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Técnico em Edificações

Apostila de Tecnologia das Construções


Prof.ª Dayana Gonçalves
Técnico em Edificações
Tecnologia das Construções

PREFÁCIO

Essa apostila organiza materiais sobre Tecnologia das Construção e tem como objetivo
ser utilizada como material didática das disciplinas Tecnologia das Construção, Tecnologia das
Construção I e Tecnologia das Construção II dos cursos Técnico em Edificações Integrado e
Subsequente do CEFET – MG, unidade de Araxá. As informações aqui presentes foram
retiradas das fontes constantes na bibliografia indicada ao final desta.

1ª Edição

2023
Técnico em Edificações
Tecnologia das Construções

Sumário

1. Trabalhos preliminares .................................................................................................................... 8


1.1. Limpeza do terreno ..................................................................................................................... 8
1.2. Levantamento topográfico .......................................................................................................... 9
1.3. Terraplanagem ........................................................................................................................... 10
1.4. Estudo Dirigido .......................................................................................................................... 12
2. Implantação da obra...................................................................................................................... 14
2.1. Canteiro de obras ...................................................................................................................... 14
2.2. Locação da obra......................................................................................................................... 16
2.3. Aula prática de locação.............................................................................................................. 20
2.4. Estudo dirigido........................................................................................................................... 20
3. Fundações...................................................................................................................................... 21
3.1. Sondagem .................................................................................................................................. 22
3.2. Fundação direta ou rasa ............................................................................................................ 27
3.3. Fundação indireta ou profunda ................................................................................................. 31
3.4. Tubulões .................................................................................................................................... 37
3.5. Estudo dirigido........................................................................................................................... 37
4. Impermeabilização e Drenagem.................................................................................................... 39
4.1. Infiltração de água: percolação, capilaridade, pressão hidrostática ......................................... 41
4.2. Sistemas de impermeabilização: rígidos e flexíveis ................................................................... 42
4.3. Sistemas de impermeabilização: execução ............................................................................... 43
4.4. Estudo dirigido........................................................................................................................... 44
5. Estrutura ........................................................................................................................................ 45
5.1. Lajes, vigas e pilares .................................................................................................................. 45
5.2. Execução em concreto armado ................................................................................................. 46
5.3. Estudo dirigido........................................................................................................................... 56
6. Instalações elétricas e hidráulicas ................................................................................................. 57
6.1. Instalações elétricas .................................................................................................................. 57
6.2. Instalações hidro sanitárias ....................................................................................................... 59
6.3. Estudo dirigido........................................................................................................................... 62
7. Vedações........................................................................................................................................ 63
7.1. Alvenaria de vedação e estrutural ............................................................................................. 66
7.2. Aula prática de assentamento de alvenaria .............................................................................. 67
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7.3. Estudo dirigido........................................................................................................................... 67


8. Forros............................................................................................................................................. 68
8.1. Tipos de forros ........................................................................................................................... 70
8.2. Execução de forros .................................................................................................................... 71
8.3. Estudo dirigido........................................................................................................................... 71
9. Cobertura....................................................................................................................................... 72
9.1. Estrutura de madeira ................................................................................................................. 73
9.2. Telhamento ................................................................................................................................ 75
9.3. Sistema de drenagem em telhados ........................................................................................... 76
9.4. Estudo dirigido........................................................................................................................... 77
10. Esquadrias ................................................................................................................................. 78
10.1. Tipos de esquadrias ................................................................................................................... 79
10.2. Instalação e fixação ............................................................................................................... 85
10.3. Colocação de vidros ............................................................................................................... 88
10.4. Estudo dirigido....................................................................................................................... 88
11. Revestimento ............................................................................................................................. 90
11.1. Revestimentos argamassados em pavimentos...................................................................... 90
11.2. Revestimentos argamassados em paredes ........................................................................... 92
11.3. Aula prática de chapisco, emboço e reboco .......................................................................... 95
11.4. Execução de revestimento cerâmico de piso e parede ......................................................... 95
11.5. Aula prática de assentamento cerâmico ............................................................................... 97
11.6. Estudo dirigido....................................................................................................................... 97
12. Pintura ....................................................................................................................................... 98
12.1. Preparação de superfícies ..................................................................................................... 99
12.2. Estudo dirigido..................................................................................................................... 101
Bibliografia........................................................................................................................................... 102
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Lista de figuras

Figura 1 – Utilização de mangueira de nível............................................................................. 10


Figura 2 – Tipos de secções ...................................................................................................... 11
Figura 3 – Fator de empolamento ............................................................................................ 12
Figura 4 – Canteiro de obras..................................................................................................... 14
Figura 5 – Gabarito ................................................................................................................... 16
Figura 6 – Pregos ...................................................................................................................... 17
Figura 7 – Locação por cavaletes .............................................................................................. 18
Figura 8 – Transferência para o solo ......................................................................................... 19
Figura 9 – Superestrutura e Infraestrutura .............................................................................. 21
Figura 10 – Aplicações dos tipos de fundação ......................................................................... 22
Figura 11 – Ensaio SPT (Standart Penetration Test................................................................... 23
Figura 12 – Taxas admissíveis ................................................................................................... 24
Figura 13 – Número de furos.................................................................................................... 24
Figura 14 – Perfil de Sondagem ................................................................................................ 25
Figura 15 – Distribuição de furos de sondagem ....................................................................... 26
Figura 16 – Sapata corrida ........................................................................................................ 27
Figura 17 – Abertura de valas ................................................................................................... 28
Figura 18 – Sapata isolada ........................................................................................................ 29
Figura 19 – Execução sapata isolada ........................................................................................ 30
Figura 20 – Radier..................................................................................................................... 31
Figura 21 – Execução estaca broca ........................................................................................... 34
Figura 22 – Execução estaca Strauss ........................................................................................ 35
Figura 23 – Execução estaca Franki .......................................................................................... 36
Figura 24 – Blocos de coroamento para diferentes quantidades de estacas ........................... 36
Figura 25 – Geometria tubulão ................................................................................................ 37
Figura 26 – Piso permeável ...................................................................................................... 40
Figura 27 – Umidade nas edificações ....................................................................................... 41
Figura 28 – Impermeabilização interface alvenaria ................................................................. 44
Figura 29 – Tipos de pilar ......................................................................................................... 46
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Figura 30 – Forma para pilares ................................................................................................. 49


Figura 31 – Tempo de desforma ............................................................................................... 51
Figura 32 – Fluxograma execução junta de construção ........................................................... 52
Figura 33 – Cuidados na vibração de imersão .......................................................................... 54
Figura 34 – Etapas de execução de estruturas em concreto armado ...................................... 55
Figura 35 – Caixa de inspeção .................................................................................................. 58
Figura 36 – Instalação embutida em alvenaria ........................................................................ 59
Figura 37 – Blocos canaleta protegendo entrada de água ....................................................... 60
Figura 38 – Tolerância quanto ao desvio do prumo e do nível ................................................ 64
Figura 39 – Tipos de junta ........................................................................................................ 65
Figura 40 – Forma de assentamento dos tijolos ou blocos a) cutelo, b) meio tijolo, c) um
tijolo, d) um tijolo e meio, e) parede oca ................................................................................. 66
Figura 41 – Encaixe forro de madeira ....................................................................................... 69
Figura 42 – Tipos de forro......................................................................................................... 70
Figura 43 – Camadas do telhado verde .................................................................................... 73
Figura 44 – Tipos de tesoura .................................................................................................... 73
Figura 45 – Peças que compõe a tesoura ................................................................................. 74
Figura 46 – Tipos de emenda ................................................................................................... 75
Figura 47 – Sistema de cobertura............................................................................................. 76
Figura 48 – Sistema de drenagem pluvial platibanda .............................................................. 77
Figura 49 – Dimensões mínimas vergas e contra vergas .......................................................... 78
Figura 50 – Porta e janela de abrir ........................................................................................... 80
Figura 51 – Portas e janela de correr ....................................................................................... 81
Figura 52 – Janela guilhotina .................................................................................................... 81
Figura 53 – Janela máximo ar ................................................................................................... 82
Figura 54 – Janela Pivotante ..................................................................................................... 82
Figura 55 – Janela Basculante .................................................................................................. 83
Figura 56 – Porta camarão........................................................................................................ 83
Figura 57 – Caracteristicas de esquadrias para janelas ............................................................ 84
Figura 58 – Proteção contra água nas esquadrias .................................................................... 86
Figura 59 – Vãos na alvenaria para receber os chumbadores.................................................. 87
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Figura 60 – Distribuição dos tarugos ........................................................................................ 88


Figura 61 – Camadas do pavimento ......................................................................................... 90
Figura 62 – Caimento do contrapiso ........................................................................................ 91
Figura 63 – Espaçamento taliscas ............................................................................................. 92
Figura 64 – Acabamentos na argamassa de revestimento ....................................................... 94
Figura 65 – Composições para assentamento de revestimentos cerâmicos. a) em diagonal, b)
à prumo e c) em amarração ..................................................................................................... 96
Figura 66 – Resistência a abrasão x uso recomendado ............................................................ 96
Figura 67 – Serviços de pintura .............................................................................................. 100
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1. Trabalhos preliminares

Os trabalhos preliminares são aqueles executados antes que a obra propriamente se


inicie. Além disso, englobam atividades de planejamento que levam em conta aspectos sociais,
técnicos e econômicos como por exemplo as caracteristicas do terreno onde a obra será
edificada e avaliações de custo e prazo. Para realização das avaliações preliminares é
necessária uma visita ao terreno com vistas a identificar as edificações mais próximas, a
existência ou não das redes públicas de energia elétrica, abastecimento de água, coleta de
esgoto, condições da via pública e outros serviços públicos. Além disso, é importante conhecer
a região onde será implantada a obra com objetivo de planejar a mão de obra. Tendo concluido
as avaliações preliminares de forma positiva, são iniciados os trabalhos preliminares que
envolvem entre outros a limpeza do terreno, o levantamento topográfico e a terraplanagem.

Outro serviço preliminar executado nessa fase é a sondagem com o objetivo de


conhecer as caracteristicas do solo. Pela sondagem também se obtém informações sobre o
nível do lençol freático. Por organização didática esse assunto será tratado no item 3.1.

1.1. Limpeza do terreno

Normalmente o terreno onde será realizada a obra encontra-se sem uso e com
presença significativa de vegetação, o que impede a execução correta de serviços de
levantamento topográfico e de sondagem. Para solucionar a situação podem ser
procedimentos empregados como capinar, roçar ou destocar. A capina é empregada diante de
vegetação rasteira. Pode ser feita manualmente com uso de enxada, quimicamente com uso
de agrotóxicos ou de forma mecanizada com uso de roçadeira. Quando há arvoretas de
pequeno porte, que podem ser removidas é executado o serviço de roçar. Este pode ser feito
de forma manual com uso de foices ou mecanizado com uso roçadeiras e outros
equipamentos. Por fim, quando há árvores de grande porte o terreno deverá ser destocado,
sendo as arvores removidas, incluindo suas raízes ou podadas. Para tal são empregados
motosserras, quando mecanizado e serrotes e enxadão de forma manual. Ressalta-se que
dependendo das espécies vegetais presentes o serviço só pode ser iniciado após licença

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ambiental obtida no IEF – Instituto Estadual de Florestas. Sempre que possível o projeto deve
se adaptar para valorizar a riqueza natural existente no local da construção.

Além disso, podem existir restos de entulhos ou edificações que não permaneceram
no projeto final e assim necessitam serem removidas. Logo, podem fazer parte da limpeza do
terreno atividades de demolição e remoção de entulho. Assim, ao final dos serviços de limpeza
do terreno não devem restar raízes ou tocos de árvores bem como entulhos que deverão ter
sido completamente removidos.

1.2. Levantamento topográfico

É pelo levantamento topográfico que será possível atestar as dimensões do terreno


presentes na escritura assim, como conhecer a topografia do local. Assim um bom
levantamento topográfico traz informações como as dimensões e formato do terreno, as
curvas de níveis, a posição do norte, as construções existentes, as arvores de grande porte, a
presença quando for o caso de galerias de água ou esgoto, os confrontantes do terreno, a
posição na quadra e as ruas próximas. Essas informações são essenciais para o projeto
arquitetônico, que deverá planejar iluminação e ventilação natural, além do nível do piso.

O serviço pode ser executado utilizando teodolitos, níveis, estações totais ou


ferramentas manuais como trena, nível, prumo e barbante. O tipo de equipamento impacta
diretamente na precisão do levantamento e no tempo necessário para execução do serviço.
Logo, após a limpeza do terreno deve ser executado o levantamento topográfico, mesmo
tendo as dimensões em documentos oficiais, como escrituras, uma vez que o real nem sempre
coincide com o oficial.

Em terrenos retangulares é possível realizar a medição de forma manual de cada um


dos lados, verificando o esquadro pela conferência das diagonais, que devem ser iguais.
Quanto a altimetria de forma manual é possível aferi-la utilizando um nível de mangueira,
como indicado na Figura 1. Toda vez que se utiliza a mangueira de nível é preciso atentar-se
para a ausência de bolhas, assim o ideal é que a mangueira seja transparente, de pequeno
diâmetro e com parede espessa que evite dobras. Importante ressaltar que a mangueira de

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nível será utilizada em várias outras etapas para conferência e estabelecimento de pontos
altimétricos, garantindo uma construção nivelada.

Figura 1 – Utilização de mangueira de nível

Fonte: Milito (2009)

1.3. Terraplanagem

Os serviços de terraplanagem ou movimentação de terra incluem: corte, aterro,


escavações e transporte que tem por objetivo conformar o terreno para implantação da obra.
Para que os serviços podem ser executados de forma manual utilizando pás, enxadas e
carrinhos de mão ou mecanizada onde há o uso de máquinas pesadas para os serviços.

As atividades de corte e aterro visam alterar o perfil natural, sendo que podem existir
secções de apenas corte ou aterro e secções mistas. A Figura 2 ilustra os tipos de secções. Nos
aterros a parte inclinada é chamada de talude e nos cortes de rampa de corte. Em todos os
tipos de secção a parte plana é o platô.

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Figura 2 – Tipos de secções

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

No processo de movimentação de terra ocorre um fenômeno chamado


empolamento. Que retrata o comportamento do solo que ao ser movido de seu lugar natural
tem, geralmente seu volume aumentado. O quanto o volume é alterado depende do tipo de
solo que está sendo movido. A Figura 3 traz alguns materiais e os respectivos empolamentos.
Assim, quando vai ser realizado o corte em um terreno o volume de corte é calculado pela
multiplicação entre altura média e área da seção, acrescida do percentual de empolamento.
Em situações em que não se sabe informações sobre o tipo de solo pode-se adotar o
empolamento como um valor entre 30 e 40%. Sobre a altura média, tanto para corte quanto
para aterros é preciso destacar que quanto mais seções são feitas mais preciso é o valor
encontrado. Sempre que há construções vizinhas o corte deve ser realizado de forma a evitar
a ruptura ou descompressão do terreno, em especial das fundações vizinhas. Além disso,
taludes com mais de 1,30m, precisam ser estabilizados com escoramentos. Os materiais
escavados devem ser dispostos pelo a uma distância superior a metade da profundidade do
corte.

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Figura 3 – Fator de empolamento

Material % empolamento
Argila natural 22
Argila escavada, seca 23
Argila escava, úmida 25
Argila com cascalho seco 41
Argila com cascalho úmido 11
Rocha decomposta: 75% rocha e 25% solo 43
Rocha decomposta: 50% rocha e 50% solo 33
Rocha decomposta: 25% rocha e 75% solo 25
Solo natural seco 25
Solo natural úmido 27
Areia solta, seca 12
Areia úmida 12
Areia molhada 12
Solo superficial 42

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Quando é necessário a execução de aterro é necessário selecionar um solo arenoso,


sem entulhos ou pedras. O solo selecionado deve ser espalhado em camadas de no máximo
20cm, molhado e apiloados para se garantir a compactação do aterro. Como ferramentas para
a compactação podem-se ser utilizados soquetes manuais ou equipamentos mecânicos. Como
o solo sofrerá contração ao ser compacto o volume de aterro é correspondente a área da seção
multiplicada pela altura média e acrescido de 30%. Os aterros devem ser executados sobre
superfície previamente limpa, ou seja, sem entulhos ou vegetação.

Os solos também podem ser classificados em categorias, sendo considerado material


de 1ª categoria terra em geral, argilas, rochas em decomposição e seixos com no máximo 15cm
de diâmetro. Já os materiais de 2ª categoria são rochas com resistência a penetração inferior
ao granito. Por fim, os materiais de 3ª categoria são rochas que possuem resistência a
penetração igual ou superior ao granito.

1.4. Estudo Dirigido

1. Com qual objetivo são executados trabalhos preliminares?

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2. Explique quais são as formas de se executar a limpeza no terreno e onde cada


uma é aplicável.
3. Que tipo de informações contém um levantamento topográfico?
4. Diferencie corte, aterro e seção mista.
5. Como deve ser executado o aterro?

