Você está na página 1de 11

Dp!!!!

 A conduta de X qualifica-se como uma açaõ encoberta/ provocadora/ infiltrada.

Tendo em conta que:

A provocação é um meio enganoso de obtenção de prova. Está prevista na al. A)n2 do


126 do CPP, por

 As distinções na doutrina e na jurisprudência entre as 3 figuras (o agente


encoberto, o agente infiltrado e o agente provocador) e as dúvidas sobre o seu
enquadramento legal;

Na esteira de Meireis, a distinçaõ entre “agente infiltrado” e “agente encoberto” assenta


num critério que tem por base o grau de ingerência na esfera jurid́ ica dos particulares,
concretamente nos seus direitos e liberdades fundamentais.

O “agente infiltrado” designa os agentes da autoridade ou particulares11, em


colaboraçaõ com as instâncias formais, que, ocultando a sua identidade ou qualidade,
interagem com o(s) suspeito(s) e conquistam a sua confiança, acompanhando os seus
atos e praticando, se necessário, atos de execuçaõ criminosa, com a finalidade de obter
provas incriminatórias ou de prevenir a prática de futuros crimes12.

Por seu turno, o “agente encoberto” identifica-se com a figura do “polić ia à paisana”: o
agente da autoridade ou terceiro particular (a atuar de forma concertada com a polić ia),
que, igualmente sem revelar a sua identidade ou qualidade, comparece em locais ligados
ao crime, com o objetivo de desvendar eventuais criminosos, naõ interferindo nas
condutas criminosas, nem sequer estabelecendo qualquer proximidade com os suspeitos.
A sua conduta é “de absoluta passividade relativamente à decisaõ criminosa”, pois
“naquele lugar e naquele momento poderia estar qualquer outra pessoa e as coisas
aconteceriam da mesma forma”13 14.

Em sentido diverso, Oneto (2005:138 e 140) nega a distinçaõ entre agente infiltrado e
encoberto, a naõ ser que este último se identifique com o “agente à paisana”, caso em
que admite a diferenciaçaõ na medida em que o agente encoberto corresponderia taõ só
a uma subespécie do agente infiltrado15. Contudo, conclui pela inexistência de
autonomia conceptual entre a figura do AI e AE, considerando este último “aquele que
pode ocultar a sua qualidade ou identidade no seu relacionamento com terceiros,
mantendo-os na ignorância para ganhar a sua confiança”

Por fim, o “agente provocador”19 afasta-se destes dois últimos “agentes” na medida em
que se caracteriza como aquele que conduz outrem ao cometimento de um crime –
provoca o crime, “instigando-o, induzindo-o” (Andrade, 1992:221). O provocador naõ
quer o crime em si mesmo (o dolo naõ é de consumaçaõ ), antes procura incriminar o
provocado, para que este seja penalizado
 Os traços gerais do regime jurid́ ico das acções encobertas previsto na Lei n.o
101/2001, de 25 de Agosto;

Expostas as duas conceções, aderimos ao entendimento de Oneto, aquele que mais vai
ao encontro do espiŕ ito da lei. É que o legislador, no RJAE (Lei n.o 101/2001), subsume
o agente interveniente em operações “com ocultaçaõ da sua qualidade e identidade” à
denominaçaõ de “agente encoberto”18

Atualmente, as ações encobertas saõ objeto de um regime jurid́ ico próprio, estabelecido
ao abrigo da Lei n.o 101/2001

Aqui é dada, pela primeira vez, no n.o 2 do art.1o, uma noçaõ de “açaõ encoberta”, a
saber “aquelas que sejam desenvolvidas por funcionários de investigaçaõ criminal ou
por terceiro actuando sob o controlo da Polić ia Judiciária para prevençaõ ou repressaõ
dos crimes indicados neste diploma, com ocultação da sua qualidade e identidade”47.

Mas a grande novidade do RJAE é a ampliaçaõ do catálogo de crimes em relaçaõ aos


quais se permite, para efeitos de prevençaõ e de repressaõ , a utilizaçaõ de ações desta
espécie48. De facto, no art.2o, a juntar aos já acautelados crimes de tráfico de
estupefacientes e substâncias psicotrópicas, de corrupçaõ e outros no âmbito
económico-financeiro, surgem, em certas circunstâncias aí discriminadas, crimes como
o homicídio voluntário, os crimes contra a liberdade e contra a autodeterminaçaõ
sexual, tráfico e viciaçaõ de veículos furtados ou roubados e tráfico de pessoas, que
estaõ longe de se identificar com a criminalidade organizada conforme a
caracterizámos49.

