1 História da Arte

CURSO TÉCNICO DE
CANTO E INSTRUMENTO

História da Arte
Material de apoio 2019

Profª: Sandra F. T. Salgado

História da Arte 2
 3 História da Arte
INTRODUÇÃO
Esta apostila foi elaborada a partir de
pesquisas em livros e apostilas de artes citadas
na última página, com o intuito de trazer
informações básicas sobre a História da Arte,
bem como sobre o que é Arte, as informações
aqui contidas longe de trazerem todos os
movimentos, artistas e obras dessa extensa
história, deve servir ao objetivo de trazer à
tona uma visão amigável da Arte, que possa
servir como primeiro passo a partir do qual
cada um possa seguir com suas próprias
descobertas.
TEORIA DA ARTE
Segundo o Dicionário Aurélio, arte é definida
como: “capacidade que tem o ser humano de
pôr em prática uma ideia, valendo-se da
faculdade de dominar a matéria”.
Ao dominar a matéria o homem foi capaz de
marcar sua presença, criando objetos e formas
que representam sua vivência no mundo,
comunicando e expressando suas ideias,
sentimentos e sensações para os outros.
Desta maneira, quando o ser humano faz arte
ele cria um objeto artístico que não precisa
mostrar exatamente como as coisas são no
mundo natural e vivido, e sim com as coisas
podem ser de acordo com sua visão criando
obras, com elementos pictóricos – cor e
composição, por exemplo -, sugerindo
diferentes impressões e sensações a quem
contempla sua obra, nos remetendo a um
universo muito conhecido na música, o
abstrato.
Outros artistas viram na arte uma forma de dar
seu testemunho histórico retratando temas e
situações sociais que foram representadas de
forma figurativa / realista. De modo oposto, o
idealista busca uma representação fictícia de
algo que será mais satisfatório para o espírito
do que a realidade objetiva; é a arte como
realização dos ideais e não como
representação de fatos.
ESTÉTICA
A discussão sobre Arte e Estética. O que é
'Feio'. O que e 'Belo'?
Todas as vezes que observamos algo,
sentimos e escutamos qualquer coisa, os
n o s s o s ó rg ã o s s e n s o r i a i s p r o d u z e m
informações para o nosso cérebro que
rapidamente processa e nos proporciona uma
interpretação sobre o que nos cerca.
Geralmente esta interpretação pode nos levar
a um sentimento de prazer, aprovação,
reprovação, nojo, beleza, feiura, etc.
E isso tudo ainda depende de como a nossa
sociedade percebe as coisas e de como nós
absorvemos da sociedade esses significados.
Assim, as ideias de belo, feio, bom, ruim estão
intimamente ligadas à cultura à qual
pertencemos. Mas como identificamos ou
como escolhemos o nosso estilo musical, o
estilo de pintura, o tipo de filme ou peça de
teatro que gostamos de assistir? Qual o melhor
ou pior estilo? Para tentar responder a estas
questões, a Filosofia possui um ramo de
estudo chamado: “Estética”.
Para os Gregos Antigos, a arte significava o
domínio do ser humano de uma ou mais
técnicas buscando perfeição, beleza e
harmonia. Deriva daí a ideia de que saber
fazer algo muito bem feito é uma arte, por
exemplo: a arte da guerra, a arte do futebol,
etc. Deste modo, arte é o ato de fazer a obra
que será admirada, seja ela uma canção, uma
escultura, uma poesia, uma dança, uma
arquitetura. A estética será, portanto, a
disciplina que irá estudar, analisar a relação
existente entre a arte e o homem.

A ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA
Segundo Graça Proença, (2002, p.10), “Um
dos períodos mais fascinantes da história
humana é a Pré-história”. Neste período não
exista escrita para registrar os acontecimentos
daquela época, logo o homem se expressava
através de pinturas, rabiscos rústicos em
diversos lugares, como nas paredes de
caverna (Arte rupestre).
Com base em pesquisas históricas e
antropológicas, sabe-se que esse período
começou há cerca de quatro milhões de anos.
Termina com o surgimento da escrita, há 4 mil
anos. Divide-se em:
1-PALEOLÍTICO
Idade da Pedra Lascada
(de aproximadamente, 2,5 milhões de anos até
por volta de 10.000 a.C. dividindo-se em
inferior e superior)
Paleolítico Inferior / Pedra Lascada.
Possuíam uma certa organização social e a
família já tinha importância no contexto da
sociedade. Eram nômades e dominaram o
fogo.
Paleolítico superior
Ÿ PINTURA
realística e figurativa , naturalismo
Pintavam os seres, um animal, por exemplo,
do modo como ele via reproduzindo a
natureza tal qual sua vista captava.
Ÿ MAGIA PROPICIATÓRIA
A arte era realizada por caçadores, e faziam
parte de um processo de magia por meio do
qual procurava-se interferir na captura de
animais. Ou seja, o pintor-caçador do
Paleolítico supunha ter poder sobre o animal
desde que possuísse a sua imagem. Acreditava
que poderia matar o animal verdadeiro desde
que o representasse ferido mortalmente num
desenho.
Utilizavam imagens carregadas de traços
fortes que expressam a ideia de vigor para
representar os animais que temiam, ou os
grandes animais que caçavam, como o bisão.
Os homens começaram a pintar os animais
sempre no fundo da caverna, em locais
inóspitos, bem escondidos nas paredes e tetos
e provavelmente subiam um em cima do outro
para alcançarem.
História da Arte 4
Foram descobertos vestígios de luz artificial,
tochas recobertas de gordura animal, para
poder iluminar o fundo da caverna. O caçador-
artista do Paleolítico Superior lançava mão de
todo e qualquer material que tivesse nas
imediações de seu hábitat para a produção
artística, como carvão, vegetais, sangue de
animais, pedras calcárias e óxidos minerais
com os quais preparava suas tintas. No
princípio, pintava com os próprios dedos, e,
segundo indícios de achados arqueológicos,
posteriormente com pincéis de pelos e penas.
Séculos depois ele vai pegar um osso e soprar
o pó sobre sua mão na parede da caverna
deixando a marca do contorno de sua mão
nela.
Ÿ ESCULTURA
O Homem no paleolítico produziu esculturas
de figuras femininas em pedra, mulheres de
seios enormes, ventre saltado e nádegas
enormes, que seria a representação de
mulheres grávidas, como “deusas da
fertilidade”. Uma das obras mais
significativas desse período é a Vênus de
Willendorf. Embora quase nada se saiba sobre
sua origem, criação e significado cultural, seu
valor é incomensurável. Ela foi entalhada em
pedra calcária e colorida com ocre
avermelhado, materiais que não existem na
região do sítio arqueológico onde foi
encontrada em 1908, próximo a Willendorf,
na Áustria. Estima-se que tenha sido
esculpida entre 24 e 22 mil anos atrás. Sua
altura é de 12 cm e ela se encontra atualmente
no Museu de História Natural de Viena. É a
conquista do pré-histórico de sua capacidade
de representar as três dimensões. Outras
formas de arte são as gravuras. Eles fazem
incisões nas cavernas aproveitando os relevos
para dar volume nos desenhos.
Vénus de Willendorf
Materialcalcário oolítico
Criado (a)Entre 24 000 e 22
000 a.C.
 5 História da Arte
2-NEOLÍTICO 3- IDADE DOS METAIS
Idade da pedra polida (entre 5000 a.C. e 4000 a.C.)
(entre 10000 a.C. e 5000 a.C.) O período da Idade dos Metais é a última fase
da Pré-história. (5.000 a.C ).Os primeiros
Ÿ SEDENTARIZAÇÃO objetos foram fundidos em cobre, ao qual se
Com o tempo mais estável eles passam a ter acrescentou depois o estanho, dando origem
uma vida sedentária. ao bronze, material bastante adequado para a
O homem neolítico consegue o controle sobre produção de esculturas e peças utilitárias.
a sua alimentação, começa a plantar, a Nesta época, várias esculturas de bronze
cultivar, domesticar animais surgindo foram produzidas. O conhecimento de
necessidades técnicas que levaram o homem a técnicas de fundir e moldar os metais trouxe
aperfeiçoar suas ferramentas de pedra polida, muitos avanços na vida cotidiana do homem
dando origem a enxadas e machados. pré-histórico.
Começa também a se organizar socialmente
formando aldeias, que passavam a organizar o
poder político e religioso, levando ao
surgimento dos primeiros arquitetos do
mundo e das primeiras construções em pedra.
Experimentou a especialização do trabalho
com o desenvolvimento de técnicas como a
tecelagem, para proteger-se das intempéries e
a cerâmica, pela necessidade de armazenar
suas colheitas, tornando-se as primeiras
formas de artesanato, que serviam a um
propósito funcional.

