quem leciona português,
matemática, geografia, história, artes, educação física, ciência e biologia
ou outra área do conhecimento.
Esta “formação” não só apresenta o conteúdo, como traz a metodologia Outras questões importantes que devemos considerar ao pensar no papel
e os recursos mais adequados para o desenvolvimento do projeto a ser do/a educador/a ao trabalhar a EIS:
realizado pela escola e outras instituições.
✓ Você já conversa sobre sexo com o seu aluno/a?
Portanto, se os conteúdos e como abordá-los (metodologia) o/a educador/a
pode aprender nessa “formação”, outras características muito importantes ✓ Quem o/a seu/sua aluno/a procura quando tem alguma dúvida?
para este trabalho não são aprendidas numa formação, porque fazem parte
da essência de cada pessoa e, no caso, vão fazer toda a diferença. ✓ Você costuma dar conselho aos/às seus/suas alunos/as?
E é exatamente por esse motivo que apesar da importância de trabalharmos Nas duas primeiras perguntas, aos que responderam sim, consideramos que
as questões biológicas e achar que o/a educador/a de ciências e biologia certamente são educadores/as que já trazem essas características referidas.
têm melhores condições, ainda assim, são insuficientes. Isso porque, se o/a aluno/a procura para uma conversa, esclarecer suas dúvidas
e tirar as caraminholas da cabeça, é porque o/a educador/a tem uma boa
Que características são essas? escuta, não julga, não diz “faça” ou “não faça” ou o que é “certo” ou “errado”.
Não dizer o que é “certo” ou “errado”, o que “pode” ou “não pode fazer” Estas características não se aprendem numa formação pontual e nem nos
e nem emitir “valores de conduta”, são características desejadas para o/a estudos de EIS - conteúdos e metodologias sim! Daí, não podemos associar
profissional que vai realizar este trabalho, mais significativas até do que o um/a educador/a e uma disciplina específica para este trabalho. Vai que
conteúdo e a metodologia, porque estes se aprendem na formação através justamente este/a docente não tem essas características, vai ser “colocado”
da educação continuada como vimos. em sala de aula para trabalhar a EIS só por causa da disciplina que leciona
e fala do corpo humano?
É importante – e esperado – também:
Aos que “aconselhavam” ao corpo discente, por mais informações que
✓ Que tenha uma boa escuta: saiba ouvir sem julgar; tivessem sobre sexualidade, certamente não percebiam que este não é o
papel do/a educador/a diante do/a seu/sua aluno/a. Este é papel de pai e
✓ Não oriente para que o/a aluno/a “Faça” ou “Não faça”. Essa é mãe ou responsáveis, assim como dizer o que é “certo” ou “errado”, faz parte
uma decisão pessoal e, por isso, a orientação pode ser para que da educação que começa em casa.
conversem com pai e mãe ou responsáveis ou alguém de confiança;
✓ Oriente para que os/as alunos/as não falem da sua vida pessoal
e nem a dos/as colegas. Esta é uma forma de preservar a sua
intimidade e do grupo.
48 Educação Integral em Sexualidade 49
Quem deveria realizar a EIS? Quem deveria realizar a EIS?
• Ao passar um vídeo para a turma por indicação, assistir antes e observar • Não discriminar os/as colegas,
todas as possibilidades que o mesmo pode gerar. É claro que não é possível
“dar conta” de todas as situações, mas ameniza surpresas e prepara para • Participar.
situações que possam ocorrer fora de controle;
• Etc.
• O mesmo para os textos: a linguagem precisa estar acessível. Identificar se
Benefícios do Trabalho
não têm palavrões, temas muito polêmicos que não saiba debater, expressões
preconceituosas e imagens inadequadas;
• Em relação às dinâmicas, é preciso ficar atento/a se a atividade não vai Os benefícios são significativos no plano cognitivo, psicológico, afetivo e
expor o/a aluno/a diante dos/as colegas, se não expõe o corpo, se não social, com melhoria do processo de ensino e aprendizagem para os/as
propicia toques inadequados e nos debates que não ofereça situações que estudantes.
constranjam um ao outro.
Pai e mãe ou responsável podem ter a certeza que as crianças e adolescentes
vão crescer com as suas dúvidas esclarecidas, com mais proteção e menos
Limites ansiosas, o que acaba interferindo no aprendizado escolar e comportamento
social.
