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Mudanças alimentares trazidas com os imigrantes

Os hábitos alimentares dos europeus que chegavam o Brasil entravam em conflito


com os costumes dos fazendeiros que os contratavam, alimentos comuns na Europa como
pães, manteiga, vinhos, cerveja, queijo e presunto eram tidos como “iguarias delicadas”.

A diferença cultural no que diz respeito a alimentação era vista como “preguiça”
e “indolência” por viajantes europeus que visitavam o Brasil. O gado que era criado no
Brasil não era voltado para a produção de leite e sim para o corte, isso também contribuía
para a ausência de laticínios.

Na Colônia e no Império predominavam nas refeições o feijão e a farinha de


mandioca e de milho. Comiam-se também carnes e, sobretudo nas províncias marítimas,
muito peixe.

O pão é introduzido no Brasil por imigrantes portugueses, as padarias abertas no


Brasil no final do XIX e início do XX eram majoritariamente portuguesas.

As falsas Europas: Colônias Alemãs no Sul do Brasil

Para os Alemães emigrar surgia como a única alternativa para um dia se realizar
o sonho de ser proprietário de um pedaço de chão. Traziam então o modelo da grande
Revolução de 1789 - boa parte dos imigrantes vinha da Renânia, região às margens do rio
Reno constantemente invadida pelos franceses - e, sob esse aspecto, a emigração era a
procura consciente de terra e liberdade. O sonho de liberdade dos camponeses alemães
vinha ao encontro da proposta de Hermann Blumenau, “um dos maiores colonizadores da
América do Sul”, como lembra Sérgio Buarque de Holanda. No contexto de um plano de
colonização e produção para o mercado empenhou-se em trazer da Alemanha gente de
várias profissões. Para isso divulgou relatórios em que propunha às pessoas que
quisessem emigrara liberdade, com relação tanto à servidão feudal europeia quanto à fé
religiosa e à opção política.

Por meio da pequena propriedade e da produção doméstica introduziu-se um


padrão cultural novo no Império. Em núcleos como Blumenau, todos os imigrantes
deviam começar a vida na mesma condição, a de colono, fossem eles profissionais
liberais, artesãos ou fabricantes em seu lugar de origem, determinando de entrada a
estruturação de uma sociedade de original no Vale do Itajaí. Isso não apenas era requisito
básico imposto pelo fundador em concordância com as diretrizes do governo imperial: a
situação econômica e social da maioria dos imigrantes não permitia que se envolvessem
no grande comércio ou na grande agricultura de exportação.

Enquanto os imigrantes da área rural procuravam a liberdade mediante a posse da


terra, aqueles saídos do meio urbano, desalojados pela grande indústria desenvolvida na
Alemanha a partir dos anos l 870, passaram a compor um número significativo de
emigrantes. O que eles desejavam reproduzir no Novo Mundo eram as condições de sua
vida anterior, representada pelas corporações profissionais, das quais se orgulhavam.
Leia-se carta de Hermann Hering, artesão da saxônia que imigrou em 1878 para
Blumenau, onde iniciou a indústria têxtil: “Todo imigrante, sem ser doente, nem mendigo,
três ou quatro anos após a sua chegada assume status social médio da concepção alemã ''.

Hermann Hering, numa outra carta, lamenta o fato de não ter trazido sua mãe para
a colônia de Santa Catarina e descreve o lugar e a sociedade em termos idílicos: “A
permanência no ar puro, as janelas e portas encontram-se abertas o dia inteiro. O calor
predominante (neste inverno a temperatura aqui desceu somente três graus), bem como a
vida entre seus semelhantes, pois condes e barões, mendigos e vagabundos não existem
em nossa colônia - lhe teria [ a sua mãe], em todo caso, sido mais agradável do que a vida
na abafada e estreita Brüdergasse [ sua residência na Alemanha], onde não faz verão".

Condes, barões, mendigos e vagabundos da Alemanha são nivelados a uma


mesma categoria de perturbadores da ordem comunitária, ordem que se tentava criar, ou
recriar, no Sul do Império.

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