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Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT

Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia – FAET

Departamento de Engenharia Elétrica - DENE

RELATÓRIO
CIRCUITO TRIFÁSICO EQUILIBRADO Y-Y

João Victor da Silva


William Carlos da Silva

Cuiabá
Março de 2019
JOÃO VICTOR DA SILVA
WILLIAM CARLOS DA SILVA

RELATÓRIO
CIRCUITO TRIFÁSICO EQUILIBRADO Y-Y

Relatório técnico acerca da terceira aula


de laboratório da disciplina de circuitos
elétricos II, ministrada pelo Prof.
Bismarck Castillo Carvalho no curso de
engenharia elétrica da Universidade
Federal de Mato Grosso – UFMT.

Cuiabá
Março de 2019
RESUMO

Este documento consiste em um relatório técnico acerca da terceira aula de


laboratório da disciplina de circuitos elétricos II. O presente conteúdo sintetiza a teoria
de circuitos de corrente alternada trifásicos e equilibrados. Os experimentos realizados
serviram como aferição da teoria exposta, de forma a revelar o erro entre o procedimento
prático e os cálculos teóricos.

Palavras-chave: Carga. Circuito. Corrente. Fase. Linha. Tensão.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2. OBJETIVOS GERAIS .............................................................................................. 6
3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 6
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 7
4.1. GERAÇÃO TRIFÁSICA .................................................................................. 7
4.2. CARGA TRIFÁSICA ...................................................................................... 10
5. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS ..................................................................... 12
6. RESULTADOS ....................................................................................................... 14
7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 18
8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 19

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1. INTRODUÇÃO

O primeiro sistema polifásico foi desenvolvimento por Nikola Tesla (1856 – 1943).
Sistemas polifásicos de corrente alternada possuem fases defasadas entre si tanto no
tempo quanto no espaço. O sistema polifásico de maior utilidade é o trifásico. Na geração,
as bobinas dos geradores estão espaçadas entre si por 120º físicos, de forma que as fases
provenientes das mesmas tenham 120º elétricos de defasagem no tempo.

Os sistemas elétricos trifásicos estão presentes em toda a cadeia da eletricidade.


Praticamente todas as formas de geração de energia o fazem já na forma trifásica. A
transmissão também é feita desta forma, e até a distribuição.

Quando se necessita de tensões monofásicas ou bifásicas, estas são extraídas do


sistema trifásico. Existem ainda industrias que utilizam números elevados de fases, que
são obtidos através da manutenção das três fases geradas.

Os circuitos elétricos trifásicos podem ser divididos em quatro possíveis tipos: de


fonte e carga equilibrados; de fonte desequilibrada e carga equilibrada; de fonte e carga
desequilibrados; e fonte equilibrada e carga desequilibrada (o que se pode observar na
realidade). A geração prima por manter as fases em equilíbrio, no entanto não se pode
controlar as cargas conectadas na rede, o que implica em um desequilíbrio variável.

Existem ainda formas de ligação dos circuitos trifásicos, que é de que se trata a
abordagem atual. Apesar de existirem pelo menos quatro configurações principais, o
conteúdo deste trabalho manterá o foco apenas em uma, limitando as outras ao caráter
informativo.

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2. OBJETIVOS GERAIS

Efetuar a montagem do circuito trifásico equilibrado com ligações estrela para, de


suas medições, extrair valores e análises teóricas que possam afirmar a teoria proposta.

3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A montagem do circuito é precedida de uma análise teórica do mesmo, assim como


os cálculos das grandezas necessárias. E também por simulação computacional feita no
software ATP Draw. A principal intenção é aferir a veracidade das relações obtidas pela
teoria através da comparação dos resultados entre as três plataformas.

Em paralelo com esse objetivo, existe a verificação do erro existente entre a teoria
e a realidade. Nos cálculos teóricos, e até na simulação, os cabos, os componentes e
aproximações são ideais, o que não ocorre na prática. Isso leva a um erro entre o que era
esperado e o que se consegue de fato. O objetivo secundário deste relatório é expor esse
erro em forma de gráficos e tabelas.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1. GERAÇÃO TRIFÁSICA

O gerador trifásico possui as um rotor, parte móvel que recebe potência mecânica
externa, e um estator, parte fixa onde ficam os enrolamentos de onde saem as fases. A
figura 1 mostra em um esquema simples que as bobinas do estator ficam posicionadas à
120º uma da outra.

