18o Encontro Internacional sobre Pragmatismo

18º Encontro Internacional sobre Pragmatismo
[18th International Meeting on Pragmatism]
5 a 9 de Novembro de 2018
[November 5 to 9, 2018]
Centro de Estudos de Pragmatismo

[Center for Pragmatism Studies]
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia

[Philosophy Graduate Program]
Departamento de Filosofia
[Department of Philosophy]
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

[Pontifical Catholic University of São Paulo]
18º Encontro Internacional sobre Pragmatismo – 2018
18th International Meeting on Pragmatism - 2018
Promoção [Promotion]
Centro de Estudos de Pragmatismo [Center for Pragmatism Studies]
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia [Philosophy Graduate Program]
Departamento de Filosofia [Department of Philosophy]
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Pontifical Catholic University of São Paulo] - PUC/SP
Coordenador [Chair]
Prof. Dr. Ivo Assad Ibri/Diretor do Centro de Estudos de Pragmatismo da PUC-SP
Comissão Científica [Scientific Committee]

Ivo Assad Ibri (PUC-SP); Edelcio Goncalves de Souza (USP); Robert Innis (University of Lowell, Ma, USA);
Eluiza Bortolotto Ghizzi (UFMS); Arthur Araújo (UFES); Cassiano Terra Rodrigues (ITA); Jose Luiz Zanette
(CEP/PUC-SP); Marcelo Silvano Madeira (PUC-SP); Rodrigo Vieira de Almeida (PUC-SP).
Comissão Organizadora [Organizer Committee]

Ivo Assad Ibri (PUC-SP); Edélcio Gonçalves de Souza (USP); Eluiza Bortolotto Ghizzi (UFMS); Cassiano
Terra Rodrigues (ITA); José Luiz Zanette (CEP/PUC-SP); Marcelo Silvano Madeira (PUC-SP); Rodrigo
Vieira de Almeida (PUC-SP); Lúcia Ferraz Nogueira de Souza Dantas (PUC-SP); Renato Fanti (PUC-SP);
Robert E. Innis (University of Lowell, MA, USA); Maria Vitória Canesin Lovato (PUC-SP); Maria Alejandra
Madi (PUC/SP); Flávio Augusto Queiroz e Silva (PUC-SP); Tobias Augusto Rosa Faria (PUC-SP); Caique
Marra de Melo (PUC-SP); Júlio César D’Oliveira (CEP-PUC-SP) Renan Henrique Baggio (PUC-SP).
Equipe Técnica [Supporting Team]

Ed Alves de Figueiredo (PUCSP); Luiz Adelino de Almeida Prado (PUCSP); Marcus Plessmann de Castro
(PUC-SP); Clayton Foschiani (CEP/PUCSP); Desirée Paschoal de Melo (USP); Gabriela L. M. Moreira
(UFMS); Maria Norma Duarte Rodrigues (CEP PUCSP); Bárbara Beatriz Silvestre Sampaio (Faculdade São
Bento); Palloma dos Santos de Jesus (Faculdade São Bento); Edivaldo José Bortoleto (Unochapecó – SC,
Brasil); Daniel Cerqueira Baiardi (UFBA; PUCSP); Thiago Ferreira da Motta Gehrmann Castro (PUCSP);
Guilherme Freire (PUCSP).
Comunicação [Communication Project]

Design Gráfico/Graphic Design: Raquel Ponte (UFRJ)
Design Digital/Web design: Núcleo de Mídias Digitais/DTI - PUC-SP
Gerenciamento de impressão/Print Management: Desirée Paschoal de Melo (USP)
Gerenciamento do site/Site Management: Caique Marra de Melo (PUC-SP)
Local [Venue]
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Pontifical Catholic University of São Paulo]
Rua Ministro Godoy, 969.
Perdizes, São Paulo - SP – Brasil.
Patrocínio [Sponsorship]
Agradecimentos especiais pelo apoio a [Special thanks for the support to]
Paulo Duarte
Julio D’Oliveira
João Araújo Pinto Neto
Gunde Olof Olsen
Luiz Adelino de Almeida Prado
Eduardo Tuma
D’Arthagnan Vasconcelos Jr.
José Luiz Zanette
Vera Maria Zugaib
ISSN 1983-9537

Resumos [Abstracts]
18º Encontro Internacional sobre Pragmatismo/Resumos
[18th International Meeting on Pragmatism/Abstracts]
Centro de Estudos de Pragmatismo [Center for Pragmatism Studies]
Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia [Philosophy Graduate Program]
Departamento de Filosofia [Department of Philosophy]
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo [Pontifical Catholic University of São Paulo]
Editores [Editors]
Ivo Assad Ibri (PUC-SP)
Edélcio Gonçalves de Souza (USP)
Robert Innis (University of Lowell, Ma, USA);
Arthur Araújo (UFES);
Cassiano Terra Rodrigues (PUC-SP)
Eluiza Bortolotto Ghizzi (UFMS)
Lucia Ferraz Nogueira de Souza Dantas (PUC-SP)
José Luiz Zanette (CEP-PUC-SP)
Marcelo Silvano Madeira (PUC-SP)
Rodrigo Vieira de Almeida (CEP-PUC-SP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Reitora Nadir Gouvêa Kfouri/PUC-SP
[Catalog record made by Dean Nadir Gouvêa Kfouri Library/PUC-SP]
Encontro Internacional sobre Pragmatismo, São Paulo, SP,

2018, 18.
18º. Encontro Internacional sobre Pragmatismo: 18th International Meeting
on Pragmatism / coord. Ivo Assad Ibri, Edélcio Gonçalves de Souza; org. Centro de
Estudos de Pragmatismo. - São Paulo: Centro de Estudos de Pragmatismo, 2018.
208p. ; 14,8 X 21 cm;
1. Filosofia - Congressos. 2. Pragmatismo - Congressos. 3. Ciência - Filosofia -

Congressos. I. Ibri, Ivo Assad. II. Souza, Edélcio Gonçalves de. III. Centro de Estudos
do Pragmatismo - PUCSP
CDD 106
Produção Editorial [Editorial Production]

Preparação de texto: Lucia Ferraz Nogueira de Souza Dantas (PUC-SP); Eluiza Bortolotto
Ghizzi (UFMS); Desirée Paschoal de Melo (USP); Clayton Foschiani (CEP/PUC-SP); Gabriela
L. M. Moreira (UFMS); Caique Marra de Melo (PUC-SP); Renan Henrique Baggio (PUC-SP).
Projeto gráfico do livro [Book graphic design]: Eluiza Bortolotto Ghizzi (UFMS)
Capa do livro [Book cover]: Raquel Ponte (CVD-EBA-UFRJ)
Ilustração: Bras Lamagni (FreeImages)
Diagramação final [Final layout]: Virtual Diagramação S/C Ltda
Gerenciamento de impressão: Desirée Paschoal de Melo (USP)
Correspondência Editorial [Editorial Offices]

Centro de Estudos do Pragmatismo/Programa de Estudos Pós Graduados em Filosofia/PUC-SP,
Rua Ministro Godoy, 969/4º andar/sala 4E16, Perdizes
CEP 05015-901 São Paulo - SP – Brasil
55 – 11 - 3670.8417
cep.puc@gmail.com
www.pucsp.br/pragmatismo
ÍNDICE
[TABLE OF CONTENTS]
Conteúdo
PROGRAMA
[PROGRAM]............................................................................................................12
RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

[MAIN LECTURES ABSTRACTS]............................................................................33
AYDIN, Ciano........................................................................................................................... 35
COLAPIETRO, Vincent............................................................................................................. 36
DE TIENNE, André.................................................................................................................. 38
D’OTTAVIANO, Itala M. Loffredo............................................................................................ 40
FABBRICHESI, Rossella............................................................................................................. 41
HOUSER, Nathan..................................................................................................................... 42
INNIS, Robert E........................................................................................................................ 43
LISZKA, James Jakób................................................................................................................. 45
SKAGGS, Steve......................................................................................................................... 46
SOUZA FILHO, Danilo Marcondes de..................................................................................... 48
RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

[COMMUNICATIONS ABSTRACTS]......................................................................49
AIUB, Monica............................................................................................................................ 51
ARAUJO NETO, Gerson A. de; FONTENELE ARAUJO, Gustavo B....................................... 53
ARAÚJO, Arthur....................................................................................................................... 55
BAGGIO, Renan Henrique........................................................................................................ 59
BAIARDI, Daniel Cerqueira...................................................................................................... 61
BALLABIO, Alessandro............................................................................................................. 63
BAVARESCO, Agemir............................................................................................................... 65
BITTENCOURT NETO, Levy H.............................................................................................. 66
BOHN, Marcos Beck................................................................................................................ 68
BORTOLETTO, Edivaldo J....................................................................................................... 70
CÁRDENAS, Paniel Reyes........................................................................................................ 73
CARDOSO, Tarcísio de Sá; BARRETO, Carlos M.................................................................... 74
CAVALCANTI, Iana Valença..................................................................................................... 77
CESTARI, Guilherme Henrique de Oliveira.............................................................................. 79
D’OLIVEIRA, Júlio César........................................................................................................... 81
DIAS, Diogo Henrique Bispo.................................................................................................... 84
FANAYA, Patrícia Fonseca........................................................................................................ 86
FERNANDES, Daniele.............................................................................................................. 88
FERRAZ, Alexandre Augusto.................................................................................................... 90
GEHRMANN, Thiago; FREIRE, Guilherme.............................................................................. 92
GODOY, Eduardo C. de; PEREZ, Maria C............................................................................... 93
GUIMARÃES FILHO, Paulo Duarte.......................................................................................... 95
JUNGK, Isabel Victoria Galleguillos.......................................................................................... 98
KINOUCHI, Renato Rodrigues............................................................................................... 100
MADI, Maria Alejandra Caporale............................................................................................ 102
MATTAROLLO, Livio; LÓPEZ, Federico E............................................................................ 104
MELO, Caique Marra de......................................................................................................... 107
MELO, Desirée Paschoal de.................................................................................................... 109
MOREIRA DOS SANTOS, Frederik....................................................................................... 111
MURARO, Darcísio Natal....................................................................................................... 113
MUSSOI, Aniely C................................................................................................................... 115
NUNES, Antonio S. da C........................................................................................................ 118
PACE, Mauricy; BORTOLETO, Edivaldo J.............................................................................. 120
PARRAVICINI, Andrea............................................................................................................ 123
RECH, Aryana L.; BORTOLETO, Edivaldo J.......................................................................... 126
ROCHA, Cleane Silva............................................................................................................. 128
ROMANINI, Anderson V.; LIMA, Rodrigo C. C...................................................................... 130
SAMPAIO, Bárbara B. S. S.; JESUS, Palloma dos S. de............................................................ 132
SANTOS, Murilo..................................................................................................................... 133
SARAN, Lucas Antonio........................................................................................................... 135
SOUZA, José Crisóstomo de.................................................................................................. 137
SOUZA, Pedro B. de; ALVES, Marcos A................................................................................ 139
TELES, Laiane Alemida........................................................................................................... 141
TOLEDO JR, Joaquim Elói Cirne de....................................................................................... 143
VIEIRA, Fabio Daniel............................................................................................................... 145
WASHINGTON, Eliane A. D.................................................................................................. 147
YANKOVA, Reni..................................................................................................................... 149
ZANETTE, José Luiz Zanette................................................................................................. 151
ZIGER, Laise; VIEIRA, Fabio D............................................................................................... 153
RESUMOS DOS PÔSTERES
[POSTERS ABSTRACTS]........................................................................................157
ACTIS, M.; CAMPEOTTO, F.; VIALE, C. M........................................................................... 159
ANDRADE, Leonardo F. C. de............................................................................................... 160
ANTONIO, Daphne M. B.; FURLAN, Bruna M..................................................................... 162
ASSELLE, N.; CAMPEOTTO, F.; VIALE, C. M....................................................................... 164
BROENS, Mariana C.; SILVA, Camila da C............................................................................. 165
DUCATTI, Gabriel Engel........................................................................................................ 167
ELEUTERIO, Felipe; BROENS, Mariana Claudia.................................................................... 169
ESBRAVILHERI, Natan A. da C............................................................................................... 172
FARIA, Eduardo M. M. de; ALVES, Marcos A. A..................................................................... 174
FARIA, Tobias.......................................................................................................................... 176
FERREIRA, Sabrina B. R.......................................................................................................... 178
FURLAN, Bruna Marcela........................................................................................................ 181
GONZALEZ, M. E. Q.; SOUZA, R. S.; FARINELLI, F.; SILVA, T. P. da.................................... 183
LAZARO, Gabriel Von Prata................................................................................................... 186
LIMA, Júlia R. de L.; RODRIGUES, Emanuelly N.................................................................... 188
LUCAS, Cristhian.................................................................................................................... 190
MARTINS, Guilherme Alexandre............................................................................................ 192
MOREIRA, Gabriela L. M.; GHIZZI, Eluiza B.......................................................................... 195
MOURAO, Joaquim Felipe...................................................................................................... 198
OLIVEIRA, Artur Smoliak de................................................................................................... 199
PASCOAL, Valdirene A........................................................................................................... 202
SALSMAN, Isabele Vieira........................................................................................................ 204
SOUZA, Edna A. de; VICENTINI, Max R............................................................................... 205
TAVARES, Bárbara L.; BROENS, Mariana C........................................................................... 207
PROGRAMA
[PROGRAM]
PROGRAMA DAS CONFERÊNCIAS
[LECTURES PROGRAM]
05/11/2018 - Segunda-feira
[11/05/2018 - Monday]
Abertura do 18º EIP [Opening of the 18TH IMP]
Manhã livre [Free morning]
Tarde/Noite [Afternoon/Evening]
AUDITÓRIO 333 - 3º PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

[4:30 pm - Coffee break, informações e inscrições
5:00 pm] [Coffee break, information and registration]
[5:00 pm - Abertura 18º EIP [18th IMP Opening]
6:00 pm]
Autoridades acadêmicas e coordenadores
[University Heads and Conference Chairs]
Agradecimentos aos patrocinadores e colaboradores [Acknowledgements to
Sponsors and Contributors]
Apresentação musical
[Musical presentation]
SESSÃO DE CONFERÊNCIA [CONFERENCE SESSION]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Edelcio Gonçalves de Souza (USP, Brasil)

[6:00 pm - Nathan Houser (Indiana University, EUA)
7:00 pm] Conferência 1 [Lecture 1] The Disintegration of Social Mind
[A desintegração da Mente Social]
Comentário [Comment] Ivo Assad Ibri (PUCSP, Brasil)
[7:00 pm - Coquetel de lançamento de livros, na Livraria Cortez
8:00 pm] [Cocktail for books launching at Cortez Bookshop].
12 | 18º EIP [18th IMP]

06/11/2018 - Terça-feira
[11/6/2018 – Tuesday]
Manhã [Morning]
Sessão de conferências [Conference session]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Maria Eunice Quilici González (UNESP-Marília, Brasil)
[9:00 am - Danilo M. de Souza Filho (PUCRJ, Brasil)
10:00 am] Peirce, Descartes e a possibilidade de uma
Conferência 2 [Lecture 2] Filosofia Cética
[Peirce, Descartes and the Possibility of a Skeptical
Philosophy]
Comentário [Comment] Ivan Domingues (UFMG, Brasil)
[10:00 am -
Coffee break
10:30 am]
[10:30 am - Robert Innis (University of Massachusetts
11:30 am] Lowell, EUA)
Between the Thinking Hand and the Eyes
Conferência 3 [Lecture 3] of the Skin: Pragmatist Aesthetics and
Architecture
[Entre a mão pensante e os olhos da pele:
Estética pragmatista e arquitetura]
Comentário [Comment] Cassiano Terra Rodrigues (ITA, Brasil)
[11:30 am -
Intervalo para almoço [Lunch break]
1:30 pm]
Tarde [Afternoon]
Corredor Central, ao lado da rampa – 3º piso [Main Corridor next to the ramp – 3rd Floor]
[1:30 pm -
Sessão de pôsteres [Poster session]
3:00 pm]
[3:00 pm -
Coffee break
3:30 pm]
AUDITÓRIO 333 - 3º PISO E AUDITÓRIOS 100 E 117A - 1º PISO
[AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR AND 100 AND 117A - 1ST FLOOR]
[3:30 pm -
Programa de Comunicações [Communication Program]
6:00 pm]
Noite livre [Free evening]
18º EIP [18th IMP] | 13

07/11/2018 - Quarta-feira
[11/7/2018 – Wednesday]
Manhã [Morning]
Coordenação da sessão [Session Chair]: José Crisóstomo de Souza (UFBA, Brasil)

[9:00 am - André de Tienne (Indiana University, EUA)
10:00 am] Peirce’s Fallibilism as a Prolegomenon to any
Conferência 5 [Lecture 5] Future Metaphysics
[O Falibilismo de Peirce como um prolegômeno
a qualquer Metafísica futura]
Winfried Nöth (PUCSP, Brasil; University of
Comentário [Comment]
Kassel, Alemanha)
[10:00 am -
Coffee break
10:30 am]
[10:30 am - Rossella Fabbrichesi (Università degli Studi di
11:30 am] Milano, Itália)
Conferência 6 [Lecture 6] Form vs Power: Pragmatism and the Wave of
Spinozism
[Forma x poder: Pragmatismo e a onda do
espinozismo]
Comentário [Comment] Rogério da Costa (PUCSP, Brasil)
[11:30 am -
2:00 pm]
Tarde [Afternoon]

[2:00 pm -
4:00 pm]
[4:00 pm -
Coffee break
4:30 pm]
[4:30 pm -
6:00 pm]
14 | 18º EIP [18th IMP]

8/11/2018 - Quinta-feira
[11/8/2018 – Thursday]
Manhã [Morning]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Maria Alejandra Caporale Madi (PUCSP, Brasil)
[9:00 am - James Liszka (State University of New York
10:00 am] Plattsburgh, EUA)
Conferência 7 [Lecture 7] Revisiting Peirce’s Convergence Theory of Truth
[Revisitando a Teoria Convergencial da Verdade
de Peirce]
Comentário [Comment] Lucia Santaella (PUCSP, Brasil)
[10:00 am -
Coffee break
10:30 am]
[10:30 am - Ciano Aydin (University of Twente, Holanda)
11:30 am] Self-formation as Sublimation: Peirce as an
Conferência 8 [Lecture 8] Existential Philosopher
[Auto-formação como sublimação: Peirce como
filósofo existencial]
Maria Eunice Quilici González (UNESP-
Comentário [Comment]
Marília, Brasil)
[11:30 am -
2:00 pm]
Tarde [Afternoon]
Sessão da Sociedade Brasileira de Lógica [Brazilian Logic Society Session]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Cassiano Terra Rodrigues (ITA, Brasil)
[2:00 pm - Itala M. Loffredo D’Ottaviano (UNICAMP, Brasil)
3:00 pm] Conferência 9 [Lecture 9] On the Theory of Quasi-truth
[Sobre a Teoria da Quase-verdade]
Comentário [Comment] Edelcio Gonçalves de Souza (USP, Brasil)
[3:00 pm -
Coffee break
3:30 pm]
[3:30 pm -
6:00 pm]
18º EIP [18th IMP] | 15

9/11/2018 - Sexta-feira
[11/9/2019 – Friday]
Manhã [Morning]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Mariana Broens (UNESP-Marília, Brasil)

[9:00 am - Steve Skaggs (University of Louisville, EUA)
10:00 am] When I Design a Type Font, What is the
Conferência 10 [Lecture 10] Dynamic Object?
[Quando desenho uma fonte tipográfica, qual é
o Objeto Dinâmico?]
Comentário [Comment] Raquel Ponte (UFRJ, Brasil)
[10:00 am -
Coffee break
10:30 am]
[10:30 am - Vincent Colapietro (University of Rhode
11:30 am] Island, EUA)
Conferência 11 [Lecture 11] Toward a Pragmatic Clarification of
Materiality
[Para um esclarecimento pragmático da
materialidade]
Comentário [Comment] Márcio Alves da Fonseca (PUCSP, Brasil)
[11:30 am] Cerimônica de encerramento [Closing Ceremony]
Tarde/noite livre [Free afternoon/evening]
16 | 18º EIP [18th IMP]

Programa das Sessões de Comunicações
[Communications Sessions Program]
6/11/2018 – Terça-feira
[11/6/2018 – Tuesday]
Tarde [Afternoon]
Sessões de comunicações 1 a 3 [Communicatin Sessions 1 to 3]
AUDITÓRIO 333 - 3ª PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]
1 - Pragmatismo e Dewey [Pragmatism and Dewey]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Darcísio Natal Muraro (UEL-PR, Brasil)

[3:30pm Livio Mattarollo; Federico Ezequiel López (UNLP, Argentina)
-6:00pm] Genesis and values in Dewey´s critical pragmatism: A further reply to White
[Gênese e valores no pragmatismo crítico de Dewey: Uma resposta ulterior a
White]
Comentário [Comment]: Mariana Broenz (UNESP-Marília, Brasil)
Darcísio Natal Muraro (UEL-PR, Brasil)
A importância do conceito de comunidade na visão de democracia de
John Dewey
[The importance of the concept of community in John Dewey’s vision of democracy]
Frederik Moreira dos Santos (UFRB, Brasil)
Os limites e o papel da especulação científica no escopo do naturalismo
pragmático: Definindo uma metafísica naturalista
[The limits and role of scientific speculation in the scope of pragmatic naturalism:
Defining a naturalistic metaphysics]
18º EIP [18th IMP] | 17

AUDITÓRIO 100 - 1ª PISO [AUDITORIUM 100 – 1ST FLOOR]
2 Lógica e Epistemologia [Logic and Epistemology]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Renan Henrique Baggio (PUC-SP, Brasil)

[3:30pm Renan Henrique Baggio (PUC-SP, Brasil)
-6:00pm] O lugar de Peirce na história da lógica: Um diálogo com a “tradição
Frege-Russelliana”
[The Peirce’s place in the history of logic: A dialogue with the “Frege-Russellian
tradition”]
Gerson Albuquerque de Araujo Neto; Gustavo Bacelar Fontenele Araujo
(UFPI, Brasil)
A epistemologia de Karl Popper e o cérebro humano
[The epistemology of Karl Popper and the human brain]
Renato Rodrigues Kinouchi (UFABC, Brasil)
Sobre a importância dos conceitos de probabilidade e de risco para o
pragmatismo de C. S. Peirce
[On the importance of the concepts of probability and risk for C. S. Peirce´s
pragmatism]
Diogo Henrique Bispo Dias (FFLCH-USP, Brasil)
A defesa Dummettiana da lógica intuicionista implica em um monismo
lógico?
[Does the Dummettian defense of intuitionistic logic imply a logical monism?]
Lucas Antonio Saran (FIL-PUC-SP, Brasil)
A crítica ao cartesianismo: Um diálogo entre as contribuições de Peirce e
Wittgenstein
[The critique to cartesianism: A dialogue between the contributions of Peirce and
Wittgenstein]
18 | 18º EIP [18th IMP]

Auditório 117-A- 1º piso [Auditorium 117-A - 1st Floor]
3 - Semiótica, Arte e Cultura [Semiotics, Art and Culture]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Desirée Paschoal de Melo (ECA-USP; Universidade
Estadual do Centro-oeste do Paraná, Brasil)
[3:30pm Desirée Paschoal de Melo (ECA-USP; Universidade Estadual do Centro-oeste
-6:00pm] do Paraná, Brasil)
Abertura do design à experiência estética e suas conexões com o campo
de arte
[Design opening to the aesthetic experience and your connections with the art
field]
Aniely Cristina Mussoi (IA, UNESP-SP, Brasil)
Sobre um problema de materialidade na arte: Uma análise a partir dos
núcleos estéticos de Hausman
[On a problem of materiality in art: An analysis from Hausman’s aesthetic cores]
Eduardo Correa de Godoy; Maria Clotilde Perez (ECA-USP, Brasil)
Semiótica e memética sob um olhar epistemológico
[Semiotics and memetics under an epistemological view]
Levy Henrique Bittencourt Neto (TIDD – PUC-SP, Brasil)
Videogames como máquinas semióticas
[Videogames as semiotic machines]
Daniel Cerqueira Baiardi (UFBA; PUCSP, Brasil)
Evolução cataclísmica e explosão cultural: Continuidade e ruptura nas
obras de C. S. Peirce e Y. M. Lotman
[Cataclysmic evolution and cultural explosion: Continuity and rupture in the works of
C. S. Peirce and Y. M. Lotman]
18º EIP [18th IMP] | 19

7/11/2018 – Quarta-feira
[11/7/2018 – Wednesday]
Tarde [Afternoon]
4 - Cognição e Teoria da Significação [Cognition and Theory of Meaning]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Arthur Araújo (UFES, Brasil)

[2:00pm- Arthur Araújo (UFES, Brasil)
4:00pm] Uexküll e Whitehead: Sobre significado, processo e vida
[Uexküll and Whitehead: On meaning, process and life]
José Luiz Zanette (CEP-PUC-SP, Brasil)
A apropriação kantiana por Uexküll: A questão do determinismo e
similaridades com o pensamento de Peirce
[The Kantian appropriation by Uexküll: The question of determinism and similarities
with the thought of Peirce]
Andrea Parravicini (UNIMI, Itália)
Rethinking human cognition: A pragmatist view in a extended evolutionary
scenario
[Repensando a cognição humana: Uma perspectiva pragmatista num cenário
evolutivo extendido]
Patrícia Fonseca Fanaya (UFSC, Brasil)
Pragmatismo e cognição corporificada: A questão da ação re-examinada
[Pragmatism and embodied cognition: The action issue re-examined]
[4:30pm
Intervalo [Intermission] – Coffee break
-4:50pm]
20 | 18º EIP [18th IMP]

5 - Pragmatismo, Semiótica e Comunicação

[Pragmatism, Semiotics and Communication]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Marcos Beck Bohn (COS-PUC-SP, Brasil)

[2:00pm- Mauricy Pace de Paula Dias; Edivaldo José Bortoleto (Unochapecó – SC,
4:00pm] Brasil)
A relação entre Semiótica e comunicação nos cursos de jornalismo e
publicidade
[The relationship between semiotics and communication in the courses of journalism
and advertising]
Guilherme Henrique de Oliveira Cestari (PUC-SP, Brasil)
Presença e elementos de consciência na ambientação do audiovisual
[Presence and elements of consciousness on audiovisual ambientation]
Marcos Beck Bohn (COS-PUC-SP, Brasil)
Uma análise da relação pessoa-audiovisual com base no pragmatismo
peirciano
[An analysis of the person-audiovisual relation based on peircian pragmatism]
Anderson Vinícius Romanini; Rodrigo César Castro Lima (ECA-USP, Brasil)
O mal como preceito epistemológico do Jornalismo: uma perspectiva
pragmaticista
[Evil as an epistemological precept of Journalism: A pragmaticist perspective]
[4:30pm
-4:50pm]
18º EIP [18th IMP] | 21

AUDITÓRIO 117-A- 1º PISO [AUDITORIUM 117-A - 1ST FLOOR]
6 - Pragmatismo, Semiótica e Educação [Pragmatism, Semiotics and Education]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Fabio Daniel Vieira (Unochapecó – Brasil)

[2:00pm- Laise Ziger; Fabio Daniel Vieira (Unochapecó – Brasil)
4:00pm] A influência da moda no ambiente escolar: possíveis interpretações e
significados na relação moda e educação à luz da semiótica de Charles
Sanders Peirce
[The influence of fashion in the school environment: possible interpretations and
meanings in the relation fashion and education in the light of the semiotics of Charles
Sanders Peirce]
Joaquim Elói Cirne de Toledo Júnior (FFLCH-USP, Brasil)
A emergência do Pragmatismo: reforma universitária, secularização e
profissionalização da filosofia nos Estados Unidos na Era da Reconstrução
[The rise of Pragmatism: university reform, secularization and professionalization in
the Reconstruction Era]
Fabio Daniel Vieira (Unochapecó – Brasil)
Kamé y Kanhru: análise semiótica do grafismo kaingang e relações com a
educação indígena
[Kamé y kanhru: semiotics analysis of kaingang graphism and relations with indigenous
education]
Aryana Lucia Rech; Edivaldo José Bortoleto (Unochapecó, Brasil)
Uma leitura da memória de velhos a partir da semiótica peirciana: escola,
bodega e igreja como signos de estruturação
[A reading of the memory of old people from the peircian semiotics: school, bar and
church as signs of structure]
[4:30pm
-4:50pm]
22 | 18º EIP [18th IMP]

7/11/2018 – Quarta-feira
[11/7/2018 – Wednesday]
Tarde [Afternoon]
7 - Cognição e Teoria da Significação [Cognition and Theory of Meaning]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Monica Aiub da Costa (Instituto Interseção-SP, Brasil)
[4:30pm- Monica Aiub da Costa (Instituto Interseção-SP, Brasil)
6:00pm] Contribuições de Peirce para a construção de modelos mentais baseados
em analogias musicais
[Peirce’s contributions to the construction of mental models based on musical
analogies]
Antonio Sergio da Costa Nunes (UFPA, Brasil)
O ser humano e o organismo vegetal: Uma abordagem semiótica
[The human being and the vegetable organism: A semiotic approach]
Iana Valença Cavalcanti (UFPE, Brasil)
Enativismo e as consequências da ação do corpo no e com o mundo para
a cognição
[Enactivism and the consequences of the action of the body in and with the world for
cognition]
18º EIP [18th IMP] | 23

8 - Criatividade, Imaginação e Percepção [Creativity, Imagination and Perception]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Júlio César D’Oliveira (CEP-PUC-SP, Brasil)

[4:30pm- Alessandro Ballabio (UPN, Colombia)
6:00pm] Experience, expression and creativity in C. S. Peirce and M. Merleau-
Ponty
[Experiência, expressão e criatividade em C.S. Peirce e M. Merleau-Ponty]
Reni Yankova (NBU, Bulgaria)
The other path: The role of imaginative mediation in thinking - from Kant to
Peirce
[O outro caminho: O papel da mediação imaginativa no pensamento - de Kant a
Peirce]
Júlio César D’Oliveira (CEP-PUC-SP, Brasil)
Do julgamento perceptivo e sua relação com o pragmatismo
[Of the perceptive judgment and its relationship with pragmatism]
9 - Pragmatismo, Realismo e Nominalismo [Pragmatism, Realism and Nominalism]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Murilo dos Santos (FSB-SP, Brasil)

[4:30pm- Tarcísio de Sá Cardoso; Carlos Magno Barreto (UFBA, Brasil)
6:00pm] Reflexões sobre o realismo pragmático de Peirce
[Reflections on Peirce’s pragmatic realism]
Thiago Gehrmann; Guilherme Freire (PUC-SP, Brasil)
Charles Sanders Peirce contra o nominalismo
[Charles Sanders Peirce against nominalism]
Murilo dos Santos (FSB-SP, Brasil)
Pragmatismo: uma abordagem como método
[Pragmatism approached as method]
24 | 18º EIP [18th IMP]

8/11/2018 - Quinta-feira
[11/8/2018 – Thursday]
Tarde [Afternoon]
10 - Pragmatismo, Ciências Humanas e Política [Pragmatism, Humanities and Politics]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Maria Alejandra Caporale Madi (PUC-SP, Brasil)
[3:30pm José Crisóstomo de Souza (UFBA, Brasil)
-6:00pm] Para um materialismo poiético-pragmático como reconstrução de Marx
[Toward a poietic pragmatic materialism as a reconstruction of Marx]
Maria Alejandra Caporale Madi (PUC-SP, Brasil)
Normas dialógicas: Uma abordagem peirciana
[Dialogical norms: A Peircian approach]
Eliane Aparecida Dorico Washington (PUC-SP, Brasil)
A importância da Semiótica Peirciana para a efetividade do direito
[The importance of Peircean Semiotics for the effectiveness of Law]
Paulo Duarte Guimarães Filho (PUC-SP, Brasil)
Contribuições da filosofia de Peirce para o esclarecimento de
desenvolvimentos na psicanálise de concepções sobre o inconsciente
[Contributions from Peirce’s philosophy to the enlightenment of developments in
psychoanalysis of conceptions about the unconscious]
Cleane Silva Rocha (UFMA, Brasil)
Utopia liberal: A proposta política de Richard Rorty
[Liberal utopia: Richard Rorty’s political proposal]
18º EIP [18th IMP] | 25

11 - Peirce e a História da Filosofia [Peirce and the History of Philosophy]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Edivaldo José Bortoleto (Unochapecó, Brasil)

[3:30pm Agemir Bavaresco (PUCRS, Brasil)
-6:00pm] Uma leitura normativa hegeliana: Escola de Pittsburgh
[A Hegelian Normative Reading: Pittsburgh School]
Edivaldo José Bortoleto (Unochapecó, Brasil)
A subsunção do pragmatismo de Charles Sanders Peirce na ética da
libertação de Enrique Dussel
[The subsumption of Charles Sanders Peirce’s pragmatism in the ethics of Enrique
Dussel’s liberation]
Daniele Fernandes (TIDD-PUC-SP, Brasil)
Crítica à zeroidade: Entendendo o (des)entendimento de Deleuze sobre
Peirce
[Critique of zeroness: Understanding Deleuze’s (mis)understanding of Peirce]
Laiane Alemida Teles (UFRB, Brasil)
Richard Rorty: Neopragmatismo e literatura
[Richard Rorty: Neopragmatism and literature]
Caique Marra de Melo (PUC-SP, Brasil)
George Berkeley: Traços proto-pragmáticos
[George Berkeley: Proto-pragmatics traces]
26 | 18º EIP [18th IMP]

12 - Pragmatismo e Teoria do Conhecimento [Pragmatism and Theory of Knowledge]
Coordenação da sessão [Session Chair]: Isabel Victoria Galleguillos Jungk (PUC-SP, Brasil)
[3:30pm Paniel Reyes Cárdenas (UPAEP, Mexico)
-6:00pm] Beliefs and Habits of action and expectation: Elements of a pragmatist
epistemology
[Crenças e Hábitos de ação e de expectativa: Elementos de uma epistemologia
pragmatista]
Pedro Bravo de Souza (UNESP-Marília, Brasil; FAPESP); Marcos Antonio
Alves (UNESP - Marília, Brasil)
Crença e Probabilidade: Peirce e Ramsey
[Belief and Probability: Peirce and Ramsey]
Bárbara Beatriz Silvestre Sampaio, Palloma dos Santos de Jesus (FSB-SP,
Brasil)
Sobre os conceitos de Crença e Hábito na Filosofia de Peirce
[About the concepts of belief and habit in Peirce’s philosophy]
Isabel Victoria Galleguillos Jungk (PUC-SP, Brasil)
Desvelando a semiose: as interconexões entre as dez classes de signos de
C. S. Peirce
[Unveiling semiosis: the interconnections among the ten classes of signs of C. S. Peirce]
Alexandre Augusto Ferraz (UNICAMP, Brasil)
A natureza formal da matéria a partir da filosofia de Charles Sanders
Peirce
[The formal nature of matter from the philosophy of Charles Sanders Peirce]
18º EIP [18th IMP] | 27

Programa das Sessões de Pôsteres
[Poster Sessions Program]
[11/05/2018 – Monday]
Tarde [Afternoon]
Corredor Central, ao lado da rampa – 3º piso
[Main Corridor next to the ramp – 3rd Floor]
Coordenação da sessão [Session Chairs]: Renata Silva Souza (Unesp-Marília, Brasil) e Gabriela
L. M. Moreira (UFMS, Brasil)
GUILHERME ALEXANDRE MARTINS AMARAL (UNESP, BRASIL)
O MÉTODO A PRIORI NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA ANÁLISE
POLÍTICA
[THE A PRIORI MEHOD IN FIXATION BELIEFS: A POLITICAL ANALYSIS]
LEONARDO FRANCISCO COSTA DE ANDRADE (UNESP –
MARÍLIA)
AS CATEGORIAS FENOMENOLÓGICAS E O CONCEITO
PRAGMÁTICO DE MENTE EM PEIRCE
[THE PHENOMENOLOGICAL CATEGORIES AND THE PRAGMATIC
CONCEPT OF MIND IN PEIRCE]
DAPHNE MARTINS BATISTA ANTONIO; BRUNA MARCELA
FURLAN (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
ABDUÇÃO E FIXAÇÃO DE CRENÇAS NA ERA DOS BIG DATA
[ABDUCTION AND FIXATION OF BELIEFS IN THE BIG DATA ERA]
28 | 18º EIP [18th IMP]

[11/05/2018 – Monday]
Tarde [Afternoon]
MARIANA CLAUDIA BROENS; CAMILA DA CRUZ SILVA (FFC
UNESP – MARÍLIA, BRASIL)
HÁBITOS VIRTUAIS E CONDUTA MORAL: UM ESTUDO
PRAGMATICISTA
[VIRTUAL HABITS AND MORAL CONDUCT: A PRAGMATICIST STUDY]
GABRIEL ENGEL DUCATTI (UNESP - FFC - MARÍLIA, BRASIL)
AÇÃO SOCIAL E O CONCEITO DE VERDADE: CONSIDERAÇÕES
PEIRCEANAS.
[SOCIAL ACTION AND THE CONCEPT OF TRUTH: PEIRCEAN
CONSIDERATIONS]
NATAN APARECIDO DA CUNHA ESBRAVILHERI (UNESP – FFC
– MARÍLIA, BRASIL)
2:00 pm to
O MÉTODO CIENTÍFICO NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA
4:00 pm
ANÁLISE POLÍTICA
[THE SCIENTIFIC METHOD IN FIXATION OF THE BELIEF: A POLITICAL
ANALYSIS]
EDUARDO MESSIAS MARTON DE FARIA; MARCOS ANTONIO
ALVES (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
AÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO: PROBLEMAS ACERCA DA AUTONOMIA
E RESPONSABILIDADE NA PERSPECTIVA DE THOMAS NAGEL
[ACTION AND FREE WILL: PROBLEMS ABOUT AUTONOMY AND
RESPONSIBILITY IN THOMAS NAGEL’S PERSPECTIVE]
TOBIAS FARIA (FIL - PUC-SP, BRASIL)
LUGAR E IMPORTÂNCIA DO REALISMO ESCOLÁSTICO DE
CHARLES S. PEIRCE
[POSITION AND IMPORTANCE OF THE SCHOLASTIC REALISM OF
CHARLES S. PEIRCE]
18º EIP [18th IMP] | 29

[11/05/2018 – Monday]
Tarde [Afternoon]
SABRINA BALTHAZAR RAMOS FERREIRA (UNESP - FFC -
MARÍLIA, BRASIL)
INFORMAÇÃO ECOLÓGICA E INFORMAÇÃO SEMIÓTICA: O PAPEL
DA FORMAÇÃO DOS HÁBITOS.
[ECOLOGICAL INFORMATION AND SEMIOTIC: THE ROLE OF HABIT
FORMATION]
BRUNA MARCELA FURLAN (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
OS LIMITES DA SOCIALIZAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO NA
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE RICHARD RORTY
[THE LIMITS FROM SOCIALIZATION AND INDIVIDUALIZATION IN THE
PHILOSOPHY OF EDUCATION OF RICHARD RORTY]
MARIA EUNICE QUILICI GONZALEZ; RENATA SILVA SOUZA;
FERNANDA FARINELLI; TATIANE PEREIRA DA SILVA (UNESP -
MARÍLIA, BRASIL)
ADMIRABILIDADE E AÇÃO AUTÔNOMA: UMA REFLEXÃO
2:00 pm to FILOSÓFICA NA ERA DO BIG DATA
4:00 pm [ADMIRABLENESS AND AUTONOMOUS ACTION: AN INVESTIGATION IN
THE AGE OF BIG DATA]
GABRIEL VON PRATA LAZARO (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
PEIRCE E A TENACIDADE: A POLÍTICA PRAGMATISTA EM RORTY
[PEIRCE AND TENACITY: THE PRAGMATIST POLITICS IN RORTY]
JÚLIA RODRIGUES DE LIMA; EMANUELLY NAKARYN
RODRIGUES (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
A EMPATIA COMO EXPRESSÃO DE CONDUTA ADMIRÁVEL
[EMPATHY AS AN EXPRESSION OF ADMIRABLE CONDUCT]
CRISTHIAN LUCAS (UNICENTRO – BRASIL)
CAMPOS DA REALIDAD: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA
INTERAÇÃO ENTRE FOTOGRAFIA E UM ELEMENTO EXTERNO À
IMAGEM NA SÉRIE DA ARTISTA ARGENTINA ANANKÉ ASSEF
[CAMPOS DE REALIDAD: A SEMIOTIC ANALYSIS OF THE INTERACTION
BETWEEN PHOTOGRAPHY AND AN EXTERNAL ELEMENT TO THE
IMAGE IN THE SERIES OF THE ARGENTINE ARTIST ANANKÉ ASSEF]
30 | 18º EIP [18th IMP]

