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0. Preliminares
1. Expressividade
A expressividade tem sido o objeto de estudo de vários autores, alguns dos quais
serão citados na seqüência desta exposição. Genericamente a expressividade insere-se
no campo da Estilística, motivo pela qual Martins (1989) atribui à sua Introdução à
Estilística o subtítulo A Expressividade em Língua Portuguesa. Essa mesma filiação,
aliás, já fora enunciada por outros estudiosos (Bally, 1967; Câmara, 1972; Criado de
Val, 1980).
Bally (op. cit., p. 117) associa expressividade à emoção: segundo o citado autor
será expressivo todo fato de linguagem associado à emoção. Essa mesma formulação
genérica é retomada por Câmara (op. cit., p. 136), para quem as manifestações
expressivas não são de fundo intelectivo, mas emocional. Monteiro (1987:22), ao
discutir “emotividade e expressividade”, enuncia que a característica fundamental da
expressividade reside na ênfase, na força de persuadir ou transmitir os conteúdos
desejados, na capacidade apelativa, no poder de gerar elementos evocatórios ou
conotações. Desse modo, pode-se admitir que a expressividade está ligada ao
componente interpessoal ou interacional da linguagem, pois ela vincula-se à capacidade
de os produtores manifestarem emoções e enfatizarem o que está sendo enunciado, para
despertarem nos parceiros sentimentos análogos.
Cabe reconhecer, ademais, que a expressividade dificilmente tem autonomia com
respeito a finalidade básica da língua: promover o intercâmbio e a interação entre os
seres humanos.
Conquanto centrada na interação, a expressividade coexiste com a função
representativa e, com freqüência, a reforça. Além disso, a linguagem expressiva utiliza
recursos de natureza variada (léxico-gramaticais, prosódias, gestuais), mas esses
elementos tendem a ser padronizados e centralmente definidos.
Essa padronização, porém, deve ser considerada de forma bastante relativa, como
lembra Sapir (1969: 63-78), a expressividade também se manifesta no nível individual.
Essa mesma idéia é partilhada por Cunha (s/d: 14), para quem a realização da fala
associa-se à originalidade expressiva dos locutores. Já para Câmara (op. cit.) a língua
absorve uma carga afetiva que perpassa os seus elementos e as transfigura:
3. Recursos co-segmentais
No exemplo anterior, as estruturas que formam cada par são assinaladas por um
traço. As segundas estruturas retomam e exemplificam o conteúdo expresso na primeira,
com a finalidade de contextualizar as informações, de criar um contexto partilhado
pelos interlocutores. Já o par mais complexas/ mais difíceis reitera o ponto de vista da
expositora.
Os casos de paralelismo têm por função reiterar e reforçar o tópico em andamento
e, assim, permitir que as informações sejam inseridas no contexto comum partilhado
pelos interlocutores. Lembre-se, a esse respeito, que o contexto não constitui um dado
prévio, mas se constrói (ou reconstrói) no decorrer da própria interação.
Lembre-se, também, que ao paralelismo de estruturas correspondentes, de modo
geral, o paralelismo rítmico e prosódico.
Incluem-se neste item os casos em que um dos termos é extraposto para o início
do enunciado, como forma de colocar em evidência o próprio tópico em andamento:
(02) (...) a faceta estética do cinema brasileiro... nesse encontro de hoje eu não
me preocupei com a face propriamente estética do cinema brasileiro... se
o fizesse... procuraria abordar longamente pelo menos a obra de Mário
Peixoto e Humberto Mauro (...) (NURC/SP, 151, l. 815-820).
No exemplo anterior, faz uma observação, e enuncia que não tratou de categorias
estéticas. Para dar maior força locutória à enunciação, o objeto da observação extraposto
para o início do enunciado.
No próximo exemplo, a informante coloca em evidência uma das principais
finalidades dos testes psicológicos:
(03) (...) CAda FAse... o indivíduo dá de SI...aquilo que a fase está tendo
como preponderante (...) (NURC/SP, 377, l. 376-377).
4. Recursos prosódicos
(b) Silabações
Trata-se igualmente de um recurso utilizado para enfatizar o que está sendo dito.
É o que se verifica no exemplo a seguir:
(08) (...) são três motivos... ou três razões... que fazem com que se retenha
moeda... existe uma... retenção de moeda uma demanda de moeda... por...
motivo... tran-sa-ção... existe uma demanda de moeda por motivo... pre-
cau-ção ...es/esses tipos de moeda já... já foram... éh discutidos pelos
clássicos pelos economistas clássicos... Keynes... introduziu... uma nova
razão pela qual as pessoas... demandam moeda... guardam moeda...
demanda de moeda por motivo es-pe-cu-la-ção
(NURC/SP, 338, l. 26-36).
A sílaba tônica, por ser pronunciada com maior força expiratória e maior duração,
é a mais nítida, de modo que se presta para a expressão da ênfase.
5. Recursos verbais