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TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS DE INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA ATRAVÉS DE REATOR UASB

Nascimento Rosilene Aparecida, Feijó De Figueiredo Roberto *

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL _ C.P. 6021
BAIRRO BARÃO GERALDO, CAMPINAS -S.P., BRASIL,
CEP 13.083-970, TEL: (5519)239-8265, FAX: (5519) 239.4813
e-mail: feijo@fec.unicamp.br

RESUMO
Nesta pesquisa foi avaliado o desempenho do processo anaeróbio em tratamento de efluente líquido, de
uma indústria alimentícia produtora de biscoitos. Utilizou-se um reator de fluxo ascendente de manta de
lodo (utiliza-se também para este reator a sigla UASB, do inglês Upflow Anaerobic Sludge Blanket),
construído em concreto armado, de formato cilíndrico, com 8m de altura e volume da fase líquida igual a
1.000m3, em operação desde abril de 1994. Após um período de interrupção de alimentação de dois
meses, o reator foi monitorado por três meses; a carga orgânica volumétrica média aplicada foi de
0,8kgDQO.m-3.d-1. A eficiência média em remoção de DQO, obtida no período de monitoramento foi de
87% (com desvio de 9%), com valores de DQO afluente variando de 2.131 a 7.474mgO2.l-1, sendo que não
foi necessário um período de readaptação da biomassa para obtenção de altas eficiências em remoção de
DQO. O sistema de tratamento anaeróbio utilizado mostrou ter alta eficiência na remoção de matéria
orgânica, além de apresentar estabilidade para carga variável, podendo dessa forma ser recomendado no
tratamento de efluentes similares.

Palabras clave: tratamento anaeróbio, processos biológicos, efluentes líquidos, reator UASB

INTRODUÇÃO

A poluição decorrente do desenvolvimento de indústrias e municípios tem afetado de forma significativa os


rios brasileiros, principalmente nas regiões sudeste e sul. Em conseqüência, a legislação federal e
estaduais do Brasil impõe limites de emissão de efluentes líquidos que devem ser atendidos pelas fontes
poluidoras. Assim, soluções tecnológicas de sistemas de tratamento eficientes, com baixo custo de
instalação e manutenção, de simples operação, deve satisfazer as necessidades do mercado. Como
resultado, espera-se que o desenvolvimento não comprometa a qualidade dos cursos d’água.

Sistemas de tratamento biológico compreendem uma alternativa interessante para efluentes diluídos com
característica basicamente orgânica. Como exemplo, cita-se efluentes domésticos e de indústrias de
celulose e papel, alimentícias e de bebidas. O processo aeróbio apresenta-se em avançado estágio
tecnológico mas tem o inconveniente de altos custos em energia elétrica (requerida pelos aeradores)
comparando-se ao anaeróbio.

O processo anaeróbio gera gases que contêm metano, um componente com alto valor para ser
transformado em energia térmica e elétrica. Com o advento da crise do petróleo de 1973, houve interesse
por outras fontes produtoras de energia, o que resultou em intensivas pesquisas neste processo, que já era
conhecido há 100 anos. Hoje, suas principais importâncias são a redução de gastos operacionais com
energia elétrica e a aplicabilidade em sistemas de geração de efluentes de forma sazonal.

O tratamento biológico por processo anaeróbio foi verificado em uma empresa alimentícia com produção
de biscoitos, principalmente, além de balas e doces. O objetivo desta pesquisa foi verificar alguns
parâmetros operacionais de processo, sendo eles: pH, vazão, alcalinidade de bicarbonatos, ácidos voláteis,
sólidos suspensos, demanda química de oxigênio - DQO e carbono orgânico dissolvido. Apresentam-se
aqui os principais resultados obtidos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Faz-se uma breve revisão sobre o processo anaeróbio e a sobre reatores anaeróbios.

PROCESSO ANAERÓBIO

O processo biológico anaeróbio baseia-se na utilização de microrganismos na ausência de oxigênio livre


para a degradação de matéria orgânica. Esta degradação refere-se às reações que reduzem as dimensões
de partículas ou, a nível molecular, quebram cadeias ou ligações duplas ou duplas existentes. Os produtos
finais obtidos são gases como metano, dióxido de carbono e amônia.

