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Diogo Campos.

“COMO FALAR
CORRETAMENTE E SEM
INIBIÇÕES.”
Reinaldo Polito - Resenha.

Instituto Teológico Boa Terra


2º Semestre/2018.
Diogo Campos.

“COMO FALAR CORRETAMENTE E SEM INIBIÇÕES”.

Dissertação sobre a parte 2- “O Orador e o


Discurso”, do livro de Reinaldo Polito para a
disciplina de Homilética 1, Professor Thiago
Honorato.

Piraquara / PR.
2018
Enquanto a primeira parte do livro se deteve em estudar o
comportamento do público - o "adversário a ser vencido" pelo orador - a segunda parte
trata de como este pode se utilizar da sua “arma” para sair vitorioso desse embate: o
discurso.
Este capítulo é mais técnico do que o anterior. Como se trata de um fator menos
volúvel do que o ouvinte do discurso, a elaboração do seu conteúdo exige menos
habilidade na área da sensibilidade e mais planejamento e estratégia na área racional do
orador, então a proposta desse capítulo é enumerar uma grade que alinhe as melhores
práticas da oratória para ajudar ao palestrante construir e executar de maneira precisa,
confiante e convincente um discurso bem planejado, integrado de partes distintas entre
si e desenvolvidas com proporcionalidade, porém sem ter a sua criatividade enrijecida
nesse processo.
Os componentes desta grade e suas funções são expostos seguindo essa
sequência:
Introdução: Esse elemento do discurso existe para preparar o ânimo do ouvinte e
envolvê-lo no conteúdo da mensagem, aguçando seu interesse e curiosidade para assim
desarmá-lo e, com três movimentos, conquistar a sua benevolência, docilidade e
atenção:
Benevolência – consegui-la é transformar o ouvinte em um amigo e receber a sua
simpatia. Isso pode ser alcançado com um comportamento polido, oriundo das boas
características do palestrante, como um sorriso sincero e elogios à plateia sem
demagogia.
Docilidade – consegui-la é amansar as indisposições que possam existir por parte dos
ouvintes quanto a ouvir o que você tem a dizer. Para isso, o palestrante pode desarmar o
ouvinte prometendo brevidade. Ao sentir seu tempo valorizado, o ouvinte se inclinará a
deixar-se conduzir através da sua palestra. Porém, mais do que prometer, o palestrante
precisa chamar atenção para os benefícios contidos na brevidade da sua palestra. Outra
tática eficaz é demonstrar e fortalecer a sua autoridade no assunto com citações
relevantes de personalidades de referência, por exemplo, evitando excessos e polêmicas.
Contudo, este objetivo requisita um pouco de sensibilidade do orador, pois se ele
descobre pontos em comum em que a plateia possa se identificar com ele, ele ganhará
mais espaço para conquistá-la. Nesse caso, valem a atenção e o “timing” desenvolvidos
na primeira parte do livro. Da mesma forma, a origem de algumas resistências do
auditório pode ser desconhecida e só serão descobertas e domadas pelo palestrante se
este tiver sensibilidade para se colocar no lugar dos ouvintes, descobrindo um campo de
neutralidade, onde poderá colocar suas opiniões a partir dos pontos em comum com a
plateia, evitando despertar a sua oposição.
Atenção – O orador tem a disposição um arsenal poderoso o suficiente para despertar o
interesse da plateia para o seu discurso, como por exemplo:
 Uma frase impactante – algo parecido com a manchete de Jornal sensacionalista,
que impressione os ouvintes.
 Um fato bem humorado – principalmente oriundo do ambiente e do contexto. Se
for uma sacada original do momento, vai demonstrar habilidade e
espontaneidade do orador, passando a impressão de fluidez e habilidade no
discurso. Uma história interessante bem relacionada ao tema gera resultados
semelhantes.
 Reflexão – propõe a busca de soluções para a plateia, que vai se agarrar ao seu
raciocínio para encontrá-las.
 Benefícios – demonstrar a utilidade da sua mensagem vai convencer o ouvinte a
aproveitá-la, e aludir à ocasião vai lembrá-lo da importância que a sua fala tem.