Uma estratégia que o/a educador/a pode realizar é a “elaboração do contrato”.
Este contrato, elaborado junto com os/as alunos/as estabelecem as regras
do trabalho e preserva a classe. Não é rígido, inflexível, mas estabelece
claramente os limites necessários quando tratamos de um tema que fica
• Melhora na autoestima;
Como aplicar
diferentes etapas: numa reunião inicial, num encontro entre a família e os/
as alunos/as ou numa palestra feita pelos/as alunos/as para os seus pais
ou responsáveis. Neste caso, eles/as precisam estar bem antenados com o
a EIS?
tema e preparados/as pelo/a educador/a.
b) Conteúdos ajustados por idade e série e, neste caso, não pode criança
com adolescente, pois os temas de interesse e maturidade de aprendizagem
são diferentes.
Metodologia Educativa c) O trabalho não acontece só na sala de aula e, sempre que possível, os
Estratégias Educativas demais funcionários – equipe de apoio – também precisam ser trabalhados.
Ações práticas:
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✓ O/a educador/a pode organizar uma rádio comunitária com os/as
alunos/as do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, para algumas
informações pontuais, spots de prevenção (IST/HIV-aids), violência
de gênero etc.) serem veiculadas no recreio ou na hora de entrada
e/ou saída. A ideia é que a rádio seja administrada pelos/as alunos/
as com a supervisão do/a professor/a. Em questões mais técnicas
podem envolver os pais, para ajudarem e participarem na atividade.
Atualidade:
Estratégias Educativas
✓ Dentro do aprendizado atual devido ao distanciamento social, a escola
pode organizar lives ou conversas por outras plataformas, com temas
específicos e por turma, para que o conteúdo seja abordado de acordo As estratégias educativas são diferentes maneiras de transmitir a informação
com a faixa etária como falamos. Uma ideia é que o “encontro virtual” seja e estimular a reflexão sobre determinados temas, visando desfazer mitos,
acompanhado pelo/a aluno/a e a família (pai, mãe ou responsável) e com a crenças, compartilhar conceitos atualizados sobre algum assunto para que, a
proposta de, após o encontro, continuar a conversa em casa, abrindo uma partir das novas informações, as e os adolescentes e jovens mudem a suas
possibilidade de diálogo entre eles. atitudes, suas práticas e comportamentos, diminuam suas vulnerabilidades
e cuidem da sua saúde.
✓ Não julgar, nem discriminar os/as participantes; ✓ Ouvir com atenção a) Caixa de perguntas,
os/as participantes, elogiar e agradecer suas colocações;
b) Mural informativo,
✓ Não se colocar como o/a “especialista” no tema,
c) Minuto informativo,
✓ Ninguém é obrigado a participar da atividade, mas é importante
estimular a participação voluntária; d) Verificação de conhecimentos,
A seguir estão descritas algumas das estratégias educativas que já têm sido
implementadas e avaliadas com sucesso pela Reprolatina e, que se espera,
sejam utilizadas como parte desse Projeto.
A caixa deve estar fechada e uma vez por semana deve ser aberta para ler e
responder as perguntas. As respostas das perguntas podem ser colocadas
num mural informativo ou podem ser lidas em rodas de conversa com
Vamos conhecer melhor essas estratégias educativas e como
adolescentes. É importante que as/os adolescentes saibam onde poderão
aplicá-las.
encontrar a resposta a suas perguntas.
a) Caixa de perguntas As perguntas devem ser respondidas pelas pessoas capacitadas ( jovens,
educadores/as ou outros profissionais). As perguntas e respostas devem
ser digitadas e arquivadas porque com o tempo as mesmas perguntas
aparecem novamente e as respostas já estarão prontas.
b) Mural informativo
informações sobre o corpo, saúde, valores, medidas de prevenção do Para adolescentes e jovens, o minuto informativo poderá ser feito nas
HIV-aids, sobre direitos sexuais e reprodutivos e deveres de adolescentes, escolas, comunidades, OSC, Centro de Saúde, festas, ou em qualquer
Também podem ser colocadas informações úteis sobre a importância da lugar onde adolescentes e jovens se encontrem e haja espaço para uma
consulta integral de saúde de adolescentes, onde conseguir camisinha, reunião ou um bate-papo descontraído sobre o tema a ser abordado. Para
onde fazer os testes de HIV, sífilis, hepatites virais B e C, onde tratar, pegar isto, é importante ter uma lista de perguntas e respostas.
medicamentos, e receber vacinas disponíveis.