As reações anaeróbias ocorrem em série/paralelo (LEMA et al, 1991) mas são consideradas didaticamente
de forma seqüencial. Considerando-se um material orgânico complexo (materiais suspensos ou orgânicos
solúveis de alto peso molecular), HENZE & HARREMOËS (1983) dividem o processo em três etapas: (a)
hidrólise, (b) degradação de moléculas orgânicas pequenas a vários ácidos graxos voláteis e (c) produção
de metano, principalmente a partir de ácido acético, mas também de hidrogênio e dióxido de carbono.
Existem outras formas de divisão das etapas do processo anaeróbio encontradas na literatura, de acordo
com o interesse do pesquisador.

As bactérias do processo anaeróbio são classificadas em grupos relativos aos substratos a que têm
afinidade ou aos produtos formados. Estes grupos são interdependentes, uma vez que o produto gerado
por um é utilizado como alimento para o outro. Também deve ser considerado que o excesso de um
determinado produto no meio pode reduzir a taxa de reação do grupo responsável. Assim, os grupos
subseqüentes são indispensáveis.

Para que a reação anaeróbia ocorra com maior eficiência, ou seja, com maior conversão de matéria
orgânica a gás metano, o meio deve oferecer as condições requeridas pelos grupos de bactérias
envolvidos. Os valores de pH ideal para o desempenho satisfatório de um digestor anaeróbio citados por
VAN HAANDEL & LETTINGA (1994) estão na faixa de pH entre 6,5 e 7,5. A alcalinidade devida à presença
de bicarbonatos oferece ao meio a propriedade de neutralizar possíveis choques de pH. ROJAS (1987)
comenta valores de alcalinidade de bicarbonatos típicos de efluentes de reatores anaeróbios entre 2.000 e
5.000mgCaCO3.l-1.

A fórmula aproximada para a fração orgânica (MALINA, 1992) é de C60H87O23N12P, com composição de
nitrogênio de 12 a 13% do peso da biomassa e fósforo de 2 a 3%. Baseando-se nesta constituição típica da
célula bacteriana, determina-se a proporção entre o requerimento de carbono, nitrogênio e fósforo.
BARIJAN (1995) apresenta as proporções entre carbono e nitrogênio, equação 1, e entre nitrogênio e
fósforo, equação 2.

C/N = 30 (1)

N/P = 5 (2)

Onde C= massa de carbono


N= massa de nitrogênio
P= massa de fósforo.

De acordo com MALINA (1992), os requerimentos nutricionais para o crescimento microbiano e os fatores
de crescimento são: energia, carbono, macronutrientes inorgânicos (nitrogênio e fósforo), micronutrientes
inorgânicos (principais: enxofre, potássio, cálcio, magnésio, ferro, sódio e cloro; secundários: zinco,
manganês, molibdênio, selênio, cobalto, cobre, níquel, vanádio e tungstênio) e fatores orgânicos de
crescimento (vitaminas, aminoácidos, piridiminas e outros). SPEECE (1994) faz importantes comentários
sobre a necessidade de todos os nutrientes: a escassez de algum dos nutrientes requeridos pode
comprometer todo o desempenho do processo.

As fases de crescimento de bactérias são descritas por METCALF & EDDY (1991) em quatro estágios: (a)
fase de adaptacão (ou fase lag), (b) fase de crescimento logarítmico, (c) fase estacionária e (d) fase
endógena ou de decaimento. Para um tratamento anaeróbio de processo contínuo, a cultura bacteriana
deve atingir a fase estacionária de crescimento. Uma das principais desvantagens do processo anaeróbio é
que suas reações são muito lentas e necessita-se de longos períodos para que esta fase seja alcançada.
SWITZENBAUM & GRADY JUNIOR (1986), CAMPOS et al. (1986) e CAMPOS & DIAS (1989) citam um
período de partida de aproximadamente 3 meses para reatores anaeróbios.

Ao mesmo tempo que a velocidade lenta de reação é uma desvantagem durante o período de partida, este
efeito na fase endógena é de grande interesse. Em situações onde há interrupção da alimentação em um
sistema que já atingiu a fase estacionária, o lodo anaeróbio permanece ativo após períodos prolongados
(meses ou mesmo anos) sem disponibilidade de material orgânico; enquanto o lodo aeróbio resistiria
apenas algumas semanas, segundo VAN HAANDEL & LETTINGA (1994). Isto confere aos sistemas
anaeróbios a vantagem de se adequar ao tratamento de águas residuárias sazonais, como por exemplo,
aquelas originadas de atividades agrícolas.