O RJAE estabelece, no seu art.3o, os “requisitos” a observar no uso deste expediente,


“legitimando-o e limitando-o” (Valente, 2009:398). Assim, o n.o 1 consagra o princípio
da proporcionalidade, como condiçaõ para se lançar maõ das ações encobertas, devendo
estas “ser adequadas aos fins de prevençaõ e repressaõ criminais identificados em
concreto” e “proporcionais quer àquelas finalidades quer à gravidade do crime em
investigaçaõ ”.

Após tal crivo prévio, faz-se diferenciaçaõ consoante a açaõ encoberta se desenrole com
finalidades preventivas ou de repressaõ criminal: se a açaõ se destinar a operações de
prevençaõ criminal, mais exigentemente, a sua realizaçaõ dependerá de autorizaçaõ do
juiz de instruçaõ criminal, após proposta do MP (v. n.os 3 e 4 do art.3o,
respetivamente); caso esteja a decorrer o inquérito, o recurso a tal açaõ é feito mediante

autorizaçaõ do “competente magistrado” do MP, embora sujeita a posterior


comunicaçaõ ao juiz de instruçaõ 50.

Acresce, ao abrigo do n.o 6 do art.3o, que, no desenrolar da açaõ encoberta, impende


sobre a PJ o dever de fazer o relato da intervençaõ do AE à autoridade judiciária
competente, no prazo máximo de 48 horas após o seu termo51.

O art.5o traz outra novidade: o regime de identidade fictić ia. Esta só pode ser concedida
a agentes da polícia criminal, uma vez que a norma é omissa em relaçaõ a eventuais
terceiros que intervenham nestas ações (n.o 1 do art.5o)52.
Por fim, encontra-se plasmado no art.6o o regime da isençaõ de responsabilidade penal
do AE53, ao qual nos iremos dedicar nos próximos capítulos da nossa exposiçaõ .

 Os requisitos de validade de uma acçaõ encoberta e a demonstraçaõ da sua


verificaçaõ (ou naõ ) na situaçaõ em apreço.

a utilizaçaõ das ações encobertas é considerada “uma técnica de investigaçaõ de moral


duvidosa”

Buscas:

A resposta deverá ser negativa.

na sequência de uma busca realizada a um escritó rio de advocacia.

Está em causa a possibilidade de o Tribunal de julgamento valorar objectos apreendidos


as buscas e apreensõ es integram meios de obtenção de prova (arts. 174.o-186.o do
CPP), pois constituem procedimentos e instrumentos utilizados (pelas autoridades
judiciárias e pelas poli ́cias criminais) para a aquisição de meios de prova e sua recolha
no processo.

