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EDIFICAÇÕES
PROFESSOR
RODOLFO GONÇALVES OLIVEIRA DA SILVA
Edição
Instituto Federal de Minas Gerais – IFMGSetembro/2014
Prof. Rodolfo G. Oliveira da Silva 1
Mecânica dos Solos II
Curso Técnico de Edificações
Campus Congonhas
Esta apostila é uma compilação de textos selecionados de vários autores, apresentando algumas
partes elaboradas pelo próprio autor, além de complementações e atualizações efetuadas a partir
de diversas bibliografias. Ela tem como objetivo auxiliar o aluno no processo de construção do
conhecimento relativo à Mecânica dos Solos.
E-mail: rodolfo.goncalves@ifmg.edu.br
SUMÁRIO
1. PERMEABILIDADE ..................................................................................................................... 5
1.1 Introdução ..................................................................................................................................... 5
1.2 Lei de Darcy .................................................................................................................................. 5
1.3 Determinação do coeficiente de permeabilidade........................................................................... 7
1.3.1 Permeâmetro de carga constante ............................................................................................... 7
1.3.2 Permeâmetro de carga variável ................................................................................................. 8
1.3.3 Métodos indiretos ..................................................................................................................... 10
1.3.4 Valores de permeabilidade dos solos ....................................................................................... 10
1.4 Fatores que influenciam a permeabilidade dos solos .................................................................. 11
1.4.1 Temperatura ............................................................................................................................. 11
1.4.2 Estado do solo .......................................................................................................................... 12
1.4.3 Estratificação do terreno ......................................................................................................... 12
1.4.4 Saturação ................................................................................................................................. 12
2. COMPACTAÇÃO DOS SOLOS .................................................................................................... 13
2.1 Conceito ...................................................................................................................................... 13
2.2 Ensaio de compactação Proctor................................................................................................... 14
2.2.1 Curva de Compactação ............................................................................................................ 16
2.2.2 Energia de compactação .......................................................................................................... 18
2.3 Equipamentos de campo.............................................................................................................. 19
2.3.1 Soquetes.................................................................................................................................... 20
2.3.2 Placa Vibratória....................................................................................................................... 21
2.3.3 Rolo pé-de-carneiro ................................................................................................................. 21
2.3.4 Rolo liso ................................................................................................................................... 22
2.3.5 Rolo Vibratório ........................................................................................................................ 23
2.3.6 Rolo Pneumático ...................................................................................................................... 24
2.4 Controle da compactação ............................................................................................................ 24
2.4.1 Método da frigideira ................................................................................................................ 27
2.4.2 Speedy Test ............................................................................................................................... 28
2.4.3 Método do álcool...................................................................................................................... 29
2.4.4 Método do frasco de areia ....................................................................................................... 29
2.4.5 Método do cilindro cortante..................................................................................................... 30
1. PERMEABILIDADE
1.1 Introdução
O solo é formado por sólidos e vazios que formam uma estrutura porosa. Os vazios
contidos no solo estão interligados, formando canais por onde um fluido pode percolar. No solo
o fluido mais comum é a água. O estudo do fluxo de água em solos permeáveis é muito
importante para a mecânica dos solos. Os solos são permeáveis devido à existência de espaços
vazios interconectados, através dos quais a água consegue fluir de pontos de alta energia para
pontos de baixa energia.
Permeabilidade é a maior ou menor facilidade com que a água pode locomover-se no
interior de um solo. O material é dito permeável se contém vazios ininterruptos. Portanto, um
solo muito permeável permite fácil movimentação da água em seus vazios, enquanto que, solos
pouco permeáveis admitem movimentação de água limitada. A permeabilidade é uma das
principais propriedades do solo, tendo aplicações em projetos e análises de barragens, taludes
em geral, muros de arrimos, escavações, filtros de proteção, drenos, sistemas de drenagens
(bombeamento) e várias outras obras de terra caracterizadas pela presença da água.
