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ENSINO DO GÊNERO DISCURSIVO SEMINÁRIO NO RESIDÊNCIA

PEDAGÓGICA

Emini Chehade1
Leandro Ribeiro2
Rafaela Tavares Bassetto 3
Letícia Jovelina Storto4

Universidade Estadual do Norte do Paraná/CLCA.

Modalidade Ensino, Práticas Pedagógicas

Palavras-chave: Ensino Fundamental, Oralidade, Seminário.

Considerações Iniciais
Faz-se essencial o estudo da oralidade e a formação docente nesse
viés para compreender textos e sentidos, para dar voz aos estudantes, para
eles terem propriedade de fala e saberem se expressar de forma adequada a
cada situação discursiva. O trabalho com a oralidade também está ligado à
escuta e visa a desenvolver o respeito linguístico, aos turnos de fala e às
variações linguísticas de cada grupo.
Com isso, o presente trabalho tem o objetivo de relatar o planejamento
de uma sequência de atividades voltada ao ensino do gênero discursivo oral
seminário. A sequência foi elaborada para uma turma de 6º ano do Ensino
Fundamental de um colégio estadual do Paraná. Este estudo foi realizado em
contexto do Programa Residência Pedagógica, que busca proporcionar aos
estudantes da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) uma
experiência com a prática docente.