Ÿ PINTURA
A pintura se destaca nas cerâmicas utilitárias
com grande preocupação na ornamentação e a
estética. Neste período a geometrização, a
abstração e a repetição de padrões são
amplamente utilizadas.
Ÿ ARQUITETURA
Aparecem nesse período construções
megalíticas, que em geral estão associadas ao
culto dos mortos, podendo ser erigidas em
memória de uma pessoa ou servir como
câmaras funerárias. Distinguem-se dois tipos
principais: o menir e o dólmen.
Cabeça de touro em cobre, com os olhos de
nácar e lápis-lazúli
4-ARTE MESOPOTÂMICA
A arte e arquitetura da Mesopotâmia foi o
conjunto de obras realizadas pelas
civilizações do antigo Oriente Médio que
habitaram a região compreendida entre os rios
Tigres e Eufrates, atual Iraque,
Os principais materiais utilizados para a
produção da arte mesopotâmica eram a argila,
o adobe, a terracota, a cerâmica, o cobre, o
bronze, o basalto, o ouro, a prata, o estanho, o
alabastro, o junco, o marfim e ainda, diversas
pedras preciosas.
A escultura e a pintura possuíam a mesma
finalidade, ser decorativa.

Stonehenge é um monumento pré - histórico em Wiltshire

, Inglaterra, Consiste em um anel de pedras eretas , com
cada pedra de aproximadamente 13 pés (4,0 m) de altura,
2,1 m de largura e pesando cerca de 25 toneladasOs
arqueólogos acreditam que foi construído entre 3000 aC a
2000 aC

Ÿ ESCULTURA
Muitas esculturas em argila também foram
produzidas na era mesopotâmica.
Código de Hamurabi
representa o conjunto de leis escritas.
Acredita-se que foi escrito pelo rei Hamurabi,
aproximadamente em 1772 a.C O documento
é, na verdade, uma série de decisões reais para
resolver casos excepcionais e reais.
Lei de talião (“ como tal”)
A lei (ou pena) de talião é o ponto principal e
fundamental para o Código de Hamurabi,
consiste na rigorosa reciprocidade do crime e
da pena — apropriadamente chamada
retaliação. Esta lei é frequentemente expressa
pela máxima “olho por olho, dente por dente”.
Ÿ ARQUITETURA
Jardins Suspensos da Babilônia
Foram construídos na Babilônia a mando do rei
Nabucodonosor, no século VI a.C., tornando-se
uma das principais obras arquitetônicas.
História da Arte 6
Zigurates
Os zigurates eram torres de vários andares,
construções muito populares entre os
mesopotâmicos. No topo dos zigurates existiam
santuários. Os estudiosos acreditam que essas
construções representavam uma ligação entre o
céu e a terra, funcionando em larga medida
como meio de comunicação com os deuses. É
provável que a imagem bíblica da torre de babel
tenha sido baseada nos zigurates.
Ÿ ESCRITA
A escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos
sumérios, sendo a designação geral dada a
certos tipos de escrita feitas com auxílio de
objetos em formato de cunha.
7 História da Arte
1-Exercícios de Aplicação
(Folha deverá ser retirada e entregue à professora)

1- Podemos dizer que toda arte é bela? Qual a relação da cultura a que pertencemos com o
conceito de beleza?

2- Quais os materiais utilizados pelo pintor do período paleolítico para realizar suas
pinturas?

3- Explique a “magia Propiciatória período paleolítico superior, e qual a principal

característica desta pintura?

4- Qual a obra representa na arte pré-histórica um dos mais significativos exemplos de

escultura e qual seu significado?

5- Quais as mudanças ocorridas no processo de sedentarização do homem no período

neolítico?

6- Quais as características da pintura no período neolítico?

7- Discorra sobre a frase: “Podemos dizer que a escrita foi marco divisor entre a Pré-História
e a História.

8- Qual a finalidade da pintura e da escultura produzida pelos artistas na mesopotâmia?

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 9 História da Arte
5-ARTE EGÍPCIA
Arte para a eternidade
Em vista da obsessão da sociedade egípcia
com a imortalidade, não é de surpreender que
a arte tenha se mantido sem mudanças por três
mil anos. Sua mais alta preocupação era
garantir uma vida após a morte confortável
para seus soberanos, que eram considerados
deuses. A colossal arquitetura e as obras-de-
arte existiam para cercar o espírito do faraó de
glória eterna.
(Fonte: Strickland, Carol. Arte Comentada: da Pré-
historia ao Pós-moderno.)
A arte Egípcia surgiu a mais de 3000 anos
A.C., mas é entre 1560 e 1309 A.C. que a
pintura egípcia se destaca em procurar refletir
os movimentos dos corpos e por apresentar
preocupação com a delicadeza das formas.
Ÿ PINTURA
Os egípcios ao pintar tinham o propósito de
relatar os acontecimentos de sua época, as
histórias dos Faraós, deuses e do seu povo em
menor escala, já que as pessoas não podiam
ser representadas ao lado de deuses e nem
dentro de templos. Principais características:
Ÿ A inexistência das três dimensões;
Ÿ O desconhecimento da profundidade;
Ÿ Pintura “chapada”, aplicando-se uma cor
de cada vez, sem matizes de claro-escuro,
consequentemente sem sinal de volume;
Ÿ Uso da “lei da frontalidade” que
estabelece a representação da figura com o
tronco e olhos de frente e o restante do
corpo em perfil.
Ÿ O tamanho das pessoas varia de acordo
com sua posição social.
Ÿ As figuras masculinas eram pintadas em
vermelho, e as femininas, em ocre.
Anubis pesando o coração do escriba Hunefer, autor de
uma das mais famosas cópias do livro dos mortos.
Ÿ ARQUITETURA
Os monumentos mais expressivos da arte
egípcia são os túmulos e os templos, que eram
divididos em três categorias:
Ÿ Pirâmide (túmulo real destinado ao faraó
que eram considerados os representantes
de Deus na terra, a base do triângulo
representava o faraó e a sua ponta
representava a sua ligação com Deus.)
Ÿ Mastaba (túmulo para a nobreza)
Ÿ Hipogeu (túmulo destinado ao povo).
Principais características:
Ÿ Solidez e durabilidade
Ÿ Sentimento de eternidade
Ÿ Aspecto misterioso e impenetrável
Ÿ PIRÂMIDES
No início as tumbas egípcias tinham a forma
de pequenas caixas; eram feitas de barro,
recebendo o nome de mastabas. Foi de
Imhotep, arquiteto a idéia de superpor as
mastabas, dando-lhes a forma de pirâmide.
Também se deve a a substituição do barro pela
pedra, o que sem dúvida era mais apropriado,
tendo em vista a conservação do corpo do
morto. As primeiras pirâmides foram as do rei
Djeser, e elas eram escalonadas.
As mais célebres do mundo pertencem com
certeza à dinastia IV e se encontram em Gizé:
Quéops, Quéfren e Miquerinos, cujas faces
são completamente lisas.
Pirâmides de Queops, Quefren e Miquerinos.
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Ÿ ESFINGE
Com corpo de leão (representado a força) e
cabeça humana (representando a sabedoria),
as esfinges são, sem dúvida, as esculturas
egípcias mais famosas. Elas eram colocadas
nas entradas dos templos com o intuito de
afastar os maus espíritos.
Ÿ ESCULTURAS
Os escultores egípcios representavam os
faraós e os deuses em posição serena, quase
sempre de frente, sem demonstrar nenhuma
emoção. Pretendiam com isso traduzir, na
pedra, uma ilusão de imortalidade. Com esse
objetivo ainda, exageravam frequentemente
as proporções do corpo humano, dando às
figuras representadas uma impressão de
força e de majestade.

