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BR

TÉCNICO
EM
EDIFICAÇÕES
2º Módulo

1º Semestre de 2013

Disciplina: TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO

Professor (a): MARCILENE R.S. IERVOLINO

Nome do aluno (a):

CENTRO EDUCACIONAL TÉCNICO SUZANENSE • Telefone: 4747-1500


•WWW.CETES.COM.BR Marcilene Iervolino
TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
Arq. Marcilene R. S. Iervolino
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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO

FUNDAÇÕES
1 – DEFINIÇÃO
2 – EXAMES DO TERRENO
3 – EQUIPAMENTOS DE SONDAGEM
4 – SOLOS RESISTENTES
5 – ESPECIFICAÇÕES DE UMA ESTRUTURA DE FUNDAÇÃO
6 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES
7 – CLASSIFICAÇÕES DAS FUNDAÇÕES
8 – ALICERCES E SAPATAS
9 – ESTACAS
10 – ESTACAS DE SUSTENTAÇÃO
11 – ESTACAS DE CONTENÇÃO
12 – TUBULOES
GLOSSÁRIO DE TERMOS DE FUNDAÇÃO
NORMAS TÉCNICAS PERTINENTES A FUNDAÇÃO
DETALHES DE PROJETOS DE FUNDAÇÃO

ESTRUTURAS
1- DEFINIÇÃO
2- CLASSIFICAÇÕES DO MATERIAL UTILIZADO
3- ESFORÇOS SOLICITANTES
4-ESTRUTURA DE ALVENARIA
5- ESTRUTURAS DE MADEIRA
6- ESTRUTURAS METÁLICAS
7- ESTRUTURAS DE CONCRETO
8- DEFINIÇÕES DAS ESTRUTURAS
CONCRETO CONVENCIONAL
ELEMENTOS DA ESTRUTURA
LAJES
MEMBRANAS
9- REPRESENTAÇÕES DE DESENHO
10 – ALVENARIAS ESTRUTURAL
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
Arq. Marcilene R. S. Iervolino
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INTRODUÇÃO
Em Tecnologias da Construção, entenderemos o funcionamento das Estruturas
Convencionais e Auto portantes de concreto armado. Conheceremos as demais
estruturas, seja de madeira, estruturas metálicas, pré moldados alem de outros
sistemas não convencionais, como casca de concreto, tenso estruturas, etc. Em
qualquer projeto de construção uma estrutura deve ser programada para a execução
do sistema.
Nesta apostila porem, inserimos mais dados e pesquisas relacionados ao sistema de
Estrutura Convencional de Concreto, com seus elementos convencionais lajes, vigas,
pilares e demais. Iniciamos pelas Fundações, as quais poderão ser utilizadas por
quaisquer sistemas de estruturas, desde que os aspectos principais aqui relacionados
sejam estudados.
Para finalizar, alguns aspectos dos desenhos de estruturas que são importantes para
estudos e futuras aplicações. Este estudo introdutório em Tecnologias da Construção
demonstrando elementos e esforço principal facilitara futuramente os cálculos
estruturais, pois as bases e os elementos, já serão conhecidos.
Esta apostila soma uma pesquisa em diversos livros, apostilas, normativas, manuais
técnicos, e principalmente material técnico de nossas aulas, bibliografia esta
relacionada ao final desta apostila.
A área da construção civil é sempre muito vasta, e novas pesquisas com técnicas e
tecnologias sempre são realizadas. Atualizar- se sempre é uma regra a seguir.

Prof..Marcilene R.S.Iervolino
Email: projetos@arquitetamarci.com.br

FUNDAÇÃO
1 – DEFINIÇÃO
Chama-se fundação a parte de uma estrutura que transmite ao terreno a carga da
obra. Na figura a seguir, pode-se visualizar e revisar os elementos que constituem uma
edificação.
u ra
b e rt
co
n to da
m e
lh a E st r u t u r a d a
sup ra estrutura

Te c o b e rt u ra

P a re d e
P é - d ir e it o d e ved a ç ã o
P a re d e
d iv isó ria

So c o o u p e d e st a l
A lic e r c e o u b a ld ra m e
Infra e strutura

Fund a ç õ es

So lo re sist e n t e

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2 – EXAMES DO TERRENO
Muitas vezes o aspecto de um solo leva o técnico a considerá-lo firme. No entanto, um
exame mais cuidadoso pode mostrar tratar-se de solo altamente compressível,
exigindo consolidação prévia. Este exame denomina-se sondagem e tem por finalidade
verificar a natureza do solo, a espessura das diversas camadas, a profundidade e a
extensão da camada mais resistente que deverá receber as cargas da construção, e
determinar o tipo da estrutura de fundação a ser especificada.
Para efeito prático na construção, a Mecânica dos Solos divide os materiais que
ocorrem na superfície da crosta terrestre em:
a) Rochas - solos rochosos (rochas em decomposição ou sã);
b) Solos Arenosos/Siltuosos - com propriedade de compacidade (grau de
compacidade);
c) Solos Argilosos - com propriedade de consistência (limite de consistência).
Antes de se decidir pelo tipo de fundação em um terreno, é essencial que o
profissional adote os seguintes procedimentos:
a) Visitar o local da obra, detectando a eventual existência de alagados,
afloramento de rochas etc.;
b) Visitar obras em andamento nas proximidades, verificando as soluções
adotadas;Fazer sondagem a trado (broca) com diâmetro de 2” ou 4”,
recolhendo amostras das camadas do solo até atingir a camada resistente;
c) Mandar fazer sondagem geotécnica.
3 – SONDAGEM - EQUIPAMENTOS DE SONDAGEM
Dependendo do tipo solo, a sondagem deverá utilizar o melhor processo que forneça
indicações precisas, sem deixar margem de dúvida para interpretação e que permitam
resultados conclusivos, indicando claramente a solução a adotar.
A sondagem mais executada em solos penetráveis é a sondagem geotécnica a
percussão, de simples reconhecimento, executada com a cravação de um barrilete
amostrador, peça tubular metálica robusta, oca, de ponta bizelada, que penetrando
no solo, retira amostras seqüentes, que são analisadas visualmente e em laboratório
para a classificação do solo e determina o SPT (Standard Penetration Test), que é o
registro da somatória do número de golpes para vencer os dois últimos terços de cada
metro, para a penetração de 15 cm. Nas próximas figuras são mostrados um esquema
do equipamento de sondagem geotécnica de percussão, a planta de locação dos furos
e um laudo de sondagem.

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1 - c o njunto m o to r- b o m b a
2 - re se rv a tó rio d e á g ua
3 - trip é tub o s m e tá lic o s
4 - ro ld a na
4
5 - tub o - g uia 5 0 m m
3 6 - e ng a te
7 - g uinc ho
8 - p e so p a d rã o 60 k g
8 9 - c a b e ç a d e c ra v a ç ã o
9
7

1 2
5

Equipamento de sondagem a percussão


770

SP 03
1200
Casa
de
800 força

Rua Y
SP 02
4500

Central 1000
telefônica

SP 01
1950

N
1480

2600 3500

Rua X

Planta de locação dos furos de sondagem

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PERFIL DE SO NDA G EM G EO LÓ G IC A - Ensa io d e p e n e tra ç ã o p a d rã o SPT

Pro fund id a d e
e m m e tro s
Cota Dia g ra m a
(RN)

Am o stra
das
Pe ne tra ç ã o p e ne tra ç õ e s C la ssific a ç ã o d o m a te ria l
Níve l G o lp e s/ 30 c m
da 10 20 30 40
á g ua
0,10 Solo supe rfic ia l
4 5 1,00 Argila siltosa , va rie ga da
2,3 14 20 1,80 ide m , m ole
Argila siltosa p ouc o
9 13 3,00 a re nosa , m a rron, dura

11 15 5,00 ide m , rija

22 35 ide m , d ura

27 37

28 38 O b s: nã o se v e rific o u
p re ssã o d ’ á g ua
29 39
18,00 Argila siltosa , dura
30 43

31 47 20,45 lim ite de sonda ge m


C LIENTE: 1:1000
Lo c a l: Ru a X 07/ 04/ 99 LO G O
Re sp o nsá ve l Té c nic o : SP 01

Perfil de sondagem geológica (parte do laudo técnico)


Ensaio prático para a determinação de tensão admissível do solo pelo método
simples.
 = P/c . S [(n.h /e)+(n+1 /2)]
 = tensão adm issível do solo;
P P = peso do pilão (K g);
S = superfície da face inferior do pilão (cm ²);
c = coeficiente de segurança (10);
n = núm ero de golpes (quedas) do pilão;
h = altura de queda (m );
e = penetração no solo do pilão (m ).

Ensaio prático pelo método simples


Exemplo: Um pilão de 20 Kg que tem diâmetro de 15 cm cai 10 vezes de uma altura de
0,50 m e penetra no solo 5 cm. Qual é a resistência do terreno?

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S=  R² = 3,14x 7,5² =176,70 cm²


 = 20/10 x 176,7 [(10x 0,5 / 0,05) + (10+1/2)] = 1,192 ou  = 1,2 kg/cm²
Obs: O solo classifica-se como arenoso.

5- ESPECIFICAÇÕES DE UMA ESTRUTURA DE FUNDAÇÃO

O processo de especificação de um tipo de fundação, na generalidade dos casos,


determina freqüentemente dois tipos de fundações, chamadas genericamente de
fundações do tipo rasa ou direta e do tipo indireta ou profunda.

5.1 – ESPECIFICAÇÕES PARA FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS


As fundações do tipo rasa ou direta é executada quando a resistência de embasamento
pode ser obtida no solo superficial numa profundidade que pode variar de 1,0 a 3,0
metros. Nesse caso, pode-se executar alicerces ou sistemas de sapatas interligadas por
vigamentos, levando em conta os seguintes cuidados na execução:
a) Executar o escoramento adequado na escavação das valas com
profundidades maiores que 1,5 m, quando o solo for instável;
b) Consolidar o fundo da vala, com a regularização e compactação do material;
c) Executar o lastro de concreto magro, para melhor distribuir as cargas
quando se tratar de alicerces de alvenaria de tijolos ou pedras, ou proteger
o concreto estrutural, quando se tratar de sapatas;
d) Determinar um sistema de drenagem para viabilizar a execução, quando
houver necessidade;
e) Utilizar sistema de ponteiras drenantes (Well Points), de acordo com a
próxima figura, dispostas na periferia da escavação com espaçamento de 1,0
a 3,0 m, interligadas por meio de tubo coletor a um conjunto de bombas
centrífugas, que realizam o rebaixamento do lençol freático em solos
saturados e arenosos;
f) Determinar um processo de impermeabilização da alvenaria acima do soco,
para não permitir a permeabilidade da umidade por capilaridade.
Va i p/ conjunto
motor-boma

Ponteiras
drena ntes
m
3
a
1
tro
do p /
la s

Nível d’á gua


ã o ta
uç p ro n

a ntes
e x le ta
ec
Va

Lençol reba ixa do

Sistema de rebaixamento de lençol freático

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5.2 – ESPECIFICAÇÕES PARA FUNDAÇÕES PROFUNDAS OU INDIRETAS


Quando o solo resistente se encontra em profundidades superiores a 3,0 metros,
podendo chegar a 20,0 m ou mais é recomendado executar fundações do tipo
profunda, cujo dimensionamento e especificação são determinadas pelas
características das cargas e do solo analisado, constituída de peça estrutural do tipo
haste (ou fuste) que resistem predominantemente esforços axiais de compressão.

6- CONSIDERAÇÕES SOBRE O DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES


No processo de dimensionamento de fundações o estudo compreende preliminarmente
duas partes essencialmente distintas:
a) Estudo do solo, por meio da sondagem, com a aplicação do estudo da
Mecânica dos Solos e Rochas;
b) Cálculo das cargas atuantes sobre a fundação, com a aplicação do estudo da
análise das estruturas.
Com esses dados, passa-se à escolha do tipo de fundação, sendo que:
a) As cargas da estrutura devem ser transmitidas às camadas de solo capazes
de suportá-las sem ruptura;
b) As deformações das camadas de solo subjacentes às fundações devem ser
compatíveis com as da estrutura;
c) A execução das fundações não deve causar danos às estruturas vizinhas;
d) Ao lado do aspecto técnico, a escolha do tipo de fundação deve atender ao
aspecto econômico.
e) Finalmente, segue-se o dimensionamento e detalhamento, estudando-se a
fundação como elemento estrutural.

