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Mecânica dos Solos II

Curso Técnico de Edificações


Campus Congonhas

MECÂNICA DOS SOLOS II

EDIFICAÇÕES

PROFESSOR
RODOLFO GONÇALVES OLIVEIRA DA SILVA

Edição
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMGSetembro/2014
Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 1
Mecânica dos Solos II
Curso Técnico de Edificações
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Esta apostila é uma compilação de textos selecionados de vários autores, apresentando algumas
partes elaboradas pelo próprio autor, além de complementações e atualizações efetuadas a partir
de diversas bibliografias. Ela tem como objetivo auxiliar o aluno no processo de construção do
conhecimento relativo à Mecânica dos Solos.

E-mail: rodolfo.goncalves@ifmg.edu.br

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Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 2
Mecânica dos Solos II
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SUMÁRIO
1. PERMEABILIDADE ..................................................................................................................... 5
1.1 Introdução ..................................................................................................................................... 5
1.2 Lei de Darcy .................................................................................................................................. 5
1.3 Determinação do coeficiente de permeabilidade........................................................................... 7
1.3.1 Permeâmetro de carga constante ............................................................................................... 7
1.3.2 Permeâmetro de carga variável ................................................................................................. 8
1.3.3 Métodos indiretos ..................................................................................................................... 10
1.3.4 Valores de permeabilidade dos solos ....................................................................................... 10
1.4 Fatores que influenciam a permeabilidade dos solos .................................................................. 11
1.4.1 Temperatura ............................................................................................................................. 11
1.4.2 Estado do solo .......................................................................................................................... 12
1.4.3 Estratificação do terreno ......................................................................................................... 12
1.4.4 Saturação ................................................................................................................................. 12
2. COMPACTAÇÃO DOS SOLOS .................................................................................................... 13
2.1 Conceito ...................................................................................................................................... 13
2.2 Ensaio de compactação Proctor................................................................................................... 14
2.2.1 Curva de Compactação ............................................................................................................ 16
2.2.2 Energia de compactação .......................................................................................................... 18
2.3 Equipamentos de campo.............................................................................................................. 19
2.3.1 Soquetes.................................................................................................................................... 20
2.3.2 Placa Vibratória....................................................................................................................... 21
2.3.3 Rolo pé-de-carneiro ................................................................................................................. 21
2.3.4 Rolo liso ................................................................................................................................... 22
2.3.5 Rolo Vibratório ........................................................................................................................ 23
2.3.6 Rolo Pneumático ...................................................................................................................... 24
2.4 Controle da compactação ............................................................................................................ 24
2.4.1 Método da frigideira ................................................................................................................ 27
2.4.2 Speedy Test ............................................................................................................................... 28
2.4.3 Método do álcool...................................................................................................................... 29
2.4.4 Método do frasco de areia ....................................................................................................... 29
2.4.5 Método do cilindro cortante..................................................................................................... 30

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2.4.6 Método do óleo ......................................................................................................................... 31


2.4.7 Densímetro nuclear .................................................................................................................. 31
3. TENSÕES NO SOLO .................................................................................................................. 33
3.1 Conceitos Básicos ....................................................................................................................... 33
3.2 Tensão Total Vertical .................................................................................................................. 34
3.3 Pressão Neutra ............................................................................................................................. 36
3.4 Tensão Efetiva ............................................................................................................................. 36
4. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS .......................................................................... 39
4.1 Atrito ........................................................................................................................................... 39
4.2 Coesão ......................................................................................................................................... 41
4.3 Critérios de ruptura...................................................................................................................... 41
4.4 Ensaios empregados na determinação da resistência dos solos................................................... 43
5. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ENCOSTAS ........................................................................................ 45
5.1 Origem e conceitos ...................................................................................................................... 45
5.2 Substrato de uma encosta ............................................................................................................ 45
5.3 Processos naturais da dinâmica superficial das encostas ............................................................ 47
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 56
7. LISTA DE EXERCÍCIOS ............................................................................................................... 57

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1. PERMEABILIDADE

1.1 Introdução

O solo é formado por sólidos e vazios que formam uma estrutura porosa. Os vazios
contidos no solo estão interligados, formando canais por onde um fluido pode percolar. No solo
o fluido mais comum é a água. O estudo do fluxo de água em solos permeáveis é muito
importante para a mecânica dos solos. Os solos são permeáveis devido à existência de espaços
vazios interconectados, através dos quais a água consegue fluir de pontos de alta energia para
pontos de baixa energia.
Permeabilidade é a maior ou menor facilidade com que a água pode locomover-se no
interior de um solo. O material é dito permeável se contém vazios ininterruptos. Portanto, um
solo muito permeável permite fácil movimentação da água em seus vazios, enquanto que, solos
pouco permeáveis admitem movimentação de água limitada. A permeabilidade é uma das
principais propriedades do solo, tendo aplicações em projetos e análises de barragens, taludes
em geral, muros de arrimos, escavações, filtros de proteção, drenos, sistemas de drenagens
(bombeamento) e várias outras obras de terra caracterizadas pela presença da água.
O escoamento de um líquido pode ser caracterizado por dois tipos:
 Escoamento turbulento: movimentos caóticos e irregulares das partículas do fluído.
Velocidades relativamente grandes e tubulações de grande diâmetro.
 Escoamento laminar: as partículas movem-se de forma suave e ordenada na direção do
escoamento. Baixas velocidades e tubos de pequenas dimensões.
O escoamento da água nos solos ocorre em regime laminar, exceto nos pedregulhos de
maiores diâmetros. O estudo dos fenômenos de fluxo de água em solos é realizado apoiando-se
em três conceitos básicos: princípio da conservação da energia, permeabilidade dos solos (Lei
de Darcy) e conservação de massa. Estudaremos os princípios básicos, destacando a Lei de
Darcy.

1.2 Lei de Darcy

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Em 1856 o engenheiro Darcy, estudou o comportamento do fluxo de água através de amostras de


areias puras e constatou que os diversos fatores geométricos, conforme indicado na Figura 1.1,
influenciavam a vazão de água através do solo, expressando a Equação 1, conhecida como Lei de Darcy.

Figura 1.1 – Experiência de Darcy

h
Q  k. .A (1)
L

Onde:
Q = vazão (volume de água que passa no solo em uma certa quantidade de tempo)
k = coeficiente de permeabilidade (uma constante específica para cada solo)
h = carga hidráulica (diferença entre os níveis de água superior e inferior)
L = comprimento da amostra de solo
A = área da seção transversal da amostra de solo
A relação h (carga hidráulica) sobre L (distância ao longo da qual a carga se dissipa) é
chamada de gradiente hidráulico (i), conforme Equação 2 .

h
i (2)
L

A Lei de Darcy assume, então, o formato da Equação 3.

Q  k .i. A (3)

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A vazão (Q) dividida pela área (A) indica a velocidade com que a água sai do solo. Esta
velocidade é chamada de velocidade de descarga (v), sendo definida pela Equação 4.

v  k.i (4)

1.3 Determinação do coeficiente de permeabilidade

A determinação da permeabilidade dos solos pode ser feita através de ensaios de campo,
de laboratório ou através de correlações empíricas. Neste curso serão abordados apenas os tipos
mais comuns, que são os ensaios de laboratório através de permeâmetros de carga constante ou
variável e algumas correlações empíricas.

1.3.1 Permeâmetro de carga constante

O permeâmetro de carga constante (Figura 1.2) consta de dois reservatórios, sendo que,
o abastecimento de água na entrada é ajustado de forma que a diferença de carga entre a entrada
e a saída da água é mantida constante, durante o período do ensaio.
Quando o fluxo estiver em regime permanente, a água que atravessa o solo é recolhida,
durante o período do ensaio. Depois que uma vazão constante é estabelecida, a água é coletada
em um recipiente graduado durante um tempo conhecido.
A vazão (Q) pode ser determinada, conforme Equação 5, coletando-se a água percolada
em um recipiente graduado durante um certo intervalo de tempo (t).

V
Q (5)
t

Onde:
Q = vazão
V = volume de água coletada no recipiente graduado
t = tempo de duração de coleta de água

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Figura 1.2 – Ensaio de permeabilidade de carga constante

Conhecidas a vazão e as características geométricas, o coeficiente de permeabilidade do


solo é calculado diretamente pela lei de Darcy pela Equação 6:

Q.L
k  (6)
h. A

Este tipo de ensaio é mais adequado para solos de granulação grossa como pedregulhos
e areias.

1.3.2 Permeâmetro de carga variável

No dispositivo para a determinação da permeabilidade com carga variável (Figura 1.3),


a água provem de uma pipeta graduada de vidro (ou bureta graduada) e atravessa o solo. A
diferença de carga inicial h1 a um tempo t1 é registrada, e a água pode fluir através da amostra
de solo de forma que a diferença de carga final no tempo t2 seja h2. O coeficiente de
permeabilidade dos solos é então calculado fazendo-se uso da lei da Darcy particularizada,
conforme Equação 7.
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Figura 1.3 – Permeâmetro de carga variável

a.L h 
k  2,3. . log 1  (7)
A.t  h2 

Onde:
k = coeficiente de permeabilidade
a = área da seção transversal da pipeta graduada
L = comprimento da amostra de solo
A = área da seção transversal da amostra de solo
t = tempo de ensaio dado pela diferença entre t2 e t1 (t = t2-t1)
h1 = leitura do nível de água na pipeta durante o tempo t1
h2 = leitura do nível de água na pipeta durante o tempo t2

O ensaio de carga variável é mais preciso e adequado para solos de granulação fina como
siltes e argilas.