O escoamento de um líquido pode ser caracterizado por dois tipos:
Escoamento turbulento: movimentos caóticos e irregulares das partículas do fluído.
Velocidades relativamente grandes e tubulações de grande diâmetro.
Escoamento laminar: as partículas movem-se de forma suave e ordenada na direção do
escoamento. Baixas velocidades e tubos de pequenas dimensões.
O escoamento da água nos solos ocorre em regime laminar, exceto nos pedregulhos de
maiores diâmetros. O estudo dos fenômenos de fluxo de água em solos é realizado apoiando-se
em três conceitos básicos: princípio da conservação da energia, permeabilidade dos solos (Lei
de Darcy) e conservação de massa. Estudaremos os princípios básicos, destacando a Lei de
Darcy.
h
Q k. .A (1)
L
Onde:
Q = vazão (volume de água que passa no solo em uma certa quantidade de tempo)
k = coeficiente de permeabilidade (uma constante específica para cada solo)
h = carga hidráulica (diferença entre os níveis de água superior e inferior)
L = comprimento da amostra de solo
A = área da seção transversal da amostra de solo
A relação h (carga hidráulica) sobre L (distância ao longo da qual a carga se dissipa) é
chamada de gradiente hidráulico (i), conforme Equação 2 .
h
i (2)
L
Q k .i. A (3)
A vazão (Q) dividida pela área (A) indica a velocidade com que a água sai do solo. Esta
velocidade é chamada de velocidade de descarga (v), sendo definida pela Equação 4.
v k.i (4)
A determinação da permeabilidade dos solos pode ser feita através de ensaios de campo,
de laboratório ou através de correlações empíricas. Neste curso serão abordados apenas os tipos
mais comuns, que são os ensaios de laboratório através de permeâmetros de carga constante ou
variável e algumas correlações empíricas.
O permeâmetro de carga constante (Figura 1.2) consta de dois reservatórios, sendo que,
o abastecimento de água na entrada é ajustado de forma que a diferença de carga entre a entrada
e a saída da água é mantida constante, durante o período do ensaio.
Quando o fluxo estiver em regime permanente, a água que atravessa o solo é recolhida,
durante o período do ensaio. Depois que uma vazão constante é estabelecida, a água é coletada
em um recipiente graduado durante um tempo conhecido.
A vazão (Q) pode ser determinada, conforme Equação 5, coletando-se a água percolada
em um recipiente graduado durante um certo intervalo de tempo (t).
V
Q (5)
t
Onde:
Q = vazão
V = volume de água coletada no recipiente graduado
t = tempo de duração de coleta de água
Q.L
k (6)
h. A
Este tipo de ensaio é mais adequado para solos de granulação grossa como pedregulhos
e areias.
a.L h
k 2,3. . log 1 (7)
A.t h2
Onde:
k = coeficiente de permeabilidade
a = área da seção transversal da pipeta graduada
L = comprimento da amostra de solo
A = área da seção transversal da amostra de solo
t = tempo de ensaio dado pela diferença entre t2 e t1 (t = t2-t1)
h1 = leitura do nível de água na pipeta durante o tempo t1
h2 = leitura do nível de água na pipeta durante o tempo t2
O ensaio de carga variável é mais preciso e adequado para solos de granulação fina como
siltes e argilas.
