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“Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”
Cora Coralina

EDUCAÇÃO, TEMPLOS E MASMORRAS

Meus amados irmãos, em minhas leituras e pesquisas, achei diversas definições para a palavra
EDUCAÇÃO, a que achei mais simples e direta foi essa:
“Educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”.
A Educação é, portanto, o mecanismo que possibilita a obtenção de novos hábitos e por isso é a
base do desenvolvimento humano. Ao se observar a história, percebe-se facilmente que os valores
morais se modificam de acordo com a época e, pelos valores atuais, as modificações ainda são
necessárias e por isso solicitadas direta e indiretamente, individual e coletivamente.

Sob esse aspecto, vivemos em um processo chamado de Devir, “Um conceito filosófico que
significa as mudanças pelas quais passa as coisas. O conceito de ‘se tornar’ nasceu no leste da Grécia
antiga pelo filósofo Heráclito de Éfeso que, no século VI a.C., disse que nada neste mundo é
permanente, exceto a mudança e a transformação”.
No entanto, ainda nos deparamos com indivíduos, quando não nós mesmos, indiferentes a essa
necessidade básica, a de se modificar para melhor, permanecendo estacionados em relação ao
processo de desenvolvimento individual e social, o que evidencia que a consciência humana apresenta
níveis de entendimento diversos ao número de seres humanos viventes no Planeta.
Por cobrança ou imposição, externa ou interna, a mudança comportamental sempre precisará ser
implantada, para que se mantenha em consonância com seu tempo, evitando-se contrariedades e
sofrimento, para si e para outrem, como também predispondo o homem para novos desafios e
conquistas.

Mas, assim como temos em nossa natureza a facilidade de julgar o comportamento alheio e a de
solicitar mudanças comportamentais dos outros, não enxergamos ou não aceitamos a necessidade de
mudarmos os nossos pontos de vista e hábitos.
Mas por onde começa a mudança? Apelando uma vez mais à filosofia grega, encontraremos uma
orientação imprescindível para se iniciar o processo de mudança:

“Conhece a ti mesmo”

Esse aforismo é atribuído a Tales de Mileto, o primeiro filósofo ocidental, e estava inscrito no
portal do Templo de Delfos, tendo sido utilizado por Sócrates em sua prática filosófica, que
influenciou todo o pensamento ocidental.

Mas e nós, Maçons, se queremos, e devemos ser, agentes da mudança de nossa sociedade, como
podemos proceder para esse processo de autoconhecimento?
Chegando à conclusão de que a educação pode nos dar os hábitos necessários para chegarmos ao
autoconhecimento, e esse é o caminho para nossa mudança interior, para o desbastar de nossa pedra
bruta, então temos que nos educar maçonicamente, adotar hábitos maçônicos, precisamos ter o habito
de “levantar templos a virtude e cavar masmorras ao vício” diariamente.

Às vezes, em nossas sessões, pequenos detalhes com alta significância, passam despercebidos para
maioria. Um exemplo disso é o enunciado acima, ele está presente no telhamento e no ritual. Esta
frase deveria tocar profundamente tanto quem as pronuncia quanto a quem as ouve, mas na maioria
das vezes são ditas mecanicamente, apenas registros audíveis que não motiva quem fala ou quem
ouve. Para que se transformem de simples palavras em algo profundo e inspirador, elas têm que ser
ditas com sentimentos, tocar o íntimo de cada um de nós.

Se houver uma repetição continuada e desmotivada de nossas sessões, teremos um efeito de


habituação ou até extinção do sentimento de transformação das palavras do ritual, por isso é
necessário concentração e foco em nossas sessões, o que se diz tem que ser ouvido e recebido com
motivação interior. E para isso acontecer, o ouvinte tem que estar interessado no desenrolar dos
diálogos dos trabalhos, e não apenas estar no templo. Cada palavra que se diz não são palavras vãs.
Elas possuem forças concentradas, em sua expressão, que transformam o ouvinte interessado num
verdadeiro maçom, transmutando vícios em virtudes. As palavras faladas com sentimento, atingem a
quem ouve com a energia de quem fala.