Figura 1 - Aparência de um gerador; esquema de posicionamento das bobinas com suas respectivas tensões
induzidas.

A Lei de Faraday

𝑑𝜙
𝑒=𝑛
𝑑𝑡

diz que o produto do número de espiras, n, pela variação de um fluxo magnético no

tempo, , fornece a tensão induzida, e. No gerador trifásico, as três bobinas possuem o

mesmo número de espiras e a mesma velocidade angular, o que implica que as tensões
são de módulos e formas de onda iguais entre as três. Acontece que, a defasagem de 120º
no espaço causa a mesma defasagem das tensões induzidas, porém no tempo. A figura 2
mostra as formas de onda das tensões geradas de acordo com as bobinas da figura 1.

O fato das tensões terem apenas a diferença de 120º no ângulo de fase diz que elas
são formam uma fonte trifásica equilibrada. Entretanto, é possível que as tensões não
tenham magnitudes iguais, ou que a defasagem diste de 120º, neste caso, diz-se que a
fonte trifásica é desequilibrada.

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Figura 2 - Formas de onda das tensões em um gerador trifásico.

Fasorialmente, é fácil ver que a soma das tensões eAN, eBN e eCN é nula. Os fasores
EAN, EBN e ECN, assim como todos os outros fasores presentes neste documento serão
expressos com base em seus valores eficazes, isto é, cerca de 70 % do valor de pico.

𝑒
𝑬∠𝜃 =
√2

Figura 3 - Diagrama fasorial de tensões geradas

Onde:

𝑬 = 𝐸 ∠0°

𝑬 =𝐸 ∠ − 120°

𝑬 = 𝐸 ∠120°

No trabalho atual, as bobinas das fontes foram conectadas com um ponto comum
entre si, configurando a ligação estrela. O ponto comum entre as três fases é chamado de
neutro.

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Os cabos que conectam as saídas do gerador ao restante do circuito são
denominados linhas. Por cada linha flui uma corrente que é a mesma que sai de cada
respectiva bobina do gerador – a corrente na bobina é chamada corrente de fase, mas na
configuração estrela, ou Y, as correntes de fase e de linha são exatamente as mesmas,
dispensando distinções na nomenclatura. As três correntes são defasadas de 120º, assim
como as tensões.

Figura 4 - Geradores conectados em Y

A tensão medida entre uma fase e outra do gerador é denominada tensão de linha.
Conclui-se que existem três tensões de linha num gerador, todas defasadas de 120º entre
si. Enquanto as tensões medidas entre cada fase e o neutro são chamadas tensões de fase.

Geometricamente é possível obter relações de módulo e ângulo entre as tensões de


linha e de fase. Sendo VAN, VBN e VCN tensões de fase:

𝑽𝑨𝑩 = √3𝑽𝑨𝑵 ∠𝜃 + 30°

𝑽𝑩𝑪 = √3𝑽𝑩𝑵 ∠𝜃 + 30°

𝑽𝑪𝑨 = √3𝑽𝑪𝑵 ∠𝜃 + 30°

Onde VAB, VBC e VCA são as tensões de linha.

Observa-se que as tensões de linha tem módulo maior que as de fase √3 vezes e
adiantamento de 30°.

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Figura 5 - Diagrama fasorial das tensões de linha e de fase no gerador trifásico conectado em Y.

4.2. CARGA TRIFÁSICA

As cargas conectadas a uma fonte de energia trifásica podem, assim como os


próprios geradores, ser configuradas em Y, ou estrela, ou em Δ, ou triângulo. Como o
objeto de experimento deste relatório abrange apenas ligações Y, as conexões e relações
triangulo serão omitidas.