Em geral, a busca é autorizada ou ordenada através de despacho da autoridade


judiciária com um prazo de validade máximo de 30 dias –, devendo esta, sempre que
possi ́vel, presidir à diligência (art. 174.o, n.os 3 e 4, do CPP), e respeitadas as
formalidades do art. 176.o do CPP.
Também a apreensão exige, em princi ́pio, despacho da autoridade judiciária a autorizar,
ordenar ou validar a sua realizaçao ̃ , podendo os órgãos de poli ́cia criminal realizar
apreensõ es no decurso de buscas, sem prejui ́zo da sua necessária validação pela
autoridade judiciária num prazo máximo de 72 horas, ex vi dos arts. 178.o, n.os 4 e 5, e
249.o, n.o 2, al. c), do CPP.
Todavia, tratando-se de buscas e apreensõ es a escritó rios de advogados, a sua
realização, durante o inquérito, é da competência exclusiva do Juiz de Instrução Criminal
(v. art. 268.o, n.o 1, al. c), do CPP) e, em qualquer dos casos e sob pena de nulidade,
"presidida pessoalmente pelo juiz, o qual avisa previamente o presidente do conselho
(distrital) da Ordem dos Advogados [...], para que o mesmo, ou um seu delegado, possa
estar presente" (arts. 177.o, n.o 5, e 180.o do CPP).
No caso sub judice, o produto do roubo constitui um objecto suscepti ́vel de apreensão,
ex vi art. 178.o, n.o 1, do CPP. Mas tendo a apreensão daquele objecto sido efectuada
no escritório de advocacia de X e na sequência de busca realizada a esse mesmo
escritório, exigia-se que, no decurso do inquérito, aquelas diligências tivessem sido
realizadas pelo Juiz de Instrução Criminal e, em qualquer dos casos, que fossem, sob
pena de nulidade, presididas pessoalmente por
juiz, o qual avisaria previamente o Presidente do respectivo Conselho Distrital da
Ordem dos Advogados, para que o mesmo, ou um seu delegado, pudesse estar presente
(arts. 177.o, n.o 5, e 180o do CPP). Dado que tal parece não ter sucedido, seria possi ́vel
considerar como meios proi- bidos de obtenção de prova a busca e a apreensão
realizadas. Além disso, o carácter proibido dos meios de obtenção de prova implica, em
princi ́pio, a proibição de utilização (= valoração) das provas obtidas, já que estas são
igualmente nulas e não podem ser usadas, sendo certo que a violação da proibição de
valoração determina a invalidade do acto e eventualmente dos termos subsequentes
(art. 32.o, n.o 8, da CRP e arts. 118.o, n.o 3, e 126.o, n.os 1 e 3, do CPP). E o desrespeito
dos pressupostos das buscas e apreensõ es em escritó rio
de advogado gera também a nulidade e a inadmissibilidade da prova, sujeitando-se ao
regime especial das nulidades extra-sistemáticas previsto no art. 126.o, n.o 3, do CPP,
que consagra as chamadas proibições relativas de prova, uma vez que os preceitos que
estabelecem aqueles pressupostos constituem os casos previstos na lei de restrição a
direitos de liberdade.
Portanto, in casu não poderiam ser usados nem valorados pelo Tribunal os objectos
apreendidos. Caso fossem utilizados ou valorados, poderia ser arguida a nulidade da
prova obtida com fundamento no carácter proibido dos meios de obtenção de prova
(arts. 118.o, n.o 3, 126.o, n.o 3, 177.o, n.o 5 e 180.o do CPP). E, ainda que a nulidade em
questão não fosse arguida ou
4

conhecida antes do trânsito em julgado da decisão final, seria possi ́vel interpor recurso
de revisão da sentença que se fundasse na valoração de prova nula (art. 449.o, n.o 1, al.
e), do CPP).

Apreensão:

A resposta deverá ser negativa.


Em primeiro lugar, os agentes da PJ não poderiam ter apreendido os telemó veis dos
Arguidos, por não estarem preenchidos os pressupostos legais constantes dos art. s
178.o, maxime do seu n.o 4, e 249.o, n.o 2, al. c), do CPP.
Em segundo lugar, quanto à leitura e valoração das mensagens SMS guardadas nos tele-
móveis dos Arguidos, as mesmas constituem comunicações transmitidas por via
telemática, estando guardadas em suporte digital (no cartão ou na memó ria do
telemóvel), pelo que parecem abrangidas pela extensão do regime das escutas
telefónicas consagrada no art. 189.o, n.o 1, do CPP. Há que atender aqui, contudo, ao
art. 17.o da Lei n.o 109/2009, de 15 de Setembro (norma aplicável por via do art. 11.o,
n.o 1, al. c), da mesma Lei). Por força desse artigo 17.o, para a apreensão de SMS (trata-
se de apreensão de SMS já recebidos e guardados no telemó vel, e não da intercepção
de SMS durante o envio), é necessária ordem ou autorização do juiz. Dispõ e a lei, além
disso, que se aplica “correspondentemente” o regime da apreensão de correspondência
pre- visto no Có digo de Processo Penal.
Embora a pena prevista para o crime de roubo seja superior a três anos – dando-se assim
por cumprido o requisito da al. b) do art. 179.o, n.o 1, deste Có digo –, e mesmo
admitindo que os requisitos das restantes ali ́neas estavam preenchidos, nada se refere
na questão sobre ter havido autorização judicial ou consentimento dos Arguidos. Note-
se que mesmo tal autorização não bastaria, pois o n.o 3 deste artigo dispõ e que o juiz
“é a primeira pessoa a tomar conhecimento do conteúdo da correspondência
apreendida”, o que também não parece ter-se verificado no caso.
Não havendo ordem ou autorização do Juiz de Instrução Criminal nem consentimento,
a prova seria nula, nos termos do art. 179.o, n.o 1, do CPP. Tal nulidade constitui uma
verdadeira proibição de prova, nos termos do art. 126.o, n.o 3, do CPP, que consagra as
chamadas proibições relativas de prova, devido ao facto de as provas serem válidas nos
casos previstos na lei ou mediante o consentimento do titular dos direitos em causa.
5
Trata-se de uma nulidade sui generis, que não se reconduz nem à s nulidades
insanáveisdo art. 119.o nem às nulidades dependentes de arguição do art. 120.o,
conforme resulta dos art.s32.o, n.o 8, da CRP e 118.o, n.o 3, do CPP. Deste modo, não
havendo autorização judicial nemconsentimento dos Arguidos, as mensagens SMS não
poderiam ser utilizadas nem valoradas,devendo ser desentranhadas dos autos e não
podendo ser repetidas. Acresce que esta nulidadepoderia ser arguida mesmo depois do
trânsito em julgado da decisão condenató ria, em recursoextraordinário de revisão (art.
449.o, n.o 1, al. e), do CPP).
As provas proibidas apenas podem ser utilizadas para proceder criminalmente
contraquem recorreu às mesmas, nos termos do art. 126.o, n.o 4, do CPP.