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2. Implantação da obra
2.1. Canteiro de obras

O canteiro de obras é dimensionamento e projetado de acordo com a obra a ser


executada, utilizando os espaços disponíveis com objetivo de atender as diferentes demandas
durante a obra. Assim, o planejamento do canteiro de obras leva em conta a área disponível,
quais serão as terceirizadas envolvidas na execução, quais máquinas, equipamentos, serviços
e materiais serão utilizados e qual o prazo de execução.

A Figura 4 ilustra um exemplo de canteiro de obras com as diversas estruturas


necessárias. Devido as grandes diferenças durante as etapas de uma obra é comum que o
canteiro de obras seja executado em etapas. No entanto alguns componentes e cuidados são
essenciais em todas as etapas como sanitários e espaço para circulação.

Figura 4 – Canteiro de obras

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Ainda primeira fase de implantação do canteiro é preciso atentar-se para as ligações


provisórias para abastecimento de água e fornecimento de energia elétrica. Para tal é

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necessário informar-se nas concessionárias sobre a estrutura necessária para receber as


ligações. Para a instalação de água é necessário o abrigo para o cavalete e hidrômetro. A água
é um importante material de construção além de ser importante para a higiene dos
trabalhadores. Assim, quando não há rede de abastecimento é preciso realizar a abertura de
poço de água, que deve ser distante das fundações, fossas e em região de pouco trânsito. Por
fim, para a ligação de energia elétrica é preciso prever onde será localizado o quadro de força
e qual a demanda energética da obra.

Materiais com baixo valor agregado e não perecíveis como areia, brita, tijolos, telhas,
madeiras, vergalhões de aço devem ser abrigados em áreas destinadas a tal. No caso da areia
e das britas para facilitar o controle de uso do material e mesmo evitar a perda de material
eles podem ser armazenados, separados de acordo com a granulometria, em cercados de
madeira, que normalmente tem capacidade para 6m³. Quanto a tijolos e telhas eles devem ser
dispostos em pilhas, estrategicamente posicionadas. Por fim madeira e aço devem ser
armazenados com separação conforme a dimensão das peças.

Já materiais como cimento e cal possuem caracteristicas que os tornam perecíveis e


assim devem ser armazenados em pilhas protegidas das intempéries. É válido ressaltar a
importância de executar pilhas separadas para cada tipo de material.

Algumas estruturas como escritório, alojamento, refeitório e sanitários, devem ser


construídas. Para o escritório é preciso prever espaço para leitura de projetos e arquivamento
de notas fiscais. A demanda e o dimensionamento do refeitório e sanitários obedecem a
normatização do ministério do trabalho.

Por fim é necessário prever o fechamento da obra. Essa é uma medida de segurança,
para isolar a obra. Para o fechamento podem ser utilizadas chapas de compensado. Deve-se
prever um portão de entrada de no mínimo 3m, para facilitar a entrada de materiais e
equipamentos.

Em obras de pequeno porte no minimo há um barracão de madeira ou contêiner


metálico para acondicionar os materiais perecíveis (cimento, cal, e outros) e ferramentas
necessárias para a execução.

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2.2. Locação da obra

A locação da obra é uma das etapas com melhor custo-benefício, isso porque trata-
se de uma etapa que demanda um baixo valor investido, mas é responsável pela correta
execução de toda a obra. Diante disso a importância de a locação ser executada por
profissional competente. É válido frisar que uma locação incorreta pode levar no minimo a
perdas significativas por necessidade de retrabalho de etapas futuras, podendo até mesmo
culminar em acidentes graves, pela imprecisão entre projetos e execução. Assim, dia de
locação é essencial a presença do responsável técnico pela execução que deve conferir toda a
locação.

Figura 5 – Gabarito

Fonte: Azeredo (1977)

A locação da obra pode ser executada tanto de forma manual quanto


instrumentalizada. Quando feita de forma manual são utilizados trena, prumo, nível e
barbantes. Quando instrumentalizada são utilizados equipamentos de topografia como nível
e estação total. Em todos os casos a locação é feita inicialmente obedecendo a planta de
fundações, mas permanecerá e será adaptada para realizar a locação das alvenarias e peças
estruturais da superestrutura. Para tal é construído um gabarito de madeira ou tabeira ou

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tabela ou curral, que é a estrutura a partir da qual sairá os fios que estabeleceram o eixo dos
elementos locados. A Figura 5 apresenta uma ilustração dessa estrutura.

A estrutura do gabarito é composta por pontaletes de madeira 3x3cm, distanciados


entre si cerca de 1,5m, tábuas de pinhos 20 ou 30cm, que são instaladas totalmente niveladas,
fios de nylon e pregos. Em obras com mais de um plano horizontal, o gabarito pode ser
construído em degraus. Nas tabuas são afixados os pregos de onde partem os fios de nylon.
Esse ponto é assinalado na tabua, com letras e números, facilitando a conferência (Figura 6).
A tabeira deve ser construída afastada em 1,5m da projeção da construção e as tábuas
instaladas a 1m do solo. O uso de gabarito ou tábua corrida é a opção mais confiável para a
locação e permite a conferência durante toda a execução.

Figura 6 – Pregos

Fonte: Milito (2009)

No entanto, também é possível realizar a locação utilizando cavaletes. Onde os


alinhamentos são estabelecidos por pregos em cavaletes. Nesse método a tabua não é
continua, o que faz com o que exista o risco dos cavaletes se moverem e quando isso ocorre
poderá resultar em erros de locação graves. Assim, sempre que possível esse método é
evitado. A Figura 7 mostra como seria essa estrutura.

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Figura 7 – Locação por cavaletes

Fonte: Azeredo (1977)

Para garantir ângulos retos e alinhamentos paralelos é utilizado um triangulo de


Pitágoras, normalmente nas dimensões de 3, 4 e 5m. Já curvas são marcadas pelo seu centro
e raio.

Tendo o gabarito construído os pontos para escavação da fundação, interseção entre


dois alinhamentos, são transferidos para o solo com auxílio de um prumo (Figura 8). Como
para entrada dos equipamentos para execução na obra muitas vezes o gabarito precisa ser
desfeito o ponto no solo deverá ser assinalado com uso de cal e um piquete de madeira.

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Figura 8 – Transferência para o solo

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Quando se trata de marcação de paredes o processo de locação inicia-se com a


marcação do eixo da parede, para então marcar a espessura do tijolo ou bloco. É preciso
atentar a questão de a espessura final variar em função do tipo de acabamento que aquela
parede receberá.

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2.3. Aula prática de locação

Como resultado da aula prática deverá ser construído um relatório descritivo. O


relatório deve conter fotografias que registre a sua participação na aula e ser entregue em até
7 dias após a data da aula prática via portal. A estrutura minima do relatório é:

1. Introdução
2. Materiais, ferramentas e equipamentos
3. Processo executivo
4. Conclusões

Na introdução deverá haver uma explicação breve sobre aquela etapa construtiva.
Nos materiais, ferramentas e equipamentos devem ser citados todos utilizados na prática. No
processo executivo deve constar um passo a passo do que foi feito em aula. Por fim no item
quatro deverá haver as observações pessoais do aluno. Não se esqueça da capa com
identificação do aluno e curso.

2.4. Estudo dirigido

1. Por que o canteiro de obras muda ao passar do tempo?


2. Por que cimento é considerado perecível? Qual o cuidado ao armazenar
esse tipo de material?
3. Explique como pode ser feita a locação utilizando gabarito.
4. Compare a locação por gabarito e por cavaletes.
5. Por que a locação é considerada a atividade com melhor custo-
benefício?

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3. Fundações

Fundações ou infraestrutura são estruturas construídas para receber e transmitir as


cargas da edificação para o solo. O projeto de fundações vai envolver conhecimentos em
geotecnia e estruturas, sendo que o estudo geológico é fundamental para avaliar a capacidade
de suporte do solo. Assim o primeiro passo para elaborar um projeto de fundações é o
levantamento de dados, onde irá se determinar a capacidade de carga do solo, a distribuição
dos pontos de carga, os dados do ambiente como a topografia e se a limitações quanto ao uso
de equipamentos. Após na concepção do projeto conhecimentos de mecânica dos solos,
resistência e deformação são mesclados para permitir o dimensionamento estrutural das
peças e a posterior elaboração do projeto.

Apesar de representar apenas uma pequena parte dos custos de uma construção, de
4 a 20% do custo global da obra, é preciso atenção nessa etapa pois depois de concluída é
muito difícil a correção de erros. Soma-se a isso a grande importância estrutural desse sistema,
que é responsável por transmitir as cargas da superestrutura para o solo (Figura 9).

Figura 9 – Superestrutura e Infraestrutura

Superestrutura

Infraestrutura

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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Existem inúmeros tipos de fundações e a escolha depende de caracteristicas do solo


e da edificação. De forma simplificada os tipos de fundações podem ser divididos em
fundações rasas, profundas e os tubulões. O uso de cada tipo de fundação depende de
caracteristicas do solo e do tipo de edificação, na Figura 10 há indicações de aplicação. Assim
resumidamente podemos indicar para terrenos firmes blocos, sapatas e radiers, em aterro o
ideal é utilizar fundações profundas ou sapatas caso o aterro seja muito bem compactado e
por fim em solos fracos o ideal são fundações profundas. Assim, tendo a sondagem em mãos
com camada ideal a profundidade de 5 a 6m e cargas de 4 a 5 toneladas pode-se utilizar brocas,
caso o terreno firme esteja a mais de 6m deve-se optar por estacas ou tubulões.

Figura 10 – Aplicações dos tipos de fundação

Tipos Quando utilizar Características executivas


Bloco Quando o solo Execução simples
apresenta alta
Pode assumir diversas formas
resistência, não
geométricas, para facilitar o
Sapata havendo restrição ao
apoio de pilares com formatos
emprego de cargas
excêntricos
Superficiais elevadas
Quando as sapatas se Prazo alto, devido a
aproximam umas das necessidade de deixar toda a
Radier outras ou se área a ser executada
sobrepõem desimpedida antes de iniciar o
serviço.
Quando o solo for fraco Quando executada
Profundas Estacas
manualmente, o prazo é alto.

Fonte: NBR – 8036 (1983)

3.1. Sondagem

A sondagem é um serviço de reconhecimento do subsolo, que em média custa de


0,05 a 0,005% do custo total da obra. É com base nas informações coletadas na sondagem que
é possível o planejamento das fundações. Sendo dados obtidos com a sondagem: o tipo,
espessura e caracteristicas das camadas que compõe aquele solo e o nível do lençol freático.

A exploração do subsolo pode ser feita por meio de retirada de amostras ou ensaios
in loco. No primeiro são executados poços de exploração para coleta da amostra. Quanto aos

22
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ensaios in loco diferente técnicas podem ser empregadas como por exemplo: ensaios de
palheta, prova de carga, medida de recalque e ensaios geofísicos.

As amostras utilizadas para a avaliação devem ser representativas da massa da qual


foi extraída e podem ser deformadas ou indeformadas. As deformadas são uteis para
identificação do tipo de solo e as indeformadas podem além disso informar sobre a estrutura
e umidade do solo.

A sondagem de reconhecimento realizada por meio de um furo aberto por trado-


cavadeira ou espiral e avançado por método de percussão. À medida que o furo é aberto é
possível coletar amostras representativas das camadas e avaliar a resistência a penetração. A
resistência a penetração é medida pelo número de golpes necessários para que um martelo
padronizado de 65kg em queda livre a uma altura de 75cm precisa para penetrar no solo cerca
de 30cm (Figura 11). Cada um metro de furo é ensaiado, onde os primeiros 55cm são
considerados de abertura e por isso descartados e os últimos 45cm são utilizados para medir
a resistência a penetração. Sendo anotado o número de golpes necessários à penetração de
cada 15cm. Sendo o índice de resistência a penetração determinado pelo número necessário
de golpes para a penetração dos últimos 30cm de cada metro avaliado.

Figura 11 – Ensaio SPT (Standart Penetration Test

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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Com esse indice é possível correlacionar a compacidade do solo. A Figura 12


apresenta a relação entre os estados de compacidade e consistência de diferentes tipos de
solo, a segunda coluna apresenta o indice de resistência a penetração - N.

Figura 12 – Taxas admissíveis

Solo N Designação
≤4 Fofa(o)
5a8 Pouco compacta (o)
Areias e
Medianamente compacta
Siltes 9 a 18
(o)
arenosos
19 a 40 Compacta (o)
≥40 Muito compacta (o)
≤2 Muito mole
Argilas e 3a5 Mole
siltes 6 a 10 Média (o)
argilosos 11 a 19 Rija (o)
≥19 Dura (o)

Fonte: NBR - 6484 (ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001)

Como a sondagem tem o objetivo de conhecer o subsolo retirando amostras


representativas o número de sondagem depende do tamanho do terreno e do tipo de
edificação ser erguida. No entanto é preciso atentar-se ao número minimo de furos, como
descrito na Figura 13.

Figura 13 – Número de furos

Projeção da
Número de furos
planta (m²)
≤ 200 2 furos
200 a 400 3 furos
400 a 1.200 1 para cada 200m²
1 a cada 400m² que
1.200 a 2.400
excederem de 1.200m²
Fixado de acordo com o
≥2.400
plano de construção

Fonte: NBR – 8036 (ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1983)

24
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Figura 14 – Perfil de Sondagem

Fonte: Milito (2009)

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Os resultados observados na sondagem são apresentados na forma de um perfil para


cada furo (Figura 14). Nesse perfil é possível a leitura das cotas, posição do nível d’água e
número de golpes em cada trecho. Além é claro das informações sobre o cliente e terreno.
Acompanha o perfil a planta de locação dos furos, que informa a posição e nível de cada furo.

A distribuição espacial dos furos no terreno é outro importante ponto a ser


observado. Assim a partir de três pontos, que é o ideal para melhores resultados, a posição
dos furos não deve seguir um mesmo alinhamento. A Figura 15 ilustra posição de furos de
sondagem. Que devem estar distanciados entre si entre 15 a 25m.

Figura 15 – Distribuição de furos de sondagem

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

A profundidade da sondagem pode ser fixada pelo critério do bulbo de pressão ou


pelas recomendações da norma brasileira. Técnicos experientes conseguem estabelecer a
profundidade pela análise das amostras de solos obtidas a medida que o ensaio ocorre. Em
todos os casos a profundidade minima é de 8m e é necessário ultrapassar todas as camadas

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quando se trata de um terreno argiloso. Matacões podem obstruir os furos de sondagem,


assim para assegurar que não é o caso, deve-se fazer um novo furo a 3m do furo obstruído.

Por fim é importante destacar que as observações apresentadas no relatório de


sondagem devem ser confrontadas com o observado no momento de execução da fundação.
Isso porque a sondagem é feita de forma amostral e mesmo seguindo as indicações há riscos
de não haver plena representatividade do sub-solo.

3.2. Fundação direta ou rasa

As fundações diretas ou rasas são as mais econômicas para edificações de pequeno e


médio porte. Nesse tipo de fundação a carga é transmitida diretamente ao solo,
principalmente pela base do elemento.

As sapatas corridas (Figura 16) são executadas de forma contínua sob as alvenarias. A
escavação da vala é feita 10cm maior que a altura final do elemento, isso para garantir o
apiloamento do fundo e a aplicação de lastro de concreto com espessura de 5cm. O lastro de
concreto é fundamental para evitar o contato direto entre o elemento de fundação e o solo.
As sapatas corridas podem ser construídas de concreto simples ou armado, solo-cimento e
blocos canaletas.

Figura 16 – Sapata corrida

Fonte: Azeredo (1977)

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Quanto a execução de sapatas corridas o primeiro passo é a abertura da vala (Figura


17). Para tal pode-se utilizar picaretas. A vala precisa ter a largura 20cm maior que a largura
da sapata. Quanto a profundidade ela deve ser superior a 40cm e pode chegar até pouco mais
de 1m. Após aberta a vala é necessário apiloar o fundo, formando uma superfície uniforme e
compactada. Ao fundo deve ser lançado uma camada de 10cm de brita, que deve ser bem
compactada. Essa camada ajuda evitar infiltração por capilaridade. O nível deve ser conferido
antes do lançamento do lastro de concreto magro, com 5cm de espessura. Por fim as formas
são preparadas e a armadura é posicionada. O concreto é lançado, adensado e curado. A cura
úmida deve ser feita por três dias, o processo pode ser feito por molhamento duas vezes ao
dia. O processo é finalizado com a impermeabilização do baldrame e o reaterro.

Figura 17 – Abertura de valas

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Em pequenas obras, como edículas sem laje, barracão de obras, abrigos para gás e
outros pode-se utilizar sapata corrida em alvenaria. Técnica essa muito utilizada em
construções mais antigas.

