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ASPECTOS TECNICOS DA IMPLANTAÇÃO DE CALENDÁRIO DE VACINÇÃO

PARA BOVINOS NA COMUNIDADE LINDA FLOR


TECHINICAL ASPECT OF THE IMPLEMENTATION OF THE VACCINATION
SCHEDULE FOR DAIRY CATTLE IN THE COMMUNITY LINDA FLOR

SANTOS, D. L.¹; FREITAS, A. K. S.2; SOUZA, L. O.3; CAMPOS, A. C.4 & JALFIM, F. T.5
1 Universidade Federal de Sergipe, daniellima796@hotmail.com, 2 Universidade Federal de Sergipe,
adlerkamila@hotmail.com, 3Universidade Federal de Sergipe, lays_antonelle@hotmail.com,
4Universidade Federal de Sergipe, anabutron@gmail.com, 5Universidade Federal de Sergipe,

fjalfim@gmail.com.

Resumo

O Brasil apresenta uma expressiva quantidade de bovinos utilizados para a exploração


leiteira, uma parte desse rebanho é visto em pequenas propriedades, sendo o produto para
se obter o sustento de diversas famílias em todo o país. Geralmente não é observado, nas
propriedades que exploram a atividade leiteira, um adequado manejo sanitário para esses
animais o que resulta em uma baixa produtividade, resultando em prejuízos para o
proprietário. O manejo sanitário, adequado a necessidade do rebanho e da região, é uma
ferramenta de extrema importância para o bom desempenho do plantel, no entanto deve ser
observado alguns critérios para se obter êxito. O seguinte trabalho tem como objetivo mostrar
os aspectos técnicos da implantação de um calendário de vacinação para bovinos leiteiros na
comunidade Linda Flor, município de Porto da Folha no alto sertão sergipano.

Palavras chave: Manejo sanitário; vacinação; conscientização; prevenção.


Keywords: Sanitary management; vaccination; awareness; prevention.

Introdução

O Brasil detém do segundo maior rebanho de bovinos do mundo, segundo dados do


Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, destacando-se como maior exportador e o
segundo maior produtor de carne bovina. Na produção leiteira, de acordo com a Pesquisa da
Pecuária Municipal, a estimativa de produção em 2017, foi de 33,5 bilhões de litros de leite
(IBGE, 2017), tornando-se a bovinocultura leiteira uma das práticas com maior ênfase na
agropecuária do país, concluindo-se dessa forma, que a sanidade desses animais acabam
sendo indispensável por assegurar a produtividade no rebanho (FLORIÃO, 2013).
Oliveira (1999), descreve as principais enfermidades que interferem na produção e
qualidade sanitária do leite, destacando-se as mastites, a Tuberculose, Brucelose, a Febre
Aftosa e as Clostridioses causadas pelas bactérias do gênero Clostridium, na qual apresentam
caráter zoonótico. A Leptospirose Bovina e a Raiva, também citadas, apresentam-se da
mesma forma, como uma enfermidade zoonótica.
Estudos realizados para demonstrar a caracterização epidemiológica bovina da
Brucelose no estado de Sergipe, demonstrou que a prevalência em propriedades com animais
positivos, foi de 12,6%, enquanto a prevalência de animais soropositivos foi de 3,4%,
resultado bem menor do que aquele expressado pelo Ministério da Agricultura em 1975
(SILVA, 2009).
Segundo o MAPA (2017) também foi realizado estudos de caracterização da
Tuberculose em 2005 no qual demonstrou que o estado de Sergipe possuía naquela época
uma prevalência de focos de 0,22% e de 1,03% em fêmeas acima de 24 meses.
A vacinação é utilizada de forma rotineira na medicina veterinária, como uma medida
preventiva que visa o controle e a erradicação de doenças. Para estabelecer um correto
manejo sanitário de um rebanho, a vacinação se torna a primeira ferramenta a ser utilizada
(GASPAR et al. 2015).
Doenças como Brucelose, carbúnculo sintomático, febre aftosa e raiva podem ser
contidas por meio da vacinação. As vacinas são geralmente aplicadas em animais acima de
4 meses de idade, como o carbúnculo sintomático que devem ser aplicadas a cada seis meses
até os 2 anos de idade, a vacina da raiva, que deve ser repetida anualmente e a Brucelose
onde são vacinadas fêmeas jovens de 3 a 8 meses de idade (BRESSAN, 2000).
Souza (2009) lembra que a decisão da utilização de vacinas assim como a época
propícia para aplicação e a escolha do produto mais indicado, deve estar relacionado e
baseado com a ocorrência das doenças na região. Ainda afirma que é através do médico
veterinário que o pecuarista deve elaborar um calendário de controle sanitário.