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1.3.3 Métodos indiretos

A permeabilidade de um solo pode ser determinada por métodos indiretos em


correlações com ensaios de campo e até mesmo com a sua granulometria.
Os ensaios de campo podem ser realizados em furos de sondagens, em poços ou em
cavas, sendo mais utilizados em sondagens. A determinação pode ser feita através de ensaios
de infiltração e/ou de bombeamento.
Outra forma indireta de determinação é a correlação de Hazen (Equação 8), para
materiais arenosos com CNU < 5. O valor de k é definido com base no diâmetro efetivo (Defet)
do solo, sendo Defet igual a D10.

k  100 .( D10 ) 2 (8)

Nesta correlação, o diâmetro deve ser expresso em cm, sendo o coeficiente de


permeabilidade obtido em cm/s. Destaca-se, no entanto, que esta correlação é aproximada,
aplica somente para areias uniformes.

1.3.4 Valores de permeabilidade dos solos

A Tabela 1 apresenta os valores típicos de permeabilidade para solos de natureza


sedimentar. Os solos permeáveis, ou que apresentam drenagem livre, são aqueles que tem
permeabilidade maior que 10-7cm/s. Os demais solos são impermeáveis ou com drenagem
impedida.

Tabela 1 - Valores típicos de k para solos sedimentares

Tipo de Solo Condições de Drenagem k (cm/s)


Argilas impermeável < 10-7
Argila siltosa baixíssima 10-5 a 10-7
Areias siltosa fraca 10-3 a 10-5
Areias finas boa 10-2 a 10-3
Areias grossas muito boa 1 a 10-2
Pedregulhos ótima 100 a 1

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1.4 Fatores que influenciam a permeabilidade dos solos

1.4.1 Temperatura

Quanto maior for a temperatura, menor a viscosidade da água e, portanto, mais facilmente ela
escoa pelos vazios do solo com correspondente aumento do coeficiente de permeabilidade; k é
inversamente proporcional à viscosidade da água. Por isso, os valores de k são referidos à
temperatura de 20oC, o que se faz pela Equação 9:

T
k 20  kT (9)
 20

Onde:
kT = coeficiente de permeabilidade na temperatura T de ensaio
µT = viscosidade da água na temperatura T de ensaio
µ20 = viscosidade da água à 20oC
A Tabela 2 apresenta a relação entre a viscosidade da água na temperatura de ensaio
(µT) e a viscosidade da água na temperatura de 20 oC.

Tabela 2 – Relação entre a temperatura e a viscosidade da água


Relação µT/ µ20
Temperatura (T) T Temperatura (T) T
(°C)
 20 (°C)
 20
15 1,135 23 0,931
16 1,106 24 0,910
17 1,077 25 0,889
18 1,051 26 0,869
19 1,025 27 0,850
20 1,000 28 0,832
21 0,976 29 0,814
22 0,953 30 0,797
Fonte: Braja M. Das (2011)

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1.4.2 Estado do solo

A equação de Taylor (Equação 10) correlaciona o coeficiente de permeabilidade com o


índice de vazios do solo. Quanto mais fofo o solo, mais permeável ele é. Conhecido o k para
um determinado tipo de solo, pode-se calcular o k para outro pela proporcionalidade dos índices
de vazios (e). Esta equação é boa para as areias.

e13
k1 (1  e1 )
 (10)
k2 e23
(1  e2 )

1.4.3 Estratificação do terreno

Em virtude da estratificação do terreno, conforme exemplificado na Figura 1.4, os


valores do coeficiente de permeabilidade são diferentes nas diferentes direções nas direções
horizontal e vertical (kh ≠ kv).

Figura 1.4 – Variação da permeabilidade do solo em função da estratificação

1.4.4 Saturação

A percolação de água não remove todo o ar existente num solo não-saturado.


Permanecem bolhas de ar, contidas pela tensão superficial da água. Estas bolhas de ar
constituem obstáculos ao fluxo de água. Desta forma, o coeficiente de permeabilidade de um
solo não-saturado é menor do que o que ele apresentaria se estivesse totalmente saturado. A
diferença, entretanto, não é muito grande.

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2. COMPACTAÇÃO DOS SOLOS

2.1 Conceito

Compactação do solo é um processo manual, ou mecânico através do qual o solo é


densificado por meio da remoção de ar, reduzindo o índice de vazios, garantindo assim sua
homogeneidade, conforme mostrado na Figura 2.1. A compactação é empregada em
construções de aterro, de barragens de terra, de estradas e rodovias, muros de arrimo, reaterro
de fundações e em outras obras na construção civil, e tem como objetivo de aumentar a
resistência do solo, diminuir a deformabilidade e a permeabilidade do mesmo.

Figura 2.1 – Configuração típica de um solo antes e depois da compactação

Em contrapartida, ao compactar o solo, ocorre um aumento significativo do grau de


saturação, pois o índice de vazios diminui com a expulsão de ar. O solo, por sua vez, ao ficar
mais denso dificulta a percolação da água, diminuindo assim sua permeabilidade. Com a
diminuição de ar, a área de contato entre as partículas sólidas aumenta, reduzindo sua
deformabilidade e aumentando sua resistência.
Com a experiência adquirida na prática, percebe-se que para obter uma boa compactação
é necessário estar atento à dois fatores primordiais: a quantidade de água e a energia usada na
compactação.
O objetivo da compactação é melhorar algumas propriedades mecânicas:
 Aumento da resistência;
 Redução da compressibilidade;
 Redução da variação volumétrica por umidecimento e secagem;
 Redução da permeabilidade.
Em 1933, o engenheiro Ralph Proctor publicou suas observações sobre a compactação
de solos, mostrando que, aplicando-se uma determinada energia de compactação (um certo

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número de passadas de um equipamento, no campo, ou um certo número de golpes de soquete


sobre um solo contido num molde, no laboratório), a densidade resultante era função da
umidade em que o solo se encontrava. Disto resultou o ensaio de compactação, que permite a
determinação da umidade ótima (wot) e o peso específico aparente seco máximo do solo (dmáx).
O ensaio de laboratório geralmente usado para determinar a umidade ótima e o peso
específico seco máximo do solo é chamado de ensaio de compactação Proctor.

2.2 Ensaio de compactação Proctor

Será descrito a seguir as principais etapas do ensaio de compactação de acordo com a


NBR 7182/86. Serão abordados os aspectos importantes correspondentes ao ensaio original.
Alguns dos principais equipamentos utilizados são: molde Proctor para compactação (Figura
2.2a), soquete metálico Proctor com camisa (Figura 2.2b), extrator de amostras hidráulico
(Figura 2.2c), cápsulas metálicas para determinação do teor de umidade (Figura 2.2d), balança
de precisão (Figura 2.2e) e estufa (Figura 2.2f).
Os procedimentos do experimento consistem basicamente em:
 Após o recebimento da amostra de solo deve-se destorroá-la, garantindo melhor
homogeneidade da mistura;
 Inicialmente deve-se compactar uma dada amostra de solo em um recipiente cilíndrico
padronizado;
 Coloca-se esse material em camadas sucessivas, aplicando sobre cada camda golpes
repetitivos de um soquete, com peso e altura de queda constante;
 Posteriormente, pesa-se o cilindro juntamente com o solo úmido compactado (Figura
2.2e);
 Com o auxílio de um extrator, retira-se a amostra de solo do cilindro (Figura 2.3a) e coleta-
se pequenas quantidades do material para a determinação da umidade pelo método da
estufa ou método similar (Figur 2.3b);
 Repete-se a operação usando diferentes teores de umidade, até que os valores de densidade
depois de ter aumentado recaía em duas operações sucessivas. Depois de terminado o
ensaio, tendo-se obtido o peso específico seco para cada uma das amostras e seus
respectivos valores de umidade, traça-se uma curva de compactação.

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(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 2.2 – Equipamentos utilizados no ensaio de compactação: (a) molde Proctor; (b) soquete de
compactação; (c) extrator de amostras; (d) cápsulas metálicas; (e) balança de precisão; (f) estufa

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(a) (b)
Figura 2.3 – Alguns procedimentos de compactação do solo segundo a NBR 7182: (a) retirada do
material no extrator de amostras; (b) coleta de material para determinação do teor de umidade

2.2.1 Curva de Compactação

Verifica-se pela curva de compactação (Figura 2.4) a existência de uma relação entre a
umidade e o peso específico aparente seco. No ponto de inflexão da curva é possível determinar
a umidade ótima (wot) e o peso específico aparente seco máximo do solo (dmáx). Isto significa
que se um solo for compactado com a energia de compactação do ensaio, nesse teor de umidade
ele apresentará o máximo peso específico aparente seco.

Figura 2.4 – Curva de compactação

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O ramo ascendente da curva de compactação é denominado ramo seco o ramo


descendente, de ramo úmido. No ramo ascendente, a água lubrifica as partículas e facilita o
arranjo entre elas, ocorrendo por esta razão, o acréscimo da massa específica aparente seca. Já
no ramo descendente, a água amortiza a compactação e começa a ter mais água do que sólidos,
sendo por essa razão que a massa específica aparente seca decresce.
Note-se que pela Equação 11, define para um determinado valor do grau de saturação
(S), uma relação entre o teor de água (w) e o peso específico aparente seco (d). Pode-se,
portanto, representar a curva de saturação de solo, conforme mostrado na Figura 2.4.