REATORES ANAERÓBIOS

Os diversos modelos de reatores anaeróbios apresentam características próprias quanto a retenção celular,
tempo de detenção hidráulico, separação de fases sólido-líquido-gás, concentração orgânica e presença de
sólidos em suspensão em seu afluente, regime hidráulico, vazão de operação, dimensões, etc. McCARTY
(1982) contribui significativamente com um histórico sobre os diversos modelos de reatores.

Os primeiros reatores não possuíam sistemas de agitação; formava-se uma camada de escuma ao topo do
digestor e o lodo depositava-se ao fundo. A utilização de misturadores mecânicos, a partir da década de
1950, eliminou a camada de escuma e aumentou o contato entre o efluente e as bactérias. Com esta
alteração foi possível aumentar a carga orgânica volumétrica.

Os digestores de biomassa em suspensão foram desenvolvidos para manter altas populações de bactérias,
permitindo a degradação a tempos de detenção hidráulicos reduzidos. A esta classe incluem-se o processo
anaeróbio de contato, o digestor anaeróbio com clarificador e o reator anaeróbio de manta de lodo.

Os reatores anaeróbios de filme-fixo de leito estacionário e de leito expandido são adequados para o
tratamento de águas residuárias relativamente diluídas. Entre eles encontram-se os filtros anaeróbios e os
reatores anaeróbios de leito expandido.

Modelos como o reator anaeróbio de rotação e o reator anaeróbio com chicanas são variações de outros. O
reator anaeróbio de rotação permite ao fluxo atravessar a manta de lodo e ao mesmo tempo, revolvê-la. Os
reatores anaeróbios com chicanas operam como vários reatores de manta de lodo dispostos em série.

O tempo de detenção hidráulica de alguns modelos de reatores anaeróbios são apresentados por VAN
HAANDEL & LETTINGA (1994). Para eficiência de 80% em remoção de DQO de esgoto sanitário, são
necessários aproximadamente: 5,5 horas para o reator de leito fluidificado e expandido, 6 horas para o
reator UASB, 20 horas para o filtro anaeróbio, 30 horas para o reator anaeróbio de leito fluidificado - RAFA
e mais que 100 horas para a lagoa anaeróbia (esta última com eficiência em remoção de DBO). Alguns
dados de reatores UASB para efluentes industriais (cervejaria, malteria, destilaria, leveduras, refrescos e
lácteos) são apresentados por BORZACCONI & LOPÉZ (1994), com valores máximos de 2,5 dias.

O número crescente de reatores anaeróbios de manta de lodo aplicados no Brasil, revela o seu potencial e
sua viabilidade. VIEIRA (1994) apresenta o levantamento de 200 reatores anaeróbios implantados para o
tratamento de esgoto, todos do tipo manta de lodo. Quanto aos efluentes industriais, até o final de abril de
1994 HIRATA (1994) registra 126 unidades de tratamento anaeróbio implantadas ou em implantação,
sendo que destas, 107 (85%) empregam reatores anaeróbios de manta de lodo. Esses dados confirmam a
preferência por este modelo de reator.

Segundo VIEIRA (1994), os baixos custos de instalação, manutenção e operação das unidades, oferecendo
eficiência satisfatória, viabilizaram a implantação de reatores anaeróbios de manta de lodo para esgoto
sanitário. Os custos de implantação destes reatores estão entre US$10,00 e US$15,00 por habitante.
Também a simplicidade de construção e a não necessidade de material de enchimento e equipamentos
eletro-mecânicos, tornaram-no bastante apropriados.
METODOLOGIA

O reator anaeróbio de manta de lodo de uma empresa alimentícia foi utilizado para esta pesquisa. Após um
período de 2 meses de interrupção da alimentação, procedeu-se com o monitoramento durante os 3 meses
subseqüentes. Os principais dados de interesse foram aqueles obtidos através do método analítico de
demanda química de oxigênio - DQO.

Foi utilizado um reator de manta de lodo em escala real, que recebe efluentes de uma indústria alimentícia
que produz biscoitos continuamente e diversifica sua produção com balas, creme de amendoim e outros,
de forma sazonal. Este reator compõe o sistema de tratamento da água residuária do processo da CIA
CAMPINEIRA DE ALIMENTOS, situada à Rodovia Campinas, km 114, Barão Geraldo, Campinas - SP. A
empresa BRASMETANO, situada à Avenida Eurico Gaspar Dutra, n0 230, Piracicaba - SP, foi responsável
pelo projeto e instalação do sistema de tratamento em questão.