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Outro tipo de sapata são as sapatas isoladas (Figura 18), essas são executadas em
pontos específicos, onde há centro de gravidade de pilares. Quando não armadas elas são
chamadas blocos. A amarração é feita por vigas baldrames. A viga baldrame ou simplesmente
baldrame é um elemento acima do nível do solo que é capaz de transferir as cargas da
edificação para a fundação. Esse tipo de fundação é útil quando há boa taxa de trabalho no
solo e a carga a ser suportada é relativamente pequena. Elas possuem formato de cubo,
paralelepípedo ou pirâmide.

Figura 18 – Sapata isolada

Fonte: Resende, Goulart e Araújo (2018)

Quanto a execução de sapatas isoladas o processo é constituído por com abertura do


poço, compactação do fundo, enrocamento e lançamento de concreto magro no fundo,
posicionamento das armaduras da sapata e do pilar, concretagem da sapata e reaterro e cura
do concreto, conforme ilustra a Figura 19.

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Figura 19 – Execução sapata isolada

Fonte: Mota (2023)

Em divisas é impossível coincidir o centro de gravidade da sapata e do pilar, assim


podem ser executadas sapatas de divisa, que é uma estrutura excêntrica. Para garantir que a
carga gerada pelo momento da peça não rompa o pilar pode-se construir vigas de equilíbrio
associando o pilar de divisa a um pilar interno ou em casos que a carga seja baixa, armar o
pilar para resistir a esse esforço.

Diante de terrenos homogêneos uma opção para fundação rasa é o radier (Figura 20),
que é uma placa de concreto armado em toda a projeção da edificação. Esse tipo de fundação
apoia-se diretamente sobre o solo compactado e nivelado e é considerado viável quando a
área de fundações isoladas supera 60% da área construída. Quanto a execução ela inicia-se

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com a locação da área e conferência da cota de nível, prevista em projeto. Para garantir o
nivelamento e a compactação podem ser utilizados soquetes e pilões. Para evitar a umidade
por capilaridade é feito uma camada com 10cm de brita compactada. As tubulações das
instalações hidrossanitárias e se for o caso elétricas, devem ser posicionadas antes da
concretagem. Por fim é posicionada as formas, a armação e executada a concretagem.

Figura 20 – Radier

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

3.3. Fundação indireta ou profunda

As fundações profundas podem ser moldadas in loco ou pré-fabricadas. Quando


moldadas in loco há a demanda por equipamento de escavação e quando pré-fabricadas
equipamentos de cravação. Um dos métodos de cravação é o uso de um peso, martelo ou
macaco, em queda livre de uma altura determinada sobre a cabeça das estacas.

Para cravação das estacas podem ser utilizados métodos de percussão, prensagem e
vibração. Na cravação por percussão há pilões de queda livre ou automáticos que impactam a
cabeça das estacas, o que causa bastante barulho no processo. Na prensagem são utilizados
macacos hidráulicos que reagem contra a plataforma ou a própria estrutura, fazendo à estaca
penetrar no solo. Já na vibração são utilizados martelos com garras, que são fixados na estaca
e giram em alta rotação o que produz uma vibração em alta frequência que consegue tanto

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cravar quanto remover uma estaca. É um método que como o próprio nome diz causa muita
vibração, inclusive no entorno. Quando as estacas são pré-fabricadas e, portanto, cravadas no
solo um importante conceito é a nega que é a penetração permanente de uma estaca, causada
pela aplicação de um golpe do pilão. Em geral é medida por uma série de dez golpes. Ao ser
fixada ou fornecida, deve ser sempre acompanhada do peso do pilão e da altura de queda ou
da energia de cravação (martelos automáticos). Além da nega, há o repique que é a parcela
elástica do deslocamento máximo de uma seção da estaca, decorrente da aplicação de um
golpe do pilão.

As estacas são tipos de fundações profundas que podem ser constituídas por
diferentes materiais, como metal, madeira e concreto. Esse tipo de fundação é empregada
quando a taxa admissível do terreno nas camadas superficiais é inferior à carga da estrutura
ou quando os recalques previstos na fundação rasa são além do tolerável. A maior parte das
estacas trabalha a compressão e transmitem a carga principalmente pelo fuste, que é o corpo
da estaca.

Estacas de madeira como o próprio nome diz, são feitas de madeira. Podem ter seção
roliça ou seção uniforme descascada. Em função da sua origem o diâmetro das peças é
limitado entre 18 a 35cm e o comprimento entre 5 a 8m. É utilizada aroreira, eucalipto,
maçaranduba e peroba. As peças de madeira para serem utilizadas como estacas devem ser
retas, com no máximo 1 a 2% do comprimento de curvatura. Seu emprego ocorre apenas em
áreas onde há disponibilidade com baixo custo de aquisição. É um tipo de fundação com fácil
manuseio, transporte, corte e emenda. No entanto, são necessários cuidados para garantir sua
durabilidade uma vez que a madeira pode apodrecer em ambientes onde há presença de água
e ar. Por isso, seu uso é limitado em condições onde fique completamente submersa, sem
variação do nível de água. São peças que podem suportar entre 10 a 15t.

Estacas metálicas são empregadas devido a facilidade de manuseio, transporte,


cravação, corte e emenda. As emendas podem ser feitas por solda ou parafusos. Além de
poderem ser obtidas com qualquer comprimento sem perda de material. No entanto, são
peças suscetíveis a ataques de águas agressivas e possuem um custo elevado. O

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comportamento em águas agressivas torna o uso em ambientes com água corrente muito
perigoso.

Estacas pré-moldadas de concreto armado ou protendido são peças dimensionadas


para absorver os esforços tanto do levantamento quanto do transporte, cravação e edificação.
As emendas podem ser feitas por meio de anéis soldados e há diversas geometrias e tamanhos
de seção possíveis. Para garantir que a ponta resista ao processo de cravação ela é protegida
por uma ponteira metálica. São peças com transporte, corte e emendas complicadas. Em obras
com grande variação das cotas do terreno firme resultam em muitas perdas e sobras. Além
disso, em ambientes com águas agressivas, seu uso é desaconselhado, pois a água irá penetrar
o concreto, atingir o aço, que devido a corrosão irá expandir, estourando o concreto e deixando
o aço ainda mais exposto aos efeitos do ambiente. No entanto, o fato de serem pré-fabricadas
garante a qualidade do concreto utilizado na peça.

Outra classe de estacas de concreto são as moldadas in loco, como a estaca tipo broca,
Strauss e Franki.

As estacas brocas são executadas em duas etapas, na primeira é feita abertura do furo
no terreno e na segunda o lançamento do concreto. Logo são peças não armadas, recebendo
apenas as esperas para os pilares. São possíveis diâmetros que variam de 20 a 30cm,
comprimento em torno de 5m. Devido suas caracteristicas possuem baixa capacidade de
carga, em torno de 3 a 8t e por isso são empregadas apenas em edificações de pequeno porte,
sempre em solo sem água. Quanto ao custo, são soluções de baixo custo para terrenos onde
não é preciso ultrapassar o lençol freático. A Figura 21 ilustra o processo executivo desse tipo
de estaca.

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Figura 21 – Execução estaca broca

Fonte: construcaomercado.pini.com.br

A estaca Strauss pode ser compreendida como um tipo de estaca broca onde é
utilizada uma camisa, tubo de revestimento, recuperada. São peças com diâmetro entre 25 a
50cm e podem suportar até 80t. Na execução desse tipo de estaca é preciso cuidado sobre
tudo ao remover o tubo, uma vez que há o risco do concreto aderir ao tubo e com isso causar
descontinuidade do fuste. Como vantagens essa é uma fundação que causa pouca vibração na
sua execução, possui facilidade de ajuste no comprimento, o equipamento é de fácil
locomoção na obra, sendo possível inclusive execução próxima a divisas e pode ser aplicada
em solos secos e para grandes profundidades. A execução é ilustrada pela Figura 22.

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Figura 22 – Execução estaca Strauss

Fonte: construcaomercado.pini.com.br

A estaca Franki pode ser executada com diâmetro entre 40 e 60cm e o comprimento
pode chegar até 40m. A principal característica dessa estava é a bucha de areia, pedra e
concreto velho que fica na ponta do tubo, é sobre ela que o pilão aplica a força de cravação. É
essa bucha que faz com que o fuste tenha alta rugosidade o que melhora a aderencia dessa
estava. A base criada pela bucha também atua melhorando a distribuição das pressões. No
entanto, o processo de cravação provoca grande vibração nas vizinhanças, o que pode impedir
seu uso em alguns cenários. Esse tipo de fundação atinge grandes profundidades e sua base
alargada aumenta a estabilidade da peça. Devido ao método de execução o terreno fica
bastante comprimido o que faz com que ela possua elevada capacidade de carga. A Figura 23
ilustra o processo executivo.

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Figura 23 – Execução estaca Franki

Fonte: construcaomercado.pini.com.br

Muitas vezes para um único pilar é necessário mais de uma estaca, assim para unir
todas as estacas é executado o bloco de coroamento (Figura 24). O bloco de coroamento é um
elemento maciço de concreto armado. Para execução do bloco a cabeça das estacas deve ser
limpa, com remoção de qualquer concreto de baixa qualidade que é comumente observado
acima da cota de arrasamento, em estacas moldas in loco.

Figura 24 – Blocos de coroamento para diferentes quantidades de estacas

Fonte: Milito (2009)

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3.4. Tubulões

Tubulões são considerados fundações diretas profundas, isso porque apesar da


grande profundidade nesse tipo de fundação as cargas são transmitidas principalmente pela
base. Podem ser escavados manualmente ou mecanicamente, possuindo diâmetros entre 70
a 80cm e base alargada. São soluções para cargas próximas a 250t. A estrutura desse tipo de
fundação é caracterizada por um poço, chamado de fuste, que possui seção circular. O fuste
pode ser revestido ou não. Quando revestido é possível o uso de camisa de concreto armado
e de aço. No caso do revestimento de aço esse pode ser perdido ou recuperado. Ao fundo do
fuste é aberta a base (Figura 25).

Figura 25 – Geometria tubulão

Fonte: Milito (2009)

A escavação dos tubulões a ar comprimido é proibida segundo a NR 18 (2022) assim,


esse tipo de fundação pode ser executado a céu aberto, com perfuração manual ou mecânica
do fuste e abertura manual da base. É um tipo de fundação aplicável apenas em solos coesivos
e acima do nível d’água.

3.5. Estudo dirigido

1. Diferencie fundações rasas, profundas e tubulões.


2. Explique para que serve e como pode ser feita a sondagem.

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3. Explique como é a execução de uma sapata.


4. Compare estacas pré-moldadas e moldadas in loco.
5. Considere uma edificação com solo homogêneo onde as fundações
estão ocupando 75% da área construída, que tipo de fundação rasa melhor se adequa
ao caso? Justifique.

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4. Impermeabilização e Drenagem

Impermeabilizar diz respeito a uma técnica que utiliza produtos para proteger partes
das edificações contra a ação da água. A falta de medidas de impermeabilização leva a
patologias relacionadas a umidade que infiltra nas edificações. Esse tipo de patologia além de
diminuir a vida útil da edificação também gera problemas de saúde nos usuários da edificação,
devido a propagação de mofo e bolor. Além disso o impacto financeiro é bastante expressivo
já que para solucionar um problema relacionado a infiltração o custo representa 12% do custo
total da obra, enquanto a execução correta de sistemas de impermeabilização custa apenas
2%.

A água pode penetrar nas edificações por diferentes fontes. Nas coberturas e nas
laterais o mais preocupante é a água da chuva. Mas, as laterais, assim como as fundações
também podem ser impactadas por água do solo, que irá subir por capilaridade. Por fim, em
ambientes úmidos como cozinhas, banheiros e área de serviço há água proveniente da
lavagem, de vapores e de vazamentos.

Qualquer sistema de impermeabilização depende intimamente de uma drenagem


bem executada. Drenar é o ato de escoar águas de terrenos encharcados, por meio de canais.
O conjunto de canais conectados entre si é chamado de sistema de drenagem. Os sistemas de
drenagem são executados tanto para captar água pluvial da cobertura e do piso. A drenagem
de pisos pode acontecer por métodos tradicionais com canaletas ou pela utilização de pisos
permeáveis (Figura 26). Quando se fala de drenagem da cobertura essa depende do tipo de
cobertura, assim em sistemas de telhado o sistema é composto por calhas, rufos e condutores.
Quando se usa laje plana, a inclinação da laje e os condutores constituem o sistema de
drenagem. Para drenagem do piso usa-se grelhas, calhas de piso e tubulações de dreno.
Estruturas como muros de contenção também sistemas de drenagem especiais, uma vez que
sem a drenagem a água que infiltrar no solo irá causar sobrecarga no muro.

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Figura 26 – Piso permeável

Fonte: Medina e Piratininga (2014)

Outra situação que pode demandar drenagem é durante escavações. Esse tipo de
serviço pode ter caráter provisório ou definitivo e visa drenar a água existente junto a
escavações. Isso porque trabalhar a seco no fundo das escavações é mais seguro, econômico,
cômodo e permite maior qualidade dos serviços. Além disso, é possível reduzir os gastos com
contenções provisórias, pois os taludes secos são mais estáveis e logo mais seguros. Por fim,
algumas técnicas só são possíveis em solos não encharcados. Esse tipo de serviço exige
controle da posição do nível freático pois as flutuações causam instabilidade no maciço, além
de que não é viável economicamente abaixar o nível mais que o necessário. A estabilidade dos
taludes e controle do fundo de escavação também deve ser constante.

Para realizar a drenagem é possível a realização de diferentes tipos de drenos. Drenos


horizontais são executados ao longo de uma área, como o exemplo do dreno feito sob o piso
drenante. Drenos verticais são executados paralelos a um maciço, um exemplo são as estacas
de areia. Em todos os tipos de dreno é possível observar a presença de uma camada filtrante
que pode ser constituída de areia ou outro material capaz de conter os finos presentes no solo.
Há também um material drenante que pode ser por exemplo pedras com granulometria
adequada para conter a camada de areia. Para garantir a condução da água drenada,
especialmente se houver grandes volumes utiliza-se um tubo coletor que pode ser de PVC ou
cerâmico, desde que perfurado. Drenos sem o tubo coleto são classificados como drenos
cegos.

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4.1. Infiltração de água: percolação, capilaridade, pressão hidrostática

A água de diferentes origens infiltrará por diferentes mecanismos (Figura 27). A água
de chuva e de lavagem infiltra por percolação em paredes, coberturas e pisos. Já a umidade
do solo, irá infiltrar por capilaridade, agindo em fundações e pisos sobre o solo. A água em
piscinas e reservatórios pode infiltrar por se tratar de água sob pressão, que pode ser unilateral
ou bilateral. Por fim, nas superfícies expostas ao vapor e ao frio podem infiltrar água de
condensação.

Figura 27 – Umidade nas edificações

Fonte: Pozzobon (2007)

Há duas principais formas de evitar a infiltração, a primeira atua evitando o contanto


da água com o elemento e a segunda apesar de permitir o contato da água, impede sua
penetração.

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4.2. Sistemas de impermeabilização: rígidos e flexíveis

De acordo com a NBR 9575 (2010) entende-se como impermeabilização um conjunto


de produtos e serviços destinados a conferir estanqueidade a partes de uma construção. Nesse
sentido é importante diferenciar estanqueidade de impermeabilidade, uma vez que
estanqueidade é a propriedade de impedir a penetração ou passagem de fluídos através de
determinado material enquanto a impermeabilidade é o produto ou material impenetrável
por fluídos. Assim, entende-se que ao impermeabilizar é essencial a drenagem uma vez que o
resultado é uma superfície estanque, que, portanto, não é impenetrável a água.

Sistemas de impermeabilização podem ser rígidos, que são aqueles que não
absorvem deformações ou flexíveis, que são aqueles que suportam deformações da base e
são normalmente reforçados com materiais resistentes a tração. Nos sistemas rígidos é
comum uma única camada aplicada diretamente sobre a base. São exemplos de
impermeabilizações rígidas o concreto “impermeável” que pode ser obtido pelo uso de aditivo
impermeabilizantes ou por traços específicos; as argamassas com hidrofugantes ou
argamassas poliméricas, que são obtidas pelo uso de polímeros no traço e os cimentos
poliméricos e cristalizantes que podem ser produzidos pelo uso de polímeros, líquidos
seladores e bloqueadores hidráulicos adicionados no cimento. Na impermeabilização flexível
sobre a base é executada uma camada de regularização, sobre essa é feito o berço para a
impermeabilização, sendo a impermeabilização aplicada sobre o berço. Sobre a camada de
impermeabilização é feita uma camada de proteção mecânica.

Como em ambos os sistemas a base é a superfície que será impermeabilizada.


Portanto, as caracteristicas da base é que determina o tipo de impermeabilização. Por
exemplo, em situações em que há deformação em função de cargas ou movimentação térmica
são mais indicados sistemas flexíveis.