6. Uma vez que a carta apreendida ainda se encontrava fechada, está em causa uma
apreensão de correspondê ncia.
Nos termos do art. 179.o, n.o 1, a apreensão de correspondência tem de ser ordena- da
ou autorizada por um Juiz, sob pena de nulidade. O enunciado não é claro sobre o
cumprimento do disposto nessa norma. Já é mais clara, porém, a violação do regime da
apreensão de correspondência quando se diz que a poli ́cia abriu e leu “imediatamente”
a carta apreendida: nos termos dos arts. 179.o, n.o 3, e 252.o, n.o 1, a correspondência
tem de ser lida, em primeiro lugar, pelo Juiz. Excepcionalmente, os Ó rgãos de Poli ́cia
Criminal podem ser os primeiros a proceder à leitura, mas mesmo ai ́ tem de haver
autorização pelo Juiz: art. 252.o, n.o 2.
Tendo sido infringido o disposto nestas normas, está em causa a violação de uma
proibição de prova, nos termos do artigo 126.o, n.o 3: “são [...] nulas, não podendo ser
utili- zadas, as provas obtidas mediante intromissão [...] na correspondência”. Deste
modo, a carta não deveria ter sido utilizada como meio de prova.
A confissão integral e sem reservas tem, entre outros efeitos, o de se dar imediata-
mente como provados os factos confessados, nos termos do art. 344.o, n.o 2, al. a). A
con- fissão feita por Alberico constituiria em teoria, portanto, meio de prova válido para
funda- mentar a condenação. Deve discutir-se, contudo, se a valoração dessa confissão
não estaria impedida pelo efeito-à-distância da proibição de prova. Ou seja, se a
proibição de utilização da carta apreendida não se estenderia à valoração da confissão.
Uma vez que, aparentemente, Alberico confessou os factos de livre vontade, este
poderia ser um caso de excepção à regra do efeito-à-distância, na medida em que o
arguido, com a sua conduta, parece vir “limpar a nó doa” introduzida no processo com a
violação da proibição de prova.
Seria valorada a referência ao Ac. do Tribunal Constitucional n.o 198/2004, de 24 de
março de 2004 (relator: Moura Ramos), que considerou que a invalidade da prova
primária nã o afetava uma poste- rior confissã o voluntária e esclarecida quanto à s suas
consequências, tratando-se de um ato independente praticado de livre vontade.
Há doutrina que considera, porém, que a confissão não pode ter esse efeito em ca- sos
como o presente, por não ter sido uma confissão esclarecida: o arguido apenas confes-
sou por ter sido confrontado com a carta apreendida em julgamento e em virtude de
ter acreditado que a mesma serviria de meio de prova “concludente” contra si. Assim, o
efeito- à-distância manter-se-ia e a confissão deveria ser desconsiderada. Deve discutir-
se se a base legal para este efeito pode ser encontrada no art. 122.o, n.o 1, do CPP ou,
eventualmente, apenas no art. 32.o, n.o 8, da CRP.
Dado que a sentença condenató ria já transitou em julgado, o arguido pode apenas
interpor recurso extraordinário de revisão, nos termos do art. 449.o, n.o 1, al. e).

Escutas telefónicas:
Lesa direitos fundamentais.