O efluente líquido que recebe tratamento anaeróbio é apenas aquele que teve contato com os alimentos
que estão sendo processados. Este efluente apresenta vestígios da matéria-prima utilizada. Inclui-se:
farinha de trigo, açúcar, amido de milho, corantes, leite em pó, gordura vegetal hidrogenada, estabilizantes,
balas dissolvidas, xaropes, ácidos orgânicos, etc. Juntamente ao efluente líquido do processo industrial,
parte dos resíduos sólidos (resíduos gordurosos, farinha, balas, pipocas e outros provenientes de
varredura), é tratado sob processo anaeróbio, conforme fluxograma apresentado na Figura 1.

Figura 1: Fluxograma dos efluentes industriais da CIA CAMPINEIRA DE ALIMENTOS


Fonte: Adaptado de BRASMETANO (1994)

O efluente líquido do processo recebe o esgoto sanitário (gerado por aproximadamente 1.600 funcionários,
incluindo restaurante) na caixa de mistura e é bombeado para a peneira estática. O efluente peneirado é
bombeado para o flotador, onde a gordura é removida com a introdução de microbolhas de ar. Através de
bombeamento, o efluente industrial é então enviado para o tanque de equalização. A fase líquida
descartada do reator anaeróbio de mistura completa, depois da redução de seus sólidos e gorduras pelo
floto-decantador, também é misturada ao fluxo do tanque. No tanque de equalização, é feita a adição
automatizada de NaOH para ajuste do pH entre 6,8 e 7,2. O tanque permite a homogeneização dos fluxos
por um período de detenção de 1,5 dias, considerando-se a vazão média de projeto. Após ajuste de pH, o
fluxo é bombeado ao reator de manta de lodo.

No reator anaeróbio de manta de lodo, Figura 2, a matéria orgânica complexa é transformada pelo
processo anaeróbio em lodo, gases, ou em matéria orgânica mais simples. Os gases gerados são
queimados, juntamente com os gases gerados no reator anaeróbio de mistura completa. O lodo, quando
em excesso, é preferencialmente enviado para o reator anaeróbio de mistura completa, ou ainda para o
leito de secagem. O efluente final do sistema anaeróbio é lançado à rede pública de esgotos.

E: tomada de amostra afluente;


T1: tomada de lodo a 0,6 m de altura;
T2: tomada de lodo a 2,4 m de altura;
T3: tomada de lodo a 4,8 m de altura;
S: tomada de amostra efluente.

Figura 2: Reator anaeróbio de manta de lodo (UASB) em estudo


Fonte: Adaptado de BRASMETANO (1994)

3
O volume da fase líquida no reator UASB é de 1000m , dos quais considerou-se apenas 80% (devido a
zonas de turbilhonamento ou zonas mortas). Os dados comentados foram obtidos através de amostras
coletadas à entrada e à saída do reator. A vazão foi medida através de um vertedor triangular de 900.

Dados de pH, alcalinidade de bicarbonatos e nutrientes (fósforo e nitrogênio) foram obtidos para assegurar-
se das condições ambientais da biomassa. A matéria orgânica foi quantificada através da concentração de
DQO e de carbono orgânico dissolvido. As análises realizadas foram baseadas na metodologia do
STANDARD METHODS (1992), com exceção das análises de alcalinidade de bicarbonatos (FIELD, 1987, e
ROJAS 1987) e de carbono orgânico dissolvido (FADINI, 1995).

RESULTADOS

Os resultados dividem-se em dois grupos: aqueles que avaliam as condições ambientais da biomassa e
aqueles que refletem o desempenho desta biomassa.
CONDIÇÕES AMBIENTAIS

pH e alcalinidade de bicarbonatos: Amostras coletadas a 0,6, 2,4 e 4,8 m de altura do fundo do reator
UASB apresentaram valores médios entre 6,9 e 7,2, com valor mínimo de 6,2 e máximo de 8,0 . Estes
valores foram considerados satisfatórios para o desenvolvimento da biomassa, de acordo com o
comentário de VAN HAANDEL & LETTINGA (1994). A alcalinidade de bicarbonato do efluente esteve entre
701 e 1.601, valores menores que aqueles indicados por ROJAS (1987). Mesmo assim, a capacidade
tampão do fluxo interno do reator foi suficiente para manter o pH próximo de 7,0, sem alterações
significativas.