A base nem sempre é uma superficie uniforme e tão pouco possui a declividade
mínima de 1%, assim deve-se construir a camada de regularização. Essa camada já pode ser
acabada para atuar como berço da impermeabilização, que irá de fato promover a barreira
contra a passagem da água. As camadas com finalidades de proteção mecânica são capazes
de absorver e dissipar os esforços que atuariam sobre a camda impermeavel, protegendo-a.

42
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Essa camada pode proteger inclusive quanto a questão térmica, aumentando a vida útil da
impermeabilização.

Os sistemas flexíveis são divididos em membranas e mantas. As membranas são


moldas in loco, como as membranas asfálticas, que podem ser demandar aplicação a quente,
como o asfalto oxidado fundido ou a frio como a emulsão asfáltica e as soluções asfálticas
modificadas com polímero e poliméricas, que podem ser acrílicas como ou sem adição de
cimento, e elastoméricas de Neoprene ou Hypalon. Já as mantas são pré-formadas, como as
mantas asfálticas, que podem ser estruturadas ou não, as poliméricas de PVC ou PEAD e as
elastoméricas, butílicas, Hypalon e EPDM. Comparativamente membranas tem como positivo
a maior facilidade de aplicação em áreas com muitas interferências, pela sua forma de
aplicação, mas demandam aplicações em camadas superpostas. Já as mantas possuem uma
espessura definida e controlada e aplicação em única camada, o que gera uma maior
velocidade de aplicação, com maior rendimento de mão de obra e maior facilidade e controle
de aplicação.

Em fundações podem ser aplicadas impermeabilizações rígidas, membranas asfálticas


e poliméricas e dependendo da geometria mantas asfálticas. Terraços, coberturas e áreas
externas podem receber membras ou mantas asfálticas ou poliméricas. Áreas molhadas
internas podem receber impermeabilização por argamassa polimérica, mantas asfálticas e
membranas poliméricas e asfálticas. Por fim, reservatórios como caixas d’água e piscinas
podem receber membranas e mantas poliméricas e desde que não seja para água potável é
possível o uso de mantas asfálticas. Impermeabilizações rígidas também podem ser utilizadas
desde que o reservatório não seja elevado.

4.3. Sistemas de impermeabilização: execução

Para execução de qualquer impermeabilização é preciso que a superfície esteja limpa


e possua o caimento minimo de 1%. Ao executar a impermeabilização é importante que em
rodapés, muros e paredes a camada impermeabilizante suba 30 a 40cm do piso acabado,
sendo os vértices e cantos arredondados com raio de 8cm (Figura 28). Alguns tipos de
impermeabilização necessitam de primer ou pintra de ligação. A forma de aplicação depende
do tipo de impermeabilização, impermeabilizações rígidas são executadas de forma

43
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semelhante aos revestimentos argamassados ou com pincel, membranas podem ser aplicadas
como uma pintura e mantas após colocadas na posição tem os arremates executados. Após
pronto o sistema de impermeabilização deve ser testado com lâmina d’água por 72h.

Figura 28 – Impermeabilização interface alvenaria

Fonte: Pires (2013)

4.4. Estudo dirigido

1. O que é impermeabilizar?

2. Onde sistemas de drenagem são importantes? Justifique sua resposta.

3. Diferencie um sistema de drenagem rígido de um flexivel.

4. Onde são melhores indicadas mantas? E membranas?

5. Quais os cuidados ao se executar uma impermeabilização?

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5. Estrutura

É compreendido como superestrutura o conjunto de diversos elementos estruturais,


vigas, pilares e lajes, que estão acima do nível da fundação. Esse sistema é responsável por
garantir a segurança e estabilidade da construção. Para isso precisa apresentar boa resistência
a intempéries, choques mecânicos e outros fatores.

No sistema cada elemento tem uma função específica. Lajes são responsáveis por
distribuir a carga para as vigas, as vigas para os pilares e os pilares para as fundações. As lajes
são consideradas placas e as vigas e pilares barras.

5.1. Lajes, vigas e pilares

Lajes são elementos planos bidimensionais, atuam como placas, já que que
comprimento e largura tem a mesma ordem de grandeza enquanto a espessura é muito
menor. É sobre as lajes que são aplicadas as cargas de pessoas, móveis, pisos, paredes e outras.

Lajes podem ser dimensionadas para forro ou para piso das edificações. Utilizamos o
primeiro para quando haverá sob a laje apenas a cobertura, inclusive há casos em que a laje é
o sistema de cobertura, nesses casos é fundamental prever a declividade para garantir a
drenagem e a impermeabilização para evitar que a água percole na laje. A laje de piso é
utilizada em construções assobradadas e em terraços. É possível a produção de lajes maciças
de concreto e lajes pré-fabricadas que contam com vigotas pré-fabricadas de concreto e
materiais de enchimento como blocos cerâmicos ou de isopor.

Há diferentes tipos de lajes, entre elas destacam-se as lajes maciças, pré-moldadas e


nervuradas. As lajes maciças contam com toda a espessura de concreto e armaduras
longitudinais e transversais. Esse tipo de laje é apoiado em vigas ou paredes ao longo de todas
as bordas. As lajes pré-moldadas possuem um menor custo e peso que as maciças. Mas é
essencial que as vigotas que a compõe sejam adquiridas de fornecedores de confiança. Na
execução é preciso cuidado com o posicionamento correto das vigotas, que deve apoiar pelo
menos 5cm, da armadura e com a espessura da camada de concreto. As lajes nervuradas
possuem semelhança com as pré-moldadas, mas além de serem moldadas in loco trabalham

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nas duas direções. Esse tipo de laje chega a economizar até 30% em concreto e aço e é capaz
de vencer grandes vãos.

As vigas são elementos lineares, barras, com seção transversal muito menor que o
comprimento e podem ser construídas em seções retangulares, T, I, L ou U. Idealmente as vigas
devem estar embutidas nas vedações, por isso é comum que sua largura seja coincidente com
a espessura da alvenaria. As vigas podem ser utilizadas para vencer um vão e para amarrar as
vedações e a laje. Além disso, as vergas e contra vergas, instaladas abaixo e acima de janelas
e portas para evitar sobrecarga causada pelo vão, também são um tipo de viga.

Os pilares também são elementos de barra, mas instalados na vertical, eles são
engastados na fundação. São os pilares que vão receber as cargas e as transmitir para as
fundações. Assim como as vigas, sempre que possível eles ficam ocultos na edificação, tendo
sua menor dimensão a espessura da parede. Eles podem ter seção de diferentes formatos e
em função da sua localização no sistema estrutural pode-se afirmar que há três tipos de
pilares, conforme ilustrado na Figura 29, o primeiro é chamado de pilares de canto, o do meio
de pilar de borda e o último de pilar interno.

Figura 29 – Tipos de pilar

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

5.2. Execução em concreto armado

Largamente aplicadas no Brasil estruturas de concreto armado possui materiais de


fácil acesso e resultam em uma obra segura, durável e com demanda de pouca manutenção.

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Assim pode-se entender que estruturas de concreto armado possuem um custo reduzido, em
especial nas obras de pequeno porte e fácil execução. Essas estruturas são duráveis, uma vez
que a resistência do concreto aumenta com o passar do tempo. Devido as caracteristicas do
concreto é possível a produção de qualquer forma.

Concreto armado é considerado um compósito, onde em uma fase temos uma


mistura de areia, brita, cimento e água e na outra barras de aço. A mistura de areia, brita
cimento e água é chamada concreto e cuidados distintos devem ser tomados em sua fase
fresca e endurecida.

Após dosado, conforme a ser discutido na disciplina de Materiais Cimentícios, é


preciso realizar a mistura dos componentes, o transporte e lançamento da massa nas formas.
O material fresco, lançado nas formas deverá por fim, ser adensado e curado. Esse processo
demanda um plano de concretagem, onde será previsto os materiais, mão de obra, tempo e
até condições climáticas para a execução do serviço. Quanto as questões climáticas, destaca-
se que a concretagem só pode ser feita em temperaturas entre 10ºC e 35ºC, preferencialmente
em dias nublados sem chuva. Quanto ao tempo para o serviço é preciso compreender que
uma vez iniciado não é indicado a interrupção e que após entrar em contato com água tem-se
2h30m para terminar a concretagem e iniciar a cura.

A mistura ou amassamento pode ser feito de forma manual com uso de enxada ou
mecanizado com uso de betoneiras. A mistura manual, só é aplicável para obras de pequeno
porte onde o volume de concreto a ser produzido não justifique o uso de betoneiras. Nesse
caso deve primeiro colocar a areia sobre superfície impermeável, sobre ela lançar o cimento.
Sendo então os dois misturados até obter-se homogeneidade. Para então acrescentar a brita,
misturar novamente até homogeneidade. Fazer um monte com uma depressão no centro
onde deve ser colocada a água. A mistura então é feita lançando as bordas secas para dentro
da cratera, com cuidado para não perder água. O processo continua até obter-se uma massa
homogênea. Nesse caso a quantidade máximo de cimento a ser utilizada por masseira é de
100kg ou dois sacos.

Quando feita em betoneiras de queda livre com eixo inclinado a mistura deverá ser
feita primeiro adicionando no tambor metade do agregado graúdo e a água, depois o cimento,

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o restante da água e a areia, estando uniforme deve pôr fim ser adicionada a outra metade do
agregado graúdo. Misturas mecânicas quando comparadas a mistura manual quase sempre
resultam em economia de mão de obra e melhor homogeneidade da mistura.

O tipo mais popularmente utilizado de misturador mecânico é a betoneira


intermitente de queda livre. Esse nome é devido a necessidade de parar a operação para
realizar a carga e da mistura ser feita utilizando da força da gravidade.

Após homogeneizado o concreto precisa ser transportado para então ser lançado nas
formas. O transporte deve ser sempre o mais rápido possível e é preciso cuidado para não
afetar a homogeneidade da mistura. O material pode ser transportado verticalmente,
horizontalmente ou ainda de forma inclinada. Para tal podem ser utilizados diferentes meio
de transportes como: carrinho de mão, carrinhos motorizados, guinchos, calhas, bombas e
caminhões betoneira.

Quanto ao lançamento é preconizado que esse deve ocorrer em no máximo 30


minutos após o amassamento. Não sendo possível a re-mistura de concretos. Como o teor de
água na mistura possui impacto significativo na resistência, para evitar a perda da água da
massa para as formas, as formas devem ser molhadas antes do lançamento. Além disso, as
formas precisam ser estanques, garantindo que não haverá perda da pasta de cimento e da
água. Estima-se que a cada m³ são gastas aproximadamente 12m² de formas.

As formas devem ser construídas de forma que as dimensões internas sejam iguais as
das peças projetadas. As dimensões das formas constam no projeto estrutural no desenho
planta de formas. É necessário que a estrutura seja capaz de suportar a carga decorrente do
concreto fresco e da movimentação necessária para a concretagem. Além do peso próprio,
concreto fresco e da movimentação é necessário que as formas resistam a vibração. Muitas
das vezes em peças de grandes dimensões é necessário uma contra flexa para compensar a
deformação que ocorrerá quando as cargas forem aplicadas.

Outro ponto importante quanto a formas é a estanqueidade. Pois é imprescindível


que as formas sejam capazes reter a massa de concreto fresco e evitar que a pasta de cimento
seja arrastada para fora da peça. Assim as juntas das peças que montam as formas devem ser

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calafetadas com especial atenção aos pontos de junção que foram ângulos, como arestas de
vigas e pilares.

Figura 30 – Forma para pilares

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

As formas para pilares são construídas com quatro tábuas amarradas com gravatas a
cada 50cm a 80cm, que evitam o abaulamento da estrutura (Figura 30). Como a altura de
lançamento nos pilares é superior a 2m para evitar a segregação são previstas janelas de
concretagem. Assim a concretagem é feita em duas etapas, na primeira lança-se o concreto
pela janela, ao atingir o nível da janela, essa é fechada e vedada, sendo iniciada a segunda
etapa com lançamento do concreto na parte superior da forma.

Para as vigas é utilizada uma tábua de fundo e duas laterais. Para garantir a
sustentação as formas são escoradas com pontaletes verticais. Assim como nos pilares são
utilizadas gravatas para garantir a estabilidade da forma.

Como é comum a reutilização do material das formas, elas devem ser construídas
pensando na desmontagem. Tornando o processo de desforma simples e sem choques. A
aplicação de desmoldante nas formas antes da concretagem é essencial para facilitar a

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desmontagem. Boas práticas e materiais de qualidade podem ser utilizados até 5 vezes. Para
tal, utiliza-se apoio sobre cunhas e é aplicado desmoldante na face interna das formas. Como
o concreto copiará a textura da forma, quando se espera concreto aparente é indicado o uso
de madeira aparelhada ou compensada. Além da madeira podem ser utilizadas formas
metálicas, de alumínio ou aço e poliméricas. As formas de madeira possuem como vantagem
serem de fácil aquisição e construção. Para onde não há demanda de acabamento pode-se
utilizar a madeira bruta e onde há demanda pode-se utilizar compensados resinados ou
plastificados, no caso dos resinados é possível reutilizar até 5 vezes e os plastificados até 50
vezes. Assim, atualmente é muito comum encontrar chapas de madeira compensada
substituindo tábuas sólidas, uma vez que o compensado tem bom reaproveitamento, fácil
desforma, demanda menor número de juntas e consumo de pregos, gerando maior
produtividade e melhor acabamento. As formas de metal são muito utilizadas onde não há
muita variação nas dimensões das peças como na indústria de pré-moldados. Esse tipo de
forma tem reutilização praticamente ilimitada o que faz com que em alguns contextos tenha
excelente custo-benefício. É bastante comum o uso de formas mistas, constituídas por chapas
de compensado e escoramento metálico, isso porque o escoramento metálico consegue ter
maior produtividade, reaproveitamento total das peças, possibilidade de regulagem de altura
para nivelamento preciso e montagem e desmontagem mais rápido e fácil que o escoramento
de madeira.

Para garantir a execução de peças de concreto conforme a especificação é preciso


tomar alguns cuidados quanto as formas. Entre os cuidados destaca-se a limpar e umedecer
as formas. Para facilitar a limpeza são empregadas janelas em formas de pilares e vigas
estreitas e profundas. Quanto ao processo de umedecer essas formas, esse é essencial para
evitar que a forma absorva água presente no concreto e necessária para seu processo de
hidratação.

Quanto as formas por fim é importante destacar que se deve atentar a ordem e prazos
mínimos para o processo de desforma. E que a desforma deve ocorrer sem choques e com
cuidado para garantir o reaproveitamento das peças. O quadro da Figura 31 traz a relação
entre formas e tempo para início da desforma.

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Figura 31 – Tempo de desforma

Prazo de retirada usando-se


Cimento Cimento Portland
Formas aplicadas em
Portland de Alta Resistência
Comum Inicial
Paredes, pilares, faces laterais de 3 dias 2 dias
vigas
Lajes até 10cm de espessura 7 dias 3 dias
Lajes mais de 10cm de espessura e 21 dias 7 dias
faces inferiores de vigas de até
10m de vão
Arcos e faces inferiores de vigas de 28 dias 10 dias
mais de 10m de vão

Fonte: Azeredo (1977)

Sobre as ferramentas utilizadas no lançamento do concreto muitas vezes o próprio


meio de transporte é utilizado como lançador como é o caso de bombas, calhas e outros. Em
todos os casos é preciso cuidado com a altura de lançamento. Isso para evitar o fenômeno
chamado segregação que ocorre quando a argamassa se separa do agregado graúdo. O
recomendado é que o concreto seja lançado sempre o mais próximo possível da posição em
que permanecerá evitando que a massa flua dentro das formas. Quando necessário o
lançamento em altura esse deve ocorrer em altura inferior a 2m. No caso de pilares que
possuem altura superior a isso, podem ser utilizadas janelas de lançamentos nas formas, de
forma a dividir essa altura. Outra opção é o uso de trombas que conduzem o concreto até a
sua posição de maneira inclinada.

Estruturas de grande porte demanda um plano de lançamento de concreto. Isso para


que possa ser considerado as deformações provocadas pelo peso próprio do concreto fresco
e a sobre cargas de serviço na estrutura de escoramento e a necessidade de se realizar o
trabalho em mais de um dia, devido ao grande volume. Assim pode-se afirmar que há dois
tipos de juntas. O primeiro tipo a ser abordado é o das juntas responsáveis por permitir os
deslocamentos na estrutura e o segundo tipo é o das juntas feitas de acordo com as
interrupções no processo executivo.

