I - O QUE É LITERATURA? 1- Linguagem ficcional e imaginativa? 2- Linguagem de forma peculiar FORMALISMO: A forma influencia o conteúdo – a forma não é a expressão do conteúdo, o qual se torna uma “motivação” para a forma. Dom Quixote é um artifício para se criar diferentes formas de narrativas; Animal Farm não é uma alegoria do Stalinismo, mas o Stalinismo é uma oportunidade para se criar uma alegoria. Linguagem estranha ao comum – caráter literário da linguagem – “literaturidade” – uso especial da linguagem 3- Discurso não pragmático – nenhuma finalidade prática imediata – linguagem auto referencial que fala de si mesma Enfoque na maneira de que se fala e não na realidade do que se fala – um discurso sobre a mulher não diz respeito a alguma mulher em particular na realidade Não existe uma essência na literatura – qualquer escrito pode ser lido como literatura Literatura é um tipo de escrita altamente valorizada (baseada em juízos de valores instáveis e mutáveis) “Não existe uma obra ou uma tradição literária que seja valiosa em si, a despeito do que se tenha dito, ou se venha a dizer, sobre isso. ‘Valor’ é um termo transitivo: significa tudo aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas em situações específicas, de acordo com critérios específicos e à luz de determinados objetivos” – p.12 – 13 fala importante Terry estende seu pensamento de uma maneira geral ao juízo de valor – não existiria conhecimento sem interesses, porque não veríamos um sentido para adquirir tais conhecimentos. Assim, os interesses são constitutivos do nosso conhecimento, não apenas preconceitos que o colocam em risco. “A pretensão de que o conhecimento deve ser ‘isento de valores’ é, em si, um juízo de valor” p.15 “A estrutura de valores, grande parte oculta, que informa e enfatiza nossas afirmações fatuais, é parte do que entendemos por ideologia” p.16. Mas não somente crenças inconscientes se encaixam em ideologia, como também modos se sentir, avaliar, perceber e acreditar, que se relacionam de alguma forma com a manutenção e reprodução do poder social. Não são apenas caprichos particulares. A maneira como tudo aquilo que dizemos e acreditamos se relacionam com as estruturas do poder e as relações de poder da sociedade em que vivemos, isso é ideologia dita de uma forma simples II – A ASCENSÃO DO INGLÊS Literatura como ideologia no século XVIII e início do XIX Contexto da era Vitoriana – forte moralismo (sexual, costumes), capitalismo industrial e utilitarista de prosperidade econômica através do trabalho, auge da Inglaterra após dominação dos mares e lucro com a venda de escravos – desenvolvimento das classes médias Literatura como forma de alienação da massa trabalhadora – transmitiria riqueza moral da civilização burguesa, reverência pelas realizações da classe média, e como é uma atividade solitária, isolaria qualquer tentativa de coletivização do pensamento e de ações políticas conjuntas dos trabalhadores Romantismo como reação a esse movimento utilitarista – criação imaginativa do romantismo contrária ao racionalismo e empirismo escravizados ao fato; espontaneidade, criativo – transformar a sociedade em nome dos valores e energias representadas pela arte O inglês demorou para chegar entre os meios mais intelectuais e poderosos – inicialmente para mulheres na formação de professoras (afastar elas das matérias mais serias como a ciência e profissões liberais), trabalhadores e servidores públicos d imperialismo britânico para levarem a “superioridade cultural” aos povos colonizados A literatura inglesa chega ao poder após a primeira guerra a partir de um sentimento de consolo e reafirmação nacionalista após a vitória (consolo diante de uma crise de identidade e traumas vividos pela guerra por essa classe governante – busca soluções espirituais na literatura) Scrutiny – revista de crítica literária formada pelos Leavis. 1.Análise crítica rigorosa 2. Atenção disciplinada para com as “palavras contidas na página” com o intuito de ser relevante para a crise espiritual da civilização moderna. 3.Qualidade da linguagem infere na qualidade da vida privada e social de uma sociedade. 4. Sociedade orgânica (século XVII) havia perdurado em certos usos da língua inglesa. 5. O inglês era antes rural, populista e provinciano do que metropolitano e aristocrático. 6. Chauvinismo modulado por uma nova classe social arraigada no “povo inglês”. 7. Proteger a robusta vitalidade do inglês shakespeariano dos que utilizam as palavras sem significados concretos – as palavras são mais sadias quando se aproxima da condição de coisas, deixando com isso de serem palavras. Sem isso, a linguagem está alienada e deteriorada. 8. A grande literatura reverenciava a vida, e a vida podia ser expressa pela literatura – círculo vicioso, intuitivo, impermeável – alheio ao contexto histórico, social e político do sistema que se opunha. 9. Falar da vida criativa e espontânea de forma abstrata, ao mesmo tempo que insistiam nas coisas concretas (contradição forte). Scrunity – muito ligado ao “Close Reading” – método que rejeitava a abordagem beletrista e não temia a desmontagem do texto. Julgavam a grandeza e centralidade literária focalizando em poemas e trechos de prosa isolados do contexto cultural e histórico. Era uma questão de avaliação do tom e da sensibilidade de determinados trechos.