Nutrientes: Durante os três meses de monitoramento, a relação entre carbono orgânico dissolvido e
nitrogênio Kjeldahl total encontrada foi de 11,4 e entre nitrogênio Kjeldahl total e fósforo total, de 18,8.
Comparando-se com os valores máximos citados por BARIJAN (1995), considerou-se que o efluente
líquido bruto apresenta concentrações de nitrogênio e fósforo suficientes para o desempenho da biomassa.

DESEMPENHO

As variações das características do afluente do reator UASB devem-se basicamente às variações do


processo industrial. Os dados operacionais obtidos estão apresentados na Tabela 1. O tempo de detenção
hidráulica calculado encontra-se superior àqueles citados pela literatura (BORZACCONI & LOPÉZ, 1994 e
VAN HAANDEL & LETTINGA, 1994). Assim, a biomassa tem tempo para que as reações desejadas
ocorram, conferindo alta eficiência em remoção de DQO.

Tabela 1: Dados operacionais do reator anaeróbio de manta de lodo do sistema de tratamento


de efluentes de indústria alimentícia de biscoitos, de setembro a dezembro de 1995

0
Valores n de
Parâmetro Unidade mínimo máximo média desvio dados
padrão
3 -1
vazão (m .d ) 60 220 155 46 21
0
temperatura ( C) 23 32 29 2 17
-3 -1
carga orgânica volumétrica (kgDQO.m .d ) 0,2 1,9 0,8 0,4 21
tempo de detenção hidráulica (d) 3,6 13,3 5,9 2,6 21
-1
DQO afluente (mgO2.l ) 2.131 7.475 3.960 1.342 22
-1
DQO efluente (mgO2.l ) 152 1.071 500 293 22
eficiência em remoção de DQO (%) 55,9 96,2 87 9 22
-1
COD afluente (mgC.l ) 374 2.400 902 539 20
-1
COD efluente (mgC.l ) 1 80 30 16 20
eficiência em remoção de COD (%) 89,3 99,9 96 3 20

Nota: A eficiência em remoção de DQO e COD foram calculados para amostras de entrada e de saída
coletadas ao mesmo tempo, não tendo sido considerado o tempo de detenção.

Os dados de vazão são apresentados na Figura 3. Ao final do período, observa-se que a vazão apresentou-
se elevada, comparando-se ao início do monitoramento.

250
Vazão (m .d )

200
150
100
50
0
0 20 40 60 80 100

Dias d e m o n i t o r a m e n t o
Fig. 3: Vazão de operação do reator UASB em estudo
Os resultados de demanda química de oxigênio - DQO - são apresentados na Figura 4. Durante o período
final (gráfico a), os valores de DQO do afluente do reator teve significativo acréscimo, correspondendo ao
período em que a vazão apresentou-se elevada. Porém, segundo os resultados de eficiência (gráfico b)
este acréscimo não foi suficiente para reduzir o desempenho da biomassa em remoção de DQO.
8000
a)
7000

Demanda Química de Oxigênio 6000

5000
(mgO l )

DQO Afluente
DQO Efluente
4000
média Afluente
média Efluente
3000

2000

1000

0
0 20 40 60 80 100
Dias de monitoramento

b)
remoção de DQO (%)

100,0
Eficiência em

90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
0 20 40 60 80 100

Dias de monitoramento

Figura 4: O gráfico em (a) apresenta dados de DQO de amostras da entrada (E) e saída (S) reator
anaeróbio de manta de lodo em função dos dias de monitoramento. Em (b) são apresentados os
dados de eficiência em termos de DQO

CONCLUSÕES

Após o período de interrupção da alimentação por dois meses, a eficiência de remoção de DQO
apresentou-se elevada com valores de 87% ± 9% (média e desvio padrão), mesmo com valores de DQO
afluente variando de 2.131 a 7.474mgO2.l-1. Para tal remoção, considera-se então que não foi necessário
um período de readaptação da biomassa anaeróbia. O reator UASB em estudo apresenta-se
superdimensionado para o efluente líquido industrial gerado, o que influi também neste resultado.
AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Engenharia Civil, pelas instalações e recursos colocados à disposição para a realização da
pesquisa. À CIA CAMPINEIRA DE ALIMENTOS, pela permissão de pesquisar o reator anaeróbio de seu
sistema de tratamento de efluentes. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -
CNPq, pela concessão de bolsa de estudos.
REFERÊNCIAS

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