1.4.1 Temperatura
Quanto maior for a temperatura, menor a viscosidade da água e, portanto, mais facilmente ela
escoa pelos vazios do solo com correspondente aumento do coeficiente de permeabilidade; k é
inversamente proporcional à viscosidade da água. Por isso, os valores de k são referidos à
temperatura de 20oC, o que se faz pela Equação 9:
T
k 20 kT (9)
20
Onde:
kT = coeficiente de permeabilidade na temperatura T de ensaio
µT = viscosidade da água na temperatura T de ensaio
µ20 = viscosidade da água à 20oC
A Tabela 2 apresenta a relação entre a viscosidade da água na temperatura de ensaio
(µT) e a viscosidade da água na temperatura de 20 oC.
e13
k1 (1 e1 )
(10)
k2 e23
(1 e2 )
1.4.4 Saturação
2.1 Conceito
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
Figura 2.2 – Equipamentos utilizados no ensaio de compactação: (a) molde Proctor; (b) soquete de
compactação; (c) extrator de amostras; (d) cápsulas metálicas; (e) balança de precisão; (f) estufa
(a) (b)
Figura 2.3 – Alguns procedimentos de compactação do solo segundo a NBR 7182: (a) retirada do
material no extrator de amostras; (b) coleta de material para determinação do teor de umidade
Verifica-se pela curva de compactação (Figura 2.4) a existência de uma relação entre a
umidade e o peso específico aparente seco. No ponto de inflexão da curva é possível determinar
a umidade ótima (wot) e o peso específico aparente seco máximo do solo (dmáx). Isto significa
que se um solo for compactado com a energia de compactação do ensaio, nesse teor de umidade
ele apresentará o máximo peso específico aparente seco.
G w
d
G w (11)
1
S
Onde:
S = grau de saturação
G = densidade dos grãos
d = peso específico aparente seco
w = peso específico da água
w = teor de umidade
Proctor demonstrou que a compactação dos solos é função de quatro variáveis:
Peso específico aparente seco (d);
Umidade (w);
Energia de compactação;
Tipo de solo.
Para uma mesma energia, solos de granulometria diferente apresentam diferentes
valores de wot e dmáx, resultando em curvas de compactação características. A experiência
mostra que nos solos mais finos o teor de umidade ótimo é, em regra, mais reduzido, atingindo
valores mais elevados do peso específico aparente seco. Já nos solos com maior predominância
de partículas grosseiras, o teor de umidade ótimo é mais elevado, conduzindo a valores mais
reduzidos do peso específico aparente seco, conforme mostrado na Figura 2.5. Os solos
granulares sem finos (Ex.: areia pura), sendo bastante permeáveis, são pouco sensíveis ao teor
de água, pelo que a curva de compactação destes solos não possui um pico tão pronunciado
como nos solos arenosos com presença de finos.
Figura 2.5 – Curvas de compactação de diferentes tipos de solo compactados com a mesma energia
A Figura 2.5 apresentou diferentes curvas de compactação (solos diferentes) para uma
mesma energia de compactação aplicada. Porém, ao se aplicar a um solo com determinado teor
de umidade energias de compactação diferentes, o estado final seria diferente. Isto quer dizer
que a cada energia de compactação corresponde a uma curva de compactação (Figura 2.6).
Pode-se verificar que a maior energia de compactação corresponde a um d maior que é
obtido para um teor de wot menor, resultando, portanto, numa curva deslocada para cima e para
a esquerda da curva correspondente à menor energia de compactação.
2.3.1 Soquetes
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água,
a fim de que seja aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em
capeamentos e são indicados para solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em
espessuras inferiores a 15 cm.
Este tipo de rolo compacta bem camadas finas de 5 a 15 cm com 4 a 5 passadas. Os
rolos lisos possuem pesos de 1 a 20 t e frequentemente são utilizados para o acabamento
superficial das camadas compactadas. A Figura 2.11 mostra um rolo compactador do tipo liso.
Os rolos lisos não são recomendados para compactação de solos moles, pois afundam
demasiadamente dificultando a tração. No entanto, como já destacado, são excelentes para
materiais arenosos.
São rolos constituídos por uma estrutura mecânica amparada por pneus (Figura 2.13).