[11/05/2018 – Monday]
Tarde [Afternoon]
GABRIELA LIMA MASCARENHAS MOREIRA; ELUIZA
BORTOLOTTO GHIZZI (UFMS, BRASIL)
DESDOBRAMENTOS DO PRAGMATISMO PEIRCIANO NO
“PRAGMATISMO INTERATIVO” DE MONTANER PARA A
ARQUITETURA
[DEVELOPMENTS OF PEIRCEAN PRAGMATISM IN MONTANER’S
“INTERACTIVE PRAGMATISM” FOR ARCHITECTURE]
JOAQUIM FELIPE MOURÃO (UNESP - MARÍLIA, BRASIL)
O ENSINO DE FILOSOFIA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA
PRAGMATISTA
[THE TEACHING OF PHILOSOPHY IN BRAZIL: A PRAGMATIST
PERSPECTIVE]
ARTUR SMOLIAK DE OLIVEIRA (UNESP – FFC – MARÍLIA, BRASIL)
O MÉTODO DA AUTORIDADE NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA
2:00 pm to
ANÁLISE POLÍTICA
4:00 pm
[THE METHOD OF AUTHORITY IN FIXATION OF BELIEF: A POLITICAL
ANALYSIS]
VALDIRENE APARECIDA PASCOAL (UNESP - FFC - MARÍLIA,
BRASIL)
INFORMAÇÃO SEMIÓTICA E AÇÃO AUTÔNOMA: UMA
ALTERNATIVA FRENTE AO DIRECIONAMENTO DA CONDUTA
[SEMIOTIC INFORMATION AND AUTONOMOUS ACTION: AN
ALTERNATIVE TO DIRECTING CONDUCT]
FELIPE ELEUTÉRIO PEREIRA; MARIANA CLAUDIA BROENS
(UNESP-MARÍLIA - BRASIL/ FAPESP/CNPQ -NO. 2018/06147-7)
COMPUTAÇÃO VESTÍVEL E PESSOALIDADE: UMA ABORDAGEM
PRAGMÁTICA DO CONCEITO DE PRIVACIDADE
[WEARABLE COMPUTING AND PERSONHOOD: A PRAGMATIC APPROACH
TO THE CONCEPT OF PRIVACY]
18º EIP [18th IMP] | 31

[11/05/2018 – Monday]
Tarde [Afternoon]
ISABELE VIEIRA SALSMAM (UNESP - FFC - MARÍLIA, BRASIL)
A AÇÃO NA PERSPECTIVA DE PEIRCE EM “A FIXAÇÃO DA
CRENÇA”
[THE ACTION FROM PEIRCE’S PERSPECTIVE IN “FIXING BELIEFS”]
EDNA ALVES DE SOUZA; MAX ROGÉRIO VICENTINI (UNESP,
UEM, BRASIL)
CONSEQUÊNCIAS DA NATURALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO:
2:00 pm to CONSIDERAÇÕES A PARTIR DA MÁXIMA PRAGMATICISTA
4:00 pm [CONSEQUENCES OF THE NATURALIZATION OF INFORMATION:
CONSIDERATIONS FROM THE PRAGMATICIST MAXIM]
BÁRBARA LINDA TAVARES; MARIANA CLAUDIA BROENS
(UNESP - FFC - MARÍLIA, BRASIL)
TEORIAS CAUSAIS DA AÇÃO E PRAGMATICISMO: UM DIÁLOGO
POSSÍVEL?
[CAUSAL THEORIES OF ACTION AND PRAGMATICISM: A POSSIBLE
DIALOGUE?]
32 | 18º EIP [18th IMP]

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS
[MAIN LECTURES ABSTRACTS]
34 | 18º EIP [18th IMP]
AYDIN, Ciano
(Universidade de Twente, Holanda)
SELF-FORMATION AS SUBLIMATION: PEIRCE AS AN EXISTENTIAL PHILOSOPHER

Instrumentalist and determinist approaches to technology, as well as techno-optimist
and techno-pessimist approaches (including some transhumanist and bioconservative
approaches) often oversee that technology cannot be simply situated outside humans
and their condition. The “technological other” limits our capacity to form ourselves
not because it constraints an original capacity to make autonomous decisions but
because this “technological other” has engraved and is ever stronger engraving its
structures in our very origin and existence. Going beyond the inside-outside distinction
and recognizing that our ‘inside’ is to a great extent shaped by our ‘outside’ implies
that our “inside” is to a great extent also for us an “outside.” Our very selfhood seems
to contain an otherness that cannot be simply externalized but is a constructive and
structural part of what makes up our identity, which can elicit an uncanny feeling. This
picture of a self beyond the inside-outside distinction appears to be far from harmonious
and reassuring. On the one hand, technologies seem to shape the very fabric of our
selfhood and the desires, goals and ideals that we consider as most personal; on the
other hand, these desires, goals, and ideals seem to be continuously subject to the
disruptive influence of new and emerging technologies, as well as to the idiosyncratic
whims of an unruly force within. The self appears to be entirely compromised. How to
recognize this unsettled structure of the self and prevent adopting the view that the
self is not more than a plaything of contingent influences and forces. How is it against
the displayed background still possible to sustain the ideal of “good self-formation”?
In this paper I will argue that the notion of “sublimation” might prove itself fruitful in
this respect. After a conversation with Freud, Lacan, and Nietzsche on sublimation,
I will propose that Peirce’s ideas of concrete reasonableness, evolutionary love, and
the relation between the individual and the cosmos, and especially his view of ‘[t]he
homogeneous putting on heterogeneity,’ provide an account of sublimation that not only
goes beyond the inside-outside distinction but also recognizes the formative value of
technologies without having to deny or violate the singular character of human beings.
AUTO-FORMAÇÃO COMO SUBLIMAÇÃO: PEIRCE COMO FILÓSOFO EXISTENCIAL

As abordagens instrumentalista e determinista da tecnologia, assim como as
abordagens tecno-otimista e tecno-pessimista (inclusive algumas abordagens
transhumanistas e bioconservadoras) frequentemente veem que a tecnologia
não pode simplesmente ser situada fora do ser humano e sua condição. O “outro
tecnológico” limita nossa capacidade de nos auto formar não porque constringe
uma nossa capacidade originária de tomar decisões autônomas, mas porque
18º EIP [18th IMP] | 35

este “outro tecnológico” já gravou, e vem gravando de maneira cada vez mais
forte, sua estrutura em nossa própria origem e existência. Para além da distinção
interior-exterior e reconhecer que nosso “interior” é moldado em grande parte
pelo nosso “exterior” implica que nosso “interior” seja em grande parte para
nós um “exterior”. Nossa própria consciência de si parece conter uma alteridade
que não pode ser simplesmente externada, mas que é uma parte construtiva
e estrutural daquilo que compõe nossa identidade, que pode comportar um
sentimento inquietante.
O retrato do eu para além da distinção interior-exterior parece estar muito
longe de harmonioso e reconfortante. Por um lado, as tecnologias parecem
formar o próprio tecido de nossa consciência de si e os desejos, metas e ideais
que consideramos mais pessoais; por outro lado, estes desejos, metas e ideais
parecem ser continuamente sujeitos à influência disruptiva de tecnologias novas
e emergentes, bem como os caprichos idiossincráticos de uma força interna
insubmissa. O eu parece estar totalmente comprometido. Como reconhecer esta
estrutura instável do eu e se prevenir de adotar a visão de que o eu nada mais seja
do que o brinquedo de forças e influências contingentes. Como é possível, dado
o pano de fundo demonstrado, sustentar o ideal de uma “boa auto-formação”?
Neste artigo, argumento que a noção de sublimação pode se revelar útil neste
respeito. Após uma conversa com Freud, Lacan e Nietzche sobre sublimação,
proponho que as ideias de Peirce de razoabilidade concreta, amor evolutivo e a
relação entre o indivíduo e o cosmos, e especialmente, sua visão do ‘homogêneo
vestindo o heterogeneidade’, fornecem uma compreensão de sublimação que
não somente ultrapassa a distinção interior-exterior mas também reconhece o
valor formativo das tecnologias sem precisar negar ou violar o caráter singular
do ser humano.
COLAPIETRO, Vincent
(University of Rhode Island, EUA)
TOWARD A PRAGMATIC CLARIFICATION OF MATERIALITY

It is impossible to miss, in such disciplines as history, geography, rhetoric, anthropology,
and even philosophy, an intensifying focus on what a short time ago was mostly a
marginal concern. The preoccupation with materiality is indeed one of the most
striking features of these distinct disciplines, a preoccupation that itself has greatly
contributed to their cross-fertilization. From a pragmatist perspective, this is a
welcome development. If pragmatism is, as William James insisted, “a concrete way
of seeing” things, then it is hard to imagine anything more concrete than materiality.
From a specifically Peircean perspective, this development is altogether welcome but
it also poses a challenge. Our inherited concepts of matter, materiality, and closely
36 | 18º EIP [18th IMP]

allied phenomena are not necessarily up to the task of confronting what today tends
to be subsumed under the rubric of materiality. We need to clarify just what we
mean by materiality, especially as it figures into the ongoing efforts of experimental
inquirers. For this task, Peirce’s voluminous writings provide invaluable resources. On
this occasion, I will draw principally upon his pragmatism, as a set of tools designed
to clarify the meaning of terms as they function specifically in the context of inquiry.
At the most general level, our task is seemingly simple: the pragmatic clarification of
materiality in terms of the more or less integrated habits displayed both by materials
and organisms making use of these materials. While simple, this task is anything but
easy. Even so, the work of the anthropologist Tim Ingold in effect helps us to see how
such a pragmatic clarification can be carried out, even if he does so without reference to
Peirce. In the end, however, it is our own imaginative deployment of Peirce’s pragmatic
method that enables us to appreciate both the meaning of materiality and the power
of that method. Materiality is, thus, more than a fashionable topic of contemporary
discourse. It is a necessary corrective to historical occlusions and a singular opportunity
for a deepened understanding of our everyday world. For these and other reasons,
materiality is a topic ideally suited to the work of pragmatism.
PARA UM ESCLARECIMENTO PRAGMÁTICO DA MATERIALIDADE

Seria impossível não notar em disciplinas tais como história, geografia, retórica,
antropologia e até mesmo filosofia, um foco cada vez mais intenso no que até
pouco tempo atrás era principalmente uma preocupação marginal. A preocupação
com a materialidade é de fato um dos aspectos mais marcantes destas disciplinas
distintas, uma preocupação que em si mesma contribuiu grandemente para
seu mútuo entrosamento. De uma perspectiva pragmática, trata se de um
desenvolvimento desejável. Se o pragmatismo, como William James insistia,
é uma “maneira concreta de ver” as coisas, então fica difícil imaginar algo
mais concreto do que a materialidade. De um ponto de vista especificamente
peirciano, este desenvolvimento é muito bem-vindo, mas também representa
um desafio. Nossos conceitos herdados de matéria, materialidade e fenômenos
proximamente aliados não estão necessariamente à altura de enfrentar o que hoje
costuma ser subsumido sob a rubrica de materialidade. Precisamos esclarecer
o que exatamente queremos dizer por materialidade, especialmente a maneira
como soma nos esforços contínuos de pesquisadores experimentais. Para esta
tarefa, os escritos volumosos do Peirce fornecem um recurso precioso. Nesta
ocasião, me basearei principalmente no seu pragmatismo, como um conjunto de
ferramentas criado para esclarecer o significado de termos enquanto relacionados
especificamente no contexto de investigação. No nível mais geral, nossa tarefa
parece ser simples: o esclarecimento pragmático de materialidade em termos
dos hábitos mais ou menos integrados evidenciados ambos pelos materiais e
18º EIP [18th IMP] | 37

organismos que fazem uso destes materiais. Embora simples, a tarefa não é nada
fácil. Mesmo assim, o trabalho do antropólogo Tim Ingold nos ajuda ver, com
efeito, como um esclarecimento pragmático pode ser executado, mesmo que o
faça sem referência a Peirce. No fim, porém, é nosso próprio emprego imaginativo
do método pragmático de Peirce que nos permite ao mesmo tempo apreciar o
significado de materialidade e o poder daquele método. Materialidade é, portanto,
mais do que um assunto que está na moda no discurso contemporâneo. E um
corretivo necessário às oclusões históricas e uma oportunidade singular para uma
compreensão mais profunda de nosso mundo cotidiano. Por estas e outras razões,
materialidade é um assunto idealmente adequado ao trabalho do pragmatismo.
DE TIENNE, André
(Indiana University, EUA)
PEIRCE’S FALLIBILISM AS A PROLEGOMENON TO ANY FUTURE METAPHYSICS

“Fallibilism” is a concept that has gained extraordinary currency nowadays, in good
part thanks to the long shadows cast by Peirce and Karl Popper. It is invoked in many
philosophical and scientific circles, frequently with no reference any longer to either
philosopher, although when named references are made, they are now equally shared
by Peirce and Popper. Few Peirce commentators have discussed his fallibilism beyond the
narrow borders of epistemology. The metaphysical side of fallibilism has been generally
ignored by both epistemologists and metaphysicians. Philosophers who have reduced
fallibilism to an analytic discussion of the justification of true beliefs are typical of
that failure, as are those who have limited it to a comparison with Popper’s work. The
form of the philosophical debate that has currently done the most justice to Peirce’s
conception of fallibilism, because it pays due attention to Peirce’s metaphysics, has
been defined first by Konstantin Kolenda’s approach (not Haack’s) in “Two Fallibilists
in Search of the Truth” (1977), by Ivo Assad Ibri in Kósmos Noētós (1992/2015, transl.
2017), and by the discussion between Joseph Margolis and Nathan Houser in 2006-
2007 following a 1998 paper by Margolis, who went from making fallibilism “one of
the linchpins of Peirce’s philosophy” to making it “the essential nerve of Peirce’s entire
philosophical output.” It is true that the fallibilist frame of mind traverses all of Peirce’s
writings, married as it ended up being to his pervasive tychistic synechism, embedded
in his tricategorial semiotic metaphysics. It was in the summer of 1893 that Peirce
used the word “fallibilism” for the first time in writing. In this presentation I will return
to the philosophical context that originated that doctrine and show why for Peirce
the justification for fallibilism was metaphysical, not epistemological. For Peirce, the
differences between a fallibilist and an infallibilist metaphysics are tantamount to the
differences between tychism and necessitarianism, between realism and nominalism,
38 | 18º EIP [18th IMP]

and therefore between an open and a close philosophical system. The consequences
of adopting either frame of mind affect directly heuristic strategies of observation and
explanation and therefore the course of scientific investigation. They affect what is
taken to be cognizable and therefore what is taken to be real. For Peirce, fallibilism
dictates that one should opt for the scientific metaphysics that enables the widest
apprehension of reality’s modalities of manifestation, because it is the real that
determines inquiry, not the reverse.
O FALIBILISMO DE PEIRCE COMO UM PROLEGÔMENO A QUALQUER METAFÍSICA

FUTURA
“Falibilismo” é um conceito que tem ganhado destaque extraordinário hoje em
dia, em grande parte graças às longas sombras deixadas por Peirce e Karl Popper.
É invocado em muitos círculos científicos e filosóficos, frequentemente sem mais
referência alguma a ambos filósofos, embora quando referências nomeadas são
feitas, são partilhadas igualmente por Peirce e Popper. Poucos comentadores do
Peirce discutiram seu falibilismo para além das margens estreitas da epistemologia.
O lado metafísico do falibilismo tem sido ignorado geralmente por ambos
epistemólogos e metafísicos. Filósofos que têm reduzido o falibilismo a uma
discussão analítica da justificação das crenças verdadeiras são típicos desse fracasso,
assim como aqueles que a limitaram a uma comparação com a obra do Popper. A
forma do debate filosófico que atualmente tem feito jus ao conceito de Peirce de
falibilismo, pela razão de prestar a devida atenção à metafísica do Peirce, tem sido
definida primeiro pela abordagem do Konstantin Kolenda (não aquela do Haack)
em “Two Fallibilists in Search of the Truth” (Dois Falibilistas em busca da Verdade)
(1977), por Ivo Assad Ibri em Kósmos Noētós (1992/2015, trad. 2017), e pela
discussão entre Joseph Margolis e Nathan Houser em 2006-2007 após um artigo de
1998 de Margolis, que passou a fazer do falibilismo “uma das chavetas da filosofia
do Peirce” para fazê-lo “o nervo essencial da inteira saída filosófica de Peirce”. É
verdade que a mentalidade falibilista perpassa todos os escritos de Peirce, unido,
como acabou ficando, ao seu sinequismo tiquístico permeante, embutido na sua
metafísica semiótica tricategórica. Foi no verão de 1893 que Peirce utilizou a
palavra “falibilismo” por escrito pela primeira vez. Nesta apresentação, voltarei
ao contexto filosófico que originou aquela doutrina e mostrar porque para
Peirce, a justificação do falibilismo era metafísico e não epistemológico. Para
Peirce, as diferenças entre uma metafísica falibilista e infalibilista são equivalentes
às diferenças entre tiquismo e necessitarianismo, entre realismo e nominalismo,
entre um sistema filosófico aberto e fechado. As consequências de adotar uma ou
outra mentalidade afetam diretamente as estratégias heurísticas de observação
e explanação e, portanto, o rumo da investigação científica. Eles afetam o que é
pressuposto como cognoscível e, portanto, o que é pressuposto como real. Para
18º EIP [18th IMP] | 39

Peirce, o falibilismo dita que se deve optar pela metafísica científica que permite
a apreensão mais ampla das modalidades de manifestação da realidade, porque
é o real que determina a investigação e não o contrário.
D’OTTAVIANO, Itala M. Loffredo

(UNICAMP, Brasil)
ON THE THEORY OF QUASI-TRUTH

The mathematical concept of pragmatic truth, first introduced by Mikenberg, da Costa
and Chuaqui (1986) and subsequently named quasi-truth by da Costa, has received
in the last few years several applications in logic and the philosophy of science. The
concept of quasi-truth is related to the Peircean concept of pragmatic truth, and
can be considered as a generalization for partial contexts of Tarski’s correspondence
characterization of truth. In this work, after presenting the formal definition of quasi-
truth, we will present an appropriate logic that can be used as the underlying logic for
theories whose truth conception is da Costa’s quasi-truth - among some fundamental
results we have that it is a kind of discussive paraconsistent modal logic. The three
major interpretations of the notion of truth - the correspondence, the coherence and the
pragmatic accounts – can be put together in the formal framework we have delineated.
Finally, we will argue that the concept of quasi-truth offers a way of accommodating
the incompleteness inherent to scientific representations and can be considered as
the truth conception inherent to scientific theories.
REFERENCES
Mikenberg, I., da Costa, N.C.A., Chuaqui, R. Pragmatic truth and approximation to truth.
The Journal of Symbolic Logic, 51 (1), 1986, p. 201-21.
D’Ottaviano, I.M.L., Hifume, C. Peircean pragmatic truth and da Costa’s quasi-truth.
Studies in Computational Intelligence, 61, 2007, p. 383-398.
SOBRE A TEORIA DA QUASE-VERDADE

O conceito matemático de verdade pragmática, introduzido primeiramente
por Mikenburg, da Costa e Chuaqui (1986) e subsequentemente chamado por
da Costa de quase-verdade, recebeu nos últimos anos diversas aplicações na
lógica e na filosofia da ciência. O conceito de quase-verdade é relacionado ao
conceito perceiano de verdade pragmática e pode ser considerado como uma
generalização para contextos parciais da caracterização da verdade de Tarski
correspondente. Nesta obra, após apresentar a definição formal da quase-
verdade, apresentaremos uma lógica apropriada que pode ser usada como a
lógica subjacente das teorias cuja concepção da verdade é a quase-verdade do
40 | 18º EIP [18th IMP]

da Costa – entre alguns resultados fundamentais que temos que é um tipo de
lógica modal paraconsistente discursiva. As três grandes interpretações da noção
da verdade – as explicações da correspondência, da coerência e a pragmática –
podem ser unidos na estrutura formal que delineamos. Finalmente, argumentamos
que o conceito de quase-verdade oferece uma forma de dispor a incompletude
inerente às representações científicas e pode ser considerado como a concepção
da verdade inerente às teorias científicas.
REFERÊNCIAS
Mikenberg, I., da Costa, N.C.A., Chuaqui, R. Pragmatic truth and approximation to truth.
The Journal of Symbolic Logic, 51 (1), 1986, p. 201-21.
D’Ottaviano, I.M.L., Hifume, C. Peircean pragmatic truth and da Costa’s quasi-truth.
Studies in Computational Intelligence, 61, 2007, p. 383-398.
FABBRICHESI, Rossella
(Università degli Studi di Milano, Itália)
FORM VS POWER. PRAGMATISM AND THE WAVE OF SPINOZISM

In this talk I will initially deal with some of the quotations that we find in Peirce’s
writings about Spinoza. There are few, but important notes that lead to think that a
new consideration of the philosophical “essence” can spring out from this recognition.
The same as for James, notwithstanding the fact that James was fiercely anti-Spinozist.
As we read in the Ethics, essence (or meaning, in contemporary term) is not to be
considered as a pure form or a definite qualification with rigid designations. Meaning is
a power: in pragmatic terms – as I will try to show - the power of feeling ready to act,
of expanding the disposition to respond, of embodying effectively a certain habit. Thus,
it is not that the meaning is, definitely and once for all; rather, it makes itself as far as
it can produce new effects. It is, as Spinoza said, a potentia agendi, an inexhaustible
conatus that always produce new effects. Concepts are measurable from their results:
they expand their effects like a forest, or a wave, without any clear border or limit. Our
conception of these effects is the whole of our conceptions of the object, as we read in
the pragmatic maxim. Meaning implies “a vast ocean of unforeseen consequences”,
writes Peirce (CP 8.176). In Spinozian terms: no one knows the extent of the power
of a mind or/and of a body.
FORMA X PODER: PRAGMATISMO E A ONDA DO ESPINOZISMO

Nesta palestra abordo inicialmente algumas citações que encontramos nos
escritos de Peirce sobre Espinoza. Existem poucas, mas importantes notas que
levam a pensar que a nova consideração da “essência” filosófica pode surgir
18º EIP [18th IMP] | 41

deste reconhecimento, o mesmo para James, não obstante ser veementemente
anti-espinoziano. Como lemos na Ética, essência (ou significado, em termo
contemporâneo) não deve ser considerado como uma forma pura ou uma
qualificação definida com designações rígidas. Significado é um poder: em termos
pragmáticos – como procurarei demonstrar – o poder de se sentir pronto
para agir, expandindo a disposição para responder, de encarnar efetivamente
determinado hábito. Assim, não é que o significado seja, de maneira cabal e
definitiva; antes, esta se faz na medida em que é capaz de produzir novos efeitos.
Como dissera Espinoza, é como uma potentia agendi, um conato inexaustivo que
produz sempre novos efeitos. Conceitos são mensuráveis pelos seus resultados:
expandem seus efeitos como uma floresta, ou como uma onda, sem nenhuma
fronteira ou limite definido. Nossa concepção destes efeitos é o todo das nossas
concepções do objeto, como lemos na máxima pragmática. Significado implica
“um vasto oceano de consequências imprevistas”, escreve Peirce (CP 8.176).
Em termos espinozianos: ninguém conhece a extensão do poder de uma mente
e/ou um corpo.
HOUSER, Nathan
(Indiana University, EUA)
THE DISINTEGRATION OF SOCIAL MIND

Trumpism in the United States, like other populist eruptions around the world,
demonstrates that fundamental values bequeathed by the Enlightenment are far
less secure in the West than has been assumed. Esteem for rationality and objective
knowledge and respect for individual liberty has been weakened by the dissolution of
society into intransigent factions. The forsaking of core principles that have for many
generations served as a common ground for Western civilization has fragmented
Western society into seemingly irreconcilable camps no longer subject to a shared
communal mind. How can it happen that a society governed by a long-established
shared social mind, summarily splinters into very unlike-minded camps clearly under
the sway of discrepant principles? Is the disintegration of ideas and the dissolution of
mind an inevitable consequence of proliferating mental content, perhaps even built-in
intellectual entropy? Guided by Peirce’s semiotics and philosophy of mind, and using the
Trump-provoked shake-up in US social and political life as an illustrative example of a
profound cultural schism, I will consider some possible structural causes of increasing
sectarianism and will explore the semiotic conditions that would account for the
disintegration of a social mind.
42 | 18º EIP [18th IMP]

A DESINTEGRAÇÃO DA MENTE SOCIAL
O Trumpismo nos Estados Unidos, como outras erupções populistas ao redor
do mundo, demonstra que valores fundamentais herdados do Iluminismo
são muito menos seguros no Ocidente do que fora presumido. Estima pela
racionalidade e conhecimento objetivo e respeito pela liberdade do indivíduo têm
sido enfraquecidos pela dissolução da sociedade em facções intransigentes. O
abandono de princípios essenciais que por muitas gerações serviram como terreno
comum para a Civilização Ocidental tem fragmentado a sociedade ocidental em
campos aparentemente irreconciliáveis, não mais sujeitas a uma mente comunal
compartilhada. Como pode acontecer que uma sociedade governada por uma
mente social compartilhada e estabelecida de longa data sumariamente se fracione
em campos de mentalidades muito diversas, claramente sob a influência de
princípios desconcordes? A desintegração das ideias e a dissolução da mente seriam
então consequência inevitável do conteúdo mental que se prolifera, sendo talvez
uma entropia intelectual inata? Guiado pela semiótica de Peirce e sua Filosofia
da mente, e usando o chacoalhão provocado pelo Trump na vida política e social
dos EUA como exemplo ilustrativo de uma profunda cisma cultural, considerarei
algumas possíveis causas estruturais no crescente sectarianismo e indagarei acerca
das condições semióticas que dariam conta da desintegração da mente social.
INNIS, Robert E.
(University of Massachusetts Lowell, EUA)
BETWEEN THE THINKING HAND AND THE EYES OF THE SKIN: PRAGMATIST AESTHETICS
AND ARCHITECTURE
In Dewey’s Art as Experience we find the following passage: “It is not just the visual
apparatus but the whole organism that interacts with the environment in all but routine
action. The eye, ear, or whatever, is only the channel through which the total response
takes place. A color as seen is always qualified by implicit reactions of many organs,
those of the sympathetic system as well as touch. It is a funnel for the total energy put
forth, not its well-spring. Colors are sumptuous and rich just because a total organic
response is deeply implicated in them.” The purpose of this paper is to follow up on
concrete detail how this works out in the case of architecture. Architectural works
exemplify in the highest degree Dewey’s assertion that aesthetic experience is first a
foremost a matter of perception in the fullest sense, although he does not claim that
it is necessarily the highest art. Architectural works are universally accessible without
our having to go to museums and concert halls, which means that we can test the
relevance and scope of our aesthetic categories by objects that are all around us.
The built world, the architectural world, is, as Dewey put it, “supremely expressive of
18º EIP [18th IMP] | 43

human interests and values,” influencing the future, but also recording and conveying
the past. It “records and celebrates more than any other art the generic features of our
common human life.” Buildings, among all art objects, come the nearest to expressing
the stability and endurance of existence. They are to mountains what music is to
the sea.” I will sketch some novel links between a pragmatist experiential aesthetics
and the conceptually and phenomenologically rich work of the Finnish philosophically
sophisticated practicing architect, Juhani Pallasmaa. In his The Eyes of the Skin
Pallasmaa takes up the theme of ‘architecture and the senses’ and fleshes out in the
case of architecture a central Deweyan claim that is both descriptive and normative:
The built world should be held to the measure of how well it is so constructed that
we are activated on all these levels of our bodily being. Pallasma gives an architect’s
‘take’ on this with the help of different, yet complementary, philosophical tools. In The
Thinking Hand Pallasmaa focuses further, in a more explicit way than in Dewey, on the
heuristic fertility and exemplificational value of the ‘handed’ or ‘hand-guided’ generative
matrix of processes of organizing energies that are involved in the creative design of
the built world as an embodied locus of bodily significance, seeing the hand as a kind
of mediating device overcoming the divide, which Dewey also wanted to do, between
the shaping and the automatic arts. Pallasma’s focus on the ‘thinking hand’ is not
just descriptive but normative and of universal relevance for artistic creativity as such.
ENTRE A MÃO PENSANTE E OS OLHOS DA PELE: ESTÉTICA PRAGMATISTA E

ARQUITETURA
Em Art as Experience de Dewey, encontramos a seguinte passagem: “Não é apenas
o aparato visual, mas o inteiro organismo que interage com o meio ambiente em
tudo menos a atividade rotineira. O olho, ouvido, ou o que seja, é apenas o canal
através da qual a resposta total acontece. Uma cor assim como visto é sempre
qualificada pelas reações implícitas de muitos órgãos, os do sistema simpático
assim como o tato. É um funil para a energia total ser extravasado, não sua fonte.
Cores são suntuosos e ricos tão somente pela resposta orgânica total que é
profundamente implicado neles”. O objetivo deste artigo é prosseguir em detalhe
concreto como isso venha a funcionar no caso da arquitetura. Obras arquitetônicas
exemplificam no grau máximo a afirmação de Dewey que a experiência estética
é, antes de tudo, uma questão de percepção no sentido mais pleno, embora não
reclame que seja necessariamente a arte mais elevada. As obras arquitetônicas
são acessíveis universalmente, sem a necessidade de irmos a um museu ou teatro,
o que significa que podemos testar a relevância e o escopo de nossas categorias
estéticas pelos objetos que estão ao nosso redor. O mundo construído, o mundo
arquitetônico é, como dizia Dewey, “supremamente expressivo dos valores e
interesses humanos”, influenciando o futuro, mas também gravando e transmitindo
o passado. Ela “registra e celebra mais que qualquer outra arte as qualidades
44 | 18º EIP [18th IMP]

genéricas de nossa comum vida humana.” Prédios, entre todos os objetos de
arte, conseguem expressar de maneira mais apta a estabilidade e resistência da
existência. Eles são para as montanhas o que a música é para o mar”. Esboçarei
algumas conexões singulares entre a estética experiencial pragmatista e a obra
conceitual e fenomenologicamente rica do finlandês filosoficamente sofisticado e
arquiteta ativa Juhani Pallasmaa. No seu Eyes of the Skin, Pallasmaa aborda o tema
da ‘arquitetura e os sentidos’ e extrai do caso da arquitetura uma afirmação central
deweyana que é ao mesmo tempo descritivo e normativo: o mundo construído
deve ter por medida o quanto fora bem construído de tal maneira a nos ativar
em todos os níveis de nosso ser corpóreo. Pallasmaa fornece uma perspectiva de
arquiteta com a ajuda de ferramentas filosóficas diferentes mas complementares.
Na The Thinking Hand, Pallasmaa enfoca mais ainda, de maneira mais explícita
que Dewey, na fertilidade heurística e valor exemplificador da matriz geradora de
processos de organização de energias ‘à mão’ ou ‘guiada à mão’ que são envolvidas
no design criativo do mundo construído como um locus encarnado de significado
corpóreo, vendo a mão como uma espécie de aparelho mediativo que supera a
lacuna, que também Dewey quis realizar, entre as artes formativas e automáticas. O
enfoque do Pallasmaa na ‘mão pensante’ não é somente descritivo mas normativo
e de relevância universal para criatividade artística como tal.
LISZKA, James Jakób

(State University of New York Plattsburgh, EUA)
REVISITING PEIRCE’S CONVERGENCE THEORY OF TRUTH

Some scholars have argued that Peirce changed his views later in life concerning the
epistemological status of his convergence theory of truth. His later views emphasized
the hope that truth would be the end result of inquiry, as opposed to the more confident
views early on that it would certainly be so. I argue that Peirce did not abandon that
early confidence, although he made some qualifications to that claim. The argument
is based on his nuanced view of certainty. Peirce delineated four types of certainty:
absolute, mathematical, inductive, and practical. Although he never claimed his theory
of truth was absolutely certain, it was mathematically certain, based on the law of
large numbers. Moreover, there were a number of inductively certain scientific claims,
understood as “established truths.” Collectively this provides a practical certainty
for the success of inquiry. When Peirce’s three different senses of convergence are
analyzed carefully, one can see the law of large numbers at their root.
18º EIP [18th IMP] | 45

REVISITANDO A TEORIA CONVERGENCIAL DA VERDADE DE PEIRCE
Alguns estudiosos têm argumentado que Peirce mudou de visão no final da sua
vida acerca do estatuto epistemológico da sua teoria convergencial da verdade.
Sua perspectiva tardia enfatizava a esperança de que a verdade seria o resultado
final da investigação, em oposição à crença da sua juventude de que seria
certamente o caso. Eu argumento que Peirce não abandonou sua confiança do
início embora criou algumas qualificações para esta afirmação. O argumento é
baseado na sua visão nuançada de certeza. Peirce traçou quatro tipos de certeza:
absoluta, matemática, indutiva e prática. Embora nunca afirmou que sua teoria da
verdade fosse absolutamente certa, era matematicamente certa, baseada na lei
dos números grandes. Além do mais, houve uma grande quantidade de afirmações
científicas indutivamente certas, entendidas como “verdades estabelecidas”.
Coletivamente, isso provê uma certeza prática para o sucesso da investigação.
Quando os três sentidos de convergência do Peirce são analisados cuidadosamente,
é possível ver na sua raiz a lei dos números grandes.
SKAGGS, Steve
(University of Louisville, EUA)
WHEN I DESIGN A TYPE FONT, WHAT IS THE DYNAMIC OBJECT?

In Peircean semiotics, a prominent place is given to the dynamic object. Whereas the
immediate object is the object as it is represented “in the sign” the dynamic object is
what determines the sign, what lies behind and gives agency to the semiotic exchange,
and ultimately that upon which the final interpretant would eventually settle. In the
design of fonts, the denotative interpretant of each character (for instance, that an
“e” will be readable as an “e” and not an “s”) is a necessity but rarely the focus. The
whole creative enterprise in font design is one of stylistics. Each character must be
drawn so that “the feel” of that character is shaded somehow differently than the same
character in any other of the thousands of fonts, but shaded exactly the same as all of
the other characters that are members of the same font. Unlike the natural sciences,
in which “reality” is presumably approached over long investigations by a “community
of scholars”, in font design and other creative art and design acts, there does not
seem to be a hidden “real”; the evolving design is often one of whim and selection is
made on an individual and private basis, rather than an evidentiary, community-held
basis. In such cases, one can imagine a dynamic object, which, if it exists at all, is
nearly indistinguishable from opinion, will, whim, or happenstance – often more a
sense of discovery and amusement than logical entailment. In this way, font design
and certain other creative acts destabilize the entire notion of a dynamic object. Such
design processes are largely divergent in nature rather than convergent (toward a final
interpretant). Nevertheless, there is yet something constraining the design choices:
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harmony. I argue that creative acts offer double dynamic objects: one vague to the
point of elimination in terms of determining a specific style, but the other becoming
clearer (and constrictive) as the style develops. As such, the evolutionary advantage of
creative acts – even such “lowly arts” as font design – is that they multiply “the real.”
In this way, instead of funneling us toward a single coherent understanding as Peirce
envisioned in the sciences, the arts expand our understandings, although ultimately
retaining the constraining forces of coherence and unity.
QUANDO DESENHO UMA TIPOGRAFIA, QUAL É O OBJETO DINÂMICO?

Na semiótica peirciana, o objeto dinâmico recebe um lugar de destaque. Enquanto
o objeto imediato é o objeto assim como representado “no signo”, o objeto
dinâmico é o que determina o signo, o que subjaz e que dá agência ao intercâmbio
semiótico, e por fim, sobre o qual o interpretante final iria finalmente se assentar.
No desenho de fontes, o interpretante denotativo de cada caractere (por exemplo,
que um “e” será legível como um “e” e não como um “s”) é uma necessidade,
mas raramente o foco. A inteira empreitada criativa no desenho de fontes é de
estilística. Cada caractere deve ser desenhado de tal modo que o “feel” daquele
caractere é traçado de alguma maneira diferente daquele mesmo caractere em
qualquer dos milhares de outras fontes, mas traçado de maneira exatamente
igual a todos os outros caracteres que são membros daquela mesma fonte.
Diferentemente das ciências naturais, nas quais “a realidade” é presumidamente
acercada por longas investigações por uma “comunidade de estudiosos”, no
desenho de fonte e outros atos de arte e design criativos, não parece existir algum
“real” escondido; o design em evolução é frequentemente um de capricho e
seleção é feita numa base individual e privada, ao contrário de uma base evidencial
e tida comunitária. Em tais casos, se pode imaginar um objeto dinâmico, que se
caso existir, é quase indistinguível da opinião, vontade, capricho ou circunstância
– amiúde mais um senso de descoberta e divertimento que encadeamento lógico.
Dessa maneira, design de fontes e certos outros atos criativos desestabilizam a
inteira noção de objeto dinâmico. Tais processos são largamente divergentes em
natureza que convergentes (direcionados a um interpretante final). No entanto,
há ainda algo que constringe as escolhas de design: harmonia. Argumento que
atos criativos oferecem objetos dinâmicos duplos: uma que é vaga ao ponto de
eliminação em termos da determinação de um estilo específico, mas o outro
que se torna mais claro (e constritivo) na medida em que o estilo se desenvolve.
Como tais, a vantagem evolutiva de atos criativos- até para artes tão baixas como
desenho de fontes – é que eles multiplicam “o real”. Dessa maneira, em vez de
nos impulsionar para uma única compreensão coerente como imaginava Peirce
nas ciências, as artes expandem nossas compreensões, ao mesmo tempo em que
em último caso retêm as forças constritivas de coerência e unidade.
18º EIP [18th IMP] | 47

SOUZA FILHO, Danilo Marcondes de
(PUCRJ, BRASIL)
PEIRCE, DESCARTES E A POSSIBILIDADE DE UMA FILOSOFIA CÉTICA

A interpretação da crítica de Peirce ao método da dúvida e à concepção cartesiana
de ideia como representação de Descartes tem sido objeto de disputa entre os
especialistas na filosofia peirceana. Embora a maioria desses especialistas concorde
com a relevância dos argumentos de Peirce, alguns, por exemplo, Susan Haack,
discordam da interpretação de Peirce do método cartesiano e outros consideram
sua crítica pertinente, mas nem sempre pelos motivos corretos. Tentarei avaliar
as críticas de Peirce ao método da dúvida de um ponto de vista da possibilidade
de uma filosofia cética, tentando argumentar que esta não depende da dúvida
cartesiana. Procurarei mostrar também que na filosofia de Peirce encontramos
elementos que contribuem para esse tipo de filosofia. Concluo que o Pragmatismo,
enquanto corrente filosófica contemporânea, pode representar o que Richard
Pokin chamou de “ceticismo mitigado”.
PEIRCE, DESCARTES AND THE POSSIBILITY OF A SKEPTICAL PHILOSOPHY

Peirce’s criticism of Descartes’s method of doubt and theory of ideas as representations
has been one of the major points of dispute among Peircean scholars. Although most
of them agree with the relevance of his arguments, some (for instance, Susan Haack)
claim he misses the point of Descartes’s method in some aspects and others say he is
quite often correct, but for the wrong reasons. I shall try to assess Peirce’s criticism of
the method of doubt from the point of view of the possibility of a skeptical philosophy,
trying to argue that it does not depend on the “cartesian doubt”, as well as claiming
that in Peirce’s thought we find elements that contribute towards this kind of philosophy.
I conclude that Pragmatism (as a contemporary philosophical current) can be seen as
representing what has been called (cf. Richard Popkin) “mitigated
RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES
[COMMUNICATIONS ABSTRACTS]
50 | 18º EIP [18th IMP]
AIUB, Monica
(Instituto Interseção-SP, Brasil)
CONTRIBUIÇÕES DE PEIRCE PARA A CONSTRUÇÃO DE MODELOS MENTAIS

BASEADOS EM ANALOGIAS MUSICAIS
A relação entre música e filosofia não é novidade em nossa história. Ela pode
ser encontrada desde os Pré-Socráticos até os contemporâneos, aparecendo
em todos os períodos históricos. Sua abordagem não é somente na perspectiva
estética, envolvendo a composição, a notação, a interpretação musical, os
aspectos acústicos da propagação do som, a recepção subjetiva e a construção
de representações de intérpretes e ouvintes, as emoções e os comportamentos
humanos provocados pela escuta musical, entre outros aspectos; ela também é
utilizada como uma analogia para explicar o funcionamento da mente humana
e da sociedade, sobretudo no que se refere a nossas capacidades relacionais.
Assim como vários filósofos, Peirce também fez uso de analogias musicais para
explicar o funcionamento de estados mentais, tais como pensamentos, crenças,
hábitos, sentimentos e emoções. Além disso, as analogias musicais também foram
utilizadas por ele para o estudo dos interpretantes (CP 5.475 – 5.477), sobretudo
no que se refere à distinção entre interpretante emocional, energético e lógico.
Disto deriva uma série de estudos, no campo musical, acerca das questões da
interpretação e da recepção musicais. Pesquisadores contemporâneos que se
dedicam ao estudo da mente humana – especialmente no campo da filosofia,
da neurociência, da psicologia e da medicina– também têm utilizado, com certa
frequência, analogias musicais para a construção de teorias e modelos explicativos
sobre o mental. O neurocientista Antônio Damásio, em A estranha ordem das
coisas (2018), ao abordar a origem biológica dos sentimentos e da cultura, faz uso
de várias analogias musicais e tem como um dos pontos centrais de sua teoria o
conceito de representação. O filósofo João de Fernandes Teixeira, em A orquestra
da mente (2018), propõe um modelo sônico da mente, que teria surgido como
resultado de uma sinfonia universal: um fisicalismo brando, pautado na teoria
das cordas, no qual a matéria é tão fluida quanto a mente. O neurologista Oliver
Sacks, em Alucinações Musicais (2007), apresenta vários relatos de síndromes que
abordam a relação entre música e o funcionamento cerebral. Esta comunicação
versará sobre algumas possíveis contribuições do pensamento de Charles Sanders
Peirce para a construção de modelos mentais baseados em analogias musicais. A
primeira delas consistirá em seu conceito de representação não antropocêntrico,
em diálogo com a teoria proposta por Damásio em A estranha ordem das coisas
(2018), abordando, especialmente, a questão dos sentimentos e o conceito de
“mente cultural”. Serão destacadas algumas implicações clínicas deste diálogo. A
segunda contribuição apresentada diz respeito à semiótica como um instrumento
18º EIP [18th IMP] | 51

para a interpretação de estados mentais, com destaque para as analogias musicais
propostas por Peirce em CP 5.475 a 5.476, ao abordar o estudo dos interpretantes.
A partir destas analogias, será abordada a relação mente-matéria e apresentada
uma possível contribuição ao modelo sônico de João de Fernandes Teixeira em
A orquestra da mente (2018).
PEIRCE’S CONTRIBUTIONS TO THE CONSTRUCTION OF MENTAL MODELS BASED ON

MUSICAL ANALOGIES
The relation between music and philosophy is not new in our history. It can be found
from the Pre-Socratics to the contemporaries, appearing in all historical periods. This
approach is not only in the aesthetic perspective, it involves composition, notation,
musical interpretation, acoustic aspects of the propagation of sound, subjective
reception and the construction of representations of interpreters and listeners, emotions
and human behaviors provoked by listening musical, among other aspects; it is also
used as an analogy to explain the functioning of the human mind and society, especially
as regards our relational capacities. Like many philosophers, Peirce also made use
of musical analogies to explain the functioning of mental states, such as thoughts,
beliefs, habits, feelings, and emotions. In addition, he has also used musical analogies
to study the interpretants (CP 5.475- 5.477), especially in regard to the distinction
between emotional, energetic and logical interpretant. From that derives a series of
studies in the musical field about the questions of the musical interpretation and the
reception. Contemporary researchers dedicated to the study of the human mind –
especially in the field of philosophy, neuroscience, psychology and medicine – have
also often used musical analogies to construct explanatory theories and models about
the mind. Neuroscientist Antonio Damasio, in The Strange Order of Things (2018),
approaches the biological origin of feelings and culture, making use of several musical
analogies and has the concept of representation as one of the central points of his
theory. The philosopher João de Fernandes Teixeira, in The Orchestra of the Mind
(2018), proposes a sonic model of the mind, which would have arisen as a result of an
universal symphony: a soft physicalism, based on string theory, in which matter is as
fluid as the mind. Neurologist Oliver Sacks, in Musicophilia (2007), presents several
reports of syndromes that address the relation between music and brain functioning.
This paper will present some possible contributions of the thinking of Charles Sanders
Peirce to the construction of mental models based on musical analogies. The first of
these possibilities consists on his concept of non-anthropocentric representation, which
dialogues with the theory proposed by Damasio in The Strange Order of Things (2018),
addressing especially the question of feelings and the concept of “cultural mind”.
Some clinical implications of this dialogue will be highlighted. The second contribution
presented concerns semiotics as an instrument for the interpretation of mental states,
with emphasis on the musical analogies proposed by Peirce in CP 5.475 to 5.476,
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where he addresses the study of the interpretants. Starting from these analogies, the
relation between mind and matter will be approached and a possible contribution to
the sonic model, designed by João de Fernandes Teixeira in The Orchestra of the Mind
(2018), will be presented.
ARAUJO NETO, Gerson A. de; FONTENELE ARAUJO, Gustavo B.