G w
d 
 G w (11)
1  
 S 
Onde:
S = grau de saturação
G = densidade dos grãos
d = peso específico aparente seco
w = peso específico da água
w = teor de umidade
Proctor demonstrou que a compactação dos solos é função de quatro variáveis:
 Peso específico aparente seco (d);
 Umidade (w);
 Energia de compactação;
 Tipo de solo.
Para uma mesma energia, solos de granulometria diferente apresentam diferentes
valores de wot e dmáx, resultando em curvas de compactação características. A experiência
mostra que nos solos mais finos o teor de umidade ótimo é, em regra, mais reduzido, atingindo
valores mais elevados do peso específico aparente seco. Já nos solos com maior predominância
de partículas grosseiras, o teor de umidade ótimo é mais elevado, conduzindo a valores mais
reduzidos do peso específico aparente seco, conforme mostrado na Figura 2.5. Os solos
granulares sem finos (Ex.: areia pura), sendo bastante permeáveis, são pouco sensíveis ao teor
de água, pelo que a curva de compactação destes solos não possui um pico tão pronunciado
como nos solos arenosos com presença de finos.

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Figura 2.5 – Curvas de compactação de diferentes tipos de solo compactados com a mesma energia

2.2.2 Energia de compactação

Em laboratório trabalha-se com três tipos de energia: normal, intermediária e


modificada. Chama-se energia de compactação ou esforço de compactação ao trabalho
executado, referido a unidade de volume de solo após compactação. As características dos
ensaios de compactação Proctor Normal, Proctor Intermediário e Proctor Modificado estão
descritas nas Tabelas 3.

Tabela 3 – Características específicas para cada energia de compactação

A Figura 2.5 apresentou diferentes curvas de compactação (solos diferentes) para uma
mesma energia de compactação aplicada. Porém, ao se aplicar a um solo com determinado teor

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de umidade energias de compactação diferentes, o estado final seria diferente. Isto quer dizer
que a cada energia de compactação corresponde a uma curva de compactação (Figura 2.6).
Pode-se verificar que a maior energia de compactação corresponde a um d maior que é
obtido para um teor de wot menor, resultando, portanto, numa curva deslocada para cima e para
a esquerda da curva correspondente à menor energia de compactação.

Figura 2.6 – Efeito da energia de compactação

2.3 Equipamentos de campo

Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são essencialmente


os mesmos discutidos anteriormente para os ensaios em laboratórios. Assim, os valores de peso
específico aparente seco máximo obtidos são fundamentalmente função do tipo do solo, da
quantidade de água utilizada e da energia específica aplicada pelo equipamento que será
utilizado, a qual depende do tipo e peso do equipamento e do número de passadas sucessivas
aplicadas.
A energia de compactação no campo pode ser aplicada de três maneiras diferentes:
por meios de esforços de pressão, impacto, vibração ou por uma combinação destes esforços
(Figura 2.7). Os processos de compactação de campo geralmente combinam a vibração com a
pressão, já que a vibração utilizada isoladamente se mostra pouco eficiente, sendo a pressão
necessária para diminuir, com maior eficácia, o volume de vazios interpartículas do solo.

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Os equipamentos de compactação são divididos em três categorias: os soquetes


mecânicos; os rolos estáticos e os rolos vibratórios.

Figura 2.7 – Tipos de transmissão da energia de compactação

2.3.1 Soquetes

São compactadores de impacto, utilizados em locais de difícil acesso para os rolos


compressores, como em valas, trincheiras, etc. Possuem peso mínimo de 15 kgf, podendo ser
manuais ou mecânicos (sapos mecânicos). A camada compactada deve ter 10 a 15 cm para o
caso dos solos finos e em torno de 15 cm para o caso dos solos grossos. O compactador de
percussão é indicado para solos coesivos, e também é denominado de “sapo mecânico”.

Figura 2.8 – Soquete mecânico: compactador de percussão (Fonte: Engemac)

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2.3.2 Placa Vibratória

As placas vibratórias (Figura 2.9) apresentam alta frequência e baixa amplitude.


Indicados para solos granulares. A força de compactação do equipamento é proveniente de um
dos pesos excêntricos, que é ativado através de motores a gasolina ou diesel. O movimento para
frente que máquina realiza é resultado das vibrações. Quanto mais leve o equipamento menor
a força de compactação, o que torna os equipamentos mais pesados mais eficientes. Para
conforto do operador o aparelho e os punhos são isolados da vibração da placa através da forma
estrutural da máquina. A frequência de vibração gira em torno de 2500 a 6000 vpm.
Podem ser utilizadas para a compactação de revestimentos asfálticos. Quando usadas
em pavimentos rodoviários, essas placas vibratórias recebem um sistema de irrigação
juntamente com um tanque de água, que evitaram a adesão de asfalto à placa.

Figura 2.9 – Placa Vibratória (Fonte: Engemac)

2.3.3 Rolo pé-de-carneiro

Os rolos tipo pé-de-carneiro são constituídos por cilindros metálicos com


protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de aproximadamente
de 20 cm. Podem ser alto propulsivos ou arrastados por trator. É indicado na compactação de
solos argilosos (não arenosos) e promove um grande entrosamento entre as camadas
compactadas.

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A camada compactada deve possuir geralmente 15 cm, com número de passadas


variando entre 4 e 6 para solos finos e de 6 e 8 para solos grossos (logicamente, isso dependerá
do peso do cilindro). A Figura 2.10 ilustra um rolo compactador do tipo pé-de-carneiro.

Figura 2.10 – Rolo compactador pé-de-carneiro

As características que afetam o desempenho dos rolos pé-de-carneiro são a pressão de


contato, a área de contato de cada pata, o número de passadas por cobertura e estes elementos
dependem do peso total do rolo, o número de pés em contato com o solo e do número de pés
por tambor.

2.3.4 Rolo liso

Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água,
a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em
capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em
espessuras inferiores a 15 cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15 cm com 4 a 5 passadas. Os
rolos lisos possuem pesos de 1 a 20 t e frequentemente são utilizados para o acabamento
superficial das camadas compactadas. A Figura 2.11 mostra um rolo compactador do tipo liso.
Os rolos lisos não são recomendados para compactação de solos moles, pois afundam
demasiadamente dificultando a tração. No entanto, como já destacado, são excelentes para
materiais arenosos.

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Figura 11 – Rolo liso

2.3.5 Rolo Vibratório

Os rolos vibratórios são equipamentos fabricados recentemente e indicados para


compactação de solos granulares (areias), onde os rolos pneumáticos ou pé-de-carneiro não
atuam com eficiência. Sua vibração é ocasionada pela movimentação de um eixo excêntrico
presente no rolo ou por meio de um vibrador (Figura 2.12). Atualmente é possível encontrá-los
com a probabilidade de ajuste de frequência e amplitude da mesma de acordo com o tipo de
solo em que são aplicados. Quanto menor a velocidade desse rolo maior será seu rendimento.
Com a vibração é possível ampliar o efeito da compactação em camadas de até 80 cm de
espessura.

Figura 2.12 – Esquema típico de um rolo vibratório

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Apesar da boa qualidade da compactação realizada por esse equipamento ainda é


necessário concluir a camada com um cilindro sem vibração, pois o solo fica descomprimido
na superfície quando compactado apenas com o rolo vibratório. Este tipo de rolo quando não
são usados corretamente produzem super compactação. A espessura máxima da camada deve
ser da ordem de 15 cm.

2.3.6 Rolo Pneumático

São rolos constituídos por uma estrutura mecânica amparada por pneus (Figura 2.13).
A força de compactação pode ser modificada acrescentando ou retirando areia ou água, que
funcionam como peso variando de 10 a 35 toneladas. A compactação do solo, quando realizada
com esse equipamento, é causada por amassamento e pela pressão interna dos pneus. É utilizado
em quase todos os tipos de solo, exceto areias uniformes, obtendo melhores resultados em solos
finos e arenosos compactando camadas de até 40 cm de espessura. São altamente aplicados em
aterros, barragens e obras de pavimentação.

Figura 2.13 – Rolo pneumático

2.4 Controle da compactação

Para realizar um bom controle da compactação é preciso estar atento a 7 fatores de


influência direta na mesma, são eles:

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 O tipo de solo a ser compactado;


 O tipo de equipamento adequado;
 O número de passadas;
 A espessura da camada;
 O teor de água no solo;
 O grau de compactação alcançado;
 O entrosamento entre as camadas de solo.
Logo, alguns cuidados precisam ser tomados a fim de garantir uma boa compactação,
tais como: garantir a homogeneização da camada de solo que será compactado, tanto em termos
de material como a umidade presente no mesmo; deve-se sustentar a umidade do solo o mais
perto possível da umidade ótima.
Em campo o Controle de Compactação é realizado da seguinte forma:
 Após coletadas amostras do solo da área a ser compactada ou de empréstimo, é efetuado o
ensaio de compactação laboratorial. Através desse ensaio é obtida a curva de compactação
de onde é encontrado o peso específico aparente seco máximo e o teor de umidade ótimo do
solo.
 Na medida em que a compactação em campo é executada, vai sendo verificado o teor de
umidade aplicado (w), realizando a comparação entre ele e o teor de umidade ótima obtido
no laboratório (wot).
As especificações para a compactação são: (wot – 2%)  wcampo  (wot + 2). Também é
determinado o peso seco específico do solo no campo (d campo), que será comparado com o peso
específico aparente seco máximo (dmáx) do solo obtido em laboratório. Assim é definido o grau
de compactação do solo (GC), sendo determinado pela Equação 12.

d
GC  campo
 100%
d máx
(12)

Onde:
dcampo = peso específico aparente seco “in situ” (no aterro executado)
dmáx = peso específico aparente seco máximo obtido no ensaio de Proctor, no laboratório, com
a energia especificada.