Metodologia

A implantação do calendário de vacinação na Comunidade Linda Flor, município de


Porto da Folha, no Alto Sertão Sergipano, ocorreu através de visitas dos alunos da
Universidade Federal de Sergipe, Campus Sertão, dos cursos de Medicina Veterinária e
Zootecnia na comunidade citada. Foram realizadas 3 visitas através do módulo curricular
obrigatório de Ações Integradas em Ciências Agrárias (AICA), na qual tiveram objetivos
diferentes. A primeira visita teve um caráter observador, com o intuito de examinar o manejo
realizado na propriedade e realizar questionamentos sobre o manejo sanitário e as
enfermidades que acometem os bovinos leiteiros nas propriedades daquele local. A segunda
visita à comunidade teve como objetivo a conscientização, no qual foi apresentado uma
palestra aos produtores da comunidade, ressaltando a importância da profilaxia em rebanho
através da vacinação, os prejuízos econômicos ligados as enfermidades infectocontagiosas,
e os perigos que essas enfermidades podem trazer para a saúde humana. No intervalo entre
essas visitas, os discentes elaboraram um calendário de vacinação e panfletos, levando em
consideração os relatos dos proprietários sobre o histórico de doenças e sinais clínicos que
sejam indicativos de algumas doenças, além disso, foi pontuado a característica sócio
econômica da região, o acesso do preço as vacinas, a assistência técnica, o tipo de atividade
desenvolvida na região, pecuária leiteira neste caso, e o manejo, englobando o manejo
sanitário, alimentar e reprodutivo. Na terceira e última visita, os alunos distribuíram os
panfletos em cada propriedade da comunidade Linda Flor, contendo a proposta do calendário
de vacinação formulada, além da distribuição, os alunos se atentaram a explicar
detalhadamente o calendário e a importância de se ter uma assistência técnica, para o
acompanhamento das atividades da propriedade, ressaltando não só a vacinação como todas
as tarefas envolvidas.

