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TEORIA DA LITERATURA: UMA INTRODUÇÃO

TERRY EAGLETON, 1983 (edição)


I - O QUE É LITERATURA?
 1- Linguagem ficcional e imaginativa?
 2- Linguagem de forma peculiar
 FORMALISMO: A forma influencia o conteúdo – a forma
não é a expressão do conteúdo, o qual se torna uma
“motivação” para a forma. Dom Quixote é um artifício para se
criar diferentes formas de narrativas; Animal Farm não é uma
alegoria do Stalinismo, mas o Stalinismo é uma oportunidade
para se criar uma alegoria.
 Linguagem estranha ao comum – caráter literário da
linguagem – “literaturidade” – uso especial da linguagem
 3- Discurso não pragmático – nenhuma finalidade prática
imediata – linguagem auto referencial que fala de si mesma
 Enfoque na maneira de que se fala e não na realidade do que
se fala – um discurso sobre a mulher não diz respeito a alguma
mulher em particular na realidade
 Não existe uma essência na literatura – qualquer escrito pode
ser lido como literatura
 Literatura é um tipo de escrita altamente valorizada (baseada
em juízos de valores instáveis e mutáveis)
 “Não existe uma obra ou uma tradição literária que seja
valiosa em si, a despeito do que se tenha dito, ou se venha a
dizer, sobre isso. ‘Valor’ é um termo transitivo: significa tudo
aquilo que é considerado como valioso por certas pessoas em
situações específicas, de acordo com critérios específicos e à
luz de determinados objetivos” – p.12 – 13 fala importante
 Terry estende seu pensamento de uma maneira geral ao juízo
de valor – não existiria conhecimento sem interesses, porque
não veríamos um sentido para adquirir tais conhecimentos.
Assim, os interesses são constitutivos do nosso conhecimento,
não apenas preconceitos que o colocam em risco. “A pretensão
de que o conhecimento deve ser ‘isento de valores’ é, em si,
um juízo de valor” p.15
 “A estrutura de valores, grande parte oculta, que informa e
enfatiza nossas afirmações fatuais, é parte do que entendemos
por ideologia” p.16. Mas não somente crenças inconscientes se
encaixam em ideologia, como também modos se sentir,
avaliar, perceber e acreditar, que se relacionam de alguma
forma com a manutenção e reprodução do poder social. Não
são apenas caprichos particulares. A maneira como tudo
aquilo que dizemos e acreditamos se relacionam com as
estruturas do poder e as relações de poder da sociedade em
que vivemos, isso é ideologia dita de uma forma simples
II – A ASCENSÃO DO INGLÊS
 Literatura como ideologia no século XVIII e início do XIX
 Contexto da era Vitoriana – forte moralismo (sexual,
costumes), capitalismo industrial e utilitarista de prosperidade
econômica através do trabalho, auge da Inglaterra após
dominação dos mares e lucro com a venda de escravos –
desenvolvimento das classes médias
 Literatura como forma de alienação da massa trabalhadora –
transmitiria riqueza moral da civilização burguesa, reverência
pelas realizações da classe média, e como é uma atividade
solitária, isolaria qualquer tentativa de coletivização do
pensamento e de ações políticas conjuntas dos trabalhadores
 Romantismo como reação a esse movimento utilitarista –
criação imaginativa do romantismo contrária ao racionalismo
e empirismo escravizados ao fato; espontaneidade, criativo –
transformar a sociedade em nome dos valores e energias
representadas pela arte
 O inglês demorou para chegar entre os meios mais intelectuais
e poderosos – inicialmente para mulheres na formação de
professoras (afastar elas das matérias mais serias como a
ciência e profissões liberais), trabalhadores e servidores
públicos d imperialismo britânico para levarem a
“superioridade cultural” aos povos colonizados
 A literatura inglesa chega ao poder após a primeira guerra a
partir de um sentimento de consolo e reafirmação nacionalista
após a vitória (consolo diante de uma crise de identidade e
traumas vividos pela guerra por essa classe governante – busca
soluções espirituais na literatura)
 Scrutiny – revista de crítica literária formada pelos Leavis.
1.Análise crítica rigorosa 2. Atenção disciplinada para com as
“palavras contidas na página” com o intuito de ser relevante
para a crise espiritual da civilização moderna. 3.Qualidade da
linguagem infere na qualidade da vida privada e social de uma
sociedade. 4. Sociedade orgânica (século XVII) havia
perdurado em certos usos da língua inglesa. 5. O inglês era
antes rural, populista e provinciano do que metropolitano e
aristocrático. 6. Chauvinismo modulado por uma nova classe
social arraigada no “povo inglês”. 7. Proteger a robusta
vitalidade do inglês shakespeariano dos que utilizam as
palavras sem significados concretos – as palavras são mais
sadias quando se aproxima da condição de coisas, deixando
com isso de serem palavras. Sem isso, a linguagem está
alienada e deteriorada. 8. A grande literatura reverenciava a
vida, e a vida podia ser expressa pela literatura – círculo
vicioso, intuitivo, impermeável – alheio ao contexto histórico,
social e político do sistema que se opunha. 9. Falar da vida
criativa e espontânea de forma abstrata, ao mesmo tempo que
insistiam nas coisas concretas (contradição forte).
 Scrunity – muito ligado ao “Close Reading” – método que
rejeitava a abordagem beletrista e não temia a desmontagem
do texto. Julgavam a grandeza e centralidade literária
focalizando em poemas e trechos de prosa isolados do
contexto cultural e histórico. Era uma questão de avaliação do
tom e da sensibilidade de determinados trechos.

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