Põem-se em causa valores constitucionais como o direito à palavra, o direito à


privacidade, o direito à intimidade e o direito ao sigilo das telecomunicações : Direitos
substantivos: direito à palavra, autodeterminação comunicacional, integridade e
inviolabilidade dos sistemas comunicaicionais, etc. (artigo 34 crp).

Direitos adjetivos: nemo tenetur, garantias da defesa, contraditório.


187: pressupostos para a admissibilidade.

Dessa exigência nos damos conta nos Art.o 187.o e 188.o do CPP, relativos à
admissibilidade e à formalidade das operaç ões de escutas telefónicas, de onde se
destaca:

1. i) que só um juiz pode determinar a intercepçaõ telefónica, apenas a


requerimento do Ministério Público e conquanto fundamente a sua decisaõ 2;
2. ii) amedidaestálimitadaàfasedeinquérito,deondedecorrequeestávedadaasua
utilizaçaõ na fase de instruçaõ e julgamento3, assim como naõ pode ser
autorizada em fase pré ou extra-processual;
3. iii) as escutas telefónicas saõ admissiv́ eis apenas quanto a um catálogo restrito
de crimes4;
4. iv) é exigida a verificaçaõ de uma suspeita fundada da prática de um crime5 de
catálogo, naõ estando as escutas telefónicas legitimadas em caso de mera
suspeita de crime, ou seja, naõ basta apenas a notić ia do crime ou uma denúncia
anónima é necessário que a isso se some já um certo nível de indić ios;
5. exige-se um maior grau de ponderaçaõ , no caso concreto, sobre a necessidade, a
proporcionalidade e a adequaçaõ na determinaçaõ deste meio de obtençaõ de
prova, pois o mesmo só deve ser autorizado quando for “indispensável para a
descoberta da verdade” ou no caso da prova ser, de outra forma, “impossível ou
muito difícil de obter”
6. vi) a limitaçaõ a um ciŕ culo restrito de potenciais visados, estabelecendo a lei
como que, a par de um “catálogo de crimes”, um “catálogo de pessoas”6 que
podem ser alvo de escutas telefónicas, incluindo neste a vit́ ima, mediante o seu
consentimento;

vii)a fixaçaõ de um prazo máximo para cada intercepçaõ telefónica (3 meses), sendo
que esse prazo pode ser renovado por igual período até ao limite do prazo do inquérito,
desde que se mantenham os requisitos de admissibilidade inicial7;

viii) a exigência de controlo efectivo e contiń uo das escutas por parte do juiz, que se
consubstancia na fiscalizaçaõ quinzenal das conversações telefónicas entretanto
interceptadas, sendo que as mesmas lhe saõ levadas por parte do M.P., que as recebeu
do OPC, efectuando o juiz o controlo da legalidade da execuçaõ da medida e da
necessidade de continuaçaõ da mesma.

188: requisitos e formalidades das operações.


Proporcionalide, segundo Este Acs. do TC n.os 187/2001; 632/2008
Desdobra-se em 3:
Necessidade: exigibilidade: inexistência de outros meios;
• Adequação: ponderação com correspondência entre meio- fim: jui ́zo sobre a
idoneidade do meio;
• Proporcionalidade stricto sensu/racionalidade/justa medida: exata medida (nem mais,
nem menos); proibição do excesso.

D) O princípio da proporcionalidade

11 - O que seja o conteúdo rigoroso da proporcionalidade, textualmente referida na parte


final do n.º 2 do artigo 18.º da Constituição, é questão suficientemente tratada pela
jurisprudência do Tribunal.

Com efeito, e como se disse, por exemplo, no Acórdão n.º 634/93 (referido também no
Acórdão n.º 187/2001), a ideia de proporção ou proibição do excesso - que, em Estado de
direito, vincula as acções de todos os poderes públicos - refere-se fundamentalmente à
necessidade de uma relação equilibrada entre meios e fins: as acções estaduais não devem,
para realizar os seus fins, empregar meios que se cifrem, pelo seu peso, em encargos
excessivos (e, portanto, não equilibrados) para as pessoas a quem se destinem. Dizer isto
é, no entanto, dizer pouco. Como se escreveu no Acórdão n.º 187/2001 (ainda em
desenvolvimento do Acórdão n.º 634/93):

«O princípio da proporcionalidade desdobra-se em três subprincípios:


Princípio da adequação (as medidas restritivas de direitos, liberdades e garantias devem
revelar-se como um meio para a prossecução dos fins visados, com salvaguarda de outros
direitos ou bens constitucionalmente protegidos);

Princípio da exigibilidade (essas medidas restritivas têm de ser exigidas para alcançar os
fins em vista, por o legislador não dispor de outros meios menos restritivos para alcançar
o mesmo desiderato);

Princípio da justa medida ou proporcionalidade em sentido estrito (não poderão adoptar-


se medidas excessivas, desproporcionadas para alcançar os fins pretendidos).»