Uma carga conectada em estrela tem, assim como a fonte, um ponto comum, o
neutro. Naturalmente, o neutro da fonte destina-se ao neutro da carga. Os neutros da carga
e da fonte podem ser aterrados quando o circuito é equilibrado em ambos os lados. Uma
carga equilibrada é aquela em que a impedância por fase é igual para as três fases.

A tensão entre a linha que chega do gerador e o neutro da carga é denominada tensão
de fase da carga. Enquanto a tensão entre duas fases que chegam na carga continua sendo
tensão de linha. Nota-se que as correntes de linha e de fase são as mesmas para toda
conexão Y.

Para efeitos de análise de circuitos, é possível omitir o neutro de um circuito


equilibrado. No entanto, a adoção do neutro permite abordar o circuito trifásico como um
circuito monofásico. Dessa forma, a análise será feita pela circulação entre uma fase e o
neutro. As grandezas relativas às outras fases terão mesmo módulo que aquela obtida no
equivalente monofásico, exigindo somente as devidas defasagens – que obedecem às
mesmas relações anteriormente propostas. O circuito com o neutro não utilizado chama-
se circuito à três fios, ao passo que na presença do neutro intitula-se circuito à quatro fios.

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Figura 6 - Circuito trifásico Y-Y com neutro omitido, ou à três fios.

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5. MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

 1 Varivolt trifásico ajustado em 100 V de tensão de fase;


 6 resistores de 100 Ω conectados em pares paralelos para obter três resistores de
50 Ω;
 3 voltímetros ajustados na escala de 250 V;
 2 amperímetros ajustados na escala de 2 A;
 Computador com ATP Draw para simulação;
 Cabos para ligação.

A primeira etapa do experimento foi efetuar a simulação computacional do circuito


e obter através desta as medidas de tensões de linha e fase, assim como as correntes.
Como os medidores do ATP Draw fornecem apenas a magnitude das grandezas medidas,
os respectivos ângulos de defasagem não foram considerados.

O circuito montado no simulador tem os mesmos componentes que o circuito da


figura 6, porém com a presença de medidores e leves alterações nos caminhos dos cabos
(conforme figura 7).

Figura 7 - Circuito trifásico Y-Y equilibrado no ATP Draw

Cada resistor é de 50 Ω e a fonte tem 100 V de fase. Todo o circuito foi feito com
neutro aterrado.

Logo em seguida foi feita a montagem física do circuito.

O varivolt trifásico com 100 V de fase foi conectado às três entradas das cargas.
Um voltímetro foi destinado a medir a tensão de fase na carga, um segundo para medir a

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tensão de linha na carga, e o outro para medir a tensão existente entre o neutro da carga e
o neutro da fonte.

Os conjuntos resistores de 50 Ω foram conectados em estrela, de modo que as


correntes de linha e de fase são iguais. Um amperímetro foi colocado para medir a
corrente de linha do circuito, e outro para medir a corrente no neutro.

A limitação na quantidade de medidores do laboratório exigiu que cada tensão de


linha e de fase fosse medida individualmente, e igualmente para as correntes.

Os valores de tensões e correntes obtidos na simulação e na medição serão


comparados em tabelas e gráficos de onda, de forma a explanar o erro percentual entre as
duas formas de análise. Será ainda montada uma tabela relacionando os valores de linha
e de fase, com intenção de verificar o fator √3 entre as mesmas. Por fim, a título de
ilustração, serão elaborados diagramas fasoriais das grandezas estudadas. Para tal, serão
adotados ângulos de referência.

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6. RESULTADOS

A tabela 1 mostra as tensões de linha entre as fases A-B, B-C e C-A, e as tensões
de cada fase com o neutro. A tensão denominada VN é a diferença de potencial entre os
neutros do circuito.