7- CLASSIFICAÇÕES DAS FUNDAÇÕES


As fundações são elementos estruturais destinados a repartir sobre o solo o peso da
obra, da construção. No Quadro mostrado na próxima página são apresentadas as
tipologias mais comuns das estruturas de embasamento levando em consideração a
forma de execução, implantação, equipamento necessárias e as vantagens e
desvantagens de sua utilização.

7.1 - FUNDAÇÕES DIRETAS


São aquelas estruturas executadas em valas rasas, com profundidade máxima de 3,0
metros, ou as que repousam diretamente sobre solo firme e aflorado, como por
exemplo: rochas, moledos (rochas em decomposição), arenitos, piçaras compactas
etc., caracterizadas por alicerces e sapatas. Os alicerces são estruturas executadas
pelo assentamento de pedras ou tijolos maciços recozidos, em valas de pouca
profundidade (entre 0,50 a 1,20 m), e largura variando conforme a carga das paredes.

7
Quadro demonstrativo dos tipos de sistemas de infraestrutura de edificações e obras de engenharia
Sistema Tipo Forma de Forma de Equipamento Vantagens Desvantagens
execução implantação
Rasas ou diretas Alicerce ou Moldada in- Alvenaria de Não necessita Simplicidade Exige cuidados
sapata corrida loco tijolos maciços de especiais com solo
ou concreto equipamento abaixo do lençol
especial freático

Sapata isolada Moldada in- Concreto Não necessita Flexibilidade de Exige cuidados
loco armado de formas especiais com a
equipamento escavação
especial

Placas ou Moldada in- Concreto Equipamentos Baixo custo em Exige cuidados


Radiers loco armado usuais das terrenos especiais no
obras em homogêneos dimensionamento
Concreto
concreto
protendido

Indiretas/ Estaca de Pré- Cravação Bata-estacas Baixo-custo Pouca durabilidade


madeira fabricada de gravidade em locais com
Profundas ou Facilidade de corte variação de umidade
especiais e emenda
Baixa resistência a
Resistente aos
umidade e ataques
esforços de
de organismos
transporte e
manuseio

Durabilidade

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ilimitada se usada
em locais submersos
(água doce)

Estaca Pré- Cravação Bate-estacas Facilidade de Alto custo


metálica fabricada de gravidade cravação
ou a motor
Maior garantia de
integridade

Muito Resistente aos


esforços de
manuseio

Estaca de Pré- Cravação Bate-estacas Grande durabilidade Baixa resistência aos


concreto fabricada esforços de manuseio
Indicada para vários
e transporte
tipos de solicitações
Dificuldade de
execução de cortes e
emendas

Grande possibilidade
de falhas de
integridade

Strauss Moldada in- Cravação Bate-estacas Baixo custo Grande possibilidade


loco simples de falhas
Equipamento com
boa mobilidade no Não pode ultrapassar
canteiro o lençol freático

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Simplex Moldada in- Cravação Bate-estacas Pode ultrapassar o Difícil de encontrar


loco lençol freático comercialmente

Franki Moldada in- Cravação Bate-estacas Admite altas cargas Grande possibilidade
loco de falhas de
Indicada para
integridade
grandes
profundidades Vibração excessiva no
entorno

Recuperação de Estaca Mega Pré- Cravação por Macaco Indicada para Alto custo
patologias ou prensada fabricada reação hidráulico recuperar estruturas
sem demolição Demorada

Estaca Moldada in- Perfuração Perfuratriz e Indicada para Alto custo


injetada loco equipamento recuperar estruturas
Equipamentos
de injeção onde não é possível
especiais
utilizar vibração
(bate-estacas)

Obras simples Estaca broca Moldada in- Escavação Trado manual Rapidez Poucas profundidades
loco
Baixo custo

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As sapatas são estruturas de concreto armado, de pequena altura em relação às


dimensões da base. São estruturas “semiflexíveis”; ao contrário dos alicerces que
trabalham a compressão simples, as sapatas trabalham a flexão.

h<2 b
h - a ltura o u p ro fund id a d e
b - la rg ura (b a se m e nor)
To rre a lto p o rta nte
(te le fonia c e lula r)
Func io na c o m o um
b o ne c o te im o so

sa p a ta h
So lo re siste nte
b
Exe m p lo d e e strutura a p o ia d a so b re sa p a ta iso ld a

Quanto à forma, elas são usualmente de base quadrada, retangular, circular ou


poligonal.

Qua dra da Reta ngula r

Circula r Poligona l Sa pata isolada de


concreto armado
Forma da seção das sapatas isoladas

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7.2 - Fundações indiretas ou profundas


São aquelas em que o peso da construção é transmitido ao solo firme por meio de
um fuste, por método de ponta. Estas estruturas de transmissão podem ser estacas
ou tubulões. Na figura a seguir podem-se ver os elementos componentes de um
sistema de estaqueamento.
e sp e ra s
c a be ç a

fu ste

b u lb o
b a se
p o n ta

Esta c a m o ld a d a in - lo c o Esta c a p ré - m o ld a d a

8 - ALICERCES E SAPATAS
São fundações diretas que podem ser executados em estruturas dos tipos: isolada,
contínua ou radier (placas). A fundação do tipo isolada é a que suporta apenas a
carga de um pilar, podendo ser um bloco (em concreto simples ou ciclópico, com
grande altura em relação à base) ou uma sapata (em concreto armado, de pequena
altura em relação à base).
Os alicerces na generalidade dos casos são executados de forma contínua, sob a
linha de paredes de uma edificação, utilizando-se:
a) Sistema de alvenaria de tijolos maciços, em bloco simples ou escalonado;
b) Sistema de pedras argamassadas sobre lastro de concreto simples;
c) Sistema de alvenaria sobre lajes de concreto armado (sistema misto);
d) Sistema em concreto ciclópico.

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im p e rm e a b iliza ç ã o
p e d ra s d e m ã o
A lv e n a ria e sp e ra s
d e p e d ra s

la stro

So lo re siste n te

A lic e rc e e m a lv e n a ria d e p e d ra s Blo c o d e c o n c re to c ic ló p ic o

impermea biliza çã o

Alice rce em a lvena ria esca lona da Alicerce em la je de CA

As sapatas são estruturas que podem ser executadas de forma isoladas, associadas
ou combinadas, contínuas sob pilares ou muros.

Tronco pira midal Reta ngula r

Nervurada Sapa ta Ba umga rt

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viga de equilíbrio

divisa
Sapata comum

Sa pa ta de divisa

O RADIER é um sistema de fundação que reúne num só elemento de transmissão de


carga, um conjunto de pilares. Consiste em uma placa contínua em toda a área da
construção com o objetivo de distribuir a carga em toda superfície. Seu uso é
indicado para solos fracos e cuja espessura da camada é profunda. Podem ser
executados dois sistemas de radier: sistema constituído por laje de concreto
(sistema flexível) e sistema de laje e vigas de concreto (sistema rígido).

Ra die r fle xíve l Ra dier rígido

9- ESTACAS
As estacas são peças estruturais alongadas, de formato cilíndrico ou prismático,
que são cravadas (pré-fabricadas) ou confeccionadas no canteiro (in loco), com as
seguintes finalidades:
a) Transmissão de cargas a camadas profundas do terreno;
b) Contenção dos empuxos de terras ou de água (estaca prancha);
c) Compactação de terrenos.
As estacas recebem, da obra que suportam, esforços axiais de compressão. A estes
esforços elas resistem, seja pelo atrito das paredes laterais da estaca contra o solo,
seja pelas reações exercidas pelo solo resistente sobre a ponta da peça. Conforme
a estaca resista apenas pelo atrito lateral ou pela ponta, ela se denomina,
respectivamente, estaca flutuante ou estaca carregada de ponta. Observe a figura
abaixo:
(a) a capacidade resistente da estaca se compõe de duas parcelas: atrito lateral e
de ponta; em (b) a estaca é carregada na ponta, trabalhando pois como pilar; em

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(c) ela resiste pelo atrito lateral: é a estaca flutuante. Na situação (d) a estaca
atravessa um terreno que se adensa sob seu peso próprio, ou sob a ação de uma
camada de aterro sobrejacente, produzindo o fenômeno do atrito negativo, isto é,
o solo em vez de se opor ao afundamento da estaca, contrariamente, vai pesar
sobre ela favorecendo assim a sua penetração no solo.
P P P P

Te r r e n o e m
c u rso d e
c o n s o li d a ç ã o

a ) b ) c ) d)
Te r r e n o r e s ist e n t e

Tipos de estacas quanto à resistência do terreno


Quanto à posição, as estacas podem ser verticais e inclinadas e quanto aos esforços
a que ficam sujeitas, classificam-se em estacas de compressão, tração e flexão,
conforme exemplo da figura a seguir.
C o rtin a d e e sta c a s- p ra n c h a s NT
tra b a lh a n d o a fle x ã o
a t e rro
NA
tira n te

Te rre n o
n a tu ra l

Esta c a d e Esta c a d e
c o m p re ssã o tra ç ã o

So lo re siste n te

Estacas resistindo a diversos esforços

10- ESTACAS DE SUSTENTAÇÃO


São as que se caracterizam pela função de transmitir as cargas a camadas
profundas do solo. Podem ser classificadas em:
a) Estacas de madeiras;
b) Estacas de concreto;
c) Estacas metálicas.

10.1 - Estacas de madeira

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As estacas de madeiras devem ser de madeira dura, resistente, em peças retas,


roliças e descascadas. O diâmetro da seção pode variar de 18 a 35 cm e o
comprimento de 5 a 8 metros, geralmente limitado a 12 metros com emendas. No
caso da necessidade de comprimentos maiores as emendas deverão ser
providenciadas com talas de chapas metálicas e parafusos, devidamente
dimensionados.
A vida útil de uma estaca de madeira é praticamente ilimitada, quando mantida
permanentemente sob lençol freático (água). Caso esteja sujeita a variação de
umidade apodrecerá rapidamente. De qualquer maneira a estaca deve receber
tratamento de preservação para evitar o apodrecimento precoce e contra ataques
de insetos xilófagos. As madeiras mais utilizadas são: eucaliptos, peroba do campo,
maçaranduba, arueira etc.
Empiricamente, pode-se calcular o diâmetro mínimo de uma estaca de madeira em
função do seu comprimento, usando a seguinte fórmula:
A nel

D = 0 ,1 5 + 0 ,0 2 L

Ex : p a r a u m a e st a c a d e 1 0 m d e c o m p rim e n t o

D = 0 ,1 5 + 0 ,0 2 x 1 0
D = 0 ,1 5 + 0 ,2
L = 10 m
D D = 0 ,1 7 m

P o n t e ira m e t á lic a

A carga admissível depende das dimensões da estaca e da natureza das camadas


atravessadas no terreno, como ordem de grandeza, exemplifica-se:

Esta c a s d e m a d e ira Pré - m o ld a d a s d e c o n c re to


C a rg a C a rg a
D iâ m e tro a d m issív e l
D im e n sõ e s a d m issív e l
(c m ) ( t o n e la d a s) (c m ) ( to n e la d a s)

30 33 30x30 40

35 38 35x35 48

40 45 40x40 55

Comparação da carga admissível entre estacas de madeira e pré-moldadas


Durante a cravação, as cabeças das estacas devem ser protegidas por um anel
cilíndrico de aço, destinado a evitar seu rompimento sob os golpes do pilão, assim

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como é recomendável o emprego de uma ponteira metálica, a fim de facilitar a


penetração e proteger a madeira.

10.2 - Estacas de concreto


As fundações de estacas em concreto podem ser moldadas no local (in loco ou in
situ) ou pré-moldadas cravadas com a utilização de equipamento mecânico.

10.2.1 - Estacas moldadas no local

10.2.1.1 – Estacas Brocas


Estas estacas são executadas por uma ferramenta simples denominada broca (trado
de concha ou helicoidal – um tipo de saca rolha), que pode atingir até 6 metros de
profundidade, com diâmetro variando entre 15 a 25 cm, sendo aceitáveis para
pequenas cargas, ou seja, de 50 kN a 100 kN (kilo Newton). Recomenda-se que
sejam executadas estacas somente acima do nível do lençol freático, para evitar o
risco de estrangulamento do fuste. Devido ao esforço de escavação exigido são
necessárias duas pessoas para o trabalho.
O espaçamento entre as estacas brocas numa edificação não pode ultrapassar 4
metros e devem ser colocadas nas interseções das paredes e de forma eqüidistante
ao longo das paredes desde que menor ou igual ao espaçamento máximo permitido.
Nas figuras a seguir pode-se ver um exemplo da distribuição das estacas brocas
numa edificação de pequeno porte e um roteiro básico para a execução de estacas
brocas.
V ig a s b a ld ra m e s

Est a c a s b ro c a s

m á x. 4 m s/ e sc .