A esta definição geral dos três subprincípios (em que se desdobra analiticamente o
princípio da proporcionalidade) devem por agora ser acrescentadas, apenas, três
precisões.

Ac. STJ 3/2017 - Fixação de jurisprudência:


“A partir do encerramento do inquérito com dedução de acusação, o arguido, até ao
termo dos prazos referidos no n.o 8 do artigo 188.o do Código de Processo Penal, tem
o direito de examinar todo o conteúdo dos suportes técnicos referentes a conversações
ou comunicações escutadas e de obter, à sua custa, có pia das partes que pretenda
transcrever para juntar ao processo, mesmo das que já tiverem sido transcritas, desde
que a transcrição destas se mostre justificada”.

Conhecimentos fortuitos vs. conhecimentos da investigação (187.o/7 CPP):


• Conhecimentos da investigação: todos os que são adquiridos no processo e relativos
aos crimes objeto da investigação (independentemente do ni ́vel de comparticipação);
• Conhecimentos fortuitos stricto sensu: a valorar noutro processo e crimes de catálogo.

126/3

Como meio de obtenção de prova as escutas telefónicas devem cingir-se ao


estritamente necessário pois têm um âmbito subjectivo demasiado alargado, por
conseguinte, para além de serem atentatórias de inúmeros direitos constitucionalmente
consagrados das pessoas visadas, põem em causa direitos e liberdades fundamentais de
muitas outras pessoas que com aquelas se relacionam mediante a utilização das
comunicações telefónicas.
Através de uma intercepção telefónica descobre-se a vida da pessoa escutada, a vida
das pessoas que com aquela falam e ainda a vida de outras pessoas sobre as quais
aquelas entendam falar10, advindo daqui um mancha de danosidade social que alastra
de forma incontrolável e de difícil contenção.
A voz off revela as conversas de qualquer telefone ou ppessoa a falar é captada e
intercdeptada. É a voz exterior a cena, no caso das telecomunicações. Foi apanhada na
rede teefonica mas dela não faz parte.

Direito 34 e 26. Há uma quebra ao sigilio das telecomunicações.


Apenas fazendo conversas cara a cara é que conseguem ter esse direto protegido.
É posto em causa o dieito da reserva da vida privada.

A voz-off é efectivamente conversa entre presentes, só que por ser realizada perto do
microfone de um aparelho de telecomunicações que está activado, vem a ser captada e
interceptada no âmbito da medida das escutas telefónicas, não tendo nada a ver com o
regime das escutas telefónicas mas sim com o das escutas ambientais.

Assim somos da opiniaõ que a voz-off, enquanto conversa entre presentes, naõ se rege
pelo regime das escutas telefónicas mas sim pelo regime das escutas ambientais28.

( Igual doutrina defende BENJAMIM S. RODRIGUES: “As captações e gravações de conversações ou


comunicações, a partir de um aparelho sobre vigilância ou monitorização, por decisão judicial, fora das
redes de comunicações electrónicas, mas a partir das mesmas – como ocorre com o microfone do
telemóvel que capta voz-off -, não se rege pelo regime especi ́fico das escutas telefónicas, mas outrossim
por essoutro das denominadas “gravações ambientais” ou “face to face”, com a especificidade que,
aqui, se aproveita o microfone do telemó vel e não se coloca o mesmo, de modo autónomo, na
habitação ou espaços frequentados pelo sujeito: e, ainda, com a outra especificidade de se tratar de
uma captação que é “comunicada” ou “transmitida” a partir da rede de comunicações electrónicas,
funcionando, involuntariamente, nesse espaço de “stand-by”, inconscientemente e sem vontade do
titular, o seu telemóvel como meio de propagação de conversações que se encontra a ter e que não
pretende comunicar.” )

O legislador veio, a partir de 1998, a equiparar às intercepções e gravações das


conversações e comunicações levadas a cabo por telefone as intercepções das
comunicações entre presentes (art.o 189.o, n.o 1, “in fine” do CPP).