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Sendo o dcampo obtido pela Equação 13:


d  campo
 100%
campo
(1  wcampo ) (13)

campo = peso específico natural da camada de solo compactada em campo


wcampo = teor de umidade em que a camada de solo foi compactada em campo

De maneira geral, o valor do GC deve ser igual ou superior a 95%, a menos que exista
uma especificação para o aterro em questão. Caso estas especificações não sejam atendidas, o
solo terá de ser revolvido, e uma nova compactação deverá ser efetuada.
A determinação da umidade da camada de solo compactada em campo (wcampo) pode ser
obtida por meio dos seguintes procedimentos: método da frigideira, Speedy Test e método do
álcool.
A determinação do peso específico aparente seco da camada de solo compactada em
campo (dcampo) pode ser obtida por meio dos seguintes ensaios: método do frasco de areia,
método do cilindro cortante ou método do óleo.
O Quadro 1 apresenta os equipamentos mais adequados para a compactação de cada tipo
de solo:

Quadro 1 – Aplicações dos equipamentos de compactação

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2.4.1 Método da frigideira

O teor de água ou teor de umidade é a razão entre o peso de água contida no solo e o
peso de partículas de solo seco, é calculada pela Equação 14.

Ph  Ps
w  100% (14)
PS

Onde:
w = umidade do solo da camada compactada
Ph = peso de solo úmido
Ps = peso de solo seco

O método da frigideira consiste em secar o solo levando-o ao fogo (Figura 2.14).


Coloca-se uma amostra de solo úmido (Ph) previamente pesado dentro de uma frigideira que é
levada ao fogo, o solo é revolvido calmamente durante a secagem ate que a água evapore por
completo. Para monitorar a evaporação da água e garantir que ela evapore por completo é
colocado uma placa de vidro sobre a frigideira, através da qual se observa a existência de vapor
que indica a presença de água no solo, caso não exista o vapor no vidro o solo está
completamente seco. O material já seco é pesado novamente (Ps), com o peso de solo úmido e
o peso de solo seco calcula-se através da fórmula descrita acima o teor de umidade do solo em
questão.

Figura 2.14 – Determinação do teor de umidade pelo método da frigideira


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2.4.2 Speedy Test

É um método padronizado pelo DNER-ME 052/94 que consiste em determinar a


umidade do solo através do umidímetro Speedy (Figura 2.15). Basicamente o teste é realizado
por meio de uma reação química entre o carbureto de cálcio presente no Speedy e a água contida
no solo. Essa reação química ocasionará uma pressão que é causada pela formação do gás
acetileno proveniente do contato entre a água do solo e o carbureto de cálcio, ao medir essa
pressão consequentemente será obtido o teor de água no solo.

Figura 2.15 – Umidímetro Speedy

Na prática o ensaio é realizado da seguinte maneira:

 Uma quantidade predefinida, em função do tipo de solo, da amostra de solo úmido é


colocada dentro do equipamento Speedy;
 É adicionado ao solo cápsulas de carbureto de cálcio, também definida em função do tipo
de solo;
 O Speedy é fechado e agitado causando a reação química entre o CaC2 e a água presente no
solo, o que ocasionará uma pressão dentro do aparelho;
 Mede-se a pressão dentro do equipamento, definindo assim o teor de umidade no solo.

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2.4.3 Método do álcool

Esse método consiste em adicionar uma determinada quantidade de álcool a uma


amostra se solo úmido retirada do local a ser compactado previamente pesada, em seguida é
ateado fogo na mesma. Assim que a primeira queima acaba é verificado se ainda existe água na
amostra, caso constatado a presença de umidade repete-se o procedimento ate eliminar
totalmente a água tornando a amostra de solo seca. Após completamente seco o solo é pesado
novamente e então calcula-se o teor de umidade do solo.

2.4.4 Método do frasco de areia

Esse ensaio é o mais comum e talvez o mais prático, porém é bem limitado, pois não se
aplica a solo macio e saturado. Ele é utilizado para conferir se a compactação foi realizada
corretamente, atingindo o peso específico seco máximo definido pelo ensaio de compactação
Proctor.
O método cone de areia (Figura 2.16), padronizado pela NBR 7185/86, incide na
escavação de um buraco de onde é retirada uma amostra do solo a ser compactado. Depois de
retirado o material é pesado e então secado pra ser pesado novamente, assim determina o teor
de umidade do solo em questão.

Figura 2.16 – Método do frasco de areia

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Para determinar o peso específico aparente seco do solo, é necessário determinar o


volume específico do material retirado, para isso o buraco de onde o solo foi retirado é
preenchido por areia seca oriunda do cone. Dividindo o peso do solo seco pelo volume de areia
usado para encher o buraco, determina-se o peso específico aparente seco do solo (dcampo)
compactado, que vai ser comparado com o obtido pelo ensaio Proctor (dmáx).

O ensaio do cone de areia possui as seguintes vantagens:


 É bem preciso em termos de dados;
 Coleta amostras do solo a ser compactado e baixo custo.
Entretanto também possui algumas desvantagens, que são:
 É preciso realizar muitas etapas;
 É lento e de paradas durante a execução;
 Necessita de uma grande área;

2.4.5 Método do cilindro cortante

Esse método também é conhecido como Método do Amostrador. Ele consiste em definir
o peso específico aparente natural do solo (campo), através da cravação de um cilindro no solo
a ser compactado. O ensaio segue a metodologia da NBR 9813/87.
O cilindro usado na execução desse teste (Figura 2.17) é oco e possui volume conhecido.
Ele é introduzido ao solo por percussão, retirando-se a amostra de solo sem deformá-la com
peso natural úmido, conforme mostrado na Figura 2.18. Definindo o teor de umidade do solo,
calcula-se o peso específico aparente seco do solo (dcampo).

Figura 2.17 – Detalhe do cilindro de cravação, haste e soquete

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Figura 2.18 – Método do cilindro de cravação (NBR 9813)

2.4.6 Método do óleo

Para realização deste teste, efetua-se um furo de 10 cm de diâmetro com 20 cm de


profundidade, retira-se então o solo e determina-se o peso úmido do solo que preenchia o
volume retirado. Para calcular o peso especifico natural é necessário apenas colocar em uma
proveta certa quantia de óleo SAE 30 de motor e preencher o totalmente o furo de onde foi
retirado o solo. Como o peso específico do óleo é conhecido em laboratório, pesa-se novamente
o que restou do óleo que estava na proveta, o que permite calcular o volume da amostra retirada.
Com o valor do peso úmido do solo e o volume da amostra retirada determina-se o peso
específico aparente natural da camada compactada (campo).

2.4.7 Densímetro nuclear

A determinação do peso específico natural da camada de solo compactado e realizada


por meio de uma fonte para emissões de radiações no solo e um receptor para registrar as
radiações recebidas depois de terem atravessado um determinado volume de solo. O
equipamento utilizado é denominado de densímetro nuclear (Figura 2.19).

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Figura 2.19 – Densímetro Nuclear

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3. TENSÕES NO SOLO

3.1 Conceitos Básicos

Qualquer porção de solo, ao ser submetido a solicitações se deforma, modificando as


suas condições iniciais (forma e volume). A magnitude das deformações apresentadas pelo solo
irá depender de suas propriedades elásticas e plásticas e do carregamento a ele imposto. O
conhecimento das tensões atuantes em um maciço de terra, sejam elas devido ao peso próprio
ou provenientes de um carregamento externos é de vital importância no entendimento do
comportamento de praticamente todas as obras que envolvem os solos. Nos solos ocorrem
tensões devidas ao seu peso próprio e a carregamentos externos. Neste capítulo estudaremos as
tensões devido ao peso próprio.
Para o estudo das tensões no solo aplicam-se os conceitos da Mecânica dos Sólidos
Deformáveis aos solos. Como isso, torna-se necessário o entendimento do conceito de tensões.
Considera-se que o solo é constituído de um sistema de partículas e que as forças aplicadas a
ele são transmitas de partícula a partícula, como também são suportadas pela água dos vazios.
Um corte plano numa massa de solo interceptaria grãos e vazios e, só eventualmente
alguns contatos. Considere-se, porém, que tenha sido possível colocar uma placa plana no
interior do solo como se mostra esquematicamente na Figura 3.1.

(a) (b)
Figura 3.1 – Tensões no solo: (a) plano de corte da seção transversal no solo; (b) detalhe das forças
atuantes na seção transversal.

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As forças aplicadas são transmitidas de partícula a partícula de maneira bastante


complexa. No caso das partículas maiores, como os grãos de silte e de areia, a transmissão de
forças se faz através do contado direto grão a grão. No caso das partículas de argila, as forças
em cada contato são muito pequenas e a transmissão pode ocorrer através da água quimicamente
adsorvida (adsorção: moléculas da água na superfície dos grãos de solo). A transmissão se faz
nos contatos e, portanto, em áreas muito reduzidas em relação a área total envolvida.
Diversos grãos transmitirão forças à placa, forças estas que podem ser decompostas em
forças normais (N) e tangenciais (T) à superfície da placa. Como é impossível desenvolver
modelos matemáticos com base nestas inúmeras forças, a sua ação é substituída pelo conceito
de tensão em apenas um ponto (desenvolvido pela mecânica do contínuo).
Portanto, em mecânica dos solos o termo tensão refere-se à tensão macroscópica,
definida pela relação entre a força atuante e a área total.