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Distribuição das estacas em obra de pequeno


Tra d o
m a nua l p ilã o

NA

1 ª fa se 2 ª fa se 3 ª fa se 4 ª fa se
e sc a v a ç ã o a p ilo a m e n to c o n c re ta g e m c o lo c a ç ã o
porte d o fu n d o e a d e n sa m e n t o d a s e sp e ra s

Execução de estacas brocas


Roteiro para execução de estacas brocas
a) escavação ou perfuração: utilizando trado manual (tipo concha ou
helicoidal), usando de água para facilitar a perfuração;
b) preparação: depois de atingir a profundidade máxima, promover o
apiloamento do fundo, executando um pequeno bulbo com pedra britada
2 ou 3, com um pilão metálico;
c) concretagem: Preencher todo o furo com concreto (traço 1x3x4),
promovendo o adequado adensamento, tomando cuidados especiais para
não contaminar o concreto (utilizar uma chapa de compensado com furo
para o lançamento do concreto para proteger a boca do furo);
d) colocação das esperas: fazer o acabamento na cota de arrasamento
desejada, fixando os arranques para os baldrames.
As estacas brocas podem ser agrupadas duas a duas, dependendo da carga a ser
distribuída, e executando-se pequenos blocos de concreto armado, como mostra a
figura a seguir. De qualquer forma, as estacas brocas deverão ser solidarizadas por
meio das vigas baldrames, evitando deixar estacas isoladas sem amarração com as
vigas. Nas figuras mostradas abaixo, são apresentadas algumas sugestões de seções
para as vigas baldrames mais utilizadas na prática de pequenas construções.
B

A A

B
B lo c o d e d u a s e sta c a s s/ e sc .

V ig a b a ld ra m e
C o rt e BB

A l v e n a r ia d e
e m b a sa m e n t o

E x e c u t a r b lo c o s c o m d u a s
e s t a c a s s o b p i la r e s q u e
s u s t e n t a r ã o l a j e d e c a ix a
d ’á g u a .

C o rt e A A

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im p e rm e a b iliza ç ã o
A lv e n a ria

V ig a
b a ld ra m e
La stro
e sp e ra s
A rm a d u ra d a v ig a
Esta c a b ro c a

V ig a p / V ig a s p /
p a re d e s p a re d e s
20 c m

in te rn a s e x te rn a s

15 c m 20 a 22 c m

V ig a e x e c u ta d a c o m V ig a e x e c u ta d a c o m V ig a e x e c u ta d a c o m
fo rm a s d e m a d e ira c a n e le ta d e tijo lo s c a n e le ta d e b lo c o s

Com uso crescente na construção civil em função de sua rapidez, o estacão (uma
derivação das estacas brocas) tem o processo de perfuração executado por meio de
escavadeiras hidráulicas equipadas com trados de diâmetro de 25 cm. Todos os
cuidados relativos às estacas brocas devem ser observados na execução do estacão,
principalmente no que diz respeito a integridade da estaca na fase de
concretagem.

10.2.1.2 – Estacas Strauss


Estas estacas abrangem a faixa de carga compreendida entre 200 e 800 kN, com
diâmetro variando entre 25 e 40 cm. Uma estaca do tipo strauss com diâmetro de
25 cm pode suportar até 20 toneladas, de 32 cm até 30 t e de 38 cm chega a
suportar 40 t.
A execução requer um equipamento constituído de um tripé de madeira ou de aço,
um guincho acoplado a um motor (combustão ou elétrico), uma sonda de percussão
munida de válvula em sua extremidade inferior, para a retirada de terra, um
soquete com aproximadamente 300 kg, tubulação de aço com elementos de 2 a 3
metros de comprimento, rosqueáveis entre si, um guincho manual para retirada da
tubulação, além de roldanas, cabos de aço e ferramentas.
A estaca strauss apresenta vantagem de leveza e simplicidade do equipamento que
emprega, o que possibilita a sua utilização em locais confinados, em terrenos
acidentados ou ainda no interior de construções existentes, com o pé direito
reduzido. Outra vantagem operacional é de o processo não causa vibrações que
poderiam provocar danos nas edificações vizinhas ou instalações que se encontrem
em situação relativamente precária.
Como característica principal, o sistema de execução usa revestimento metálico
recuperável, de ponta aberta, para permitir a escavação do solo, podendo ser em

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solo seco ou abaixo do nível d’água, executando-se estacas em concreto simples ou


armado.
Processo executivo das estacas strauss

NA

1ª fa se 2ª fa se 3ª fa se 4ª fa se
esca va çã o confecç ão concreta gem, coloca çã o
e cra va çã o do bulbo a densamento da s espera s
e retira da do tubo

Execução de estacas Strauss

10.2.1.3 – Estacas Simplex


Neste tipo de estaca a descida do tubo é feita por cravação e não por perfuração
como é feita na estaca strauss. Este tubo é espesso e provido de uma ponteira
metálica (recuperável) ou elemento pré-moldado de concreto (perdido na
concretagem), para impedir a entrada de solo no interior do tubo.
Durante a descida do tubo, utilizamos um pequeno peso, servindo de sonda, que
fica suspenso dentro do molde por uma roldana presa ao topo do mesmo. Desta
maneira, temos um modo de verificar, se a ponteira de concreto permanece
intacta, durante a cravação.
Alcançada a profundidade desejada, enche-se o tubo até o topo com concreto
plástico e, por um movimento lento, mas contínuo, arranca-se de uma só vez o
tubo inteiro e a ponteira metálica.

N A

1 ª fa se 2 ª fa se 3 ª fa s e 4 ª fa s e
p re p a ra ç ã o c ra v a ç ã o d e sp re n d e r a rm a d u ra
a p o n t e ir a c o n c re ta g e m
e r e t i ra d a d o t u b o

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10.2.1.4 – Estacas Franki


Estas estacas abrangem a faixa de carga de 500 a 1700 kN e seu progresso
executivo que consiste na cravação de um tubo com ponta fechada e execução de
base alargada, causando muita vibração, podendo provocar danos nas construções
vizinhas.
Na execução, crava-se o tubo no solo, logo a seguir se derrama uma quantidade de
concreto quase seco, apiloado por meio de um pesado maço, de modo a formar um
tampão, para impedir a entrada d’água e solo no interior do tubo, que é arrastado
e obrigado a penetrar no terreno.
Alcançado a profundidade desejada, imobiliza-se o tubo e com percussões
energéticas destaca-se o tampão, o qual junto com uma carga de concreto é
apiloado no terreno para a formação do bulbo.
Logo após lançam-se novas quantidades de concreto que se apiloam ao mesmo
tempo em que se efetua a retirada parcial do tubo, elevando de 20 a 30 cm de
cada vez.
Ao contrário das estacas pré-moldadas, estas estacas são recomendadas para o caso
em que a camada resistente encontra-se em profundidades variáveis. Também no
caso de terrenos com pedregulhos ou pequenos matacões relativamente dispersos,
pode-se utilizar esse tipo de estacas. A forma rugosa do fuste garante boa
aderência ao solo (resistência por atrito). Havendo a ocorrência de camada de
argila rija poderá haver deslocamento da estaca já concretada por compressão
lateral. Nesse caso a solução é atravessar a camada de argila usando trado para
evitar impactos.

NA

1 ª fa se 2 ª fa se 3 ª fa se 4 ª fa se 5 ª fa se
p re p a ra ç ã o c ra v a ç ã o c o n fe c ç ã o a rm a d u ra c o n c re ta g e m
d a p o n te ira d o b u lb o e re tira d a
( b u c h a se c a ) d o tu b o

Execução de estaca tipo franki

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10.2.1.5 – Estacas Tipo Raiz


São estacas moldadas in loco perfuradas com circulação de água ou método
rotativo ou rotativo-percursivo em diâmetros variando de 130 a 450 mm e
executadas com injeção de argamassa ou calda de cimento sob baixa pressão.
No caso de estacas raiz perfuradas exclusivamente em solos, a perfuração é
revestida com tubo metálico recuperável para garantir a integridade do fuste. Se
ocorrer perfuração em trecho de rocha (passagem de matacões ou engastamento
em rochas sãs), isso se dará pelo processo rotativo-percursivo sem a necessidade de
revestimento metálico.
A estaca raiz é indicada para reforços de fundação, complementação de obras
(ampliações), locais de difícil acesso e em obras onde é necessário ultrapassar
camadas rochosas, fundações de obras com vizinhança sensível a vibrações ou
poluição sonora, ou ainda, para obras de contenções de taludes.
Dependendo do equipamento utilizado as estacas podem ser executadas em
ângulos diferentes da vertical (0° a 90°). O equipamento perfuratriz é equipado
com sistema de rotação e avanço do revestimento metálico provisório ou por
máquinas a roto-percussão com martelo acionados a ar comprimido. São
equipamentos relativamente pequenos e robustos que possibilitam a operação em
locais com espaços restritos, no interior de construções existentes e locais
subterrâneos.
Existem ainda equipamentos autônomos sobre trator de esteiras, acionados por
motor diesel para sua locomoção e para funcionamento do sistema hidráulico.
Completada a perfuração com revestimento total do furo, é colocada a armadura
necessária, procedendo-se a seguir a concretagem do fuste com a correspondente
retirada do tubo de revestimento. A armadura pode ter a seção de aço modificada
ao longo do fuste, em função do diagrama de atrito lateral.
A concretagem é executada de baixo para cima, aplicando-se regularmente uma
pressão rigorosamente controlada e variável, em função da natureza do terreno.
Normalmente, esta pressão varia de 0 a 0,4 Mpa (4,0 kgf/cm2). A argamassa de
cimento e areia (podendo utilizar cimento de alta resistência inicial quando houver
a possibilidade de fuga da nata de cimento) com resistência mínima de 18 Mpa.

s o lo

s o lo c o m m a ta c õ e s

ro c h a

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E q u ip a m e n t o d e p e r f u r a ç ã o d e e s ta c a s r a iz
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Processo executivo das estacas tipo raiz:

Perfuração com Colocação da Preenchimento do Retirada do tubo e


revestimento e armadura dentro do tubo de preenchimento do
retirada da água e tubo de revestimento com fuste alargado com
do material revestimento argamassa sob argamassa sob
pressão pressão

Execução de estaca tipo raiz

10.2.2 – Estacas pré-moldadas

10.2.2.1 – Estacas pré-moldadas de concreto armado


As estacas de concreto são indicadas para transpor camadas extensas de solo mole
e em terrenos onde o plano de fundação se encontra a uma profundidade
homogênea, sem restrição ao seu uso abaixo do lençol freático. As estacas podem
ser de concreto centrifugado ou receber pró-tensão e exigem controle tecnológico
na sua fabricação. A principal desvantagem é a relacionada ao transporte, que
exige cuidado redobrado no manuseio e verificação de sua integridade momentos
antes da sua cravação.

2 0 x 2 0
2 5 x 2 5
3 0 x 3 0 E s t rib o
3 5 x 3 5 h e lic o id a l

P o n ta é o p c io n a l

Se ç ã o q u a d ra d a O c to g o n a l

Estacas pré-moldadas de concreto armado

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10.2.2.2 – Estacas metálicas


Indicadas pela sua grande capacidade de suporte de cargas e em terrenos onde a
profundidade do plano de fundação é muito variável, sem problemas quanto ao
transporte e manuseio, permitindo aproveitamento de peças cortadas e a
combinação de perfis, desde que devidamente soldados. A principal vantagem é a
rapidez na cravação, podendo ser utilizadas em solos duros e a desvantagem
particular é a dificuldade em avaliar a nega.