Após cada pergunta e resposta dos/as participantes, deve-se ler a resposta
Cada adolescente e jovem capacitado/a deverá colocar alguma informação correta para que não fiquem dúvidas sobre a informação tratada. Ao final do
útil no mural da sua escola, num supermercado ou em outro lugar de minuto informativo, podem ser distribuídos folhetos educativos ou mensagens
circulação de jovens, que ele/a tenha acesso. A informação deverá ser sobre os temas das perguntas.
trocada pelo menos a cada 15 dias.
Para o minuto informativo também pode ser feita a técnica “Verdadeira ou
c) Minuto informativo Falsa”, ou, se há disponibilidade de equipamento, usar um vídeo curto sobre
o tema trabalhado.
d) Verificação de conhecimentos
Pode se usar as seguintes técnicas:
• Verdadeira ou Falsa?
• Fatos ou Boatos?
• Questionário educativo
Com muita animação, convidam-se adolescentes e jovens para participar, na O questionário autorespondido visa estimular a reflexão sobre as práticas
Escola, antes de começar a aula, no intervalo da aula, na OSC ou mesmo na de riscos e sua prevenção. Ele pode ser aplicado isoladamente, ou, após
sala de espera do Centro de Saúde. Diga que vamos verificar o quanto se alguma atividade de informação sobre determinado tema. Esse questionário
sabe de... (fale o tema que será abordado), por exemplo, “anticoncepção”. pode ser feito antes da aula ou ao finalizar a aula.
Diga que é muito importante ter informações atualizadas para se viver
melhor e com mais saúde.
e) Mesa Informativa
Depois, distribua uma plaquinha para cada participante e explique que
irá ler várias afirmações, e, ao final de cada afirmação, os/as participantes
deverão levantar sua plaquinha sinalizando se acham que a afirmação lida
é “Verdadeira” ou “Falsa”.
O Vídeo-debate é uma atividade educativa que permite que as pessoas As ações educativas e oficinas por tema são atividades educativas
possam se divertir assistindo a um filme ou vídeo e, ao mesmo tempo, participativas que têm como objetivo abordar um determinado tema. A
possam refletir sobre um determinado tema. Como parte do Projeto, diferença entre uma oficina e uma ação educativa é o tempo destinado
colocamos à disposição alguns vídeos para discutir, por exemplo, gravidez à atividade. Habitualmente, uma ação educativa deve durar no máximo
na adolescência, as questões de gênero, a vulnerabilidade em relação às uma hora e a oficina tem uma duração maior. Seguindo a metodologia
IST/HIV-aids. participativa, ambas se iniciam identificando os conhecimentos, atitudes,
sentimentos com relação ao tema e posteriormente se estimula à reflexão
Os roteiros para guiar a discussão são distribuídos na capacitação. Também para discutir essas informações e, finalmente, se oferece a informação com
podem ser usados filmes, fazer pipocas e, ao final, abrir um debate focando base em evidências científicas.
o porquê acontecem determinadas situações mostradas neles, perguntar
se essas situações também acontecem na cidade, e estimular às pessoas Em alguns temas, é necessário desconstruir conceitos para reconstruir
para que pensem porque ocorrem essas situações e o que poderia ser novos conceitos e significados. As oficinas, que têm entre 2 a 4 horas de
feito para que essas situações não aconteçam. Nesse sentido, podem ser duração, também incluem integração, técnica para trabalhar o conteúdo e
identificados filmes para discutir violência, uso de drogas etc. se finaliza com uma avaliação.
Finais Não é à toa que este Guia de Educação Integral em Sexualidade se chama
“Um Guia para a sua realização”, porque acreditamos que depois de tudo que
você leu, muitas ideias irão surgir para o trabalho que objetiva desenvolver
ou rever a sua prática pedagógica, ajudando-a ainda mais.