(UFPI, Brasil)
A EPISTEMOLOGIA DE KARL POPPER E O CÉREBRO HUMANO

Este ensaio tem o objetivo de refletir sobre a abordagem que o filósofo Karl
Popper faz sobre a questão da mente. Popper foi um dos filósofos mais importantes
do século XX. Sua obra trata de diversos assuntos que vão da ciência, lógica,
política, metafísica e da questão da mente. Além de criticar severamente e
rejeitar a indução na ciência, Popper tem um critério de demarcação inovador
para classificar a ciência da não ciência. Este critério batizado de falseabilidade
veio como uma substituição ao critério de verificação. Esse critério defende que
uma teoria científica é sempre provisória e nunca definitiva. Uma teoria científica
é sempre uma conjectura que pode a qualquer momento ser refutada. Com base
neste critério, Popper faz uma crítica ao status epistemológico do marxismo e da
psicanálise. Para ele estas duas áreas do conhecimento não passam no seu critério
de falseabilidade. O marxismo porque teve algumas proposições de sua teoria
refutadas e não foi entendida por seus adeptos como uma refutação do mesmo.
Estes, para Popper estavam agindo como dogmáticos. Já a psicanálise, para Popper,
colocava suas proposições de tal forma que não poderia ser refutada. Para ele
havia a necessidade de que os teóricos da psicanálise reformulassem a estrutura
da mesma para que suas proposições estivessem abertas à refutação. Para ele, o
marxismo deixou de ser ciência quando não aceitou a refutação, e a psicanálise,
ainda, não é ciência até apresentar suas proposições de tal forma que possam ser
refutadas. Popper também trabalha a questão da mente quando elabora a teoria
dos três mundos. Este seu trabalho está expresso principalmente no livro escrito
em parceria com o ganhador do prêmio Nobel de medicina, o neurofisiologista
John Eccles. Este livro é intitulado O Eu e o seu cérebro. Popper ainda trata
deste mesmo assunto em capítulos de outras obras e em outros artigos. Esta
comunicação tem o objetivo discutir o tratamento de Karl Popper em relação
à questão da mente. O estudo e a reflexão desta comunicação estão centrados
no citado livro de Popper e John Eccles, principalmente na sua original teoria
dos três mundos. O estudo também abrangerá os atuais conhecimentos sobre o
cérebro humano, principalmente os conhecimentos expostos no livro Tratado de
fisiologia médica, de autoria de Arthur Guyton e John Hall. Em sua teoria dos três
mundos, Karl Popper divide a realidade em três mundos. O mundo um seria o
18º EIP [18th IMP] | 53

mundo das coisas fisicas. O mundo dois seria constituído dos objetos internos às
mentes humanas. E o mundo três seria constituído de teorias, produtos culturais
e artísticos. Estes, para Popper, depois de criados, teriam existência autônoma.
THE EPISTEMOLOGY OF KARL POPPER AND THE HUMAN BRAIN

This essay aims to reflect on the philosopher Karl Popper’s approach to the question
of mind. Popper was one of the most important philosophers of the twentieth century.
His work deals with various subjects ranging from science, logic, politics, metaphysics
to the question of mind. In addition to severely criticizing and rejecting induction in
science, Popper has an innovative demarcation criterion for classifying the science of
non-science. This criterion of falsifiability came as a replacement for the verification
criterion. This criterion argues that a scientific theory is always provisional and never
definitive. A scientific theory is always a conjecture that can, at any moment, be refuted.
Based on this criterion, Popper criticizes the epistemological status of Marxism and
psychoanalysis. For him, these two areas of knowledge do not pass in their criterion of
falsifiability. Marxism because it had some propositions of its theory refuted and was
not understood by its adherents like a refutation of Marxism. These, for Popper, were
acting as dogmatists. Psychoanalysis, for Popper, put its propositions in such a way that
it could not be refuted. For him, there was a need for the theorists of psychoanalysis
to reformulate its structure so that its propositions were open to refutation. For him,
Marxism ceased to be science when it did not accept refutation, and psychoanalysis,
yet, it is not science until it presents its propositions in such a way that they can be
refuted. Popper also discusses the question of mind when elaborating the theory of the
three worlds. This discussion is mainly expressed in the book written in partnership
with the winner of the Nobel Prize in medicine, neurophysiologist John Eccles. This
book is entitled The Self and Your Brain. Popper still deals with the same subject in
chapters of his other works and in other articles. This communication aims to discuss
Karl Popper’s treatment of the question of the mind. The study and reflection of this
communication are centered on Popper and John Eccles’s book, especially in his original
theory of the three worlds. The study will also cover current knowledge about the human
brain, especially the knowledge set forth in the book Treatise on Medical Physiology
by Arthur Guyton and John Hall. In his theory of the three worlds, Karl Popper divides
reality into three worlds. The first world one would be the world of physical things.
The second would be made up of objects internal to human minds. And the third world
would be made up of theories, cultural and artistic products. These, for Popper, after
creation, would have autonomous existence.
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ARAÚJO, Arthur
(UFES, Brasil)
UEXKÜLL E WHITEHEAD: SOBRE SIGNIFICADO, PROCESSO E VIDA

Uma virtude filosófica da teoria de Umwelt de Jakob von Uexküll é destacar que
a vida só pode ser compreendida considerando-se a relevância do significado. Na
medida em que ele define biologia como teoria da vida, investigar a vida determina
suas mudanças de significado. Enfatizando a relevância do significado, Uexküll
abre uma nova perspectiva para a biologia teórica e a etologia contemporânea
assim como semeia o campo para a germinação e o crescimento da biossemiótica.
Independente do fato de que é a noção de Umwelt que atrai o maior interesse
sobre o trabalho de Uexküll, vamos explorar a noção de significado segundo o que
é referido por ele como “regra comum do significado”. Em Theoretical Biology
(1926), Uexküll usa a expressão ‘rede da vida’ que se contrasta com a ‘árvore
da vida’ de Darwin: o conceito de vida, expresso pela imagem de uma escada,
é substituído pela compreensão da evolução como modificações em uma rede
complexa de relações na natureza. Aqui a imagem de rede evoca o empirismo de
William James como uma filosofia do mosaico. O que Uexküll chama de “regra
comum do significado” descreve a estrutura dinâmica de uma rede complexa
crescente em multiplicidade e diversidade na natureza. Em comparação com
a metafísica do processo de Whitehead, cada organismo é uma entidade em
processo que não pode ser morfologicamente descrita como coisa. Recusando
a morfologia de coisa, Uexküll e Whitehead negam uma visão substancialista de
organismo. Para Whitehead, organismo são formas dinâmicas e como tais estão
sujeitas à mudança de relações no espaço e tempo. Para o biólogo whiteheadiano
Joseph H. Woodger (1929), por exemplo, organismos são eventos temporal
e espacialmente diferenciados. A influência de Whitehead também pode ser
encontrada em Waddington, 1957; Miller, 1978; Turner, 2000; Delafield-Butt,
2008. À medida que um organismo não é morfologicamente identificado a
uma coisa e que é parte de relações dinâmicas com o meio, o resultado é uma
atomicidade temporal. Assim, a multiplicidade e a diversidade de organismos
compõem uma comunidade dinâmica de entidades atômicas da qual processos
de significação emergem e temporalmente estruturam a rede da vida. A noção
de rede da vida pode ser descrita pela regra comum de significado de Uexküll.
Não se trata de uma regra do indivíduo ou da espécie. É uma terceira regra da
natureza (Uexküll, 1926). Em cada caso na natureza, a regra comum de significado
une estruturalmente organismo e mundo como um “dueto” de “recebedor de
significado” e “fator de significado” – para Uexküll, cada organismo desempenha
um papel na sinfonia da natureza. Como a regra comum do significado molda as
estruturas subjacentes à rede da vida, as relações de “recebedor de significado”
18º EIP [18th IMP] | 55

e “fator de significado” nunca são neutras, e consequentemente os processos de
significação indicam valor e graus de normatividade na natureza. A interseção entre
a metafísica do processo de Whithead e a teoria do significado de Uexküll pode
ser traçada aqui. Embora Uexküll não pareça ter tido preocupações metafísicas,
sua regra comum do significado mostra traços convergentes com a metafísica do
processo de Whitehead. Na medida em que a regra comum do significado revela
uma estrutura dinâmica na natureza, unindo organismo e mundo, ela induz a uma
compreensão de significação como processo. De um ponto de vista tradicional,
o significado é tido como uma propriedade do uso humano da linguagem como
fenômeno de “linguicentrismo” (Merrell, 1997). Segundo a metafísica do processo
de Whitehead, entretanto, ao invés de ser uma relação estática, discreta e
independente de contexto entre entidades linguísticas ou mentais e objetos,
pode-se entender o significado como pluralidade, diversidade e processo: o
significado está aqui e ao mesmo tempo está em toda parte (Merrell, 1997) – o
significado não existe do modo que tendemos a pensar que existe (Putnam, 1975).
Ao propor a aproximação entre a teoria do significado de Uexküll e a metafísica
do processo de Whitehead, o problema é se a inteligibilidade e a coerência
da própria noção de significado resistem a tal metafísica. Se abandonamos a
concepção tradicional de significação como uma relação entre representação
(símbolo proposicional ou estado mental) e objeto, pode-se tornar inteligível e
coerente a significação como pluralidade, diversidade e processo. Um tal sentido
de significação está em paralelo com o que Whitehead chama de “criatividade” e
implica novidade no mundo. Embora criatividade tenha implicações ontológicas na
filosofia de Whitehead, o que quero explorar nela é o aspecto de potencialidade
de criação de significado como fenômeno da vida. Em contraste com Whitehead,
que amplia a criatividade a níveis inferiores, incluindo partículas atômicas, é um
desafio aqui sustentar que a criação de significado é uma propriedade do mundo
de entidade animadas. Por animado, entendo a ψυχή (ou alma) no sentido de
Aristóteles. Da raiz latina, “alma” significa anima. Se um corpo carece de anima,
ele é inanimado (por exemplo, cristais, partículas atômicas, pedras, montanhas
e assim por diante) – também incluo robôs e a chamada Inteligência Artificial
na categoria do inanimado. Não estou usando anima em sentido de faculdade
mental. A ideia é muito mais que o significado é uma propriedade distintiva do
mundo de entidade animadas. Neste sentido, Whitehead identifica quatro graus
de entidades que diferenciam objetos persistentes não-vivos (como elétrons) e
objetos persistentes vivos (que pode ou não incluir entidades conscientes) – anima
representa uma propriedade do segundo grupo. Resumindo minha abordagem
de significado, processo e vida, e de acordo com as perspectivas de Uexküll e
Whitehead, ela pode ser traduzida na seguinte premissa: onde há significado, há
vida. Minha premissa está muito próxima à visão de semiose de Thomas Sebeok:
56 | 18º EIP [18th IMP]

semiose é co-extensiva à vida em termos de “sem signo, sem vida” e inversamente
(Sebeok, 1999; Deely, 2009). A diferença é que destaco a implicação da ideia de
Whietehead de processo sobre a compreensão de significado. Como entendo, a
significação coincide com processos de entidades animadas no sentido de objetos
persistentes vivos (que pode ou não incluir entidades conscientes). Em sintonia
com a teoria do significado de Uexküll, a descrição de Whitehead de graus de
entidades pode iluminar a questão conflitante de se determinar o limiar entre
não-vivo e vivo (Uexküll, 1926; Eco, 1976; Kull, 2009; 2011; Deacon, 2012). Uma
vez que a descrição de Whitehead diferencia entre tipos de entidades, pode-se
mapear uma zona de limiar para a identificação onde os processos de significação
começam – a porta se abre para Uexküll. Usando a terminologia de Whitehead,
a ideia de limiar pode identificar a zona de transição entre entidades vivas e não-
vivas. Para Whitehead, contudo, a transição não caracteriza descontinuidade ou
bifurcação na natureza. Em comparação com Sebeok (1979) e Hoffmeyer (2008)
sobre a vida como processo emergente e limiar para semiosfera, na medida em
que a significação é uma propriedade distintiva de entidades animadas, eu assumo
que onde há significação, há vida – sem significação, sem vida!
UEXKÜLL AND WHITEHEAD: ON MEANING, PROCESS AND LIFE

One philosophical virtue of Jakob von Uexküll’s theory of Umwelt is to point that life
can only be understood regarding the importance of meaning. Since he defines biology
as theory of life, investigating life determines its changings of meaning. Stressing the
importance of meaning, Uexküll opens a new perspective for theoretical biology and
contemporary ethology as well as he seeds the field for biosemiotics to germinate
and grow up. Despite the fact that it is the notion of Umwelt that mostly attracts
the interest on Uexküll’s work, here I explore meaning according to what he refers
to as “common meaning rule” (Uexküll, [1934] 2001; 2010). In Theoretical Biology
(1926), Uexküll employs the expression “web of life”. It contrasts with Darwin’s
“tree of life”: the concept of life expressed by the image of a ladder is replaced by
the understanding of evolution as modifications in a web of complex relations. Here
the image of web also evokes William James’s empiricism as philosophy of mosaic.
What Uexküll calls “common meaning rule” describes the dynamic structure of an
increasingly complex web in multiplicity and diversity in nature. In comparison with
Whitehead’s process metaphysics, every organism is an entity in process that cannot
be morphologically described in terms of stuff. In refusing the morphology of stuff,
Uexküll and Whitehead denies the substantialist view of organism. For Whitehead,
organisms are dynamic forms and, as such, they suffer changing relations in space
and time. For the Whiteheadian biologist Joseph H. Woodger (1929), for instance,
organisms are events temporally and spatially differentiated. Whitehead’s influence
can also be noted on Waddington, 1957; Miller, 1978; Turner, 2000; Delafield-Butt,
18º EIP [18th IMP] | 57

2008. Since an organism is not morphologically identified with stuff and it is part of
dynamic relations with the environment, the result is a temporal atomicity. Accordingly,
the multiplicity and diversity of organisms make up a dynamic community of atomic
entities from which meaning processes emerge and temporally frame the web of
life. The notion of web of life can be described by Uexküll’s common meaning rule.
It is not a rule of individual or species. It is a third rule of nature (Uexküll, 1926).
In each case in nature, the common meaning rule unites structurally organism and
world as a “duet” between “meaning-receiver” and “meaning-factor” – for Uexküll,
every organism plays a role in nature’s symphony. As the common meaning rule
frames the structures underlying the web of life, the relations of meaning-receiver
and meaning-factor are never neutral and consequently meaning processes suggest
value and degrees of normativity in nature. The intersection between Whitehead’s
process metaphysics and Uexküll’s theory of meaning can be traced here. Although
Uexküll does not seem to have had metaphysical concerns, his common meaning rule
presents traces converging with Whitehead’s process metaphysics. Insofar as Uexküll’s
common meaning rule reveals a dynamic structure in nature uniting organism and
world, it induces a conception of meaning as process. From a traditional point of
view, meaning is taken to be a property of human use of language as phenomenon
of “linguicentrism” (Merrell, 1997). In accordance with Whitehead’s metaphysics of
process, however, instead of being seen as a static, discrete and context-independent
relation between linguistic or mental entities and objects, one can take meaning to
be much more as plurality, diversity and process: meaning is nowhere and at the same
time it is everywhere (Merrell, 1997) – it does not exist the way we tend to think it
does (Putnam, 1975). In proposing the approximation of Uexküll’s theory of meaning
and Whitehead’s process metaphysics, the problem is that whether the intelligibility
and coherence of the very notion of meaning resist to such a metaphysics. If one
leaves the traditional conception of meaning as a relation between representation
(propositional symbol or mental state) and object, one can make meaning intelligible
and coherent as plurality, diversity and process. This sense of meaning is in parallel
with is what Whitehead calls “creativity” and implies novelty in the world. Although
creativity has ontological implications on Whitehead’s philosophy, what I want to
look into it is the aspect of potentiality of meaning creation as phenomenon of life. In
contrast with Whitehead who extends the creativity to lower levels including atomic
particles, it is a challenge here to assert that meaning creation is a property of the
world of animate entities. By animate, I mean Aristotle’s ψυχή (or “soul”). From its
Latin root, “soul” means anima. If a body lacks anima, it is animateless (for example,
crystals, atomic particles, stones, mountains, and so on) – I also include robots and
the so-called Artificial Intelligence in the category of the animateless. I am not using
“anima” in the sense of mental faculty. The idea is rather that meaning is a distinctive
property of the world of animate entities. In this regard, Whitehead identifies four
58 | 18º EIP [18th IMP]

grades of entities that differentiate between enduring non-living objects (such as
electrons) and enduring living objects (which may include conscious entities) – anima
indicates a property of the second group. Summarizing my approach on meaning,
process and life, and in accordance with the perspectives of Uexküll and Whitehead,
it can be translated into the following premise: where there is meaning, there is life.
My premise is quite close to Thomas Sebeok’s view of semiosis: it is co-extensive with
life in terms of “no sign without life” and conversely (Sebeok, 1999; Deely, 2009). The
difference is that I stress the implication of Whitehead’s idea of process on the sense
of meaning. As I see, meaning coincides with the processes of animate entities in the
sense of enduring living objects (which may include conscious entities). In tune with
Uexküll’s theory of meaning, Whitehead’s description of grades of entities may shed
light on the contentious issue of determining the threshold between non-living and
living (Uexküll, 1926; Eco, 1976; Kull, 2009; 2011; Deacon, 2012). Since Whitehead’s
description differentiates between types of entities, one can map a threshold zone
to the identification where meaning processes begin – the door is opened to Uexküll.
Using Whitehead’s terminology, the idea of threshold may identify the transitional
zone between non-living and living entities. For Whitehead, however, the transition
does not characterize discontinuity or bifurcation in nature. In comparison with Sebeok
(1979) and Hoffmeyer (2008) on life as being emergence process and threshold for
the semiosphere, once meaning is a distinctive property of animate entities, I assume
that where there is meaning, there is life – no meaning, no life!
BAGGIO, Renan Henrique

(PUC-SP, Brasil)
O LUGAR DE PEIRCE NA HISTÓRIA DA LÓGICA: UM DIÁLOGO COM A “TRADIÇÃO

FREGE-RUSSELLIANA”
De modo a compreender o papel de Charles Sanders Peirce no percurso do
pensamento filosófico, sobretudo aquele que desempenhou nos estudos acerca
da natureza da lógica, é preciso considerar certos aspectos de sua teoria e
compará-los com as questões tratadas pelos pensadores enaltecidos pela tradição.
Diante dessa análise, buscamos clarificar o lugar de Peirce na história da lógica e
estabelecer em que medida seus escritos são tão importantes para a construção
do conhecimento humano quanto aqueles deixados por pensadores consagrados.
É possível considerar Peirce um lógico equiparável a Aristóteles ou a Frege? O
que a lógica ganha ao abraçar sua teoria? Tratamos dessas e de outras questões ao
longo deste texto. Para tanto, na primeira seção, apresentamos as vertentes da
lógica que a dividem em duas correntes de pensamento, nas quais estão situadas
as contribuições de seus colaboradores, a saber, a lógica enquanto linguagem
universal e a lógica enquanto cálculo, ou teoria dos modelos. Pretendemos situar
18º EIP [18th IMP] | 59

Peirce em meio a essas tradições e a partir daí compreender alguns aspectos de sua
teoria. Na segunda seção, abordamos os eixos mais fundamentais do pensamento
lógico de Peirce e sua originalidade diante da tradição. O que apenas Peirce
legou para o estudo da lógica e como proceder diante disso? Para responder a
essa questão, nos debruçaremos sobre as seis especificidades da teoria peirciana
levantadas por Dipet e a forma como elas o tornam um pensador singular. Por
fim, na terceira seção, utilizamos como carro chefe um texto de Anellis, How
Peircean was the “Fregean Revolution” in Logic?, para argumentar que Peirce
trabalhou, em certos pontos ainda mais cedo, as mesmas questões abordadas
por Frege e Russell, compreendidas como responsáveis pela revolução da lógica
no século XIX. Apresentamos os sete pontos que, segundo Heijenoort, foram as
novidades trazidas pela tradição fregeana para a lógica e argumentamos a partir
do texto de Anellis que tais pontos foram também abordados por Peirce, embora
não reconhecidos pela linha mainstream da lógica.
THE PEIRCE’S PLACE IN THE HISTORY OF LOGIC: A DIALOGUE WITH THE “FREGE-
RUSSELLIAN TRADITION”
In order to understand the role of Charles Sanders Peirce in the course of philosophical
thought, especially that which he has carried out in his studies of the nature of logic,
one must consider certain aspects of his theory and compare them with the questions
dealt with by the thinkers extolled by tradition. In view of this analysis, we seek to
clarify Peirce’s place in the history of logic and to establish to what extent his writings
are as important for the construction of human knowledge as those left by consecrated
thinkers. Is it possible to consider Peirce as a logician comparable to Aristotle or Frege?
What does logic gain by embracing your theory? We deal with these and other issues
throughout this text. For this, in the first section, we present the slopes of logic that
divides it into two currents of thought in which are situated the contributions of its
collaborators, namely, logic as an universal language and logic as a calculus, or model-
theoretical. We intend to situate Peirce among these traditions and to understand some
aspects of his theory. In the second section, we address the most fundamental axes of
Peirce’s logical thinking and its originality in the face of tradition. What only did Peirce
bequeath to the study of logic and how to proceed? To answer this question, we shall
consider the six specificities of Peirce’s theory raised by Dipet and how they make him
a singular thinker. Finally, in the third section, we used a text by Anellis, How Peircean
was the “Fregean Revolution” in Logic?, to argue that Peirce worked, at some points
even earlier, on the same issues as Frege and Russell, understood as responsible for
the revolution of logic in the nineteenth century. We present the seven points that,
according to Heijenoort, were the novelties brought by the Fregean tradition for logic
and we argue from the text of Anellis that such points were also approached by Peirce,
although not recognized by the mainstream line of logic.
60 | 18º EIP [18th IMP]

BAIARDI, Daniel Cerqueira
(UFBA; PUCSP, Brasil)
EVOLUÇÃO CATACLÍSMICA E EXPLOSÃO CULTURAL: CONTINUIDADE E RUPTURA

NAS OBRAS DE C. S. PEIRCE E Y. M. LOTMAN
Diversos modelos de transformação foram propostos na tentativa de explicar as
mudanças culturais em suas diversas esferas como, por exemplo, a economia,
artes ou ciências. Este trabalho concentra-se nas imagens destes processos de
transformação produzidas por dois homens que dedicaram suas vidas ao estudo do
Signo, Charles Sanders Peirce e Yuri Mikhailovich Lotman. Ambas as aproximações
constroem teorias holísticas e, consequentemente, evitam os problemas típicos
gerados pelo determinismo e pelo reducionismo. Com efeito, enquanto os
métodos de observação sugeridos por Peirce podem produzir interpretações
menos ortodoxas da causalidade, Lotman facilmente impressiona seus leitores com
uma talentosa habilidade em confrontar toda a incerteza encontrada nos sistemas
complexos que são seus objetos de estudo. Os dois modelos têm em comum
pretensões de descrever os fenômenos que caracterizam os períodos de adaptação
ou de desenvolvimento normal e também de realizar certas previsões para as
fases de transformação radical. Em termos peircianos, a evolução cataclísmica é
evidenciada em uma mudança de hábitos brusca em resposta a mudanças drásticas
no ambiente. Na evolução cataclísmica, mediante determinados riscos para a
integridade do sistema, este pode obter saltos não somente quantitativos, mas
também qualitativos. Para Peirce, este tipo de modelo de transformação opera
na natureza provavelmente associado a outros dois: um gradualismo adaptativo
e um selecionismo estocástico. Peirce não apresentava reservas na aplicação de
conceitos oriundos das ciências orgânicas, pois, em sua análise eram, por sua
vez, novas aplicações de algoritmos matemáticos já conhecidos. Em Lotman, se a
tensão entre os polos de um dado sistema atinge o nível crítico, ele potencialmente
torna-se explosivo. Este estudo é auxiliado tanto pelos mais conspícuos debates da
história e da filosofia das ciências, assim como pelos métodos de comparação que
atentam para as políticas de produção cultural e para a tradução intersemiótica,
essencial para aproximar culturas diferentes através da comunicação. Após
obtermos uma comparação descritiva de suas aproximações à ruptura com antigos
hábitos culturais, é possível notar a continuidade entre estes dois autores também
na preocupação em demonstrar que o sistema pode continuar íntegro, mantendo
sua identidade original e perseverando enquanto entidade. Neste aspecto, vale
notar ainda que Peirce possuía uma tendência mais normativa e prescritiva do que
a de Lotman. Em contrapartida, Lotman produz uma síntese poderosa capaz de
promover uma nova perspectiva da tensão entre polos opostos e os mecanismos
de superação deste conflito. Assim, argumento que as expectativas epistemológicas
18º EIP [18th IMP] | 61

do convergentismo pragmático acompanhada de uma fenomenologia dinâmica,
marcada pela dramaticidade do texto e pela tragicidade do mundo, abre caminho
para uma nova concepção cosmológica. Argumentarei que esta nova concepção
metafísica não interpreta este tipo de conflito como algo somente pernicioso,
mas como uma indisposição necessária para a evolução do sistema como um
todo complexo.
CATACLYSMIC EVOLUTION AND CULTURAL EXPLOSION: CONTINUITY AND RUPTURE IN

THE WORKS OF C. S. PEIRCE AND Y. M. LOTMAN
Many models were designed to explain changes in different spheres of culture as, for
instance, economics, arts and sciences. This paper focuses on images of that kind of
transformation processes suggested by two men who dedicated their lives to the study
of signs: Charles Sanders Peirce and Yuri Mikhailovich Lotman. Both approximations
built holistic theories and, consequently, avoided typical problems generated by
reductionism and determinism. Indeed, while the observation methods suggested by
Peirce could produce less orthodox interpretations of causality, Lotman easily strike
his readers with a gifted ability to confront all uncertainty found in complex systems
which are his subjects of study. Both models have in common pretensions to describe
phenomena which characterize the period of adaptation or normal development and
also to make previsions to radical transformation phases. In Peircean terms, cataclysmic
evolution is followed by a sudden change of habits in response to drastic changes on
environment. In the cataclysmic evolution, despite some risks to the integrity of the
system, cataclysmic process opens possibilities to obtain leaps in performance not
only quantitative, but also qualitative. To Peirce, that kind of transformation model
probably works in Nature associated to another two: gradualist adaptationism and
stochastic selectionism. Peirce did not make reserves to application concepts from
organic sciences, because under his analysis those concepts, in turn, was applications
of already known mathematical algorithms. In Lotman, if the tension inside a given
system reaches the critical level it could potentially became explosive. This study is
assisted by some of the most conspicuous History and Philosophy of Science discussions
as by comparison methods which pay attention to cultural production policies and
to intersemiotic translations, paramount to bring close different cultures through
communication. After we got a descriptive comparison of his approximations to the
rupture with old cultural habits, we can notice the continuity between these two
authors also in their commitment in demonstrate that the original system can maintain
its integrity, holding its original identity and surviving as an entity. In this respect, it
should be noted that Peirce had a more normative and prescriptive inclination than we
find in Lotman. On the other hand, Lotman produces a powerful synthesis capable of
promoting new perspective of the tension between opposing poles and the mechanisms
of overcoming that conflict. I argue here that the epistemological expectations of
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pragmatic convergentism accompanied by a dynamic phenomenology, marked by the
dramaticity of the text and by the tragicity of the World, opens the way to a new
cosmological conception. I will argue that this new metaphysical conception does not
regard this kind of conflict as only pernicious, but as a necessary indisposition for the
evolution of the system as a complex whole.
BALLABIO, Alessandro
(UPN, Colombia)
EXPERIENCE, EXPRESSION AND CREATIVITY IN C. S. PEIRCE AND M. MERLEAU-PONTY

This talk is structured in three sections: the first one is about C. S. Peirce, the second
one is about M. Merleau-Ponty and the third one is a comparison about the thoughts
of both, showing the common elements that make us understand in what sense and
under which conditions experience is always a creative praxis. In the first two sections
we present the answers that Peirce and Merleau-Ponty give to the same questions:
What does it mean that knowledge grows? What experience do we have of this
growth? In other terms, how and under which conditions does novelty arise from our
experience? Which elements characterize experience as creative? What role does
man play in this creative process? Even more: what kind of work is that of creativity?
The purpose of this twofold enquiry is to show how both philosophers end up outlining
experience as creative in itself, and how they conceive that novelty happens within
knowledge. The third section, which constitutes the original contribution of this talk,
relates the thoughts of Peirce and Merleau-Ponty, identifying those common elements
that illustrate under which conditions knowledge grows. Four conditions are identified:
(1) Experience is not reduced to a passive reception of perceptive data, but rather it
consists in finding and devising those relationships which connect a certain and observed
effect to a general and hypothesized cause. (2) This relationship is not already given in
human experience, but it is something constituted by an Interpreter that establishes
the relationship. (3) In this sense, experience is always a creative interpretation which
depends on a practical habit that interrupts the continuity of the perceptual flow, and
allows the introduction of a new explanatory and disruptive hypothesis in the perceived
and actual world. (4) This habit is overall a practical disposition that recognizes a
conceivable world as the expression of the perceived one, and carries out the existential
and knowing conditions of experience through the materiality of a practical sign. Indeed,
the existential graphs of C. S. Peirce or the pictorial line of Merleau-Ponty refer not
only to a new and conceivable meaning anticipated by the perceptual experience, but
rather they allow that meaning to exist as a perceived presence. Our practical gestures
and body movements discover that web of relationships that constitute the general
context of our interpretations and give existence and meaning to the things that we
perceive and make them visible to us.
18º EIP [18th IMP] | 63

EXPERIÊNCIA, EXPRESSÃO E CRIATIVIDADE EM C. S. PEIRCE E M. MERLEAU-PONTY
Esta comunicação está estruturada em três seções: a primeira é sobre C. S.
Peirce, a segunda é sobre M. Merleau-Ponty e a terceira é uma comparação do
pensamento de ambos, mostrando os elementos em comum que nos fazem
entender em que senso e sob quais condições a experiência é sempre uma
práxis criativa. Nas primeiras duas seções nós apresentamos as respostas que
Peirce e Merleau-Ponty dão às mesmas perguntas: O que significa dizer que o
conhecimento cresce? Qual experiência temos desse crescimento? Em outros
termos, como e sob quais condições a novidade surge da nossa experiência?
Quais elementos caracterizam uma experiência como sendo criativa? Qual o
papel do ser humano neste processo criativo? Ainda mais: que tipo de trabalho
é a criatividade? O propósito dessa dupla investigação é mostrar como ambos
filósofos acabam delineando a experiência como sendo criativa em si mesma,
e como ambos concebem a maneira que a novidade sucede no interior do
conhecimento. A terceira seção, que constitui a contribuição original desta
comunicação, relata o pensamento de Peirce e Merleau-Ponty, identificando
aqueles elementos comuns que ilustram sob quais condições o conhecimento
cresce. Quatro condições são identificadas: (1) Experiência não é reduzido a
uma recepção passiva de dados perceptivos, mas antes consiste em encontrar e
conceber aquelas relações que ligam um certo e observado efeito a uma causa
geral e hipotetizada. (2) esta relação não é já dada na experiência humana,
mas é algo constituído por um Intérprete que estabelece a relação. (3) Neste
sentido, experiência é uma interpretação criativa que depende de um hábito
prático que interrompe a continuidade do fluxo perceptual, e que permite a
introdução de uma nova e disruptiva hipótese explanatória no mundo percebido
e real. (4) Este hábito é, sobretudo, uma disposição prática que reconhece um
mundo concebível como expressão daquele percebido, e cumpre as condições
existenciais e de conhecimento através da materialidade de um signo prático.
De fato, os gráficos existenciais de C.S. Peirce ou a linha pictórica de Merleau-
Ponty se referem não somente a novo e concebível significado antecipado pela
experiência perceptual, mas são eles que permitem que aquele significado exista
como uma presença percebida. Nossos gestos práticos e movimentos do corpo
descobrem que a teia de relações que constituem o contexto geral de nossas
interpretações e dão existência e significado às coisas que percebemos e as
torna visíveis para nós.
64 | 18º EIP [18th IMP]

BAVARESCO, Agemir
(PUCRS, Brasil)
UMA LEITURA NORMATIVA HEGELIANA: ESCOLA DE PITTSBURGH

A leitura hegeliana realizada pelos norte-americanos da Escola de Pittsburgh
merece ser conhecida pela sua inovação em relacionar a tradição analítica e
continental de um modo original e instigante. Por isso, o objetivo desta pesquisa
é fazer uma reconstrução da recepção de Hegel feita pela chamada Escola de
Pittsburgh, a partir do livro de Luca Corti: Ritratti hegeliani. Apresentaremos
apenas três autores: Sellars, McDowell e Brandom e os pontos centrais
desta leitura hegeliana atual feita por Luca Corti, em forma de uma síntese
reconstrutiva de tal pesquisa. O objetivo é apresentar Sellars, o fundador da
Escola de Pittsburgh, e mais os dois autores (McDowell e Brandom), que têm
uma abordagem diferente do conceito de normatividade. No começo dos anos
50, há um renascimento dos estudos hegelianos inspirados pela pesquisa de
Sellars que admira Hegel, embora o cite raramente. Porém, as raízes históricas e
teóricas deste renascimento encontram-se em Sellars, cujos autores McDowell,
Brandom, Pipin e Pinkard de uma forma ou de outra se inspiram. Corti afirma
que tentará elaborar uma síntese reconstrutiva das suas interpretações e dos
debates que gravitam ao seu redor, respondendo a duas questões: “Como
Hegel retornou aos Estados Unidos”, mas, sobretudo: “Qual Hegel retornou
ao centro das atenções nesse contexto filosófico?” A chave de leitura e o
fundo teórico que une estes autores é a normatividade. O tema da norma é
central neste livro. O conceito de “regra ou norma” é o que faz a ponte para
a interpretação dos textos do idealismo alemão. Os termos “regra” e “norma”
assumem significados múltiplos e controversos: O que são as normas? Qual é
o seu estatuto? Como compreender fenômenos enquanto intencionalidade, o
conhecimento perceptivo e o significado em termos normativos? As respostas a
estas perguntas colocam em diálogo Hegel e Wittgenstein. Para isso é necessário
retornar a Sellars e ver como ele aproxima Wittgenstein de Kant que ensina como
seguir uma regra e, também, como Kant dialoga com Wittgenstein encontrando
o pragmatismo. O livro de Luca Corti é uma obra que nos permite conhecer,
de modo sistemático, uma das atualizações hegelianas contemporâneas muito
importante: a recepção norte americana. O autor tem o mérito de apresentar
os autores de modo didático, introduzindo a teoria de cada autor e a sua relação
com Hegel. O leitor pode seguir os passos de apresentação do autor, pois ele usa
um estilo simples e direto, evitando diletantismos ou informações desnecessárias,
não perdendo o foco de sua pesquisa. Trata-se de uma leitura incontornável para
quem necessita conhecer a recepção hegeliana norte-americana.
18º EIP [18th IMP] | 65

A HEGELIAN NORMATIVE READING: PITTSBURGH SCHOOL
The Hegelian reading by the Americans of the Pittsburgh School deserves to be known
for its innovation in relating the analytic and continental tradition in an original and
thought-provoking way. Therefore, the purpose of this research is to reconstruct the
reception of Hegel made by the so-called Pittsburgh School, from the book by Luca Corti:
Ritratti hegeliani. We will present only three authors: Sellars, McDowell and Brandom
and the central points of this current Hegelian reading by Luca Corti, in the form of a
reconstructive synthesis of such research. The goal is to introduce Sellars, the founder
of the Pittsburgh School, plus the two authors (McDowell and Brandom), who takes a
different approach to the concept of normativity. In the early 1950s, there is a revival
of Hegelian studies inspired by Sellars’ research that admires Hegel, although he rarely
cites it. However, the historical and theoretical roots of this revival are in Sellars, whose
authors McDowell, Brandom, Pipin and Pinkard in one way or another are inspired. Corti
says that he will try to elaborate a reconstructive synthesis of his interpretations and the
debates that revolve around him, answering two questions: “How did Hegel return to the
United States”, but above all: “Which Hegel returned to the center of attention in this
philosophical context?” The key to reading and the theoretical background that unites
these authors is normativity. The theme of the norm is central to this book. The concept
of “rule or norm” is what makes the articulation for the interpretation of the texts of
German idealism. The terms “rule” and “norm” assume multiple and controversial
meanings: What are the rules? What is your status? How to understand phenomena
as intentionality, perceptual knowledge and meaning in normative terms? The answers
to these questions put in dialogue Hegel and Wittgenstein. For this it is necessary to
return to Sellars and to see how he approximates Wittgenstein of Kant who teaches how
to follow a rule and also, as Kant dialogues with Wittgenstein finding pragmatism. The
book by Luca Corti is a work that allows us to know, in a systematic way, one of the very
important contemporary Hegelian updates: the North American reception. The author
has the merit of presenting the authors in didactic way, introducing the theory of each
author and its relation with Hegel. The reader can follow the presentation steps of the
author, because he uses a simple and direct style, avoiding unnecessary information,
not losing the focus of his research. This is an inescapable reading for those who need
to know the North American Hegelian reception.
BITTENCOURT NETO, Levy H.

