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Quais são as mais

importantes diferenças entre


o Dispensacionalismo e a
Teologia da Aliança?

Data: 12 de março de 2017Autor: dispensacionalismohoje0 Comentários

Por Michael Vlach


Nestes últimos dois séculos o Dispensacionalismo e a Teologia da
Aliança têm operado como rivais dentro do Evangelicalismo.
Ambos têm ricas tradições e excelentes teólogos e defensores.
Muito tem sido escrito sobre estes dois sistemas teológicos e na
maioria do tempo os debates têm sido amigáveis. Mas quais são
as reais questões que separam o Dispensacionalismo e a Teologia
da Nova Aliança?
Abaixo está a minha perspetiva sobre as diferenças chave entre
estes campos. As questões que envolvem estes sistemas são
muitas e complexas eu não consigo cobrir muitas áreas
importantes mas abaixo está um breve resumo do que eu penso
serem as mais fundamentais diferenças entre estes dois sistemas
de teologia.
Mas antes eu ofereço alguns comentários sobre o que não são
diferenças chave. Significativamente, o evangelho não é uma
questão divisora entre o Dispensacionalismo e a Teologia da
Aliança. Ambos os lados afirmam que a salvação pode apenas ser
encontrada em Jesus Cristo somente pela fé somente. Este acordo
sobre o evangelho deveria ser celebrado. Quaisquer diferenças
existam entre estes sistemas o evangelho não é uma delas.
Dispensacionalistas e Teólogos da Nova Aliança são irmãos em
Cristo.
Em seguida, o assunto das “dispensações” na minha opinião não é
um ponto de diferença fundamental. Isto pode surpreender alguns
já que o Dispensacionalismo está intimamente conectado com a
ideia de dispensações. Mas Aliancistas e Dispensacionalistas
ambos afirmam que Deus tem trabalhado em tempos diferentes e
de diferentes formas ao longo da história (embora a salvação
tenha sido sempre pela graça por meio da fé). Dispensacionalistas
têm frequentemente despendido mais energia na questão das
dispensações mas este não é o mais importante fator na minha
opinião. Os dois campos podem diferir no critério de uma
dispensação ou quantas existem, mas a crença em dispensações
não é a questão mais crucial.
Além disso, as alianças da Teologia da Nova Aliança não são o
que é mais importante. Tradicionalmente, três alianças têm sido
afirmadas na Teologia da Aliança – (1) Aliança da Redenção; (2)
Aliança das Obras; (3) Aliança da Graça. Contudo os próprios
Aliancistas não têm concordado nessas alianças, alguns rejeitando
uma ou duas delas. Ademais, alguns Dispensacionalistas têm
afirmado uma ou todas estas alianças enquanto se mantêm
Dispensacionalistas. Então eu não creio que as alianças da
Teologia da Aliança são as questões principais separando os dois
sistemas.
Então, se dispensações e as alianças da Teologia da Aliança não
estão no núcleo das diferenças entre os dois campos, quais são as
maiores diferenças? A resposta, na minha opinião, resume-se a
dois temas – hermenêutica e enredo.

Hermenêutica

A hermenêutica lida com princípios para interpretação da Bíblica.