A força de compactação pode ser modificada acrescentando ou retirando areia ou água, que
funcionam como peso variando de 10 a 35 toneladas. A compactação do solo, quando realizada
com esse equipamento, é causada por amassamento e pela pressão interna dos pneus. É utilizado
em quase todos os tipos de solo, exceto areias uniformes, obtendo melhores resultados em solos
finos e arenosos compactando camadas de até 40 cm de espessura. São altamente aplicados em
aterros, barragens e obras de pavimentação.
d
GC campo
100%
d máx
(12)
Onde:
dcampo = peso específico aparente seco “in situ” (no aterro executado)
dmáx = peso específico aparente seco máximo obtido no ensaio de Proctor, no laboratório, com
a energia especificada.
d campo
100%
campo
(1 wcampo ) (13)
De maneira geral, o valor do GC deve ser igual ou superior a 95%, a menos que exista
uma especificação para o aterro em questão. Caso estas especificações não sejam atendidas, o
solo terá de ser revolvido, e uma nova compactação deverá ser efetuada.
A determinação da umidade da camada de solo compactada em campo (wcampo) pode ser
obtida por meio dos seguintes procedimentos: método da frigideira, Speedy Test e método do
álcool.
A determinação do peso específico aparente seco da camada de solo compactada em
campo (dcampo) pode ser obtida por meio dos seguintes ensaios: método do frasco de areia,
método do cilindro cortante ou método do óleo.
O Quadro 1 apresenta os equipamentos mais adequados para a compactação de cada tipo
de solo:
O teor de água ou teor de umidade é a razão entre o peso de água contida no solo e o
peso de partículas de solo seco, é calculada pela Equação 14.
Ph Ps
w 100% (14)
PS
Onde:
w = umidade do solo da camada compactada
Ph = peso de solo úmido
Ps = peso de solo seco
Esse ensaio é o mais comum e talvez o mais prático, porém é bem limitado, pois não se
aplica a solo macio e saturado. Ele é utilizado para conferir se a compactação foi realizada
corretamente, atingindo o peso específico seco máximo definido pelo ensaio de compactação
Proctor.
O método cone de areia (Figura 2.16), padronizado pela NBR 7185/86, incide na
escavação de um buraco de onde é retirada uma amostra do solo a ser compactado. Depois de
retirado o material é pesado e então secado pra ser pesado novamente, assim determina o teor
de umidade do solo em questão.
Esse método também é conhecido como Método do Amostrador. Ele consiste em definir
o peso específico aparente natural do solo (campo), através da cravação de um cilindro no solo
a ser compactado. O ensaio segue a metodologia da NBR 9813/87.
O cilindro usado na execução desse teste (Figura 2.17) é oco e possui volume conhecido.
Ele é introduzido ao solo por percussão, retirando-se a amostra de solo sem deformá-la com
peso natural úmido, conforme mostrado na Figura 2.18. Definindo o teor de umidade do solo,
calcula-se o peso específico aparente seco do solo (dcampo).
3. TENSÕES NO SOLO
(a) (b)
Figura 3.1 – Tensões no solo: (a) plano de corte da seção transversal no solo; (b) detalhe das forças
atuantes na seção transversal.
.z (15)
Onde:
tensão total vertical
peso específico natural do solo
z = profundidade do solo em relação a superfície
Como dito anteriormente, os vazios do solo podem estar preenchidos por água. A
pressão atuando na água dos vazios denomina-se pressão neutra (u) também chamada de
poropressão. A água no interior dos vazios, abaixo do nível d’água (NA), estará sob uma
pressão que independe da porosidade do solo, depende apenas de sua profundidade em relação
ao nível freático. Logo, a pressão neutra é definida pela Equação 16.
u w .h (16)
Onde:
upressão neutra
wpeso específico da água
h = altura da coluna de água (entre o nível d’água e o ponto analisado).
A Figura 3.4 mostra um diagrama de pressão neutra com a profundidade de uma seção
de solo.
As Figuras 3.5, 3.6 e 3.7 mostram exemplos de diagramas de tensões totais, efetivas e
pressão neutra com a profundidade de uma seção de solo.