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conversa com as diversas áreas do conhecimento, como você encontrou
nos diferentes temas tratados aqui: das concepções teóricas aos Marcos
Nacionais e Internacionais, que fundamentam a importância deste trabalho;
das questões históricas que nos fazem compreender as práticas atuais para
estabelecermos outras diretrizes aos recursos pessoais e pedagógicos, que
nos ajudem a refletir e construir a identidade do que desejamos desenvolver
no trabalho de educação em sexualidade.
Conseguimos?
Ninguém caminha sem aprender a caminhar, como trouxemos no início
dessas considerações nesta citação para reflexão. Neste sentido, vocês
é que vão nos responder com cada trabalho realizado, a partir de cada
ação desenvolvida e com a coragem de iniciar o seu trabalho a partir da
leitura deste Guia.
Mas, não nos esqueçamos – e vocês sabem disso, tanto quanto a gente – E é exatamente por isso que este trabalho - Um Guia para a sua realização -
que este trabalho não se limita ao espaço escolar, mas se realiza através das se propõe a ser o seu material didático de consulta nos temas relacionados
Organizações Sociais, dos Centros de Saúde, dos Centros Comunitários, dos à sexualidade
espaços públicos onde consideram importante desenvolver as ações na área
de Educação Integral em Sexualidade, e nos lugares em que as crianças e
adolescentes estão presentes. O seu lugar de fala e de referência é o seu
Nestas considerações finais, o que é importante
lugar de ação, que atua com os seus projetos. Isso é o mais importante. destacar?
Se conseguirmos mudar a sua visão diante deste tema, considerando-o ✓ Antes de iniciar o trabalho, busque a fundamentação teórica dos temas a
importante para o desenvolvimento físico, psíquico, social, afetivo e cognitivo serem tratados e a metodologia que será utilizada para abordá-los. Estas duas
e que a escola tem um papel importante no desenvolvimento do trabalho questões são muito importantes que, sanadas, você terá mais segurança,
de Educação Integral em Sexualidade, então, podemos dizer que chegamos inclusive para criar, identificar os recursos mais adequados para cada tema etc.;
à metade do caminho.
✓ Acreditamos numa educação democrática. Neste sentido, no trabalho de
Sabemos que não é fácil, a conversa sobre sexualidade ainda causa um sexualidade não é diferente. O/a adolescente/a precisa ter garantido o seu
desconforto, como se estivéssemos falando sobre algo pecaminoso e, por “lugar de fala” e a sua “representatividade”;
isso, impróprio. Mas, com todos os subsídios que apresentamos desde o
início deste trabalho, até o seu final com as estratégias educativas, você e ✓ A Educação Continuada (capacitação, atualização, avaliação...) é fundamental
os/as demais profissionais que leram este Guia vão se sentir mais confiantes mesmo depois de iniciado o trabalho. Acreditamos que o estudo precisa ser
e seguros diante desse desafio que, na verdade, diz respeito a todos/as permanente e os conteúdos sempre atualizados. Leituras, vídeos e músicas
nós. A sexualidade precisa sair dos corredores e estar na sala, sem ter de temas correlatos também contribuem muito para a prática pedagógica;
que empurrar as dúvidas para debaixo do tapete com medo que alguém
a desvende e não saibamos como agir. ✓ A troca de saberes com os/as colegas é sempre benéfica e contribui muito
positivamente para o trabalho. São outros olhares sobre o tema;
Como apresentado ao longo das 77 páginas, a Reprolatina acredita no bem
estar e na saúde sexual e reprodutiva de todos e todas, com direito ao ✓ A parceria das Escolas com Centros de Saúde, OSC e outros setores da
prazer; à informação científica, dissociada da noção de pecado ou “coisa comunidade é muito importante, porque não se cuida da saúde sem educação
feia”; ao desenvolvimento da criticidade e na luta por uma sociedade e vice-versa, e não se contribui para a cidadania sem a participação de
não sexista, não misógina e nem racista ou homofóbica. E todo o nosso todos e todas.
trabalho, seja através de publicações e trabalhos virtuais ou presenciais,
se pauta nos direitos de todos os cidadãos e todas as cidadãs, que são ✓ A parceria com a família precisa ser sempre renovada, em todas as etapas
os direitos humanos. do trabalho. Acreditamos que esta conversa, somada à qualidade do seu
trabalho, é que vão contribuir para a continuidade do mesmo.
