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1. Introdução
3. O significado da variação
57,37 67,58
61,09 35,13 / 43,78 46,93 61,65 / 78,80
51,86 P50 B50 30,85 66,47 P50 B50 76,48
,2 7 ,50
42 / 67
86,09 / 86,74
7/
59,92 / 68,67
,99
57,22 / 49,96
57,52 / 68,05
,3
36 53
32 46
,1 ,22
1/
48 /6
,0 6,0
60,58 / 65,27
76,33 / 78,52
44,89 / 43,24
60,44 / 65,38
4 5
58,37 35,90 / 55,17 58,66 / 65,92
P70 9 B70 65,10 64,18 P70 B70 56,24
55,63
8,0 61,85 62,99 3,9
9
55,71
/5 5
1/
83,69 / 87,32
,34
68,25 / 74,40
67,70 / 74,74
4
77,34 / 84,81
37 ,
44
34 53
,21 ,13
/ 56 /5
,3 8,2
0 8
36,80 / 56,76 51,44 / 57,11
60,61 P00 B00 75,80 65,09 P00 B00 67,12
62,39 65,77 68,75 67,87
Mais variáveis têm de ser analisadas e, para a questão da correlação entre variáveis, serão
aplicadas técnicas de regressão logística e outros métodos multivariacionais (Pampel 2000).
Pretendemos verificar se existe uma correlação entre os indicadores objetivos extraídos do corpus
e os indicadores subjetivos expressos nas atitudes dos falantes. Através de um inquérito dirigido a 120
estudantes portugueses e brasileiros, compreendendo uma componente comportamental e uma
componente cognitiva sobre o uso e a origem de termos de vestuário (15 perfis onomasiológicos),
podemos verificar que as intenções atitudinais dos informantes vão no mesmo sentido divergente que
observámos no corpus de vestuário (revistas de moda e etiquetas das lojas de vestuário). A proporção
dos termos que os informantes consideram como endógenos e binacionais, isto é, a proporção que
representa a atitude divergente é bastante mais elevada do que a proporção dos termos considerados
como exógenos e binacionais, isto é, a proporção da atitude convergente:
Um outro estudo atitudinal tem por objeto a literatura recente portuguesa e brasileira sobre
política de língua e questões de padronização linguística (Bagno, 2001; Faraco, 2001; Coelho, 2005;
Gama, 2007; entre outros). Seguindo a distinção de Geeraerts (2003) entre modelos cognitivos
românticos e racionalistas da variação linguística, identificam-se quatro atitudes
convergentes/divergentes românticas e racionalistas sobre as relações entre PE e PB. As atitudes mais
radicalmente convergentes e divergentes são românticas e são mais frequentes no Brasil.
A atitude convergente romântica exprime-se, no Brasil, num normativismo conservador e
dogmático (impondo um padrão decalcado do PE literário), na ideologia da exclusão social e na ideia
de que “o PE é puro e inalterado e o PB é emprestado e corrompido”; em Portugal, traduz-se na atitude
neocolonialista de que a miscigenação conduz à corrupção e ao empobrecimento de um hipotético
português autêntico. Em contrapartida, a atitude convergente racionalista manifesta-se na ideia da
“unidade na diversidade” e na proclamação, mais frequente em Portugal do que no Brasil, da unidade
linguística como meio de afirmação política e económica no contexto transcontinental e global.
A atitude divergente romântica está presente nos que reclamam a existência de uma língua
brasileira (Bagno, 2001, com argumentação linguística) e tem como manifestações sociais a
legendagem de entrevistas a jovens portugueses no programa de televisão do canal MTV e a
legendagem e tradução de filmes portugueses para PB, como o filme “Capitães de abril” dirigido pela
atriz portuguesa Maria de Medeiros. Por seu lado, a atitude divergente racionalista, mais explícita no
Brasil do que em Portugal, é assumida por todos os que veem na valorização, estudo e ensino da(s)
norma(s) urbana(s) brasileira(s) um instrumento de participação política e educativa e a base de um
nacionalismo cívico e de uma democracia liberal.
Até que ponto estas quatro atitudes poderão influenciar a divergência entre PE e PB? O processo
gradual de divergência receberá um forte ímpeto, no Brasil, tanto da atitude romântica de afirmação da
língua brasileira como da atitude racionalista de nacionalismo cívico e de democratização do ensino.
Esta atitude racionalista poderá ter também um efeito convergente: a diminuição da acentuada
diglossia brasileira e o reforço e aceleração do processo de padronização podem incluir mudanças “de
baixo para cima” que eliminam características do PB popular. Interrupções ou reversões no esperado
desenvolvimento divergente poderão também ser desencadeadas pela atitude racionalista de
preservação da unidade da língua como forma de afirmação política e económica.
7. Conclusão
O estudo da variação intralinguística envolve, pode definição, questões semânticas, como a noção
de variável sociolinguística, o problema da equivalência de significado e a interação entre significado,
forma e contexto, como fontes de variação. A emergente Sociolinguística Cognitiva (Kristiansen e
Dirven, 2008), inevitavelmente implicada pela orientação para o significado e para o uso característica
da Linguística Cognitiva, oferece um importante contributo à Sociolinguística, trazendo elementos
capazes de tratar das questões da variação do significado e do significado da variação e abrindo
caminhos para o estudo da interação entre os aspetos sociais e conceptuais da variação letal.
A variação onomasiológica entre sinónimos lexicais e construcionais constitui uma variável
sociolinguística no sentido laboviano: as escolhas que os falantes fazem entre palavras ou construções
sinónimas para designar determinado conceito ou função fornecem pistas sobre as relações entre
variedades linguísticas. Métodos socioletométricos baseados em perfis onomasiológicos (conjuntos de
sinónimos lexicais ou construcionais juntamente com as suas frequências) permitem medir processos
de convergência e divergência e outras distâncias entre variedades linguísticas. A aplicação à variação
pluricêntrica do português do método onomasiológico e de medidas de uniformidade baseadas em
perfis onomasiológicos permitiu encontrar indicadores de divergência entre as variedades europeia e
brasileira. Termos de vestuário, construções preposicionais, construções completivas infinitivas de
verbos causativos e percetivos e construções adjetivas confirmam a hipótese de divergência entre o PE
e o PB e sugerem que não há uma orientação específica de uma variedade em relação à outra. Esta
divergência é confirmada também subjetivamente, nas intenções atitudinais de informantes
portugueses e brasileiros em relação a termos de vestuário.
Obviamente que são necessários mais indicadores, mais variáveis e correlações entre variáveis
para comprovar estas hipóteses sobre o pluricentrismo simétrico e divergente entre PE e PB.
Esperamos ter mostrado o alcance da perspetiva sócio-cognitiva no estudo da variação pluricêntrica do
português (não só para as variedades europeia e brasileira, mas também para as variedades africanas).
Além disso, esperamos ter mostrado que uma descrição completa das unidades e estruturas lexicais e
gramaticais não pode pôr de lado os aspetos da variação sócio-cognitiva e sócio-semântica.
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