Desenvolvimento

Contextualização
Entre as atividades dos estudantes do Residência Pedagógica
vinculados à UENP, na primeira etapa, foram realizadas leituras teóricas
acerca da oralidade e de gêneros orais e de seu ensino. Também foram
1
Acadêmica do curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). E-mail:
eminichehade66@gmail.com
2
Acadêmico do curso de Letras Português / Inglês, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Participa
como bolsista CAPES no Programa de Residência Pedagógica e é voluntário de Iniciação Científica. E-mail:
leandroribeiro1936@gmail.com
3
Acadêmica de Letras Português/Inglês na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Bolsista de Iniciação
científica pelo CNPq. Voluntária no programa Residência Pedagógica. Voluntária no Projeto de Extensão: Práticas
de leitura e produção textual: educação básica e formação inicial em foco. E-mail: rafaelatavaresbassetto@gmail.com
4
Professora da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Possui pós-doutorado em Educação pela
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). E-mail: leticiastorto@uenp.edu.br
analisados corpora de exemplares do gênero, a fim de observar suas
características contextuais, estilísticas, composicionais etc. No segundo
momento, divididos em duplas, os residentes produziram sequências
pedagógicas a respeito de um gênero oral. A última etapa voltou-se à
implementação da sequência.
Neste caso, o seminário foi selecionado como objeto de ensino. A
escolha deve-se ao fato de esse ser um gênero discursivo oral muito utilizado
na esfera escolar e acadêmica como instrumento de ensino ou de avaliação,
com foco na aprendizagem de conteúdos disciplinares (STORTO; BRAIT,
2020). Para trabalhá-lo como objeto de ensino, levantaram-se suas
capacidades de ação, discursivas, linguístico-discursivas e multissemióticas
necessárias à sua compreensão e produção, seguindo a modelização de
gêneros a partir do dispositivo didático sugerido por Barros (2012). a
posteriori, observaram-se seus elementos ensináveis. No caso do gênero
seminário para um 6º ano do Ensino Fundamental, era necessário responder
a algumas perguntas, a exemplo: Como iniciar uma apresentação de
seminário? Como finalizá-la? e outras.
Além dessas atividades, semanalmente, os residentes reuniram-se
com sua supervisora e preceptora, a fim de estudarem, tecerem relatos e
discussões a respeito da experiência e dos textos, esclarecem dúvidas e
organizarem as ações seguintes. Ainda, cada dupla escolheu um dia que
melhor atendesse a seus horários para fazerem as observações nas turmas
escolhidas, que, posteriormente, seria a turma para implementar a sequência
de atividades construída. Dentro dessas turmas, os residentes podiam ajudar
a professora preceptora com atividades interativas e com correções de
exercícios.
Para que houvesse uma padronização das produções técnicas
educacionais, as sequências deveriam ser produzidas no formado de caderno
do professor. Ou seja, as atividades estariam dispostas especificamente como
um material para o professor, como um passo a passo, um planejamento
minucioso do trabalho a ser realizar em sala de aula. As sequências foram
inspiradas na metodologia da sequência didática de gêneros de Dolz,
Noverraz e Schneuwly (2011).
Na apresentação do gênero seminário, antes da produção inicial,
buscou-se diagnosticar o conhecimento prévio dos estudantes sobre o
assunto mediante discussões e um jogo de perguntas produzido no programa
Quizziz. Nesse jogo, havia perguntas em geral sobre o seminário e os alunos
precisavam respondê-las de acordo com seus saberes anteriores. Além disso,
na apresentação, buscou-se explicar o Programa Residência Pedagógica e
os objetivos das atividades.
Após essa breve apresentação, os residentes propuseram a primeira
produção, dando aos discentes alguns comandos: deveriam fazer pesquisas
sobre a temática que mais os agradassem, que lhes fossem mais
interessantes e, em seguida, deveriam prepararm uma apresentação de cinco
a dez minutos para a turma. A temática foi livre para que os alunos buscassem
assuntos relacionados ao seu dia a dia, o que facilitaria sua apresentação
(STORTO, 2020). A produção inicial desempenha a função de avaliação
diagnóstica. Por meio dela, os professores tomam conhecimento sobre o que
os alunos já sabem e o que precisa ser ensinado acerca do gênero em
questão.
Na primeira oficina, trabalhou-se com a capacidade de ação. Foram
construídos slides explicativos para abordar tal capacidade e uma cruzadinha
como atividade para reforçar os conteúdos tratados. Ainda na primeira oficina,
os residentes exibiram exemplares do gênero aos estudantes por meio de
vídeo confeccionado por eles mesmos. Isso ocorreu por falta de exemplares
disponíveis para consulta. O intuito era levar os alunos a reconhecessem na
apresentação os elementos estudados na aula.
A segunda oficina explanou sobre a capacidade discursiva do gênero
seminário. Foi planejado realizar a construção de conhecimentos acerca da
composição do gênero, de como desenvolver o tema, como planejar, de qual
a duração da apresentação e da variedade linguística a ser utilizada em
seminários. Após uma breve explicação, os residentes prepararam uma
“perseguição em labirinto” no programa Wordwall. Em seguida, apresentou-
se a importância do roteiro de apresentação para a realização de seminários
e a necessidade de fichas de apoio com os tópicos a serem apresentados por
meio de vídeos. Por fim, foi proposta a produção de roteiros por parte dos
alunos, para que eles começassem a planejar a produção final.
A terceira oficina teve o objetivo de ensinar aos discentes como fazer
pesquisas em sites seguros e como elaborar slides para a apresentação.
Esses aprendizados estão incorporados na capacidade discursiva e são
necessários ao uso de plataformas de busca, como o Google. Ademais,
também se faz necessária a discussão acerca das estratégias de busca e
páginas eletrônicas confiáveis, como de universidades, de revistas científicas
e similares, de modo a se encontrarem conteúdos verificados e avaliados por
pares para sustentarem a pesquisa, visto que muitos ainda desconhecem
essas informações.
Já a quarta oficina dispôs sobre mecanismos para que os alunos
alcançassem a capacidade linguístico-discursiva, tratando da variedade
linguística adequada a seminários, assim como do emprego de conectivos,
marcadores conversacionais, passagem de turno e outros. Esses assuntos
foram trabalhados por meio de jogo no Jamboard. Isso tudo é importante
porque, como seminários intencionam expor objetivamente fatos pesquisados
e comprovados, é preciso cuidado com a linguagem empregada.
A quinta oficina abarcou a capacidade multissemiótica. Essa se referiu
à expressão corporal. Fez-se necessário, então, destacar aos alunos a
importância de uma postura corporal adequada no momento da apresentação.
Ademais, foram discutidos aspectos relativos à voz (clareza, velocidade, tom
etc.), à prosódia, à dicção, à movimentação de mãos, à vestimenta, à
aparência, entre outros. Nessa oficina, tratou-se ainda da preparação de
slides no Canva. Devido ao ensino remoto, necessário em tempos de
pandemia da COVID-19, trabalhou-se também com apresentações a distância
mediadas por tecnologias digitais da comunicação e da informação, como o
Google Meet. Por isso, discutiu-se sobre o domínio do olhar para câmera
durante uma fala pública, sobre o ambiente etc. Por fim, formulou-se um quiz
para interação e para fixação dos conhecimentos.
A última oficina explorou todos os conteúdos já trabalhados como
forma de revisão. Os residentes programaram slides e mais um vídeo
exemplar de seminário, porém tratando do que evitar em uma apresentação.
O vídeo da primeira oficina foi novamente assistido, a fim de que os
estudantes analisassem todas as capacidades de linguagem desenvolvidas.
Para isso, foram realizadas perguntas e discussões. Em seguida, foi exibido
um vídeo com uma apresentação de seminário inadequado. Para análise,
foram feitas as mesmas perguntas para que os alunos distinguissem as
diferenças.
Para finalizar, foi proposta aos alunos a produção final com a finalidade
de averiguar a aprendizagem. Após as apresentações, os residentes emitiram
um último feedback de todo o desenvolvimento e entregaram certificados de
participação aos alunos.