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De forma genérica as juntas são estruturas capazes de permitir os deslocamentos que


ocorrem por expansões e contrações provocadas por variações na umidade, na temperatura,
escorregamento e empenamento da estrutura. Elas podem ser uma separação completa da
estrutura, utilizando um material flexivel entre as partes ou um enfraquecimento, que permite
pequenas movimentações e surgem como fissuras. Quando se trabalha com grandes obras é
preciso compreender a inviabilidade de concretar toda a estrutura como uma única peça,
assim é comum que o cronograma da obra preveja a interrupção da concretagem nas juntas,
coincidindo assim a junta com função estrutural com a junta de construção. No entanto,
ocorrem situações em que a junta de construção não pode ser evitada e nem é possível
coincidi-la com a junta propriamente dita, nesses casos devem ser tomadas as precauções
apresentadas na Figura 32.

Figura 32 – Fluxograma execução junta de construção

A superficie do concreto mais velho deve ser


rugosa e limpa. Utiliza-se para tal esfrega com
escova de açõ, jato de areia ou jato de água,
quando o concreto ainda está novo. Esse processo
remove o agregado miúdo e pasta, tornando
aparente os agregados graudos.

Antes do lançamento, a superficie deve estar


úmida e é preciso cuidado para que com o
lançamento a superficie não fique lisa. Isso pode
ser obtido realizando o espalhamento de uma
camada de argamassa de composição identica ao
concreto mais velho.

Por fim o concreto é lançando e adensado. Caso o


concreto mais velho ainda seja novo as duas
camadas serão homogeneizadas.

Fonte: Autora (2023)

Após lançado o concreto deve ser vibrado para eliminar as bolhas de ar, que afetam
negativamente a resistência. A altura da camada a ser vibrada deve ser de aproximadamente
¾ a altura do vibrador, quando utilizado vibradores de imersão. No entanto diferentes
instrumentos, manuais e mecânicos, podem ser utilizados para realizar o adensamento do

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concreto. Como socamento e apiloamento manuais e processos mecânicos de vibração ou


centrifugação.

Para processos de adensamento manual por socamento é preciso um concreto de


consistência muito plástica. No caso de barras cilíndricas mais finas essas devem atravessar a
camada de concreto e penetrar parcialmente na inferior. No caso do uso de soquetes é preciso
golpes repetidos na camada de concreto. No adensamento manual a camada não pode ter
altura maior que 20cm e o seu uso é indicado apenas em peças de pequena responsabilidade,
espessura e com pouca armadura.

A vibração é um método amplamente empregado. Esse método é capaz de remover


as bolhas de ar e levar a superfície o excesso de água. É um método que torna o concreto mais
fluido, sem a necessidade de adição de mais água. A soma desses melhora de forma
significativa a compacidade, resistência a compressão, impermeabilidade, aderencia, retração
e durabilidade do concreto. No entanto é preciso cuidado, a vibração jamais deve ser aplicada
diretamente à armadura, sob o risco de deixar vazios em torno, o que impossibilita a
aderencia. Em execuções in loco a vibração é feita por imersão, mas em indústrias de pré-
moldados é comum o uso de mesas vibratórias. Ainda quanto a peças pré-fabricadas, postes
e tubos podem ser adensados utilizando a centrifugação.

Quando é utilizado o vibrador de imersão um importante conceito é o raio de ação.


O raio de ação é a distância na qual o vibrador consegue exercer influência. Sendo que o efeito
da vibração diminui à medida que nos afastamos do vibrador, de forma aproximadamente
parabólica. De forma genérica adota-se que o raio de ação é proporcional à raiz quadrada da
potência do equipamento, porém esse valor não ultrapassa 60cm. Normalmente o raio de
ação é um valor entre 8 e 10 vezes o diâmetro da agulha. Alguns cuidados ao se utilizar
vibradores de imersão são destacados na Figura 33.

Após devidamente adensado inicia-se o processo de cura do concreto. A cura tem


como principal objetivo proteger o concreto quanto a perda excessiva da água, que é essencial
para a hidratação do concreto e seu consequente endurecimento.

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Figura 33 – Cuidados na vibração de imersão

As posições de mergulho do Vibrar após o inicio da


O inicio da exusdação indica
equipamento devem estar exusdação é negativo e leva a
que todas as bolhas de ar já
em distancias inferiores ou heterogeneidade e
foram removidas.
guias ao raio de ação. segregação.

O mergulho do equipamento A ponta da agulha vibrante


A camada deve ter espessura deve ser rápido e a retirada deve penetrar na camada
de aproximadamente ¾ a muito lenta, sempre com o anteriormente vibrada, cerca
altura do vibrador equipamento funcionando. de 10cm, garantindo a
Evitando arraste de material. adessão entre camadas.

Fonte: Autora (2023)

Concreto armado é um material compósito obtido pela junção do concreto com o


aço. Estima-se que a cada m³ de concreto utiliza-se aproximadamente 80Kg de armadura.
Nesse material obtém-se um bom comportamento quanto a esforços variados, agindo o aço
para responder a tração e o concreto a compressão. Essa combinação é funcional pois há uma
boa aderencia entre os dois materiais, a pasta de cimento passiva a armadura, protegendo-a
contra corrosão e o recobrimento minimo garante que a dilatação térmica seja
aproximadamente a mesma.

Para uso em concretos é preciso que o aço tenha homogeneidade nas caracteristicas
geométricas e não apresente defeitos como bolhas, fissuras, esfoliações e corrosão. As peças
são classificadas como barras quando obtidas por laminação e possuem diâmetro nominal
igual ou maior que 6,3mm. E como fios quando possuem diâmetro menor ou igual a 10mm e
são obtidos por trefilação. Podendo ser da classe A ou B. Para concreto armado o usual são
aços CA-50, sendo para fios admitidos o uso de CA-60. A sigla CA significa aço para concreto
armado e o número após a sigla expressa a resistência da barra em kgf/mm². A aderencia nas
barras com diâmetro superior a 10mm é garantida graças a presença de saliências ou mossas,
essas são dispensadas nos fios. Além do aço para concreto armado na construção civil também
é utilizado o arame recozido que é um produto de aço para amarração de elementos
estruturais e travamento das formas.

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As barras de aço utilizadas na construção civil devem ser retas e retificadas antes do
corte. O corte e dobra pode-se ser feito em obra e deve obedecer ao projeto estrutural. Para
a dobra é utilizada uma bancada com pinos ou máquina automática. Ou ponto importante no
corte e dobra de aço são as emendas que podem ser do tipo trespasse, solda ou luva e são
especificadas no projeto. Por fim, é importante destacar que para durabilidade do aço é
necessário que as barras tenham cobrimento mínimo e para tal são utilizados espaçadores.

Assim a execução de estruturas em concreto armado pode ser seis etapas (Figura 34).
Na primeira é feita a montagem e preparação das formas, seguindo o projeto de formas.
Depois a armadura cortada, dobrada e montada previamente é locada dentro das formas,
atentando-se para que após a concretagem exista um recobrimento minimo. Na terceira etapa
o concreto é preparado, o que pode acontecer manualmente, mecanicamente com uso de
betoneiras ou até pela aquisição de concreto usinado. O concreto então é lançado nas formas,
sendo feita assim a concretagem das peças. Com o concreto ainda fresco ele é adensando para
eliminar vazios. Por fim é procedido a cura, para garantir que a água necessária a hidratação
não seja perdida por evaporação.

Figura 34 – Etapas de execução de estruturas em concreto armado

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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5.3. Estudo dirigido

1. Explique o caminho que as cargas fazem em uma estrutura.


2. Diferencie vigas, pilares e lajes.
3. Como as formas devem ser preparadas para o lançamento do concreto?
4. Quais os cuidados devem ser tomados no lançamento do concreto?
5. Qual a importância do adensamento?

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6. Instalações elétricas e hidráulicas

A qualidade das instalações elétricas e hidráulicas é fundamental para garantir a


segurança dos usuários e salubridade ambiental. Elas constituem sistemas complexos que
demandam profissionais especializados. Aqui serão tratadas instalações elétricas, de água fria,
do medidor para dentro da edificação, e de esgoto sanitário, até o ponto de coleta urbana.

Executar corretamente as instalações elétricas possui impacto direto no consumo de


energia da edificação, podendo tornar o consumo até 40% maior. Quanto a instalações de água
fria é preciso atentar que com o objetivo de consumo humano a água a ser conduzida deve
estar de acordo com os parâmetros de potabilidade. Assim quando não vem de fornecimento
público é preciso prever o tratamento dela antes de chegar no sistema de distribuição
doméstica. Por fim, quanto as instalações sanitárias é preciso que elas sejam capazes de
promover um rápido escoamento e fácil desobstrução. Além disso, essa instalação também
veda a passagem de gases, impede a contaminação de água limpa e entrada de animais.

6.1. Instalações elétricas

Há três momentos em que ocorrem serviços ou atividades relacionadas as


instalações. O primeiro é a ligação para atendimento dos serviços da obra, essa ligação é
muitas vezes chamada de instalação preliminar e já deve ser corretamente aterrada. O
segundo é durante a execução de alvenarias e laje quando é feita a instalação das caixinhas,
conduítes e quadro de distribuição. O último momento é após a execução das coberturas e
esquadrias, quando é feito a passagem da fiação com ligação do quadro de distribuição e
colocação dos acabamentos das instalações como tampa das caixinhas e luminárias nos pontos
de luz.

No primeiro momento uma etapa importante além da instalação do medidor e poste


segundo as indicações da concessionaria é o aterramento da instalação. O aterramento deve
ser feito próximo ao medidor. Sendo usado uma cavadeira para abrir os 50cm primeiros e
depois uma marreta para enterrar a haste de aterramento, que possui 3m, até a ponta estar
10cm abaixo do nível do solo. O vão aberto pela cavadeira recebe um pouco de carvão e sal
grosso o que irá melhor a condutividade do solo. Depois é adicionado uma camada de areia

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ou solo e colocação da caixa de inspeção. Um fio terra, que deve ser nas cores verde ou verde
e amarelo de 10cm deve ser conectado a haste. Por fim, realiza-se uma camada de brita na
caixa, uma tubulação de PVC rígido leva o cabo desde a haste até o quadro de entrada e a caixa
é tampada. A caixa de inspeção do aterramento é apresentada na Figura 35.

Figura 35 – Caixa de inspeção

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Na execução das alvenarias e lajes é preciso instalar os conduítes e caixas de


derivação, sendo que esses muitas das vezes são embutidos. O ideal é instalar os elementos à
medida que eleva a alvenaria, utilizando blocos perfurados (Figura 36). Caso não seja feito
conjunto com a alvenaria o processo gerará desperdício do material e mão de obra, pois será
necessário rasgar a alvenaria passar o conduíte e depois fechar o vão com argamassa. Esse
processo além de gerar perdas financeiras também pode afetar a solidez da alvenaria se não
for feito de forma cuidadosa. No caso das instalações embutidas na laje, as caixas e conduítes
devem ser instalados sobre as formas antes da concretagem.

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Figura 36 – Instalação embutida em alvenaria

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Por fim na última etapa é feita a passagem da fiação, essa passagem é feita com
cuidado e atenção ao projeto, sendo passado cada circuito de um ponto a outro. Nessa etapa
é comum o uso do passa-fio que é uma guia rígida que facilita o processo. O processo é iniciado
pela caixa do teto ou de tomadas e interruptores. Dentro das caixas deve ser feito a ligação
elétrica dos pontos.

6.2. Instalações hidro sanitárias

As instalações hidro sanitária se dividem em sistemas de água, fria e quente,


esgotamento sanitário e drenagem pluvial. Aqui serão abordadas as instalações de água fria e
em sequência o esgotamento sanitário. Em geral quanto a execução deve-se atentar ainda nas
fundações para deixar se necessário os tubos de espera. Cuidado esse que também deve
ocorrer na elevação da alvenaria e na execução da laje. E no contrapiso deve-se posicionar as
instalações antecipadamente.

Assim como nas instalações elétricas podemos dividir as instalações de água fria em
três fases: ligação preliminar, com finalidade de atender as demandas da obra, sistema de
armazenamento e distribuição e por fim instalação dos acabamentos, peças cerâmicas e
metálicas.

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A ligação preliminar demanda a instalação do cavalete. A ligação entre cavalete e caixa


d’água demanda a aberta uma vala com 30 cm de profundidade e 35 cm de largura que recebe
um tubo de 25mm, instalado entre o cavalete e a caixa d’água. Na vala para nivelar e apoiar o
tubo é feita uma camada de areia, compactada manualmente até cobrir a tubulação, o
restante é fechado com solo, que não deve conter pedras. Caso a vala fique abaixo de pisos de
garagem a profundidade minima é 80cm e no fechamento deve-se recobrir com lastro de
concreto. O tubo de ligação ao subir para a caixa d’água pode ser embutido em alvenaria,
aparente fixado por abraçadeiras ou protegido com blocos canaleta pré-moldado (Figura 37).

Figura 37 – Blocos canaleta protegendo entrada de água

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Quanto a instalação da caixa d’água, antes de instalar ela é preciso garantir que a peça
esteja em bom estado. Evitando pancadas a caixa d’água é içada até a superfície preparada
para sua instalação. Nos locais indicados a caixa deve ser furada utilizando a serra-copo e o
acabamento do furo deve ser feito com uma grosa. Os tubos devem ser instalados nos furos
abertos, assim como a torneira boia. Por fim, limpa-se a caixa d’água com um pano úmido, a
tampa é fechada e a entrada de água liberada.

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Os tubos a serem utilizados para a instalação devem ser cortados no esquadro, as


rebarbas limpas e o corte lixado. Após a superfície que será soldada deve ser limpa com
solução preparadora, para eliminar gordura ou sujeira. Por fim o adesivo deve ser aplicado nas
duas peças que serão unidas com um pincel ou o próprio bico da bisnaga e os tubos são
encaixados rotacionando levemente a conexão e não o tubo. O excesso de adesivo deve ser
limpo e após uma hora a tubulação já pode ser cheia de água e após 24h pode ser feito o teste
de pressão.

Os ramais de abastecimento devem ser montados obedecendo o projeto hidráulico.


Após montados deve-se fazer o teste de pressão, na ocasião são colocados plugues em todas
as roscas de saída e os registros são abertos. A caixa d’água deve ser mantida cheia. Assim a
instalação hidráulica fica carregada por 24h, após o tempo é feito uma inspeção procurando
pontos de vazamento. Encontrando vazamentos é feito o reforço no trecho e o teste é repetido
até que não seja encontrado nenhum vazamento. Não sendo encontrados vazamentos é
possível realizar o acabamento da alvenaria.

As instalações sanitárias também são executadas em três etapas na primeira é feita a


conexão com a rede de coleta de esgoto, na segunda a tubulação interna e na última a
tubulação externa. Para evitar retrabalho e desperdício de materiais é essencial que as
instalações sanitárias sejam planejadas junto com as fundações, vedações e pisos.

Para fazer a junção de tubos são utilizadas juntas elásticas, com anel de borracha.
Para realizar a ligação primeiro a ponta e a bolsa do tubo são limpas e o anel de borracha é
acomodado na extremidade da bolsa. Após é aplicada a pasta lubrificante no anel e na ponta
do tubo e as peças são encaixadas.

Muitas vezes é necessário enterrar os tubos de esgoto sanitário, nesses casos a


profundidade depende do fluxo que passará acima, sendo o mínimo 30cm. Sob passeio utiliza-
se 60cm e caso exista tráfego de veículo 80cm. A vala deve ter o fundo regularizado com
material granular, como areia. Após posicionar o tubo no centro da vala o solo deve ser lançado
manualmente nas laterais, até preencher toda a altura do piso final.

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6.3. Estudo dirigido

1. Quais os riscos instalações feitas se observar a boa técnica trazem?


2. Explique as etapas em que são executadas as instalações elétricas.
3. Quais são as instalações hidrossanitárias?
4. Explique as etapas das instalações de água fria.
5. Como é executado as instalações de coleta de esgoto?

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7. Vedações

As vedações devem oferecer isolamento térmico e acústico, resistência a umidade,


pressão do vento, impacto e ao peso próprio, ser capaz de controlar a migração de vapores de
água e regular a condensação. São estruturas utilizadas para dividir ambientes e que servem
de base ou substrato para revestimentos em geral. No Brasil costumeiramente as vedações
são constituídas por alvenarias. Sendo que é considerado como alvenaria as vedações feitas a
partir de pedras naturais, tijolos ou blocos de cerâmicos, ligados ou não por meio de
argamassa. No entanto técnicas de vedação industrializadas e com maior racionalização tem
ganhado cada vez mais espaço no cenário nacional, é o caso por exemplo das vedações em
dry-wall.

Antes de iniciar a execução de vedações é preciso que pilares, vigas e lajes já estejam
curadas, que a fundação já tenha sido impermeabilizada e que os materiais para execução já
estejam disponíveis na obra. Para diminuir o desperdício é indicado que as alvenarias sejam
moduladas em função do elemento utilizado, seja ele blocos ou tijolos, evitando assim quebras
e permitindo a utilização apenas de peças inteiras ou meia peças. Outro ponto que evita
desperdícios é o planejamento das instalações embutidas na parede.