Figura 3.5 – Diagrama de tensões (Nível d´água coincidente com o nível do terreno)
A ruptura dos solos é quase sempre um fenômeno de cisalhamento. Isto acontece, por
exemplo, quando uma sapata de fundação é carregada até a ruptura ou quando ocorre o
escorregamento de um talude (Figura 4.1). Só em condições especiais ocorrem rupturas por
tensões de tração. A resistência ao cisalhamento de um solo pode ser definida como a máxima
tensão de cisalhamento que o solo pode suportar sem sofrer ruptura, ou tensão de cisalhamento
() do solo no plano em que a ruptura estiver ocorrendo.
(a) (b)
Figura 4.1 – Ruptura de solo: (a) escorregamento de talude; (b) superfície de ruptura em uma
barragem
4.1 Atrito
A resistência por atrito entre as partículas pode ser simplificadamente demonstrada por
analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal,
esquematizado na Figura 4.2a. Sendo N a força vertical transmitida pelo corpo, a força
horizontal T necessária para fazer o corpo deslizar deve ser superior a f.N, sendo f o coeficiente
de atrito entre os dois materiais. Existe, portanto, proporcionalidade entre a força tangencial e
a força normal. Esta relação pode ser também escrita conforme a Equação 16:
T N . tan (16)
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O ângulo de atrito (Ø) pode ser entendido, também, como o ângulo máximo que a força
transmitida pelo corpo à superfície pode fazer com a normal ao plano de contato sem que ocorra
deslizamento. Atingido este ângulo, a componente tangencial é maior do que a resistência ao
deslizamento, que depende da componente normal, como esquematizado na Figura 4.2b.
O deslizamento também pode ser provocado pela inclinação do plano de contato, que
altera as componentes normal e tangencial ao plano do peso próprio, atingindo, na situação
limite, a relação expressa pela equação, como se mostra na Figura 4.2c.
Experiências feitas com corpos sólidos mostram que o coeficiente de atrito é
independente da área de contato e da força (ou componente) normal aplicada. Assim, a
resistência ao deslizamento é diretamente proporcional à tensão normal () e pode ser
representada por uma linha reta, como na Figura 4.2d.
O fenômeno do atrito nos solos se diferencia do fenômeno do atrito entre dois corpos
porque o deslocamento se faz envolvendo um grande número de grãos, podendo eles deslizarem
entre si ou rolarem uns sobre os outros, acomodando-se em vazios que encontrem no percurso.
4.2 Coesão
Critérios de ruptura são formulações que procuram refletir as condições em que ocorre
a ruptura dos materiais. Existem critérios que estabelecem máximas tensões de compressão, de
tração ou de cisalhamento. Outros se referem a máximas deformações. Outros, ainda,
consideram a energia de deformação. Um critério é satisfatório na medida em que reflete o
comportamento do material em consideração.
A análise do estado de tensões que provoca a ruptura é o estudo da resistência ao
cisalhamento dos solos. Os critérios de ruptura que melhor representam o comportamento dos
solos são os critérios de Coulomb e de Mohr representados na Figura 4.3.
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Figura 4.3 – Critérios de ruptura: (a) critério de Coulomb; (b) critério de Mohr
c . tan (17)
A mecânica dos solos utiliza dois tipos diferentes de ensaios para a determinação da
envoltória de resistência dos solos: ensaio de cisalhamento e o ensaio triaxial. O ensaio de
compressão simples também é utilizado, mas não é aconselhado para a determinação dos
parâmetros de resistência c (coesão) e Ø (ângulo de atrito).
É um dos processos de laboratório mais antigos usado para determinação dos parâmetros
c e Ø e consequentemente a envoltória de ruptura do solo.