Grande esfinge de Gizé

Ÿ TEMPLOS
Karnak e Luxor são os templos mais
significativos, ambos dedicados ao deus
Amon e construídos no Novo Império,
período de apogeu do poder e da cultura
egípcia. Como aspecto artístico mais
importante, destaca-se um novo tipo de
coluna decorada com motivos da natureza Máscara de ouro de Tutankamon, 18º faraó do Egito.
local, como a flor de lótus, a flor de papiro e da
palmeira.

Templo de Luxor e Karnak.

Ÿ ESCRITA
mais usada era conhecida como escrita
hieroglífica, pois era baseada em hieróglifos.
Usavam o papiro.

Hieróglifos em um templo no Egito.

 11 História da Arte
6-ARTE GREGA A ordem jônica representa a graça e o
Inteligência,uso da razão feminino em contraste com a austeridade e a
Nessa civilização predomina o racionalismo, masculinidade da ordem dórica
o amor pela beleza entendida como suprema
harmonia das coisas, o interesse pelo homem, A terceira ordem grega, é a coríntia,
essa pequena criatura que é “a medida de variante decorativa da jônica. De fato, muitos
todas as coisas”. Ali nasce a democracia, o pormenores são quase idênticos, exceto as
governo do povo, à afirmação e à decadência proporções. Em contrapartida, são diferentes
da polis grega, submetida ao domínio dos a base da coluna, muito mais trabalhadas, e
macedônicos, período que se estende entre os principalmente o capitel, onde aparecem as
séculos VIII e III a.C.. volutas da ordem jônica, aplicadas nas quatro
faces, mas elas são agora um elemento menor,
Contemplando a natureza, o artista se em forma de sino invertido, envolvido por
empolga pela vida e tenta, através da arte, duas filas de folhas de acanto – uma planta
exprimir suas manifestações. Na sua herbácea de folhas grandes e muito
constante busca da perfeição, o artista grego decorativas. É mais decorativa do que
cria uma arte de elaboração intelectual em que funcional, sugerindo luxo e ostentação.
predominam o ritmo, o equilíbrio e a
harmonia ideal. Um pouco antes tinha aparecido, ainda um
É em nome dessa perfeição que se introduz o exemplo quase único, mas famosíssimo, uma
nu na arte, inspirando-se nos corpos atléticos variante ainda mais decorativa da ordem
dos jovens. Com isso, criaram-se as bases para jônica: a substituição da coluna por uma
uma sociedade de artistas e intelectuais estátua, que se chamou cariátide
autônomos e extremamente criativos, libertos Ordens gregas
das restrições e convenções impostas pela
estética e pela necessidade religiosa, o que
levou a arte grega a evoluir ao longo da
história dessa civilização. Tudo isso provoca
consequências fundamentais na história da
arte que determinam a sobrevivência de
muitos conceitos e formas desde então até
hoje.
dórico jônico coríntio
Ÿ ARQUITETURA (TEMPLOS )
Apesar de que suas cidades tivessem
necessidade de muralhas, de casas e palácios,
de praças, de ruas e aquedutos, ainda que
todas essas necessidades tivessem sido
satisfeitas, a arquitetura se destaca em um tipo
de edifício: o templo, a casa dos deuses.
A característica mais evidente dos templos
gregos é a simetria entre o pórtico de entrada e
o dos fundos. O templo era construído sobre
uma base de três degraus. As colunas e
entablamento eram construídos segundo os
modelos da ordem dórica, jônica e coríntia. Partenon é o nome de um templo, erguido no século V
a.C. na Acrópolis, uma montanha localizada no centro
da cidade de Atenas, e cuja estrutura, apesar do tempo,
A ordem dórica é austera e maciça. Nascida do conflitos e poluição, ainda se encontra preservada.
sentir do povo grego, nela se expressa o
pensamento. Sendo a mais antiga das ordens
arquitetônicas gregas, a ordem dórica, por sua
simplicidade e severidade, empresta uma ideia
de solidez e imponência

Ÿ TEATRO
Foi na Grécia que as tragédias e comédias
aparecem como as primeiras expressões
daquilo a que chamamos de teatro. Era
necessário, para isso, um lugar adequado que,
coerentemente à concepção grega, não foi um
espaço fechado, mas a encosta aberta de uma
colina. Composto de três partes: cena, skéne,
em grego, para os atores; a orquestra,
konistra, em grego, destinado às evoluções ,
danças e cantos do coro; arquibancada,
koilon, em grego, para os espectadores.
Um exemplo típico é o Teatro de Epidauro,
construído, no séc. IV a.C., ao ar livre,
composto por 55 degraus divididos em duas
ordens e calculados de acordo com uma
inclinação perfeita. Chegava a acomodar
cerca de 14.000 espectadores e tornou-se
famoso por sua acústica perfeita
Ginásios: edifícios destinados à cultura
física.
Praça ou ágora: local onde os cidadãos
gregos se reuniam
para discutir os mais variados assuntos
públicos, dentre eles filosofia e o destino da
pólis.
Epidauro era uma cidade da Grécia antiga, às margens
célebre pelo santuário de Esculápio, deus da Medicina,
que atraía doentes de todo o mundo. Seu teatro ao ar
livre está bem conservado.
Área: 338,1 km²
História da Arte 12
Ÿ PINTURA
A pintura grega encontra-se na arte cerâmica,
porque, infelizmente, tivemos quase o
desaparecimento total da pintura maior. Os
vasos gregos são também conhecidos não só
pelo equilíbrio de sua forma, mas também
pela harmonia entre o desenho, as cores e o
espaço utilizado para a ornamentação. Além
de servir para rituais religiosos, esses vasos
eram usados para armazenar, entre outras
coisas, água, vinho, azeite e mantimentos. Por
isso, a sua forma correspondia à função para
que fossem destinados.
As primeiras pinturas tinham caráter
geométrico, séculos VIII e VII a.C., e as
figuras humanas e de animais eram bem
estilizadas. As pinturas dos vasos
representavam pessoas em suas atividades
diárias e cenas da mitologia grega. O maior
pintor de figuras negras foi Exéquias.
Ânfora de Dionísio, deus do vinho e da vinicultura.
 13 História da Arte
Ÿ ESCULTURA
A estatuária grega representa um nível de
excelência jamais atingido pelo homem em
outros tempos, além de representarem a forma
humana com perfeição, essas esculturas
apresentavam equilíbrio e procuravam passar
a sensação de movimento. Guerreiro troiano caído, período arcaico.