Quanto a execução o processo inicia-se com a demarcação da alvenaria,


umedecimento da área locada com uma brocha e aplicação de uma camada de argamassa
para receber a primeira fiada. Em seguida são assentados dois tijolos, um em cada
extremidade do pano. Esticar a linha na aresta superior dos tijolos e completar a primeira
fiada. Para garantir a junta amarrada a segunda fiada inicia-se com meio tijolo em cada
extremidade. Antes de fazer o assentamento dos blocos das demais fiadas, sempre verifique
o nível e o prumo (Figura 38). E assim repete-se o processo sucessivamente, preenchendo o
centro das demais fiadas ao final. Por fim deverá ser executado o encunhamento, na junção
entre a última fiada e a estrutura.

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Figura 38 – Tolerância quanto ao desvio do prumo e do nível

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Quanto ao encunhamento ele pode ser executado de três formas distintas. A primeira
ocorre quando a alvenaria trava a estrutura, nesse caso o encunhamento é feito pelo
assentamento de tijolos cerâmicos a 45º. No sendo caso a alvenaria não trava a estrutura e a
estrutura é deformável, assim para absorver as deformações da estrutura o encunhamento
deve ser feito pelo preenchimento do respaldo com argamassa fraca ou material deformável
como é o caso da espuma de poliuretano. Por fim a última situação é quando a alvenaria não
trava a estrutura, mas, a estrutura não é deformável, nesse caso o encunhamento pode ser
feito com argamassa de assentamento.

Caso a alvenaria vá ficar em contato com peças de concreto armado, essas devem ser
lavadas, escovadas com escova de aço e receber uma camada de chapisco com três dias de
antecedência, para garantir a aderencia entre estrutura e alvenaria. Outro ponto é que é
preciso atentar-se a umedecer os tijolos antes do assentamento, facilitando assim a aderencia.
Pois, esse procedimento garante que não haverá pó no tijolo ou que o tijolo absorva água da
argamassa. Outro ponto é a conferência do prumo e nível nas diversas fiadas.

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Quanto junta de assentamento é preciso atentar-se para que a espessura fique em no


máximo 1,5cm, sendo o normal 1,0cm. Juntas menores que 8mm enfrentar problemas para
absorver as deformações e maior que 18mm irá gerar perda de resistência da alvenaria, além
de consumo excessivo de argamassa. A posição das juntas estabelece diferentes formas de
construir o pano de alvenaria, como demonstrado na Figura 39. Sendo a junta amarrada a que
oferece a menor unicidade do pano de alvenaria.

Figura 39 – Tipos de junta

Fonte: Marinoski (2011)

O assentamento dos tijolos ou blocos pode ocorrer a cutelo, meio tijolo, um tijolo,
um tijolo e meio, dois tijolos ou ainda parede oca, como ilustrado na Figura 40.

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Figura 40 – Forma de assentamento dos tijolos ou blocos a) cutelo, b) meio tijolo, c) um


tijolo, d) um tijolo e meio, e) parede oca

a d

f
C

Fonte: Marinoski (2011)

7.1. Alvenaria de vedação e estrutural

As alvenarias podem ter função apenas de vedação ou função estrutural. No primeiro


caso elas geram estanqueidade entre o ambiente interno e externo oferecendo conforto
térmico, acústico, proteção contra intempéries e suportando o peso próprio. No segundo caso,
além de todas as funções das vedações a alvenaria tem função estrutural, dispensando pilares
e vigas. Alvenarias estruturais ou autoportantes são tem suas condições estabelecidas na NBR
16.868 (2020) quanto ao projeto e execução.

Apesar de não ter função estrutural é importante ressaltar que as alvenarias de


vedação precisam ser capazes de resistir a alguns carregamentos, como os provenientes da
deformação da estrutura, pequenos recalques de fundação e da movimentação térmica e
higroscópica. Quando não são capazes de suportar esses esforços ou são dimensionadas fora
do especificado em norma surgem patologias como aberturas (trincas, fissuras...).

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Quanto a execução a principal diferença entre alvenaria estrutural e de vedação é que


na primeira além de todos os passos descritos no item 7 é preciso que as extremidades sejam
reforçadas com graute e aço o que resulta em pilaretes. Além disso, a última fiada na alvenaria
estrutural é feita com blocos canaleta, que recebem aço e graute, formando uma cinta de
amarração.

7.2. Aula prática de assentamento de alvenaria

Como resultado da aula prática deverá ser construído um relatório descritivo. O


relatório deve conter fotografias que registre a sua participação na aula e ser entregue em até
7 dias após a data da aula prática via portal. A estrutura minima do relatório é:

5. Introdução
6. Materiais, ferramentas e equipamentos
7. Processo executivo
8. Conclusões

Na introdução deverá haver uma explicação breve sobre aquela etapa construtiva.
Nos materiais, ferramentas e equipamentos devem ser citados todos utilizados na prática. No
processo executivo deve constar um passo a passo do que foi feito em aula. Por fim no item
quatro deverá haver as observações pessoais do aluno. Não se esqueça da capa com
identificação do aluno e curso.

7.3. Estudo dirigido

1. Qual a diferença entre alvenaria estrutural e de vedação?


2. Explique como deve ser executada a alvenaria.
3. Quais são as formas de realizar o encunhamento?
4. Quais os cuidados que devem ser tomados quanto a juntas? Por quê?
5. Em caso de alvenarias em contato com estruturas de concreto quais
medidas devem ser adotadas?

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8. Forros

Forro é um tipo de revestimento na face inferior da laje ou telhado, que melhora a


estética e o conforto térmico e acústico do ambiente. Pois, o uso de forro permite esconder
instalações hidráulicas e elétricas, embutindo a iluminação, que pode ser direta ou difusa e de
dependendo do tipo de material do forro é possível melhorar o desempenho térmico e
acústico. Quanto ao desempenho do forro, estipula-se que o uso do forro reduz em até 95% a
entrada de calor pelo telhado devido ao colchão de ar formado. Esse mesmo colchão nos
invernos será capaz de reter o calor gerado na edificação. Assim, o forro possui função de
proteger a vedação e a estrutura e proporciona acabamento.

Na escolha do tipo de forro alguns critérios precisam ser considerados como


acessibilidade, estética, acústica, resistência a fogo, facilidade de manutenção e durabilidade.
Como o forro permite esconder as instalações é possível ter forros que acessibilidade, as
instalações, é mais simples ou mais complicada. Quanto a acústica há materiais que
apresentam melhor isolamento acústico que outros. Assim como quanto a resistência a fogo
há materiais que inclusive propagam o fogo. A manutenção precisa ser avaliada quanto a
possibilidade de substituir parcialmente e executar limpeza de forma simples. Por fim, a
durabilidade é avaliada quanto a estabilidade dimensional, a resistência a água e outros.

Diferentes materiais podem ser empregados para a construção de forros. Destaca-se


entre eles a madeira, fibras sintéticas e naturais, gesso, PVC, metal e estuque.

Ao optar por forros de PVC pode-se citar como vantagens a grande versatilidade,
capacidade de reproduzir cor e textura e de outros acabamentos, facilidade de execução e
resistência a cupins, fungos e corrosão. Além disso, dispensa pintura e possui fácil
manutenção. No entanto, é preciso atenção ao espaçamento dos vãos para evitar que o
material deforme. Outra causa de deformação é a exposição a temperaturas superiores a 45ºC,
essa questão pode ser contornada com o uso de um isolante térmico entre o forro e o telhado,
por exemplo a lã de vidro ou isopor. O material apesar de resistente a água e umidade tem
baixa resistência ao fogo. É um tipo de forro leve, barato e com limpeza e manutenção simples.
Se feito em réguas apesar de complicada é possível a desmontagem, já em placas a
desmontagem é bastante simples.

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Forros de madeira possuem acabamento nobre, sofisticado e versátil o que agrega


um alto padrão estético de acabamento. As laminas do forro de madeira podem ser de pinho,
pinus, ipê, jatobá e outras. É um material que proporciona baixa absorção acústica, mas, possui
baixa resistência ao fogo e a água. Logo a umidade pode afetar a durabilidade do material, por
isso o uso em ambientes úmidos demanda uma boa ventilação. Pode-se utilizar réguas de
madeira maciça ou reconstituída. É preciso cuidado ao selecionar a espécie para que essa seja
resistente a cupins e para que a manutenção do acabamento, com verniz ou tinta, seja feita a
cada dois anos. É possível o uso de lambris de madeira maciça ou compensada, utilizando
encaixe do tipo macho-e-fêmea ou saia-e-blusa (Figura 41). A instalação demanda uma
estrutura de suporte que se conecta a laje ou estrutura do telhado. Esse tipo de forro pode ser
desmontado, apesar de ser uma remoção difícil.

Figura 41 – Encaixe forro de madeira

O forro de gesso pode ser executado em placas é um material resistência ao fogo, que
consegue proteger as instalações em caso de incêndio. Do ponto de vista arquitetônico é
possível grande variedade de detalhamentos como sancas e molduras. As placas podem ter
diversos acabamentos como liso, perfurado, ranhurado ou bisotado. Mas, trata-se de um
produto sensível a água e que a remoção para manutenção em instalações é destrutiva. Além
disso, é trata-se de um processo de instalação artesanal com grande desperdício. No entanto,
se comparado a outras técnicas possui baixo custo. A execução ocorre por sistema macho e
fêmea e fixação por arames ou pinos na laje.

Outra opção de forro de gesso é o uso de gesso acartonado com placas de 1,20 por
2,40 a 3,60m. O material também tem remoção difícil, apesar de permitir desmontagem. É um
processo mais industrializado do que o gesso em placas e utiliza estrutura metálica e tirantes
especiais como sustentação

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Forros metálicos possuem uma grande variedade, podendo ser constituídos de


réguas, bandejas, grelhas ou colmeias. Possuem fácil remoção, boa absorção acústica, são
resistentes a umidade e ao fogo, apesar de não proteger as instalações em caso de incêndio
pois conduzem calor, possuindo baixo isolamento térmico.

8.1. Tipos de forros

Os forros podem ser classificados em aderentes e suspensos ou fixados por


dispositivos (Figura 42). No segundo caso a estrutura pode ser aparente ou embutida.

Figura 42 – Tipos de forro

Os forros aderentes são executados em conjunto com os revestimentos


argamassados em alvenarias e podem ser feitos em argamassa ou gesso em pasta. Nesse tipo
de forro não é possível ocultar as instalações.

Forros suspensos permitem ocultar as instalações e podem ser classificados quanto a


acessibilidade às instalações. São considerados os totalmente acessíveis os que são removíveis
e os parcialmente acessíveis os que são desmontáveis ou que permitem a destruição parcial
para acesso. Além disso, os forros suspensos podem ser classificados quanto a direção das
placas em unidirecional e bidirecional.

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8.2. Execução de forros

Antes da execução do forro é preciso que as instalações elétricas e hidráulicas, assim


como as redes aparentes no teto estejam concluídas. O primeiro passo é fazer a marcação do
pé direito, que é definido pelo projeto, sendo medido a partir do piso acabado. O nível é
marcado com uma linha com auxílio da mangueira de nível.

No caso de forros aderentes é feito a remoção de sujidades como por exemplo pó,
fuligem, graxas, óleos, desmoldantes, fungos e eflorescência. Em seguida são removidas as
irregularidades maiores que 10mm, como as causadas por rebarbas da concretagem, pregos,
fios e restos de formas. Assim como é feito o preenchimento de bicheiras, rasgos ou
depressões. Por fim é feito o taliscamento com mangueira de nível e linhas. Se for aplicado
gesso corrido, a argamassa deve ser preparada segundo instruções do fabricante e a aplicação
inicia-se 15 minutos após a mistura e deve ocorrer em até 25 minutos. Se em argamassa é o
mesmo procedimento aplicado em alvenarias, a ser discutido no item 10. Forros de argamassa
possuem baixa praticidade, alto custo e peso e podem manifestar patologias como
desplacamento.

Quanto é feita a execução de forro de gesso em placas o próximo passo é a marcação


na laje dos furos que receberão bucha e gancho para sustentar o forro. Em seguida as placas
são furadas, sendo com auxílio de arame galvanizadas fixadas nas buchas instaladas na laje.
Por fim é feito acabamento com pó de gesso, fibra de sisal e água, pasta que é alisada com
desempenadeira de aço eliminando as emendas.

8.3. Estudo dirigido

1. Quais as funções dos forros?


2. Cite as vantagens do forro de PVC.
3. Quais são os pontos negativos do forro de gesso?
4. Diferencie forros aderentes de forros suspensos.
5. Explique quais os cuidados antes da execução dos forros.

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9. Cobertura

Um sistema de cobertura é projetado para proteger o edifício contra intempéries e


deve gerar impermeabilidade e isolamento térmico e acústico e possuir alta durabilidade, não
se alterando a longo prazo. Além disso, é desejável que seja um sistema leve. Por fim o sistema
de cobertura também tem um valor estético, impactando no conjunto da obra. Por isso,
seleção de materiais leva em conta aspectos como o clima e o estilo construtivo.

O sistema de cobertura é composto por estrutura, telhamento e sistema de drenagem


pluvial. Assim a estrutura é a parte que suporta as cargas vindo do telhamento em si e do
sistema de drenagem. Para a cobertura diferentes tipos de telhas podem ser utilizados. Por
fim, o sistema de drenagem pluvial deve ser dimensionado para escoar de forma rápida e
eficiente a água proveniente da chuva.

Quando se opta por cobertura com telhas é necessário que exista uma inclinação,
especificada pelo fabricante da telha. Esse é um tipo de cobertura muito bom para climas
tropicais, uma vez que permite o rápido escoamento da água da chuva e desde que exista
adequada justaposição das telhas e inclinação a estanqueidade é garantida. Além disso, como
as telhas são soltas as movimentações térmicas são permitidas. Mas, para garantir conforto
térmico e mesmo visual é necessário a instalação de forros.

Além do sistema tradicional que conta com telhas é possível a cobertura apenas com
laje. Ao optar por coberturas apenas com laje é possível que a inclinação seja minima, desde
que seja feito uma impermeabilização. É um tipo de cobertura muito útil em climas secos e
quentes. O forro é muitas vezes dispensado devido ao acabamento desse tipo de cobertura. A
cobertura com laje pode ser executada como cobertura plana, em cascas e outros formatos. E
é aplicável principalmente em terraços.

É preciso mencionar também as coberturas em cascas de concreto, membranas


plásticas sobre estruturas metálicas ou por sistema infláveis, as malhas metálicas com vedação
em elementos poliméricos ou de vidro e os telhados verdes, que são construídos em diversas
camadas (Figura 43).

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Figura 43 – Camadas do telhado verde

Fonte: Silva e Kashiwa (2018)

9.1. Estrutura de madeira

Quanto a estrutura o mais comum é o uso de estrutura de madeira. No entanto


também são possíveis estruturas em arco e estruturas metálicas. Tesouras de madeira são a
estrutura mais comumente adotada para estruturas de cobertura. Elas são normalmente
espaçadas a cada 3m. Os tipos mais comuns são ilustrados na Figura 44.

Figura 44 – Tipos de tesoura

Fonte: Azeredo (1977)

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A tesoura é um tipo de estrutura que recebe os esforços nos nós e os transmite como
esforço de tração na linha, tirante e pendural, como compressão na empena e escora e como
flexão na cumeeira e frechal. As peças que compõe a tesoura podem ser identificadas na Figura
45. Tesouras são capazes de vencer vãos de até 3 metros sem escoras e até 8 metros sem
tirantes. Normalmente elas são instaladas a cada 3 metros.

Figura 45 – Peças que compõe a tesoura

Fonte: Milito (2009)

Sobre as terças são instalados os caibros e sobre esses as ripas. Lembrando que as
terças devem sempre apoiar em nós da tesoura. A distância entre a ripas é estabelecida pela
galga, que é a distância que a telha é capaz de vencer. Já os caibros ficam distantes
normalmente no máximo 50cm.

Diante da limitação de tamanho das peças de madeira é frequente a necessidade de


emendas para se alcançar o tamanho desejado. Sendo que a emenda deverá ser feita de
acordo com o tipo de esforço ao qual a peça estará sujeita. A Figura 46 traz opções de emendas
para esforços de compressão, tração e flexão.

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Figura 46 – Tipos de emenda

Fonte: Azeredo (1977)

9.2. Telhamento

O telhamento é uma estrutura que garantirá a proteção da edificação contra


intempéries, assim possuindo propriedades isolantes. Assim é necessário que ela seja
impermeável, durável, leve, de fácil instalação, baixo custo, com manutenção simples e que
seja capaz de suportar as dilatações e contrações.

Os panos de água ou água são as superfícies inclinadas que formam o telhamento e


permitem o rápido escoamento das águas. A cumeeira é o ponto alto de encontro entre duas
águas. Já o espigão é um divisor de águas inclinado. Por fim o rincão é o encontro entre duas
águas mais baixo (Figura 47).

