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AS CORRENTES DO PENSAMENTO ECONOMICO

A diversidade de correntes de pensamento em economia explica-se não só pela


diversidade dos métodos, dos assuntos estudados, das questões que se levantam, mas
também por divergências ideológicas.

1. Clássicos

Chamam-se "clássicos" aos autores do século XIX, defensores da livre concorrência.


Para Adam Smith, o mercado é a "mão invisível" que harmoniza a procura do interesse
individual com o interesse geral. Os autores clássicos são David Ricardo, John Stuart
Mill , o francês Jean Baptiste Say.

Os clássicos, como aliás os neoclássicos, não são todos defensores de um liberalismo


radical.

2. Neoclássicos e "novos clássicos"

• O termo neoclássico designa os economistas oriundos da "revolução


marginalista" dos anos 1870, que se baseia nas escolhas individuais - à maneira
da microeconomia actual. O modelo neoclássico de referência é o do equilíbrio
geral, proposto inicialmente por Léon Walras, mas do qual Kenneth Arrow e
Gérard Debreu apresentaram uma versão mais elaborada, no início dos anos
1950.
• Os "novos clássicos"(dos quais Robert Lucas, Prémio Nobel da Economia em
1955, é o mais importante) defendem a teoria das antecipações racionais(os
agentes económicos intervêm como conhecedores esclarecidos da economia) e
"a economia do ciclo real", que lança os fundamentos de uma análise
microeconómica da macroeconomia. Esta corrente do pensamento teve um
grande eco nos anos 80.

3. Keynes e os Keynesianos

Para Keynes (1883-1946), o Estado deve intervir na economia para suprir as carências
do mercado. O keynesianismo dominou o pensamento económico dos anos 50 aos anos
70. Os seguidores de Keynes separaram-se em duas famílias: os teóricos da síntese que
tentaram uma fusão de Keynes e dos neoclássicos (J.Hicks, P. Samuelson, P. Solow,
etc.) e os que permaneceram fiéis a um Keynes anticlássico (Escola de Cambridge, N.
Kaldor, R. Harrod, J. Robinson). Hoje uma nova geração de Keynesianos emerge (O.
Blanchard, J. Stiglitz, S. Fischer, D. Romer...)

4. Marx e os Marxistas

Marx quis fundar uma teoria geral das crises do capitalismo que conduziriam ao seu
desmoronamento final. Face à capacidade do capital em sobreviver e em se adaptar, os
marxistas propuseram uma teoria do imperialismo (Lenine, R. Luxemburgo, S. Amin), a
seguir do neocapitalismo (P. Baran, Sweezy...), e dos ciclos e crises (E. Mandel).

5. Heterodoxos, socioeconomistas, institucionalistas

Não é uma escola bem constituída mas um conjunto de autores e de correntes


heterogéneas que têm em comum pensar a economia a partir das instituições e das
forças sociais que a compõem. A economia é estruturada por regras, convenções,
normas, organizações. Referem-se habitualmente os institucionalistas americanos
(Veblen, Commons, Clark), e autores como J. A. Schumpeter, F. Perroux, J. Galbraith,
A. Hirschman, A. Sen).Em Fraça, a socioeconomia é representada pela Escola da
regulação e a Escola das convenções.

6. Monetarismo

Milton Friedman (nascido em 1912, prémio Nobel da Economia 1976) é o líder desta
corrente. Oposto ao keynesianismo o monetarismo desenvolveu-se no fim dos anos 60.
Segundo a teoria quantitativa da moeda, a quantidade de moeda em circulação tem um
efeito directo sobre os preços: demasiada moeda conduz à inflação. Para lutar contra a
inflação, o Estado deve limitar a criação monetária.

7. Economia da oferta

"Demasiado imposto mata o imposto". Este é o credo de Arthur Laffer, o guru da


economia da oferta, que inspirou a política de Ronald Reagan nos anos 80. Uma taxa de
imposto demasiado elevada desencoraja o investimento e a actividade.

Sciences Humaines, Set./Out., 98

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