No período arcaico, (séculos VIII-VI a.C) os

gregos esculpiram grandes figuras humanas,
em mármore, rígidas e simétricas, em rigorosa
posição frontal, distribuindo o peso do corpo
uniformemente sobre as duas pernas,
remetendo à influência exercida pela estética
egípcia. Essas estátuas eram chamadas kouros
e koré, que designam, respectivamente, as
figuras masculina e feminina.

No período clássico (séculos VI e V a.C.), o

artista grego passou a preocupar-se com o
movimento das figuras, motivo pelo qual Dionísio por Phidias, período clássico.
começa a usar o bronze que, além de mais
resistente que o mármore, permitia dar a
sensação de movimento à figura, sem o risco
de se quebrar.
Nesse período, também surge o nu feminino,
que vai se revelando lentamente nas formas
esculturais, uma vez que no período arcaico a
representação da mulher era esculpida
apresentando vestimentas que, com o tempo
vão “encolher”, explorando melhor a
sensualidade dos traços femininos.
Nesse período, também foram criadas
importantes obras como a escultura
Discóbolo, de Míron.

No período helenístico, (a Grécia Antiga

era conhecida como Hélade. Daí os mesmos
serem chamados de helenos) nota-se uma
crescente tendência ao naturalismo, pois a Sacerdote troiano Laocoonte e seus filhos, período
representação de figuras humanas tentava helenístico
traduzir suas emoções e seu estado de
espírito naquele momento. Outra
característica do período helenístico foi a
representação de conjuntos escultóricos
compostos de diversas figuras humanas que
sugeriam ação e movimento, apresentando
beleza por todos os ângulos em que fossem
observadas.
 História da Arte 14

7-ARTE ROMANA

Funcionalidade
A cultura romana não pode ser entendida ape-
nas como uma cópia dos valores culturais dos
povos conquistados; a estes, os romanos
procuraram incorporar suas próprias
Tibério Cláudio César
qualidades, como sua organização e sua Augusto Germânico foi o
funcionalidade. De acordo com os quarto imperador
historiadores, a civilização romana teria romano da dinastia júlio-
claudiana, e governou de
surgido em 753 a.C., cercada por lendas e 24 de janeiro de 41 d.C.
mitos. até a sua morte em 54.
Quando os romanos conquistaram a Grécia
ficaram fascinados com a sua arte e
começaram a imitar os gregos. Daí resulta que
muitas das características da arte grega são
A Coluna de Trajano é um monumento em Roma
encontradas na arte romana. construído sob a ordem do Imperador Trajano, pelo
arquiteto Apolodoro de Damasco em comemoração às
A arquitetura foi a maior de todas as vitórias das campanhas militares contra os dácios
expressões artísticas dos romanos. Nela, a
característica que mais se destaca é o uso dos
arcos.

Ÿ ESCULTURA
Apesar de apreciarem a arte, eles não
representavam o ideal de beleza, mas a cópia
fiel das pessoas, buscando retratar traços
particulares, como na escultura do imperador
romano Augusto, séc. I,
Bustos.
Os arcos do triunfo, levantados em todas as
partes do Império, destacam-se como
monumentos entre os mais importantes. Entre
os arcos mais importantes, destacam-se, em
Roma, o de Tito (c. 81 d.C.)
Outro tipo de monumento feito para
homenagear seus heróis eram as colunas
triunfais, sendo a Coluna de Trajano a mais
importante de todas, com 38 metros de altura,
incluindo-se o pedestal de 8 metros de altura,
que se localiza em seu topo.
 15 História da Arte
Ÿ PINTURA
Em todas as partes do Império, encontram-se
mosaicos romanos. Oscilam dos modelos
abstratos de tesselas brancas e negras até
ambiciosas composições figurativas
policromáticas
Os poucos registros da pintura romana que
chegaram até nós, são oriundos das cidades de
Pompeia e Herculano, soterradas pela erupção
do Vesúvio em 79 d.C. Essas pinturas
permaneceram intactas e preservadas sob as
massas de lava até 1748, quando os estudos
arqueológicos tiveram início no local,
estendendo-se até as primeiras décadas do
século XX. Com essa exploração, descobriu-
se que a pintura romana em Pompeia, segundo
alguns estudiosos, passou por quatro estilos.
Cena da vida de Íxion, Casa dos Vécios,
Pompeia
Ÿ ARQUITETURA
É inquestionável o estilo novo e arrojado
criado na arquitetura pelos romanos. Os
etruscos ensinaram aos romanos muito da arte
de construir, uma vez que dominavam a agri-
mensura, a engenharia arquitetônica e o
planejamento urbano.
Um dos mais importantes legados dos
etruscos aos romanos talvez tenha sido o arco
de plena volta, constituído de seções
cuneiformes, que se mantêm firmemente
engastadas, e de uma pedra angular em seu
ápice, o que lhe dá força e sustentação. É
inconcebível pensar no desenvolvimento de
Roma sem o arco e suas aplicações: a abóbada
de berço, um meio cilíndrico; a abóbada de
arestas, constituída de duas outras abóbadas
semicilíndricas que se cruzam em ângulos
retos; e o domo, outra obra-prima da
arquitetura romana. A construção desses
elementos só foi possível graças ao concreto,
que possibilitou construções com grandes
espaços fechados internos, sem a necessidade
da interferência de sustentação por colunas.
Dessa forma, foi possível a ampliação de
áreas úteis de circulação.
Coliseu
O famoso Coliseu, considerado uma obra-
prima da arquitetura romana, utiliza-se
exatamente dessas técnicas de construção e da
funcionalidade romana; com o propósito de
oferecer diversão ao povo, e controle e
prestígio a seus imperadores, o local podia
acomodar 50 mil espectadores.