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Figura 47 – Sistema de cobertura

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

A inclinação do telhamento é estabelecida com base no tipo de telha utilizada, uma


vez que é necessário uma inclinação mínima para garantir o escoamento eficiente da água
pluvial e que há uma inclinação máxima até a qual o escorregamento da telha no
madeiramento não irá acontecer.

Quanto a execução as telhas são colocadas sempre por fiadas que se inicial no beiral
e prosseguem em direção a cumeeira. O processo é feito da direta para a esquerda. Ao final é
instalada a cumeeira, no sentido contrário ao do vento predominante.

9.3. Sistema de drenagem em telhados

Para condução das águas pluviais em coberturas podem ser aplicados o sistema
convencional, com calhas, coletores e outros, o telhado verde e sistema de aproveitamento.
Aqui será discutido o sistema convencional.

O sistema de drenagem pluvial em telhados é composto de calhas, beirais, platibanda,


condutores, rincões, rufos, curvas e funis. A Figura 48 mostra o sistema quando há uma
platibanda

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Figura 48 – Sistema de drenagem pluvial platibanda

Fonte: Azeredo (1977)

O sistema de drenagem de telhados é executado depois da colocação das telhas,


sempre com caimento mínimo de 0,5%. No beiral as telhas devem avançar no mínimo 8cm
sobre a calha, tal medida é importante para evitar infiltração por retorno da água. A água
coletada nas calhas é direcionada para os coletores que são prumadas únicas e aparentes.

9.4. Estudo dirigido

1. Compare o sistema de cobertura com telhamento e o em laje plana.


2. Explique como é constituída a trama e sobre o que ela se apoia.
3. Quais são os componentes da tesoura?
4. Como deve ser feito a execução do telhamento?
5. Qual a importância do sistema de drenagem pluvial em coberturas?

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10. Esquadrias

Os fechamentos realizados por portas, janelas e similares são classificados como


esquadrias. Esses elementos são capazes gerar estanqueidade, melhorar o conforto acústico e
de controlar temperatura, iluminação e ventilação natural. Quando contam com vidros, esses
são fixados por caixilhos. Por isso, é importante que esses elementos possuam alta
durabilidade e manutenção simples.

Como para instalação das esquadrias é necessário um vão nas vedações é preciso
atentar-se para a construção de vergas e contra vergas que visam garantir a seguridade
estrutural da alvenaria. A ausência dessas estruturas leva ao surgimento de aberturas a 45º no
canto das esquadrias. A verga é a estrutura que fica acima da esquadria e a contra verga,
quando aplicável é instalada sob a esquadria. As duas estruturas devem possuir altura minima
de 20cm, largura igual a parede e quanto ao comprimento ele deve ser igual ao comprimento
do vão da esquadria acrescido de no mínimo 30 cm de cada além do vão da esquadria ou
obedecer a regra descrita na Figura 49, o que for maior entre os dois valores.

Figura 49 – Dimensões mínimas vergas e contra vergas

Fonte: Autora (2023)

A escolha do tipo de esquadria precisa levar em conta o estilo da edificação além de


aspectos técnicos como a funcionalidade, segurança e qualidade dos materiais. Diferentes
materiais podem ser empregados para esquadrias, sendo que cada um deles apresenta

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caracteristicas especificas como investimento, manutenção, vida útil e acabamento. Entre os


materiais destaca-se a madeira, metais e polímeros.

Esquadrias metálicas normalmente são construídas com alumínio ou aço. O aço é o


material que resulta em esquadrias mais baratas, mas elas demandam manutenção periódica
com pintura, devido a facilidade de corrosão. É recomendado duas demãos de esmaltes
sintético a cada doze meses. E o uso em regiões litorâneas é desincentivado. Como
desvantagem esse tipo de esquadria tem a aparência de produto popular. Já o alumínio é
bastante resistente as intempéries e proporciona uma grande variedade de acabamento. As
peças já vêm de fábrica pintadas/anodizadas o que dispensará acabamentos após a instalação
e tornará a manutenção bastante simples. Quanto ao custo, normalmente as esquadrias de
alumínio são expressivamente mais caras que as de aço. Além disso, esquadrias de alumínio
possuem uma limpeza simples, utilizando apenas água e sabão.

O uso de esquadrias de madeira enobrece o imóvel, tornando o ambiente


aconchegando e com um ar rústico. É possível o uso de diferentes acabamentos, graças a
variabilidade natural das madeiras e a possibilidade de se utilizar pintura sobre a madeira. Em
esquadrias de madeira é preciso muita atenção a manutenção periódica pois o material é
suscetível ao ataque de cupins e deteriora-se rapidamente na presença de umidade. Assim,
periodicamente deve ser aplicado pintura ou verniz sobre a peça.

As esquadrias poliméricas, como as de PVC são um produto relativamente novo no


mercado que se destaca pela grande durabilidade e manutenção simples. Além disso, a
variedade de acabamento, imitando outros materiais, é bastante intensa, tornando o produto
versátil.

10.1. Tipos de esquadrias

Diferentes formas podem ser usadas para classificar as esquadrias. Pode-se dividi-las
em: portas, janelas, persianas, telas, grades, cobogós, portões, brises etc. Assim como pode-
se classificá-las de acordo com o mecanismo de abertura. Nesse caso há esquadrias fixas, onde
ou há ventilação permanente, como é caso dos cobogós ou há apenas iluminação, como o caso
de vidros fixos. Há esquadrias que fazem movimento de rotação como é o caso das aberturas

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pivotantes, giratórias e de abrir. Há também as que fazem movimento de translação, seja


horizontal, como as de correr ou vertical com as janelas guilhotina. Por fim, muitas esquadrias
têm movimentos combinados. A seguir são apresentados os principais tipos de abertura e
indicados as vantagens e desvantagens de cada um.

As esquadrias de abrir (Figura 50) possuem uma ou duas folhas, que podem abrir
tanto para dentro como para fora. Quando abrem para dentro é preciso prever o espaço
destinado ao movimento de abertura e quando abrem para fora, especialmente janelas, é
preciso tomar cuidado ao abrir para não atingir pessoas na área externa. Esse tipo de abertura
é o mais comum de se observar em portas. São esquadrias com boa estanqueidade ao ar e a
água, no entanto não há controle de graduação, assim em chuvas é preciso fechar
completamente o vão. A serem abertas o vão é completamente liberado. A limpeza e
manutenção é relativamente simples.

Figura 50 – Porta e janela de abrir

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Já nas esquadrias de correr (Figura 51) o movimento é horizontal. Nesse tipo de


esquadria pode haver partes fixas e móveis. Sendo comum nesse tipo que apenas 50% do vão
seja útil para ventilação natural. No entanto, não ocupa áreas internas ou externas para o
movimento de abertura. É preciso atenção com a fresta formada entre a parte móvel e fixa,
havendo o risco da chuva infiltrar pelo vão. A manobra é bastante simples e a ventilação pode
ser regulada por abertura parcial, mas em chuvas precisa ser totalmente fechada. A limpeza e
manutenção externa em prédios é um pouco difícil.

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Figura 51 – Portas e janela de correr

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Janelas podem ter o movimento do tipo guilhotina (Figura 52), o movimento é o


mesmo das esquadrias de correr, no entanto é no sentido vertical. Há, portanto, os mesmos
problemas que nas esquadrias de correr, com a adição do risco da parte móvel se soltar
causando acidentes, especialmente com crianças. Além disso, o sentido do movimento torna
a manobra bastante difícil.

Figura 52 – Janela guilhotina

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Janelas projetantes não ocupam espaço interno e conferem boa estanqueidade. Mas
a limpeza e manutenção externa em edifícios é complicada. Devido à grande área projetada

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externamente a instalação de grades é dificultada. Além disso, possuem ventilação e


desempenho estrutural deficiente, inclusive em ventanias podem se soltar e serem carregadas
pelo vento. As janelas máximo ar (Figura 53) são um aprimoramento das janelas projetantes,
possuindo melhor ventilação e desempenho estrutural.

Figura 53 – Janela máximo ar

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Aberturas do tipo pivotante (Figura 54) impedem o uso de cortinas e a dificultam a


instalação de grades de proteção, uma vez que possuem projeção significativa interna e
externa. Diante de chuvas é necessário fechar totalmente a abertura e ainda sim esse tipo de
esquadria possui estanqueidade deficiente.

Figura 54 – Janela Pivotante

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Janelas do tipo basculante (Figura 55) possuem boa ventilação, com a graduação
podendo ser controlada pela posição da folha. Esse controle permite inclusive que mesmo
durante chuva a janela fique parcialmente aberta, sem que a água entre no ambiente. Como

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abrem para fora e possuem pequena projeção, elas não ocupam espaço interno e causam
pouco impacto externo. A limpeza é fácil devido as dimensões das folhas. São esquadrias
bastante seguras, com grande dificuldade para intrusão de pessoas. No entanto, não é possível
liberar totalmente o vão.

Figura 55 – Janela Basculante

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Por fim, é possível que o movimento se dê também em forma de sanfona, como é o


caso das portas camarão (Figura 56). Nesse tipo de esquadria há o aproveitamento de 100%
do vão e o espaço de abertura é reduzido devido ao empilhamento das folhas. Para o
funcionamento são necessários trilhos. O mecanismo de abertura faz com que
frequentemente as partes emperrem.

Figura 56 – Porta camarão

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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A Figura 57 relaciona diversos tipos de esquadrias que podem ser usadas em janelas,
apresentando vantagens e desvantagens. Conhecer as caracteristicas de cada tipo de
esquadria permite a seleção de uma esquadria que melhor se adeque as condições locais.

Figura 57 – Caracteristicas de esquadrias para janelas

Tipos Vantagens Desvantagens


Correr 1) Simplicidade de manobra. 1) Vão para ventilação quando aberta
2) Ventilação regulada conforme totalmente é 50% do vão da janela.
abertura das folhas. 2) Dificuldade de limpeza na face
3) Não ocupa áreas internas ou externa.
externas (possibilidade de grades e 3) Vedações necessárias nas juntas
ou telas no vão total). abertas.
Guilhotina 1) As mesmas vantagens da janela 1) Caso as janelas tenham sistemas
tipo de correr caso as folhas tenham de contrapeso ou de balanceamento,
sistema de contrapeso ou sejam a quebra dos cabos ou a regulagem
balanceadas, caso contrário as folhas do balanceamento constitui
devem ser retentores no percurso problemas.
das guias nos montantes do marco 2) As desvantagens já citadas das
janelas de correr.
Projetante 1) Não ocupa espaço interno 1 ) Dificuldade de limpeza na face
2) Possibilita ventilação nas áreas externa.
inferiores do ambiente, mesmo com 2) Não permite o uso de grades e/ou
chuva sem vento. telas na parte externa.
3) Boa estanqueidade, pois a pressão 3) Libera parcialmente o vão
do vento sobre a folha ajuda esta
condição.
Abrir 1) Boa estanqueidade ao ar e à água. 1) Ocupa espaço caso as folhas
2) Libera completamente o vão na abram para dentro.
abertura máxima. 2) Não é possível regular a ventilação
3) Fácil limpeza na face externa. 3) As folhas se fixam apenas na
4) Permite telas e/ou grades e/ou posição de máxima abertura ou no
persianas quando as folhas abrem fechamento total.
para dentro. 4) Dificultam a colocação de tela
e/ou grade e/ou persianas se as
folhas abrirem para fora .
5) Impossibilidade de abertura para
ventilação com chuva oblíqua.
Pivotante 1) Facilidade de limpeza na face 1) Dificuldade de utilização de telas
externa. e/ou grades e/ou persianas.
2) Abertura de grandes dimensões 2) Ocupa espaço interno caso o eixo
com um único vidro. seja no centro da folha.
3) Abertura em qualquer ângulo
quando utiliza pivôs com ajuste de

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freio, o que permite o controle da


ventilação.
4) Possibilita a movimentação de ar
em todo o ambiente.

Basculante 1) Janela que permite ventilação 1) Não libera o vão para passagem
constante, mesmo com chuva sem total.
vento, na totalidade do vão, caso 2) Reduzida estanqueidade.
tenha panos fixos.
2) Pequena projeção para ambos os
lados não prejudicando as áreas
próximas a ela.
3) Fácil limpeza.

Fonte: Milito (2009)

10.2. Instalação e fixação

Esquadrias podem ser instaladas por chumbamento, com e sem contramarco, por
aparafusamento e por colagem, utilizando espuma de poliuretano ou silicone por exemplo.
Em todos os casos, ao instalar as esquadrias é preciso cuidado e atenção em diversos pontos,
entre eles destaca-se a cota que estabelecerá o vão livre, o peitoril e soleira e o prumo e nível.
Quanto ao vão livre é preciso considerar o piso acabado para estabelecer as alturas e
considerar a instalação das vergas e contra vergas. Quanto ao peitoril e soleira eles dão
acabamento e protegem da entrada de água, sendo importante especial atenção dos peitoris
nas janelas. A Figura 58 mostra os detalhes para garantir que a água não infiltre na esquadria.
Por fim, para o funcionamento pleno das esquadrias elas precisam estar niveladas e
aprumadas, sob o risco de impedir a abertura peça. Deve-se também por questões estéticas
alinhar as aberturas com o acabamento da alvenaria na qual a esquadria está instalada.

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Figura 58 – Proteção contra água nas esquadrias

Fonte: Adaptado de Bastos (2019)

Para esquadrias metálicas é possível a fixação por parafusos e buchas ou por


chumbadores. Já para esquadrias poliméricas como as de PVC a fixação geralmente é por
parafusos. Por fim esquadrias de madeira podem ser fixadas por tarugos ou com espuma de
poliuretano.

Caso opte por fixação por parafusos é preciso deixar uma folga no vão que receberá
a esquadria de 1cm. A esquadria, com as folhas fechadas, deve encaixar no vão sem a
necessidade de força. Com a peça no vão é acertado o prumo e nível com auxílio de cunhas e
calços nas extremidades. Estando a esquadria corretamente posicionada pode-se marcar e
executar os furos conforme instruções do fabricante. Os furos devem receber buchas e os
parafusos devem ser apertados deixando folgas uniformes entre esquadria e vão.

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Quando a instalação é por chumbadores o vão deve ter folga de 2cm e a abertura
deve estar no esquadro, aprumada e nivelada. São realizadas quebras na alvenaria para
acomodar os chumbadores (Figura 59). A base da esquadria deve ser preenchida com
argamassa em torno de 2h antes da instalação. E antes de colocar a esquadria já com a
argamassa no vão os chumbadores devem ser abertos. No vão, assim como em esquadrias
fixadas por parafusos deve-se garantir o nível e prumo da esquadria. Com a esquadria
corretamente nivelada e posicionada os vãos que receberam os chumbadores são preenchidos
com argamassa. Por fim, após três que a esquadria foi afixada é possível fazer os arremates e
acabamentos preenchendo o entorno da janela com argamassa e executar o reboco da
alvenaria.

Figura 59 – Vãos na alvenaria para receber os chumbadores

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

A instalação por tarugos demanda que o vão seja preparado com uma folga de 2cm e
que durante a execução da alvenaria sejam chumbados os tarugos. Os tarugos devem estar a
uma distância minima de 20cm da extremidade e máxima de 90cm entre tarugos. Recomenda-
se assim 2 a 3 tacos (Figura 60). Após 4 dias do chumbamento dos tarugos é possível fazer a
instalação da esquadria, procedendo a colocação da esquadria com as travas no vão e
conferindo o prumo, nível e esquadro. Cunhas e calços devem ser utilizados para garantir a
posição correta da esquadria. Os batentes devem ser furados e com parafusos afixados nos
tarugos. Por fim, as folgas entre esquadria e vão são preenchidas com argamassa. Após três
dias as travas da esquadria podem ser retiradas e as folhas podem ser instaladas e as
guarnições fixadas com pregos diretamente no marco.

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Figura 60 – Distribuição dos tarugos

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Esquadrias prontas, comercializadas como conjuntos fechados ou montados, muitas


vezes podem ser afixadas com espuma de poliuretano. Nesse caso o vão deve ser preparado
com folga de 1cm, os furos dos tijolos ou bloco presente no vão devem ser totalmente
preenchidos e as faces do vão devem ser chapiscadas e requadradas com emboço. No vão
completamente preparado a esquadria é colocada alinhada, nivelada e aprumada, com auxílio
de cunhas. O vão entre esquadria é vedado com espuma de poliuretano, conforme orientações
do fabricante, eventuais falhas devem ser corrigidas manualmente. Após a espuma secar as
cunhas são removidas e a espuma em excesso é retirada com um estilete.

10.3. Colocação de vidros

Alguns modelos de esquadrias já vêm com os vidros colocados, evitando a etapa de


colocação in loco dos vidros. Caso seja necessária a colocação dos vidros demanda muita
atenção na aferição das dimensões das áreas a serem envidraçadas.