3.2 Tensão Total Vertical

Um corpo de solo é composto por um conglomerado complexo de partículas, cujas


dimensões variam de valores microscópicos, nas argilas, a valores macroscópicos nos
pedregulhos e matacões. As partículas sólidas apresentam-se arrumadas de várias formas e
orientações, deixando vazios entre elas, os quais podem estar preenchidos com água, ar ou
ambos. Em consequência, para a aplicação convencional do contínuo aos problemas de
mecânica dos solos, são necessárias algumas considerações adicionais e a introdução do
conceito de pressão média.
Na análise do comportamento dos solos, as tensões devidas ao peso têm valores
consideráveis, e não podem ser desconsideradas. Quando a superfície do terreno é horizontal,
considera-se intuitivamente que a tensão atuante num plano horizontal a uma certa
profundidade seja normal ao plano. De fato, estatisticamente, as componentes das forças
tangenciais ocorrentes em cada contato tendem a se contrapor, anulando a resultante.
Num plano horizontal, atua o peso de um prisma de terra definido por este plano. O peso
do prisma dividido pela área, indica a tensão vertical (), dado pela Equação 15. A Figura 3.2
mostra um diagrama de tensões totais com a profundidade de uma seção de solo, por hipótese
seco. Caso haja a presença de lençol freático, deve-se trabalhar com o conceito de peso
específico saturado (sat) para a parcela de solo abaixo do nível d’água.

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   .z (15)
Onde:
tensão total vertical
peso específico natural do solo
z = profundidade do solo em relação a superfície

Figura 3.2 – Variação da tensão total em relação a profundidade

Quando o solo é constituído de camadas aproximadamente horizontais, a tensão vertical


resulta da somatória do efeito das diversas camadas. A Figura 3.3 mostra um diagrama de
tensões com a profundidade de uma seção de solo, por hipótese seco.

Figura 3.3 – Variação da tensão total em relação a profundidade em terrenos estratificados

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3.3 Pressão Neutra

Como dito anteriormente, os vazios do solo podem estar preenchidos por água. A
pressão atuando na água dos vazios denomina-se pressão neutra (u) também chamada de
poropressão. A água no interior dos vazios, abaixo do nível d’água (NA), estará sob uma
pressão que independe da porosidade do solo, depende apenas de sua profundidade em relação
ao nível freático. Logo, a pressão neutra é definida pela Equação 16.

u   w .h (16)
Onde:
upressão neutra
wpeso específico da água
h = altura da coluna de água (entre o nível d’água e o ponto analisado).

A Figura 3.4 mostra um diagrama de pressão neutra com a profundidade de uma seção
de solo.

Figura 3.4 – Variação da pressão da água em relação a profundidade

3.4 Tensão Efetiva

Em 1936 Terzaghi enunciou o chamado princípio da tensão efetiva, estabelecendo que


o comportamento de um solo depende de uma combinação da tensão total e da pressão neutra
e não de seus valores individuais.

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Este princípio é provavelmente o conceito mais simples e importante da mecânica dos


solos. Compõe-se de duas afirmativas:
 Todos os efeitos mensuráveis, decorrentes de uma variação de tensões, tais como,
compressão, distorção e resistência ao cisalhamento são exclusivamente devidos à variação
da tensão efetiva.
 Nos solos saturados, a tensão efetiva (’) é definida pela expressão: : ’ = u

As Figuras 3.5, 3.6 e 3.7 mostram exemplos de diagramas de tensões totais, efetivas e
pressão neutra com a profundidade de uma seção de solo.

Figura 3.5 – Diagrama de tensões (Nível d´água coincidente com o nível do terreno)

Figura 3.6 – Diagrama de tensões (Nível d´água abaixo do nível do terreno)

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Figura 3.7 – Diagrama de tensões (Nível d´água acima do nível do terreno)

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4. RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DOS SOLOS

A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno de cisalhamento. Isto acontece, por
exemplo, quando uma sapata de fundação é carregada até a ruptura ou quando ocorre o
escorregamento de um talude (Figura 4.1). Só em condições especiais ocorrem rupturas por
tensões de tração. A resistência ao cisalhamento de um solo pode ser definida como a máxima
tensão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou tensão de cisalhamento
() do solo no plano em que a ruptura estiver ocorrendo.

(a) (b)
Figura 4.1 – Ruptura de solo: (a) escorregamento de talude; (b) superfície de ruptura em uma
barragem

A seguir serão mostradas algumas ideias sobre o mecanismo de deslizamento entre


corpos sólidos, e, por extensão, entre as partículas do solo. Em particular, analisemos os
fenômenos de atrito e coesão.

4.1 Atrito

A resistência por atrito entre as partículas pode ser simplificadamente demonstrada por
analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal,
esquematizado na Figura 4.2a. Sendo N a força vertical transmitida pelo corpo, a força
horizontal T necessária para fazer o corpo deslizar deve ser superior a f.N, sendo f o coeficiente
de atrito entre os dois materiais. Existe, portanto, proporcionalidade entre a força tangencial e
a força normal. Esta relação pode ser também escrita conforme a Equação 16:

T  N . tan  (16)
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O ângulo de atrito (Ø) pode ser entendido, também, como o ângulo máximo que a força
transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem que ocorra
deslizamento. Atingido este ângulo, a componente tangencial é maior do que a resistência ao
deslizamento, que depende da componente normal, como esquematizado na Figura 4.2b.
O deslizamento também pode ser provocado pela inclinação do plano de contato, que
altera as componentes normal e tangencial ao plano do peso próprio, atingindo, na situação
limite, a relação expressa pela equação, como se mostra na Figura 4.2c.
Experiências feitas com corpos sólidos mostram que o coeficiente de atrito é
independente da área de contato e da força (ou componente) normal aplicada. Assim, a
resistência ao deslizamento é diretamente proporcional à tensão normal () e pode ser
representada por uma linha reta, como na Figura 4.2d.

Figura 4.2 – Esquema referente ao atrito entre dois corpos sólidos

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O fenômeno do atrito nos solos se diferencia do fenômeno do atrito entre dois corpos
porque o deslocamento se faz envolvendo um grande número de grãos, podendo eles deslizarem
entre si ou rolarem uns sobre os outros, acomodando-se em vazios que encontrem no percurso.

4.2 Coesão

A resistência ao cisalhamento dos solos é essencialmente devida ao atrito entre as


partículas. Entretanto, a atração química entre estas partículas pode provocar uma resistência
independente da tensão normal atuante no plano e que constitui uma coesão real, como se uma
cola tivesse sido aplicada entre dois corpos.
A parcela de coesão em solos sedimentares, em geral, é muito pequena perante a
resistência devida ao atrito entre os grãos. Entretanto, existem solos naturalmente cimentados
por agentes diversos, entre os quais os solos evoluídos pedologicamente, que apresentam
parcelas de coesão real de significativo valor.
A coesão real deve ser bem diferenciada da coesão aparente. Esta, a coesão aparente, é
uma parcela da resistência ao cisalhamento de solos úmidos, não saturados, devida à tensão
entre partículas resultante da pressão capilar da água. A coesão aparente é, na realidade, um
fenômeno de atrito, onde a tensão normal que a determina é consequente da pressão capilar.
Saturando-se o solo, esta parcela da resistência desaparece, donde provém o nome de aparente.
Embora mais visível nas areias, onde é clássico o exemplo das esculturas de areias feitas nas
praias, é nos solos argilosos que a coesão aparente assume os maiores valores.

4.3 Critérios de ruptura

Critérios de ruptura são formulações que procuram refletir as condições em que ocorre
a ruptura dos materiais. Existem critérios que estabelecem máximas tensões de compressão, de
tração ou de cisalhamento. Outros se referem a máximas deformações. Outros, ainda,
consideram a energia de deformação. Um critério é satisfatório na medida em que reflete o
comportamento do material em consideração.
A análise do estado de tensões que provoca a ruptura é o estudo da resistência ao
cisalhamento dos solos. Os critérios de ruptura que melhor representam o comportamento dos
solos são os critérios de Coulomb e de Mohr representados na Figura 4.3.
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Figura 4.3 – Critérios de ruptura: (a) critério de Coulomb; (b) critério de Mohr

 Critério de Coulomb: “não há ruptura se a tensão de cisalhamento () não ultrapassar um


valor dado pela expressão c + f., sendo c e f constantes do material e  a tensão normal
existente no plano de cisalhamento”.
 Critério de Mohr: “não há ruptura enquanto o círculo representativo do estado de tensões
se encontrar no interior de uma curva, que é a envoltória dos círculos relativos a estados de
ruptura observados experimentalmente para o material”.
Envoltórias curvas, como a definida no Critério de Mohr, são de difícil aplicação.
Portanto, as envoltórias de Mohr são sempre substituídas por retas de melhor ajuste, ficando
análogas ao Critério de Coulomb. Esta substituição é chamada na Mecânica dos Solos de
Critério de Mohr-Coulomb. A inclinação da curva define o ângulo de atrito do solo (Ø) e o
intercepto do eixo das ordenadas define a coesão (c), conforme mostrado na Figura 4.4.

Figura 4.4 – Critério de Mohr-Coulomb

Assim, a resistência ao cisalhamento do solo é definida pela Equação 17:

  c   . tan  (17)

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4.4 Ensaios empregados na determinação da resistência dos solos

A mecânica dos solos utiliza dois tipos diferentes de ensaios para a determinação da
envoltória de resistência dos solos: ensaio de cisalhamento e o ensaio triaxial. O ensaio de
compressão simples também é utilizado, mas não é aconselhado para a determinação dos
parâmetros de resistência c (coesão) e Ø (ângulo de atrito).