Ÿ PANTEON
É uma das mais bem preservadas estruturas romanas
antigas e permaneceu em uso por toda a sua história.
Localizado na Piazza della Rotonda, o Panteão tem sido
utilizado como uma igreja, dedicada à "Santa Maria e os
Mártires" chamada oficialmente de Santa Maria dei
Martiri . Construção:118-128
Ÿ OS AQUEDUTOS
Também são outra mostra do arrojo e da inventividade dos
romanos. Eles tinham o propósito de transportar água, muitas
vezes de grandes distâncias, para abastecer suas cidades.
Ÿ VIA ÁPIA
Estradas, essenciais para movimentar tropas, viabilizar a
arrecadação de impostos das províncias e facilitar o
comércio, constituindo-se em importante elemento de
sustentação do Império.
8-ARTE CRISTÃ PRIMITIVA
Se desenvolveu ao longo de um período
histórico que abrange os primeiros cinco
séculos do surgimento do cristianismo,
correspondendo à arte produzida pelos
primeiros cristãos para o seu povo. A arte
cristã primitiva surgiu de uma situação
inusitada, na qual os primeiros cristãos, ao
propagar as ideias de Cristo, entravam em
choque com o Império Romano ou eram
História da Arte 16
perseguidos, o que os obrigava a se reunirem
nas catacumbas, escavações subterrâneas
onde enterravam seus mortos, primeiro local a
receber a arte cristã.
Ÿ ARQUITETURA
O preceito de que o cadáver do cristão devia
ser inumado e não incinerado, assim como a
ideia de que a terra onde recebia a sepultura
era sagrada, por abençoar e receber em
depósito um corpo destinado à ressurreição
fez aparecerem os cemitérios cristãos.
Até à declaração de liberdade de culto, a arte
cristã não tinha uma tipologia arquitetônica
própria, optando por celebrar o seu culto em
lugares pouco relevantes. Os afrescos das
catacumbas procuram expressar represen-
tações como o Cristo, a Virgem ou cenas
bíblicas do Velho Testamento, deixando claro
que o valor das pinturas não se encontrava em
sua técnica estética, mas na necessidade de
manifestar uma rica simbologia cristã.
Dentro desta simbologia, o ícone do peixe é
encontrado com maior frequência nas
catacumbas, simbolizando Cristo; e cujas
letras, presentes na palavra em grego (ichtys),
coincidentemente correspondem às iniciais
das palavras que formam a expressão: Iesous
Christos, Theou Yios, Soter e que tem por
tradução: “Jesus Cristo, filho de Deus, Salva-
dor”; o pavão simboliza a eternidade; o cacho
de uva representa o sangue de Cristo; o lírio, a
pureza; a haste do trigo, a eucaristia; a imagem
do bom pastor representa a figura de Cristo
com seu rebanho de ovelhas e por fim, a fênix,
que simboliza a ressurreição. Com o Édito de
Milão, Constantino apoia a construção de
templos próprios, em Roma, Milão, Ravena,
de modo a divulgar a nova religião e acolher o
crescente número de convertidos.
Catacumba de São Calisto, conhecida por abrigar a
Cripta dos Papas
17 História da Arte
2-Exercícios de Aplicação
(Folha deverá ser retirada e entregue à professora)

1- Explique com suas palavras o que você entende sobre o conceito de “arte para eternidade”
dos povos egípcios.

2- Na pintura egípcia qual a principal característica quanto a posição das pessoas a serem
retratadas e a hierarquia?

3-Quais as construções mais significativas da arte egípcia?

4- Quanto as colunas na Grécia, qual a sua função e quais os nomes das ordens de acordo
com o estilo do capitel?

5-O que possibilitou o uso do concreto na arquitetura romana ?

6- Quais os registros foram encontrados na cidade de Pompeia, soterrada pelas lavas da

erupção do Vesúvio no ano de 79 d. C.?

7-Como se iniciou a arte primitiva cristã?

8- Como eram realizadas as pinturas nas catacumbas?

História da Arte 18
 19 História da Arte
EDITO DE MILÃO
Com o decorrer do tempo, pouco a pouco
foram diminuindo as perseguições aos
cristãos, até que em 313, o imperador
Constantino, através do Édito de Milão,
permitiu que o cristianismo fosse professado
livremente. A partir de então, e com
o apoio do Império Romano, a propagação do
cristianismo pelas cidades deu-se livremente,
até que, em 391, foi oficializado como religião
do Império por Teodósio.
O século IV, portanto, foi o momento em que o
cristianismo passou a organizar toda uma
estrutura mental, cultural, religiosa e artística
que caracterizou o erguimento da Igreja e
de seus templos, as primeiras basílicas
Posteriormente, Teodósio
(378-395) foi responsável pela divisão do
Império Romano
em duas partes: do Ocidente (capital em
Roma) e o do Oriente(capital em
Constantinopla).
9-ARTE BIZANTINA
A arte bizantina recebeu, assim, influência de
Roma, da Grécia e do Oriente. O amálgama
dos elementos dessas culturas se refletiu na
grandiosidade do novo estilo de sua arte,
claramente vinculada às necessidades do
Império e de seu imperador, servindo como
canal de legitimação e adoração dos
governantes bizantinos, alçados à condição de
santidades, o que implicou em uma
associação entre poder político e religioso.
Ÿ PINTURA
A pintura bizantina incorporou influências
orientais, mais especificamente da pintura
egípcia e de sua lei da frontalidade que, por
sua aparência inflexível e rígida, transmite ao
observadora impressão de reverência e
acatamento à personalidade retratada. Desse
modo, o artista, que ficou relegado da posição
de executor do fazer artístico, submetendo-se
a um conjunto de regras ordenadas. passa nas
pinturas a sensação de respeito para aqueles
que observam a obra e creem ver, nas figuras
sagradas e em seus soberanos, seus protetores
e defensores A escultura
Ÿ ESCULTURA
A escultura bizantina incorporou o ideal do
culto à imagem do imperador e apresenta
essas figuras de frente, solenes e formais,
mantendo o princípio da frontalidade válido
para a pintura; os olhos são grandes e miram o
alto, transmitindo certa inquietude.
Encontraremos dois modelos: as estátuas
grandes, geralmente
feitas de pedra ou mármore, e as pequenas,
em forma de relevos organizados em
dípticos (duas pequenas placas interligadas
por dobradiças) portáteis, feitos em marfim.
Tais
peças apresentavam relevos entalhados, nos
quais os soberanos perpetuaram histórias de
suas vitórias.
A questão iconoclasta
A produção de esculturas sofre um
retrocesso como resultado da questão
iconoclasta, que, em 726,o Imperador Leão
III, proibiu o uso das imagens religiosas e
ordenou a destruição das peças já existentes.
A decisão refletia as discussões teológicas
quanto à divindade de Cristo – corpo e alma
são sagrados, ou apenas a alma? – tendo
como pano de fundo a luta pelo poder entre
a Igreja e o Estado bizantino.
Cristo Pantocrator, Mosteiro
de Dafne, Grécia.
Ÿ MOSAICO
O mosaico corresponde à mais alta
expressão artística bizantina ornamentando
paredes e abóbadas das igrejas, procurando
servir de instrumento para doutrinar os
cristãos, apresentando didaticamente cenas
da Sagrada Escritura que traziam os
ensinamentos de Cristo, dos profetas e dos
imperadores, transmitindo a estes últimos
caráter sagrado.
O mosaico bizantino utilizou como matéria-
prima peças feitas de vidro, cuja
irregularidade gera um brilho vigoroso
em sua superfície. Encontra-se presente em
paredes e tetos de domos e absides das
igrejas, retratando temas espirituais
enaltecidos pela cor ouro sobre fundo azul.
As figuras humanas seguem rígida simetria
marcada pelo desinteresse em esboçar
volume ou perspectiva.