Vale ressaltar que, mesmo sendo muito importantes para esta conversa com A relevância deste tema e, daí a ideia de escrever este Guia para vocês,
os/as adolescentes – e aqui até arriscamos em incluir os pais, nesta parceria se traduz quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que “a
– o trabalho a ser desenvolvido não pode se restringir à prevenção, como sexualidade é um dos indicadores de qualidade de vida”.
se uma infecção sexualmente transmissível, uma gravidez não planejada
ou os cuidados contra um abuso sexual fossem os únicos pilares de um É por isso e partindo dessa premissa, acreditando que este tema pode – e
trabalho de sexualidade na escola. Estas discussões todos/as nós sabemos deve – fazer parte da Saúde Escolar, que trouxemos na obra algumas dicas
que são muito importantes, mas, a discussão a respeito do prazer, o respeito para trabalhar o tema através da BNCC (que tem força de lei e, portanto,
às diferenças e os direitos iguais para todas as pessoas são igualmente obrigatória para toda a educação brasileira) e de práticas educativas que
necessários para o trabalho de Educação Integral em Sexualidade. vão ajudá-los/as nas mais diversas situações deste aprendizado e na
aprendizagem dos/as alunos/as.
Adolescentes e Jovens precisam estar informados no sentido Lato Sensu,
não é a “abstinência” do conhecimento que vai protegê-los/as, muito pelo Leia e releia sempre que necessário. Faça as suas anotações. Ao escolher
contrário, a ignorância – no sentido de desconhecer o assunto – os/as tornam o tema a ser trabalhado, veja em que prática (estratégia metodológica) ele
mais vulneráveis a situações, que poderiam ser evitadas se a conversa se encaixa melhor e, a partir daí, faça o seu planejamento, defina qual a
sobre sexualidade em casa e na escola tivesse acontecido. abordagem do tema, veja os recursos e... tenha certeza que tudo vai dar
certo. Atropelos e alguns erros no início são mais do que naturais, lembrando
que o mais importante é que esteja pronto/a para aprender e começar.
A Equipe.
A Reprolatina
em Campinas, SP, que desenvolve ações inovadoras estratégicas em
prol da melhoria da qualidade da saúde sexual e reprodutiva (SSR) de
mulheres, homens (adolescentes, jovens e adultos) das populações menos
favorecidas da América Latina. Trabalhando em parceria com instituições
públicas (federais, estaduais e municipais) e privadas, contribui para a
criação e fortalecimento de competências técnicas locais sustentáveis que
consolidem os ideais de promoção da saúde, dos direitos sexuais e direitos
reprodutivos de mulheres e homens e a igualdade de gênero.
7
e capacitadora, colaborando com os sistemas públicos de saúde, com
as comunidades locais e outras instituições públicas e privadas, para
facilitar a construção de competências técnicas locais que permitam a
implementação das Políticas Públicas de educação integral em sexualidade
e de saúde sexual e reprodutiva. Além disso, para desenvolver essas
competências técnicas locais, a estratégia educacional inovadora da
Reprolatina segue o pensamento de Paulo Freire com uma metodologia de
educação libertadora que visa o empoderamento pessoal e profissional,
a aquisição de habilidades e conhecimentos com base em evidências
científicas e a mudança cultural e social desde uma perspectiva de gênero
e de desenvolvimento organizacional.
A Missão
• Planejar e executar pesquisas nas áreas da sexualidade, da saúde e dos
direitos sexuais e reprodutivos.
A Fundação FEAC
em 1964.
e o Programa
forma gratuita, continuada, permanente e planejada, programas, projetos,
serviços e assessorias voltados prioritariamente para o fortalecimento dos
movimentos sociais e das organizações da sociedade civil, assim como a
Juventudes
formação e capacitação de lideranças, dirigidos ao público da política de
assistência social.
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e desenvolvimento social, protagonismo juvenil, cidadania ativa,
desenvolvimento da primeira infância, educação pública de qualidade e
inclusão de pessoas com deficiência.
Bibliografia
e dispõe sobre os direitos dos jovens os princípios e diretrizes das políticas
públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude. SINAJUVE.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/
lei/l12852.htm> Acesso em: 06 julh. 2020.