O ensaio consiste no deslizamento de uma metade do corpo de prova do solo em relação
à outra (Figura 4.5), determinando assim para cada tensão normal (à superfície do
deslizamento, o esforço do valor da tensão cisalhante () necessário para provocar a deformação
contínua até a ruptura. Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, obtém-se a
envoltória de ruptura.
a superfície. A seguir é aplicada a tensão axial (1), que é aumentada até a ruptura do corpo de
prova.
A tensão confinante é aplicada dentro de uma câmara (Figura 4.6), através de água que
envolve o corpo de prova que por sua vez é protegido por uma membrana impermeável de
borracha. As tensões axiais são transmitidas pelo pistão apoiado no cabeçote colocado no topo
do corpo de prova. São colocadas pedras porosas no topo e na base do corpo de prova. Esses
cabeçotes são perfurados e ligados ao exterior da câmara de confinamento por tubos e registros,
de modo que se permita realisar as leituras das pressões atuantes.
do que chamamos de manto de alteração, cujo produto é o próprio solo. O processo de formação
apresenta uma série de unidades sobrepostas (Figura 4.7):
Solo laterítico (solo superficial ou residual maduro): unidade mais superficial. Apresenta-
se frequentemente laterizado (concentração de óxidos de ferro e alumínio), com alta
porosidade, predominantemente argiloso e com cores em tons amarelados e avermelhados.
Pode ser originário da alteração local de rocha ou de materiais transportados de montante,
sob ação da gravidade (origem coluvionar).
Solo saprolítico (solo de alteração ou residual jovem): unidade subjacente ao solo
superficial, com propriedades texturais e estruturais diretamente relacionadas à rocha sobre
a qual está assentado e que deu origem a sua formação. Apresenta, frequentemente, cores
variegadas.
Rocha fraturada: unidade que não pode ser considerada mais como solo devido a suas
características de resistência; porém, apresenta-se muito alterada e fraturada, o que lhe
confere um comportamento intermediário entre o soio e a rocha.
Rocha: é a unidade mais profunda do manto de alteração, apresentando resistência superior
às unidades subjacentes.
Rastejos;
Escorregamentos;
Quedas, tombamentos e rolamentos de blocos;
Corridas de massa.
5.3.3 Voçorocas
As voçorocas (Figura 4.10) têm dimensões superiores às das ravinas. A diferença é que
estas necessariamente atingem o lençol de água subterrânea, podendo haver, portanto,
processos de erosão subterrânea (piping).
5.3.4 Rastejos
danos significativos em taludes e encostas adjacentes a obras civis. Podem também causar
problemas nas fundações de pilares de pontes, viadutos, etc.
5.3.5 Escorregamentos
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPUTO, H. P. (1988). Mecânica dos Solos e suas aplicações. Fundamentos. Vol. 1. 6ª edição,
Editora Cengage Learning. São Paulo. Editora Livro Técnicos e Científicos Ltda. Rio de
Janeiro.
ORTIGÃO, J. A. R. (2007). Introdução a Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. 3ª edição,
Editora Terratek.
PINTO, C. S. (2006). Curso Básico de Mecânica dos Solos, em 16 Aulas. 3ª edição, Editora
Oficina de Textos. São Paulo.
7. LISTA DE EXERCÍCIOS
LISTA 1 - PERMEABILIDADE
2. Considerando que o ensaio da questão anterior foi realizado à 27oC, calcule o valor de k
para 20oC. Dados: µ20 = 1,00 cP e µ27 = 0,85 cP.
3. Num ensaio de permeabilidade, com permeâmetro de carga variável, , quando a carga h era
de 65 cm, acionou-se o cronômetro. Trinta segundos após, a carga era de 35 cm. L = 20 cm
e A = 77 cm² são as dimensões do corpo de prova (amostra) e a área (a) da bureta (tubo) é
de 1,2 cm². Qual o coeficiente de permeabilidade do solo em estudo?