Sem apresentar sinal de movimento, figuras
humanas altas e esguias, com enormes olhos
colocados em amendoadas faces, olhavam
com solene expressão, diretamente para
a frente. Dessa forma, os bizantinos
imprimiram no interior de seus templos,
extraordinário esplendor jamais conseguido
em tempo algum.
ARTE DA EUROPA OCIDENTAL NA
IDADE MÉDIA E ARTE ROMÂNICA
A Idade Média é o período compreendido
entre 476 (século V), com a tomada de Roma
pelos povos bárbaros, até 1453 (século
XV), marcando o início da Idade Moderna.
10-A ARTE ROMÂNICA
O estilo românico germinou a partir do final
do século X, início do século XI, se
estendendo até o início do século XIII.
Neste período, a religião cristã impregnava a
vida do homem medieval em todos os
aspectos, por meio de uma perspectiva
teocêntrica do mundo que associava a
existência do todo à figura de Deus, que
mantinha no Santo Padre, o Papa, seu legítimo
representante na Terra; o estilo românico
floresceu neste período com o intuito de
fortalecer tais concepções. Assim, a
arte e os artistas foram enquadrados nos
valores católico-cristãos:os nus foram
proibidos e as imagens de corpos vestidos não
poderiam sequer sugerir sua anatomia.
Ÿ ARQUITETURA
Acompanhando a expansão da fé católica
romana, muitas igrejas foram construídas
entre 1050 e 1200, utilizando-se de muitos
elementos da arquitetura romana, como as
colunas e os arcos redondos, e abandonando
outros, como os tetos de madeira, vulneráveis
a incêndios, por abóbadas de pedra cilíndricas
utilizando-as com arestas, apoiadas em
Basílica de Santo Isidoro; Leão, Espanha
História da Arte 20
pilastras, para assim provê-las de grandes
espaços interiores, sem colunas ou
obstáculos.
Ÿ PINTURAS
Quase nada restou da pintura mural românica,
cuja função era de decorar as igrejas, com
pinturas murais de paleta rica e de cores
intensas, adotando como temas mais comuns
passagens da Bíblia Sagrada e da vida de
santos e mártires, cheias de exemplos de
retidão. Nem sempre as imagens faziam
referência às forças divinas, elas também
procuram evidenciar e contrapor os vícios às
virtudes humanas, mesclando-os com
bestialidades que intimidavam seus
espectadores, de modo a lembrar-lhes de
evitar o caminho do pecado e da fraqueza
moral. O Cristo Pantocrátor, do Mestre de
Tahull, talvez seja o mais significativo
exemplo do estilo românico oriental na
pintura.
A arte românica destacou-se ainda na
decoração de manuscritos ou iluminuras de
Bíblias, executados em pele de boi ou de
carneiro, que criou um estilo único, tanto no
seu aspecto formal quanto pictórico.
 21 História da Arte
Ÿ ESCULTURA
De caráter ornamental, a escultura românica
instalou-se nos relevos dos pórticos e nas
arcadas das igrejas e estendia-se aos capitéis
das colunas. Com um propósito didático
semelhante ao da pintura, a escultura
descrevia, por meio dos relevos narrativos,
episódios e passagens bíblicas para doutrinar
os fiéis através da linguagem visual, uma vez
que, em sua maioria, eram iletrados,
procurando fortalecer arquétipos
doutrinários,
que afastassem o fiel do mal, do pecado e do
inferno.
Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela
Ÿ OURIVESARIA
Outra importante manifestação artística desse
período foi a ourivesaria que também seguiu
pelo viés religioso, se prestando à fabricação
de objetos sacros como cruzes, relicários,
estátuas e outros, para decoração de igrejas e
altares utilizando-se de técnicas bastante
refinadas, como a filigrana e o esmalte. O uso
de matéria prima tão valiosa atraiu também o
interesse de reis e nobres, encomendando
peças em quantidades e doando-as a igrejas,
que recebiam peregrinos.
11-ARTE GÓTICA
A arte gótica desenvolveu ao longo da Baixa
Idade Média, entre os séculos XII e XV,
período marcado pelo renascimento urbano e
comercial, surgimento e desenvolvimento das
universidades e confrontos entre a Igreja e as
nascentes monarquias, que procuravam
reduzir a influência do papado sobre a
população de súditos.
Neste período, compreendido entre os séculos
XII e XIV, a cultura europeia também estava
mergulhada numa profunda crise de valores
resultante das transformações urbanas e do
surgimento de uma nova mentalidade,
moderna, que chocava-se diretamente com os
fundamentos religiosos e teológicos impostos
pela ordem clerical, ao mesmo tempo em que
abriria novos caminhos para a criação
humana.
Ÿ ARQUITETURA
Apesar de, no início do século XII, ainda estar
imperando a arquitetura românica, novos
traços surgiram na Europa que presenciou
seus céus serem rasgados por catedrais
formadas por altíssimas torres de estruturas
elaboradas, cujos interiores apresentavam
uma altura sem precedentes na história da
arquitetura.
O uso dos arcos pontudos nas janelas
aumentava a ilusão de altura .
O que tornou possível a construção dessas
arrojadas catedrais foram duas novas criações
da engenharia: a abóbada de nervuras e os
suportes externos denominados arcobotantes
ou contrafortes, responsáveis pela
substituição das janelas estreitas e das grossas
paredes, que funcionavam como eixo de
sustentação, por paredes mais finas e grandes
janelas com vitrais inundavam o interior com
uma luz intensa.
Catedral de Notre-Dame de Paris é uma das mais antigas
catedrais francesas em estilo gótico. Iniciada sua construção
no ano de 1163, é dedicada a Maria, Mãe de Jesus Cristo,
situa-se rodeada pelas águas do Rio Sena.

Ÿ ESCULTURA
A escultura gótica, numa primeira fase,
complementa a arquitetura tendo como papel
ornamentar os espaços sacros das catedrais,
documentando em pedra personagens e
aspectos da vida humana que a sociedade da
época mais valorizava.
Em uma segunda fase, ao se aproximar da
nascente cultura humanística, foi adquirindo
um caráter mais naturalista na representação
do corpo humano, dos rostos ou mesmo da
natureza, desenvolvendo novas
possibilidades expressivas e conseguindo
maior autonomia junto à arquitetura.
Ao representar figuras humanas, por exemplo,
os artistas as faziam longas e esguias, muitas
vezes assumindo a função de um pilar no
conjunto arquitetônico das catedrais.
Ÿ PINTURA
A pintura gótica iniciou-se bem depois da
arquitetura e da escultura góticas, com
aproximadamente 50 anos de atraso
A pintura desse período buscava criar a ilusão
de espaços, lançando mão da perspectiva e
tentando criar figuras mais soltas e menos
estilizadas, procurando superar a ausência de
espaços no interior das catedrais, tomadas por
esculturas; a solução para tal situação
permitiu aos artistas góticos exercer maior
autonomia criativa ainda que continuassem a
se concentrar em temas religiosos; ao mesmo
tempo, abria-se espaço para o surgimento de
novas tendências artísticas, como o
movimento renascentista.
História da Arte 22
Junto à arte mural os pintores góticos
dedicavam-se também à produção de
manuscritos ilustrados, assim como a
tapeçaria e os vitrais, pintados sempre com
temas religiosos.
O fortalecimento da burguesia mercantil a
partir do século XV exigiu uma realidade
exótica e detalhista, que retratasse esse novo
estilo de vida que começava a se impor,
destacando-se dos valores até então apregoa-
dos, o que interferiu no padrão estético da arte
gótica.
Van Eyck, pintor holandês, é o criador da
técnica da pintura a óleo. A representação da
ascensão da burguesia se dá quando retrata O
casal Arnolfini, em 1434, com uma riqueza de
detalhes nunca vistos anteriormente que
enalteciam o luxo e a abastança, elementos
inexistentes nas pinturas até então; sua obra
revela a dificuldade existente entre
especialistas da História da Arte em classificá-
la, pois transita entre o gótico e o
renascimento, sendo vista como ponto de
partida deste último.
O Casal Arnolfini é o mais famoso quadro do pintor
flamengo Jan van Eyck, pintado em 1434
23 História da Arte
3-Exercícios de Aplicação
(Folha deverá ser retirada e entregue à professora)

1-Qual a influência do teocentrismo na arte Românica?

