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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0001145-67.2015.8.05.0126


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO DO BRASIL SA
Recorrido(s) : MAGNO FERRAZ RIBEIRO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS - ITAPETINGA


Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

G
DRA, COMPRAS N RECONHECIDAS, SEM NEGATIVAÇÃO , SEM
CONSTRANGIMENTOS, ENTENDI PELA AUSÊNCIA DE DANO MORAL. É
ESTE O POSICIONAMENTO DA TURMA?
VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. CARTÃO DE CRÉDITO.


TRANSAÇÕES NÃO RECONHECIDAS PELA AUTORA. INVERSÃO DO
ÔNUS DA PROVA. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14 DO CDC. RESTITUIÇÃO
DOS VALORES PAGOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.
MAJORAÇÃO DO QUANTUM, PARA ADEQUAÇÃO ÀS
CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO CONCRETO. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA.

1.A parte recorrente insurge-se contra sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido formulado na exordial, nestes termos: “ Ante
o exposto, e por tudo mais que dos autos consta, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE
os pedidos formulados e com fulcro artigo 5º, inciso X da Constituição Federal c/c com a Lei
nº. 8.078/90 em seu artigo 14 e c/c o artigo 944 do Código Civil Brasileiro e demais Princípios
Gerais do Direito e Doutrina abalizada, para declarar a abusividade e nulidade das
cobranças referente a recarga de celular em discussão na lide, determinando a suspensão das
mencionadas cobranças e condenando a requerida na obrigação de se abster em inscrever o
nome do autor nos cadastros restritivos ao crédito no que concerne as cobranças objeto da
lide, sob pena dos consectários legais. Ainda, condeno a parte ré a pagar à parte autora a
título de danos morais a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), com correção monetária, a
partir da intimação da sentença, conforme súmula 362 do STJ, além da incidência de juros
moratórios de 1% (um por cento) ao mês, a partir do evento danoso (data do vencimento da
fatura na qual consta as cobranças indevidas -05/07/2015), de acordo com os termos da
súmula 54 do STJ. ”

A parte recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em


síntese, que não houve ato ilícito, e nem falha na prestação dos serviços, que
não fora demonstrado qualquer prejuízo pela parte acionante, inexistindo dever
de indenizar, bem como que não encontram-se presentes os requisitos
ensejadores do dano moral. Em caráter eventual pugna pela redução do
quantum.

2. Trata-se de ação na qual a parte busca o reconhecimento da


ilegitimidade dos lançamentos de compras efetuados em seu cartão de crédito
cuja autoria a mesma desconhece. Pleiteou a devolução em dobro dos valores
pagos, bem como indenização pelos danos morais sofridos.

3. A despeito das alegações da parte demandada, esta não


logrou êxito na comprovação da legitimidade das compras efetuadas no cartão
de crédito da parte autora, como lhe incumbia fazê-lo, sendo caso de aplicação
da inversão do ônus da prova, nos termos do art.6o, inciso VIII do CDC.

4. Como sabido, as instituições bancárias, bem como as


administradoras de cartões de crédito, possuem o dever de atuar com
diligência no ato da contratação de seus serviços, bem como na
manutenção dos mesmos, verificando os dados pessoais daqueles que
manifestam a intenção de contratar, através da solicitação dos
documentos de identificação, bem como arquivando as cópias dos
instrumentos, ou registrando por outros meios de prova o ato da
contratação, de modo a evitar fraudes que corriqueiramente ocorrem no
mercado de consumo, bem como para evitar falha na prestação de seus
serviços, que venham a causar danos aos consumidores.

5. O art. 14 do CDC, dispondo sobre a responsabilização do


fornecedor pelo fato do produto ou serviço, preleciona que:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos
causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.”
6. Nestes termos, mister seja declarada a inexigibilidade da
dívida no tocante aos lançamentos impugnados, dado a ausência de provas da
regularidade da sua constituição.
7. Discutindo-se a prestação defeituosa de serviço, incide
a responsabilidade civil objetiva inerente ao próprio risco da atividade
econômica, consagrada no art. 14, caput, do CDC, que impõe ao fornecedor o
ônus de provar causa legal excludente (§ 3º do art. 14), algo que o recorrente
não se desincumbiu.
2. No concernente ao pleito indenizatório pelos supostos danos morais
sofridos, tenho que não há nos autos provas acerca da lesão a direitos
subjetivos, mas tão somente meras cobranças decorrentes de falha na
prestação dos serviços, que de per si se revela insuficiente para
embasar um édito condenatório. Em que pese a conduta censurável da
empresa demandada, tenho que não restara comprovados nos autos os
elementos ensejadores do dano moral. Não houve a negativação do
nome da parte autora nos órgãos de proteção ao crédito, e nem fora
provado fato que tenha causado maiores constrangimentos à mesma,
em que pese o incômodo e desconforto gerado pela situação.
3. Em suma, não restou caracterizada significativa ofensa à honra ou
esfera íntima da parte autora capaz de ensejar pagamento de
indenização por dano moral,. Posto isto, indefiro-o.
4. Assim sendo, ante ao exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR
PARCIAL PROVIMENTO ao recurso interposto tão somente para excluir
da sentença o capítulo atinente aos danos morais, mantendo-a no mais
pelos seus próprios fundamentos. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA


2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0001145-67.2015.8.05.0126


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO DO BRASIL SA
Recorrido(s) : MAGNO FERRAZ RIBEIRO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS


JUIZADOS - ITAPETINGA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado
da Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente,
MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA
SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO CONHECIDO
E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios, pelo êxito da
parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 20 de JULHO de 2017


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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