4.4.1 Ensaio de cisalhamento direto

É um dos processos de laboratório mais antigos usado para determinação dos parâmetros
c e Ø e consequentemente a envoltória de ruptura do solo.
O ensaio consiste no deslizamento de uma metade do corpo de prova do solo em relação
à outra (Figura 4.5), determinando assim para cada tensão normal (à superfície do
deslizamento, o esforço do valor da tensão cisalhante () necessário para provocar a deformação
contínua até a ruptura. Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, obtém-se a
envoltória de ruptura.

Figura 4.5 – Esquema do ensaio de cisalhamento

4.4.2 Ensaio triaxial

É o mais indicado para a determinação da resistência ao cisalhamento do solo, onde um


corpo de prova de forma cilíndrica é submetido a uma tensão confinante (3), que atua em toda

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a superfície. A seguir é aplicada a tensão axial (1), que é aumentada até a ruptura do corpo de
prova.
A tensão confinante é aplicada dentro de uma câmara (Figura 4.6), através de água que
envolve o corpo de prova que por sua vez é protegido por uma membrana impermeável de
borracha. As tensões axiais são transmitidas pelo pistão apoiado no cabeçote colocado no topo
do corpo de prova. São colocadas pedras porosas no topo e na base do corpo de prova. Esses
cabeçotes são perfurados e ligados ao exterior da câmara de confinamento por tubos e registros,
de modo que se permita realisar as leituras das pressões atuantes.

Figura 4.6 – Câmara triaxial

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5. NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ENCOSTAS

5.1 Origem e conceitos

A paisagem de nosso planeta é dinâmica, sendo caracterizada por uma constante


mudança nas suas formas. Estas mudanças são regidas por um equilíbrio entre as chamadas
forças internas (que atuam no sentido de elevar a superfície da terra) e as externas, que tendem
a arrasar estas elevações.
Parte destas mudanças necessita de milhares de anos para completar seu ciclo; outras
ocorrem relativamente rápido, sendo perceptíveis na escala de tempo da vida humana.
Portanto, as encostas constituem-se em um dos diferentes tipos de formas de terreno,
originados pela ação de forças externas e internas, através de agentes geológicos, climáticos,
biológicos e humanos que vêm, através dos tempos, esculpindo a superfície da Terra.
Uma encosta pode ser entendida como toda superfície natural inclinada (declive) que
une duas outras superfícies caracterizadas por diferentes energias potenciais gravitacionais.
Os taludes naturais são definidos como encostas de maciços terrosos, rochosos ou
mistos, de solo e rocha, originados por agentes naturais e de superfície não horizontal, mesmo
que tenham sofrido algumas ações antrópicas, tais como, cortes, desmatamentos, introdução de
cargas etc.
O termo encosta é mais utilizado em caracterizações regionais, enquanto que talude
natural é mais empregado em descrições locais, preferencialmente, pelos atuantes na área de
solos.
O talude de corte é definido como um talude natural ou encosta, resultante de algum
processo de escavação promovido pelo homem. O termo talude artificial refere-se aos declives
de aterros construídos a partir de vários materiais, tais como, argila, silte, areia, cascalho e
rejeitos industriais ou de mineração.

5.2 Substrato de uma encosta

Em regiões tropicais, o clima quente e úmido processa, com uma velocidade


considerável, um conjunto de alterações químicas e físicas nas rochas, dando origem à formação

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do que chamamos de manto de alteração, cujo produto é o próprio solo. O processo de formação
apresenta uma série de unidades sobrepostas (Figura 4.7):
 Solo laterítico (solo superficial ou residual maduro): unidade mais superficial. Apresenta-
se frequentemente laterizado (concentração de óxidos de ferro e alumínio), com alta
porosidade, predominantemente argiloso e com cores em tons amarelados e avermelhados.
Pode ser originário da alteração local de rocha ou de materiais transportados de montante,
sob ação da gravidade (origem coluvionar).
 Solo saprolítico (solo de alteração ou residual jovem): unidade subjacente ao solo
superficial, com propriedades texturais e estruturais diretamente relacionadas à rocha sobre
a qual está assentado e que deu origem a sua formação. Apresenta, frequentemente, cores
variegadas.
 Rocha fraturada: unidade que não pode ser considerada mais como solo devido a suas
características de resistência; porém, apresenta-se muito alterada e fraturada, o que lhe
confere um comportamento intermediário entre o soio e a rocha.
 Rocha: é a unidade mais profunda do manto de alteração, apresentando resistência superior
às unidades subjacentes.

Figura 4.7 – Perfil típico de uma encosta

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5.3 Processos naturais da dinâmica superficial das encostas

A dinâmica das encostas é regida pelos processos de transporte de massa e pelos


movimentos gravitacionais de massa.
O processo de transporte de massa tem como meio transportador a água, o ar e o gelo,
sendo que no nosso clima predominam os processos transportados pela água:
 Erosão laminar ou superficial;
 Sulcos e ravinas;
 Voçorocas ou boçorocas.
A ocorrência de processos erosivos nas encostas é atribuída basicamente a fatores
naturais e antrópicos, a saber: erosividade da chuva; erodibilidade dos solos; natureza da
cobertura vegetal; características das encostas; e tipos de uso e ocupação do solo.
A erosividade é a habilidade da chuva em causar erosão. Está relacionada com o total
de chuva, a sua intensidade, o momento e a energia cinética. A erodibilidade dos solos
representa a suscetibilidade do solo em resistir aos processos erosivos. Os fatores que afetam a
erodibilidade são: granulometria, densidade, porosidade, teor de matéria orgânica, teor e
estabilidade dos agregados.
A cobertura vegetal é o fator de maior relevância na proteção dos solos, pois afeta a sua
erosão de várias maneiras. A cobertura vegetal reduz as taxas de erosão do solo através de
proteção ao impacto da chuva, diminuição da água disponível ao escoamento superficial e
decréscimo da velocidade de escoamento superficial.
As características das encostas podem afetar a erodibilidade dos solos de diferentes
maneiras: por meio da declividade, do comprimento e da forma das encostas. Os tipos de uso e
ocupação do solo são considerados como responsáveis pelo desencadeamento e/ou a aceleração
dos processos erosivos nas encostas. As práticas agrícolas e de manejo de solo inadequados
provocam a intensificação dos processos erosivos, pela exposição, remobilização e
desagregação dos solos, e a alteração do escoamento superficial.
A urbanização impõe modificações sérias no sistema de drenagem superficial e
subsuperficial, que aceleram os processos erosivos nas encostas e nos vales fluviais, através de
desmatamentos, aterros, impermeabilização dos solos, canalizações que subestimam o
potencial hidráulico das drenagens, e construção de estradas e de reservatórios.
Os movimentos gravitacionais de massa são classificados em diferentes formas:

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 Rastejos;
 Escorregamentos;
 Quedas, tombamentos e rolamentos de blocos;
 Corridas de massa.

5.3.1 Erosão laminar ou superficial

A erosão laminar ocorre através do escoamento superficial difuso da água da chuva no


solo, ocasionando uma perda progressiva dos horizontes superficiais. Neste caso não se observa
canais bem definidos, conforme apresentado na Figura 4.8.

Figura 4.8 – Detalhe da erosão laminar

5.3.2 Sulcos e ravinas

Os sulcos constituem feições alongadas e rasas (inferiores a 50 cm). As ravinas são


feições de maior porte, de profundidade variável, de forma alongada e não atingem o lençol de
água subterrânea, conforme mostrado na Figura 4.9.

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Figura 4.9 – Formação de ravinas

5.3.3 Voçorocas

As voçorocas (Figura 4.10) têm dimensões superiores às das ravinas. A diferença é que
estas necessariamente atingem o lençol de água subterrânea, podendo haver, portanto,
processos de erosão subterrânea (piping).

Figura 4.10 –- Voçoroca

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5.3.4 Rastejos

São movimentos extremamente lentos (cm/ano) e contínuos de materiais superficiais


encosta abaixo, por ação da gravidade (Figura 4.11). Basicamente se dá pela movimentação
como um todo, do manto de alteração de uma encosta, deslocando e abrindo fendas nas partes
inferiores (solo residual e rocha).
É corresponde a uma deformação cuja geometria não é bem definida e que também não
apresenta o desenvolvimento de uma superfície definida de ruptura, afetando grandes áreas.
Com o aumento da velocidade pode se transformar em um escorregamento.
A existência de rastejo numa área pode ser notada pela inclinação de árvores, cercas ou
postes. Normalmente, este é um dos movimentos mais lentos que existe, mas com o aumento
da saturação de água no solo, ele pode assumir uma maior velocidade, tornando-se um perigo
para as construções que existem na encosta: os rastejos podem evoluir para escorregamentos,
servindo como um indicador para movimentos mais rápidos.

Figura 4.11 – Características de rastejo

Solos ou rochas submetidos a movimentos de rastejo não necessariamente atingirão a


ruptura. Um talude pode suportar tensões superiores àquelas necessárias para provocar
deformações por rastejo sem chegar a sua completa instabilização. De maneira geral, o rastejo
contribui para uma diminuição gradual da resistência do material. Os rastejos podem causar
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danos significativos em taludes e encostas adjacentes a obras civis. Podem também causar
problemas nas fundações de pilares de pontes, viadutos, etc.