Valores VAB [V] VBC [V] VCA [V] VAN [V] VBN [V] VCN [V] VN [V]
Simulados 173,20 173,20 173,20 100,00 100,00 100,00 0,00
Medidos 179,00 181,00 178,00 104,00 105,00 103,00 0,00
Erro [%] 3,35 4,50 2,77 4,00 5,00 3,00 0,00
Tabela 1 - Valores de tensões obtidos por simulação e por medição; e erro percentual entre os mesmos

Tensões

200,00
180,00
160,00
140,00
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
Vab [V] Vbc [V] Vca [V] Van [V] Vbn [V] Vcn [V] Vn [V]

Simulados Medidos

Figura 8 - Diferença entre valores de tensão medidos e simulados

As formas de onda das tensões de fase e de linha, obtidas em simulação, assim como
seus respectivos fasores, mostram a defasagem de 120° entre cada fase. As figuras 9 e 10
mostram separadamente as tensões de linha e de fase.
A figura 11 utiliza a fase A como base para mostrar as formas de onda da tensão de
fase A e da tensão de linha AB. É possível ver na figura 11 tanto a diferença na amplitude
quanto no ângulo das tensões.
A figura 12 traz o digrama fasorial de todas as tensões do circuito, evidenciando os
adiantamentos e diferenças de magnitude das grandezas de linha para as de fase.

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Figura 9 - Tensões de fase no circuito, obtidas por simulação

Figura 10 - Tensões de linha no circuito, obtidas por simulação

Figura 11 - Tensão de fase em verde e tensão de linha em vermelho, obtidas por simulação

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Figura 12 - Diagrama fasorial por unidade de todas as tensões no circuito

A tabela 2 trata das correntes no circuito. A corrente IN é a corrente que


supostamente circula pelo neutro.

Valores IA'A [A] IB’B [A] IC’C [A] IN [A]


Simulados 2,00 2,00 2,00 0,00
Medidos 2,00 2,00 2,00 0,00
Erro [%] 0,00 0,00 0,00 0,00
Tabela 2 - Valores de correntes obtidos por simulação e por medição;
e erro percentual entre os mesmos

Correntes

2,00

1,50

1,00

0,50

0,00
Ia'a [A] Ib'b [A] Ic'c [A] In [A]

Simulados Medidos

Figura 13 - Comparação entre as correntes medidas e calculadas

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Figura 14 - Diagrama fasorial por unidade de correntes no circuito

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7. CONCLUSÕES

Foi possível observar que o erro entre as grandezas simuladas e reais foi da ordem
de 5%, o que pode ser considerado baixo. Isso leva a afirmar que a ferramenta
computacional é de grande utilidade, visto que não difere significativamente dos valores
encontrados na prática.

Dos valores obtidos de tensão, é possível enxergar a relação √3 entre as medições


de linha e de fase. As medições efetuadas em cada fase revelaram valores ligeiramente
distintos, mas que podem ser considerados iguais para efeitos de projeto ou análise, afinal
tais diferenças são insignificantes dada a ordem das grandezas. É possível ainda atribuir
essas diferenças nas medições ao fato de terem sido usados medidores analógicos, que
além de possibilitar leituras divergentes podem carregar problemas de calibragem.

As correntes de linha medidas foram idênticas às da simulação. Os aparelhos


amperímetros dispõem de escalas menores, portanto com mais divisões por unidade de
grandeza, o que torna fácil uma leitura mais precisa.

As medições realizadas entre os neutros do circuito mostraram que a tensão entre o


neutro da fonte e o neutro da carga é praticamente 0 V. Isso reafirma o equilíbrio do
circuito, pois a soma das tensões em cada fase resulta em valor irrisório. A medição da
corrente de neutro não ofereceu leitura possível, pois trata-se de valor extremamente
baixo.
Por outro lado, a simulação mostrou uma corrente de neutro da ordem de femto-
Ampères (10-15 A), que pode ser considerada nula.

Conclui-se, portanto, que para circuitos trifásicos Y-Y equilibrados, não se faz
necessária a conexão do condutor neutro. O fato de ter corrente e tensão quase nulas
evidenciam a desnecessidade de tal conexão. Acontece que, quanto mais o circuito se
desequilibra, mais tende a crescer a corrente de escoamento pelo neutro, aumentado a
necessidade do mesmo.

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8. REFERÊNCIAS

[1] ALEXANDER, C. K; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


Editora Bookman. 5ª Edição.

[2] BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. Pearson. 12ª Edição.

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João Victor da Silva
201611302053

William Carlos da Silva


201621302027

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