Resultados e Discussão

O presente trabalho teve como desfecho, a conscientização dos produtores da


Comunidade Linda Flor, que conseguiram adquirir conhecimento sobre a importância da
vacinação, listar as principais doenças da região, realizar mudanças no manejo sanitário,
diminuindo assim os prejuízos econômicos e perigos para toda a população que lida
diariamente com os animais.
O módulo de AICA (Ações Integradas em Ciências Agrarias) proporcionou uma
integração de discentes com a comunidade, foi atingido pontos positivos com o trabalho,
contribuiu diretamente tanto para o avanço profissional como pessoal dos alunos, e para a
comunidade é esperado um significativo progresso na prevenção de enfermidades do rebanho
bovino. Trabalhos de conscientização como estes devem ser feitos rotineiramente em várias
propriedades, e em várias outras questões, a fim de se ter resultados satisfatórios e contribuir
com o sucesso da comunidade.
Em suma deixamos o pensamento de que a conscientização transforma pensamentos
e o mais importante, tem o poder de modificar realidades.
A busca por uma alta produtividade na produção agropecuária nos faz refletir sobre
alguns aspectos de extrema importância, um desses aspectos é o manejo sanitário na qual
os animais são submetidos. Para obter êxito na produção leiteira, foco da comunidade Linda
Flor, é necessário estabelecer um calendário de controle sanitário do rebanho, respeitando as
categorias encontradas dentro do plantel (CAVALCANTE, 2004). Tendo em vista fatores
econômicos e a facilidade de acesso a vacinas na região estudada, a vacinação se faz uma
boa estratégia dentro do manejo sanitária, a vacinação tem como principal objetivo a
prevenção da ocorrência e disseminação de doenças, mantendo o rebanho saudável e
diminuindo os prejuízos econômicos com tratamentos medicamentosos e até mesmo com
percas por mortes dos animais. No entanto alguns cuidados devem ser tomados para que
essas vacinas tenham eficiência na prevenção das enfermidades, esses cuidas vão desde a
aquisição, o transporte e a armazenagem, até a aplicação da vacina (SOUZA et al., 2009).
A escolha das vacinas é um tópico que deve ser bem esclarecido na propriedade antes
do estabelecimento do calendário de vacinação. Tendo em vista que existe uma grande
variedade de vacinas no mercado, leva-se em consideração as recomendações para cada
enfermidade, algumas enfermidades têm sua prevenção obrigatória dentro de prazos
estipulados pelos programas sanitários estabelecidos pela defesa agropecuária, com isso
essas enfermidades devem estar contidas dentro do programa sanitário da propriedade. Em
outras afecções que não tenham controle obrigatório, devem ser preconizadas a prevenção
de doenças que tenham maior ocorrência na região, levando em consideração o tipo de
exploração, a faixa etária, a movimentação de transito de animais, entre outros (SOUZA et
al., 2009).

Conclusão

A implantação de um calendário de vacinação nas propriedades que exploram a


pecuária leiteira da comunidade linda flor, tendo em vista as características da região, os
fatores sócio econômicos e as enfermidades já relatadas naquela localidade se faz necessário
uma alternativa economicamente viável e de fácil introdução para a prevenção de doenças no
rebanho bovino, dessa forma tende-se a diminuir custos com tratamentos medicamentosos e
perdas de animais do plantel e ainda se torna uma forma de prevenção da saúde dos
populares que trabalham diretamente com a manipulação desses animais.

Referências Bibliográficas

1- BRESSAN, M. ed . Práticas de manejo sanitário em bovinos de leite. Juiz de Fora:


Embrapa Gado de Leite/Área de Comunicação Empresarial, 2000. 65p.
2- CAVALCANTE, F. A. Manejo Necessário no Rebanho Leiteiro para uma Boa Ordenha.
Rio Branco: Embrapa Acre, 2004. 12p.
3- DE SOUZA, V. F.; SOARES O. C.; FERREIRA. S. D. F. Vacinação, a Importância das
Boas Práticas e a Prevenção de Doenças de Interesse em Bovinocultura. Campo
Grande: Embrapa Gado de Corte, 2009. 15p.
4- FLORIÃO, M. M. Boas práticas em bovinocultura leiteira com ênfase em sanidade
preventiva/Monica Mateus Florião. -- Niterói: Programa Rio Rural, 2013. 50 p.
5- GASPAR, E. B.; MINHO A. P.; SANTOS L.R. Manual de Boas Práticas de Vacinação
e Imunização de Bovinos. -- Bagé: Embrapa Pecuária do Sul, 2015. 10p.
6- IBGE. Pesquisa da Pecuária Municipal 2017. Prod. Pec. munic., Rio de Janeiro, v. 45,
p.1-8, 2017.
7- MAPA. Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose
Animal – PNCEBT. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-
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brucelose-e-tuberculose-pncebt> Acesso em: 22 de abril de 2019.
8- OLIVEIRA, M. C. S. Manejo Sanitário em sistemas intensivos de produção de
leite/Márcia Cristina de Sena Oliveira. – São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste,
1999. 22p.
9- PATÊS et al. Aspectos produtivos e sanitários do rebanho leiteiro nas propriedades
do sudoeste da Bahia. Rev. Bras. Saúde Prod. Anim., Salvador, v.13, n.3, p.825-837
jul./set., 2012.
10- SILVA, V.G.S.O. et al. Situação epidemiológica da brucelose bovina no Estado de
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Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
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