Pe rfis c o m e rc ia is Trilho s usa d o s so ld a d o s


10.2.2.3 – Estacas Mega ou prensada
Este tipo de estacas é indicado para recuperação de estruturas que sofreram algum
tipo de recalque ou dano ou para reforço de embasamento nos casos em que se
deseje aumentar a carga sobre a fundação existente. Na sua execução são
empregados pessoal e equipamentos especializados e utilizam módulos de estacas
pré-moldados sendo sua cravação conseguida por reação da estrutura existente.
Os elementos constituem de uma ponta que pode ser em aço ou, mais freqüente,
de concreto pré-moldado e por módulos extensores em formato de tubo, ou seja
oco por dentro, com encaixes, de modo que fiquem bem travados. A solidarização
é conseguida, após atingir a nega (por reação), colocando-se a armadura e
concretando-se na parte oca da estaca, deixando esperas. Por fim é conveniente
executar um bloco de coroamento logo acima de um travesseiro, para solidarizar a
estrutura a ser reforçada com a estaca prensada colocada.

NT

re c a lq u e
Fu n d a ç ã o
Macaco
e x iste n te
p ist ã o h id rá u lic o

M ó d u lo s
p ré - m o ld a d o s
NA

p o n ta

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Execução de estacas prensada


Elementos de solidarização da estaca Mega

B lo c o d e
s o li d a r iz a ç ã o

Tr a v e s s e ir o

E le m e n to
p ré - m o ld a d o

E sp e ra s e c o n c re ta g e m
d e s o l id a r iz a ç ã o d o s
e le m e n to s p ré - m o ld a d o s

10.3 – Bate-estacas
A escolha do equipamento depende do tipo de estaca que vai ser utilizada e de um
estudo prévio das condições do terreno, da área de manobras, das construções
próximas, dos acessos etc.

10.3.1 – Bate-estacas por gravidade


São os mais utilizados e de funcionamento mais simples, constituído de uma massa
metálica (pilão ou martelo) que içado por meio de guinchos, cabos e uma torre ou
tripé, é deixado cair de uma altura determinada, cravando a estaca com golpes
sucessivos. Embora de custo relativamente acessível, tem como principal
desvantagem sua lentidão, pois não consegue ser manobrado facilmente.

To rre
10 a 25 m

Ca bos
G u in c h o
M a rte lo d e m o v im e n ta ç ã o
1 a 4 to n e c a rre g a m e n to
G u in c h o
d e c ra v a ç ã o
C a p a c e te
O p e ra d o r

M o to r
Esta c a
d ie z e l

Estra d o d e
p ra n c h õ e s

P la ta fo rm a
3 a 6 m

Bate-estaca de gravidade

10.3.2 – Bate-estacas de simples ou duplo efeito


Em geral, funcionam a vapor ou a ar comprimido, proporcionando uma cravação
mais rápida pois além da gravidade recebem um adicional de pressão no martelo.

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Embora muito eficientes estão caindo em desuso. A estrutura da torre, a


movimentação e a operação são muito semelhantes ao bate-estaca comum de
gravidade. Os de simples efeito, apenas recebem pressão no martelo de baixo para
cima para elevar o martelo e a cravação se dá por gravidade. Os de duplo efeito,
além da pressão de levantamento ocorre uma pressão adicional no momento da
queda do martelo, somando-se o efeito da gravidade e da pressão adicional na
cravação.

10.3.3 – Bate-estacas de vibração


São equipamentos que dispensam o uso de torres, tripés e guias, necessitando
apenas de um guindaste para fazer o acoplamento nas estacas. As vantagens são a
extrema rapidez e a versatilidade de operação e movimentação em canteiros com
pouco espaço. A cravação se dá por oscilação de massas excêntricas acionadas por
eletricidade, motor diesel ou ar comprimido.

10.4 – Capacidade de carga das estacas


A determinação da resistência de estacas cravadas pode ser feita por meio da
aplicação de fórmulas empíricas que relacionam a resistência da estaca com a
penetração média ocorrida na última série de batidas do bate-estaca. Já para
estacas moldadas in loco o ideal é realizar provas de carga de conformidade com a
norma técnica. A prova de carga também é necessária nas obras de maior vulto,
pois poderão indicar a possibilidade da redução dos coeficientes de segurança
adotados e com isso auferir menos custo de execução dentro de uma garantia
máxima de qualidade.

h . P2 . p
R =
3 ( P + p )2 . n

R - Re sistê n c ia d a e sta c a ( c a p c id a d e d e c a rg a e m k g )
h - a lt u ra d e q u e d a d o m a rt e lo ( c m )
P - p e so d o m a rte lo ( k g )
p - p e so d a e sta c a ( k g )
n - n e g a d a e sta c a ( p e n e tra ç ã o m é d ia d a e sta c a e m c m
na ú lt im a sé rie d e g o lp e s)
3 - c o e fic ie n t e d e se g u ra n ç a ( 3 a 5 )

Fórmula de Brix para o cálculo da resistência de estacas cravadas

11 – ESTACAS DE CONTENÇÃO
São estruturas de embasamento executadas em caráter preventivo contra
desmoronamentos provocados, principalmente pela ação da água, por sobrecarga
e/ou vibração de equipamentos próximos a trabalhos de abertura de valas, poços,
escavação etc. Essas estruturas podem ser provisórias, ou seja, que são retiradas
depois de cumprirem com o objetivo estabelecido ou definitivas, que são

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incorporadas à obra fazendo parte da estrutura de sustentação ou como elemento


de contenção definitivo.
Outro aspecto importante a considerar é a proteção aos edifícios vizinhos e aos
logradouros públicos (calçadas e ruas) próximos a local onde será necessário
escavar. Além das obras de contenção, eventualmente, é prudente contratar
seguros para as instalações ameaçadas. O mais importante é nunca iniciar uma obra
sem Ter absoluto controle sobre as conseqüências das escavações.
sob rec a rg a

vib ra ç ã o
Ág ua sup erfic ia l
Po ssível linha
d e fra tura
Co nsistênc ia
d o so lo
Ta lude a
Ág ua
ser escora do
sub te rrâ nea
H

Mo to-b om b a

11.1 – Tipos de escoramentos


A escolha do tipo mais adequado (método de execução e material) a ser usado vai
depender dos fatores envolvidos, tais como: a altura do talude (escavação), a
consistência do terreno, a ocorrência de chuvas, a proximidade das edificações no
entorno da obra, o espaço disponível para operar equipamentos, dos prazos e
custos etc. No quadro a seguir estão colocados os diversos tipos de escoramentos
encontrados na área da construção civil urbana.

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Viga s, Ca ibros
Escora s ou
Postes
estronca s
Pra nchões
Pa inel ou Tábua s
peça s Pra nchas
Ma deira Tra vessões
Viga s
Ca ibros (pontaletes)
Viga s
Guia s
Ca ibros
Esta cas pra ncha s
Escoramentos
provisórios Trilhos usa dos
Metá lico Pe rfis H I (10” ou 12”)
Esta cas pra ncha s

Escora s metá lica s Ponta lete extensível


Misto Pra ncha s
Esta ca s pra ncha s

Trilhos usa dos


Metá lico Perfis H I (10” ou 12”)
Esta c as pra ncha s

Escoramentos
definitivos
Esta c as molda da s in-loco
Esta c as pré-molda da s
Concreto
Cortina s
Pa redes dia fra gma

Provisórios
Escoramento Tirantes
a tira nta do Definitivos (ma nutenç ã o contra corrosã o)

Outro tipo de proteção de taludes escavados quando não é viável a utilização de


escoramento é a execução de patamares horizontais intercalados nos taludes
inclinados chamados de bermas. Esse recurso é muito utilizado em obras
rodoviárias, mas pode ser empregado em obras urbanas. O cuidado a ser adotado
na execução das bermas e taludes livres é a com o adequado destino das águas
superficiais ou que afloram nos taludes por meio de canaletas e coletores
(drenagem) e a proteção por meio de plantio de grama ou vegetação apropriada.

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11.2 – Paredes diafragma


São paredes de contenção verticais executadas em argamassa ou concreto simples
ou armado podendo ainda servir de suporte de cargas e como camada de
impermeabilização. As paredes executadas com mistura de argila e cimento são
diafragmas flexíveis e as executadas em concreto são diafragmas rígidos. Embora
tecnicamente simples, o processo utiliza pessoal, equipamentos e materiais
especializados. A escavação é feita por uma escavadeira de esteira equipada com
Clamshell ou um trado batilon. Para impedir o desabamento das paredes da
escavação é utilizado uma suspensão estabilizadora aquosa de argila bentonita,
conhecida por lama bentonita, que ficará protegendo contra desabamentos até a
concretagem. Abaixo, o esquema mostra o processo construtivo da parede
diafragma, sendo que na 1ª etapa é feita a escavação, conforme mostra a figura a
seguir, e na 2ª etapa são colocados os tubos para as juntas das extremidades.

La m a b ento nita

Clamshell

Equipamento para execução de paredes diafragmas

3 ª e t a p a : c o lo c a ç ã o 4 ª e t a p a : in íc io d a
d a a rm a d u r a c o n c re t a g e m

5 ª e t a p a : c o n c re t a g e m e 5 ª e t a p a : r e t ir a d a d o s t u b o s
r e t ir a d a d a la m a

Processo executivo da parede diafragma

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Quadro resumo para escolha da fundação em função do subsolo


Condição Opções para estrutura de fundação

do subsolo Estruturas leves, Estruturas pesadas, rígidas


flexíveis

Camada resistente a pouca Blocos Blocos


profundidade
Sapatas Sapatas

Radier raso

Camada compressível com Sapata após Radier profundo


grande espessura compactação
Estacas de ponta
Radier raso
Estacas flutuantes
Estacas flutuantes

Camadas fracas sobre Estacas de ponta Estacas de ponta


camada resistente
Bloco após compactação Tubulões

Sapata após Radier profundo


compactação

Radier raso

Camada resistente sobre Blocos Radier profundo


camada fraca
Sapatas Estacas de ponta

Radier raso tubulões

Camadas fracas e Blocos Radier profundo


resistentes alternadas
Sapatas Estacas de ponta

Radier raso tubulões

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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
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12 – TUBULÕES
Tubulões são indicados onde são necessárias fundações com alta capacidade de
cargas (superiores a 500 kN) podendo ser executados acima do nível do lençol
freático (escavação a céu aberto) ou até abaixo do nível de água (ambientes
submersos), nos casos em que é possível bombear a água ou utilizar ar comprimido.

12.1 – Tubulão encamisado escavado a céu aberto


Este tipo de tubulão é o de execução mais simples e consiste na escavação manual
de um poço com diâmetro variando de 0,70 a 1,20 metro, cujo emprego fica
restrito a solos coesivos e acima de nível d’água. Na medida em que vai sendo
escavado o tubo de concreto pré-moldado ou metálico vai descendo até a cota
necessária, tem sua base alargada em forma de tronco de cone circular ou elíptico,
sendo então totalmente preenchido de concreto simples ou armado.
No sistema chamado Chicago, a escavação é feita em etapas, manualmente, com
pá, cortadeira e picareta, em profundidades que podem variar de 0,50 m para
argilas moles até 2,00 m para argilas duras. As paredes são escoradas com pranchas
verticais, ajustadas por meio de anéis de aço, escavando-se novas camadas,
sucessivamente até atingir o solo resistente (cota de assentamento) onde é
executado o alargamento da base (cebola) e após a liberação, preenche-se
totalmente o poço com concreto.
Num outro sistema, chamado Gow, indicados para solos não coesivos, são usados
cilindros telescópicos de aço, cravados por percussão, que revestem o poço
escavado a pá e picareta. Atingida a cota desejada, faz-se o alargamento da base
e, juntamente com a concretagem procede-se a retirada dos tubos.