5.3.5 Escorregamentos

Contrariamente ao rastejo, o escorregamento afeta parcialmente o manto de alteração de


uma encosta. Possui limites (superfície de ruptura) bem definidos, tanto em profundidade como
lateralmente.
Consistem no movimento rápido de massas de solo ou rocha sobre encostas íngremes,
geralmente bem definidas quanto ao seu volume, cujo centro de gravidade se desloca para baixo
e para fora de um talude, por ação da gravidade. Este tem sido o tipo de movimento de massa
mais comum nas regiões tropicais e subtropicais e, pela intensidade e velocidade com que
ocorre, tem causado muitas mortes e perdas materiais.
São desencadeados por chuvas intensas, interferências na encosta (cortes, construções)
e remoção da cobertura vegetal; originam os corpos de tálus, onde há mistura de solo e
fragmentos de rocha em proporções variáveis.
O mecanismo de deformação envolvido nestes processos apresenta um regime diferente
do rastejo, ocorrendo por aumento das tensões atuantes ou queda da resistência, ou combinações
destes mecanismos, que levam os terrenos, que constituem os taludes e encostas naturais, a
rupturas por cisalhamento.
Os escorregamentos, também denominados deslizamentos, caracterizam-se pela
formação de uma superfície de ruptura bem definida, onde há uma grande concentração de
deformações cisalhantes. Podem ser rotacionais (Figura 4.12), translacionais (Figura 4.13) ou
na forma de cunha (Figura 4.14).

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Figura 4.12 – Escorregamento rotacional (circulares)

Figura 4.13 – Escorregamento planar (translacional)

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Figura 4.14 – Escorregamento em cunha

5.3.6 Quedas, tombamentos e rolamentos de blocos de rochas

Os processos de movimentos de blocos rochosos consistem nos deslocamentos, por


gravidade, de blocos de rocha, podendo ser classificados em vários tipos, conforme descritos a
seguir.
Queda de blocos (Figura 4.15) envolve materiais rochosos de volume e litologia
diversos, que se destacam de taludes ou encostas íngremes e se deslocam em movimentos
extremamente rápidos tipo queda livre.
Esse tipo de movimento consiste na separação de uma determinada porção de material
de um trecho muito íngreme da encosta, seguida de queda e acúmulo no pé da encosta. O
material destacado do talude desce em queda livre, podendo durante o seu percurso atingir
outros pontos da encosta, provocando novas instabilizações. Em geral, os movimentos são
muito rápidos, podendo ou não ser precedidos por movimentos menores que levam à separação
progressiva da sua localização de origem.

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Os tombamentos (Figura 4.16) consistem na rotação de uma massa ou de vários blocos


rochosos em torno de um ponto, condicionado pela presença de estruturas geológicas no maciço
rochoso, com grande mergulho.
Atuam no sentido da instabilização, a força da gravidade e as pressões dos fluidos que
preenchem as descontinuidades. Desenvolvem-se a partir de superfícies de descontinuidades de
origem tectônicas e/ou sedimentares. São comuns em encostas verticais com fendas de tração
paralelas à superfície da encosta.

Figura 4.15 – Queda de blocos

Figura 4.16 – Tombamento de blocos

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5.3.7 Corridas de massa

Caracterizam-se pela afluência de grande quantidade de material para a drenagem. A


parte argilosa deste material se mistura com a água formando um líquido viscoso (lama), com
alta plasticidade que flui para as partes baixas. Pela sua velocidade e densidade elevadas possuí
alto poder destrutivo e extenso raio de ação. Normalmente a fonte do material que aflui para a
drenagem são escorregamentos que ocorrem a montante. Estão associados a índices
pluviométricos elevados. São movimentos que se assemelham a avalanche, conforme mostrado
na Figura 4.17.

Figura 4.17 – Corridas de massa

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, P. (2003). Fundações e Obras de Terra. Notas de Aula. FACENS.

ALVES, M. J. C. P. Mecânica dos Solos. Volume 1. Instituto Militar de Engenharia.

BRAJA, M. DAS. (2011). Fundamentos de Engenharia Geotécnica. 7ª edição, Editora Cengage


Learning. São Paulo.

CAPUTO, H. P. (1988). Mecânica dos Solos e suas aplicações. Fundamentos. Vol. 1. 6ª edição,
Editora Cengage Learning. São Paulo. Editora Livro Técnicos e Científicos Ltda. Rio de
Janeiro.

MACHADO S. L.; MACHADO M. F. Mecânica dos Solos I. Conceitos Introdutórios. UFBA.

NUNES, M. S. (2010). Fundamentos da Mecânica dos Solos. Apostila. 5ª edição, Instituto


Politécnico - IPUC. PUC Minas.

ORTIGÃO, J. A. R. (2007). Introdução a Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. 3ª edição,
Editora Terratek.

PEREIRA, E. L. (2008) Mecânica dos Solos I. Apostila. IFMG. Congonhas.

PINTO, C. S. (2006). Curso Básico de Mecânica dos Solos, em 16 Aulas. 3ª edição, Editora
Oficina de Textos. São Paulo.

RAMALHO, G. G. C. Princípios de Mecânica dos Solos. Apostila. IFMG. Ouro Preto.

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7. LISTA DE EXERCÍCIOS
LISTA 1 - PERMEABILIDADE

1. No permeâmetro mostrado abaixo, adote h = 95 cm e L = 50 cm. A seção transversal do


permeâmetro é de 350 cm². Mantida a carga hidráulica, mediu-se um volume de 100 cm³,
escoando em 18 segundos. Qual o coeficiente de permeabilidade do material?

Permeâmetro de carga constante

2. Considerando que o ensaio da questão anterior foi realizado à 27oC, calcule o valor de k
para 20oC. Dados: µ20 = 1,00 cP e µ27 = 0,85 cP.

3. Num ensaio de permeabilidade, com permeâmetro de carga variável, , quando a carga h era
de 65 cm, acionou-se o cronômetro. Trinta segundos após, a carga era de 35 cm. L = 20 cm
e A = 77 cm² são as dimensões do corpo de prova (amostra) e a área (a) da bureta (tubo) é
de 1,2 cm². Qual o coeficiente de permeabilidade do solo em estudo?

4. Uma areia bem graduada de grãos angulares tem um índice de vazios máximo de 0,83 e
um índice de vazios mínimo de 0,51. Se o coeficiente de permeabilidade desta areia, no
seu estado mais fofo possível, é de 4 x 10-3 cm/s, qual deve ser o seu coeficiente de
permeabilidade quando o índice de vazios foi igual a 0,606?

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5. Durante o ensaio de permeabilidade de carga constante, foram obtidos os seguintes valores:


 L = 30 cm
 A = área da amostra = 177 cm2
 h = 50 cm (diferença da carga constante)
 Água coletada em um período de 5 min = 350 cm3
Determine o gradiente hidráulico (i) e o coeficiente de permeabilidade (k) em cm/s.

6. Durante o ensaio de permeabilidade de carga constante, foram obtidos os seguintes valores:


 L = 30 cm
 A = área da amostra = 177 cm2
 h = 82 cm (diferença da carga constante)
 Água coletada em um período de 3 min = 720 cm3
Calcule a velocidade de descarga (v).

7. O coeficiente de permeabilidade de uma areia com índice de vazios de 0,5 é 0,02 cm/s.
Estime o coeficiente de permeabilidade a um índice de vazios de 0,65.

8. Para um ensaio de permeabilidade com carga variável, são dados os seguintes valores:
 L = 20,3 cm (comprimento da amostra)
 A = 10,3 cm2 (área da amostra de solos)
 a = 0,39 cm2 (área da bureta)
 hi = 508 mm (diferença de carga no início do ensaio ti = 0)
 hf = 305 mm (diferença de carga no final do ensaio tf = 180 s)
Calcule o coeficiente de permeabilidade (k) em cm/s.

9. Durante um ensaio de permeabilidade, o coeficiente de permeabilidade determinado foi de


2,5x10-3 cm/s para uma temperatura de 24 °C. Determine o valor de k para a temperatura
de 20 °C. Dados:

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Relação µT/ µ20


Temperatura (T) T Temperatura (T) T
(°C)  20 (°C)  20
15 1,135 23 0,931
16 1,106 24 0,910
17 1,077 25 0,889
18 1,051 26 0,869
19 1,025 27 0,850
20 1,000 28 0,832
21 0,976 29 0,814
22 0,953 30 0,797

10. Para um ensaio de permeabilidade de carga variável, qual deverá ser a área do piezômetro
(a) para que a carga diminua de 650 cm para 300 cm em 8 minutos? Dados:
 L = 38 cm
 A = 6,5 cm2
 k = 0,175 cm/mim.

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LISTA 2 - COMPACTAÇÃO
1. Com uma amostra de solos argilosos, com areia fina, a ser usada num aterro, foi feito um
Ensaio Proctor de Compactação. Na tabela abaixo estão as massas dos corpos de prova,
determinadas nas cinco moldagens de corpo de prova, no cilindro que tinha 992 cm3. Estão,
também, indicadas as umidades correspondentes a cada moldagem, obtidas por meio de
amostras pesadas antes e após a secagem em estufa. Dados: s = 2,65 g/cm3 e w = 1,00
g/cm3.

Ensaio (moldagem) 1 2 3 4 5
Massa do corpo de prova (g) → M 1748 1817 1874 1896 1874
Umidade do solo compactado (%)→ w 17,73 19,79 21,59 23,63 25,75
massa específica (g/cm3) → 
massa específica aparente seca (g/cm3) d

a) Desenhar a curva de compactação, determinar a massa específica aparente seca máxima


(dmáx), a umidade ótima (wot) e a curva de saturação referente a S=100%.