(TIDD – PUC-SP, Brasil)
VIDEOGAMES COMO MÁQUINAS SEMIÓTICAS

O objetivo deste trabalho é apresentar os videogames como máquinas semióticas,
a partir das considerações efetuadas por Winfried Nöth (2007). De acordo com
66 | 18º EIP [18th IMP]

Nöth, uma máquina é considerada semiótica quando gera um interpretante. A ação
do signo de gerar um interpretante é chamada de semiose. Para a semiose ocorrer,
deve-se estabelecer uma relação triádica entre signo, objeto e interpretante. O
signo assim criado, chamado de interpretante do primeiro signo, passa a ser o signo
de outra semiose. Numa cadeia ininterrupta de signos gerando interpretantes.
Na concepção de Nöth, máquinas não semióticas são aquelas que estabelecem
apenas relações duais entre o signo e o objeto, não havendo a geração de um
interpretante. O signo que não gera um interpretante é chamado de quasi-signo,
ou signo degenerado, na terminologia comumente empregada por Peirce. A
semiose que não estabelece uma relação triádica é chamada por Nöth de quasi-
semiose. Desta forma, percebe-se a existência de graus de semioticidade. Um
dos aspectos fundamentais para se entender as máquinas semióticas reside no
conceito chamado de mente estendida. Para Peirce, há uma continuidade entre
mente e matéria, que ele chama de sinequismo. O sinequismo tem sua base na
própria noção de semiose como ação ininterrupta do signo. Isto quer dizer que
parte do processo mental é efetuada através de aparelhos exossomáticos. Isso é
claramente perceptível no famoso exemplo de Peirce, em que parte da mente e
dos pensamentos de um químico também está em seus objetos de laboratório.
Assim, a divisão cartesiana entre mente e matéria se desfaz, já que parte da mente
pode ser encontrada nos objetos. Os videogames apresentam essa perspectiva, já
que, para o seu devido funcionamento, é necessária a ação mental do jogador. A
ação mental determina uma ação física, na qual o videogame gera um interpretante,
a partir de nossas ações. Assim, o signo no momento do jogo passa da cabeça
do jogador ao videogame, como se esses dois aspectos fossem apenas um. Por
isso, os videogames podem ser compreendidos como máquinas semióticas, isto
é, máquinas que geram um interpretante.
VIDEOGAMES AS SEMIOTIC MACHINES

The goal of this work is to present videogames as semiotic machines, based on the
considerations made by Winfried Nöth (2007). According to Nöth, a machine is
considered semiotic when it generates an interpretant. The action of the sign to
generate an interpretant is called semiosis. For a semiosis, a triadic relation must be
established between sign, object and interpretant. The created sign, called interpretant
of the first sign, becomes the sign of another semiosis. In an uninterrupted chain of
signs generating interpretants. The machines are not the same ones that are presented
on the relations between the signal and the object, there being no generation of an
interpretant. The sign that do not generate an interpretant is called quasi-sign, or
degenerate sign, in the terminology commonly employed by Peirce. A semiosis that is
not a triadic relation is called by Nöth of quasi-semiosis. In this way, one can perceive
the existence of degrees of semioticity. The fundamental functions to be understood
18º EIP [18th IMP] | 67

as semiotic machines reside in the concept called extended mind. For Peirce, there is
a separation between mind and matter, which he calls synechism. Synechism has its
basis in the very notion of seminary as the uninterrupted action of the sign. It means
that part of the mental process happens by means of exosomatic devices. This is not
perceptible the historical example of mind given by Peirce, in which part of the thoughts
from a scientist is also in his objects of laboratory. Thus a Cartesian division between
mind and matter falls apart, since the mind can be found in the objects. Video games
bring this perspective, since, for its immediate operation, it requires a mental action
of the player. The mental mission determines a physical action, in which the video
game generates an interpretant, from our actions. Thus, the sign, during the game,
passes from the player’s head to the video game, as if these two aspects were only
one. Video games can be understood as semiotic machines, in other words, machines
that generate an interpretant.
BOHN, Marcos Beck

(COS-PUC-SP, Brasil)
UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO PESSOA-AUDIOVISUAL COM BASE NO PRAGMATISMO

PEIRCIANO
Este artigo busca analisar a relação que se estabelece entre uma pessoa e um
aparelho transmissor de conteúdo audiovisual com base no pragmatismo de Peirce,
no intuito de definir a própria relação como objeto de estudo. Como parâmetro
fundamental da análise, toma-se a necessidade de que haja uma imobilidade relativa
entre o aparelho e a pessoa que o assiste – como condição para o estabelecimento
da relação entre eles. Assim, o aparato audiovisual considerado pode ser tanto de
natureza fixa (um televisor ou um computador de mesa) como móvel (um tablet
ou um telefone multifuncional), além de eventuais tipos intermediários ou mistos.
A máxima pragmatista, conforme elaborada por Peirce, sustenta a definição da
relação pessoa-aparelho audiovisual como objeto em si mesma, uma vez que, na
perspectiva aqui adotada, a totalidade dos efeitos externos e gerais do ato de se
postar alguém diante de um aparelho audiovisual parece se condensar em uma só:
é preciso que a pessoa esteja fixa em relação ao aparelho ao qual dedica atenção
(pode tê-lo nas mãos e se deslocar, mas não haverá movimento relativo entre
eles). A fenomenologia e o sinequismo peircianos corroboram a observação de
que tal relação não é suficiente para a identificação de um particular, tampouco
de uma pluralidade de particulares, fazendo dela algo verdadeiro, geral, parte da
realidade e com provável recorrência futura. A noção peirciana de crença, por sua
vez, leva a análise à pergunta sobre quais hábitos comportamentais e cognitivos
satisfatórios advêm da relação com os aparelhos audiovisuais, tendo em vista sua
própria consolidação como hábito. Se para Peirce o “pensamento em ação possui
68 | 18º EIP [18th IMP]

por seu único motivo possível o alcance do pensamento em repouso” (CP, 5.396
apud HOUSER, 2016, p. 2, tradução nossa), reduzindo a inquietação advinda da
dúvida, seria o ato de adentrar a relação pessoa-aparelho audiovisual uma ação
em que não só o pensamento repousa, mas o próprio corpo daquele que, fixo
na relação, reduz sua atividade tanto física como mental? Por fim, assumindo que
o hábito de estar alguém diante de um aparato transmissor de audiovisual tenha
se consolidado como uma forma de crença perciana, discute-se se seria esta uma
crença científica, portanto provisória, teórica e relativa à busca pelo conhecimento,
ou se teria se tornado uma crença vital, portanto prática, e que nos torna aptos a
agir prontamente diante das demandas do ambiente. Como indivíduos, ao adentrar
a relação, algum contrassenso parece em ambos os casos haver. No primeiro,
nenhuma ação é necessária para chegarmos ao conteúdo que nos é transmitido
via aparelhos. No segundo, a ação que tomamos se restringe a colocarmo-nos em
posição de ver imagens sobre as quais não podemos fisicamente agir. O que acaba
por ser a mesma coisa em ambos os casos, independentemente de se esta for uma
crença vital ou científica. Em ambos os casos, não haverá ação externa alguma.
AN ANALYSIS OF THE PERSON-AUDIOVISUAL RELATION BASED ON PEIRCIAN PRAGMATISM

This article intends to analyze the relation between a person and an audiovisual device
based on Peirce’s pragmatism, in order to define the relation itself as an object of study.
As a fundamental parameter of the analysis, it is discussed the need for a relative
immobility between the equipment and the person who watches it – as a condition for
establishing the relationship between them. Thus, the considered audiovisual device
may be either fixed (as a television or a desktop computer) or mobile (as a tablet or a
smartphone), in addition to any intermediate or mixed types. The pragmatist maxim,
as elaborated by Peirce, supports the definition of the person-audiovisual device relation
as an object in itself, since, in the perspective adopted here, the totality of the external
and general effects of the act of someone who stays in front of the equipment seem
to be condensed into one: it is necessary that the person remains fixed in relation to
the apparatus to which attention is devoted (the person could even have it on hands
and be on the move, but there will be no relative movement between them). Peircian
phenomenology and synechism support the observation that such a relation is not
sufficient for the identification of a particular, nor of a plurality of particulars, making
of it something true, general, part of reality and of likely future recurrence. The Peircian
notion of belief, by its turn, takes the analysis to the question about which satisfactory
behavioral and cognitive habits emerge from the relation with the audiovisual device,
considering its own consolidation as a habit. If to Peirce “thought in action has for its
only possible motive the attainment of thought at rest” (CP, 5.396 apud HOUSER, 2016,
p. 2), thus reducing the restlessness arising from doubt, would the act of entering the
relation with an audiovisual device be an action in which not only the thought rests,
18º EIP [18th IMP] | 69

but the very body of the one who, fixed in the relation, reduces the correspondent
physical and mental activity? Finally, assuming that the habit of being in front of an
audiovisual device has consolidated itself as a form of percian belief, it is argued whether
this is a scientific, therefore provisional, theoretical and relative knowledge-seeking
belief, or whether it would have become a vital belief, and therefore practical, that
enables us to act promptly in the face of environment demands. For us as individuals,
once in relation with the device, some incongruity seems in both cases to exist. In the
first case, we do not need to take any action to access the content transmitted to us
by the devices. In the second case, the action we take is limited to putting ourselves
in position to see images upon which we cannot physically act. It ends up being the
same thing in both cases, regardless if that is a vital or scientific belief. In both cases,
there will be no external action.
BORTOLETTO, Edivaldo J.
(Unochapecó, Brasil)
A SUBSUNÇÃO DO PRAGMATISMO DE CHARLES SANDERS PEIRCE NA ÉTICA DA

LIBERTAÇÃO DE ENRIQUE DUSSEL
Esta pesquisa de natureza teórica propõe-se caminhar entre duas arquitetônicas
filosóficas formuladas desde o Continente Americano, uma na América Anglo-
Saxônica e outra na América Latina Caribenha. Ao longo da história do pensamento
americano, evidenciam-se dois grandes sistemas de pensamento filosófico com o
mesmo vigor, frescor e vigência no debate contemporâneo. Na América Anglo-
Saxônica, desde o final do século XIX e abrindo o século XX, emerge das mãos
de Charles Sanders Peirce o Pragmatismo e, na América Latina Caribenha, desde a
década de 70 do século passado forja-se nas mãos de Enrique Dussel, a Filosofia da
Libertação. É fato inegável que Peirce e Dussel, desde suas realidades distintas em
tempo e espaço, subsumem a tradição filosófica construída ao longo dos mais de 25
séculos de pensamento ocidental, e formulam criativamente, duas arquitetônicas de
pensamento. Peirce tem sua estrutura filosófica constituída pela Matemática, pela
Filosofia e pela Idioscopia. A Filosofia se trifurca em Fenomenologia, em Ciência
Normativa e em Metafísica. E a Ciência Normativa por sua vez se trifurca na
Estética, na Ética e na Lógica. Já Dussel propõe sua estrutura filosófica constituída
pela Ética enquanto Filosofia Primeira, com suas Erótica, Pedagógica, Política e
Filosofia da Religião Antifetichista. A peculiaridade tanto de Peirce quanto de Dussel
é que ambos criam uma Lógica. Peirce cria a Semiótica enquanto Lógica e Dussel a
Analética. Ora, as duas arquitetônicas estão para aquilo que era caro aos medievais,
ou seja, as Sete Artes Liberais: a de Peirce para o Quadrivium e a de Dussel para o
Trivium. Muito das fontes de ambos se encontra na própria tradição do pensamento
medieval, mas é inegável que ambos nutrem-se da tradição escolástica, franciscana
70 | 18º EIP [18th IMP]

o primeiro e, dominicana o segundo. Duns Scotus está para Peirce e Tomás de
Aquino está para Dussel, principalmente, no que tange ao conceito da Lógica. Mas,
por que aproximar ambas as arquitetônicas filosóficas? Pelo menos dentre várias
razões, duas se impõem nesta pesquisa. A primeira, em compreender a subsunção
que a Filosofia da Libertação enquanto uma Ética faz do Pragmatismo. A segunda,
em instaurar um debate filosófico Norte-Sul, ou seja, entre o pensamento anglo-
saxónico e o pensamento latino-americano-caribenho. Quanto à primeira razão,
pode-se reconhecer que desde a Filosofia da Libertação na América Latina, escrita
por Dussel no exílio mexicano em 1977 sem sua biblioteca destruída pela direita
peronista em Mendonza na Argentina, a Semiótica se faz presente, porém, não
de inspiração peirciana e sim muito mais sausseriana e chomskyana. Será na Ética
da Libertação na Idade da Globalização e da Exclusão (1998) que o pensamento
peirciano será recepcionado e subsumido de maneira afirmativa por Dussel, como
um momento significativo da formulação de sua Ética da Libertação. A Ética da
Libertação será, talvez, a primeira arquitetônica ética no contexto da terceira
globalização em curso. A primeira arquitetônica foi escrita por Aristóteles na
Antiguidade Clássica, a segunda arquitetônica, por Immanuel Kant na Modernidade.
Estas duas arquitetônicas serão subsumidas na Ética da Libertação de Dussel bem
como o Pragmatismo de Peirce. Dussel subsumirá o Pragmatismo de maneira geral
desde Peirce até Dewey, passando por James e Mead em sua arquitetônica filosófica
e dirá: “Peirce é indiscutivelmente o pragmático mais original”. A segunda razão,
então, reside na fundamental importância deste diálogo Norte-Sul no contexto
maior do Continente. Se na Europa Peirce é subsumido por Habermas e Apel na
Ética do Discurso, na América Latina Caribenha ele é subsumido por Dussel na
Ética da Libertação. Aqui reside uma triangulação fundamental e necessária entre as
duas partes da América com a Europa e, retroativamente falando, da Europa com
as duas partes da América. O Pragmatismo tem um papel decisivo e fundamental
neste diálogo, portanto.
THE SUBSUMPTION OF CHARLES SANDERS PEIRCE’S PRAGMATISM IN THE ETHICS OF

ENRIQUE DUSSEL’S LIBERATION
This research of theoretical nature proposes to investigate two philosophical
architectonic thoughts: questions formulated since the American Continent, one in
Anglo-Saxon America and other in Caribbean Latin America. Throughout history of
American thought, it has been highlighted two great systems of philosophical thought
that show the same vigor, freshness and validity in the contemporary debate. In Anglo-
Saxon America, since the end of the nineteenth century and the beginning of the
twentieth century, Pragmatism emerges from the hands of Charles Sanders Peirce. In
Caribbean Latin America, since the 1970s, it has been forged in the hands of Enrique
Dussel, the Philosophy of Liberation. It is undeniable that Peirce and Dussel, from their
18º EIP [18th IMP] | 71

distinct realities in time and space, subsume the philosophical tradition built up over
more than 25 centuries of Western thought, and creatively formulate two architectonic
thoughts. Peirce has his philosophical structure constituted by Mathematics, Philosophy
and Idioscopy. Philosophy splits in Phenomenology, Normative Science and Metaphysics.
Normative Science, in turn, splits in Aesthetics, Ethics and Logic. Dussel proposes his
philosophical structure constituted by the Ethics as First Philosophy, with its Erotica,
Pedagogical, Politics and Philosophy of Antifetishist Religion. The peculiarity of both,
Peirce and Dussel, is that they create a Logic. Peirce creates the Semiotic as Logic and
Dussel the Analectic. Both architectonic thoughts are important for the medieval ones,
that is, The Seven Liberal Arts: that of Peirce for the Quadrivium and that of Dussel
for the Trivium. Much of the sources of both are found in the tradition of medieval
thought, but it is irrefutable that both are nourished by the scholastic tradition,
Franciscan the first, and Dominican the second. Duns Scotus is for Peirce and Aquinas
is for Dussel, especially, when it comes to the concept of Logic. However, why bring
closer both philosophical architectonic thoughts? Among several reasons, two stand
in this research. The first one is to understand the subsumption that the Philosophy
of Liberation, as an Ethic, makes of Pragmatism. The second one is to establish a
North-South philosophical debate, that is, between Anglo-Saxon thought and Latin
American-Caribbean thought. Regarding the first reason, it can be recognized that
since the Philosophy of Liberation in Latin America, written while Dussel was exiled in
Mexico in 1977 without his library that was destroyed by the Peronists in Mendonza
(Argentina), Semiotic is present, although, not inspirited in Peirce, but in Saussure
and in Chomsky. It will be in the Ethics of Liberation: In the Age of Globalization and
Exclusion (1998) that Peircean thought will be received and will be subsumed in a good
way by Dussel, as an important moment in the formulation of his Ethics of Liberation.
The Ethics of Liberation, perhaps, will be the first architectonic thought in the context
of the third globalization. In Classical Antiquity, Aristotle wrote the first architectonic
thought. Immanuel Kant wrote the second one, in Modernity. The Ethics of Liberation as
well the Pragmatism will subsume these two architectonic thoughts. In general, Dussel
will subsume Pragmatism from Peirce to Dewey, going through James and Mead in his
philosophical architectonic thought and will say, “Peirce is unquestionably the most
original pragmatist”. Then, the second reason lies in the fundamental importance of
this North-South dialogue in the context of the entire Continent. If in Europe Peirce
is subsumed by Habermas and Apel in the Ethics of Discourse, in Caribbean Latin
America he is subsumed by Dussel in the Ethics of Liberation. Here lies an essential
and necessary triangulation between the two parts of America with Europe and,
retroactively speaking, of Europe with the two parts of America. Therefore, Pragmatism
plays a decisive and fundamental role in this dialogue.
72 | 18º EIP [18th IMP]

CÁRDENAS, Paniel Reyes
(UPAEP, Mexico)
BELIEFS AND HABITS OF ACTION AND EXPECTATION: ELEMENTS OF A PRAGMATIST

EPISTEMOLOGY
The pragmatist tradition initiated by Peirce made the elements of cognition be grounded
in the pragmatic maxim. Peirce formulated his pragmatic maxim in several forms,
and wanted to devise, while the 20th Century was beginning, a proof of this maxim
as a logical principle for meaning. Peirce’s pragmaticism (his mature pragmatism)
interprets beliefs as habits of action and habits of expectation that express inferential
commitments adopted in a particular direction of thought, these are confirmed by
what is understood of a belief once we applied his maxim. Josiah Royce, acknowledging
himself as an “absolute pragmatist”, deems that such habits coincide with truth due to
the fact that a general mental nature is necessary in order to transcend the vagaries
of particular individuals, a belief is true if it coincides with a universal so understood.
For Royce, as for Peirce, beliefs are valuable inasmuch as they generate habits that
are close to universals, while a nominalistic view of beliefs is destined to failure. In
more contemporary versions of pragmatism, such as Brandom’s inferentialism, beliefs
are equivalent to the set of conceptual relations that are made explicit as possible
courses of action, provided that some belief has been accepted. The orientation of
Brandom’s inferentialism, however, is not far from Peirce’s idea of beliefs as habits of
action and expectation. Indeed, a belief in such understanding is the set of conceivable
consequences to which I render myself liable to a sanction of a community of inquiry
(inferential commitments) should I accept a belief as true. This circumstance generates
habits of expectation, i.e., a translation of the belief from descriptions to prescriptions.
A belief, in the pragmatist tradition, is a statement that in order to be fully explicit
need to change from the indicative mode to the imperative. Peirce considered that the
conditional statement that explains a belief has the cognitional state in the protasis
that leads to explicit habits of action in the apodosis, i.e., in the following form: if I
were to believe x, then I render myself liable to act/expect y. In our example “x” and
“y” are the two moments that pass through the inferential steps of the maxim. In this
presentation I shall explain how Peirce understands habits of action and expectation
from an epistemological viewpoint.
CRENÇAS E HÁBITOS DE AÇÃO E DE EXPECTATIVA: ELEMENTOS DE UMA

EPISTEMOLOGIA PRAGMATISTA
A tradição pragmatista iniciada por Peirce fez com que os elementos da cognição
fossem fundamentados na máxima pragmática. Peirce formulou a máxima
pragmática de diversas maneiras, e queria encontrar, enquanto despontava o
século XX, uma prova dessa máxima como um princípio lógico para o sentido.
18º EIP [18th IMP] | 73

O pragmaticismo de Peirce (seu pragmatismo maduro) interpreta a crença como
hábitos de ação e hábitos de expectativa que exprimem compromissos inferenciais
adotados numa direção particular do pensamento, estes são confirmados pelo
que é entendido como crença uma vez que aplicamos sua máxima. Josiah Royce,
reconhecendo-se um “pragmatista absoluto”, entende que tais hábitos coincidem
com a verdade devido ao fato de que uma natureza mental geral é necessária para
transcender as idiossincrasias de indivíduos particulares, de modo que uma crença
é verdadeira se coincide com um tal entendido universal. Para Royce, assim como
para Peirce, crenças tem valor na medida em que geram hábitos que se aproximam
aos universais, enquanto uma visão nominalista de crenças está destinada ao
fracasso. Em versões mais contemporâneas de pragmatismo, tais como o
inferencialismo de Brandom, crenças são equivalentes ao conjunto de relações
conceituais que são explicitadas como possíveis caminhos de ação, desde que
alguma crença seja aceita. A orientação do inferencialismo do Brandom, porém,
não está longe da ideia de crenças como hábitos de ação e expectativa do Peirce.
Com efeito, uma crença sob este entendimento é o conjunto de consequências
concebíveis às quais me torno sujeito a uma sanção de uma comunidade de
investigação (compromissos inferenciais) caso eu aceitar uma crença como sendo
verdadeira. Esta circunstância gera hábitos de expectativa, i.e., uma tradução da
crença de descrições a prescrições. Uma crença, na tradição pragmatista, é uma
afirmação que para se tornar plenamente explícito precisa passar do indicativo
para o imperativo. Peirce considerava que a afirmação condicional que explica
uma crença tem o estado cognitivo no prótase que leva aos hábitos explícitos de
ação no apódose, i.e., da seguinte forma: se eu acreditar em x, então estou sujeito
a agir/esperar y. Em nosso exemplo, “x” e “y” são os dois momentos que passam
pelos passos inferenciais da máxima. Nesta apresentação, explicarei como Peirce
entende hábitos de ação de um ponto de vista epistemológico.
CARDOSO, Tarcísio de Sá; BARRETO, Carlos M.

(UFBA, Brasil)
REFLEXÕES SOBRE O REALISMO PRAGMÁTICO DE PEIRCE

Este trabalho pretende explorar o realismo de Charles S. Peirce, a partir de uma
discussão sobre o conceito de realidade; a aproximação com o realismo de Duns
Scotus; a forte oposição ao nominalismo; e a relação íntima entre realismo e
pragmatismo. A proposta de refletir sobre a validade das hipóteses e examinar seus
efeitos possíveis antes mesmo de testá-las constitui uma das grandes contribuições
do pragmatismo peirciano para a lógica e a filosofia da ciência. No entanto,
para o entendimento desse diálogo entre o pragmatismo peirciano e a lógica,
74 | 18º EIP [18th IMP]

mais especificamente, os raciocínios ampliativos das inferências não-dedutivas
(abdução e indução), se faz importante esclarecer sobre quais bases a filosofia
peirciana se constrói e a qual ideia de realidade se vincula. Sem esta ancoragem no
realismo, o próprio pragmatismo peirciano perderia sua força. Para compreender
a teoria da realidade proposta por Peirce, é importante trazer à luz a querela dos
universais, que pode ser expressa pela pergunta: os universais são reais? Buscamos
aqui esclarecer que o posicionamento realista adotado por Peirce não pode se
furtar de construir uma argumentação contrária a qualquer tipo de nominalismo.
Tal debate entre realistas e nominalistas nos remete à escolástica medieval,
especialmente a Duns Scotus. Partindo da ideia de que há na nossa experiência
de mundo uma “objetualidade” notável nos fenômenos, que chama a atenção da
mente e determina os signos por ela produzidos, Peirce argumenta que há dois
tipos de objetos: os inventados ou sonhados, que só existem por conta de uma
mente que os pensa; e os objetos da realidade, que existem independentemente
de uma mente. Dessa forma, e em um sentido bastante scotista, real é aquilo
que acontece independente de uma mente, que não é afetado pelo o que dele
pensamos (CP 8.12). Então, deve haver algo, uma coisa externa aos nossos
pensamentos e que exerce neles uma influência direta ou indireta. O realismo
escolástico de Duns Scotus tem uma propriedade que Peirce considera bastante
adequada à ciência: toda ciência moderna, em especial a física, está essencialmente
conectada ao realismo escolástico, já que apenas se os princípios universais
operarem na natureza seria possível à ciência crer que a natureza é regida por
leis. Está implícita aí uma relação entre individual e universal. O universal seria
um tipo geral (uma lei) que teria como individual os acontecimentos concretos
(as instâncias dessa lei). Isso significa dizer que uma proposição geral (universal)
como “todos os corpos sólidos caem na ausência de força contrária” possui
uma realidade fenomênica na segundidade (individual). Sabemos disso por força
da experiência e teremos bastante trabalho se tentarmos negar tal proposição
geral sem deixarmos de lado uma postura pragmática, até porque até agora tal
proposição é uma verdade sem exceção. A ação mental permite-nos atentar para
uma regularidade dos fenômenos e, a partir dessa regularidade, conhecer uma
regularidade real. Através dos raciocínios abdutivos e indutivos, podemos elaborar
explicações sobre as leis da natureza, que nos permitem prever acontecimentos.
Isso, no entanto, não significa que toda explicação sobre a natureza é igualmente
boa. Apesar de toda proposição geral versar sobre uma regularidade para além
dos fenômenos observados, a aplicação dessa proposição (isto é, seus efeitos)
está limitada ao número finito de ocasiões em que ela poderia ser experimentada
(CP 5.98). Nisto consiste a postura científica que Peirce traz para o universo da
filosofia, e que neste trabalho está sendo observada do ponto de vista da interface
entre o pragmatismo e o realismo.
18º EIP [18th IMP] | 75

REFLECTIONS ON PEIRCE’S PRAGMATIC REALISM
This work intends to explore the realism of Charles S. Peirce, by thinking on the
concept of reality; the realism of Duns Scotus; the strong opposition to nominalism;
and the intimate relation between realism and pragmatism. The proposal to reflect
on the validity of hypotheses and to test their possible effects is one of the great
contributions of Peircean pragmatism to the logic and philosophy of science. However,
for the understanding of this dialogue between Peircean pragmatism and logic, and
more specifically, the ampliative reasoning of non-deductive inferences (abduction and
induction), it is important to clarify on what basis Peircean philosophy is constructed
and to which idea of reality is linked. Without this anchorage in realism, Peirce’s
own pragmatism would lose its force. To understand the theory of reality proposed by
Peirce, it is important to bring to light the quarrel of universals, which can be expressed
by the question: are universals real? We seek here to clarify that Peirce’s realistic
positioning cannot avoid constructing an argument against any kind of nominalism.
Such a debate between realists and nominalists reminds us of medieval scholastics,
especially Duns Scotus. Starting from the idea that there is a remarkable “objectuality”
in phenomena, which draws attention to the mind and determines the signs produced
by it, Peirce argues that there are two types of objects: the invented or dreamed, which
exist only on account of a mind that thinks them; and the objects of reality, which
exist independently of a mind. Thus, in a very Scotian sense, real is what happens
independently of a mind, which is not affected by what we think of it (CP 8.12). Then
there must be something, something external to our thoughts and that exerts in them
a direct or indirect influence. The scholastic realism of Duns Scotus has a property
that Peirce considers quite adequate to science: all modern science, especially physics,
is essentially connected to scholastic realism, since only if the universal principles
operate in nature would it be possible for science to believe that nature is governed
by laws. There is an implicit relationship here between individual and universal. The
universal would be a general type (a law) that would have as individual the concrete
events (the instances of that law). This means that a general (universal) proposition
such as “all solid bodies fall in the absence of opposing force” has a phenomenal reality
in secondness (individual). We know this by virtue of experience, and we would be in
trouble if we want to deny such a general proposition without leaving aside a pragmatic
position, because until now such a proposition is a truth without exception. The mental
action allows us to attend to a regularity of the phenomena and, from this regularity,
to know a real regularity. Through the abductive and inductive reasonings, we can
elaborate explanations on the laws of nature, which allow us to predict events. This,
however, does not mean that every explanation about nature is equally good. Although
every general proposition is about a regularity beyond the observed phenomena, the
application of this proposition (that is, its effects) is limited to the finite number of
occasions on which it could be experienced (CP 5.98). That is the scientific position
76 | 18º EIP [18th IMP]

that Peirce brings to the universe of philosophy, and that in this work is being observed
from the point of view of the interface between pragmatism and realism.
CAVALCANTI, Iana Valença

(UFPE, Brasil)
ENATIVISMO E AS CONSEQUÊNCIAS DA AÇÃO DO CORPO NO E COM O MUNDO

PARA A COGNIÇÃO
O estatuto da natureza da mente é uma questão de interesse para uma diversidade
de áreas do conhecimento. Investigações interdisciplinares acerca deste tema
ocorrem no berço contemporâneo e muito interessam à Filosofia da Mente mais
atualizada. Questões como i.) “Qual a relação entre cérebro e mente?” ii.) “Qual
e quão bem delimitada é a relação entre corpo, pensamento, ação e mundo?” iii.)
“Qual o estatuto da representação mental e o que ela diz sobre o conceito de
cognição?” aparecem como questões cruciais para o estudo contemporâneo da
mente. Discordâncias nestes tópicos costumam surgir nos modelos de cognição
das abordagens tradicionais chamadas de I-Cognition (internalism, intellectualism e
individualism) cuja tese central é a da cognição como um processo de transformação
de símbolos sintáticos, e dos modelos de cognição das vertentes teóricas do
Enativismo, cuja argumentação envolve a denuncia de que estas concepções
clássicas apresentam lacunas que impossibilitam pensar a cognição para além do
âmbito representacional (Hutto e Myin, 2013, 2017) tal como de modificar a própria
noção de representação (Noe, 2004, 2009), dando margem para o surgimento de
posições E-Cognition (embodied, enactive, extended e embedded). Neste caso,
o enfoque se concentra nos aspectos “E” da mente, como 1. Embodied, em que
é sustentada a tese de que “pelo menos alguns processos mentais – não todos e
não por qualquer meio – são constituídos mais que por processos cerebrais, por
processos corporais mais amplos” (ROWLAND, p. 55, 2010), 2. Enactive, em
que a investigação se direciona para a maneira em que um organismo combina as
ações com as exigências do meio para a percepção, 3. Extended, que defende a
noção de que “pelo menos alguns processos mentais estendem-se ao ambiente
do organismo cognitivo na medida em que são compostos de ações interpretadas
e organizadas pelo organismo no mundo ao redor” (p. 58, 2010) e 4. Embedded
que investiga como o organismo pode usar o meio para reduzir o trabalho de uma
tarefa cognitiva no cérebro. De outro modo, no modelo I-Cognition a expressão
é justamente para se referir a visão de mundo que enfatiza os aspectos “I” da
mente, como 1. Internalism que diz que os estados mentais são sempre internos
ao sujeito, 2.intellectualism, que enfatiza o intelecto em detrimento das práticas
do corpo e 3. individualism que prefigura a defesa de que os estados mentais são
individualmente localizados. O determinismo individualista defende uma visão sobre
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o estado mental em que a natureza fundamental deste envolve, ipso facto, seus
limites internos – tese em que o internalism também se apoia – sobre isto, Robert
Wilson comenta: “ainda que ele [estado mental] se relacione com o mundo, vai
se relacionar dentro destes [limites internos], ou seja, autônomo e independente
do mundo além do individuo” (WILSON, p. 257, 2003, ênfases minhas). Pode-
se dizer que a característica unificadora das teses enativistas em contraponto à
estas é exatamente o papel da ação para a cognição. Neste caso, da ação como
constitutiva da cognição. Por essa razão, J. J. Gibson é considerado uma abertura
para o Enativismo em The Ecological Approach to Visual Perception, mas como
também Varela, Thompson e Rosch (1991), Noe (2004), Hutto e Myin (2013,
2017) estão trazendo a necessidade de pensar as práticas do corpo na filosofia
e ciências da mente como essenciais para pensar a cognição e comportamento
humano, promovendo a necessidade do abandono de pensar a cognição como
necessariamente interna, individual e intelectualista.
ENACTIVISM AND THE CONSEQUENCES OF THE ACTION OF THE BODY IN AND WITH
THE WORLD FOR COGNITION
The status of the nature of the mind is a matter of interest to a diversity of areas of
knowledge. Interdisciplinary investigations on this theme occur in the contemporary
cradle and are very interesting to the most up-to-date Philosophy of Mind. Questions
such as i.) “What is the relationship between brain and mind?” ii.) “How well is the
relationship between body, thought, action and world?” iii.) “What is the status of
mental representation and what she says about the concept of cognition?” appear as
crucial issues for the contemporary study of mind. Discordances in these topics usually
arise in the cognitive models of traditional approaches called I-Cognition (internalism,
intellectualism and individualism) whose central thesis is that of cognition as a process
of transformation of syntactic symbols, and of cognition models of the theoretical
strands of Enativism, whose argumentation develops from a denunciation of that these
classical conceptions present gaps that make it impossible to think of cognition beyond
the representational scope (Hutto and Myin, 2013, 2017), as well as to modify the
notion of representation itself (Noe, 2004, 2009), giving margin for the emergence of
E-Cognition positions (embodied, enactive, extended and embedded).In this case, the
focus is on the “E” aspects of the mind, such as 1. Embodied, in which the thesis is held
that “at least some mental processes - not all and not by any means - are made up of
more than brain processes, by broader bodily processes” (ROWLAND, 55, 2010), 2.
Enactive, in which research is directed toward the way an organism combines actions
with the demands of the environment for perception, which defends the notion that
“at least some mental processes extend to the environment of the cognitive organism
insofar as they are composed of actions interpreted and organized by the organism
in the surrounding world” (p. 58, 2010) and 4. Embedded investigates how the body
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can use the medium to reduce the work of a cognitive task in the brain. Otherwise, in
the I-Cognition model the expression is to refer to the worldview that emphasizes the
“I” aspects of the mind, such as 1. Internalism, which points that mental states are
always internal to the subject, 2. Intellectualism, which emphasizes the intellect at the
expense of the practices of the body, and 3. Individualism, which prefigures the defense
that mental states are individually located. Individualist determinism defends a view
on the mental state in which the fundamental nature involves, ipso facto, its internal
limits - thesis on which internalism also rests - on this, Robert Wilson comments:
“although he [mental state] is related to the world, it is related within these [internal
limits], that is, autonomous and independent of the world beyond the individual
“(WILSON, p.257, 2003, my emphases). It can be said that the unifying feature of
enactive theses in counterpoint for this is exactly the role of action for cognition. In
this case, action as constitutive of cognition. For this reason, JJ Gibson is considered
an opening for Enativism in The Ecological Approach to Visual Perception, but also
Varela, Thompson and Rosch (1991), Noe (2004), Hutto and Myin (2013, 2017) are
bringing the need to think of the practices of the body in philosophy and the sciences
of mind as essential to think of human cognition and behavior, promoting the need
to abandon thinking to cognition as necessarily internal, individual and intellectual.
CESTARI, Guilherme Henrique de Oliveira

(PUC-SP, Brasil)
PRESENÇA E ELEMENTOS DE CONSCIÊNCIA NA AMBIENTAÇÃO DO AUDIOVISUAL

Ambientação é a mediação contínua, propositada e efetiva de qualidades multimodais
que criam um espaço de signos. Nas mentes intérpretes, essa ação incorpora-se à
oscilação entre efeitos de presença (materialidade, repetição, ritmo) e de sentido
(entendimento, semântica), conceitos descritos por H. Gumbrecht em estudos
sobre produção de presença. O objetivo desta pesquisa é indicar correspondências
entre elementos de consciência e de ambientação (em especial, de ambientação
por estímulos audiovisuais), dada a natureza processual e semiótica de ambos.
Mergulhados em falibilidade e intencionalidade, consciência e ambientação se
constituem a partir de um plano de fundo qualitativo em direção a um propósito in
futuro; como processos numa rede semiósica, são diálogos em contínua expansão
que conformam um universo de discurso (cf. The collected papers of Charles
Sanders Peirce, v. 2, §536, 1902) rumo à razoabilidade concreta. C. S. Peirce (cf.
The essential Peirce: selected philosophical writings, v. 1 [1867-1893], p. 128-129,
1878; ver também CP1.306-307, 1907) diferencia dois tipos de elementos de
consciência: (1) a quale-consciência remonta ao objeto imediatamente presente num
instante, sem comparação ou referência a qualquer outro, tal qual uma qualidade
de sentimento uniforme e indefinidamente prolongada; (2) a consciência em
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continuidade lida com objetos acessíveis somente via mediação, ou seja, sentidos e
pensamentos que se desdobram no continuum temporal. Na prática, os dois tipos
operam de forma enérgica e integrada. Autocrítica e autoconsciência só podem
se desenvolver a partir e por meio das qualidades que flutuam no presente, assim,
o pensamento constitui-se como uma trama de mediações propositadas tecida
entre variedades de qualidades unas. Seguindo uma lógica similar, a ambientação
se configura num processo eficiente e teleológico que integra possibilidades, ações
e regras para criar espaços psicológicos, tecnológicos e culturais de comunicação.
Em dispositivos como cinema, teatro e videoarte (incluindo videoinstalação e vídeo-
performance), por exemplo, projetar som e luz num ambiente implica em lidar, em
tempo real, de forma destinada e eficiente, com possíveis, existentes e gerais que
produzem e modificam emoções, reações concretas e hábitos intelectuais. Isto é,
a presença de sons e visuais colore e enriquece a composição de um espaço de
signos, reverberando nos corpos e alterando condutas dos ocupantes. Identificando
dimensões semióticas da ambientação, investigamos papeis da quale-consciência e da
consciência em continuidade na formação e mudança de práticas relativas a ocupação
espacial. O foco está em descrever, seguindo o viés dos comentários peircianos
sobre consciência, como a manipulação deliberada de visualidades e sonoridades
pode promover tensão entre efeitos de presença e efeitos de sentido, possibilitando
assim o design de experiências propositalmente conduzidas pela ambientação.
PRESENCE AND ELEMENTS OF CONSCIOUSNESS ON AUDIOVISUAL AMBIENTATION

Ambientation is the continuous, purposive, and effective mediation of the multimodal
qualities creating a space of signs. On interpreters’ minds, this action is incorporated
to the oscillation between effects of presence (materiality, repetition, rhythm)
and effects of meaning (understanding, semantics), concepts described by H.
Gumbrecht in his studies about production of presence. This research aims to indicate
correspondences between elements of consciousness and of ambientation (especially
ambientation through audiovisual media), given that both have a processual and
semiotic nature. Immerse in fallibility and intentionality, both consciousness and
ambientation are constituted from a qualitative background towards a purpose in
futuro. As processes in a semiosic net, consciousness and ambientation are dialogs in
continuous expansion that conform a universe of discourse (cf. The collected papers
of Charles Sanders Peirce, v. 2, §536, 1902) towards concrete reasonableness. C. S.
Peirce (cf. The essential Peirce: selected philosophical writings, v. 1 [1867-1893], p.
128-129, 1878; see also CP1.306-307, 1907) differentiates two kinds of elements
of consciousness: (1) quale-consciousness refers to an object immediately present in
an instant, with no comparison or reference to any other, such as a uniform quality
of feeling which is indefinitely prolonged; (2) consciousness in continuity deals with
objects that are accessible only via mediation, that is, senses and thoughts that
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unveil and act through the continuum of time. In practice, both act in an energetic
and integrated way. Self-critique and self-consciousness can only develop from and
through qualities that fluctuate in present, therefore, thought is constituted as a
purposive mediation web, weaved through varieties of unite qualities. Following a
similar logic, ambientation is configured throughout an efficient and teleological process
that integrates possibilities, actions and rules to create psychological, technological
and cultural spaces of communication. In devices like cinema, theater and video art
(including video-installation and video-performance), for example, to project sound
and light in certain environment implies dealing in real time, in a destined and efficient
way, with possible, existent and general realities that produce and modify emotions,
concrete reactions and intellectual habits. That is, the presence of sound and visuals
enriches and colors the composition of a space of signs, reverberating on bodies
and continuously influencing occupant’s conducts. Identifying semiotic dimensions
of ambientation, we investigate roles of quale-consciousness and consciousness in
continuity on the formation and change of practices relative to spatial occupation. The
focus lies on, considering Peirce’s comments about consciousness, describing how the
deliberate manipulation of sonorities and visuals can promote tension between effects
of presence and effects of meaning, enabling the design of experiences purposefully
driven by ambientation.
D’OLIVEIRA, Júlio César