Dispensacionalistas afirmam uma consistente hermenêutica
histórico-gramatical ou literal aplicada a todas áreas das
Escrituras, incluindo escatologia (fins dos tempos) e passagens do
Velho Testamento relacionadas com o Israel Nacional. Esta
abordagem inclui um literal entendimento de passagens
concernentes à terra de Israel, o templo, Jerusalém, etc.
Dispensacionalistas afirmam que todos os detalhes das profecias,
promessas e alianças do Velho Testamento devem ser cumpridas
da forma que os autores Bíblicos inspirados e originais
intencionaram. Não existem cumprimentos não literais ou
espirituais de promessas físicas e nacionais na Bíblia. Nem o
Novo Testamento reinterpreta, transcende, transforma ou
espiritualiza promessas e profecias no Velho Testamento. Com
Dispensacionalistas aquilo que você vê é aquilo que você obtém
na Bíblia. Não existe qualquer trajetória tipológica implícita ou
progressão canónica que elimina ou transcende o enredo Bíblico
ou a significância dos detalhes das alianças e promessas na Bíblia.
A hermenêutica histórico-gramatical descobrirá tipos na Bíblia,
mas o conceito de interpretação tipológica que revoga o claro
significado de textos Bíblicos não é aceite no
Dispensacionalismo.
Conquanto áreas como a Lei Mosaica sejam sombras de maiores
realidades da Nova Aliança (veja Hb 10:1), os
Dispensacionalistas não creem que tudo no Velho Testamento
seja uma sombra. Temas associados com as alianças da promessa
incluindo Israel, a terra de Israel, o templo, Jerusalém, nações,
restauração da criação, etc., não são sombras. Promessas
concernentes a esses temas devem ser cumpridas como preditas.
Tudo isto ocorre porque Jesus o Messias traz todas as promessas
de Deus ao cumprimento (2 Co 1:20).
Dispensacionalistas utilizam a “prioridade da passagem” na qual
o significado primário de uma passagem é encontrado na
passagem em mãos e não em outras passagens.
Dispensacionalistas não creem na prioridade de um testamento
sobre o outro (embora o Novo seja mais completo), eles apenas
pedem para que a integridade de cada passagem seja honrada sem
anular o seu significado com outras passagens. O Novo
Testamento oferecerá nova revelação mas ela não contradirá ou
anulara o significado de passagens anteriores no Velho
Testamento. Dispensacionalistas, portanto, creem que toda a
Escritura harmoniza com outra Escritura, mas nenhuma passagem
Bíblica transforma, transcende, ou reinterpreta qualquer outra
passagem Bíblica.
Aliancistas também afirmam uma hermenêutica histórico-
gramatical para muitas áreas das Escrituras, mas eles creem que
uma hermenêutica tipológica e até mesmo espiritual necessita ser
aplicada a algumas áreas das Escrituras – particularmente
+passagens envolvendo promessas físicas e nacionais ao Israel
nacional no Velho Testamento. Estas são vistas frequentemente
como sombras que são transcendidas por maiores realidades do
Novo Testamento (i.e., Jesus e a igreja).
A hermenêutica aliancista está intimamente ligada ao conceito de
“prioridade do Novo Testamento” no qual o Novo Testamento é
visto como a lente para interpretar e até mesmo reinterpretar o
Velho Testamento. Isto enquadra-se na ideia de que a transição do
Velho Testamento para o Novo Testamento é o de uma sombra
para uma realidade. Assim, físicas e nacionais promessas no
Velho Testamento são frequentemente vistas como sombras e
tipos que são cumpridos em Jesus e na igreja. Esta abordagem
pode envolver espiritualizar o Velho Testamento. Como Kim
Riddlebarger declarou, “Se os autores do Novo Testamento
espiritualizam profecias do Velho Testamento ao aplica-las em
um sentido não literal, então a passagem do Velho Testamento
deve ser vista à luz dessa interpretação do Novo Testamento, não
o oposto.” (Kim Riddlebarger, A Case for Amillennialism, 37).
Alegadamente, uma vez que os conceitos de “Israel” e “templo”
encontram cumprimento em Jesus, não necessitamos de esperar
um cumprimento literal destes temas no futuro.
Em suma, muitas das diferenças entres os dois campos concernem
a quão literais deveríamos ser com alianças e promessas físicas e
nacionais no Velho Testamento. Dispensacionalistas veem estas
como realidades que necessitam ser cumpridas se ainda não o
foram. Aliancistas frequentemente veem-nas como sombras e
tipos que são cumpridas em Jesus não sendo necessário qualquer
cumprimento literal.