1,580

1,570

1,560
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA (g/cm³)

1,550

1,540

1,530

1,520

1,510

1,500

1,490

1,480
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
UMIDADE (%)

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b) Foi especificado que o aterro deve ser compactado com grau de compactação (GC) de pelo
menos 95% e com umidade no intervalo (wot – 2 < w < wot + 2). Verifique se a camada
compactada com 21,5% de umidade e com massa específica aparente igual a 1,52 g/cm3 se
encontra dentro das especificações de projeto.

Correlações entre os índices físicos:

 M
d  
1 w V

2. Com uma amostra de solo a ser usada em um aterro rodoviário, foi feito um Ensaio Proctor
de Compactação. Na tabela abaixo estão os parâmetros obtidos, determinadas nas seis
moldagens de corpo de prova. Durante a execução do pavimento rodoviário, as camadas
da base foram compactadas com a utilização de um rolo liso. Verifique para cada uma das
situações abaixo se a camada compactada encontra-se dentro das especificações que visam
garantir uma compactação de qualidade.

c) 1ª camada compactada: b) 2ª camada compactada

Método da Frigideira: Método da Frigideira:

Massa de solo úmido (Mh = 251g) Massa de solo úmido (Mh = 218,2g)

Massa de solo seco (Ms = 224,1g) Massa de solo seco (Ms = 196,1g)

Método do cilindro cortante: Método do cilindro cortante:

Dimensões do cilindro (Ø = 11cm e h Dimensões do cilindro (Ø = 11cm e h =


= 11,6cm) 11,6cm)

Massa de solo úmido (Mh = 1864,12g) Massa de solo úmido (Mh = 1779,2g)

CRITÉRIOS PARA CONTROLE DE COMPACTAÇÃO DAS CAMADAS


(wot – 2%)  wcampo  (wot + 2)
GC ≥ 95%

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ENSAIO DE COMPACTAÇÃO PROCTOR

Ensaio (moldagem) Símbolo 1 2 3 4 5

Umidade do solo compactado (%) w 10,5 11,5 12,0 15,5 17,8

peso específico aparente seco (kgf/dm3) d 1,455 1,507 1,522 1,500 1,455

1,580

1,570

1,560

1,550

1,540
PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO (kgf/dm³)

1,530

1,520

1,510

1,500

1,490

1,480

1,470

1,460

1,450

1,440

1,430

1,420

1,410
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
UMIDADE (%)

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3. Durante a execução de aterro, as camadas foram compactadas com a utilização de um


rolo liso. Verifique para cada uma das situações abaixo se a camada compactada
encontra-se dentro das especificações que visam garantir uma compactação de
qualidade.

OBRA: CLIENTE:
EMPRESA: LABORATÓRIO DE SOLOS
MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DATA DATA DATA
COMPACTAÇÃO EM COMPARAÇÃO COM REGISTRO
OBTIDO NA CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL EM 11/08/11 14/08/11 19/08/11
LABORATÓRIO.
* CAMADA 6º 5º 4º
ESPESSURA DA CAMADA COMPACTADA ( cm ) 20 20 20
* PESO INICIAL DO FRASCO + FUNIL + AREIA ( g ) 7000 6670 7000
* PESO FINAL DO FRASCO + FUNIL + AREIA ( g ) 4460 3880 4840
PESO DA AREIA DESLOCADA ( g ) 2540
* PESO DA AREIA NO FUNIL ( g ) 480 480 480
PESO DA AREIA NA CAVIDADE ( g ) 2060
* MASSA ESPECÍFICA APARENTE DA AREIA ( g/cm³ ) 1,327 1,327 1,327
VOLUME DO FURO ( cm³ ) 1552
* PESO DO SOLO ÚMIDO + RECIPIENTE ( g ) 4310 4670 3095
* PESO DO RECIPIENTE ( g ) 920 920 920
PESO DO SOLO EXTRAÍDO ÚMIDO ( g ) 3390
MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO SOLO ÚMIDO
2,184
( g/cm ³ )
MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO SOLO SECO
2,052
( g/cm³ )
* TEOR DE UMIDADE OBTIDO ( % ) 6,4 4,2 5,2
REGISTRO DO ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA MÁXIMA
2115 2115 2115
* ( g/cm³ )
* UMIDADE ÓTIMA ( % ) 6,9 7,4 6,9
GRAU DE COMPACTAÇÃO OBTIDO ( % )
DE :
TEOR DE UMIDADE ACEITÁVEL ( % )
A:
GRAU DE COMPACTAÇÃO MÍNIMO EXIGIDO PARA
95% 95% 95%
* APROVAÇÃO
* APROVADO (AP) / REPROVADO (RP) AP

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LISTA 3 – TENSÕES NO SOLO

1. Determinar as tensões no solo devidas ao peso próprio (totais, efetivas e poropressões) nos
contatos entre o solo 1 e o solo 2 e entre o solo 2 e o solo de alteração, dadas as condições
apresentadas nas figuras abaixo (traçar o diagrama de tensões):

Dados: = 17 kN/m³ Sat-= 24 kN/m³

 = 16,5 kN/m³ Sat-= 23 kN/ m³W= 10 kN/m³

N.A. Solo

Solo

Solo de alteração

a) Qual o valor da poropressão e da tensão efetiva a uma profundidade de 2,5 metros?

b) Qual o valor da poropressão e da tensão efetiva a uma profundidade de 6 metros?

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2. Ocorreu uma enchente, e elevou o nível d’água até a cota de +2 m (acima do terreno), trace
o diagrama de tensões e determine:

N.A.

2,0 m

Solo

Solo

Solo de alteração

a) Qual o valor da poropressão e da tensão efetiva a uma profundidade de 2,5 metros?

b) Qual o valor da poropressão e da tensão efetiva a uma profundidade de 6,0 metros?

c) Qual o valor da poropressão e da tensão efetiva na superfície?

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3. Analise o perfil do solo abaixo e determine:

TENSÕES (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,00

1,00
Profundidade (m)

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

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Dados:

Solo 1: 1 
= 17,6 kN/m3; sat1 = 18,1 kN/m3

Solo 2: 2 
= 17,95 kN/m3; sat2 = 18,87 kN/m3

Solo 3: 3 
= 18,44 kN/m3; sat3 = 19,65 kN/m3


Pese específico da água: w = 10,0 kN/m3 NA = nível do lençol freático

(a) A variação das tensões totais, tensões efetivas e a poropressão em função da


profundidade (traçar o diagrama de tensões no gráfico acima)

(b) A poropressão e a tensão efetiva a uma profundidade de 2,60 m.

(c) A poropressão e a tensão efetiva a uma profundidade de 6,00 m.

(d) Se o lençol freático subir até a superfície do terreno, qual será o valor da tensão efetiva
na parte inferior da camada de argila?

(e) Ocorreu uma enchente e elevou o nível d’água até a cota de +1,0 m (acima do terreno).
Determine a tensão efetiva na parte inferior da camada de argila e a tensão efetiva na
superfície do terreno.

4. Traçar o diagrama de variação da profundidade da tensão total, poropressão e tensão efetiva,


considerando o perfil do terreno representado na figura abaixo:

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Mecânica dos Solos II
Curso Técnico de Edificações
Campus Congonhas

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Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 68
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LISTA 4 – RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO

1) Quatro amostras de areia seca foram submetidas ao ensaio de cisalhamento direto.


Utilizaram-se as tensões normais que variaram de 58,2 kPa a 190,3 kPa, para os corpos de
prova CP1, CP2, CP3 e CP4, respectivamente, com a obtenção dos seguintes resultados:

Corpos de Prova CP1 CP2 CP3 CP4

Tensão Normal (kPa) 58,2 65,5 111,1 190,3

Tensão Cisalhante na Ruptura (kPa) 52,4 62,1 98,2 174,1

Pede-se:

a) Traçar a envoltória de ruptura para estas tensões;


b) Determinar o ângulo de atrito e a coesão para a areia ensaiada;
c) Determinar se haverá ruptura em um plano em que atuam 246 kPa de tensão normal e
122 kPa de tensão cisalhante.

250

200
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

150

100

50

0
0 50 100 150 200 250
TENSÃO NORMAL (kPa)

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2) A seguir, são mostrados os resultados de quatro ensaios de cisalhamento direto drenado em


uma argila sobreadensada. Determine:

Corpos de Prova CP1 CP2 CP3 CP4

Tensão Normal (kPa) 76,4 127,3 178,3 280,1

Tensão Cisalhante na Ruptura (kPa) 80,2 101,8 131,2 185,1

200

150
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300
TENSÃO NORMAL (kPa)

Pede-se:

a) Traçar a envoltória de ruptura para estas tensões;


b) Determinar o ângulo de atrito e a coesão para a argila ensaiada;
c) Determinar se haverá ruptura em um plano em que atuam 200 kPa de tensão normal e
180 kPa de tensão cisalhante.

3) Foram realizados ensaios triaxiais com amostras de uma areia, conforme mostrado na tabela
abaixo. Determine:

Corpos de Prova CP1 CP2 CP3

Tensão normal confinante (kPa) 50 100 200

Tensão normal axial (kPa) 156,5 313,4 625,4

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Pede-se:

a) Traçar a envoltória de ruptura para estas tensões;


b) Determinar o ângulo de atrito (Ø) e a coesão (c);
c) Determinar se haverá ruptura quando atuar uma tensão normal axial de 493 kPa e tensão
confinante de 135 kPa .
d) Se atuar uma tensão confinante de 80 kPa, qual será o valor da tensão normal axial que
levará a ruptura do solo?

220
200
180
160
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

140
120
100
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650

TENSÃO NORMAL (kPa)

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