4. Uma areia bem graduada de grãos angulares tem um índice de vazios máximo de 0,83 e
um índice de vazios mínimo de 0,51. Se o coeficiente de permeabilidade desta areia, no
seu estado mais fofo possível, é de 4 x 10-3 cm/s, qual deve ser o seu coeficiente de
permeabilidade quando o índice de vazios foi igual a 0,606?
7. O coeficiente de permeabilidade de uma areia com índice de vazios de 0,5 é 0,02 cm/s.
Estime o coeficiente de permeabilidade a um índice de vazios de 0,65.
8. Para um ensaio de permeabilidade com carga variável, são dados os seguintes valores:
L = 20,3 cm (comprimento da amostra)
A = 10,3 cm2 (área da amostra de solos)
a = 0,39 cm2 (área da bureta)
hi = 508 mm (diferença de carga no início do ensaio ti = 0)
hf = 305 mm (diferença de carga no final do ensaio tf = 180 s)
Calcule o coeficiente de permeabilidade (k) em cm/s.
10. Para um ensaio de permeabilidade de carga variável, qual deverá ser a área do piezômetro
(a) para que a carga diminua de 650 cm para 300 cm em 8 minutos? Dados:
L = 38 cm
A = 6,5 cm2
k = 0,175 cm/mim.
LISTA 2 - COMPACTAÇÃO
1. Com uma amostra de solos argilosos, com areia fina, a ser usada num aterro, foi feito um
Ensaio Proctor de Compactação. Na tabela abaixo estão as massas dos corpos de prova,
determinadas nas cinco moldagens de corpo de prova, no cilindro que tinha 992 cm3. Estão,
também, indicadas as umidades correspondentes a cada moldagem, obtidas por meio de
amostras pesadas antes e após a secagem em estufa. Dados: s = 2,65 g/cm3 e w = 1,00
g/cm3.
Ensaio (moldagem) 1 2 3 4 5
Massa do corpo de prova (g) → M 1748 1817 1874 1896 1874
Umidade do solo compactado (%)→ w 17,73 19,79 21,59 23,63 25,75
massa específica (g/cm3) →
massa específica aparente seca (g/cm3) d
1,580
1,570
1,560
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA (g/cm³)
1,550
1,540
1,530
1,520
1,510
1,500
1,490
1,480
16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
UMIDADE (%)
b) Foi especificado que o aterro deve ser compactado com grau de compactação (GC) de pelo
menos 95% e com umidade no intervalo (wot – 2 < w < wot + 2). Verifique se a camada
compactada com 21,5% de umidade e com massa específica aparente igual a 1,52 g/cm3 se
encontra dentro das especificações de projeto.
M
d
1 w V
2. Com uma amostra de solo a ser usada em um aterro rodoviário, foi feito um Ensaio Proctor
de Compactação. Na tabela abaixo estão os parâmetros obtidos, determinadas nas seis
moldagens de corpo de prova. Durante a execução do pavimento rodoviário, as camadas
da base foram compactadas com a utilização de um rolo liso. Verifique para cada uma das
situações abaixo se a camada compactada encontra-se dentro das especificações que visam
garantir uma compactação de qualidade.
Massa de solo úmido (Mh = 251g) Massa de solo úmido (Mh = 218,2g)
Massa de solo seco (Ms = 224,1g) Massa de solo seco (Ms = 196,1g)
Massa de solo úmido (Mh = 1864,12g) Massa de solo úmido (Mh = 1779,2g)
peso específico aparente seco (kgf/dm3) d 1,455 1,507 1,522 1,500 1,455
1,580
1,570
1,560
1,550
1,540
PESO ESPECÍFICO APARENTE SECO (kgf/dm³)
1,530
1,520
1,510
1,500
1,490
1,480
1,470
1,460
1,450
1,440
1,430
1,420
1,410
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
UMIDADE (%)
OBRA: CLIENTE:
EMPRESA: LABORATÓRIO DE SOLOS
MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DATA DATA DATA
COMPACTAÇÃO EM COMPARAÇÃO COM REGISTRO
OBTIDO NA CARACTERIZAÇÃO DO MATERIAL EM 11/08/11 14/08/11 19/08/11
LABORATÓRIO.