Enredo
Em adição à hermenêutica, a outra grande diferença entre o
Dispensacionalismo e a Teologia da Aliança concerne o enredo
Bíblico. Os debates usualmente envolvem temas importantes tais
como a natureza de promessas e alianças do Velho Testamento, a
identidade e papel de Israel nos propósitos de Deus, a identidade e
papel da igreja, e o que foi cumprido na primeira vinda de Jesus e
o que resta ser cumprido na segunda vinda de Jesus.
Mas no fundo eu creio que as duas maiores diferenças de enredo
concernem: (1) o papel da nação de Israel nos propósitos de Deus,
e (2) se haverá uma fase de reino intermediário no programa do
reino de Deus na terra após esta presente era mas antes do Estado
Eterno.
No que toca a Israel, o Aliancismo entende Jesus como o
verdadeiro Israel e que promessas do Velho Testamento ao Israel
nacional no Velho Testamento são sombras que encontram
cumprimento Nele. E quando todos os crentes, incluindo Gentios,
se tornam unidos com Cristo, eles se juntam a “Israel” também.
Isto significa que o conceito de “Israel” expande-se para incluir
Gentios. Assim a igreja em Jesus é o novo/verdadeiro Israel e a
culminação dos planos de Deus para Seu povo. Não existe
qualquer necessidade de uma restauração do Israel nacional já que
Jesus é “verdadeiro Israel” e a igreja em Jesus é agora Israel.
Além disso, conquanto reconhecendo um aspeto “ainda não” do
reinado de Jesus, Aliancistas tendem a enfatizar fortemente
cumprimento na primeira vinda das promessas e alianças do
Velho Testamento. Para a maioria dos Aliancistas o reinado
Davídico/Milenar de Jesus e o reinado dos santos está ocorrendo
agora a partir do céu. Então nós estamos atualmente no reino
messiânico de Jesus. Ademais, promessas de aliança do Velho
Testamento estão maioritariamente sendo cumpridas agora.
Portanto, não existe qualquer necessidade de um futuro reinado
terreno de Jesus já que esta era é a era do cumprimento e do
reinado de Jesus.
Dispensacionalismo, por outro lado, celebra a identidade e o papel
de Jesus como o verdadeiro Israelita, mas esta verdade não
significa a insignificância da nação de Israel. Os planos de Deus
para Israel envolvem um papel de serviço para a nação e para o
“verdadeiro Israelita” – Jesus o Messias. A identidade de Jesus
como o verdadeiro Israelita significa a restauração da nação de
Israel como ensina Isaías 49:3-6 ensina. Sempre foi plano de
Deus para a nação de Israel cumprir uma missão de serviço e
liderança para as nações (Gn 12:2-3; Dt 4:5-6). Israel falhou esta
missão no Velho Testamento mas sob o Messias Jesus, Israel irá
cumprir o seu destino de liderança e serviço para as nações em
um vindouro reino messiânico sobre as nações (Is 2:2-4). Já que
as nações existem no vindouro reino messiânico não deveria ser
surpresa alguma de que Israel como nação tenha um papel para as
nações durante este período – sob o Messias Jesus. Já que o Israel
nacional ainda é significante, não é verdade que a igreja seja o
novo Israel que suplanta ou substitui Israel nacional nos
propósitos de Deus. A igreja é o instrumento para proclamação do
evangelho e do reino nesta era, mas Israel ainda terá um papel
para as nações quando Jesus retornar. A igreja desta era também
participará na regência de Jesus sobre as nações (Ap 2:26-27;
3:21).
Ao contrário dos Aliancistas, Dispensacionalistas não creem que
o conceito de “Israel” se expande para incluir Gentios. Em vez
disso, o conceito do “povo de Deus” se expande para incluir
crentes Gentios ao lado de crentes Israelitas. Não é plano de Deus
que todos os crentes se tornem Israel, mas sim que haja
diversidade no povo de Deus conquanto a ideia do povo de Deus
inclui ambos Israelitas e Gentios sem que eles percam sua
identidade étnica. Mesmo no Estado Eterno o povo de Deus é
chamado de “as nações” (Ap 21:24, 26).
Também importante para o enredo Bíblico, segundo o
Dispensacionalismo, é a necessidade de um vindouro reino
terreno no qual o Último Adão e Messias regerá a terra com
sucesso para a glória de Deus. Um reinado de sucesso sobre a
terra deve ocorrer. Deus encarregou Adão e a humanidade de
reger a terra com sucesso em Seu favor em Génesis 1:26-28, mas
este mandato ao reino permanece incumprido por agora, algo que
o autor de Hebreus afirma em Hebreus 2:5-8. Portanto, deve
haver um vindouro reino terreno de Jesus porque deve haver um
reinado de sucesso do Ultimo Adão (Jesus) na esfera em que o
primeiro Adão falhou. Já que este reinado envolve nações, o
Messias usará Israel como um instrumento para Seu reinado
durante este tempo. Portanto um vindouro reinado terreno de
Jesus sobre as nações com Israel como um instrumento de Sua
regência é essencial para o entendimento dispensacional do
enredo Bíblico.

Conclusão
Muito mais poderia ser dito sobre outras importantes diferenças
entre o Dispensacionalismo e a Teologia da Aliança mas os
pontos mencionados acima estão no núcleo das diferenças.
Dispensacionalistas e Aliancistas discordam na hermenêutica e no
enredo Bíblico particularmente no que toca ao papel de Israel nos
propósitos de Deus e à necessidade de um vindouro reino terreno
do Messias.

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diferencas-entre-o-dispensacionalismo-e-a-teologia-da-alianca/

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