(CEP-PUC-SP, Brasil)
DO JULGAMENTO PERCEPTIVO E SUA RELAÇÃO COM O PRAGMATISMO

O estudo da Teoria da Percepção, desenvolvida pelo filósofo estadunidense
Charles Sanders Peirce, torna compreensível o processamento mental que viabiliza
a ligação entre o mundo interno e o mundo externo, mecanismo este baseado
na experiência extraída da própria vivência. O processo perceptivo decorre
das sensações captadas daquilo que está fora de nossa consciência, mas que é
apreendido pelo sistema sensorial constante nos aparelhos biológicos. Essencial
se faz, portanto, a leitura semiótica destes elementos da mente. Assim, uma
abordagem acerca da tríade categorial fenomenológica é basilar para a definição
do tema, já que decorre de associação entre o mundo exterior e o universo da
linguagem. Neste contexto, importante relembrar conceitos desenvolvidos por
Peirce, tais como representamen, sendo este designado como um interpretante
mental, podendo ser algo material ou até mesmo simplesmente imaginário.
Discorrer sobre o pragmatismo, portanto, é inevitável, já que este método
decorrente da semiótica está associado ao sentimento perceptivo, e, através
de uma análise fenomenológica, viabiliza o conhecimento e certa compreensão
do universo, além de formalizar a ideia de que os elementos de cada conceito
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entram no pensamento lógico pela via da percepção e saem à porta da ação
intencional, onde autocontrole ganha importante função, já que tem o caráter de
ser um sentimento inibitório. Relevante também a definição dos componentes
representados pelo objeto imediato, nomeado por Peirce como percipuum;
pelo percepto, representante da mediação inalienável entre o signo e de objeto
dinâmico, sendo este que o que denota aquilo que está fora do signo. Ambos,
pois, são essenciais para determinar o sentido interpretativo de um julgamento
perceptivo, sintéticamente, um movimento que primeiro ocupa o lugar lógico
do signo, sendo o objeto dinâmico, o percepto, o segundo, aquele que se força
sobre nossa atenção e cabe, por fim, ao percipuum, o terceiro, representar o
objeto imediato do julgamento de percepção, portanto, sendo o objeto de ligação,
mediação, entre nosso mundo interior e o mundo exterior, ou seja, é o elemento
que representa o percepto interpretado imediatamente no julgamento perceptivo.
Para tanto, fundamental a existência de um organismo biológico que assimile
informações e atribua significado aos fenômenos experimentados. Aliás, este
encadeamento envolve uma consciência de aprendizagem. Portanto, o mecanismo
da percepção possui essa função cognitiva e é especificamente desempenhada
pelo julgamento perceptivo, que consiste em inferências lógicas, pertencentes à
categoria fenomenológica da terceiridade e que fazem com que o percipuum se
acomode às organizações mentais e interpretações habituais. Deveras, os juízos
perceptivos dominam os processos mentais sobre os quais não temos qualquer
controle consciente e indicam a presença do percepto, mas não desempenha
qualquer fato objetivo ou antecipatório de possibilidades futuras da experiência.
Perceber, pois, é o ato de defrontar-se com algo que imponha uma insistência
que nos force a atentar para o objeto percebido. Isto posto, o que representa o
percepto (objeto dinâmico), dentro do juízo perceptivo, é o percipuum (objeto
imediato), meio mental de ligação entre o que está no mundo exterior e o
juízo perceptivo, que já é fruto de uma elaboração mental. Assim, por meio do
percepto, percipuum, julgamento perceptivo e formas de raciocínio (abdução,
indução, dedução), fica estabelecida a união entre matéria e mente, organizando
um sistema de comunicação entre o homem e o mundo, sem a pretensão de que
nosso conhecimento seja absoluto, mas sim que se possam utilizar as hipóteses
ou suas consequências para fomentar o palco pragmático, de modo a contribuir
para afetar positivamente uma conduta.
OF THE PERCEPTIVE JUDGMENT AND ITS RELATIONSHIP WITH PRAGMATISM

The study of the Theory of Perception, developed by the American philosopher
Charles Sanders Peirce, makes comprehensible the mental processing that enables
the connection between the inner world and the external world, mechanism based
on the experience extracted from the experience itself. The perceptual process
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stems from sensations captured from what is outside our consciousness, but which is
grasped by the sensory system constant in biological apparatus. The semiotic reading
of these elements of the mind is therefore essential. Thus, an approach about the
phenomenological categorial triad is basic to the definition of the theme, since it
stems from the association between the external world and the universe of language.
In this context, it is important to remember concepts developed by Peirce, such as
representamen, being designated as a mental interpretant, and may be something
material or even simply imaginary. To discuss pragmatism, therefore, is inevitable,
since this method derives from semiotics is associated with the perceptual feeling,
and, through a phenomenological analysis, makes possible the knowledge and a
certain understanding of the universe, besides formalizing the idea that the elements
of each concept enters into the logical thought through the way of perception and they
exit the door of intentional action, where self-control gains important function, since
it has the character of being an inhibitory feeling. Also relevant is the definition of the
components represented by the immediate object, named by Peirce as percipuum;
by the perceptive representative of the inalienable mediation between the sign and
that of the dynamic object, which is what denote that which is outside the sign. Both,
then, are essential to determine the interpretative sense of a perceptual judgment,
synthetically, a movement that first occupies the logical place of the sign, being the
dynamic object, the perceptive, the second, the one that forces itself on our attention
and fits, and finally, to the percipuum, the third, to represent the immediate object
of the judgment of perception, therefore, being the object of connection, mediation,
between our inner world and the outer world, that is, the element representing the
perceptive judgment. For this, it is fundamental the existence of a biological organism
that assimilates information and assigns meaning to the experienced phenomena.
Incidentally, this chaining involves a learning awareness. Therefore, the mechanism
of perception has this cognitive function and is specifically performed by perceptual
judgment, which consists of logical inferences, belonging to the phenomenological
category of thirdness and that make the percipuum fit the mental organizations
and habitual interpretations. Indeed, perceptual judgments dominate the mental
processes over which we have no conscious control and indicate the presence of
the percept, but it does not perform any objective or anticipatory fact of future
possibilities of experience. To realize, then, is the act of confronting something
that imposes an insistence that forces us to pay attention to the perceived object.
In this sense, what is represented by the perceptual (dynamic object) within the
perceptive judgment is the percipuum (immediate object), the mental medium of
connection between what is in the outer world and the perceptive judgment, which
is already the result of mental elaboration. Thus, through the perception, percipuum,
perceptive judgment and forms of reasoning (abduction, induction, deduction), the
union between matter and mind is established, organizing a system of communication
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between man and the world without the pretense that our knowledge is absolute,
but that the hypotheses or their consequences can be used to foster the pragmatic
stage, in order to contribute positively to a behavior.
DIAS, Diogo Henrique Bispo

(FFLCH-USP, Brasil)
A DEFESA DUMMETTIANA DA LÓGICA INTUICIONISTA IMPLICA EM UM MONISMO

LÓGICO?
Michael Dummett defende, em diversos textos, que a lógica intuicionista é a
lógica correta para fundamentar a matemática, exigindo uma revisão não só da
matemática (clássica), mas da lógica (clássica) subjacente a ela. Mas o conflito entre
lógica clássica e intuicionista não se reduz à aceitação de diferentes leis lógicas.
A estratégia de Quine, em afirmar que “quem nega a lei do terceiro excluído
está mudando assunto” (QUINE, 1960, p. 100) tampouco é satisfatória para
compreender a crítica de Dummett à lógica clássica. Isso, pois, ele reconhece
a possibilidade de desacordo real entre um lógico clássico e um intuicionista:
“intuicionistas e plantonistas podem encontrar um campo comum; os enunciados,
tanto matemáticos quanto não-matemáticos que são, na visão de ambos,
decidíveis, de modo que não há disputa real sobre seus significados, e ambos
os lados aceitam que [os enunciados] obedecem a lógica clássica” (DUMMETT,
1975, p. 238). Portanto, o verdadeiro motivo pelo qual “é possível levantar dúvida
sobre uma lei lógica básica é que, subjacente ao desacordo sobre lógica, há ainda
um desacordo mais fundamental sobre o modelo correto de significado, isto é,
sobre o quê devemos considerar como constituindo uma compreensão de um
enunciado” (DUMMETT, 1991, p. 17). Assim, a principal tese de Dummett é de
que a lógica clássica está errada, pois sua teoria do significado subjacente é falsa.
Em particular, o significado clássico dos conectivos lógicos é incoerente. O objetivo
desta apresentação é evidenciar a formulação dummettiana de uma teoria do
significado subjacente à lógica intuicionista, e avaliar se esta teoria implica em uma
única lógica. Dito de outra forma, investigaremos se o argumento de Dummett
leva a um monismo lógico. Em linhas gerais, Dummett defende que uma teoria do
significado deve ser antirrealista; baseada manifestabilidade da linguagem – saber
uma sentença significa saber como usá-la; as constantes lógicas devem preservar
harmonia – em um sentido a ser precisado –; o significado dessas constantes
devem ser dados pelas formas canônicas de prova das suas regras de introdução;
e que, em última instância, a lógica resultante é uma lógica intuicionista.Após a
exposição dessas restrições à teoria do significado, mostraremos que, apesar
de esta teoria implicar na adequação da lógica intuicionista, mais de uma lógica
intuicionista pode cumprir esse papel. Em particular, a partir desta teoria do
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significado, é possível formular lógicas intuicionistas paraconsistentes e relevantes.
Deste modo, pretendemos mostrar que a argumentação de Dummett a favor da
lógica intuicionista não implica em um monismo lógico.
DOES THE DUMMETTIAN DEFENSE OF INTUITIONISTIC LOGIC IMPLY A LOGICAL MONISM?

Michael Dummett argues in several papers that intuitionist logic is the correct logic for
the foundation of mathematics, requiring a revision not only of (classical) mathematics,
but of the (classical) logic subjacent to it. But the conflict between classical and
intuitionist logic is not reduced to the acceptance of different logical laws. Quine’s
strategy in claiming that “whoever denies the law of excluded middle changes the
subject” (Quine, 1960, p. 100) is not satisfactory either to understand Dummett’s
critique of classical logic. For he recognizes the possibility of a real disagreement
between a classical and a intuitionistic logician: “intuitionists and platonists can find
a common ground, namely statements, both mathematical and non-mathematical,
which are, in the view of both, decidable, and about whose meaning there is therefore
no serious dispute and which both sides agree obey a classical logic” (DUMMETT,
1975, p. 238). Therefore, the real motive why “it is possible to call a basic logical law in
doubt is that, underlying the disagreement about logic, there is a yet more fundamental
disagreement about the correct model of meaning, that is, about what we should
regard as constituting an understanding of a statement” (DUMMETT, 1991, p. 17).
Hence, Dummett’s main thesis is that classical logic is wrong because its underlying
theory of meaning is false. In particular, the classical meaning of logical connectives is
incoherent. The purpose of this presentation is to evidence the Dummettian formulation
of a theory of meaning underlying intuitionist logic, and to investigate if this theory
implies a unique logic. In different words, we will investigate if Dummett’s argument
leads to logical monism.
Broadly speaking, Dummett argues that a theory of meaning must be anti-realistic;
based on the manifestability of the language - knowing a sentence means knowing
how to use it; the logical constants must preserve harmony - in a sense to be specified;
the meaning of these constants must be given by the canonical forms of proof of
their rules of introduction; and that, ultimately, the resulting logic is an intuitionist
logic. After presenting these restrictions to the theory of meaning, we will show that,
although this theory implies the adequacy of intuitionist logic, there is more than one
intuitionist logic that can fulfill this role. In particular, from this theory of meaning it
is possible to formulate paraconsistent and relevant intuitionist logics. In this way, we
intend to show that Dummett’s argument in favor of intuitionist logic does not imply
a logical monism.
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FANAYA, Patrícia Fonseca
(UFSC, Brasil)
PRAGMATISMO E COGNIÇÃO CORPORIFICADA: A QUESTÃO DA AÇÃO RE-

EXAMINADA
Nas duas últimas décadas, os estudos cognitivos testemunharam um movimento
que ficou conhecido como “virada pragmática”, e que emergiu como uma
reação às abordagens computacionais clássicas na ciência cognitiva. O paradigma
computacional clássico para a cognição abriga, entre outras, as seguintes ideias:
cognição é computação sobre representações mentais; o sujeito da cognição é
um observador ou programador externo; os modelos de cognição respondem
apenas aos estados internos de um sistema cognitivo. A fim de superar parte da
insuficiência teórica das abordagens computacionais para a mente e a consciência,
os estudos cognitivos adotaram o pragmatismo como uma estrutura centrada na
ação capaz de oferecer novas perspectivas sobre a natureza da mente, da cognição
e da percepção. Para a abordagem corporificada da cognição — especialmente
o enativismo apresentado por Varela, Thompson e Rosch (1992) — a cognição
está inseparavelmente ligada à ação e a percepção está a serviço da ação; é isso
que molda os processos cognitivos. Em sua obra seminal The Embodied Mind:
cognitive science and human experience, os autores tentaram conceber um
conceito a partir de várias ideias, entre elas: os seres vivos são agentes autônomos
que enact ou criam seus próprios domínios cognitivos; cognição é o exercício de
hábil know-how na ação situada e corporificada; o mundo do ser cognitivo não
é pré-especificado ou representado internamente em seu cérebro, mas é um
domínio relacional produzido por seu agenciamento autônomo e pelo modo de
se relacionar com o ambiente; a experiência não é um epifenômeno, mas, sim,
central a qualquer compreensão da mente. Tradicionalmente, na filosofia, a ação
é considerada um fenômeno empírico contingente que exige uma explicação. No
pragmatismo, no entanto, a ação é um fenômeno que, por si só, não requer muita
explicação; e, em vez disso, a ação é o ponto de partida de qualquer fenômeno.
Essa parece ser uma boa razão para os cientistas cognitivos, comprometidos com
a cognição corporificada, voltarem sua atenção ao pragmatismo. Embora não seja
adequado fazer generalizações, pode-se inferir que, apesar da grande variedade
de “pragmatismos”, os pragmáticos estão interessados no que realmente está
acontecendo no mundo, porque este está em constante mudança; eles também
estão envolvidos com relacionamentos, pois se está sempre em meio aos outros
e se está inserido em algum ambiente e contexto. No entanto, essas inferências
são suficientes para que o pragmatismo seja tomado como um corpo único de
doutrinas? A qual versão do pragmatismo os cientistas cognitivos estão se referindo?
O pragmatismo é realmente uma teoria da ação - ou, ainda, o pragmatismo
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pode ser considerado apenas como uma teoria da ação? Este artigo tem como
objetivo discutir a questão da ação tanto nos estudos cognitivos, especialmente
na abordagem enativa, quanto no pragmatismo clássico, especialmente em sua
versão peirciana.
PRAGMATISM AND EMBODIED COGNITION: THE ACTION ISSUE RE-EXAMINED

Over the last two decades, cognitive studies have witnessed what has been called “the
pragmatic turn” as a reaction to the classical computational approaches in cognitive
science. The classical computational paradigm to cognition harbors, among others,
the following ideas: cognition is computation over mental representations; the subject
of cognition is a detached observer or programmer; models of cognition account only
the inner states of a cognitive system. In order to overcome some of the theoretical
insufficiency of the computational approaches to explain the mind and consciousness,
cognitive studies have embraced pragmatism as an action-centered framework able
of offering new perspectives on the nature of mind, cognition, and perception. For
the embodied approach to cognition - especially the enactivism presented by Varela,
Thompson, and Rosch (1992) - cognition is inseparably linked to action and perception
is for action; that is what shapes cognitive processes. In their seminal book The
Embodied Mind: cognitive science and human experience, the authors tried to bear
one concept from several ideas, among them: living beings are autonomous agents
that enact or bring forth their own cognitive domains; cognition is the exercise of
skillful know-how in situated and embodied action; cognitive being’s world is not
prespecified or represented internally by its brain, but it is a relational domain enacted
or brought forth by that being’s autonomous agency and mode of coupling with the
environment; experience is not epiphenomenal but central to any understanding of the
mind. In mainstream philosophy, for its turn, action is usually taken as a contingent
empirical phenomenon demanding an explanation. In pragmatism, however, action is
a phenomenon which, in itself, does not require that much of an explanation; instead,
action is the starting point of any phenomenon. That seems to be one good reason for
cognitive scientists, especially those committed to embodied cognition, to turn their
attention to pragmatism. Although it is not adequate to make such generalizations,
one can infer that despite the great variety of “pragmatisms”, pragmatists are
interested in what is actually happening in the world - for the world is in constant
change; they are also engaged with relationships, for one is always amidst others, and
embedded in some environment and context. However, are those inferences enough
to take pragmatism as a unique body of doctrines? Of what version of pragmatism are
cognitive scientists referring to? Is pragmatism really a theory of action - or, yet, can
pragmatism be considered only as a theory of action? This article aims at discussing
the issue of action both in cognitive studies, especially in the enactive approach, and
in classic pragmatism, especially in its Peircean version.
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FERNANDES, Daniele
(TIDD-PUC-SP, Brasil)
CRÍTICA À ZEROIDADE: ENTENDENDO O (DES)ENTENDIMENTO DE DELEUZE

SOBRE PEIRCE
Este artigo tem como objetivo geral explorar a relação entre Deleuze e Peirce,
a partir do que talvez seja o principal ponto de confronto entre eles: a afirmação
de Deleuze de que haveria uma zeroidade antes da primeiridade de Peirce.
Especificamente, o objetivo é criticar essa afirmação por meio de duas vertentes:
uma exógena, baseada na crítica ao entendimento de Deleuze a respeito da obra de
Peirce; outra endógena, baseada em conceitos e comentários do próprio Deleuze.
Ambas as vertentes objetivam demonstrar que falar de uma zeroidade em Peirce
é desnecessário à própria filosofia deleuzeana. Evidentemente, a tentativa de
inserir uma nova categoria na fenomenologia de Peirce é incoerente. Então, para
que pensar sobre isso? A complexidade da obra peirciana, o histórico filosófico
de Deleuze e o fato dele, à sua maneira, ter sido um divulgador de Peirce numa
França dominada pela linguística parecem impor o dever de lhe garantir, ao menos,
o benefício da dúvida. Mas, infelizmente, essa afirmação de Deleuze só lhe assegura
o afastamento sumário de muitos estudiosos de Peirce que, tão apressados
quanto Deleuze se aproxima da obra peirciana, afastam-se do diálogo entre os
dois. Com isso, perdem-se aproximações frutíferas entre esses pensadores, que
têm em comum, pelo menos, a influência marcante de grandes filósofos, tais
como Kant. Espera-se que este trabalho seja importante para esclarecer um
ponto de discórdia que, muitas vezes, afasta os dois pensadores. Afinal, os raros
trabalhos específicos existentes sobre o tema ou não procuram entender como
Deleuze chega a essa afirmação ou tomam outras partes da obra deleuzeana para
buscar uma conciliação com Peirce. De qualquer forma, acabam se desviando do
problema que realmente incomoda: seria essa afirmação um engano ou realmente
um antagonismo conceitual? Por que um filósofo do porte de Deleuze, respeitado
comentador de grandes filósofos, tais como Hume, Nietzsche e Spinoza, faria essa
afirmação a respeito de Peirce? Tem-se por hipótese que a chave dessa questão está
em como o conhecimento pouco abrangente da obra de Peirce levou Deleuze a
enquadrar a primeiridade em sua própria obra filosófica e a desconsiderar nuances
que o impediriam de cometer tal engano. Assim, acredita-se que essa afirmação
incoerente sobre Peirce não se trate de uma divergência filosófica mais profunda.
Metodologicamente, pretende-se, na crítica exógena, confrontar trechos da obra
de Deleuze com definições-chave de Peirce, capazes de mostrar até onde vai o
(des)entendimento de Deleuze a respeito dos conceitos peircianos envolvidos no
que ele chama de zeroidade. Quanto à crítica endógena, ela se baseia em conceitos
e argumentos do próprio Deleuze, especialmente, em comentários que ele faz
88 | 18º EIP [18th IMP]

sobre o conceito de objeto eterno de Whitehead. Como resultado, espera-se
conduzir ao entendimento desse ponto crítico da relação entre Deleuze e Peirce,
sob dois aspectos: um aponta para um conceito do próprio Peirce, negligenciado
por Deleuze, entretanto, bem mais coerente que a zeroidade; o outro, para o
fato de que a primeiridade já seria suficiente para abranger o que Deleuze chama
de zeroidade, tornando-a novamente desnecessária.
CRITIQUE OF ZERONESS: UNDERSTANDING DELEUZE’S (MIS)UNDERSTANDING OF PEIRCE

This article aims to explore the relation between Deleuze and Peirce, from what may be
the main point of confrontation between them: Deleuze’s statement that there would
be a zeroness before Peirce’s firstness. Specifically, the aim is to criticize this statement
in two ways: an exogenous one, based on the critique of Deleuze’s understanding of
Peirce’s work; another endogenous, based on Deleuze’s own concepts and comments.
Both aspects aim to demonstrate that to speak of a zeroness in Peirce is unnecessary
to the own deleuzian philosophy. Of course, the attempt to insert a new category into
Peirce’s phenomenology is incoherent. So why think about it? The complexity of Peirce’s
work, Deleuze’s philosophical history, and the fact that he was, in his own way, a Peirce’s
disseminator in a linguistic-dominated France seem to impose the obligation to assure
him, at least, the benefit of the doubt. Unfortunately, however, Deleuze’s statement
only assures him of the summary departure of many of Peirce’s researchers who, as
hurriedly as Deleuze approaches Peirce’s work, turn away from the dialogue between
them. Then, fruitful approaches are lost between these thinkers, who have in common at
least the marked influence of great philosophers such as Kant. It is hoped that this work
will be important to clarify a point of discord that often departs the two thinkers. After
all, the rare specific works on the subject either do not try to understand how Deleuze
achieves this statement or take other parts of deleuzian work to seek conciliation with
Peirce. Anyway, they end up getting sidetracked from the problem that really bothers
everybody: would this statement be a mistake or really a conceptual antagonism? Why
would a philosopher such as Deleuze, respected commentator of great philosophers such
as Hume, Nietzsche, and Spinoza, make this statement about Peirce? The hypothesis
is that the key to this question lies in how the limited knowledge on Peirce’s theory
led Deleuze to frame firstness into his own philosophical work and to disregard details
that would prevent him from making such a mistake. Thus, seems this incoherent
statement about Peirce is not a deeper philosophical divergence. Methodologically, it is
intended, in exogenous critique, to confront excerpts from Deleuze’s work with Peirce’s
key definitions, capable of showing Deleuze’s (mis)understandings of peircian concepts
involved in what he calls zeroness. About the endogenous critique, it bases on Deleuze’s
own concepts and arguments, especially in his comments on Whitehead’s concept of
eternal object. As a result, it is hoped to lead to the understanding of this critical point
in the relation between Deleuze and Peirce, under two aspects: one points to a concept
18º EIP [18th IMP] | 89

of Peirce himself, neglected by Deleuze, however, much more coherent than zeroness;
the other, to the fact that the firstness would already be enough to encompass what
Deleuze calls zeroness, making it unnecessary again.
FERRAZ, Alexandre Augusto

(UNICAMP, Brasil)
A NATUREZA FORMAL DA MATÉRIA A PARTIR DA FILOSOFIA DE CHARLES SANDERS

PEIRCE
O objetivo geral desta comunicação é apresentar os resultados alcançados em
nossa tese de doutoramento, desde a hipótese central até a sua resposta parcial.
Em nosso trabalho, tentamos explicitar a natureza formal da matéria concebendo-a
como uma espécie de elemento que emerge da e na dinâmica informacional dos
signos, isto é, a partir da relação entre formas. Dito de outro modo, aquela tese
se propôs a explicitar, ainda que indiretamente, o que Peirce (CP, 6.25, tradução
nossa) quer dizer com “[...] matéria é mente exaurida, hábitos inveterados
tornando-se leis físicas”. Nossa hipótese central consiste em considerar o processo
lógico-semiótico, no sentido peirciano, como o processo responsável pelo o que
denominamos materialização da informação, que acontece por meio do caráter
teleológico e de causa final presente no processo representativo genuíno. Os
objetivos específicos da tese e que serão apresentados nesta comunicação foram
divididos em duas partes principais: Na Parte A, denominada aspectos semióticos
da informação, (i) nós explicitamos o conceito peirceano de representação,
enfatizando a sua característica teleológica; e também (ii) apresentamos o
conceito peirciano de informação, desde o seu aspecto lógico formal, que somente
considera a informação simbólica presente no discurso verbal, portanto que se
instancia por meio da linguagem humana, até a ampliação do conceito, quando
também se aplica aos signos degenerados, permitindo que a transmissão e
complexificação da informação se efetue por meios não verbais, transitando, assim,
também em processos semióticos naturais. Na Parte B, denominada aspectos
metafísicos da informação, (iii) apresentamos os conceitos relativos à ontologia
da filosofia peirciana, para melhor compreensão da natureza da forma e do seu
processo de evolução – os conceitos de qualidade, acaso, hábito, causa final, causa
eficiente mostram como o processo teleológico de evolução da forma se efetua;
também (iv) apresentamos a caracterização metafísica da informação, concebida
por Peirce como a conexão da forma com a matéria, e sua identificação com o
ser – o foco deste capítulo (e desta parte da apresentação da comunicação) reside
na consideração da complexificação da forma por meio do processo semiótico,
relacionando-o com os processos de abdução e indução e enfatizando o caráter
de segunda intenção, em comparação àquele de primeira intensão, relativo à
90 | 18º EIP [18th IMP]

informação; finalmente, (v) apresentamos a sistematização da hipótese, mostrando
como a matéria – mente inveterada –pode ser resultado de um processo lógico de
troca informacional (relação entre formas), teleológico, geral, continuum, gerando
novidade cósmica e evolução. Com isso, podemos identificar a informação como
um fator real cujo processo pode gerar os elementos materiais como resultantes
de uma causalidade final que os gera como classes naturais.
THE FORMAL NATURE OF MATTER FROM THE PHILOSOPHY OF CHARLES SANDERS PEIRCE
The aim of this talk is to present some reached results in our PhD thesis, its central
hypothesis and its partial answer. In our work, we try to make explicit the formal
nature of matter, conceiving it as a kind of element that emerges from and in the
informational dynamic of signs, that is, from the relation between forms. In other
words, our proposal is to make explicit what Peirce (6.25) means with “[…] matter
is effete mind, inveterate habits becoming physical laws”. Our central hypothesis
consists of considering the logical-semiotic process in the peircean sense, as the
process responsible for what we call materialization of information. This happens by
means of the teleological character and of the final cause which are present in the
genuine representative process. The specific objectives of our thesis that are going to
be presented in this talk were divided in two main parts: In Part A, named semiotic
aspects of information, (i) we explicitly outline the peircean concept of representation,
stressing its teleological character; and (ii) we present the peircean concept of
information, taking into consideration two approaches: the first is the logic-formal
aspect, which conceives only symbolic information in verbal discourse presented in
humankind language. The second is a peircean mature concept, when he conceives that
degenerate signs can also participate in the process of complexification and conveying
of information. In Part B, named metaphysical aspects of information, (iii) we present
the concepts related to the ontology of Peirce’s philosophy in order to better understand
the nature of form and its process of evolution – the concepts of quality, chance, habit,
final cause, efficient cause etc. show how the teleological process of form evolution
works; (iv) we present the metaphysical characterization of information, conceived by
Peirce as the connection between form and matter, and its identification with the being.
The focus of this chapter (and of this part of the presentation of the communication)
is the consideration of form complexification through semiotics process, relating it
to the process of abduction and induction. Furthermore, we stress the character of
second intention related to information; finally, (v) we present the systematization of
our hypothesis, proving how matter – inveterate mind – can be the result of a logical
process of information exchange (forms relationship) which is teleological, general,
continuum, begetting cosmic novelty and evolution. Thus, we can identify information
as a real factor whose process can generate the material elements as resulting from
a final causality that generates them as natural classes.
18º EIP [18th IMP] | 91

GEHRMANN, Thiago; FREIRE, Guilherme
(PUC-SP, Brasil)
CHARLES SANDERS PEIRCE CONTRA O NOMINALISMO

O presente trabalho tem como objeto a crítica de Charles Sanders Peirce ao
nominalismo. Para tanto definiremos conceitualmente a concepção peirciana
do que vem a ser nominalismo, tal como proposto pelo autor. Grosso modo,
podemos entender esta corrente filosófica como aquela que nega a realidade dos
universais. Discorreremos brevemente sobre a doutrina das Categorias Universais:
primeiridade, segundidade e terceiridade. Delinearemos a posição realista do autor
como resultado do intercâmbio destas Categorias, resultando, como consequência
lógica, na concepção filosófica realista, aquela que atesta a realidade dos universais.
A partir desta breve exposição localizaremos o problema na “história das idéias”.
Entraremos brevemente na querela realismo x nominalismo, tal qual disputada
por Duns Scotus e Guilherme de Ockham no século XIII, a qual Peirce refere-se
em diversos textos e em diferentes momentos de sua carreira. Posteriormente,
passaremos ao exame daquilo que o filósofo nos dá a entender como a vitória
política da corrente nominalista em detrimento da vitória filosófica do realismo.
Mostraremoscomo que esta vitória política foi deveras decisiva para perpetração
da posição nominalista na “história das idéias”. Por fim, apontaremos os impactos
do triunfo político nominalista nas diversas áreas do pensar humano, da Reforma
Protestante luterana, à ciência determinista de Galileu, citando ainda o elenco
que C.S Peirce elabora dos vários filósofos e correntes filosóficas que explicita
ou implicitamente guiaram-se por princípios nominalistas ao longo do século XIV,
XV, XVI, XVII e XVIII.
CHARLES SANDERS PEIRCE AGAINST NOMINALISM

The present work has as its object the criticism of Charles Sanders Peirce to nominalism.
For this we will define conceptually the Peircean conception of what comes to be
nominalism, as proposed by the author. Roughly, we can understand this philosophical
current as denying the reality of universals. We will briefly discuss the doctrine of the
Universal Categories: firstness, secondness and thirdness. We will delineate the author’s
realistic position as a result of the interchange of these Categories, resulting, as a
logical consequence, in the realistic philosophical conception, that attests the reality
of the universals. From this brief exposition we will locate the problem in the “history
of ideas”. We will briefly address the quarrel of realism vs. nominalism, as disputed by
Duns Scotus and William of Ockham in the thirteenth century, to which Peirce refers
in several texts and at different points in his career. Subsequently, we shall examine
what the philosopher gives us to understand as the political victory of the nominalist
current to the detriment of the philosophical victory of realism. We will show how this
92 | 18º EIP [18th IMP]

political victory was indeed decisive for the perpetuation of the nominalist position
in the “history of ideas”. Finally, we will point out the impacts of the nominalist
political triumph in the various areas of human thinking, from the Lutheran Protestant
Reformation, to Galileo’s deterministic science, citing C. S. Peirce’s list of philosophers
and philosophical currents that explicitly or implicitly guided nominalist principles
throughout the fourteenth, fifteenth, sixteenth, seventeenth and eighteenth centuries.
GODOY, Eduardo C. de; PEREZ, Maria C.

(ECA-USP, Brasil)
SEMIÓTICA E MEMÉTICA SOB UM OLHAR EPISTEMOLÓGICO

Os memes são estudados tanto pela semiótica quanto pela memética. Eles
vicejam nas sociedades com ubiquidade de conexão. Comparamos sob um olhar
epistemológico, na análise de memes, o referencial teórico semiótico de Peirce
com aquele que a mais jovem memética de Dawkins oferece. Os objetos de
estudo popularmente nomeados como memes são compreendidos também sob
as relações lógicas dos signos. Entender os dois referenciais frente ao meme é
relevante à pesquisa nos campos do pragmatismo e da semiótica. Assim, nosso
objetivo é analisar a posição relativa ocupada pelas escolas frente ao meme e
com isso obter insights e aprofundamento teórico. Desejamos explorar esse
tema comparativo bem como incentivar novos estudos na área. O cenário atual
pinta uma semiótica robusta e esboça uma memética que se populariza. Charles
Sanders Peirce é tradicionalmente reconhecido como fundador do pragmatismo
e seus conhecimentos reverberaram em vários campos como filosofia, semiótica,
lógica, metodologia científica e matemática. Richard Dawkins tem suas origens nos
estudos de etologia e biologia evolutiva. Não obstante, os dois arcabouços teóricos
de campos distintos vêm sendo utilizados para analisar os mesmos fenômenos.
Nosso objetivo não é eleger uma melhor escola. Nosso entendimento é de que
a diversidade traz benesses à pesquisa. No entanto, para que não seja feito uso
arbitrário das teorias é necessário compreender as especificidades que possuem.
Além disso, para os pesquisadores de semiótica e memética, nesta ordem
cronológica, é curioso o fato de que a segunda esteja sendo utilizada em áreas
de conhecimento antes investigadas majoritariamente pelas escolas semióticas.
Em nosso método, a escolha por Peirce e Dawkins possui razão adicional, para
além das similaridades teóricas: o embasamento na teoria evolucionista de Darwin
(2009). Publicado pela primeira vez em 1859, o livro influenciou fortemente os
dois autores, que herdaram conhecimentos evolucionistas e expressaram seu
teor para além do contexto das ciências biológicas. Quando olhamos para a
difusão e evolução nos memes, podemos relembrar os conceitos de semiose
em Peirce e replicação em Dawkins. O meme por sua vez, pode ser visto como
18º EIP [18th IMP] | 93

signo em Peirce e correlato do gene em Dawkins. Assim, comparamos as escolas
na análise do meme considerando o legado de Darwin frente ao qual ambas
atuam. No grande repertório de obras existentes, selecionamos três textos
sobre a Semiótica de Charles Sanders Peirce e um de Richard Dawkins para nossa
comparação. Do lado semiótico analisamos: O que é um signo? (PEIRCE, 1894),
Evolutionary love (PEIRCE, 1893) e Teleology and the Autonomy of the Semiosis
Process (RANSDELL, 1992). Na memética analisamos o livro The selfish gene
(DAWKINS, 2006). Escolhemos buscar por três conteúdos no interior das obras:
definição compatível com o fenômeno meme, análise de sua difusão e correlação
do fenômeno com a evolução. Estes conteúdos são basilares para o entendimento
do fenômeno e servem de solo para nossa comparação. Apresentando de modo
sinóptico, nossa análise revelou grande convergência na forma como as escolas
vêm os memes, no entanto a forma como apresentam sua episteme é distinta.
Semiótica e memética parecem estar consonantes quanto a vivacidade do meme e
seu potencial comunicacional próprio. O humano é visto como meio para que essa
difusão simbólica aconteça. É uma comunicação bastante viva. No entanto, uma
distinção sobre esse ponto é notável, em Dawkins a vida do meme é apresentada
de maneira explicita por meio de analogias com gene e vírus, enquanto em Peirce
essa vida é apresentada de maneira mais mediada pela comunicação, cultura e
geração de sentidos com lógicas próprias da semiose. Peirce mostra um vasto e
aprofundado olhar sobre as relações lógicas entre os signos, desvendando estados
mentais e propondo classes.
SEMIOTICS AND MEMETICS UNDER AN EPISTEMOLOGICAL VIEW

Memes are studied both by semiotics and memetics. They thrive in societies with
ubiquity of connection. We compare, under an epistemological look, in meme analysis,
Peirce’s semiotic theoretical reference to that which Dawkins’s younger memetics
offers. The study objects popularly named as memes are also understood under the
logical relations of signs. Understanding the two theoretical references at meme analysis
is relevant to research in the fields of pragmatism and semiotics. Thus, our objective
is to analyze the relative position occupied by the schools facing the meme, obtaining,
this way, insights and theoretical deepening. We wish to explore this comparative
theme as well as encourage further studies in the area. The current scenario paints a
robust semiotics and outlines a memetic becoming popular. Charles Sanders Peirce is
traditionally recognized as the founder of pragmatism and his knowledge reverberates
in various fields such as philosophy, semiotics, logic, scientific methodology and
mathematics. Richard Dawkins has his origins in the studies of ethology and evolutionary
biology. Nevertheless, the two theoretical frameworks from distinct fields have been
used to analyze the same phenomena. Our goal is not to elect the best school. Our
understanding is that diversity brings benefits to research. However, in order not to
94 | 18º EIP [18th IMP]

make arbitrary use of theories, it is necessary to understand the specificities they
possess. Moreover, for the researchers of semiotics and memetics, respecting this
chronological order, it is curious that the second is being used in areas of knowledge
previously investigated mainly by semiotic schools. Concerning our method, the choice
for Peirce and Dawkins has an additional reason, beyond the theoretical similarities:
the common base in the evolutionary theory of Darwin (2009). First published in
1859, the book strongly influenced both authors, who inherited evolutionary knowledge
and expressed their content beyond the context of the biological sciences. When we
look at the diffusion and evolution in memes we can recall the concepts of semiosis
in Peirce and replication in Dawkins. The meme in turn can be seen as sign in Peirce
and correlate of the gene in Dawkins. Thus, we compare the schools in the meme’s
analysis considering the legacy of Darwin as a background. Inside the large repertoire
of existing works, we selected three texts on the Semiotics of Charles Sanders Peirce
and one by Richard Dawkins for our comparison. From the semiotic side we analyze:
What is a sign? (PEIRCE, 1894), Evolutionary Love (PEIRCE, 1893) and Teleology
and the Autonomy of the Semiosis Process (RANSDELL, 1992). In memetics we
analyze the book The selfish gene (DAWKINS, 2006). We have chosen to search for
three contents within the works: definition compatible with the meme phenomenon,
analysis of its diffusion and correlation of the phenomenon with evolution. These are
key contents for the understanding of the phenomenon and serve as ground for our
comparison. Presenting in a synoptic way, our analysis revealed great convergence in
the way schools come to memes, yet the way they present their episteme is distinct.
Semiotics and memetics seem to be consonant as to the vivacity of the meme and
its own communicational potential. The human is seen as a means for this symbolic
diffusion to take place. It is a strongly vivid communication. However, a distinction
on this point is remarkable, in Dawkins the life of the meme is presented explicitly
through analogies with gene and virus, whereas in Peirce this life is presented in a way
more mediated by communication, culture and generation of meanings with logics of
semiosis. Peirce shows a vast and in-depth look at the logical relations between signs,
unraveling mental states and proposing classes.
GUIMARÃES FILHO, Paulo Duarte

(PUC-SP, Brasil)
CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA DE PEIRCE PARA O ESCLARECIMENTO DE