* CAMADA 6º 5º 4º
ESPESSURA DA CAMADA COMPACTADA ( cm ) 20 20 20
* PESO INICIAL DO FRASCO + FUNIL + AREIA ( g ) 7000 6670 7000
* PESO FINAL DO FRASCO + FUNIL + AREIA ( g ) 4460 3880 4840
PESO DA AREIA DESLOCADA ( g ) 2540
* PESO DA AREIA NO FUNIL ( g ) 480 480 480
PESO DA AREIA NA CAVIDADE ( g ) 2060
* MASSA ESPECÍFICA APARENTE DA AREIA ( g/cm³ ) 1,327 1,327 1,327
VOLUME DO FURO ( cm³ ) 1552
* PESO DO SOLO ÚMIDO + RECIPIENTE ( g ) 4310 4670 3095
* PESO DO RECIPIENTE ( g ) 920 920 920
PESO DO SOLO EXTRAÍDO ÚMIDO ( g ) 3390
MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO SOLO ÚMIDO
2,184
( g/cm ³ )
MASSA ESPECÍFICA APARENTE DO SOLO SECO
2,052
( g/cm³ )
* TEOR DE UMIDADE OBTIDO ( % ) 6,4 4,2 5,2
REGISTRO DO ENSAIO DE CARACTERIZAÇÃO
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA MÁXIMA
2115 2115 2115
* ( g/cm³ )
* UMIDADE ÓTIMA ( % ) 6,9 7,4 6,9
GRAU DE COMPACTAÇÃO OBTIDO ( % )
DE :
TEOR DE UMIDADE ACEITÁVEL ( % )
A:
GRAU DE COMPACTAÇÃO MÍNIMO EXIGIDO PARA
95% 95% 95%
* APROVAÇÃO
* APROVADO (AP) / REPROVADO (RP) AP
1. Determinar as tensões no solo devidas ao peso próprio (totais, efetivas e poropressões) nos
contatos entre o solo 1 e o solo 2 e entre o solo 2 e o solo de alteração, dadas as condições
apresentadas nas figuras abaixo (traçar o diagrama de tensões):
N.A. Solo
Solo
Solo de alteração
2. Ocorreu uma enchente, e elevou o nível d’água até a cota de +2 m (acima do terreno), trace
o diagrama de tensões e determine:
N.A.
2,0 m
Solo
Solo
Solo de alteração
TENSÕES (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0,00
1,00
Profundidade (m)
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Dados:
Solo 1: 1
= 17,6 kN/m3; sat1 = 18,1 kN/m3
Solo 2: 2
= 17,95 kN/m3; sat2 = 18,87 kN/m3
Solo 3: 3
= 18,44 kN/m3; sat3 = 19,65 kN/m3
Pese específico da água: w = 10,0 kN/m3 NA = nível do lençol freático
(d) Se o lençol freático subir até a superfície do terreno, qual será o valor da tensão efetiva
na parte inferior da camada de argila?
(e) Ocorreu uma enchente e elevou o nível d’água até a cota de +1,0 m (acima do terreno).
Determine a tensão efetiva na parte inferior da camada de argila e a tensão efetiva na
superfície do terreno.
Pede-se:
250
200
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
150
100
50
0
0 50 100 150 200 250
TENSÃO NORMAL (kPa)
200
150
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
100
50
0
0 50 100 150 200 250 300
TENSÃO NORMAL (kPa)
Pede-se:
3) Foram realizados ensaios triaxiais com amostras de uma areia, conforme mostrado na tabela
abaixo. Determine:
Pede-se:
220
200
180
160
TENSÃO CISALHANTE (kPa)
140
120
100
80
60
40
20
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650