Resultados e Discussão

A experiência da construção do caderno do professor, inspirado na


metodologia da sequência didática de gêneros (DOLZ; NOVERRAZ;
SCHNEUWLY, 2011), tem efetivado a prática docente dos residentes
participantes deste projeto. Eles puderam perceber a importância do
planejamento, algo que acontece desde os primórdios da evolução humana
e, hoje, é essencial no dia a dia da sala de aula (CASTRO; TUCUNDUVA;
ARNS, 2008). Visto isso, o planejamento prévio da aula salientou-se na
construção do material didático, dado que nele há abordagens, recursos,
fundamentações e ideias distintos, porém todos necessários à planificação e
realização da sequência. Assim, trabalhar com a produção de um caderno de
professor proporcionou, além da experiência em si, o conhecimento do que é
fundamental na constituição de um material didático.

Considerações Finais
Certamente, a experiência adquirida com o Programa Residência
Pedagógica é muito significativa, pois é possível vivenciar realmente a prática
diária de um docente. Com a participação em projeto vinculado a esse
programa, os acadêmicos de Letras da UENP podem ter uma formação mais
completa. Os estudos sobre a oralidade, sobre gêneros orais e as produções
das sequências de atividades foram essenciais para o crescimento
profissional dos participantes. Além disso, a sequência de atividades,
apresentada neste relato de experiência, foi elaborada de forma a engajar
alunos do 6º ano com aprendizagem interativa, buscando inovar as práticas
de acordo com as tecnologias que se fazem tão presentes em ensino remoto
ou híbrido.

Agradecimentos

Agradecemos à UENP, pela oferta do Programa Residência


Pedagógica, e à CAPES, pelo financiamento do projeto.

Referências

CASTRO, P. A. P. P.; TUCUNDUVA, Cristiane Costa; ARNS, Elaine Mandelli.


A importância do planejamento das aulas para organização do trabalho do
professor em sua prática docente. ATHENA Revista Científica de
Educação, v. 10, n. 10, 2008.

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências


didáticas para o oral e para a escrita: apresentação de um procedimento. In:
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim et al. Gêneros orais e escritos na
escola. 3.ed. Tradução e organização de Roxane Rojo e Glaís Sales
Cordeiro. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011 [2004], p.81-108.

STORTO, Letícia Jovelina. Tratamento da oralidade na sala de aula. In:


LEITE, Marli Quadros (org.). Oralidade e ensino. São Paulo: FFLCH/ USP,
2020, p.238-271.

STORTO, Letícia Jovelina; BRAIT, Beth. Ensino de gêneros discursivos orais


em livros didáticos de língua portuguesa. Cad. Est. Ling., Campinas, v.62,
p.1-25, e020015, 2020. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8656922.
Acesso em: out. 2021.

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