É claro que tudo isso depende da vontade interior de cada um. “Levantam-se templos à virtude” -
são belas palavras de exortação. O seu significado não é literal, bem o sabemos. É dever do maçom
o cultivo das forças morais, o exercício das virtudes tais como paciência, amor, caridade, humildade,
perdão, amizade, sinceridade, tolerância, etc., tornando-os concretos adjetivos do maçom. Não podem
ser apenas exortações doutrinárias ou religiosas, como alguns imaginam. Para o maçom são comandos
interiores que operam a transformação de seu comportamento. A Ciência tem provado que o exercício
dessas virtudes gera energias positivas nas pessoas, que podem modificar seu estado patológico em
estado fisiológico ou sadio, enfim curar doenças. Esse estado energético interior tem a dimensão do
tamanho da vontade do indivíduo. A expressão também indica ao maçom que deverá realçar as
virtudes encontradas nos Irmãos e não evidenciar os seus defeitos ou vícios na maledicência comum.
Se o Irmão apresenta um defeito moral o exercício da virtude nos manda ajudá-lo na sua
transformação, usando os meios de que dispomos e os que sejam necessários para essa tarefa.
Levantar templos à virtude também está presente quando nos esforçamos para manter a harmonia do
lar, onde exercitamos a tolerância, o perdão, a compreensão e sobretudo o amor. “Cavam-se
masmorras ao vício”- é o complemento do “levantam-se templos à virtude”. Acabar com os vícios
significa extinguir o ódio, o rancor, a vingança, a mágoa, a vaidade, o orgulho, o egoísmo, etc., e
tantos outros defeitos morais. Vício é tudo que degrada o ser humano, portanto, as masmorras são
símbolos que nos diz para enterrarmos nossos defeitos, antes que eles nos enterrem. Quando os
maçons se conscientizarem e entenderem o significado moral de cada palavra que se diz em Loja,
durante seus trabalhos, e passarem a vivenciá-las no dia a dia, veremos que nos tornamos uma
poderosa força de transformação do mundo em todos os sentidos.
O objetivo da Maçonaria é promover a evolução moral do maçom, para que ele, moralizado, seja
o agente multiplicador dessa moral, na sociedade em que se encontra inserido. Não só agente
verbalizador da moral, mas também, e mais importante, um silencioso vivenciador dela, porque o
exemplo vale por mil palavras

E para sabermos se estamos no caminho certo, temos que consultar nosso íntimo, nossa
consciência, recorrendo a minha doutrina religiosa, em O Livro dos Espíritos, encontrei Allan Kardec
indagando o Espírito Santo Agostinho:

A dificuldade está precisamente em conhecer-se a si mesmo; qual é o meio de conseguir isso?

– Fazei o que eu fazia quando estava na Terra: no fim do dia, interrogava minha consciência,
passava em revista o que havia feito e me perguntava se não havia faltado com o dever, se ninguém
tinha do que se queixar de mim. Foi assim que consegui me conhecer e ver o que havia de ser
reformado em mim. Examinai o que podeis ter feito contra vosso próximo e, por fim, contra vós
mesmos. As respostas serão um repouso para vossa consciência ou a indicação de um mal que é
preciso curar. O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do melhoramento individual. Mas,
direis, como proceder a esse julgamento? Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas
ações, perguntai-vos como a classificaria se fosse feita por outra pessoa; se a censurais nos outros,
não poderá ser mais legítima em vós, que faça o balanço de sua jornada moral, como o mercador faz
a de suas perdas e lucros, e eu vos asseguro que isso resultará em seu benefício. Se puder dizer a si
mesmo que seu dia foi bom, pode dormir em paz e esperar sem temor o despertar na outra vida”.

Pois então, meus irmãos, que possamos consultar nosso íntimo ao final de cada dia, e chegar a
conclusão que neste dia agimos como verdadeiros maçons, que foi um lindo dia para se “levantar
templos a virtude e cavar masmorras ao vicio”

Bibliografia:

O livro dos espíritos, Alan Kardec

Ritual-aprendiz maçon-rito adonhiramita

Devemos ser mais que palavras,artigo do irmão DenilsonForato

(http://denilsonforato.blogspot.com.br/2012/01/devemos-ser-mais-que-palavras.html?m=1)

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