DESENVOLVIMENTOS NA PSICANÁLISE DE CONCEPÇÕES SOBRE O INCONSCIENTE
Um dos propósitos centrais deste trabalho é a apresentação de alguns
desenvolvimentos de concepções sobre o inconsciente na psicanálise e considerar
os paralelos que esses desenvolvimentos têm com elementos da filosofia de
Peirce. A partir do reconhecimento dessas similaridades poderemos também ter
18º EIP [18th IMP] | 95

importantes esclarecimentos e ampliações de algumas das concepções psicanalíticas
que estarão em foco.Primeiramente, vamos considerar as concepções freudianas
sobre os processos inconscientes como constituídos por “representações de
coisas”, diferentemente dos conscientes em que há “representações de palavras”.
São examinadas brevemente as bases empíricas e conceituais que levaram a essas
formulações de Freud e, em seguida, como elas podem ser correlacionadas com
o desenvolvido por Peirce em sua fenomenologia e semiótica. Em segundo lugar,
a visualização de correlações entre as conceituações freudianas e as peirceanas
facilitam o acompanhamento e o entendimento de dois dos desenvolvimentos
recentes e significativos de concepções relacionadas com o inconsciente na
psicanálise. Particularmente, focalizamos os paralelos com o pensamento de
Peirce e os enriquecimentos que podem ser obtidos. Um destes desenvolvimentos
pode ser encontrado em algumas das ideias de Donald Winnicott. Muitas dessas
questões já foram desenvolvidas em artigo que publicamos na Cognitio: Revista
de Filosofia v.18, n. 1 (2017), com o título: Examining the relationship of C. S.
Peirce’s semiotic and D. Winnicott’s transitional phenomena and playing. Diante
da brevidade desta apresentação, esta publicação tem esclarecimentos mais
amplos do tema, caso haja interesse nesse sentido. As contribuições estudadas de
Winnicott têm por base suas ideias sobre os objetos e fenômenos transicionais.
Através dessas concepções Winnicott distinguiu o papel de determinados signos no
funcionamento mental, mas sem colocar as coisas nesses termos, e de um modo
que, embora desenvolvido independentemente, tem marcantes paralelos com
a semiótica de Peirce. As ideias de Winnicott sobre os fenômenos transicionais
dão grande destaque ao papel que o brincar desempenha na expressão e no lidar
com situações emocionais. Em função disso, escolhemos focalizar uma situação
clínica na qual Winnicott apresenta o brincar de uma criança, no livro Playing and
Reality. É um exemplo vivo das concepções de Winnicott nessa área e que ajuda
na ilustração da correlação de suas ideias com as da filosofia de Peirce. Trata-se
do caso que ele rotulou de “Diana”. Diana é levada pela mãe para uma consulta,
de fato voltada para seu irmão, deficiente mental e com uma malformação
cardíaca congênita. Por causa disso, a mãe ficou perturbada e ansiosa, o que teve
repercussões sobre Diana e aparece no modo como ela brinca com bonecos
durante a consulta. Através deste brincar é possível inferir sobre processos que
se passam num nível inconsciente em Diana, havendo interesse para nosso estudo
as diferenças em relação ao descrito por Freud e referido antes. A semiótica
de Peirce, especialmente suas noções a respeito dos signos icônicos e indiciais,
com seus respectivos interpretantes emocionais e energéticos são muito úteis
para o entendimento do brincar de Diana e para pensar sobre as diferenças com
algumas das concepções de Freud. Do mesmo modo como as ideias de Peirce
podem auxiliar para seguir e ampliar algumas das contribuições de Winnicott
96 | 18º EIP [18th IMP]

sobre aspectos dos processos inconscientes, o mesmo se aplica Wilfred Bion,
particularmente ao que ele chamou de “função alfa”, e que em grande medida pode
ser vista como uma função semiótica, se a olharmos em termos de Peirce. Alguns
aspectos das contribuições de Bion também vão ser consideradas brevemente
nesta apresentação.
CONTRIBUTIONS FROM PEIRCE’S PHILOSOPHY TO THE ENLIGHTENMENT OF

DEVELOPMENTS IN PSYCHOANALYSIS OF CONCEPTIONS ABOUT THE UNCONSCIOUS
The main purpose of this paper is to present some developments of conceptions about
the unconscious in psychoanalysis and to consider the similarities between them and
elements of Peirce’s philosophy. By recognizing these similarities we can also clarify
important aspects and broaden the understanding of some of these psychoanalytic
conceptions. First, we consider the Freudian conceptions about the unconscious process
as formed by “thing presentations”, differently from the conscious which is comprised
of “word presentations”. The empirical and conceptual basis that lead Freud to these
conception are examined briefly, followed by ideas on how these formulations could
be related to what Peirce developed in his phenomenology and semiotic. Second, the
visualization of these correlations between Freudian and Peircean conceptualizations
could help us to follow and to have a better understanding about two more recent
developments in psychoanalytic conceptions related to the unconscious. Particularly we
focus on parallels that they have with Peircean elements and how they can be enriched
by them. One of these developments can be found in some of Donald Winnicott ideas.
Some of these ideas have already been developed in a paper published in Cognitio:
Revista de Filosofia, v. 18, n. 1 (2017), with the title: Examining the relationship of C.
S. Peirce’s semiotic and D. Winnicott’s transitional phenomena and playing. Considering
the brevity of this presentation, the paper has broader explanations about this theme
if there is more interest about it. The contributions of Winnicott that are studied
here have its basis in his ideas about transitional objects and phenomena. Through
these conceptions, Winnicott distinguished the fundamental role of some signs in the
mental functioning, but without using these terms, and did this in a way that, although
independent, has outstanding parallels with Peirce’s semiotic. Winnicott’s ideas about
the transitional phenomena points out the role that playing has in expressing and
leading with emotional situations. For this reason, we chose to focus on a clinical
situation in which Winnicott presented the description of a child playing, in his book
Playing and Reality. This is a live example of Winnicott’s ideas in this area and aids
to illustrate the correlation of his ideas with those present in Peirce’s philosophy. The
clinical situation is labeled by him as the “Diana” case. Diana is the name of a child
that is brought by the mother to a consultation, which was intended for her brother,
“mentally defective and with a congenital deformity of the heart”. Because of this, the
mother is distressed and anxious what has repercussions to Diana, which are visible
18º EIP [18th IMP] | 97

in how she plays with dolls during the consultation. In Diana’s playing one can infer
unconscious process, being of interest to our study that they have differences in relation
to those described by Freud. Peirce’s semiotic, mainly his notions about the iconic and
indexical signs with their correspondents emotional and energetic interpretants, are
very useful to the understanding of Diana’s playing and to think about its differences
in comparison with some of the Freudian conceptions. Similarly to how Peirce’s ideas
can help to follow and broaden some of the contributions of Winnicott about the
unconscious, the same can be applied to Wilfred Bion’s conceptions, particularly
about what he called “alpha function”, which can be seen in some way as a semiotic
function, if we view it in Peircean terms. Some aspects of Bion’s contributions are also
briefly considered in this presentation.
JUNGK, Isabel Victoria Galleguillos

(PUC-SP, Brasil)
DESVELANDO A SEMIOSE: AS INTERCONEXÕES ENTRE AS DEZ CLASSES DE

SIGNOS DE C. S. PEIRCE
O conceito de semiose, isto é, como os signos geram outros signos, é fundamental
para compreender a semiótica filosófica de Peirce, concebida como uma gramática
universal do pensamento. Todo pensamento se dá em signos e, pelo estudo de
seus mecanismos, é possível compreender de maneira ampla a percepção, a
cognição e o raciocínio. A estrutura triádica do signo, formada pelo representamen,
pelo objeto e pelo interpretante, dota-o de autonomia na geração de novos
interpretantes. Esse processo é regido pela causação lógica, segundo a qual um
signo é interpretado em outro subsequente, num encadeamento contínuo. As
relações envolvidas no processo de semiose são evidenciadas e podem ser melhor
compreendidas quando se estuda as interconexões entre as dez principais classes
de signos, formadas pela aplicação recursiva das três categorias fenomenológicas.
Embora o signo seja uma forma de terceiridade, uma relação triádica formada por
três termos, no primeiro termo predomina a primeiridade, pois aquilo que funciona
como signo é o que primeiro se apresenta à mente. No segundo termo, o objeto,
predomina a secundidade, daí sua divisão em objeto imediato, a maneira como o
signo representa seu objeto internamente, e objeto dinâmico, o objeto exterior
ao signo que é representado por ele, ainda que parcialmente. No terceiro termo
da relação, predomina a terceiridade e, assim, o interpretante pode ser dividido
em: interpretante imediato, a interpretabilidade do signo, isto é, seu potencial de
ser interpretado em outro signo de uma certa maneira; interpretante dinâmico,
o interpretante que de fato ocorre na mente de um intérprete específico, e
interpretante final, que representa a tendência do signo de se aproximar da
revelação de seu objeto pelo desenvolvimento da semiose no longo curso do
98 | 18º EIP [18th IMP]

tempo. Da combinação desses elementos, de seus desdobramentos, e da aplicação
das categorias a cada um deles, resultam as três tricotomias de signos que formam
as dez principais classes sígnicas. O signo, em seu fundamento, poderá ser um
qualissigno, sinsigno ou legissigno. A relação entre signo e objeto dinâmico poderá
ser icônica, indicial e simbólica, e a relação do signo com seu interpretante final
poderá ser remática, dicente ou argumental. A combinação das tricotomias e as
suas subdivisões não são aleatórias; ela segue uma sequência rigorosa baseada na
lógica das categorias. Como consequência, há apenas dez classes principais de
signos, pois as demais combinações possíveis inexistem por inconsistência lógica.
Dessa forma, as dez classes sígnicas estabelecidas por Peirce são: 1ª) Qualissigno
icônico remático; 2ª) Sinsigno icônico remático; 3ª) Sinsigno indicial remático; 4ª)
Sinsigno indicial dicente; 5ª) Legissigno icônico remático; 6ª) Legissigno indicial
remático; 7ª) Legissigno indicial dicente; 8ª) Legissigno simbólico remático; 9ª)
Legissigno simbólico dicente e 10ª) Legissigno simbólico argumentativo.Cada
uma dessas classes está interconectada às demais por meio de diferentes tipos de
relações, que podem ser de envolvimento, pelas quais um signo envolve outros,
compartilhando de sua natureza ou atuando como eles; de replicação, pelas quais
certos tipos de signos governam sua instanciação em réplicas; de interpretação,
pelas quais determinados tipos de signos são interpretados em outros tipos de
signos; e, finalmente, de composição, pelas quais um tipo de signo é composto de
outros tipos de signos. Neste artigo, descreveremos, de acordo com Peirce, essas
classes e as relações entre elas. Tal nível de detalhamento permitirá compreender
a maneira específica como se desenvolve a semiose em cada uma delas, isto é,
como cada uma apresenta seu objeto, e o tipo de interpretante que pode gerar.
UNVEILING SEMIOSIS: THE INTERCONNECTIONS AMONG THE TEN CLASSES OF SIGNS

OF C. S. PEIRCE
The concept of semiosis, that is, how signs generate other signs, is fundamental to
understanding Peirce’s philosophical semiotics, conceived as a universal grammar of
thought. All thought is in signs and, through the study of its mechanisms, it is possible to
comprehend perception, cognition and reasoning in a broad sense. The triadic structure
of the sign, formed by the representamen, the object and the interpretant, endows
it with autonomy in the generation of new interpretants. This process is governed by
logical causation, according to which a sign is interpreted in a subsequent sign, in
a continuous series. The relations involved in the semiosis process are evinced and
can be better understood by the study of the interconnections among the ten main
classes of signs, formed by the recursive application of the three phenomenological
categories. Although the sign is a form of thirdness, i.e. a triadic relation formed by
three terms, in the first term predominates firstness, because what functions as a
sign is what appears first to the mind. In the second term, the object, secondness
18º EIP [18th IMP] | 99

predominates, hence its division into immediate object, the way the sign internally
represents its object, and into dynamic object, the object external to the sign and
which is represented by it, albeit partially. In the third term of the relation, thirdness
predominates and, thus, the interpretant can be divided into: immediate interpretant,
the interpretability of the sign, that is, its potential to be interpreted in another sign
in a certain way; dynamic interpretant, that which actually occurs in the mind of a
specific interpreter, and the final interpretant, which represents the tendency of the
sign to approach the revelation of its object by the development of semiosis in the long
run. From the combination of these elements, their unfolding, and the application of
the categories to each of them, result the three trichotomies of signs that form the ten
main sign classes. The ground of the sign may be a qualisign, a sinsign or a legisign.
The relation between sign and dynamic object can be iconic, indexical and symbolic,
and the relation of the sign with its final interpretant can be rhematic, dicentic or
argumentative. The combination of trichotomies and their subdivisions is not random;
it follows a rigorous sequence based on the logic of the categories. As a consequence,
there are only ten main classes of signs, since the other possible combinations do not
exist by logical inconsistency. Thus, the ten sign classes established by Peirce are: 1st)
rhematic iconic qualisign; 2nd) rhematic iconic sinsign; 3rd) rhematic indexical sinsign;
4th) dicentic indexical sinsign; 5th) rhematic iconic legisign; 6th) rhematic indexical
legisign; 7th) dicentic indexical legisign; 8th) rhematic symbolic legisign; 9th) dicentic
symbolic legisign; and 10th) argumentative symbolic legisign. Each of these classes is
interconnected to the others by means of different types of relations, which may be of
involvement, in which a sign involves others, sharing their nature or acting like them;
of replication, by which certain types of signs govern their instantiation in replicas; of
interpretation, by which certain types of signs are interpreted in other types of signs;
and finally of composition, by which a type of sign is composed of other types of signs.
In this paper, these classes and the relations among them will be described according
to Peirce. Such level of detail will allow the understanding of the specific way in which
semiosis develops in each of them, that is, how each class presents its object, and the
kind of interpretant it can generate.
KINOUCHI, Renato Rodrigues

(UFABC, Brasil)
SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS CONCEITOS DE PROBABILIDADE E DE RISCO PARA

O PRAGMATISMO DE C. S. PEIRCE
Este trabalho tem por objetivo esclarecer o sentido de um exemplo
frequentemente utilizado por C. S. Peirce para discutir a validade de inferências
sintéticas, a saber, a maneira pela qual as companhias de seguros são capazes de
prever a extensão dos riscos cobertos coletivamente apesar de ser impossível
100 | 18º EIP [18th IMP]

prever os casos de sinistro particulares. Essa questão aparece em ao menos três
textos pertencentes a diferentes períodos da obra de Peirce, o que indica tratar-se
de algo importante na evolução do pragmatismo como um todo. A primeira vez
em que Peirce recorre a tal exemplo foi no ensaio Grounds of validity of the laws
of logic: Further consequences of four incapacities, de 1869. Quase uma década
mais tarde, Peirce volta ao exemplo no ensaio The doctrine of chance, de 1878.
Finalmente, o exemplo reaparece em The maxim of pragmatism, a primeira das
palestras apresentadas em Harvard no ano de 1903. É importante notar que
tal exemplo foi sendo paulatinamente aprimorado ao longo daqueles trabalhos:
primeiramente ele é praticamente apenas mencionado, a seguir é desenvolvido em
um argumento mais extenso e, finalmente, é apresentado na forma de um modelo
matemático cuja discussão é bastante complexa. Ao analisar o desenvolvimento
dessa questão, pretendo mostrar como os conceitos de probabilidade e de
risco – com efeito, dois conceitos largamente discutidos por filósofos e cientistas
principalmente a partir da década de 1930 – são fundamentais para a compreensão
do pragmatismo. Partindo da afirmação enigmática de que cada um de nós é uma
companhia de seguros, procuro mostrar, inicialmente, como a noção frequencista
de probabilidade adotada por Peirce, a qual informa a maneira como os riscos
são calculados por seguradoras, acaba por implicar a famosa afirmação de que
a lógica se enraíza no princípio social. A seguir, procuro esclarecer como essa
questão repercute na reformulação da máxima do pragmatismo, a qual estava
inicialmente baseada em considerações psicológicas, mas que posteriormente
passou a ser fundamentada no terreno da lógica. Essa mudança de enfoque, que
resultou no muito conhecido distanciamento entre as visões de Peirce e James,
pode ser mais bem apreciada, em meu entender, se compreendermos a relação
entre a validade das inferências sintéticas e os procedimentos de securitização.
Concluirei que algumas obscuridades do argumento apresentado na primeira das
palestras em Harvard – as quais, para James, continham lampejos brilhantes em
meio a trevas cimerianas – decorre da competência de Peirce sobre um assunto
que era discutido de maneira ainda muito incipiente naquela época. Tal como em
vários outros ramos de investigação, Peirce mais uma vez estava examinando um
assunto na vanguarda do conhecimento científico de sua época.
ON THE IMPORTANCE OF THE CONCEPTS OF PROBABILITY AND RISK FOR C. S. PEIRCE´S

PRAGMATISM
This work aims to clarify the meaning of an example often used by C. S. Peirce to
discuss the validity of synthetic inferences, namely, the way that insurance companies
can predict the extent of their risks collectively, even though it is impossible to predict
particular cases of loss. The example appears in at least three essays belonging to
different periods of Peirce’s works, indicating that it involves an important issue in the
18º EIP [18th IMP] | 101

evolution of pragmatism as a whole. Peirce alluded to the example for the first time
in Grounds of validity of the laws of logic: Further consequences of four incapacities,
in 1869. Almost a decade later, Peirce discussed the example again in The doctrine
of chance, 1878. Finally, it reappears in The maxim of pragmatism, the first lecture
presented at Harvard in 1903. By the way, it is important to note that such an example
was gradually improved over the course of those works: initially, it is practically only
mentioned, then it is developed into an argument, and finally it is presented into the
form of a mathematical model whose discussion is quite complex. Through the analysis
of the development of such example, I intend to defend that the concepts of probability
and risk – indeed, two concepts widely discussed by philosophers and scientists mainly
after the 1930’s – are indispensable for understanding Peirce’s pragmatism. I begin
with the puzzling assertion that each of us is an insurance company, aiming to explain
how Peirce’s frequentist conception of probability, which also informs the way the
risks are calculated by insurance companies, implies the famous statement that logic
is rooted on the social principle. Next, I wish to show how the development of such
an example sheds light on the reformulation of the maxim of pragmatism, which was
initially based on psychological considerations, but which later became grounded on
logical domain. This shift, which resulted in the dispute between Peirce and James’s
views, may be better understood, in my view, if one considers the relation between the
validity of synthetic inferences and securitization procedures. I will conclude that some
obscurities of the first Harvard lecture – which for James included brilliant flashes of
light amidst Cimmerian darkness – derive from Peirce´s expertise on a subject matter
whose discussion was still incipient at that time. As in many other branches of inquiry,
he was exploring the forefront of the scientific knowledge of his time.
MADI, Maria Alejandra Caporale

(PUC-SP, Brasil)
NORMAS DIALÓGICAS: UMA ABORDAGEM PEIRCIANA

Esta comunicação tem como objetivo desenvolver uma análise das relações
entre normas e conduta na vida social sob uma abordagem peirceana. Entre
as contribuições para o Pragmatismo clássico, Charles S. Peirce propôs uma
arquitetura filosófica que rejeita a reflexão sobre as normas em modelos de
estrita necessidade lógica e Leis absolutas. Como resultado de uma visão filosófica
genética e realista, a abordagem peirceana concebe as normas como construções
sociais que emergem endogenamente e evoluem no processo de interações entre
indivíduos. De fato, em sua abordagem filosófica das normas, Peirce pressupõe
a terceiridade real – mesmo que aproximada, evolutiva e incompleta. Do ponto
de vista ontológico, Acaso e Lei, como princípios reais, estão presentes, como
tal, nos fenômenos que envolvem a vida social. A este respeito, as categorias
102 | 18º EIP [18th IMP]

peircianas reproduzem os princípios reais do modo de ser, a saber, Primeiridade
(Acaso), Segundidade (Existência) e Terceiridade (Lei/Normas). Segundo o
filósofo, a Terceiridade real, baseada em um processo semiótico de interpretação
e representação, se refere às normas enquanto hábitos cujo substrato ontológico
considera: i) o princípio da continuidade das propriedades dos indivíduos (seus
predicados) do passado para o futuro; ii) o reconhecimento do Acaso como uma
princípio real da experiência; iii) o entrelaçamento evolutivo do Acaso e da Lei ao
longo do tempo; iv) o conceito de tempo como um continuum - uma coleção de
possibilidades reais. Além disso, a coabitação da Lei e do Acaso tem implicações
relevantes para uma abordagem realista das normas onde o indeterminismo
ontológico está inter-relacionado com um indeterminismo epistemológico que
favorece o ponto de vista falibilista. No pensamento peirciano, o falibilismo
é a doutrina que diz que nosso conhecimento nunca é absoluto e, portanto,
sua aceitação reforça a relevância de uma abordagem das normas dentro de
um processo dinâmico, evolucionário e histórico, uma vez que as normas não
podem ser tratadas como uma realidade cristalizada. De fato, o indeterminismo
ontológico das normas corresponde a uma visão do mundo real que apresenta
acidentalidades e está aberto à transformação. A presença do Acaso dá origem
a descontinuidades entre o passado e o futuro que adicionam certo grau de
indeterminação à evolução das normas na vida social, onde os padrões de conduta
são complexos, variáveis no tempo e inter-relacionados dentro de um contexto
econômico, social e político.Levando em conta este pano de fundo filosófico, esta
comunicação propõe que o pensamento filosófico de Peirce abre a possibilidade
de uma reflexão sobre a ontologia das normas em uma abordagem realista e
evolucionária. Sob esta perspectiva, os pressupostos ontológicos peirceanos
sobre as normas devem aparecer pragmaticamente, a saber, na maneira como
as normas afetam as decisões e ações na vida social. Assim, esta linha de
desenvolvimento filosófico de caráter não determinista reforça a relevância do
conceito de “normas dialógicas”, isto é, normas que revelam um diálogo social
contínuo e estão abertas a mudanças no tempo, comoa única forma possível de
iluminar os aspectos centrais da relação entre normas e conduta na vida social
no âmbito requerido pelo Pragmatismo peirciano.
DIALOGICAL NORMS: A PEIRCEAN APPROACH

This communication aims to develop a deeper understanding of the relations between
norms and conduct in social life under a Peircean approach. Among the contributions
to classical Pragmatism, Charles S. Peirce proposed a philosophical architecture that
rejects the conception of norms under models of strict logical necessity and absolute
Laws. Indeed in this philosophical approach to norms, Peirce presupposes real Thirdness
- even if approximate, evolutionary and incomplete. As a result of a genetic and realistic
18º EIP [18th IMP] | 103

philosophical view, the Peircean approach conceives norms as social constructs that
endogenously emerge in the evolutionary process of individuals’ interactions. From the
ontological point of view, Chance and Law, as real principles, are present, as such, in
the phenomena related to social life. In this respect, Peirce’s categories reproduce the
real principles of the mode of being very well, namely, Firstness (Chance), Secondness
(Existence), and Thirdness (Law/ Norms). According to him, real Thirdness, founded
on a semiotic process of interpretation and representation, refers to norms as habits
which ontological substrate considers: i) the principle of the continuity of the properties
of individuals (their predicates) from the past to the future; ii) the recognition of
Chance as a real feature of experience; iii) the evolutionary interweaving of Chance
and Law through time; iv) the concept of time as a continuum - a collection of real
possibilities. Besides, the cohabitation of Law and Chance has relevant implications for
a realistic approach to norms where their ontological indeterminism is interrelated with
an epistemological indeterminism that favors the fallibilist standpoint. In the Peircean
thought, fallibilism is the doctrine that addresses that our knowledge is never absolute
and, therefore, its acceptance reinforces the relevance of an approach to norms
within a dynamic, evolutionary and historical process since they cannot be treated as
a crystallized reality. In fact, the ontological indeterminism of norms corresponds to
a real-world view that presents accidentalities and is opened to transformation. The
presence of Chance gives rise to discontinuities between the past and the future that
add some degree of indeterminacy to the evolution of norms in collective life where
patterns of conduct are complex, time-varying, and interrelated within an economic,
social and political context. Taking into account this philosophical background, this
communication addresses that Peirce’s philosophical thinking opens up a reflection on
the ontology of norms in a realistic and evolutionary approach. Under this perspective,
the Peircean ontological assumptions about norms must appear pragmatically, namely,
in the manner in which norms affect decisions and actions in collective life. In this
way, this line of philosophical development of a non-deterministic character enhances
the relevance of the concept of “dialogical norms”, that is to say, norms that reveal
an ongoing social dialogue and are open to change through time, as the only possible
way of illuminating the central aspects of the relation between norms and conduct in
social life under the scope required by the Peircean Pragmatism.
MATTAROLLO, Livio; LÓPEZ, Federico E.

(UNLP, Argentina)
GENESIS AND VALUES IN DEWEY´S CRITICAL PRAGMATISM: A FURTHER REPLY TO WHITE

Contrary to some misinterpretations, Dewey’s pragmatism can be understood as
a critical endeavor and, even more, as a philosophy of [cultural] criticism. This
undertaking is not only built upon the pragmatist conception of beliefs as habits and
104 | 18º EIP [18th IMP]

of habits as practices but also upon the rejection of the dichotomy between genesis
and validity. A similar dichotomy has played a major role within the Twenty Century
philosophy of science. As it is well known, the difference between context of discovery
and of justification has been a fundamental distinction to establish the boundaries
within which the epistemological and philosophical criticism should focus. According
to the philosophical mainstream, this dichotomy fell apart with the appearance on
the scene of the historical turn as represented by Thomas Kuhn and Stephen Toulmin
in philosophy as well as by David Bloor and Barry Barnes in Sociology of Science, to
mention a few. However, this dichotomy or distinction, commonly attributed to Hans
Reichenbach’s Experience and Prediction (1938), was already available earlier at
the beginning of Twentieth Century (Cohen, 1914) and had been a prime target for
Dewey’s criticism since the beginning of that Century. This paper focuses on Dewey’s
rejection of this dichotomy and in his grasp of the relevance of genesis to establish
the validity of beliefs and practices. This genealogical character has been pointed
as a general trait of Dewey’s philosophy (e.g. Stuhr, 1997; Colapietro 2012), one
that connects his pragmatism with Foucault’s post-structuralism. Particularly, this
paper addresses the relevance of genesis in his understanding of [reflective] ethics
and moral values. Indeed, the history and genesis of ideas is particularly important
in Dewey’s attempt to give a “scientific” treatment to morality. According to him, it
is only by considering the genesis or history of a moral belief that its validity can be
evaluated and eventually established. Consequently, it can be argued that something
like a genealogical critique of beliefs and values is a keystone in Dewey’s stance.
However, Dewey’s conception of values has been profoundly criticized. Particularly
relevant is Morton White’s criticism of Dewey’s, and C. I. Lewis’s, ethics. Indeed,
in White’s opinion “pragmatism is without a solution of the fundamental problem
of ethics” (White, 1949, p. 329). This criticism has been highly influential and has
been understood as one of the major causes of the long time sustained idea that
pragmatism is a defective philosophy (Gouinlock, 1978). Despite the fact that Dewey
(1950, lw.17.480-84), among others (Hook, 1950; Gouinlock, 1978), replied to
this criticism, White, in 1996, insisted on it, which has provoked a recent revisit by
Robert Sinclair (2014). This latter analysis throws light on some confusing topics
and moves in this controversy, but it overlooks the relevance of history and genesis
in Dewey’s approach to ethical beliefs and practices. Thus, to conclude this paper,
Sinclair’s analysis is expanded in order to offer a further reply to White.
GÊNESE E VALORES NO PRAGMATISMO CRÍTICO DE DEWEY: UMA RESPOSTA

ULTERIOR A WHITE
Ao contrário de algumas interpretações errôneas, o pragmatismo de Dewey
pode ser entendido como um empreendimento crítico, e além do mais, como
uma filosofia de crítica [cultural]. Este empreendimento não apenas se baseia na
18º EIP [18th IMP] | 105

concepção pragmatista de crenças como hábitos e hábitos como práticas, mas
também na rejeição da dicotomia entre gênese e validade. Semelhante dicotomia
tem um papel preponderante na filosofia de ciência do século XX. Como é bem
sabido, a diferença entre o contexto de descoberta e o de justificação tem sido
uma distinção fundamental para estabelecer os limites dentre os quais a crítica
filosófica e epistemológica deve se focar. De acordo com a mainstream filosófica,
esta dicotomia se desmanchou com a vinda da virada histórica, representada,
em filosofia, por Thomas Kuhn e Stephen Toulmin, assim como por David
Bloor e Barry Barnes na Sociologia da Ciência, para mencionar alguns. No
entanto, esta dicotomia ou distinção, frequentemente atribuída à Experience
e Prediction (1938) de Hans Reichenbach, já estava disponível mais cedo, no
início do século (Cohen, 1914), e havia sido um alvo importante para a crítica
de Dewey desde o início daquele século. Esta comunicação foca na rejeição
que Dewey faz dessa dicotomia e sua compreensão da relevância da gênese
para estabelecer a validade de crenças e práticas. Este caráter genealógico tem
sido apontado como uma característica geral da filosofia de Dewey (e.g. Stuhr,
1997; Colapietro 2012), de tal modo que liga seu pragmatismo com o pós-
estruturalismo de Foucault. Em particular, esta comunicação aborda a relevância
da gênese no seu entendimento da ética [refletiva] e valores morais. De fato,
a história e a gênese das ideias é particularmente importante na tentativa de
Dewey de dar um tratamento “científico” à moralidade. Segundo ele, é apenas
com a consideração da gênese ou história de uma crença moral que pode ser
avaliada e eventualmente estabelecida sua validade. Consequentemente, pode
se argumentar que algo como uma crítica genealógica das crenças e valores se
encontra na condição de pedra angular no tocante à posição de Dewey. No
entanto, a concepção de valores de Dewey tem sido profundamente criticada.
Particularmente relevante é a crítica de Morton White à ética de Dewey e de
C. I. Lewis. Com efeito, na opinião de White, “pragmatismo está sem uma
solução do problema fundamental da ética” (White, 1949, p.329). Esta crítica
teve grande influência e tem sido entendida como uma das causas principais da
ideia, sustentada de longa data, de que o pragmatismo é uma filosofia defeituosa
(Gouinlock, 1978). Apesar do fato de que Dewey (1950, lw.17.480-84), entre
outros (Hook, 1950; Gouinlock, 1978), responderam a esta crítica, White, em
1996, insistiu nisto, provocando uma recente retomada por Robert Sinclair
(2014). Esta última análise ilumina alguns tópicos confusos e avança nesta
controvérsia, mas negligencia a relevância da história e gênese na abordagem de
Dewey das crenças e práticas éticas. Assim, em conclusão a esta comunicação,
a análise de Sinclair é expandida para fornecer ulterior resposta a White.
106 | 18º EIP [18th IMP]

MELO, Caique Marra de
(PUC-SP, Brasil)
GEORGE BERKELEY: TRAÇOS PROTO-PRAGMÁTICOS

Este estudo tem por objetivo investigar traços proto-pragmáticos presentes no
trabalho filosófico de George Berkeley. Charles S. Peirce, ao refletir profundamente
sobre o trabalho do Bispo de Cloyne e expor em múltiplas ocasiões a notável
presença do pensamento de Berkeley ao longo de sua formação filosófica (por
exemplo, cf. CP, 5.470; 6.416; 6.481; 8.7-38; 8.111), acaba por nos legar indicações
de uma primitiva postura pragmática inerente à filosofia do pensador irlandês. Esta
postura está baseada em alguns posicionamentos principais, como sua saudável
preocupação acerca dos enganos da linguagem, seu eminente experimentalismo,
sua obsessão em relação ao esclarecimento – se necessário, até completa exclusão
– de ideias essencialmente obscuras encontradas no vocabulário filosófico, sua
compreensão do pensamento enquanto signo, sua aceitação inferencial das
regularidades etc. Portanto, através de uma breve apresentação do pensamento
de Berkeley, especialmente baseada em partes selecionadas das obras Tratado
sobre os Princípios do Conhecimento Humano, Três Diálogos entre Hylas e
Philonous e Ensaio para um Nova Teoria da Visão, este estudo pretende alcançar
tais características proto-pragmáticas responsáveis por garantir uma defesa
plausível do senso comum, apreciado, de acordo com o empirista platônico,
como o único conhecimento efetivamente capaz de desmobilizar dois problemas
existentes: ceticismo e ateísmo. A fim de lançar mão dos fundamentos de tais
posicionamentos, em paralelo ao método de exposição usado por Peirce em seu
próprio estudo estritamente focado na filosofia de Berkeley (cf. CP, 8.26-37),
esta investigação também apresenta algumas raízes epistemológicas encontradas
no pensamento de John Locke, autor cuja influência sobre a filosofia de George
Berkeley atinge o mais alto nível, ainda que comparado com Thomas Hobbes ou
Nicolas Malebranche. O Bispo acolhe a partir do trabalho de Locke o pressuposto
da limitação de nossos dados acessíveis a reproduções de sensações, interna e
externamente, guiando-o a um sensorialismo capaz de sustentar, ao menos em
nome do que percebemos, a inteireza do ser das coisas enquanto meras qualidades
coexistentes, e nada mais, dado que os sentidos não se encontram aptos a
prover certezas que vão além da experiência imediata ou reflexiva. Por fim, seu
nominalismo apresenta-se como inevitável consequência, uma vez que o Bispo
declara que as sensações poderiam apenas ser reproduzidas em nossas mentes em
correspondência com suas estruturas originais percebidas (baseado no pressuposto
de que não podemos distinguir em pensamento o que não está distinguido em
nossas percepções), em outras palavras, nós poderíamos apenas reproduzir ideias
determinadas permeadas por características particulares, logicamente possíveis
18º EIP [18th IMP] | 107

no mundo. Contudo, este método de pensamento nominalista, como Peirce
garante (cf. CP, 8.206), não interfere na mais evidente atitude proto-pragmática
encontrada nas bases da filosofia de George Berkeley.
GEORGE BERKELEY: PROTO-PRAGMATICS TRACES

This study aims to investigate proto-pragmatics traces present in the philosophical
work of George Berkeley. Charles S. Peirce, by deeply reflecting on Bishop of Cloyne’s
work and exposing on multiple occasions the notable presence of Berkeley’s thought
during his philosophical formation (for example, cf. CP, 5.470; 6.416; 6.481; 8.7-38;
8.111), ends up leaving us indications of a primitive pragmatic posture inherent to the
philosophy of the Irish thinker. This posture is based on some major positions, such
as his healthy concern about the deceits of language, his eminent experimentalism,
his obsession with the clarification – if necessary, even total exclusion – of essentially
shady ideas found in the philosophical vocabulary, his comprehension of thought
as a sign, his inferential acceptance of regularities etc. Therefore, through a brief
presentation of Berkeley’s thinking, specially based on selected parts from A Treatise
Concerning the Principles of Human Knowledge, Three Dialogues Between Hylas and
Philonous and An Essay towards a New Theory of Vision, this study pretends to reach
such proto-pragmatics characteristics responsible to ensure a plausible defense of the
common sense, appreciated, according to the platonic empiricist, as the only knowledge
effectively capable of demobilizing two existing problems: skepticism and atheism. In
order to provide the fundamentals of such positioning, in parallel with the method of
exposing used by Peirce in his own study strictly focused on Berkeley’s philosophy (cf.
CP, 8.26-37), this investigation also presents some epistemological roots found in John
Locke’s thought, an author whose influence on George Berkeley’s philosophy reachs
the highest level, even if compared to Thomas Hobbes or Nicolas Malebranche. The
Bishop accepts from Locke’s work the assumption of human accessible data limited
to reproductions of sensations, internally or externally, guiding him to a sensorialism
capable of sustaining, at least on behalf of what we perceive, the whole being of
things as just coexisting qualities, and nothing more, since our senses are not able to
provide certainty beyond our imediate or reflexive experience. At last, his nominalism
presents itself as an inevitable consequence, once the Bishop declares that sensations
could only be reproduced in our minds in correspondence with their perceived original
structures (based on the assumption that we cannot distinguish in thought what
it is not distinguished in our perceptions), in other words, we could only reproduce
determined ideas fulfilled with particular characteristics, logically possible in the world.
However, this nominalistic method of thinking, as Peirce guarantees (cf. CP, 8.206),
does not interfere in the most evident proto-pragmatic attitude found in the basis of
George Berkeley’s philosophy.
108 | 18º EIP [18th IMP]

MELO, Desirée Paschoal de
(ECA-USP; Universidade Estadual do Centro-oeste do Paraná, Brasil)
ABERTURA DO DESIGN À EXPERIÊNCIA ESTÉTICA E SUAS CONEXÕES COM O

CAMPO DE ARTE
À luz do pensamento de Charles Peirce, este trabalho tem como objetivo averiguar
a hipótese de que algumas propostas do design contemporâneo – ao confrontar
os sistemas pré-estabelecidos de leis e regras de sua dimensão prática, que
prescrevem tradicionalmente um artefato de uso, e ao priorizar a valorização de
irregularidades e assimetrias de sua dimensão estética – revelam uma natureza
aberta, expandida e conectada com o campo de arte, observada no modo como
os artefatos são apreendidos e compreendidos pela experiência. Para analisar o
modo como os artefatos são apreendidos e compreendidos pela experiência,
foi escolhido como corpus de análise os assentos, por se tratar de uma peça
presente em diferentes culturas e que possui uma finalidade elementar e clara
de uso: o descanso do corpo sobre uma superfície. Para a definição do corpus
da pesquisa, não foi delimitado recorte espacial, uma vez que o fenômeno é
observado em diferentes contextos da cultura globalizada, mas foi definido um
recorte temporal que contempla o período abarcado pela cultura contemporânea.
Diante de diferentes assentos presentes em nossas rotinas, familiarizados com sua
aparência e significação, sempre quando estamos diante de um assento, criamos
uma expectativa sobre a possibilidade de descanso do corpo. Tal expectativa é
criada por meio de um processo que se inicia na observação e reconhecimento
das qualidades da aparência dos assentos, seguida de associações e relações com
as experiências passadas, resultando em conjecturas futuras sobre como será a
condição deste descanso. Na concepção tradicional de design, as experiências
passadas, os comportamentos e os hábitos são referências para o ponto de partida
e para o ponto de chegada de todo projeto de design. Neste sentido, quando
os artefatos não evidenciam a adequação entre o comportamento esperado e
o vivido, seus projetos podem ser compreendidos como erro ou fracasso, visto
que, no lugar da revelação de regularidades e ordem, são estabelecidas relações
de descontinuidades, imprevistos e irregularidades, sendo difícil a determinação
de predicados gerais que orientam o entendimento lógico destas propostas. No
entanto, a cultura contemporânea apresenta artefatos comuns que não possuem
interesse em criar mediações lógicas e que buscam intencionalmente a quebra
de expectativas de suas propostas, no propósito de criar novas relações entre
os artefatos, seus usuários e o mundo. No design contemporâneo, há algumas
peças que, embora sejam nomeadas pelos seus idealizadores como “Assentos”,
aparentemente não partilham dos predicados comuns a esta classe. Trata-se
de projetos que – ao invés de investigar os hábitos de conduta como regras
18º EIP [18th IMP] | 109

de ação que possibilitam encontrar regularidades e uniformidades, na busca de
limitar seus propósitos às expectativas de seu público e contexto – os assentos
contemporâneos se propõem a investigar irregularidades e assimetrias, na busca
de ampliar seus propósitos, revelando uma abertura do design à experiência
estética. No reconhecimento do valor do pensamento abdutivo das mediações
estéticas, onde se faz possível introduzir uma novidade no nosso relacionamento
com o mundo, a busca e valorização de irregularidades no design contemporâneo
ampliam as possibilidades de sua função prática, misturando o valor de uso,
tradicionalmente associado ao design, com o valor contemplativo e o participativo,
típicos da arte, na criação de novas formas de significação, novas formas de fruição,
novas formas de comportamento e mediação. Estes artistas-designers, ao criar
situações perceptivas, em menor e maior grau de indeterminação, irregularidade
e assimetrias, diferenciam seus projetos de algo ordinário e os aproximam de um
projeto estético e artístico, rediscutindo os limites entre os campos de arte e de
design, na revelação de uma concepção de design aberto, contínuo e expandido.
DESIGN OPENING TO THE AESTHETIC EXPERIENCE AND YOUR CONNECTIONS WITH

THE ART FIELD
This study is the evaluation of the character of contemporary design - the confrontation
of the evaluation of the rules of the rules of the ordained the design of the date, the
prescribing of traditional art? prioritize the appreciation of irregularities and asymmetries
of their aesthetic nature - the revelation of an open, expanded and connected nature
with the field of art, the observation of a way artifacts are apprehended and understood
by experience. In order to analyze the way in which artifacts are apprehended and
understood by experience, the seat was chosen as corpus of analysis because it is a piece
present in different cultures and has an elementary and clear purpose of use: rest of the
body on a surface. For the definition of the corpus of the research, no spatial clipping
was delimited, since the phenomenon is observed in different contexts of the globalized
culture, but a temporal cut is defined that contemplates the period encompassed by
the contemporary culture. In front of different seats present in our routines, familiar
with their appearance and significance, whenever we are in front of a seat, we create
an expectation about the possibility of rest of the body. This expectation is created
through a process that begins with the observation and recognition of the qualities
of the appearance of the seats, followed by associations and relationships with past
experiences, resulting in future conjectures about how the rest condition will be. In the
traditional design concept, past experiences, behaviors and habits are references to
the starting point and to the point of arrival of any design project. In this sense, when
artifacts do not show the adequacy between expected and lived behavior, their designs
can be understood as error or failure, since, instead of revealing regularities and order,
relations of discontinuities, unforeseen and irregularities are established, being difficult
110 | 18º EIP [18th IMP]

the determination of general predicates that guide the logical understanding of these
proposals. However, contemporary culture presents common artifacts that have no
interest in creating logical mediations and that intentionally seek to break expectations
of their proposals, in order to create new relationships between the artifacts, their
users and the world. In contemporary design, there are some pieces that, although
they are named by their idealizers as “Seats”, apparently do not share the predicates
common to this class. These are projects that - instead of investigating behavioral
habits as rules of action that make it possible to find regularities and uniformities, in
the quest to limit their intentions to the expectations of their audience and context -
contemporary seats propose to investigate irregularities and asymmetries, in the quest
to broaden their purposes, revealing an opening of design to aesthetic experience. In
recognizing the value of abductive thinking in aesthetic mediations, where it is possible
to introduce a novelty in our relationship with the world, the search for and appreciation
of irregularities in contemporary design amplifies the possibilities of its practical
function, mixing the value of use traditionally associated design, contemplative and
participative value, typical of art, the creation of new forms of meaning, new forms of
enjoyment, new forms of behavior and mediation. These artist-designers, by creating
perceptual situations, in lesser and greater degree of indeterminacy, irregularity and
asymmetries, differentiate their projects from something ordinary and approach them
to an aesthetic and artistic project, rediscussing the boundaries between the fields of
art and design, in the revelation of an open, continuous and expanded design concept.
MOREIRA DOS SANTOS, Frederik