12.2 – Tubulão encamisado a ar comprimido


Quando a especificação para a execução do tubulão exige cotas de assentamento
abaixo do lençol freático ou submersos a indicação é para a utilização de tubulões
executados sob pressão hiperbárica a fim de expulsar a água e permitir a escavação
manual ou com o uso de marteletes e até explosivos, se for o caso. Durante a fase
de concretagem, também há necessidade de se manter a pressurização que é feita
com os seguintes equipamentos: compressor de ar para fornecimento do ar
comprimido, campânula (eclusa) ou câmara de equilíbrio de pressão, conjuntos de
anéis de chapas de aço, anéis de concreto (tubos de concreto apropriados para
tubulões), escada tipo marinheiro, guincho e baldes, marteletes a ar comprimido e
ferramentas diversas.
Por se trará de trabalho especial sob pressão hiperbárica em ambiente considerado
insalubre com alto risco de vida para os trabalhadores, só pode ser realizada por
empresa registrada com pessoal especializado, usando técnicas e equipamentos

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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
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especiais. O Ministério do Trabalho regulamenta as atividades sob condições


hiperbáricas por meio do Anexo 6 da Norma Regulamentadora NR-15

NT

0,7 a 1,2 m

NT
2,0 m NA

Preparação do terreno e colocação Escavação a céu aberto até o nível


do anel de concreto do lençol freático e colocação do
segundo anel de concreto

campânula

guincho
cachimbo
de entrada
do
concreto
cachimbo
de saída do
material

NT

NA

escoras
perdidas

Colocação da campânula para


trabalho de escavação sob
Concretagem sob pressão
pressão hiperbárica com pessoal
hiperbárica
especializado

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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
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GLOSSÁRIO NA ÁREA DE PROJETOS E EXECUÇÃO DE FUNDAÇÕES


Bate-estaca – é o equipamento utilizado na cravação de estacas e pode ser em
torre ou tripé, mecânico de vibração ou de gravidade.
Bloco de coroamento – é o bloco de concreto armado executado para solidarizar um
grupo de estacas.
Bulbo de pressão – é o bulbo imaginário de distribuição da pressão exercida pela
sapata no terreno.
Capacete – peça que protege a cabeça da estaca do martelo de cravação, é
constituído de um cilindróide de aço com coxim interno de madeira.
Chapa de fretagem – peça de aço soldada sobre a estaca metálica na cota de
arrasamento a fim de permitir a soldagem das esperas e promover a consolidação
com o bloco de coroamento.
Cota de arrasamento (CA) – é a cota superior da estaca definida pelo projeto,
devendo as estacas ser cortadas nessa cota no caso de excesso.
Estaca de teste – estaca a ser executada no início dos trabalhos para confirmar os
dados do laudo de sondagem.
NA – Nível de água do lençol freático
Nega da estaca – é a dimensão admissível em milímetros para um número
sucessivos de golpes padronizados (massa e altura), usada para indicar a
possibilidade de encerrar a cravação de uma estaca.
NT – cota do terreno natural
Paliteiro – termo utilizado em obras para se referir as estacas colocadas muito
próximas umas das outras, geralmente de concreto pré-moldado ou madeira.
Prova de carga – é um teste padronizado para verificar a capacidade de carga de
uma estaca.
Recalque – é o deslocamento não desejado ocorrido no elemento de fundação
(estaca ou sapata) que irá contribuir para o aparecimento de patologias na
edificação.
Roletes espaçadores – roletes metálicos colocados nas armaduras das estacas com a
finalidade de garantir o recobrimento mínimo.
Suplemento – peça metálica que permite estender a cravação de estacas abaixo da
cota do terreno.
Tubo tremonha – tipo de tubulação com funil para permitir concretagens profundas
e evitar a segregação do concreto e o seccionamento das estacas.

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TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO
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Tubulão – tipo de fundação com fuste de grande diâmetro e base alargada em


talude negativo, geralmente executada com equipamentos especiais de ar
comprimido.

NORMAS TÉCNICAS PERTINENTES


RELACIONADA À FUNDAÇOES
Título da norma Código Última
atualização
Cordoalhas de fios de aço zincados para EB 795 1985
estais, tirantes, cabos mensageiros e usos NBR 5909
similares
Estaca e tubulão – prova de carga NB 20 1985
NBR 6121
Estacas - Ensaio de carregamento dinâmico NBR 13208 1994

Estacas - Prova de carga estática MB 3472 1991


NBR 12131
Execução de tirantes ancorados no terreno NB 565 1996
NBR 5629

Identificação e descrição de amostras de NB 617 1980


solos obtidas em sondagens de simples NBR 7250
reconhecimento dos solos
Programação de sondagens de simples NB 12 1979
reconhecimento dos solos para fundações NBR 8036
de edifícios
Projeto e execução de fundações NB 51 1996
NBR 6122
Projeto e execução de obras de concreto NB 1 1979
armado NBR 6118

Prova de carga direta sobre terreno de NB 27 1968


fundação NBR 6489

NORMAS DO MINISTÉRIO DE TRABALHO


NR – 15 Atividades e operações insalubres (Anexo 6 - Trabalho sob condições
hiperbáricas)

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DETALHES DE PROJETOS DE FUNDAÇÃO


Todos os projetos estruturais, iniciamos pela aplicação dos Eixos Transversais e
Longitudinais, esses eixos são indicados no centro- eixo de todas as paredes; e
devem seguir as mesmas dimensões do Projeto arquitetônico. Estes eixos serão
demarcados também in loco, na execução.

EIXOS CENTRAIS NAS


PAREDES

PLANTA DE LOCACAO DAS ESTACAS

EIXOS CENTRAIS
NAS PAREDES

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ESTRUTURAS
1-Definições
São elementos construtivos cuja finalidade é absorver os pesos dos elementos da
construção e cargas acidentais e transferi los para as fundações.
Nas edificações os elementos estruturais são: Paredes, lajes, vigas, pilares,
escadas, beirais, sacadas, marquises e reservatórios, tirantes e coberturas.

2-Classificação quanto ao material utilizado


Os materiais utilizados nas estruturas são alvenaría, madeira, aço, concreto,
alumínio e materiais sintéticos.
Duas características muito importantes para esta utilização são resistência e peso
próprio.( ver tabela abaixo)
Observar que os valores abaixo relacionados são apenas indicativos pois podem
apresentar resultados variáveis de acordo com as condições de uso

Resistência Peso
Material Kgf/cm2 kgf/m3

Madeira 100 600


Aço 1400 7800
Concreto 200 2500
Alvenaria 50 1800

Também é importante na escolha do material a ser utilizado, a facilidade de


execução e os recursos disponíveis

3-Esforços atuantes
a)-Tração
b)-Compressão
c)-Flexão
d)-Torção
e)-Flambagem
f)-Cisalhamento

4- Estruturas de alvenaria
As alvenarias são os elementos estruturais mais antigos.
O seu uso ainda é bastante comum, principalmente onde a mão de obra é de baixo
custo.

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Sua execução e a matéria prima utilizada (cerâmica, pedras naturais e blocos de


concreto) são de fácil obtenção.
O seu uso principal é na confecção de paredes portantes (que resistem pesos) ou
paredes divisórias.Podendo substituir, dependendo do projeto arquitetônico, vigas
e pilares, reduzindo custos.
Quando confeccionadas com tijolos cerâmicos comuns a resistência e confiabilidade
destes limitam a sua utilização. Porem com o uso de blocos cerâmicos ou de
concreto, confeccionados com controle de qualidade , com a utilização de
(grautes) e com a introdução de armaduras nos vazios grauteados, pode se obter
alvenarias com grande capacidade de suporte, permitindo a execução de edifícios
de quinze pavimentos ou mais.
Para viabilizar economicamente o uso das alvenarías como opção estrutural, há
necessidade de projetos que contemplem o uso dos blocos de forma racional,
projetando compartimentos e vãos de aberturas com dimensões proporcionais as
dimensões dos blocos a serem utilizados (paginação) e aproveitar os vazios para
inserir as tubulações de água esgotos e eletrodutos, reduzindo a mão de obra e as
quebras e desperdícios.

5- Estruturas de madeira
As estruturas de madeira estão sendo cada vez menos sendo utilizadas nas
estruturas em função do impacto ecológico causado pela sua extração.
É um material bastante eficiente na relação resistência / peso.
Com o desenvolvimento de técnicas de utilização de madeiras de reflorestamento
na confecção de produtos utilizáveis em estrutura, provavelmente a madeira seja o
material estrutural que menos danos causa à natureza, naturalmente limitada à sua
resistência.

6- Estruturas Metálicas
As estruturas metálicas históricamente foram utilizadas principalmente em grandes
estruturas.
No Brasil a produção de aço, iniciou por volta de 1940 com a inauguração da
Companhia Siderúrgica Nacional ( CSN ).
Até então, as estruturas existentes eram exclusivamente importadas, e a partir daí
o seu uso foi gradativamente aumentando.
Porem apenas recentemente, as siderúrgicas nacionais se interessaram pelo
pequeno consumidor , se dando conta que apesar de pequeno, é muito numeroso
gerando um consumo muito grande de produtos siderúrgicos.
Em função da origem em produtos importados e também, com interesse em
exportação, os materiais aquí produzidos tem dimensões e características técnicas
similares aos produtos de outros países.
Um obstáculo à utilização de estruturas metálicas é a cultura dos profissionais da
Construção Civil de não incluír o aço nas possíveis alternativas de soluções
estruturais.
Com razão, entendem que os profissionais com experiência na execução destas
estruturas, normalmente atuam em centros com indústria mecânica desenvolvida.

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Nos locais onde não há atividade significativa nesta área, é necessário um


investimento em treinamento de pessoal, que as empresas não querem ou não
podem financiar.
Visando atingir estes consumidores, a indústria siderúrgica passou a fornecer
produtos pré fabricados tais como telas para utilização em armaduras de lajes,
armaduras padronizadas para vigas e pilares, armaduras para confecção de sapatas,
treliças para fabricação de pré lajes e execução de estruturas de sustentação para
coberturas com telhas cerâmicas.
A partir desta iniciativa, o consumo destes produtos está sendo implementado pela
divulgação que tem utilizado meios de comunicação de alcance popular tais como a
televisão e o rádio e o patrocínio de eventos populares.
Mais recentemente estão sendo oferecidas aos consumidores inclusive, casas
populares com estrutura metálica (steel frame).
As estruturas metálicas de uso mais comum são as denominadas "treliças"
constituídas de barras que se interligam em pontos denominados "nós" . A principal
característica deste tipo de estrutura é que as cargas a serem sustentadas se
aplicam diretamente nos "nós" gerando esforços de tração ou compressão aos quais
as estruturas tem maios resistência.
As barras metálicas utilizadas nas estruturas têm perfís com dimensões
padronizadas sendo produzidos através de laminação (ferro no estado líquido
colocado em formas) ou constituído por chapas planas dobradas. Estes últimos são
barras mais leves e de menor custo porém geram mais mão de obra para cortar e
emendar (solda ou parafusos) com menor resistência que os laminados.
Dependendo dos pesos a serem sustentados é que se faz a escolha da opção mais
adequada.

7- Estruturas de concreto
O concreto é um material que se caracteriza por ter uma grande resistência a
compressão e não ter resistência a tração. Por este motivo é necessária a inclusão
de barras metálicas para que, com atuação solidária com o concreto através da
aderência entre ambos, os alongamentos possam ser evitados ou limitados.
Como falamos sobre estruturas de concreto, revisamos um pouco sobre CONCRETO e
suas especificações, as quais vimos em Tecnologias dos materiais.

Os 10 passos na execução do concreto


1 – o calculista projeta a estrutura e especifica a resistência à compressão
necessária e o módulo de elasticidade. Em função da concepção estrutural, calcula
os esforços solicitantes, dimensiona e detalha as peças estruturais. A Curva de
Gauss mostra as resistências obtidas em função do desvio-padrão da concreteira
2 -O laboratório de controle tecnológico realiza uma dosagem experimental até
chegar ao traço ideal. Nessa dosagem, são definidas a vida útil do concreto,
coesão, permeabilidade, homogeneidade e outros aspectos que se julgarem
necessários. Os parâmetros são modificados a partir da relação água/cimento,
definição do tipo de agregado, cimento, adições e aditivos.
3 - A usina de concreto realiza um rigoroso controle dos agregados e do cimento.
Mistura os elementos em silos e carrega a betoneira com o concreto definido em
contrato.

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4 - A concreteira molda corpos-de-prova para controle de produção. É necessário


para garantir a qualidade das propriedades exigidas pelo cliente.
5 - A betoneira sai da concreteira chega na obra e o responsável pela central de
concreto ajusta a água de amassamento perdida por evaporação durante o trajeto.
O concreto deve ser entregue no slump determinado.
6 - Para a aceitação do concreto, o cliente molda corpos-de-prova para controle de
recebimento.
7 - A concretagem é realizada, nesse caso, pelo método de bombeamento.
Lançamento, adensamento e cura devem ser bem executados para garantir um
concreto de boa qualidade.
8 - Os corpos-de-prova moldados pelo cliente são levados a um laboratório
tecnológico independente para serem rompidos. São armazenados em câmaras
úmidas até serem ensaiados em diferentes idades.
9 - O laboratório rompe os corpos-de-prova nos dias determinados e avalia se a
resistência está de acordo com o contrato.
10 - Caso os resultados sejam inferiores ao esperado, o calculista deve avaliar a
estrutura e, se for o caso, retirar testemunhos para um exame mais apurado. Em
casos extremos, o reforço estrutural ou a demolição parcial é a saída para evitar
imprevistos.