Preparação
A parte da preparação é composta por elementos que visam tornar clara a
matéria principal do discurso, a Proposição, a Narração e a Divisão.
Proposição – simplifica o que se pretende falar em uma expressão, ajudando o ouvinte
acompanhar o seu raciocínio ao informá-lo o que será dito. A proposição deve
identificar o conteúdo da mensagem e dar clareza ao tema, podendo se localizar em
qualquer parte da Preparação. A proposição pode ser dispensada se o assunto for
polêmico, sem possibilidade de preparo adequado por parte dos ouvintes e já houver
pré-disposição dos ouvintes de se opor à opinião do palestrante; e também quando o
assunto for de domínio público, sem necessidade de simplificações.
Narração – A narração expõe causas e fatos comoventes e convincentes, e busca
aumentar o interesse do ouvinte provocando sua curiosidade e prendendo a sua atenção.
A Divisão – a divisão da narração ou do tema em partes facilita o entendimento da
plateia sobre o que será exposto, propondo caminhos e etapas que ajudam ao palestrante
não se perder no raciocínio. Contudo, ela precisa ter suas partes distintas e com
enfoques bem definidos, sem repetições; precisam sempre ser originadas no mesmo
assunto e devem ser dispostas por ordem de assuntos mais fáceis e conhecidos, seguidos
pelos menos familiares e mais difíceis.
Assunto Central
O assunto central é o conteúdo mais importante e indispensável. Ele atende as
indicações anunciadas na introdução e preparação do discurso, e cumpre a proposição,
desenvolvendo as divisões para convencer e persuadir os ouvintes, vencendo suas
resistências.
Os elementos do assunto central precisam ser dispostos a começar o seu trabalho
de convencimento partindo da lógica, do raciocínio e da razão, para depois apelar para a
moral e emoção, atacando o coração e sentimentos dos ouvintes. Esses elementos
podem ser: exemplos e comparações (que quanto mais simples forem, melhor!);
estatísticas, pesquisas e trabalhos acadêmicos; testemunhos; e ilustrações (que podem
ser reais ou não, desde que em numero limitado e não muito conhecidas).
Conclusão.
A conclusão é o último ataque para vencer as defesas do ouvinte e arrebata-lo
com seu discurso, portanto a essa altura o auditório precisa estar preparado para
acompanhar sua transmissão, que precisa ser proferida com mais vibração, com um
ritmo mais acelerado e voz mais intensa.
De maneira objetiva, a conclusão pode fazer uma curta recapitulação para
reafirmar os principais pontos do assunto central, e partindo da razão à emoção, leva a
plateia à reflexão para comover e convencê-la. O encerramento é a parte mais difícil do
discurso, por isso deve ter uma atenção especial para que possa valorizar a qualidade de
toda exposição, persuadindo o público a agir conforme a sua mensagem.
Assim que todas as informações forem transmitidas é hora do encerramento, que
pode ser feito (como na introdução) aludindo à ocasião, elogiando o auditório,
relevando fatos históricos, bem humorados ou as circunstâncias do momento, que
ajudarão a gravar o conteúdo do discurso na memória dos ouvintes.
Esse capítulo é muito prático e mais fácil de ser assimilado. Mesmo se tratando
de regras, estas servem mais como um guia para a construção de um discurso
convincente do que como um cabresto, que enrijeça a criatividade. Apesar de partir do
mesmo princípio de que o bom desempenho está relacionado tanto ao estudo dedicado
da plateia e do ambiente quanto ao bom planejamento prévio do conteúdo, a aplicação
desses princípios exige menos experiência do que o capítulo anterior, dedicado à
sensibilidade do orador, porque o bom planejamento pode (e deve) ser feito com
antecipação, com oportunidade de ser refeito quantas vezes forem necessárias antes da
apresentação, já a sensibilidade à reação dos ouvintes, por mais que seja estudada
previamente, sempre será mais espontânea e exigirá mais experiência do orador para a
realização de um bom discurso.

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