(UFRB, Brasil)
OS LIMITES E O PAPEL DA ESPECULAÇÃO CIENTÍFICA NO ESCOPO DO

NATURALISMO PRAGMÁTICO: DEFININDO UMA METAFÍSICA NATURALISTA
Nossa investigação e proposta busca lançar luz para a seguinte questão: Como
diferenciar especulações teóricas, que podem fazer parte de um escopo naturalista
e científico, daquelas especulações que não são úteis para o desenvolvimento
das investigações científicas? Inspirados a partir da leitura de textos deweyanos
iremos propor alguns caminhos. Defendemos que especulações naturalistas
estão a serviço de construir nossa compreensão e o sentido que projetamos
para as nossas experiências. As proposições metafísicas naturalistas devem
estar a serviço de fornecer hipóteses úteis que produzam entendimento, está a
serviço do trabalho de bricolagem teórica instrumental do cientista. Elas podem
servir como guia heurístico. Existe um tipo de subdeterminação heurística
que proposições metafísicas naturalistas tem com a experiência empírica (que
descrevem o estado do mundo). Tal tipo de compromisso heurístico não existe
em relação às hipóteses metafísicas ex nihilo, muito presentes em discursos
18º EIP [18th IMP] | 111

teológicos e espiritualistas. Porém, como se dá esta subdeterminação heurística?
As proposições metafísicas naturalistas (ex.: variáveis escondidas na mecânica
quântica, modelos mentais emergentes não-reducionistas, formas imaginárias de
vida extraterrestre, teoria de supercordas e suas 11 dimensões espaço-temporais,
etc) se referem a estados de mundos possíveis isonômicos em relação ao mundo
descrito pelas teorias científicas vigentes e contínuo a este em substância (tese
monista). As possibilidades de correlação entre os objetos empíricos nos fornecem
possíveis configurações. Os limites destas possíveis configurações são dados pela
pluralidade dos espaços lógicos, portanto, as propriedades e funções descritas por
uma imagem metafísica de um estado de mundo imaginário operariam de forma
isonômica à nossa descrição do mundo observável (que chamamos de hipótese por
isonomia naturalista). Este espaço lógico é composto pelas estruturas fornecidas
pelas linguagens lógicas vigentes. Tais estruturas só nos serão relevantes enquanto
forem encontradas nas linguagens teórico-científicas que dão significado à nossa
experiência no mundo e, sempre que possível, a prever novos fenômenos. Assim,
determinadas proposições e crenças metafísicas se mostram bem mais úteis
para a investigação científica contínua do que outras. A partir desta perspectiva,
os termos metafísicos ganham significação dentro do discurso científico e são
úteis para criar domínios e diferenciações que impactam nossa ação no mundo.
O sucesso destas ações na solução de problemas investigativos nos forneceria
maior segurança quanto as nossas asserções teóricas. A própria experiência (com
nossas reações sensitivas), com o movimento de trocas e fluxos de mão dupla
de construções/reconstruções e readaptações da linguagem e em nossas ações
interventivas, nos serve como referencial para tratar do conhecimento em suas
diversas formas. O agenciamento das crenças metafísicas entra como uma das
peças do instrumental linguístico para se construir um discurso ou uma imagem
integrada sobre a Natureza. Assim, o fato das posturas metafísicas não possuírem
uma fundamentação empírica não nos levaria a um jogo de vale tudo neste campo.
THE LIMITS AND ROLE OF SCIENTIFIC SPECULATION IN THE SCOPE OF PRAGMATIC

NATURALISM: DEFINING A NATURALISTIC METAPHYSICS
Our research and proposal seeks to shed light on the following question: how to
differentiate theoretical speculations, which may be part of a naturalistic and scientific
scope, of those speculations that are not useful for the development of scientific
investigations? Inspired on Deweyan writings we will propose some possible reflections
to deal with this question. We argue that naturalistic speculations are at the service
to building our understanding and the sense we have given to our experiences. The
naturalistic metaphysical propositions must provide us useful hypotheses. They are at
the service of theoretical and instrumental bricolage for scientific work. They can serve
as a heuristic guide. There is a kind of heuristic underdetermination that naturalistic
112 | 18º EIP [18th IMP]

metaphysical propositions have with empirical experience (which describe the state of
the world). Such a heuristic commitment does not exist in relation to the metaphysical
hypotheses ex nihilo, very present in theological and spiritual discourses. But how does this
heuristic underdetermination occur? Naturalistic metaphysical propositions (eg, hidden
variables in quantum mechanics, non-reductionist emergent mental models, imaginary
forms of extraterrestrial life, superstring theory and its 11 spatio-temporal dimensions,
etc.) refer to states of possible isomonic worlds in relation to the world described by
the current scientific theories and continuous to this in substance (monist thesis). The
possibilities of correlation between empirical objects provide us with possible structural
configurations. The limits of these possible configurations are given by the plurality of
logical spaces, so the properties and functions described by a metaphysical image of an
imaginary world state would operate in an isonomic manner to our description of the
observable world (which we name it as hypothesis by “naturalistic isonomy”). This logical
space is composed by the current logical languages and describes the syntactic struture
of methaphysical models. Such structures will only be relevant to us as long as they are
found in the theoretical-scientific languages that give meaning to our experience in the
world and, whenever possible, to predict new phenomena. Thus, certain metaphysical
propositions and beliefs are much more useful for continuous scientific investigation
than others. From this perspective, metaphysical terms gain meaning within scientific
discourse and are useful in creating domains and differentiations that impact our action
in the world. The success of these actions in solving investigative problems would afford
us with safer feelings about our evaluation of theoretical assertions. Experience itself
(with our sensory reactions), with the movement of exchanges and double-handed flows
of constructions / reconstructions and readaptations of language and in our intervention
actions, serves as a reference for dealing with knowledge in its various forms. The agency
of metaphysical beliefs enters like one of the pieces of the linguistic instrumental to
construct a discourse or an integrated image on our environment. Thus, the fact that
metaphysical postures do not have an empirical foundation would not lead us to a game
that anything goes in this field.
MURARO, Darcísio Natal

(UEL-PR, Brasil)
A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO DE COMUNIDADE NA VISÃO DE DEMOCRACIA

DE JOHN DEWEY
O objetivo deste trabalho é compreender o conceito de comunidade como base
para o desenvolvimento da concepção de democracia na filosofia de John Dewey.
A abordagem desta questão consiste de uma análise filosófica do conceito de
comunidade e de democracia, fazendo decorrer implicações para a educação.
Como o próprio autor assinalou num texto autobiográfico, foram as pessoas que
18º EIP [18th IMP] | 113

participaram de suas experiências de vida que ofereceram elementos para decidir
e aprimorar sua trajetória na filosofia. Neste sentido, a experiência do movimento
religioso congregacionalista norte-americano, prática comum entre as pessoas
do círculo de convivência do autor, deixou a marca de uma comunidade sem
hierarquia no relacionamento entre seus membros, total autonomia destes na
escolha de seus dirigentes rejeitando qualquer autoridade externa, e liberdade para
formular a fé evitando qualquer caráter constrangedor da doutrina, respeitando
a solidariedade de seus membros. A experiência neste movimento despertou
no autor a necessidade de aprofundar sua intuição de uma fé na democracia
caracterizada como comunidade em que a associação humana tem caráter
moral e espiritual. Para Dewey, a comunidade se constitui em virtude do que os
membros têm em comum: objetivos, interesses, crenças, aspirações, um modo
comum de compreender, Por sua vez, o meio para chegar a ter coisas em comum
é a comunicação. Para que a comunicação se efetive é necessário assegurar
mutuamente disposições emotivas e intelectuais, permitindo a coparticipação
na atividade conjunta. Nesta perspectiva, o autor define a democracia como um
modo de vida em que a experiência é compartilha, comunicada e acumulada pela
comunidade constituindo sua cultura. A comunidade se constitui como fonte de
oportunidades e recursos disponíveis para cada pessoa realizar integralmente suas
capacidades e poderes na participação social, política e cultural. Cabe destacar
que a perspectiva antropológica do autor que tem como pressuposto a ideia de
que o ser humano, embora nascendo como ser orgânico associado com os outros,
não nasce como membro de uma comunidade. Para o autor, a natureza humana
se desenvolve somente quando seus elementos interagem com as coisas que são
comuns, sociais. Cabe à educação o papel de levar a criança a participar ativamente
do fenômeno da associação humana tornando-se capaz de entender e apreciar
suas crenças, desejos e métodos. Neste sentido, o modo de vida democrático
deve ser a prática referencial para a educação. Desta forma, a prática educativa
deve ser uma atividade em comunidade de investigação compartilhada em que a
experiência é problematizada, refletida, transformada e comunicada, portanto,
prática epistêmica, ética e política.
THE IMPORTANCE OF THE CONCEPT OF COMMUNITY IN JOHN DEWEY’S VISION OF

DEMOCRACY
The purpose of this paper is to understand the concept of community as the basis for
the development of the concept of democracy in John Dewey’s philosophy. The approach
to this question consists of a philosophical analysis of the concept of community and of
democracy, implying implications for education. As the author himself pointed out in
an autobiographical text, it was the people who participated in their life experiences
who offered elements to decide and improve their path in philosophy. In this sense, the
114 | 18º EIP [18th IMP]

experience of the American Congregationalist religious movement, a common practice
among the people in the circle of coexistence of the author, left the mark of a community
without hierarchy in the relationship between its members, their total autonomy in
the choice of their leaders, rejecting any authority external, and freedom to formulate
faith avoiding any embarrassing character of doctrine, respecting the solidarity of its
members. The experience in this movement aroused in the author philosophical search,
the need to deepen his intuition of a faith in democracy characterized as a community
in which human association has a moral and spiritual character. For Dewey, community
is constituted by virtue of what members have in common: goals, interests, beliefs,
aspirations, a common way of understanding. In turn, the means to get things in common
is communication. In order for communication to take place, it is necessary to mutually
secure emotional and intellectual dispositions, allowing co-participation in joint activity.
In this perspective, the author defines democracy as a way of life in which experience
is shared, communicated and accumulated by the community constituting its culture.
The community is a source of opportunities and resources available to each person
to fully realize their abilities and powers in social, political and cultural participation.
It should be noted that the author’s anthropological perspective is based on the idea
that the human being, although born as an organic being associated with others, is not
born as a member of a community. For the author, human nature develops only when
its elements interact with things that are common, social. It is the role of education
to lead children to participate actively in the phenomenon of human association by
being able to understand and appreciate their beliefs, desires and methods. In this
sense, the democratic way of life should be the referential practice for education. In
this way, the educational practice must be an activity in shared research community
in which the experience is problematized, reflected, transformed and communicated,
therefore, epistemic practice, ethics and politics.
MUSSOI, Aniely C.
(IA, UNESP-SP, Brasil)
SOBRE UM PROBLEMA DE MATERIALIDADE NA ARTE: UMA ANÁLISE A PARTIR DOS

NÚCLEOS ESTÉTICOS DE HAUSMAN
Uma das aplicações profícuas da semiótica Peirciana se dá nas questões relativas
à natureza das interpretações artísticas e de como situá-las frente à diversidade
de seus objetos: são todas igualmente válidas? Existem interpretações definitivas?
Perguntas como essas conduzem às disputas entre realismo e relativismo: existem
condições de objetividade que fundamentam as diferentes interpretações sobre um
objeto artístico? Carl R. Hausman desenvolveu uma análise para o funcionamento
das interpretações artísticas que visa responder a tais disputas. Situando o mundo
da arte e seu funcionamento em uma via intermediária, através do que chamou de
18º EIP [18th IMP] | 115

Núcleos Estéticos, Hausman defende a existência de certas restrições na produção
e interpretação artísticas que lhe garantem certa objetividade, ao mesmo tempo
em que não restringem por completo seu horizonte criativo. Sustentado sobre
o conceito de Objeto Dinâmico, um núcleo estético define-se por um centro
de restrições que incide sobre a criação e interpretação artísticas, de modo que
artistas e intérpretes não apenas sofrem a influência do objeto quanto influenciam
no desenvolvimento e evolução do núcleo. O núcleo, enquanto expressão do
objeto dinâmico, resume as interações entre intérpretes, artistas e membros
da comunidade artística, bem como das forças exercidas pelo objeto dinâmico
sobre estes. Em outras palavras, podemos dizer que um núcleo é um conjunto de
pré-interpretações do objeto, isto é, ele determina, de certo modo, um conjunto
possível de objetos imediatos possíveis (ou, as possíveis percepções de um objeto
dinâmico). Assim, núcleos permitem a evolução da obra e suas interpretações
sem, no entanto, desconsiderar as restrições e limitações exercidas pelo próprio
objeto artístico. Da reflexão inicialmente aplicada à música, Hausman supôs
ser possível expandi-la para as artes visuais. Tendo em vista a ampla variedade
expressa nas artes contemporâneas, busco neste trabalho pensar a hipótese dos
Núcleos Estéticos não só nas artes visuais, mas em outras formas artísticas, como
as artes ditas conceituais, especificamente em uma subparte destas que identifico
como Artes do Vazio. Artes do Vazio são propostas artísticas feitas de nenhuma
materialidade física. Podemos reconhecê-las nas várias classes das artes, sendo
estas visuais, sonoras e cênicas, por meio da eliminação deliberada, na obra, do
aspecto fundamental para a fruição nas respectivas classes. Isto é, da presença de
objetos visíveis, sonoros ou de corpos em movimento. Tanto a semiótica peirciana
como os núcleos estéticos de Hausman respondem positivamente sobre duas
indagações a respeito das artes do vazio: (1) A primeira incide nas possibilidades
de significação das obras mesmo sem sua fisicalidade. A resposta deve incluir o
contexto de produção e interpretação de cada obra como significativo, segundo
o qual somos conduzidos a interpretá-la dentro de um horizonte possível de
versões pré-interpretadas. (2) A segunda indagação implica no problema de
como agrupar obras como essas quando elas pertencem a mídias diferentes.
Aqui, os núcleos estéticos permitem que possamos identificar nelas as funções
de signo e de interpretante (quando postas em relação umas às outras), sendo as
duas funções sujeitas a restrições objetivas, ainda que mantenham o propósito
de alcançar alguma originalidade. Embora cada tipo artístico pareça associar-se
com tipos específicos de interpretações, argumento que estas podem ser bem
fundamentadas nas considerações de Hausman sobre traduções entre mídias
diferentes, isto é, possibilitando o diálogo entre elas e o agrupamento de diferentes
obras sob um núcleo comum.
116 | 18º EIP [18th IMP]

ON A PROBLEM OF MATERIALITY IN ART: AN ANALYSIS FROM HAUSMAN’S AESTHETIC
CORES
One of the most useful applications of Peircian semiotics can be found on the dilemmas
about the nature of artistic intepretations, and how to situate them in the rich diversity
of artworks: are all interpretations valid? Are there definite interpretations? These
questions also lead to disputes between realism and relativism: are there objective
conditions that ground different interpretations of an artwork? In order to solve such
disputes, Carl R. Hausman had developed an analysis on how artistic interpretations
function. Placing the artworld and its activities in a middle ground, through the
concept of Aesthetic Cores, Hausman postulate the existence of constraints in artistic
production and interpretation that ensure its objectivity, while not restricting the
full possibilities of the creative process. Based in the concept of Dynamic Object, an
Aesthetic Core is defined by a set of constraints that influence artistic creation and
interpretation in such way that artists and interpreters are not just influenced by it, but
are able to develop and help in the Core’s evolution. The core, being the expression of a
dynamic object, includes all interactions between artists, interpreters and members of
the artistic community, and the force put forward by the dynamic object on them. We
can say that a core is a set of pre-interpretations of the object, that is, it determines,
in a way, a set of possible immediate objects (the possible perceptions of a dynamic
object). Thus, cores allow to the artwork and its interpretation to evolve, if bounded
by the restrictions and limitations suggested by the artwork. Starting initially in music,
Hausman assumed to be possible to expand his hypothesis to visual arts. Keeping
in mind the wide variety of the contemporary art, in this talk, I intend to apply the
Aesthetic Cores hypothesis not only to visual arts, but other artistic forms, such as
the so-called conceptual arts, specifically a subclass of these that here I identify as
Emptiness Arts. Emptiness Arts are artistic proposals made of no physical materiality.
We can recognize them in the various artistic classes, i.e., visual, sound and scenic
arts, through the deliberate exclusion, in the work, of the fundamental aspect that
grounds the enjoyment in each class. That is, the presence of visible objects, sound
patterns or moving bodies. Both Peircian semiotics and Hausman’s aesthetic cores
answer positively to two questions about the emptiness arts: (1) The first one focuses
on the possibilities of meaning in artworks even without their physicality. The answer
must include the context of production and interpretation of each work as significant,
leading our interpretation whithin a set of possible pre-interpreted versions. (2) The
second deals with the problem on how to group artworks like these, since each one
tends to belong to different medias. Here, the aesthetic cores allow us to identify
the sign and interpretant functions (as they relate to each other), such that both are
subject to objective restrictions, even if they have some originality as purpose. Although
each artistic type seems to be associated with specific types of interpretations, I argue
that these can be well grounded in Hausman’s considerations on translations between
18º EIP [18th IMP] | 117

different media, that is, enabling the dialogue between them and the grouping of
different works under a common core.
NUNES, Antonio S. da C.
(UFPA, Brasil)
O SER HUMANO E O ORGANISMO VEGETAL: UMA ABORDAGEM SEMIÓTICA

Relativamente ao que se refere a relação homem-ambiente, mais especificamente
ao comportamento do ser humano com a população vegetal, Trewavas,
Stefano Mancuso, František Baluška (MANCUSO, Stefano. La sorprendente
vita delle piante. KOS, vol. 249, p. 20-25, 2006; TREWAVAS, A. et al. Aspects
of Plant Intelligence. Annals of Botany Online, v. 92, p. 1-20, Oxford, May.
2003), procuraram demonstrar como as plantas possuem comportamentos
inteligentes. Em contraposição à noção de que vegetais agem de forma pré-
programada geneticamente, estes neurobiólogos defendem que os vegetais
possuem comportamentos adaptativamente variados. Para eles, a inteligência
pode ser entendida sem um centro de processamento de informação, não há
uma parte responsável pela cognição nas plantas, ou seja, um cérebro, mas sim
um fluxo de informações, numa contínua interação com o ambiente. Com este
recorte reflexivo, pretendemos apontar para uma nova perspectiva ou um novo
paradigma acerca do ser humano. Poderemos refletir, a partir disto, sobre a
possibilidade de que, nos seres humanos, a função propriamente dita da cognição,
da memória e da sensibilidade não estaria centralizada no cérebro, mas difusa em
todo o corpo, embora seja aquele, a caixa de ressonância dos impulsos neurais.
A partir daqui, estabelecendo um paralelo com a condição neurofisiológica das
plantas, consideramos que a identidade, a subjetividade e a consciência seriam
epifenômenos metafísicos, especulações racionalistas para situar o ser humano.
Em síntese, pretendemos apontar que a comunicação, a memória e a sensibilidade
são oriundas de uma rede informacional, cuja semiose sensível e simbólica emerge
da inter-relação entre os indivíduos e o ambiente. A semiótica peirceana será de
grande valia para essa tentativa de transição paradigmática a partir da reflexão
sobre a inteligência vegetal, ou mais especificamente, o que podemos chamar de
Rede Informacional entre as plantas e o meio ambiente, como elemento que pode
alterar a visão acerca do ser humano no que diz respeito à identidade, subjetividade
e consciência, na formação de um novo Paradigma a partir do conhecimento
ecossistêmico. Nesse momento, pretendemos traçar algumas hipóteses que
nos permite apreender semioticamente, os elementos que estariam envolvidos
nessa Rede. Os Qualissignos e os Sinssignos seriam Representamens e seus
Objetos que integram essa relação de comunicação que as plantas estabelecem
118 | 18º EIP [18th IMP]

entre si e o meio ambiente, propiciando aquilo que os neurobiólogos chamam de
“inteligência comportamental”. Nossa proposta é demonstrar como é possível
a aplicabilidade desses conceitos nessa interação informacional, estabelecendo a
conexão entre o teórico e o prático. Vejamos, as plantas necessitam do calor, da
umidade, da terrosidade, da ventilação, da semeadura, da alimentação, que são
qualidades imprescindíveis a sua sobrevivência; a estas chamamos de qualissignos,
dada a sua potencialidade de significar sensivelmente ou ainda naturalmente e, o
sinssigno (DA SILVEIRA, L. B., Curso de Semiótica Geral, Quartier Latin, 2007, SP)
significará enquanto existente, isto é, o sol, a chuva, o sereno, o solo, o vento, os
insetos e animais, os nutrientes etc; a qualidade e o existente, o representamen e
o objeto, corporificam-se numa só unidade constituindo o meio ambiente. Esses
elementos existentes são os elementos articulados naturalmente que propiciam
a comunicação ou a rede informacional que integra a natureza, permitindo uma
cadeia informacional pensante, digamos assim, mediante cognições macros como
existentes e micros como partículas de sais minerais, metais e vitaminas que são
absorvidas e expelidas enquanto ocorrências naturais. Aqui se constitui a rede
informacional que permite às plantas estabelecerem comunicação entre si e com
a natureza, numa complexidade sistêmica que converge e diverge, atrai e repele,
tecendo essa rede numa cadeia contínua que agrega e se divide.
THE HUMAN BEING AND THE VEGETABLE ORGANISM: A SEMIOTIC APPROACH

Regarding the relationship between the human being and environment, more specifically
the behavior of humans with the plant population, Trewavas, Stefano Mancuso and
František Baluška (MANCUSO, Stefano. La sorprendente vita delle piante. KOS,
vol. 249, p. 20-25, 2006; TREWAVAS, A. et al. Aspects of Plant Intelligence. Annals
of Botany Online, v. 92, p. 1-20, Oxford, May. 2003), sought to demonstrate how
plants have intelligent behaviors. In contrast to the notion that plants act genetically
preprogrammed, these neurobiologists argue that vegetables have adaptively varied
behaviors. For them, intelligence can be understood without an information processing
center, there is not a part responsible for the cognition in the plants, that is, a brain,
but a flow of information, in a continuous interaction with the environment. With
this reflexive cut, we intend to point to a new perspective or a new paradigm about
the human being. From this we may reflect on the possibility that in human beings
the proper function of cognition, memory, and sensibility would not be centered
in the brain, but diffuse throughout the body, although that is the resonance box
of neural impulses. From here, establishing a parallel with the neurophysiological
condition of plants, we consider that identity, subjectivity and consciousness would be
metaphysical epiphenomena, rationalistic speculations to situate the human being. In
summary, we intend to point out that communication, memory and sensitivity come
from an information network whose sensitive and symbolic semiosis emerges from
18º EIP [18th IMP] | 119

the interrelationship between individuals and the environment. Peircean semiotics
will be of great value for this attempt of paradigmatic transition from the reflection
on the vegetable intelligence, or more specifically, what we can call the Information
Network between plants and the environment, as an element that can change the
vision about the human being with respect to identity, subjectivity and consciousness,
in the formation of a new Paradigm from the ecosystemic knowledge. At that moment,
we intend to outline some hypotheses that allow us to apprehend semiotically the
elements that would be involved in this Network. The Qualisigns and the Sinsigns would
be Represents and their Objects that integrate this relationship of communication that
the plants establish between themselves and the environment, propitiating what the
neurobiologists call “behavioral intelligence”. Our proposal is to demonstrate how it is
possible the applicability of these concepts in this informational interaction, establishing
the connection between the theoretical and the practical. As we know, plants need
heat, humidity, earthiness, ventilation, sowing, feeding, which are qualities essential
to their survival; (Da Silva, LB, Course of General Semiotics, Quartier Latin, 2007, SP)
will mean as long as it exists, that is, the sun, the rain , the serene, the soil, the wind,
insects and animals, nutrients etc; the quality and the existing, the represent and the
object, are embodied in a single unit constituting the environment. These existent
elements are the naturally articulated elements that provide communication or the
informational network that integrates nature, allowing a thinking information chain,
so to speak, through macro cognitions as existent and micros as particles of minerals,
metals and vitamins that are absorbed and expelled as natural occurrences. Here is
an information network that allows plants to communicate with each other and with
nature, in a systemic complexity that converges and diverges, attracts and repels itself
by weaving this network into a continuous chain that aggregates and divides.
PACE, Mauricy; BORTOLETO, Edivaldo J.

(Unochapecó – SC, Brasil)
A RELAÇÃO ENTRE SEMIÓTICA E COMUNICAÇÃO NOS CURSOS DE JORNALISMO

E PUBLICIDADE
Esta pesquisa se dá com base em problemas sentidos nas minhas experiências
pessoais vividas e em conversas com estudantes e professores dos cursos de
jornalismo e publicidade e propaganda da Unochapecó, onde para mim ficava
claro que a Semiótica sempre é tida como uma das matérias mais difíceis de se
estudar, inclusive quando a mesma está inclusa dentro da disciplina de teorias da
comunicação. Por isso, surgiu o principal problema de questão desta pesquisa:
a educação pode potencializar ou diminuir o mal-estar Semiótico no campo da
comunicação? Para se conseguir responder essa questão o principal objetivo da
pesquisa será analisar como o mal-estar Semiótico se desenvolve nos cursos da
120 | 18º EIP [18th IMP]

área da comunicação da Unochapecó. Junto com isso, outros objetivos podem
ser traçados, como, analisar como a Semiótica é tratada nos cursos da área
de comunicação, compreender como os acadêmicos entendem a importância
da Semiótica no campo da comunicação e entender como a educação e as
práticas educativas influenciam na aprendizagem da Semiótica nos cursos de
comunicação. Essa pesquisa é bem vinda ao ambiente acadêmico quando levamos
em consideração o atual papel da comunicação na sociedade e o frescor da
discussão entre comunicólogos e semiologistas, apoiado na discussão entre Ciro
Marcondes e seu artigo de 2012 com o nome, esquecer Peirce? Dificuldades de
uma teoria da comunicação que se apoia no modelo lógico e na religião e Winfried
Noth, com o artigo de 2013 escrito em resposta ao artigo anterior e nomeado,
a teoria da comunicação de Charles S. Peirce e os equívocos de Ciro Marcondes
Filho. Para que essa pesquisa se torne aplicável e para que eu consiga atingir
algumas respostas que comprovem ou rejeitem a hipótese por mim levantada
e já explicitada ao início deste texto, de que existe um problema no ensino da
Semiótica nos cursos de jornalismo e publicidade e propaganda, se fará necessário
que seja adotada a ferramenta de levantamento de dados conhecida como grupos
focais, onde irei conversar com vinte estudantes graduados em jornalismo e outros
vinte estudantes graduados em publicidade e propaganda, necessariamente nos
cursos ofertados pela Unochapecó, serão realizados quatro focais, cada um com
dez participantes, dividindo os grupos pelas graduações cursadas, além de que
esses estudantes precisam ter cursado a disciplina de Semiótica de maneira regular
durante a devida graduação. Pretendo por último, fazer uma entrevista individual
semi-estruturada com os professores que ministraram a disciplina de Semiótica
para as referidas turmas dos participantes dos grupos focais, para ouvir e dialogar
com os dados apresentados pelos estudantes e professores para tentar entender
como é o processo de ensino-aprendizagem da Semiótica nos cursos escolhidos,
se os problemas de aprendizagem da Semiótica se dão na própria teoria, se ocorre
na construção da aula e prática educativa ou ainda, se acontece na formação
e interesse dos acadêmicos. Os principais referenciais teóricos abordados na
pesquisa são as obras de Charles Sanders Peirce, Lucia Santaella e Winfried Noth
para falar sobre a Semiótica, além da utilização dos dois artigos acima citados e
escritos por Ciro Marcondes e Winfried Noth, onde os dois discutem sobre as
diferenças e possíveis problemas da utilização ou não da Semiótica como uma
das teorias da comunicação, dando base teórica para a questão problema desta
pesquisa. Por se tratar de uma pesquisa que está apenas no início e ainda estar
apenas na parte de levantamento bibliográfico, sem ter começado a parte de
pesquisa em campo e processos de utilização de ferramentas metodológicas,
não existem dados a serem apresentados como resultados ou conclusões para
discorrer neste resumo.
18º EIP [18th IMP] | 121

THE RELATIONSHIP BETWEEN SEMIOTICS AND COMMUNICATION IN THE COURSES OF
JOURNALISM AND ADVERTISING
This research is based on a sense of my personal experiences and conversations
with students and professors of the courses of journalism and advertising of the
Unochapecó, where it became clear to me that Semiotics is always considered as one
of the most difficult subjects of to be studied, even when Semiotics is included within
the subject of communication theories. Therefore, the main problem of this research
question has arisen: can education boost or decrease Semiotic malaise in the field of
communication? In order to be able to answer this question the main objective of the
research will be to analyze how the Semiotic malaise is developed in the courses of the
communication area of the Unochapecó. Along with this, other objectives can be traced,
such as, analyze how Semiotics is handled in communication courses, understand how
academics understand the importance of Semiotics in the field of communication and
understand how education and educational practices influence learning semiotics in
communication courses. This research is welcome to the academic environment when
we take into account the current role of communication in society and the freshness of
the discussion between communicologists and semiologists, supported in the discussion
between Ciro Marcondes and his 2012 article with the name, forget Peirce? Difficulties
of a communication theory that relies on the logical model and religion and Winfried
Noth, with the 2013 article written in response to the previous article and named,
the theory of communication by Charles S. Peirce and the misconceptions of Ciro
Marcondes Filho. So that this research becomes applicable and so that i can achieve
some answers that prove or reject the hypothesis that i raised and already explained
to the beginning of this text, that there is a problem in the teaching of Semiotics in
the courses of journalism and advertising and propaganda, it will be necessary to adopt
the data collection tool known as focus groups, where i will talk to twenty students
graduated in journalism and twenty other students graduated in advertising, necessarily
in the courses offered by Unochapecó, will be realized four focal points, each with ten
participants, dividing the groups by the graduations, besides that these students need
to have completed the semiotics discipline on a regular basis during the appropriate
graduation. Finally, i intend to make a semi-structured individual interview with the
teachers who taught the semiotics discipline to the groups of participants of the focus
groups, to listen and dialogue with the data presented by students and teachers to try
to understand how the process of teaching-learning of Semiotics in the chosen courses,
if the problems of learning of Semiotics are given in the theory itself, if it occurs in the
construction of the class and educational practice or if it happens in the training and
interest of academics. The main theoretical references addressed in the research are
the works of Charles Sanders Peirce, Lucia Santaella and Winfried Noth to talk about
semiotics, in addition to the use of the two articles cited above and written by Ciro
Marcondes and Winfried Noth, where the two discuss the differences and possible
122 | 18º EIP [18th IMP]

problems of the use or not of Semiotics as one of the theories of communication, giving
theoretical basis to the problem question of this research. Because it is a research
that is only at the beginning and still only in the bibliographical survey part, without
having started the part of field research and processes of using methodological tools,
there are no data to be presented as results or conclusions to discuss in this summary.
PARRAVICINI, Andrea
(UNIMI, Itália)
RETHINKING HUMAN COGNITION: A PRAGMATIST VIEW IN A EXTENDED EVOLUTIONARY

SCENARIO
The paper aims at showing the fruitful potentialities and theoretical richness of the so-
called classical pragmatist perspective on the evolutionary process and the emergence
of the human mind and cultural behavior. I will focus, in particular, on some aspects
of Dewey’s and Mead’s philosophies, and on their connection to some of the current
debates in the evolutionary field. The final purpose of the paper is to suggest a possible
theoretical integration between a pragmatist evolutionary view of the human mind and
the novel “action-oriented” perspective on human cognition which is emerging from
today’s research related to the so-called “pragmatist turn in cognitive science” (see,
e.g., Engel et al. 2016; Madzia & Jung, 2016). In fact, during the latest years, the
cognitive sciences are experiencing a sort of theoretical revolution, turning away from
the “representational” and “computational” theory of mind toward a view that focuses
on understanding cognition as enactive, embodied, extended, embedded (e.g., Clark
2008; Gallagher 2017; Lakoff & Johnson 1999). Nonetheless, the cognitive scientists
that support such a “pragmatist turn” almost completely ignore the crucial move,
from a pragmatist perspective, which consists of studying the human mind through
an evolutionary point of view. For this reason, I will show the crucial importance and
originality of a pragmatist evolutionary approach to the human mind. Such an approach
aligns very well with the modern proposal of an extension of the evolutionary research
programme towards a plurality of new processes and levels of evolution (see Calcott &
Sterelny 2011; Eldredge et al. 2016; Laland et al. 2014; Maynard Smith & Szathmáry
1995; Noble et al. 2017; Pigliucci and Müller 2010). In fact, from a pragmatist point
of view, the human mind is the outcome of a plurality of evolutionary processes and
the product of a multi-level interplay of factors - such as biological, environmental,
behavioral, social, individual, cultural and semiotic (e.g., Dewey 1917, 1922; Dewey
and Bentley 1949; James 1890, 1907; Mead 1932, 1934; Peirce 1931-1958; Wright
1877). Such a pluralist and extended evolutionary perspective focuses pragmatically
on the key notions of “habit”, “gesture”, “sociality”, and “emergence”, and shares
more than one theoretical knot with the current epistemological proposals in biological
and evolutionary field. During the presentation, in particular, I will take into exam,
18º EIP [18th IMP] | 123

firstly, some theoretical connections between Dewey’s and Mead’s evolutionary
perspective on the emergence of the human mind and some aspects related to the
current proposals of the so-called Extended Evolutionary Theory (Laland et al. 2014;
Pigliucci and Müller 2010) – i.e., niche construction process, behavioral plasticity, and
inclusive inheritance. Secondly, I will draw some linking lines between Dewey’s and
Mead’s evolutionary perspective on human mind and sociality and today’s debates
on a multilevel evolutionary view (Calcott & Sterelny 2011; Eldredge et al. 2016;
Maynard Smith & Szathmáry 1995; Pigliucci and Müller 2010). Concrete examples
coming from the latest discoveries in human evolution field will help to clarify the
theoretical analyses developed during the presentation. Some brief concluding remarks
will highlight the fruitful role that an evolutionary pragmatist view could play for the
future research connected with the current pragmatist turn in cognitive sciences. The
paper aims at showing the fruitful potentialities and theoretical richness of the so-
called classical pragmatist perspective on the evolutionary process and the emergence
of the human mind and cultural behavior. I will focus, in particular, on some aspects
of Dewey’s and Mead’s philosophies, and on their connection to some of the current
debates in the evolutionary field. The final purpose of the paper is to suggest a possible
theoretical integration between a pragmatist evolutionary view of the human mind and
the novel “action-oriented” perspective on human cognition which is emerging from
today’s research related to the so-called “pragmatist turn in cognitive science” (see,
e.g., Engel et al. 2016; Madzia & Jung, 2016). In fact, during the latest years, the
cognitive sciences are experiencing a sort of theoretical revolution, turning away from
the “representational” and “computational” theory of mind toward a view that focuses
on understanding cognition as enactive, embodied, extended, embedded (e.g., Clark
2008; Gallagher 2017; Lakoff & Johnson 1999). Nonetheless, the cognitive scientists
that support such a “pragmatist turn” almost completely ignore the crucial move,
from a pragmatist perspective, which consists of studying the human mind through
an evolutionary point of view. For this reason, I will show the crucial importance and
originality of a pragmatist evolutionary approach to the human mind. Such an approach
aligns very well with the modern proposal of an extension of the evolutionary research
programme towards a plurality of new processes and levels of evolution (see Calcott &
Sterelny 2011; Eldredge et al. 2016; Laland et al. 2014; Maynard Smith & Szathmáry
1995; Noble et al. 2017; Pigliucci and Müller 2010). In fact, from a pragmatist point
of view, the human mind is the outcome of a plurality of evolutionary processes and
the product of a multi-level interplay of factors - such as biological, environmental,
behavioral, social, individual, cultural and semiotic (e.g., Dewey 1917, 1922; Dewey
and Bentley 1949; James 1890, 1907; Mead 1932, 1934; Peirce 1931-1958; Wright
1877). Such a pluralist and extended evolutionary perspective focuses pragmatically
on the key notions of “habit”, “gesture”, “sociality”, and “emergence”, and shares
more than one theoretical knot with the current epistemological proposals in biological
124 | 18º EIP [18th IMP]

and evolutionary field. During the presentation, in particular, I will take into exam,
firstly, some theoretical connections between Dewey’s and Mead’s evolutionary
perspective on the emergence of the human mind and some aspects related to the
current proposals of the so-called Extended Evolutionary Theory (Laland et al. 2014;
Pigliucci and Müller 2010) – i.e., niche construction process, behavioral plasticity, and
inclusive inheritance. Secondly, I will draw some linking lines between Dewey’s and
Mead’s evolutionary perspective on human mind and sociality and today’s debates on a
multilevel evolutionary view (Calcott & Sterelny 2011; Eldredge et al. 2016; Maynard
Smith & Szathmáry 1995; Pigliucci and Müller 2010). Concrete examples coming from
the latest discoveries in human evolution field will help to clarify the theoretical analyses
developed during the presentation. Some brief concluding remarks will highlight the
fruitful role that an evolutionary pragmatist view could play for the future research
connected with the current pragmatist turn in cognitive sciences.
REPENSANDO A COGNIÇÃO HUMANA: UMA PERSPECTIVA PRAGMATISTA NUM

CENÁRIO EVOLUTIVO ESTENDIDO
Esta comunicação visa mostrar as potencialidades férteis e a riqueza teorética da
perspectiva do dito pragmatismo clássico do processo evolutivo e a emergência
da mente e comportamento cultural humanos. Irei focar, em particular, em alguns
aspectos das filosofias de Dewey e Mead, e sua conexão com alguns debates
contemporâneos no campo da evolução. O propósito final desta comunicação
é sugerir uma possível integração teorética entre a visão evolutiva pragmatista
da mente humana e a nova perspectiva “orientada à ação” da cognição humana
que surge da pesquisa hodierna relacionada à chamada “virada pragmatista na
ciência cognitiva” (veja, e.g., Engel et al. 2016; Madzia & Jung, 2016). De fato,
nos últimos anos, as ciências cognitivas experimentam uma espécie de revolução
teorética, afastando-se de uma teoria “representacional” e “computacional”
da mente para uma visão que se concentra em compreender a cognição como
enactivo, incarnado, estendido, embutido (e.g., Clark 2008; Gallagher 2017;
Lakoff & Johnson 1999). No entanto, os cientistas cognitivos que apoiam uma tal
“virada pragmatista” ignoram quase que completamente a jogada principal, de uma
perspectiva pragmatista, que consiste em estudar a mente humana de um ponto de
vista evolutivo. Por este motivo, mostrarei a importância crucial e a originalidade
da abordagem evolutiva pragmatista à mente humana. Tal abordagem se alinha
muito bem com a proposta moderna da extensão do programa de pesquisa
evolucionária moderna para uma pluralidade de novos processos e níveis de
evolução (veja Calcott & Sterelny 2011; Eldredge et al. 2016; Laland et al. 2014;
Maynard Smith & Szathmáry 1995; Noble et al. 2017; Pigliucci e Müller 2010).
Com efeito, de um ponto de vista pragmatista, a mente humana é o produto
de uma pluralidade de processos evolutivos e de uma interação em múltiplos
18º EIP [18th IMP] | 125

níveis de fatores – tais como biologia, meio-ambiente, comportamental, social,
individual, cultural e semiótica (e.g., Dewey 1917, 1922; Dewey e Bentley 1949;
James 1890, 1907; Mead 1932, 1934; Peirce 1931-1958; Wright 1877). Uma tal
perspectiva pluralista e evolucionária estendida foca pragmaticamente em noções
chave tais como “hábito”, “gesto”, “socialidade” e “emergência”, e partilha
mais que um nó teorético com propostas epistemológicas atuais nos campos
biológicos e evolucionários. Durante a apresentação, em particular, examinarei
primeiramente, algumas conexões teoréticas entre a perspectiva evolucionária de
Dewey e Mead da emergência da mente humana e alguns aspectos relacionados
às propostas atuais da chamada Teoria Evolucionária Extendida (Laland et al. 2014;
Pigliucci and Müller 2010) – i.e. processos de construção de nicho, plasticidade
comportamental, e herança inclusiva. Em seguida, traçarei algumas linhas de
conexão entre a perspectiva evolucionária de Dewey e Mead da mente humana
e socialidade e os debates atuais sobre uma visão multinível (Calcott & Sterelny
2011; Eldredge et al. 2016; Maynard Smith & Szathmáry 1995; Pigliucci e Müller
2010). Exemplos concretos vindo das descobertas mais recentes no campo da
evolução humana ajudarão a esclarecer as análises teoréticas desenvolvido durante
a apresentação. Algumas breves ponderações de conclusão irão realçar o papel
fértil que uma visão evolucionária pragmatista poderia desempenhar em pesquisa
futura ligada à atual virada pragmatista nas ciências cognitivas.
RECH, Aryana L.; BORTOLETO, Edivaldo J.