Diversos detalhes construtivos e especificações de projeto são observados visando


garantir a atuação solidária armadura x concreto. (ganchos, ancoragem reta, etc.)

Grande parte das estruturas usuais na construção civil estão sujeitas a esforços de
tração, flexão e flambagem que causam alongamentos.
Portanto é de fundamental importância que sejam utilizadas armaduras,
principalmente nas regiões onde estes alongamentos possam ocorrer.
Convenciona-se denominar de armadura positiva àquela localizada na parte
inferior da estrutura , e de armadura negativa a localizada na face superior da
estrutura.

O concreto armado pode ser executado "in loco" ou ser pré-moldado.


Entende-se por pré-moldadas, as estruturas executadas fora de seu local definitivo
de atuação.
Quando executado na sua localização definitiva, é necessário não só a execução de
formas como também a utilização de escoramentos.

Quando pré-moldado é necessária a utilização de equipamentos para transportá-lo


ao local definitivo.
Atualmente com o desenvolvimento da construção industrializada há uma
tendência de se utilizar peças pré-moldadas que reduzem os custos com mão de
obra, agilizam os serviços e permitem adotar processos repetitivos que melhoram a
qualidade e produtividade.
Com os pré-moldados , são instalados no canteiro de obra ou fora dele, linhas de
produção em série que permitem a concentração de equipamentos e outros
recursos melhorando a qualidade e aumentando a produção.
É importante que se verifique em cada caso, a viabilidade de executar elementos
pré-moldados.

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Os projetos devem ser feitos de maneira a tirar vantagem dos sistemas


industrializados utilizando dimensões repetitivas, modulando os elementos.
Para a utilização deste sistema, é necessário que os clientes sejam conscientizados
que pré-moldados geram juntas . Os profissionais envolvidos precisam saber que
esta técnica exige precisão dimensional, para não correr o risco de necessitar
adaptações em obra que acarretará na perda das vantagens do processo.
Verificaremos alguns sistemas estruturais em concreto armado, mais aplicados nas
construções, principalmente no Brasil, Alvenaria Estrutural e Estrutura
Convencional.

8- DEFINIÇÃO DAS ESTRUTURAS


A concepção estrutural não é um problema trivial. Na realidade, a concepção
estrutural apresenta um grande número de variáveis e uma multiplicidade de
soluções possíveis.
De posse do projeto arquitetônico, em geral se faz um estudo de soluções
estruturais, que serão analisadas por uma equipe multidisciplinar. O arquiteto
apresentará restrições para manter a funcionalidade e a estética do projeto, o
engenheiro de instalações posicionará as tubulações, o construtor indicará os
recursos técnicos disponíveis para a construção e o incorporador estabelecerá a
viabilidade financeira do investimento. Esses diversos fatores irão balizar o
engenheiro de estruturas, na elaboração do projeto estrutural definitivo. Essa fase,
de suma importância, surgiu recentemente com a introdução dos conceitos de
qualidade total, denominada compatibilização de projetos.
Segundo a Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE),
algumas reuniões entre o arquiteto e o engenheiro calculista trazem benefícios
imensos, pois é através dessa interação que algumas dificuldades, normalmente
encontradas entre a arquitetura e a estrutura, podem ser rapidamente
solucionadas, gerando economia e ótimos resultados para toda a construção.

8.1 - ESTRUTURA CONVENCIONAL

Entende-se como estrutura convencional aquela em que as lajes se apoiam em


vigas (tipo laje-viga-pilar), sendo que os vãos são preenchidos com tijolos de barro,
blocos cerâmicos, blocos de concreto, chapas acartonadas dry wall, etc, pois
possuem para função apenas de vedação, e não interferem na estrutura da
construção. Neste caso, o peso da construção é distribuído nos pilares, vigas, lajes
e fundações e, por isso, as paredes são conhecidas como “não-portantes”. Entre as
vantagens da estrutura convencional esta a possibilidade de criação de um projeto
mais arrojado e a utilização de portas e janelas fora das medidas padronizadas.
Apesar de ser mais caro que a alvenaria estrutural, é possível realizar qualquer tipo
de reforma.
Para a construção de elementos como pilares e vigas são usados aço estrutural e
formas de madeira. Depois da construção das paredes, é preciso “rasgá-las” para
embutir as instalações hidráulicas e elétricas, ou em construções otimizadas as

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previsoes dos pontos elétricos e hidráulicos permitem essa compatibilização sem


rasgá-las. Em seguida, deve ser iniciada a etapa de revestimento, caracterizada
pela aplicação do chapisco, massa grossa, massa fina e pintura. É importante
lembrar que a estruturação segue alguns critérios, para residências térreas ou
sobrados torna-se mais fácil a estruturação, em edifícios geralmente se inicia pela
locação dos pilares no pavimento-tipo, que segue a seguinte ordem: pilares de
canto, pilares nas áreas comuns a todos os pavimentos (região da escada e dos
elevadores), pilares de extremidade (situados no contorno do pavimento) e
finalmente pilares internos. Ao fazer a locação de pilares, o projetista já deve
preocupar-se paralelamente se não estão interferindo na arquitetura dos outros
pavimentos (garagem, mezanino etc), por exemplo, se permitem a realização de
manobras e estacionamento dos carros ou se não afetam as áreas sociais.
A colocação das vigas vai depender do tipo de laje que será adotada, já que as
vigas delimitam o contorno das lajes. Devem-se colocar as vigas no alinhamento das
alvenarias e começar definindo as vigas externas do pavimento. Além daquelas que
ligam os pilares que constituem os pórticos, outras vigas podem ser necessárias,
para dividir um painel de laje com grandes dimensões. Com o posicionamento das
vigas as lajes ficam praticamente definidas, faltando apenas, caso existam, as lajes
em balanço.

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Podemos observar na figura acima os pontos marcados com um sinal gráfico na cor
vermelha indicando os pontos de encontro de paredes, sendo estes locais os mais usuais para a
locação de pilares. Esta talvez seja a alternativa mais usada para a locação preliminar de
pilares

8.2 - ELEMENTOS DA ESTRUTURA CONVENCIONAL

8.2.1 -PILAR
Um pilar é um elemento estrutural vertical usado normalmente para receber os
esforços verticais de uma edificação e transferi-los para outros elementos, como as
fundações. Costuma estar associado ao sistema laje-viga-pilar
O pilar é a peça de mais responsabilidade da estrutura. Se uma viga ou uma laje
sofre uma ruptura, em geral é possível recuperar a estrutura. Se a mesma coisa
ocorre com um pilar, a recuperação é difícil. Usualmente, concretam-se
primeiramente os pilares e posteriormente as vigas e lajes. A distribuição do
carregamento nos pilares de um edifício ocorre conforme abaixo:

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A princípio, seria interessante colocar pilares em todos os cruzamentos de vigas, o


que faria com que as cargas percorressem o caminho mais curto entre o ponto de
aplicação e a fundação. Entretanto, uma estrutura pode se tornar antieconômica e
até mesmo, proibitiva sob o ponto de vista funcional, caso sejam projetados pilares
muito próximos uns dos outros.
Os pilares devem se localizar em pontos que não interfiram no conjunto
arquitetônico e não comprometam a circulação de halls, salas, pilotis, garagens,
etc.

Armadura de pilares
A ferragem é utilizada nos pilares para auxiliar o concreto a resistir aos esforços de
compressão, flambagem e em alguns casos, flexão. É constituída por ferros
longitudinais e estribos.
Para os pilares submetidos a cargas centradas os estribos têm a função de armar a
ferragem longitudinal e evitar a flambagem dessas barras.

8.2.2 - Vigas
As vigas são os elementos da estrutura que recebem as reações das lajes, e
eventualmente de outras vigas, e as transmitem para os pilares. São elementos
geralmente horizontais, sujeitos a cargas transversais ao seu eixo longitudinal,
trabalhando essencialmente à flexão.laje viga revestimento alvenaria parede de
Laje, viga, revestimento alvenaria, parede de tijolo furado, enchimento com
hidráulica ,instalação.

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8.2.3 - Vigas embutidas na parede.


As vigas numa estrutura de concreto armado podem ser revestidas ou aparentes.
Para edifícios residenciais e comerciais, com freqüência opta-se por esconder a
estrutura, ou seja, o revestimento cobre as vigas e pilares Nesses casos, a largura
das vigas depende da espessura das paredes.
• paredes externas com 25 cm ⇒ vigas com 20 cm
• paredes externas com 15 cm ⇒ vigas com 12 cm
• paredes internas com 15 cm ⇒ vigas com 10 a 12 cm
Em geral, vigas aparentes em locais de mudança de ambiente não ferem a estética.
Há alguns anos atrás, era comum projetar vigas em quase todas as posições de
paredes, o que levava a um grande consumo de fôrmas. Atualmente, dado ao custo
das fôrmas e à agilidade construtiva, é comum se considerar paredes
descarregando seu peso próprio diretamente sobre lajes, o que conduz a estruturas
menos recortadas, lajes maiores e menos vigas.
As vigas não precisam descarregar diretamente sobre pilares, podendo existir apoio
de viga sobre viga. A viga de maior altura, sendo a de menor vão, tem rigidez
muito superior àquela de menor altura, de modo que a menor se apóia na maior,
denominada viga principal. Um dos aspectos a ser levado em consideração para
definir o afastamento entre dois pilares é a altura que a viga que se apóia neles vai
assumir, tomando-se os devidos cuidados quanto à verificação da dimensão desses
elementos sobre as aberturas em geral.
A posição mais comum das vigas nas estruturas de concreto armado é sob as lajes.
Todavia pode-se construir a viga sobre a laje ou com a laje passando por seu
intermédio. Nesses casos têm-se as chamadas vigas invertidas ou semi-invertidas

As vigas invertidas são utilizadas em situações nas quais se deseja que a viga não
apareça na face inferior da laje, geralmente por questões de estética. As semi-
invertidas são empregadas em situações nas quais o pé-direito ou as esquadrias
limitem a altura útil da viga e o projeto estrutural exija uma viga alta.
A limitação que a NBR 6118 impõe para as vigas é que a espessura da alma seja de
pelo menos 8,0 cm seção retangular seção T seção I

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8.2.4 - Vigas baldrame


Na construção convencional de edifícios, ao nível dos blocos de fundação é
executado um vigamento cuja função é dar suporte às paredes e ligar os pilares,
travando a estrutura na horizontal. Essas vigas são denominadas cintas de fundação
ou vigas baldrame.
As cargas atuantes nas cintas de fundação são o peso próprio e carga de parede, se
houver.
As cintas são usadas entre pilares vizinhos, de modo contínuo ou não, e sempre que
existir parede nesse nível. Para as cintas, são válidas as mesmas recomendações
feitas para as vigas em geral, com a ressalva de que as cintas ficam "embutidas: no
próprio solo de fundação.
Em geral, o cintamento não recebe o carregamento de lajes. O contrapiso é
executado diretamente sobre o terreno compactado.
8.3 -LAJES
Uma laje é o elemento estrutural de uma edificação responsável por transmitir as
ações que nela chegam para as vigas que a sustentam, e destas para os pilares. As
lajes são elementos estruturais bidimensionais, caracterizadas por ter a espessura
muito menor do que as outras duas dimensões.
A distinção entre os diversos tipos de laje se faz basicamente em função do
processo construtivo. Assim, nos próximos tópicos, citam-se alguns tipos distintos
de laje usualmente empregados e suas particularidades.

LAJES MACIÇAS DE CONCRETO ARMADO


1.1- Lajes simples e retas
1.2- Lajes cogumelos - que se apóiam diretamente em pilares, com ou sem
capitéis
1.3- Lajes mistas
1.4- Lajes nervuradas (caixão perdido)
1.5- Lajes duplas - grelhas
1.6- Lajes de fundação – radiers
Lajes de vigotas, pré-fabricadas ou pré-moldadas

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2.1- Treliçada para fôrro ou piso - com lajotas cerâmicas ou poliestireno EPS
(isopor)
2.2- Laje PI
2.3- Lajes alveolares - geralmente protendidas
2.4- Placas especiais sob encomenda
2.5- Placas leves: mica, argila expandida, concreto celular auto-clavado, etc.