2-Qual era o propósito didático da arte Românica?

3-A questão iconoclasta interfere no processo do desenvolvimento da arte bizantina. Qual

modalidade artística foi atingida duramente com essa questão? Explique.

4-Quais são os elementos típicos de uma catedral gótica ?

5-Qual a função dos arcos pontudos na janelas no período Gótico?

6- Quais os registros foram encontrados na cidade de Pompeia, soterrada pelas lavas da

erupção do Vesúvio no ano de 79 d. C.?

7-Explique as duas fases da escultura Gótica.

 História da Arte 24

8- A pintura Gótica abria espaço para o surgimento de novas tendências artísticas. Qual
movimento se inicia a partir destas novas tendências?

9-Van Eyck. pintor holandês é criador de qual técnica, sua obra de destaque, e o que ela
aborda
 25 História da Arte
12-RENASCIMENTO
O Renascimento cultural, movimento
ocorrido entre os séculos XIII e XVI,
destaca-se pela busca e representação da
perfeição e da harmonia, a partir de um
resgate dos valores clássicos (ou greco-
romanos), dos quais destacamos o
racionalismo, que vai impulsionar um
conjunto de manifestações humanísticas nas
artes e ciências afins, intimamente ligadas à
nova realidade urbana e ao recém-nascido
grupo burguês.
O cenário de abundância econômica é um
dos fatores que impulsionaram o
desenvolvimento do Renascimento Cultural
e Artístico italiano.
As ricas cidades italianas presenciaram o
surgimento de abastados patrocinadores das
artes, os mecenas, que buscavam status ou
promoção social. Entre esses “protetores” da
cultura destacaram-se os Médicis, em
Florença (Lourenço, o Magnífico) e os
Sforzas, em Milão.
A cultura renascentista teve quatro
características marcantes, a saber:
Racionalismo
os renascentistas estavam convictos de que a
razão era o único caminho para se chegar ao
conhecimento, e que tudo podia ser
explicado pela razão e pela ciência.
Periodização do Renascimento cultural e
artístico
Alguns autores consideram que o
Renascimento apresenta três grandes
períodos, que se ajustam do século XIV ao
XVI. São eles: Trecento, Quattrocento e
Cinquecento.
Encontram-se no Trecento (relativo ao século
XIV) essencialmente as manifestações
ocorridas na Itália, em especial na cidade de
Florença, centro em ebulição e crescimento
econômico, político, religioso e cultural da
época. Seu panorama: a ruptura com a inércia
e hierarquia da pintura da Idade Média, com
exaltação do individualismo e dos detalhes
humanos. Entre seus expoentes, destaca-se
Giotto.
No Quattrocento (relativo ao século XV)
ocorreu o apogeu do Renascimento, que se
disseminou por toda a Itália, revelando
orientação greco-romana, experimentalismo
e racionalismo. Entre outros nomes
importantes para a arte do Renascimento,
destacam-se Massacio, Botticelli, Rafael,
Leonardo da Vinci e Michelangelo.

Experimentalismo
para eles, todo conhecimento deveria ser
demonstrado através da experiência
científica.

Individualismo A Primavera, de Sandro Botticelli, de 1482.

nasceu da necessidade do homem conhecer a
si próprio, buscando afirmar a sua própria
personalidade, mostrar seus talentos, atingir
a fama e satisfazer suas ambições, através da
concepção de que o direito individual estava
acima do direito coletivo.

Antropocentrismo
colocando o homem como a suprema
criação de Deus e como centro do universo.

No Cinquecento (século XVI), o
Renascimento sagra-se como movimento
universal. Entretanto, não tardaria para ter
início sua decadência. A Contrarreforma
instaura-se, trazendo consigo o limiar do
Barroco. Michelangelo e Rafael permanecem
brilhando. os renascentistas não se
concentraram em apenas incorporar as
inovações técnicas trazidas pelo gótico;
atraídos pela tendência humanista e pela
busca do rigor científico, os artistas
realizavam seus estudos sobre a perspectiva
utilizando ferramentas como a matemática e a
geometria.
A técnica do claro-escuro também
aperfeiçoou-se, moldando formas que
sugestionam as partes mais claras a elevarem-
se das áreas mais escuras, criando a ilusão , em
plena superfície plana, de relevo e volume dos
corpos. Tais efeitos, aplicados em conjunto,
contribuem para o maior realismo captado
pela pintura.
David Vence Golias, c.1600, óleo sobre
tela, 110 cm x 91 cm, Caravaggio, Museu
do Prado, Madri.
Ÿ PINTURA
Os renascentistas não se concentraram em
apenas incorporar as inovações técnicas
trazidas pelo gótico; atraídos pela tendência
humanista e pela busca do rigor científico, os
artistas realizavam seus estudos sobre a
perspectiva utilizando ferramentas como a
matemática e a geometria.
História da Arte 26
A t é c n i c a d o c l a ro - e s c u ro t a m b é m
aperfeiçoou-se, moldando formas que
sugestionam as partes mais claras a elevarem-
se das áreas mais escuras, criando a ilusão, em
plena superfície plana, de relevo e volume
dos corpos. Tais efeitos, aplicados em
conjunto, contribuem para o maior realismo
captado pela pintura. A pintura renascentista
se caracteriza também pelo aparecimento de
artistas com estilos próprios, exclusivos,
distintos de qualquer outro. O artista, que até
então, na Idade Média, teve sua função
incógnita numa relegada posição meramente
executora do fazer artístico, seguidor de
regras e conceitos provenientes das
autoridades imperiais ou eclesiásticas, passa
agora a desfrutar do ideal de liberdade, a forte
característica desse período. Passam a receber
o status de gênios. Nesse período, surge
também a pintura a óleo, introduzida
originalmente por Jan Van Eyck, que
possibilitou o aumento no tempo de secagem,
oportunizando retoques e aperfeiçoamento da
técnica pictórica, além de conferir intensa
luminosidade à obra.
Principais artistas do Renascimento e suas
obras:
Giotto di Bondone (1266-1337)
pintor e arquiteto italiano. Um dos
percursores do Renascimento. Obras
principais: O Beijo de Judas, A Lamentação
eJulgamento Final.
Michelangelo Buonorroti (1475-1564)
destacou-se em arquitetura, pintura e
escultura.Obras principais: Davi, Pietá,
Moisés, pinturas da Capela Sistina (Juízo
Final é a mais conhecida).
Rafael Sanzio (1483-1520)
pintou várias madonas (representações da
Virgem Maria com o menino Jesus).
Leonardo da Vinci (1452-1519)
pintor, escultor, cientista, engenheiro, físico,
escritor, etc. Obras principais: Mona Lisa,
Última Ceia. Com a inquietude própria de
investigador, preocupou-se com a busca de
novas técnicas de pintura e traçou projetos
arquitetônicos, contribuindo decisivamente
para aperfeiçoar a técnica do claro-escuro
através do sfumato, muito utilizado na
confecção da Mona Lisa.
 27 História da Arte
Leonardo utilizou conceitos matemáticos da
geometria projetiva (ponto de fuga, linhas
paralelas representadas como linhas
convergentes, centro de projeção) para obter a
ilusão da tridimensionalidade. Um ótimo
exemplo disso está no afresco A última ceia,
que expõe a incomparável solidão de Cristo
em contraste com a agitação dos apóstolos,
divididos em grupos de três. A pintura revela a
preocupação com os menores detalhes de cada
cena os quais convergem para o centro, onde
está Cristo.
Sandro Botticelli (1445-1510)
pintor italiano, abordou temas mitológicos e
religiosos. Obras principais: O nascimento de
Vênus e Primavera.
Ÿ ESCULTURA
O aprofundamento dos estudos de anatomia
em conjunto com a utilização da perspectiva e
da proporção geométrica colaboraram para o
êxito na representação da escultura e de seus
movimentos. A obra ganha independência e
proporções perfeitas, adquire leves contornos
musculares e é deslocada das paredes e dos
capitéis para receber uma base onde pode ser
vista por todos os ângulos; a escultura volta-se
para si mesma e deixa de ser um simples
complemento das grandes obras
arquitetônicas.
A expressão corporal e de rostos são
elementos que se destacam na busca da
representação real do homem. A proporção da
figura deve respeitar a descrição da realidade.
Embora contrariando os preceitos religiosos e
morais da época, o corpo nu volta a ser
trabalhado, os artistas como Donatello
dedicam-se a expressar o naturalismo e a
restaurar a ideia clássica de beleza. Donatello
foi considerado o maior escultor italiano antes
de Michelangelo, exercendo enorme
influência sobre a sua obra Sua escultura,
David, é conhecida como a primeira obra
renascentista fundida em bronze, sem base de
pé, representando o masculino independente
desde a antiguidade. Esta obra retratou o seu
primeiro “nu” em tamanho natural e é daí
também que vem a técnica do contraposto,
retomada por Donatello e que consistia em
dispor de todo peso do corpo sobre um dos
pés, deixando o outro lado relaxado e a
escultura “caída” no sentido contrário.
Outra famosa escultura de sua autoria é a Pietà
construída em um único bloco de pedra,
prática incomum entre os outros escultores,
que se valiam do uso de encaixes de pedras
para ocultar seus erros. Mesmo sendo um
grande conhecedor da anatomia humana,
Michelangelo preserva as feridas de Cristo em
suas mãos e cria uma Maria cuja face, apesar
da tristeza do momento, exprime serenidade.
Por fim, as vestes insinuam claramente suas
formas, o que significa o pleno rompimento
com os padrões estéticos da época medieval.
Pietà de Michelangelo Buonarotti,
Escultura em Mármore, medindo 174 × 195 cm
Ÿ ARQUITETURA
Através da aplicação da perspectiva e dos
estudos sobre as ruínas dos antigos templos
clássicos, os arquitetos do Renascimento
concluíram que uma nova concepção de
construção deveria ser amparada pela
geometria euclidiana, o que levou ao
surgimento de construções sobre um módulo
quadrado, que, aplicado tanto ao espaço
quanto ao plano, propiciaram edificações com
proporções harmônicas e uniformes. Também
serão recobrados elementos como o domo
redondo, o arco pleno, o pórtico, a construção
em concreto, a abóbada cilíndrica e as colunas
gregas, responsáveis por sua sustentação; as
mais usadas foram a dórica, a jônica e a
coríntia, que representavam as proporções
ideais do corpo humano: a base são os pés; a
coluna, o corpo; e o capitel, a cabeça. Filippo
Brunelleschi tornou-se conhecido com a
construção da cúpula da catedral de Florença,
também conhecida como igreja de Santa
Maria Del Fiore, e do Hospital dos Inocentes,
onde o uso das colunas oferece sustentação,
ao mesmo tempo que realiza o encadeamento
compassado de elementos modulares em bela
perspectiva.