Esta extensaõ foi uma medida legislativa imperfeita29, porquanto mistura duas
realidades que naõ têm similitude entre si, uma coisa é a intercepçaõ de conversas
telefónicas outra coisa é a intercepçaõ de conversas entre presentes.

As conversas entre presentes por serem muitas vezes efectuadas em espaço fechado, no
domicílio, último reduto da intimidade da vida pessoal e familiar e porque muitas vezes
efectuadas debaixo de um clima de elevada intimidade entre os interlocutores,
propiciam a revelaçaõ de aspectos da vida das pessoas, como as suas tendências sexuais,
ideológicas, religiosas, questões sentimentais e de saúde, que põem em causa a núcleo
mais iń timo de cada um, pelo que, sendo expostas, por via da voz-off como uma vulgar
escuta telefónica, podem ser inconstitucionais por atentatórias da dignidade humana30.

Assim, pelo simples facto de no Art.o 189.o do CPP o legislador referir que o regime
das escutas telefónicas é correspondentemente aplicável à intercepçaõ das
comunicações entre presentes, naõ legitima a admissibilidade da interceptaçaõ e
gravaçaõ da voz-off no contexto das escutas telefónicas31.
Como tal entendemos que a intromissaõ nas conversações entre presentes, cara a cara,
mas apenas em espaço aberto, isto é, em espaços púbicos, encontra-se sujeita às regras
constantes do art.o 189.o, n.o 2 do CPP, aplicando-se-lhe a quase totalidade das regras
tiṕ icas do regime geral das escutas (quanto à admissibilidade e formalismos) naõ quanto
às conversas em voz-off que saõ apanhadas nas comunicações telefónicas, mas sim as
que saõ apanhadas por meio de microfones colocados exclusivamente para o efeito.

Assim, se quisermos que os microfones dos telefones actuem como microfones


captadores de escutas ambientais (voz-off) é necessário uma autorizaçaõ judicial
específica33.

O acórdão da 5.a Vara Criminal de Lisboa – Proc.o 1015/07.3PULSB

Com efeito, aqui reside, na perspectiva do Tribunal, o fundo da questão. As conversas


em voz-off apenas podem ser admitidas como prova em relação ao alvo em causa, ou
seja, se as palavras ou expressões que assim são gravadas tiverem sido proferidas pela
pessoa que estava a ser escutada por aquele telefone, pois só assim pode operar a
extensão da autorização judicial permitida pela parte final do no1 do Arto 189 do CPP.

Depois, no mesmo artigo, pode ler-se: (...) Um juiz do Tribunal da Relaç ão de Lisboa
desvaloriza: “Se o juiz autoriza que um telefone seja escutado, qualquer conversa
captada por esse telefone é válida e legal. Não vejo onde está o problema.” Nem
Carlos Alexandre: “A gravaç ão da voz-off enquadra-se na autorizaç ão de intercepç ão
telefónica, mesmo porque o meio pelo qual a conversa é gravada mais não é do que o
telefone.” Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, não está de acordo:
“Conversas em off não são escutas telefónicas.” O bastonário recorda que conversas
telefónicas só se fazem de um aparelho para o outro. “O resto são conversas de café.”

naõ é o meio que convalida uma conversa de voz-off em conversa telefónica, a conversa
em voz-off é uma conversa ambiental e como tal naõ deveria ter sido validada, devendo
o Tribunal ter admitido os argumentos do arguido e determinado a nulidade da mesma.

A voz-off, porque escuta ambiental, interceptada via escuta telefónica acarreta uma
proibiçaõ de valoraçaõ , contudo face ao Art.o 248 do CPP, o OPC que tiver dela
conhecimento e caso na mesma sejam revelados factos que consubstanciem um crime
tem que informar o M.P., no mais curto prazo de tempo, para que aquele dê inicio a um
eventual procedimento criminal.

Assim, aquilo que naõ podia inicialmente ser valorado, vem no entanto a sê-lo por via
da notić ia do crime
Prova digital, conde correia.

CPP

O regime de escutas telefónicas esta estendido para outras conversações


designadamente correio eletrónico ou outras formas que se encontrem guardado em
suporte digital. 189 n1
E ate a obtenção sobre a localização célula ou de reisto de comunicações n2

Estender o regime das escutas ao email...

Você também pode gostar