8.3.1 -LAJES MACIÇAS


A laje maciça não pode vencer grandes vãos, devido ao seu peso próprio.
É pratica usual adotar-se como vão médio econômico das lajes um valor entre 3,5m e 5m.
Nas lajes maciças devem ser respeitados os seguintes limites mínimos para a
espessura, de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2003):
a) 5 cm para lajes de cobertura;
b) 7 cm para lajes de piso;
c) 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
d) 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN.

8.3.2 -LAJES NERVURADAS


As lajes nervuradas são por definição um conjunto de nervuras solidarizadas por uma
mesa de concreto. O fato de as armaduras serem responsáveis pelos esforços resistentes de
tração permite que a zona tracionada seja demarcada em forma de nervuras, não
comprometendo a zona comprimida, que será resistida pela mesa de concreto. Segundo a
NBR 6118, “são as lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de
tração é constituída por nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte.”
A vantagem principal desta utilização é a redução do peso próprio da estrutura, já que o
volume de concreto diminui, e ainda há um aumento na inércia, já que a laje tem sua
altura aumentada. Para a execução destas nervuras pode-se utilizar material inerte como
forma perdida ou pode-se utilizar forma reaproveitável, na forma de caixotes. Tijolo
cerâmico, bloco de cimento e bloco de EPS (isopor) são os mais utilizados como materiais
inertes e os caixotes na sua maioria são feitos de propileno ou de metal.
A prática usual consiste em fazer painéis com vãos maiores que os das lajes maciças,
apoiados em vigas mais rígidas que as nervuras.

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A NBR 6118 apresenta diversas prescrições com relação aos procedimentos de cálculo e às
dimensões a serem respeitadas para as lajes nervuradas. Com relação às dimensões,
podem ser destacadas as seguintes:

Embora a norma de projeto atual não estabeleça um limite para a distância livre entre as
nervuras (a), convém não projetar nervuras excessivamente espaçadas. Para se ter uma
idéia, a versão anterior da NBR 6118 (1978) prescrevia que a distância livre entre as
nervuras (a) não deveria ultrapassar 100cm. Por outro lado, vale destacar que distâncias
entre eixos de nervuras compreendidas entre 65 e 110cm são mais usuais.

8.3.3 -LAJES PRÉ-FABRICADAS


As lajes pré-fabricadas surgem como um passo decisivo na industrialização do processo da
construção civil. A pré-fabricação é um método industrial de construção no qual os
elementos fabricados em série, por sistemas de produção em massa, são posteriormente
montados em obra, tendo como principais vantagens a redução do tempo de construção,
do peso da estrutura e, conseqüentemente, do custo final da obra. Pode-se ainda salientar
como grande vantagem a ausência de formas para as lajes. Vários tipos de lajes pré-
moldadas são oferecidas no mercado. Destacam-se entre elas a laje , a laje alveolar, a
laje com vigotas pré-moldadas (também chamadas de lajes tipo trilho e a laje treliçada

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8.3.4 - Seções transversais de lajes pré-moldadas


Essas lajes são formadas por elementos pré-moldados (vigota-trilho ou treliça), por
lajotas (normalmente cerâmicas) e pelo capeamento de concreto moldado no local. A
armadura do elemento tipo trilho é formada por barras longitudinais retas colocadas na
parte inferior do mesmo. A armadura do elemento tipo treliça é uma treliça espacial de
aço composta por três banzos paralelos e diagonais laterais de forma senoidal, soldadas
aos banzos por processo eletrônico.
Os elementos pré-moldados, nas fases de montagem e concretagem, são os elementos
resistentes do sistema, e têm a capacidade de suportar, além de seu peso próprio, a ação
das lajotas do concreto da capa e de suportar uma pequena carga acidental (um homem se
locomovendo) para um vão de até 1,5m. Dessa maneira, o escoramento necessário para
executar uma laje desse tipo não requer um grande número de pontaletes ou escoras.
Além disso, para executar a concretagem da capa não é necessário o uso de fôrmas, como
é o caso das lajes maciças de concreto, pois o elemento pré-moldado e a lajota fazem esse
papel. Essa é a principal vantagem desse tipo de laje: não se gasta fôrma e é necessário
pouco escoramento.
Como principais desvantagens podem ser destacados a dificuldade na execução das
instalações prediais e os valores dos deslocamentos transversais, bem maiores que os
apresentados pelas lajes maciças.
Também são utilizados, como alternativa às lajotas cerâmicas, outros elementos de
enchimento, como blocos de concreto, de isopor EPS (poliestireno expandido), de concreto
airado, etc, permitindo um número menor de vigotas.

Execução de lajes treliçadas

8.3.5 - ESTRUTURA COM LAJES SEM VIGAS


Esse tipo de sistema estrutural apresenta uma versatilidade muito grande à concepção
arquitetônica, já que a ausência de vigas propicia uma liberdade maior a mudanças no
“layout”dos pavimentos.
As lajes cogumelo (figura 6c) são lajes apoiadas diretamente em pilares, com capitéis,
enquanto lajes lisas (figura 6b) são as apoiadas nos pilares sem capitéis. O capitel é um
engrossamento da seção transversal do pilar, próximo à ligação com a laje, cuja finalidade
é diminuir as tensões de cisalhamento que aparecem nesse tipo de ligação. Essas tensões
de cisalhamento estão associadas a uma forma de ruína possível em ligações laje-pilar em
sistemas de piso sem vigas: a punção.

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Estrutura convencional (com vigas) e estrutura com laje sem vigas


Nas primeiras lajes sem vigas era comum o uso de capitéis, visando ao enrijecimento da
ligação laje-pilar, mas isto prejudicava uma das suas principais vantagens, que é a
ausência de recortes na forma do pavimento. Com o desenvolvimento do sistema,
abandonou-se o uso de capitéis na maioria dos casos e passou-se a fazer uma criteriosa
verificação da punção. As lajes lisas podem ser maciças ou nervuradas; caso sejam
nervuradas a região em torno do pilar será maciça (capitel embutido).
Algumas das principais vantagens do sistema de lajes sem vigas mencionadas são:
maior simplicidade na execução das fôrmas, devido ao fato de existirem recortes apenas
na ligação com os pilares, e também na montagem das armaduras, possibilitando o
emprego de telas pré-fabricadas;
maior facilidade no lançamento, adensamento e desforma do concreto; a não existência
de vigas ocasiona um menor número de recortes, diminuindo, assim, o número de regiões
onde é comum aparecerem falhas (vazios, ninhos, bicheiras), devidas à dificuldade de
acesso do vibrador;
redução do tempo nas tarefas de execução de fôrmas, de armaduras e de concretagem;
a inexistência de vigas propicia boas condições de adaptação da obra a diferentes
finalidades durante sua vida útil, uma vez que as divisórias não estão mais
condicionadas à rígida localização das vigas do piso e das do teto;
As principais desvantagens das lajes sem vigas do ponto de vista estrutural são:
pequena rigidez das estruturas às ações laterais, quando comparadas com estruturas
convencionais; puncionamento das lajes pelos pilares e, por fim, os grandes deslocamentos
transversais que ocorrem principalmente nas bordas livres e que podem chegar a atingir
um estado limite de utilização. Observa-se ainda que o consumo de aço e de concreto
referente a esse sistema estrutural é ligeiramente superior ao obtido com a adoção de uma
estrutura convencional.
Recentemente, o emprego desse sistema com a utilização de protensão com cordoalhas
engraxadas têm se mostrado bastante vantajoso, em particular para o melhor
comportamento estrutural frente à fissuração e a deslocabilidade.

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Edifício com estrutura de lajes lisas sem vigas.

Lajes de dimensões muito reduzidas conduzem a um maior consumo de fôrmas.


Portanto, na medida do possível, procura-se projetar lajes com área não inferior a
6,0 m2. Por outro lado, lajes que ultrapassem a dimensão de 6,0 m na menor
dimensão, podem se tornar anti-econômicas e exigirem um aumento considerável
da espessura para atenderem os critérios de deformação.
A espessura econômica para lajes está associada ao tamanho dos vãos. Os vãos
econômicos para lajes maciças de concreto armado ficam em torno de 4,0 m,
resultando áreas de 15 a 20 m2.

As ações usualmente atuantes nas lajes são as seguintes:


• peso próprio;
• peso de revestimento (pavimento: granito, tábua corrida; revestimento da face
inferior);
• impermeabilização / isolamento;
• sobrecargas de utilização (NBR 6120);
• coberturas.
Nas áreas destinadas a sanitários e áreas de serviço, era comum se projetar lajes
rebaixadas, sobre as quais eram colocadas as instalações sanitárias. Já há algum
tempo tem-se preferido projetar a laje dessas áreas nivelada com as demais,
colocando-se a tubulação na sua face inferior, escondida por um forro falso, que
permite o acesso às instalações no caso de eventuais problemas, sem grandes
transtornos.

Vigas invertidas São vigas executadas sobre as lajes, por razões estéticas. Suas
dimensões são determinadas pelos mesmos critérios que as vigas normais (comuns)
Armadura em vigas
1) ferros longitudinais
2) estribos
3) ferros dobrados
4) armadura de distribuição
5) armadura para torção
6) armadura de pele

A ferragem helicoidal seria a ideal para absorver torção. Se executam ferros


longitudinais e estribos para simplificar a mão-de-obra de execução das ferragens.
Armadura de pele

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É uma ferragem localizada nas faces laterais nas vigas com mais de 70 cm de
altura, com o objetivo de evitar fissuras. É construída normalmente de ferros de
pequenos diâmetros, espaçados em torno de 20 cm.
Mísulas
São aumentos nas alturas das vigas próximas aos apoios para resistir os esforços
cortantes.

8.4 -Escadas
São elementos estruturais utilizados para permitir o acesso à pisos em
desnível.
Tipo : 1. Apoios laterais
2. Apoios nas extremidades
3. Engastadas em vigas
4. Apoiadas em vigas

8.5 -Marquises, Sacadas e Beirais


São estruturas que se caracterizam por possuir lajes em balanço, ou seja,
engastadas em uma extremidade e tendo a outra livre.
→ Cuidados que devem haver com a marquise na execução:
Executar a concretagem com maiores cuidados com relação a impermeabilidade;
Menor fator água cimento
Concretagem Maior adensamento
Maior cuidado na cura
Utilização de camada impermeabilizante e revisão periódica da impermeabilidade.

8.6 - Reservatórios
São executados em concreto armado quando o seu volume viabilizar a sua
execução, pois é possível utilizar reservatórios pré-moldados fabricados com fibro-
cimento ou fibras plásticas.
Em alguns casos são executados com chapas metálicas, porém o custo de
manutenção é bastante alto.
Reservatório – Superior Inferior
OBS: A madeira utilizada para confeccionar a laje superior de um reservatório deve
ter pequenas dimensões para possibilitar a retirada após a cura do concreto.

8.6 -Estruturas Membrana


8.6.1 -A tecnologia das estruturas de membrana

As estruturas de membrana, usualmente denominadas tenso estruturas, são


empregadas em coberturas de centros esportivos, áreas comerciais e construções
industriais ou agroindustriais. A abertura do mercado brasileiro para os
competidores internacionais mostrou a necessidade de o País buscar a
competitividade de suas atividades econômicas. Esse contexto exige a permanente

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realização de obras civis, seja para a estruturação física do País, seja para a
construção e modernização das instalações das empresas. Porém, essas obras
públicas ou privadas, precisam ser realizadas de forma racional para não onerarem
o custo da atividade social ou empresarial. Nesse sentido, é importante dar
atenção especial às estruturas empregadas em coberturas, seja na construção de
estádios e ginásios, seja na construção de galpões fabris e de depósitos, entre
outras.

Com relação às estruturas empregadas em coberturas, as tenso estruturas podem


ser uma solução economicamente viável devido às características da membrana, as
quais possibilitam a utilização de pré-fabricação, de iluminação natural e de
formas esteticamente agradáveis.

Todavia, as estruturas de membrana ainda são pouco conhecidas e empregadas no


Brasil. Daí surge a necessidade do desenvolvimento da tecnologia utilizada no
sistema construtivo, no processo de projetar e nos métodos de análise das
estruturas de membrana.