10.4. Estudo dirigido

1. O que determina a escolha de determinado tipo de esquadria em


detrimento de outros?
2. Liste as vantagens e desvantagens de cada tipo de material usado em
esquadrias.

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3. Escolha dois tipos de abertura em esquadrias e aponte as características.


4. Quais os cuidados quanto a proteção contra água em esquadrias?
5. Explique o processo executivo para esquadrias fixadas por
chumbamento.

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11. Revestimento

Revestimento são camadas aplicadas em superfícies com objetivo de dar


acabamento. Eles conseguem melhorar conforto térmico e acústico dos ambientes e aumenta
a durabilidade das estruturas que reveste. Aqui serão tratados revestimentos em pisos e em
paredes.

11.1. Revestimentos argamassados em pavimentos

Na construção civil piso é entendido como a última camada do pavimento. Sendo o


sistema composto por base, contrapiso e piso. A base é quem dá sustentação para o sistema
e pode ser por exemplo a laje de concreto ou um lastro de concreto magro sobre o solo
nivelado e compactado. Para melhor a proteção contra a umidade ascensional é feito antes do
concreto magro uma camada de areia e uma de brita. O contrapiso é uma camada com
finalidade de regularizar, proporcionar as declividades necessárias para ralos, embutir
instalações, melhorar o conforto acústico e criar uma interface entre base e piso acabado. A
Figura 61 mostra as camadas do pavimento e a previsão do nível do piso acabado.

Figura 61 – Camadas do pavimento

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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O piso é a camada de revestimento que oferece acabamento, torna as superfícies


seguras e duráveis frente a utilização. O piso pode ser feito em muitos materiais, cerâmicas,
cimento queimado, laminados, tacos de madeira e assoalhos, por exemplo. O piso cerâmico
será tratado adiante no item 11.4.

A declividade do contrapiso é especialmente importante em ambientes molhados


para garantir o rápido escoamento da água e evitar problemas com a água. A ausência ou
inadequação de caimento é a patologia mais comum em obras de pequeno porte. A Figura 62
indica os caimentos recomendados para cada ambiente.

Figura 62 – Caimento do contrapiso

Ambiente Caimento recomendado


Quartos e salas Máximo de 0,5%
Áreas molhadas De 0,5% a 1,5% em direção ao ralo ou porta
externas de saída
Lajes de cobertura De 1% a 2%
Boxe de banho De 1,5% a 2,5% em direção ao ralo.
Piso externo Máximo de 1,0%

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

Quanto a execução da base a primeira providência é a limpeza da superfície do


terreno utilizando uma vassoura para eliminar a camada superficial de solo solto. Após o solo
deve ser compactado com auxílio de um soquete de madeira, diminuindo assim os vazios do
solo. Sobre o solo compacto são espalhadas uma camada de areia e uma de brita, cada uma
com 10cm que são compactadas individualmente. Essas camadas ajudarão a evitar a umidade
ascendente. Por fim é executado o lastro de concreto com no mínimo 5cm.

Com a base preparada e limpa é executado o contrapiso. Para tal o primeiro passo é
marcar a cota de nível, considerando o acabamento que virá sobre o contrapiso. Assim é
estabelecida uma linha de referência e por meio de mestras e taliscas é feito o nivelamento. A
Figura 63 mostra a distância entre as taliscas e entre a parede, lembrando que serão criados
cordões, mestras, unindo as taliscas e facilitando a execução do contrapiso. Para garantir a
aderencia entre a base e contrapiso a base deve ser umedecida e sobre ela deve ser polvilhado
cimento, criando uma nata de cimento. A argamassa deve ser espalhada e socada, sendo a

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superfície entre as mestras regularizada com uma régua de alumínio. Por fim, o piso é
desempenado e é feita a cura

Figura 63 – Espaçamento taliscas

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

11.2. Revestimentos argamassados em paredes

A resistência a choques mecânicos, ao desgaste natural, à estanqueidade a água e o


isolamento térmico de alvenarias é em muito melhorado com a aplicação de revestimentos.
Normalmente em alvenarias o sistema de revestimento é composto por revestimento de
argamassa e acabamento, que pode ser pintura ou revestimento cerâmico. Além de, das
questões de durabilidade é preciso lembrar que os revestimentos afetam a estética e a
percepção das dimensões nos espaços.

O revestimento argamassado é essencial para regularizar a superfície da alvenaria. O


procedimento envolve a criação de uma camada de aderência, o chapisco, uma camada de
regularização o emboço e uma camada de acabamento o reboco. Sendo comum em algumas
regiões do país que seja executada uma única camada com finalidade de regularização e
acabamento, chamada de argamassa de revestimento. A espessura do revestimento é fixada
na NBR 13749 (2013). Sendo entre 5 e 20mm para paredes internas, 20 e 30mm para paredes
externas e no máximo 20mm para tetos sejam internos ou externos.

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Antes de iniciar a execução do revestimento argamassado a alvenaria deve ser


preparada, sendo removidos excesso de argamassa e cortados as barras de tirantes de formas
ou pregos se houverem. Para garantir a limpeza da superfície deve-se escovar a alvenaria com
uma escova de fios de aço ou uma vassoura de piaçaba e por fim lavar a superfície com água.
Caos existam vazios esses devem ser preenchidos com argamassa. Com a superfície preparada
deve-se com uma colher de pedreiro lançar o chapisco na alvenaria, produzindo uma
superfície rugosa.

A alvenaria chapiscada deve ser inspecionada a fim de compreender se ela está plana
e no prumo. Para isso é utilizado o esquadro, régua de alumínio com nível de bolha e o prumo.
As taliscas devem ser afixadas dois dias antes das mestras, levando em conta as observações
quanto ao prumo e planeza. O espaçamento entre taliscas deve ser entre 1,5m a 1,8m, de
acordo com o tamanho da régua de alumínio disponível, sendo que em quinas e vão as taliscas
devem estar entre 10 a 15cm destes. Para construção das mestras é utilizado argamassa de
revestimento, unindo verticalmente as taliscas e sarrafeando a faixa em movimento de vaivém.
Com a mestra pronta, deve-se remover as taliscas. Para receber a argamassa de revestimento
a alvenaria deve ser umedecida com auxílio de uma brocha ou trincha e nos trechos
delimitados pelas mestras deve ser lançada a argamassa, que é então sarrafeada. Por fim o
acabamento é dado com uma desempenadeira em movimentos circulares. O tipo de
acabamento depende da ferramenta utilizada, a Figura 64 mostra algumas opções.

A última etapa é o requadro dos vãos que é feito com réguas de alumínio e sargentos.
Estando por fim após 28 dias a argamassa apta a receber pintura, se for o caso.

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Figura 64 – Acabamentos na argamassa de revestimento

Fonte: Associação Brasileira de Cimento Portland (2013)

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11.3. Aula prática de chapisco, emboço e reboco

Como resultado da aula prática deverá ser construído um relatório descritivo. O


relatório deve conter fotografias que registre a sua participação na aula e ser entregue em até
7 dias após a data da aula prática via portal. A estrutura minima do relatório é:

1. Introdução
2. Materiais, ferramentas e equipamentos
3. Processo executivo
4. Conclusões

Na introdução deverá haver uma explicação breve sobre aquela etapa construtiva.
Nos materiais, ferramentas e equipamentos devem ser citados todos utilizados na prática. No
processo executivo deve constar um passo a passo do que foi feito em aula. Por fim no item
quatro deverá haver as observações pessoais do aluno. Não se esqueça da capa com
identificação do aluno e curso.

11.4. Execução de revestimento cerâmico de piso e parede

Revestimentos cerâmicos são duráveis, possuem limpeza fácil e grande variabilidade


de acabamento. As peças podem ser instaladas em diferentes composições (Figura 65), essas
assim como a posição dos recortes é estabelecida na paginação do ambiente. As peças devem
receber rejunte, sendo a espessura do rejunte é determinada pelo fabricante e depende de
qualidades especificas das peças cerâmicas.

Quando executado como piso esse revestimento é feito sobre o contrapiso utilizando
argamassa colante. Quando feito sobre alvenarias é preciso que a argamassa de revestimento
já esteja pronta, sendo usual a aplicação em emboço. Deve-se atentar para a página ou
programar ela antes da execução. O processo executivo inicia-se com aplicação de uma fina
camada de argamassa colante, espalhada com o lado liso da desempenadeira, após com o lado
dentado são formados cordões. As peças devem ser aplicadas fazendo-as deslizar um pouco
sobre os cordões de argamassa. O assentamento inicia-se de baixo para cima, de fiada em
fiada. Para garantir a espessura correta do rejunte são utilizados espaçadores plásticos, a

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dimensão da junta a ser preenchida com rejunte é determinada de acordo com as


caracteristicas da peça cerâmica, de forma geral, quanto maior a peça maior o espaçamento
necessário. Após posicionada deve-se bater com martelo de borracha sobre a peça para
esmagar os cordões e garantir a aderência. Depois de 72h de executado o revestimento
cerâmico os espaçadores podem ser removidos e o rejunte é aplicado sobre a superfície
umedecida, sendo o excesso de rejunte removido logo após a aplicação. Estando o rejunte
curado a vinte minutos, uma esponja umedecida pode ser utilizada para limpar qualquer
resíduo de rejunte, deixando as juntas lisas e no mesmo nível das bordas da cerâmica.

Figura 65 – Composições para assentamento de revestimentos cerâmicos. a) em diagonal, b)


à prumo e c) em amarração

Fonte: Milito (2009)

As peças cerâmicas podem ser classificadas quanto a absorção de água e a abrasão.


Quanto menor a absorção de água e maior a resistência a abrasão melhor é a qualidade da
peça cerâmica. A resistência a abrasão é caracterizada por unidade PEI. Conhecendo o valor
do PEI é possível a recomendação ou não da cerâmica para dado ambiente (Figura 66).

Figura 66 – Resistência a abrasão x uso recomendado

Abrasão Resistencia Uso recomendado


Grupo 0 - Desaconselhável para piso
Grupo 1 (PEI-1) Baixa Banheiros residenciais, quartos de dormir e etc.
Grupo 2 (PEI-2) Média Quartos sem portas para áreas externas.
Cozinhas residenciais, corredores, hall de residências,
Grupo 3 (PEI-3) Média alta
quintais.
Estabelecimentos comerciais interno, entradas de hotéis,
Grupo 4 (PEI-4) Alta
show rooms.
Grupo 5 (PEI-5) Altíssima Áreas públicas, shopping centers, aeroportos, padarias.

Fonte: Milito (2009)

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11.5. Aula prática de assentamento cerâmico

Como resultado da aula prática deverá ser construído um relatório descritivo. O


relatório deve conter fotografias que registre a sua participação na aula e ser entregue em até
7 dias após a data da aula prática via portal. A estrutura minima do relatório é:

1. Introdução
2. Materiais, ferramentas e equipamentos
3. Processo executivo
4. Conclusões

Na introdução deverá haver uma explicação breve sobre aquela etapa construtiva.
Nos materiais, ferramentas e equipamentos devem ser citados todos utilizados na prática. No
processo executivo deve constar um passo a passo do que foi feito em aula. Por fim no item
quatro deverá haver as observações pessoais do aluno. Não se esqueça da capa com
identificação do aluno e curso.

11.6. Estudo dirigido

1. Explique quais são as camadas que constituem o revestimento cerâmico


em pisos. Lembre-se de citar a função de cada uma.
2. Qual a importância da declividade em pisos?
3. Quais são os revestimentos argamassados aplicados em paredes?
4. Explique como diferentes acabamentos podem ser obtidos utilizando
argamassas.
5. Como é o procedimento executivo de revestimentos cerâmicos?

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12. Pintura

A pintura é um tipo de acabamento capaz de aumentar a proteção das alvenarias a


intempéries, facilitar a limpeza e impactar diretamente o conforto lumínico. Esse revestimento
tem grande impacto na estética do ambiente. Genericamente a pintura é feita em três etapas.
A primeira, chamada de fundo, tem o objetivo de corrigir defeitos da superfície e igualar o
poder de absorção da tinta de acabamento. A aplicação de massa corrida é a segunda etapa e
é útil para corrigir imperfeições mais profundas nivelando a parede de maneira fina. Por fim é
feito a última etapa que é a aplicação da dita propriamente dita.

Para garantir a durabilidade da pintura a superfície que for receber esse revestimento
deve estar limpa, isenta de pó, sujeira e materiais soltos. Para tal pode-se proceder uma
escovação da superfície ou raspagem com espátula. Manchas de gordura podem ser
removidas com solução de detergente e água. Mofo com solução de água sanitária a 5%.

Quando se trata de superfície metálica além da limpeza, antes da aplicação do


selador, deve ser aplicado fundo anti-óxido de ancoragem, como o cromato de zinco. Após a
preparação, alvenarias, madeiras e metais, podem ser emassados. Devido a cor do fundo anti-
óxido é comum a aplicação de fundo mate antes da aplicação da tinta.

Antes de aplicada a tinta deve ser preparada conforme instruções do fabricante.


Sendo essencial sempre misturar a tinta antes da diluição. No ambiente deve-se proteger
objetos e locais que não receberão a tinta, utilizando fita crepe nas ferragens, rodapés, janelas,
portas, peitoris, soleiras e outros e o piso deve ser protegido com lona ou material semelhante.

A primeira camada é feita com o selador que irá garantir uma absorção uniforme. A
aplicação é feita com o rolo de tinta. Sendo que rolos de lã são utilizados para aplicação de
látex, PVA ou acrílico em alvenarias, rolos de espuma lisa para esmalte, verniz ou óleo em
madeira ou alvenaria interna e rolo de espuma texturizada para látex ou tinta texturada em
alvenarias. Após as extremidades das paredes, as junções entre rodapé, teto, janelas, portas
são pintadas com pincel em movimento de vaivém e a alvenaria recebe a tinta com auxílio de
um rolo em movimentos verticais sobrepostos. Diversas demãos podem ser aplicadas de

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acordo com o resultado esperado, mas entre as demãos deve-se aguardar no mínimo quatro
horas.

Além da aplicação com pincel, que é ideal para recortes de cantos e superfícies
irregulares e com rolo que é ideal para superfícies planas, é possível a aplicação de tintas por
nebulização. Esse processo é o mais rápido e que proporciona acabamento de melhor
qualidade. No entanto, envolve perda de material expressiva, especialmente em peças
estreitas. De forma geral a nebulização por exigir tintas de baixa viscosidade e solventes de
pega rápida é aplicada para portas e móveis, de madeira ou metal.

Em acabamentos convencionais, peças rebocadas recebem sobre o selador uma


demão de tinta látex, que pode ser PVA ou acrílica, bem diluída e dois demãos com a tinta
diluída em 20 a 30% de água. Já quando se espera um acabamento superior é aplicada antes
da tinta camadas finas de massa corrida, sendo dispensada a primeira demão de tinta bem
diluída.

A Figura 67 um quadro com os principais serviços de pintura, indicando as etapas de


serviço necessárias.

12.1. Preparação de superfícies

Como já discutido anteriormente é preciso executar a limpeza da superfície a receber


pintura. O processo de limpeza pode ser feito com solução de água com 25% de água sanitária,
para garantir a remoção de mofo. Após a limpeza a superfície deve ser abundantemente
enxaguada e corrigida as imperfeições. A forma de correção da superfície depende da
dimensão da imperfeição, pequenas imperfeições podem ser corrigidas com massa corrida ou
massa acrílica. Já as imperfeições de grandes dimensões devem ser corrigidas com argamassa.
Após a superfície pode ser lixada, visando obter-se um acabamento ainda melhor.

Quando aplicada sobre reboco, a aplicação só pode ser iniciada após esse estar
completamente curado. Aplicação de tinta sobre reboco mal curado, levará a patologias no
revestimento com a tinta descascando e o reboco tornando-se pulverulento.

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Figura 67 – Serviços de pintura

Fonte: Bastos (2019)

A etapa de lixamento é bastante importante em superfícies de madeira, para eliminar


as farpas. Após lixada é aplicado em uma demão o fundo, que normalmente é diluído. As

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imperfeições em madeira podem ser corrigidas com massa a óleo, sendo que após seca a
superfície deve ser novamente lixada, para garantir a qualidade do acabamento.

Caso seja executada uma repintura em peças metálicas a primeira coisa a se fazer é
remover qualquer traço de oxidação, isso pode ser obtido com uso de lixa e escova de aço.
Após é aplicado o fundo anti-óxido nas partes que estiveram expostas. Estando seca pode lixar,
nivelando a base e aplicar o acabamento escolhido.

12.2. Estudo dirigido

1. De forma resumida quais são as três camadas que os revestimentos de


pintura possuem?
2. Como deve ser preparada a superfície de alvenarias para receber a
pintura?
3. E as superfícies de madeira?
4. E as metálicas?
5. Explica o processo executivo de pinturas.

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