Em destaque, a cúpula da Santa Maria del Fiore,
Florença, Itália.
A difusão do Renascimento
De um modo geral, no restante da Europa, a
Renascença não despertou com a mesma
essência clássica e intensidade vivida na
Itália. Sob forte influência regional, o
movimento renascentista preocupou-se com
problemas de ordem prática e ética que se
sobrepõem às preocupações estéticas do
renascimento italiano, aproximando-se,
então, do humanismo cristão. Assim, a
produção literária e filosófica se sobrepôs ao
impulso artístico tão significativo na
península Itálica.
O desenvolvimento comercial dos Países
Baixos (Holanda e Bélgica) e seu importante
papel no processo da Revolução Comercial
produziram grandes nomes para o
Renascimento, tais como Hieronymus Bosch
e Pieter Brueghel.
Na Alemanha, a conjuntura privilegiada pela
Reforma protestante luterana e pelos conflitos
religiosos e políticos que se seguiram
contribuíram para uma estimulante produção
artística. Seu maior ícone foi Albrecht Dürer.
A. Hieronymus Bosch
Excepcional pintor e gravador holandês, traz
tal habilidade como herança familiar, tendo
criado algumas das mais criativas e
extraordinárias representações sobre o
imaginário, repletas de simbolismo. O tríptico
O jardim das delícias demonstra a habilidade
de Bosch em criar um detalhado
encadeamento de exageros bizarros.
História da Arte 28
No painel da esquerda, o Paraíso terrestre, é
representada a criação de Adão e Eva, distinta
e distante da descrição bíblica; o painel
central, O jardim das delícias, revela estranhas
criaturas convivendo numa delirante postura
onírica; por fim, o painel da direita, O inferno
musical, vem carregado por uma atmosfera
sombria e decadente que traduz o tormento da
perspectiva de padecer no inferno.
A temática de Bosch acompanhou a dos
artistas de sua época, marcado por trabalhos
de temas religiosos: céu e inferno, santos,
eremitas, paixão de Cristo, pecado e sua
punição. Suas pinturas representam o temor
aos feitiços e às magias, expressos na natureza
pecaminosa do homem, que se inquieta frente
à sua custosa salvação.
Todavia, a característica original de seu
trabalho está na forma como representa seus
demônios, que não se apresentam como
simples caricaturas grotescas e incômodas,
mas como híbridos de monstros, répteis,
insetos, partes da anatomia humana e pedaços
de máquinas, jamais vistos antes em qualquer
obra de arte. Seu estilo, único e insólito,
prenuncia a arte de vanguarda do século XX –
o Surrealismo.
Albrecht Dürer (1471-1528)
Pintor, gravador e ilustrador, nascido em
Nüremberg, é considerado o maior expoente
do Renascimento alemão.
Sua produção se caracterizou pela contínua
busca do real e pelo acolhimento dos métodos
científicos. Preocupou-se em reproduzir de
maneira autêntica e precisa os traços
fisionômicos e corporais das figuras, à procura
do ideal da beleza clássica. Foi ele também
que retratou os primeiro nus da Alemanha.
Produziu, ainda, desenhos e gravuras em
metal usando temas da mitologia greco-
romana. Grande admirador e observador do
trabalho de Leonardo da Vinci, escreveu um
tratado sobre o ensino da perspectiva e da
proporção.
 29 História da Arte
Ÿ MUSICA
A música foi dividida em sacra e profana
(canções de amor, sátiras políticas ). A ópera,
que é um formato de teatro musicado, foi a
principal contribuição da música
renascentista italiana para o mundo.
Ainda nesse contexto, surgia, na Itália, a
Contrarreforma, reação católica aos
movimentos protestantes, que se opunha às
manifestações culturais renascentistas.
As reações católicas às transformações
promovidas pelo Renascimento científico
seriam sentidas na esfera cultural, de modo
que a razão, a sensibilidade, a harmonia e o
equilíbrio renascentistas dariam lugar às
dúvidas e conflitos característicos do barroco.

Músicos renascentistas em pintura de Lorenzo

Costa, c. 1485-95.