8.6.2 - Sistema construtivo


As estruturas de membrana empregadas em coberturas são sistemas construtivos
formados principalmente pela membrana estrutural, a qual ainda tem a função de
vedar. As membranas estruturais são folhas flexíveis que resistem às ações devido à
sua forma, às suas características físicas e ao seu pré-tracionamento. A forma da
superfície é definida por uma configuração possível de equilíbrio. Suas
características físicas definem a sua resistência à tração, limitando os níveis de
tensão que podem ser atingidos. O pré-tracionamento é necessário para assegurar
que a membrana esteja sempre submetida a esforços de tração.

É importante ressaltar que o pré-tracionamento da membrana pode ser


basicamente alcançado através do seu estiramento por meio de cabos que
compõem o sistema estrutural de suporte, ou através da atuação da pressão de
gases. Quando o pré-tracionamento é alcançado pela pressão de gases, essas
estruturas são chamadas de estruturas pneumáticas. No primeiro caso – quando o
pré-tracionamento é alcançado pelo estiramento da membrana por meio de cabos
tensores, geralmente situados no contorno da membrana – as estruturas são
chamadas de estruturas de membrana protendida por cabos. Cabe acrescentar que
a membrana pode ser protendida, ainda, pela ação conjunta da pressão interna e
do estiramento de cabos tensores.

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A construção dessas estruturas é relativamente simples, sendo necessário o mesmo


nível de cuidado e de controle dispensado às construções convencionais. Os
principais aspectos da construção estão ligados à confecção da membrana, à
ancoragem, ao transporte, à montagem e, para o caso das estruturas pneumáticas,
ao sistema de bombeamento de ar e ao sistema de acesso.

9.0 - REPRESENTACAO: ESTRUTURAS DE


CONCRETO
Os desenhos devem permitir um perfeito conhecimento da forma e
dimensões de todos os elementos da estrutura. Envolvem plantas, cortes,
elevações e detalhes dos elementos estruturais. São usualmente feitos na escala
1:50 ou 1:100, detalhes de blocos, vigas e demais 1:20, 1:25, e ou 1:50 desde que
não haja prejuízo da clareza do desenho.
Verificaremos alguns exemplos e modelos de desenho estrutural.

BASICAMENTE REPRESENTAMOS UM PROJETO ESTRUTURAL DE ALVENARIA


CONVENCIONAL, SEGUINDO A SEGUINTE ESQUEMATIZACAO:

1-PLANTA LOCACAO DOS EIXOS / TRANSVERSAIS E LONGITUDINAIS


2- PLANTA LOCACAO DAS ESTACAS OU BROCAS
3- PLANTA DE FORMAS DA FUNDACAO / BLOCOS OU SAPATAS E OU VB
4- PLANTA LOCACAO DOS PILARES
5- PLANTA DE FORMAS DA COBERTURA/ VIGAS
6- PLANTA FORMAS DA LAJE
7- DETALHES DIVERSOS: BLOCOS/ PILARES/ VIGAS/ TABELAS DE ACO E CONCRETO

A CADA PROJETO O NIVEL DE COMPLEXIDADE PODE AUMENTAR.

FORMAS DA FUNDACAO

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INDICACAO DOS PANOS DA LAJE

FORMAS DA LAJE

INDICA PILARES/

VIGAS/ CINTAS E

LAJES

Desenho de fôrmas da cobertura de um pavimento tipo de um edifício de concreto


armado.

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FORMAS DA COBERTURA/ COM VIGAS , PILARES E LAJE

• A elevação compreende a projeção, em plano vertical, que passa imediatamente


antes do conjunto a representar, sem corte de qualquer elemento.

Designação das peças


A designação das peças na planta de fôrmas é feita através de símbolos, seguidos
do respectivo número de ordem. Os símbolos utilizados são:
• Lajes L
• Vigas V
• Pilares P
• Blocos B
• Paredes PAR
Para que um elemento estrutural possa ficar perfeitamente definido em um
desenho de fôrmas, é necessário definir suas dimensões, locação e posição em
relação a eixos, divisas, testadas ou linhas de referência relevantes.

9.1 - Recomendações gerais para o desenho de fôrmas


Para confecção de desenhos de fôrmas devem ser observadas uma série
recomendações de acordo com o tipo de elemento representado:

9.2 - Lajes
A numeração das lajes deverá ser feita começando do canto superior esquerdo do
desenho, prosseguindo-se para a direita, sempre em linhas sucessivas, de modo a
facilitar a localização de cada laje. Ou seja, a numeração deverá ser feita de cima
para baixo e da esquerda para a direita .As lajes simétricas podem ser identificadas
pelo mesmo número.
As espessuras das lajes devem ser indicadas em cada laje ou em nota à parte.
Os rebaixos ou superelevações da face superior das lajes serão indicados pelo valor
em centímetros, precedido do sinal (-) ou (+), utilizando-se uma simbologia
apropriada

9.3 - Vigas

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Para as vigas horizontais a numeração deverá ser feita a partir do canto superior
esquerdo, prosseguindo-se por alinhamentos sucessivos até atingir o canto inferior
direito. Para as vigas verticais, partindo-se do canto inferior esquerdo, para cima,
por fileiras sucessivas, até atingir o canto superior direito. Numera-se
primeiramente as vigas horizontais e depois as verticais Para as vigas cuja
inclinação com a horizontal variar de 0 a 45o podem ser consideradas como
dispostas horizontalmente.
Cada vão das vigas contínuas será designado pelo número comum à viga, seguido de
uma letra maiúscula. Junto da designação de cada viga deverão ser indicadas suas
dimensões.
Quando houver mísula, traça-se uma diagonal do retângulo representativo da
mísula e hachura-se um dos triângulos resultantes, assinalando-se a variação
numérica das dimensões
(Figura 4.11).

9.4 - Pilares
A numeração dos pilares deverá ser feita partindo-se do canto superior esquerdo,
prosseguindo-se por alinhamentos sucessivos até atingir o canto inferior direito
(Figura 4.7). As dimensões dos pilares deverão ser indicadas ao lado de cada pilar,
acompanhadas de sua identificação. Na numeração dos pilares, normalmente não
se utiliza a simetria transversal,para que possa ser mostrada através de uma
tabela, sem a necessidade de modificar a planta de fôrmas do pavimento tipo. Para
que se tenha uma perfeita definição dos pilares em um desenho de fôrmas é
necessário se adotar uma convenção apropriada, indicando os elementos que
nascem, passam ou morrem no nível detalhado (Figura 4.12)

9.5 - Sistema de cotagem


De uma forma geral, as cotas de um desenho de fôrmas são calculadas a partir da
planta de arquitetura, descontando-se 2,5cm de revestimento de cada face das
paredes, mantendo-se a posição dos eixos das paredes.
Na planta de fôrmas as cotas são dadas de eixo a eixo de pilares e complementadas
por outras, de face a face de vigas.

REPRESENTACAO DE UM PROJETO ESTRUTURAL


PLANTA ARQUITETONICA/ ESQUEMATICA

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COTAS

PROJETO ESTRUTURAL/ ESQUEMATICO

10.0 - ALVENARIA ESTRUTURAL


A Alvenaria Estrutural é um sistema construtivo racionalizado, no qual os elementos
que desempenham a função estrutural são de alvenaria, projetados segundo modelos
matemáticos pré-estabelecidos.
No sistema convencional de construção, as paredes apenas fecham os vãos entre
pilares e vigas, elementos encarregados de receber o peso da obra. Por outro lado, na

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alvenaria estrutural esses elementos são desnecessários, pois as paredes, chamadas


portantes distribuem a carga uniformemente ao longo dos alicerces.
O emprego da alvenaria como elemento estrutural de suporte em edificações vem
sendo largamente ampliado, em especial por possibilitar uma redução nos custos de
produção.
Na Alvenaria Estrutural, elimina-se a estrutura convencional, o que conduz a
importante simplificação do processo construtivo, reduzindo etapas e mão-de-obra,
com conseqüente redução do tempo de execução.
Uma das medidas de economia para viabilizar um empreendimento é empregar blocos
de concreto com diversas resistências à compressão, de acordo com a faixa de andar
executada. É importante salientar que a utilização de blocos com diferentes
resistências é apenas uma entre várias formas de economizar com a alvenaria
estrutural. Os maiores ganhos do sistema estão relacionados com a racionalização
oferecida ao construtor. Como os blocos vazados permitem a passagem das
tubulações elétricas e hidráulicas, também não há necessidade de quebrar paredes. A
somatória disso termina em redução de desperdício e economia no uso de fôrmas e
concreto.
O sistema, desde que corretamente dimensionado e executado, é seguro e
econômico, permitindo ganhos significativos de recursos, com o uso do sistema de
Alvenaria Estrutural a racionalização da construção ocorre naturalmente.
No entanto, tal sistema é limitado. Nesse tipo de obra não são permitidas tensões de
tração, que exigiriam armadura. Prédios muito altos, sujeitos a forte ação do vento,
são, portanto, inexeqüíveis. As barreiras que restam para o desenvolvimento da
alvenaria estrutural, entretanto, não estão ligadas a fatores técnicos. O sistema é
simples e, como em qualquer outra obra, exige alguns cuidados de projeto e
execução. Existem, de fato, algumas fronteiras que não podem ser transpostas, sob a
pena de deslizes técnicos ou desperdício de recursos. Não é possível, por exemplo,
construir prédios de escritórios que necessitam de grandes vãos livres ou
apartamentos de altíssimo padrão. Outros problemas seriam a ausência de tradição
do sistema no meio técnico nacional, falta de normas brasileiras e número
insuficiente de fornecedores de blocos em todo o território nacional.
Enfim, é possível desenvolver um sistema racionalizado que resulta na melhoria da
qualidade do produto final e em significativa economia. Um Dos pontos negativos
também seria a impossibilidade de realizarem futuras reformas e aberturas em vãos
das paredes, que estas são auto portantes e não devem ser retiradas sem um estudo
prévio ou reforço estrutural quando possível.

NO PROJETO ESTRUTURAL
DEVERAO SER REALIZADOS A MODULACAO DA PRIMEIRA E SEGUNDA FIADA, ONDE SERAO
APONTADOS TODOS OS PONTOS DE REFORCO ESTRUTURAL/ ARMACAO E GROUT NAS
PAREDES. AS PAREDES SÃO DEMARCADAS EM PROJETO PARA QUE SEJAM REALIZADAS
TODAS AS ELEVACOES, POIS NESTAS ELEVACOES SERAO DEMONSTRADAS TODOS OS
PONTOS IMPORTANTES DA ESTRUTURA, E DEMAIS ITENS.

PLANTA PRIMEIRA FIADA

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PLANTA DE ELEVACAO DAS PAREDES DDD


ELEVACAO DA PAREDE/ INDICANDO BLOCOS ARMADOS/ VAOES E FERRAGENS A
SEREM UTILIZADAS

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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Sistemas Estruturais - Estruturas Usuais de Concreto Armado/ ABMS/ABEF.

Fundações: teoria e prática. 2ª ed. São Paulo: Pini, 1999. 757p.

Concreto Armado Eu te amo- para arquitetos.. São Paulo: Pini, 2020. Manoel Henrique Campos
Botelho. Editora: Edgard Blucher

Manual de especificações de produtos e procedimentos ABEF. 2ª ed. São Paulo: ABEF, 1999.
282p./ ABMS/ABEF.

O edifício e sua cobertura. AZEREDO, Hélio Alves de. São Paulo: Edgard Blücher, 1977. 182p.

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UEPG. Construção Civil.


Carlan Seiler Zulian; Elton Cunha Doná. Ponta Grossa: DENGE, 2000.

Apostíla. Curitiba: DAEP, 1997.DIRETÓRIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA CIVIL DA UFPR. Construção


Civil (primeiro volume). Diversos autores.

Apostíla. Curitiba: DAEP, 1997.GUEDES, Milber Fernandes.

Caderno de encargos. 3ª ed. atual. São Paulo: Pini, 1994

Manual prático para reparo e reforço de estruturas de concreto. HELENE, Paulo R.L. São Paulo:
Pini, 1988. 119p.

Materiais para construção civil. KLOSS, Cesar Luiz. 2ª ed. Curitiba: Centro Federal de Educação
Tecnológica, 1996. 228p.

Como evitar erros na construção. RIPPER, Ernesto. 3ª ed.rev. São Paulo: Pini, 1996. 168p.

Manual prático de materiais de construção. RIPPER, Ernesto. São Paulo: Pini, 1995. 253p.

Sites: ABCP (Associação Brasileira Cimento Portland)

IPT (Instituto Pesquisas tecnológicas / USP

Arq. Marcilene Iervolino

www.arquitetamarci.com.br

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