(Unochapecó, Brasil)
UMA LEITURA DA MEMÓRIA DE VELHOS A PARTIR DA SEMIÓTICA PEIRCIANA:

ESCOLA, BODEGA E IGREJA COMO SIGNOS DE ESTRUTURAÇÃO
O questionamento que impulsiona este estudo surge da necessidade de conhecer
o passado a partir da memória de personagens reais, observando que a educação
se dá na vida para além da educação formal. Sendo assim, com base nas memórias
de velhos, como ocorre a educação e a estruturação comunitária através dos
signos escola, bodega e igreja? Em uma comunidade do interior do Sul do Brasil,
formada por ítalo-brasileiros, tudo se entrelaça. As famílias frequentam os mesmos
lugares, e os elementos fazem parte de uma infinda rede de significações. Este
trabalho parte, portando, do objetivo de compreender, como ocorre a educação
e a estruturação através dos signos propostos no problema. Com isso, trago para
o diálogo, pensadores que atuam no campo da educação, da memória, do tempo,
da narrativa, da história e principalmente da Semiótica Peirciana, sendo esta, o fio
condutor de toda a pesquisa, considerando, aqui, que toda a educação é semiótica.
Sendo assim o presente trabalho é divido de forma a abordar educação formal,
informal e não-formal, história de ítalo-brasileiros, memória de velhos, tempo
126 | 18º EIP [18th IMP]

e semiótica. Tudo de forma a equilibrar as tríades lógicas e as tríades históricas
visando à apreensão e compreensão da memória de velhos, concomitante, a
gênese e a formação da região Sul do Brasil para uma melhor atuação na educação.
Posso considerar que a educação ocorre nas três instituições em foco, de forma
semiótica, sendo que a educação formal da escola se mescla com a educação ética
e moral da igreja e com a educação lúdica da bodega, formando, juntamente à
família e ao trabalho, os conhecimentos e saberes necessários para a vida naquele
contexto. Da mesma forma a estruturação das comunidades contava com essas
três instituições para preencher as lacunas do convívio social de todas as gerações.
Apontando para o fato de que elas não estão separadas, mas sim conectadas. Sob
este aspecto, a educação, a Pedagogia e talvez nosso processo formativo, não
tenham assumido a memória e, por conseguinte, a memória de velhos, enquanto
signo possibilitador. O grande tema que embasa toda a discussão exposta nessa
dissertação é, portanto, o tema da memória. Mais especificamente memória de
velhos, pois, a criança também está constituída de memória, mas ela imprime pela
sua experiência, no tempo e no espaço, essas vivências todas. O velho, de um modo
ou de outro, por ter vivido mais, tem a capacidade de operar neste corredor do
tempo que é o passado, o presente e o futuro, e que a criança ainda não opera.
Sendo assim a criança se preocupa com o que é, o jovem se preocupa com o que
será, e o velho, que já passou por todas essas fases, olha para o que foi. A noção
de memória, portanto, nos cria a possibilidade de, talvez, rearticular, fomentar
e incrementar o sentido da criança, do jovem e do velho. Isso por que a criança
só vê o presente, não o passado e nem o futuro, é quase que pura presentidade,
portanto primeiridade, o jovem vive o presente, mas sempre vê o futuro sem
olhar para o passado, portanto segundidade, conflito, já o velho, sem um longo
futuro, vive no presente olhando para o passado, portanto terceiridade. Essa pode
ser a chave do signo memória, para articular todas as dimensões, e trazer para
o campo da educação uma semiótica da memória, que ajudará na discussão do
tempo, e nos debates geracionais, lógicos, históricos e humanos.
A READING OF THE MEMORY OF OLD PEOPLE FROM THE PEIRCIAN SEMIOTICS: SCHOOL,
BAR AND CHURCH AS SIGNS OF STRUCTURE
The questioning that drives this study arises from the need to know the past from the
memory of real characters, noting that education takes place in life beyond formal
education. So, based on the memories of elderly, how does education and community
structuring through the signs school, bar and church? In a countryside community of
the South of Brazil, formed by Italo-Brazilians, everything intertwines. Families attend
the same places, and the elements are part of an infinite network of meanings. So, this
work starts with the objective of understanding how education and structuring proceed
through the signs proposed in the problem. With this, I bring to the dialogue, thinkers
18º EIP [18th IMP] | 127

who work in the field of education, memory, time, narrative, history and especially
Peircian Semiotics, this being the guiding line of all research, considering here that
all education is semiotic. Therefore, the present work is divided in order to approach
formal, informal and non-formal education, the history of Italo-Brazilians, memory
of elderly, time and semiotics. All in a way to balance the logical and historical triads
aiming at the apprehension and understanding of the memory of elderly, concomitant
the genesis and the formation of the South region of Brazil for a better performance in
education. Likewise, the structuring of communities counted on these three institutions
to fill the gaps of social interaction of all generations, pointing to the fact that they
are not separate, but connected. In this regard, education, pedagogy and perhaps
our formative process, have not taken on the memory and therefore the memory
of elderly as an enabling sign. The great theme that underlies the whole discussion
presented in this dissertation is, therefore, the theme of memory. More specifically
memory of elderly, therefore, the child is also constituted of memory, but it imprints
by its experience, in time and space, all these experiences. The elderly, in one way
or another, having lived longer, has the capacity to operate in this corridor of time
that is past, present and future, witch the child still does not operate. So the child
worries about what it is, the youngster worries about what will be, and the elderly,
that one who went through all those phases, looks at what was. The notion of memory,
therefore, creates the possibility of perhaps rearticulating, fostering, and enhancing the
sense of the child, the young, and the elderly. That’s because the child only sees the
present, not the past or the future, it is almost pure presentness, therefore firstness,
the young lives the present, but always sees the future without looking at the past,
therefore, segundity, conflict, however the elderly, without a long future, lives in the
present looking at the past, therefore thirdness. This can be the key to the memory
sign, to articulate all dimensions, and to bring into the field of education a semiotics
of memory, which will help in the discussion of time, and in generational, logical,
historical, and human debates.
ROCHA, Cleane Silva

(UFMA, Brasil)
UTOPIA LIBERAL: A PROPOSTA POLÍTICA DE RICHARD RORTY

O presente trabalho irar abordar as questões acerca de uma comunidade liberal
no âmbito da contingência, no âmbito do filósofo neopragmatista Richard Rorty,
portanto, será exposto a concepção política, enquanto mais um produto da
contingência, e o mesmo tentou, assim, nos mostrar a partir de sua utopia liberal
como a cultura do liberalismo pode se desenvolver sem necessitar de princípios
ou fundamentações, bem como tal cultura pode ser bem mais servida com
redescrições metafóricas. A figura do ironista liberal (este termo é empregado
128 | 18º EIP [18th IMP]

a partir da definição de Judith Shklar, que diz que a crueldade é a pior coisa que
podemos praticar) é de grande relevância, uma vez que o mesmo é o sujeito
oriundo da sua utopia liberal. A construção desse sujeito (o ironista liberal) ocorre
a partir das concepções de linguagem e de indivíduo que o filósofo estadunidense
apresenta nos primeiros capítulos de “Contingência, Ironia e Solidariedade”,
sendo que a culminância do mesmo irá construir a comunidade liberal. Assim,
Rorty apresentou algumas consequências do fato de a linguagem, o indivíduo e as
sociedades liberais serem algo inteiramente contingente, por meio de um diálogo
de sua própria concepção de contingência com as ideias de diversos autores
contemporâneos. Em Rorty, a linguagem foi concebida enquanto fruto do acaso
e das necessidades do homem. Isto ocorre pois foi desconsiderada a ideia de
uma essência ou natureza intrínseca que a realidade ou o eu possuam, e que a
linguagem deva exprimir ou representar. Dessa forma, Rorty convoca para a sua
conversa autores como: Donald Davidson, Wittgenstein entre outros. O indivíduo
(o si mesmo ou eu) foi concebido como um processo de autocriação por meio
de metáforas. Ou seja, ter um “eu” é criar uma linguagem inovadora e original,
desconsiderando a perspectiva de que há um “eu puro” primordial. Autores como
Freud, Harold Bloom, Nietzsche. Por sua vez, a comunidade liberal foi pensada
pelo viés de uma utopia liberal (sendo tal utopia pensada apenas de maneira “vaga
e contingente”, portanto não é interessante tomá-la como um modelo pronto e
acabado, que deve ser seguido à risca), em que os seus cidadãos seriam pessoas que
se desenvolveriam a partir da aceitação completa da contingência da linguagem,
dos indivíduos e das sociedades humanas. Assim, Rorty apresentou Foucault e
Habermas ( o primeiro é um exemplo de ironista e o segundo um exemplo de
liberal), filósofos relevantes que contribuíram de forma significativa para sua
abordagem contingencialista na construção da comunidade liberal.
LIBERAL UTOPIA: RICHARD RORTY’S POLITICAL PROPOSAL

The present work will address the questions about a liberal community within the
scope of contingency, within the framework of the neopragmatist philosopher Richard
Rorty, therefore, will be exposed to political conception, as yet another product of
contingency, and the same tried, therefore, to show us the from its liberal utopia as
the culture of liberalism can develop without needing principles or fundamentals, and
such culture can be much better served with metaphorical redescriptions. The figure
of the liberal ironist (this term is employed from the definition of Judith Shklar, which
says that cruelty is the worst thing we can practice) is of great relevance, since the
same is the subject from his liberal utopia. The construction of this subject (the liberal
ironist) occurs from the conceptions of language and individual that the american
philosopher presents in the first chapters of “contingency, irony and solidarity”, and
the culmination of it will build the liberal community. Thus Rorty presented some
18º EIP [18th IMP] | 129

consequences of the fact that language, individual, and liberal societies are something
entirely contingent, through a dialogue of their own conception of contingency with the
ideas of various contemporary authors. In rorty, language was conceived as the fruit of
chance and the needs of man. This occurs because the idea of an intrinsic essence or
nature that reality or self possesses, and which language must express or represent, has
been disregarded. In this way, Rorty summons to his conversation authors like: Donald
Davidson, Wittgenstein among others. The individual (self or self) was conceived as
a process of self-creation through metaphors. That is, to have an “i” is to create an
innovative and original language, disregarding the perspective that there is a primordial
“pure self”. Authors such as Freud, Harold Bloom, Nietzsche. The liberal community,
on the other hand, has been thought of as the bias of a liberal utopia (such a utopia
being thought only in a “vague and contingent” way, so it is not interesting to take it as
a ready and finished model, which must be followed to the letter) , in which its citizens
would be people who would develop from the complete acceptance of the contingency
of language, of individuals and of human societies. Thus, Rorty introduced Foucault
and Habermas (the former is an example of an ironist and the latter an example of
liberal), relevant philosophers who have contributed significantly to his contingentialist
approach to building the liberal community.
ROMANINI, Anderson V.; LIMA, Rodrigo C. C.

(ECA-USP, Brasil)
O MAL COMO PRECEITO EPISTEMOLÓGICO DO JORNALISMO: UMA PERSPECTIVA

PRAGMATICISTA
O Jornalismo, como campo científico em construção, relaciona-se com outros
campos que participam da grande área científica da Comunicação, todos vinculados
historicamente ao pensamento positivista que, ao final do século XIX e início
do século XX, procurou delimitar e classificar os objetos de estudo da Ciência
por meio de disciplinas autônomas. O positivismo teve um caráter fortemente
empiricista, e por isso foi denunciado por Peirce como sendo uma das expressões
modernas do nominalismo. Essas características influenciaram o Jornalismo
tanto como prática social quanto como campo de investigação científica. Ora,
se a notícia é o cerne do Jornalismo enquanto atividade vê-se que os critérios
de noticiabilidade adotados nas teorias do jornalismo, bem como os conceitos
basilares de sua epistemologia, revelam claramente uma filiação nominalista. Para
tanto, basta pensarmos na noção de verdade como discurso correspondente a
fatos objetivos, a ideia de que o jornalista é idealmente um observador neutro dos
fenômenos sociais e de que o valor-notícia se refere sempre a um leitor delimitado
socialmente e limitado cognitivamente. Curiosamente, nesse mesmo período
histórico se anunciava uma corrente filosófica original, com algumas ligações
130 | 18º EIP [18th IMP]

com o positivismo, mas afirmando-se alternativamente a partir de uma metafísica
realista: falamos do pragmatismo, e mais especificamente do pragmaticismo de
Charles S. Peirce – um método para esclarecer ideias a partir da experiência em
uma comunidade que compartilha as mesmas crenças. Uma das consequências da
filiação da teoria do jornalismo à epistemologia nominalista é a centralidade do mal
na cobertura jornalística. Argumentamos que toda limitação e delimitação leva a
um recorte diádico e, portanto, maniqueísta no julgamento dos fatos observados e
filtrados como notícia a ser transformada em produto a venda. As consequências
dessa epistemologia nominalista e de seu desdobramento numa valoração dos
fatos percebidos como bons ou ruins, pode ser constatada na cobertura que a
grande imprensa faz. Percebemos que quanto mais a epistemologia positivista (e
nominalista) se faz presente e enraizada na prática jornalística de uma sociedade,
mais o mal se torna critério primordial de noticiabilidade, como podemos
constatar na observação no noticiário. Uma epistemologia do Jornalismo de
cunho pragmaticista adotaria uma concepção cosmológica do mal e vinculada ao
agapismo, ou seja, ao amor evolucionário que tende à generalização das ideias que
contribuem para o crescimento da razoabilidade concreta no universo. Poderia
também estar ligada ao falibilismo e a quebra de continuidade do presente.
EVIL AS AN EPISTEMOLOGICAL PRECEPT OF JOURNALISM: A PRAGMATICIST PERSPECTIVE

Journalism – here understood as a scientific branch yet to be developed – is related to
other fields in regard to the scientific area of Communication; those fields, however, are
still historically linked to Positivism. In the end of the 19th and 20th century, Positivism
attempted to delimitate and classify scientific objects as autonomous subjects. It also
had a strong empiricist character and therefore was denounced by Peirce as one of
the modern expressions of nominalism. Those traits have influenced journalism as a
social practice and as a scientific field of investigation. If news are taken here as the
prime activity and the basic fundament of journalism, one is able to see that news
criteria adopted in various theories of journalism – as well as the core concepts of
its epistemology – will reveal a nominalist filiation. For such, it is necessary to think
about the notion of truth as a correspondent discourse for objective facts, the idea in
which the journalist is a neutral observer of social phenomena and that news values
will always refer to a socially and cognitively limited reader. Curiously, at the some
historical period, an original philosophical trend (with some connections to Positivism)
had started while affirming itself from a realist metaphysical point of view: the tradition
of pragmatism and, even more specifically, Peirce’s pragmaticism – a method to make
ideas clear starting from the experience of a community that shares the same beliefs.
One of the consequences of a theory of journalism tied to a nominalist epistemology
is the centrality of evil in news coverage. One might argue here that every limitation
and delimitation takes us to a dyadic “manichaeistic” contour while one observes facts
18º EIP [18th IMP] | 131

that will become future news as media products. The consequence of this nominalist
epistemology and its outcome in a valuation of “negative or positive” facts is seen in
the news coverage of the current press. One might realize that the more entrenched
a positive (and nominalist) epistemology is, more evil will become the primordial
criteria of news. A pragmaticist epistemology of journalism would adopt a cosmological
conception of evil linked to agapism, in other words, the evolutionary love that tends
to the generalization of ideas contributing to the growth of concrete reasonableness
in the universe. It could also be tied to falibilism and to the continuity “breakdown”
of the present.
SAMPAIO, Bárbara B. S. S.; JESUS, Palloma dos S. de

(FSB-SP, Brasil)
SOBRE OS CONCEITOS DE CRENÇA E HÁBITO NA FILOSOFIA DE PEIRCE

Este trabalho procura expor quais são os tipos de crença conforme conceituados
em “A Fixação da Crença”, um dos raros textos publicados do filósofo norte-
americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). Ao mesmo tempo, procuramos
justificar, à luz do princípio do Pragmatismo, como, segundo o autor, o conceito
de crença está diretamente relacionado ao conceito de hábito. Segundo Peirce, o
hábito, sob a categoria da Terceiridade, opera na Segundidade, uma das categorias
da experiência, e estabelece-se, em geral, como uma regra de ação bem-sucedida,
uma vez nos levar a alcançar os nossos objetivos, consolidando-se, por essa razão,
como crenças. Pode-se afirmar que nossas experiências cotidianas são mediadas
por hábitos de ação. Tais hábitos atuam quase inconscientemente, já que tal regra
de ação expressa-se, na medida em que eficiente, de forma rotineira. A mente
mediada por hábitos interpreta os signos da experiência como índices de ação
correta. Os hábitos manifestam-se por ações redundantes, que retroalimentam
as crenças a que dão origem. Contrariamente às ações promovidas pelas
crenças surgem as dúvidas. Elas ocorrem quando a experiência evidencia fatos
não previstos pelos hábitos. Assim, esse trabalho buscará elencar os tipos de
crenças, segundo Peirce sob quatro classes, trazendo paralelamente o papel dos
hábitos e da incidência das dúvidas, que devem ensejar investigação para restituir
a mediação de novos hábitos. Destacam-se, na exposição daqueles quatro tipos
de crenças, aquelas que possuem ou não formas de considerar a experiência que
as poderiam afetar.
ABOUT THE CONCEPTS OF BELIEF AND HABIT IN PEIRCE’S PHILOSOPHY

This work pursues to present the sorts of belief in accordance with what’s
conceptualized in “The Fixation of Belief”, one of the rarest texts ever published by
132 | 18º EIP [18th IMP]

the north-american philosopher Charles Sanders Peirce (1839-1914). At the same
time, we try to justify in the light of the principle of Pragmatism just like, according to
the author the concept of belief is directly related to the concept of habit. According
to Peirce the habit, under the category of Thirdness, operates in the Secondness, one
of the categories of experience and settles in, in general as a successful action since
this lead us to achieve our goals, consolidating itself, thus as beliefs. It can be stated
that our everyday experiences can be measured by our habits of action. Such these
habits perform almost unknowingly, since such this rule of action express itself, as
far as it is uneventfully efficient. A habit measured mind interprets the signs of the
experience just like right action rate. The habits manifest by means of redundant
actions that feed those beliefs which they breed. Opposite to the actions fostered
by beliefs doubts emerge. They arise when the experience sets light on facts the are
unexpected by the habits. Thereby, this work’s going to try to catalogue the sorts of
belief by Peirce’s four classes perspective, bringing concurrently the role of habits and
doubts incidence, that must provide opportunity to the investigation in order to render
the mediation of brand new habits. In the presentation of those four types of belief
the ones that stand out are those that possess or don’t possess ways to consider the
experience that could affect them.
SANTOS, Murilo
(FSB-SP, Brasil)
PRAGMATISMO: UMA ABORDAGEM COMO MÉTODO

O trabalho pretende enfatizar o pragmatismo de Peirce como um método,
assim como a dialética foi para Sócrates e Platão, e as quatro causas foram para
Aristóteles, uma estratégia desses filósofos para análise de conceitos e teorias.
O pragmatismo é importante para Peirce uma vez que permeia e fundamenta
toda sua filosofia, fornecendo a lógica dos seus argumentos. No texto que
apresentaremos, partimos da definição do pragmatismo e buscamos estabelecer
sua finalidade, sua importância, bem como as vantagens na utilização desse
método assim como suas possíveis deficiências. Pragmatismo é um método onde
o significado de um conceito (ideia intelectual de um objeto) deve ser coerente
com suas consequências práticas, ou seja, suas consequências experienciáveis.
Um conceito positivo somente tem significado se ele se refletir na conduta,
sendo que a ação é uma consequência e não um fim. A ação requer um fim, um
propósito. A ação material é o mero aspecto exterior das ideias. Pragmatismo
é a teoria que trata da relação entre as categorias, isto é, o mundo interno da
primeira e terceira aparece no mundo externo da segunda. A potencialidade se
concretiza na segunda e é refletida na terceira categoria. Portanto, pragmatismo
é um método, uma regra de sentido, de significado, mas tem natureza ontológica
18º EIP [18th IMP] | 133

justamente por aparecer no mundo exterior. Assim, significado de um conceito
é a multiplicidade de consequências práticas que ele acarreta, essa é sua face
de segundidade. Contudo, sua face significativamente pensável estará sob a
generalidade da terceiridade. O papel principal do exercício de nossa racionalidade
é prever o curso futuro da experiência, ou seja, as consequências práticas que
são concebíveis dos conceitos que utilizamos. Nesse sentido, nossas ações uma
vez que satisfazem nossas expectativas, instauram crenças e, no caso contrário,
estados de dúvida. Procuraremos mostrar que a grande força do método está na
validação das hipóteses, pensando o mundo em sua realidade, estabelecendo a
identidade entre ser e ser cognoscível.
PRAGMATISM APPROACHED AS METHOD

This work intends to emphasize Peirce’s pragmatism as a method, as dialectics was for
Socrates and Plato, and the ‘four causes’ were to Aristoteles, a strategy for reviewing
concepts and theories. Pragmatism is important in Peirce inasmuch it lies within
and grounds his whole philosophy, building up his arguments’ logic. In the present
paper, we depart from the definition of pragmatism and seek to establish its goal,
its importance and the advantages in using its method; and we do not stray from
reviewing possible deficiencies. Pragmatism is a method in which a concept’s meaning
(intellectual idea of an object) must be coherent with its practical experienceable
consequences. A positive concept only has meaning if it is reflected in conduct, and
action is a consequence, but not an end in itself. Action requires, therefore, purpose.
Material action is ideas’ mere exterior aspect. Pragmatism is the theory that deals
with the relation between categories, i.e., the secondary’s external world reflects the
inner world from the primary and the tertiary ones. In the secondary one, potential
becomes real, being reflected in the tertiary one. Hence, pragmatism is a method,
a rule of meaning, but has ontological nature since it appears in the outside world.
Thus, the meaning of a concept lies in the multiple practical consequences which it
generates, this being the face of its secondness. However, the aspect about which
one can think is the face that lies under the thirdness’ generality. The main goal in
exercising our rationality is foreseeing the future course of experience, namely the
practical consequences one can conceive departing from the standpoint of a chosen
concept. In this sense, once an action fulfills our expectations, they generate a belief;
otherwise, there cause doubt. We seek to show that the method’s great strength
lies in validating hypothesis, thinking the world in its reality and connecting being
and cognoscible being.
134 | 18º EIP [18th IMP]

SARAN, Lucas Antonio
(FIL-PUC-SP, Brasil)
A CRÍTICA AO CARTESIANISMO: UM DIÁLOGO ENTRE AS CONTRIBUIÇÕES DE

PEIRCE E WITTGENSTEIN
Na célebre passagem que vai de 5.63 até 5.641 do Tractatus logico-philosóphicus,
Wittgenstein apresenta aquele que parece consistir em um de seus argumentos
mais fortes contra a existência e consistência do “sujeito que pensa, representa”.
Considerando essa situação, o objetivo do presente trabalho consistirá em
estabelecer um diálogo entre o referido pensamento do Tractatus logico-
philosóphicus (a respeito do sujeito) e o pensamento de C. S. Peirce. Esse diálogo
terá, fundamentalmente, a seguinte função: mostrar que os dois pensadores (Peirce
e o Wittgenstein do Tractatus), embora possuam suas diferenças e peculiaridades,
têm uma mesma visão crítica com relação a certo tipo de postura filosófica que, sem
necessariamente referir diretamente ao pensamento de Descartes, denominaremos
“cartesianismo”. Para realizarmos essa aproximação (entre Peirce e o Wittgenstein
do Tractatus), partiremos, principalmente, de dois eixos temáticos da filosofia de
Peirce: em primeiro lugar, partiremos da categoria da segundidade que, de certa
forma, desconstrói a possibilidade de se pensar um sujeito “puro”, pois mostra
que o “eu” é conhecido na medida em que o mundo reage a tal “eu”, notando-se
que, mesmo naquilo que o senso comum chamaria de o “interior” do “eu”, há uma
reação, pois a memória surge como manifestação da segundidade; em segundo
lugar, trataremos do idealismo objetivo, na medida em que esse mostra que, em
Peirce, a natureza da mente está espraiada em todo o cosmos. Tendo em vista
esses eixos temáticos da filosofia de Peirce, dividiremos o presente trabalho em
três momentos: em um primeiro momento, serão abordados certos conceitos do
Tractatus logico-philosóphicus que estejam relacionados à crítica de Wittgenstein ao
“sujeito que pensa, representa”; em um segundo momento, serão introduzidos os,
já mencionados, eixos temáticos da filosofia de Peirce; em um momento final, será
estabelecido um diálogo entre Wittgenstein e Peirce. Esse último momento será o
momento mais importante do trabalho aqui proposto: procuraremos mostrar (no
terceiro momento) as compatibilidades e incompatibilidades entre os pensamentos
dos dois autores estudados sobre o “cartesianismo”. É importante notar que aí
surgem conflitos e aproximações: por um lado, tanto Peirce, quanto Wittgenstein,
de certa forma, desconstroem certa visão tradicional do “eu”; por outro lado, em
Peirce (diferentemente do que ocorre em Wittgenstein), a natureza da mente
parece possuir mais positividade, de modo que, como já afirmamos, está espraiada
pelo cosmos. Em nosso trabalho, procuraremos lidar com esse conflito assumindo
um posicionamento mais próximo da postura de Peirce, pois este último parece
ter notado algo que o filósofo austríaco não notou: certas entidades e fenômenos
18º EIP [18th IMP] | 135

possuem comportamento de mente, de modo que não se pode negar a ocorrência
(na realidade) de certa natureza eidética.
THE CRITIQUE TO CARTESIANISM: A DIALOGUE BETWEEN THE CONTRIBUTIONS OF

PEIRCE AND WITTGENSTEIN
In the renowned passage that goes from 5.63 until 5.641 of the Tractatus logico-
philosóphicus, Wittgenstein presents what appears to consist in one of his strongest
arguments against the existence and consistency of the “the individual who thinks,
represents”. Taking this situation in consideration, the goal of this project will consist in
establish a dialogue between the referred thought of the Tractatus logico-philosóphicus
(regarding the individual) and the thought of c. s Peirce. this dialogue will fundamentally
have the following function: to show that both thinkers (Peirce and Wittgenstein of
Tractatus), even though they present differences and peculiarities, they also have the
same critical view related to a certain type of philosophical posture that, without
necessarily referring directly to descartes’ thoughts, we name “cartesianism”. In
order to set this proximity (between Peirce and Wittgenstein of Tractatus), we will
start from, mainly, two thematic axes of Peirce’s philosophy: first, we will start from
the secondness category which, somehow, deconstructs the possibility of thinking
about a “pure” individual, since it shows that the “self” becomes known as the world
reacts to the so called “self”, noticing that, even what the commLon sense would
call “the interior” of the “self”, there is reaction, because the memory emerges as a
manifestation of the secondness; second, we will cover the objective idealism, as it
shows that, in Peirce, the nature of the mind is spread all over the cosmos. Having
the thematic axes of Peirce’s philosophy in mind, we will divide this work within three
moments: on a first moment, we will approach certain concepts of the Tractatus logico-
philosóphicus that are related to a criticism of Wittgenstein to the “individual who
thinks, represents”; on a second moment, it will be introduce the already mentioned
thematic axes of Peirce’s philosophy; and on a final moment, a dialogue between
Wittgenstein and Peirce will be established. this last moment will be the most important
moment of the work herein proposed: we will seek to show (on the third moment) the
compatibilities and incompatibilities between the thoughts of the two authors studied
about “cartesianism”. It is important to notice that there is where a few conflicts and
proximities appear: on one side, Peirce as well as Wittgenstein, somehow deconstruct
certain view of the traditional “self”; on the other side, Peirce (differently from what
happens with Wittgenstein), the nature of the mind seems to have more positivity, in
a way that, as it was affirmed before, is spread across the cosmos. In our work, we will
seek to deal with this conflict, assuming a position that is closer to Peirce’s posture,
because the latter seems to have noticed something that the austrian philosopher did
not: certain entities and phenomenon have a mind behavior in a way that it cannot
deny the occurrence (in reality) of certain eidetic nature.
136 | 18º EIP [18th IMP]

SOUZA, José Crisóstomo de
(UFBA, Brasil)
PARA UM MATERIALISMO POIÉTICO-PRAGMÁTICO COMO RECONSTRUÇÃO DE

MARX
Neste ensaio parto de nosso emaranhamento prático-produtivo, sensível, com
o mundo, para daí pôr em relação realidade, ação, significação e conhecimento,
buscando distinguir a posição que disso resulta, tanto de certo realismo
representacionista, empirista, quanto, de certo anti-representacionismo linguístico,
tomado aqui como insuficientemente aberto à primazia da prática sensível,
embora disposto ao reconhecimento da dimensão social, não-fundacionsta, das
nossas crenças e normas. Procedo, então, na via de um não-representacionismo
prático-sensível, pela proposta de quatro noções principais: a) de intencionalidade
prático-sensível, significadora, b) do real e de nós próprios como atividade
sensível, produtiva; c) da ação humana como eminentemente poiésis, fazer criador
que introduz novas coisas (sentido amplo) no mundo, e d) a de significação e
normatividade como constituídas na prática de lidar com o mundo, orientada por
propósitos. Com tais noções aponto para 1) a crítica do lado mentalista abstrato
daquele empirismo realista, e para 2) a crítica de um anti-representacionismo
linguístico, relativista, que àquele se contrapõe, exposto aqui como demasiado
linguocêntrico, em última análise, idealista. É como alternativa a essas duas
figuras que trato de chegar a um embrião de pragmatismo sensível-criativo, para
finalmente esboçar uma particular concepção holista-materialista, objetual, do
mundo, da cultura e de nós mesmos. Com o que passo a um diálogo explícito,
crítico-reconstrutivo, com o materialismo prático-normativo de Marx, entendendo
que ele comporta cinco momentos que se interpenetram, os primeiros três dos
quais convergem integralmente com nossa posição poiético-pragmática e neo-
materialista: 1) sua restrição (embora contraditória) ao empirismo dogmático,
intuicionista-passivo, mentalista-cartesiano, bem como a todo idealismo subjetivo;
2) sua superação da concepção do mundo e do sujeito como estáticos, exteriores
um ao outro, e, logo, o abandono do ponto-de-vista do espectador e da fixação
objetivista-representacionista do real; 3) sua desqualificação do indivíduo abstrato
da percepção empirista, da ficção do indivíduo como dissociado do conjunto das
relações sociais e de uma forma social determinada; 4) sua crítica do real social
como ao mesmo tempo essencialmente cindido e atomizado, pelas más relações
e práticas sociais imperantes, que acarretariam o desdobramento/duplicação
do mundo também na religião e na filosofia, 5) crítica essa em última análise
sustentada pela sua dedução, a partir do cristianismo, de um fundamento, interno
ao mundo mas essencializado, transcendentalizado, que em parte determinaria,
por necessidade, o rumo da supressão prática daquela contradição, e a restauração
18º EIP [18th IMP] | 137

(reconciliação) da unidade-solidariedade social, com o fim da auto-alienação do
homem - abrindo caminho, para além do ponto-de-vista egoísta da Sociedade
Civil, de hoje, para o da Sociedade Humana, de amanhã, e para a necessidade e o
imperativo de sua realização. Tudo isso atravessado por um desafio de epistemologia
política, i.e. de congruência, realista, de pontos-de-vista epistemológicos com
pontos-de-vista – e situações práticas - político-econômico-sociais. Um desafio a
que Marx, entretanto, não responde adequadamente em razão dos compromissos
mentalistas - correspondentistas, cartesianos, representacionistas, de seu
contextualismo / historicismo supostamente prático. Deixando de lado aqueles
elementos cartesianos e especulativos, proponho, parafraseando Marx, que, na
produção e uso de objetos, os seres humanos desenvolvem relações uns com os
outros, por uma criação que por sua vez enseja novas relações e novas formas
de subjetividade. Não há por que supor que tal dialética só se dê na produção
de bens na base da sociedade, e não na prática geral dos seres humanos de criar,
usar e reproduzir, como inevitavelmente entrelaçados, objetos, ideias, práticas,
vocabulários, instituições, todos eles, enfim, artefatos, transformando, assim, ao
mundo e a si mesmos. É o que um pragmatismo poiético-sensível, materialista
histórico, um materialismo prático-poiético, holista, fundamentalmente sustenta,
como, pode-se entender, uma melhor tradução materialista de Hegel, com quem
o diálogo deve prosseguir.
TOWARD A POIETIC PRAGMATIC MATERIALISM AS A RECONSTRUCTION OF MARX

I start this paper with our practical-productive, sensible, creative entanglement with
the world, from which to connect reality, action, meaning and knowledge, in a way
distinct both from that of empiricist representationalist realism, and of a linguistic
anti-representationalism insufficiently attentive to the primacy of our practical-
sensible activity, even if advantageously favoring the social, non-foundationalist
character of the validity our beliefs and norms. I then proceed towards a practical-
sensible materialist anti-representationalism, by suggesting four main notions: a) of
a meaning-endowing practical-sensible intentionality, b) of reality and of ourselves
as productive sensible-activity, c) of human action as eminently poiesis, creative
doings and makings that introduce new things (wide sense) into the world, and d)
that of meaning and normativity as constituted in our practice of dealing purposefully
with the world. With such notions I point to: 1) a critique of the representationalist,
abstract-mentalist side of the above mentioned empiricist realism, 2) a critique of
linguistic anti-representationalism, here construed as opposing the former in a too
linguocentric, idealist manner. And then, as an alternative to both these constructs, I
arrive at 3) an embryo of sensible-creative pragmatism, to finally outline, in conclusion,
4) a particular materialist-holistic, objectual understanding of world, culture and
ourselves. Now I step into a more explicit critical-reconstructive dialogue with Marx’s
138 | 18º EIP [18th IMP]

practical-normative materialism, which may be read as basically encompassing five
intertwined moments, three of which fully converge with our practical-poietic position:
1) a refusal of dogmatic empiricism as passive-intuitionist, Cartesian-mentalist, as well
as of subjective idealism; 2) the overcoming of an understanding of world and subject as
static, exterior to one another, and therefore the abandonment of the spectator’s point
of view and of the objectivist representationalist fixation of reality; 3) a disqualification
of the abstract individual of empiricist perception, i.e. of the fiction of the individual as
dissociated from the whole of social relations and from a determinate social form; 4)
a critique of social reality as both essentially severed and atomized by the prevailing
bad social relations, which, in the other hand, entail the supposed duplication of the
world in religion and philosophy; this critique being supported by 5) the deduction
of an essentialized, transcendentalized philosophical foundation, allegedly earthly,
which determines the practical suppression of these divisions / duplications and the
restoration of social unity / solidarity, that being the end of man’s self-alienation,
which opens the way, beyond the individualist / egoist point of view of today’s civil
society, to the humane society of tomorrow, and to the need and imperative of its
realization. All that traversed, in Marx, by a question of political epistemology, i.e.
of the realist congruence of epistemological points of view with social and political,
practical, circumstances, a question he does not adequately answer because of the
remaining mentalist correspondentist Cartesian commitments of his contextualism /
historicism allegedly fully practical. Leaving behind both his mentalist and speculative
normative elements, I maintain that in the systematic production and use of objects,
human beings develop relations with one another by means of a creation that further
gives place to new relations and shapes of subjectivity. There is no reason to imagine
that such dialectics occurs only in the production of regular goods in the lower tier
of society, and not in the general human practice of creating, using and reproducing,
in an inevitably intertwined way, objects, ideas, practices, vocabularies, institutions
(all of them artefacts), therefore transforming the world and themselves. That is
what a poietic-sensible, historical materialist pragmatism, a practical poietic holistic
materialism understands, as a better materialist translation of Hegel, with whom our
dialogue must now develop.
SOUZA, Pedro B. de; ALVES, Marcos A.

(UNESP-Marília, Brasil; FAPESP)
CRENÇA E PROBABILIDADE: PEIRCE E RAMSEY

Nosso objetivo geral é comparar as noções de crença e probabilidade desenvolvidas
peloS filósofos Charles Sanders Peirce (1839-1914) e Frank Plumpton Ramsey
(1903-1930). Para tanto, teremos como material principal de análise os textos Truth
and Probability e Facts and Propositions de Ramsey, bem como os textos de Peirce
18º EIP [18th IMP] | 139

conhecidos pelo britânico: The Fixation of Belief, How to Make our Ideas Clear e
The Probability of Induction. Em sua justificação da indução desenvolvida em Truth
and Probability, Ramsey reconhece, explicitamente, a influência do pragmaticista
Peirce. Amparando-se em sua leitura do estadunidense, Ramsey justifica a
indução indicando como ela é confiável, propriedade que, pode-se dizer, decorre
outrossim da propriedade de auto-correção da indução no sentido peirceano.
Há, porém, outros pontos de contato entre ambos autores não tão claros. Com
efeito, conforme já ressaltado pela recente literatura a respeito da relação entre
eles (e.g. em Ramsey and pragmatism: the influence of Peirce de Christopher
Hookway), tanto Ramsey quanto Peirce têm, por exemplo, uma concepção de
crença em comum, segundo a qual ela é uma ideia que nos levaria a ação nas
circunstâncias apropriadas. Após detalhar o percurso que leva Ramsey a adotar
semelhante concepção e compará-la com Peirce, pretendemos discutir o tema
que, aparentemente, os distancia: suas diferentes concepções de probabilidade.
Embora a maioria dos autores que utiliza o cálculo de probabilidades pressuponha
uma mesma axiomatização (próxima àquela fornecida no início do século XX por
Andrei Kolmogorov), há distintas interpretações sobre probabilidade. Peirce, em
especial, adota a interpretação de probabilidade como frequência e, ao final de sua
carreira, a interpretação propensionista de probabilidade; ambas as interpretações,
cabe assinalar, referem-se a um estado de coisas no mundo. Ramsey, por sua vez, é
um dos maiores defensores da interpretação oposta à qual Peirce avança, inclusive,
inúmeras objeções: a interpretação epistêmica de probabilidade, ou seja, em vez
de probabilidade referir-se a eventos objetivos, probabilidade se refere ao grau
de incerteza de determinado sujeito em relação à verdade de uma proposição
qualquer. Como pode ser notado, as concepções de probabilidade adotadas
por Peirce e Ramsey são diametralmente opostas. Gostaríamos de defender,
contudo, haver um possível elemento em comum entre elas. Ora, parece-nos
que ambos os filósofos aceitam, ainda que de modo incipiente, alguma relevância
das probabilidades objetivas para determinar probabilidades subjetivas; tema
amplamente discutido pela literatura contemporânea em filosofia e probabilidade,
em que se destaca o Princípio Principal cunhado por David Lewis (1941-2001). Ao
indicar como isso se daria em cada filósofo, teremos mostrado que, mesmo no
contexto de suas considerações sobre probabilidade, Peirce e Ramsey possuem
proximidades relevantes.
BELIEF AND PROBABILITY: PEIRCE AND RAMSEY

We aim to compare Charles Sanders Peirce (1839-1914) and Frank Plumpton Ramsey’s
(1903-1930) notions of belief and probability. In order to do so, we will focus on the
following texts: Ramsey’s Truth and Probability and Facts and Propositions, as well
as Peirce’s texts which were known to Ramsey, The Fixation of Belief, How to Make
140 | 18º EIP [18th IMP]

our Ideas Clear and The Probability of Induction. In his justification for induction
developed in Truth and Probability, Ramsey explicitly recognizes the influence of the
pragmaticist Peirce. Relying on his own interpretation of the north-american, Ramsey
justifies induction by indicating how reliable it is, a property that, one might say, also
stems from the property of self-correction of induction in the peircean sense. There
are, however, other points of contact between both authors which are not so clear. As
it has been pointed out by the recent literature on the relationship between them (e.g.
Ramsey and pragmatism: the influence of Peirce by Christopher Hookway), both have
a common conception of belief, according to which it is an idea that would lead us to
action in the appropriate circumstances. After detailing the path that leads Ramsey
to adopting such a conception and comparing it with Peirce, we intend to discuss
the theme that apparently distances them: their different conceptions of probability.
Although most authors using probability calculus assume the same axiomatization
(close to that provided in the early twentieth century by Andrei Kolmogorov), there are
distinct interpretations of probability. Peirce, in particular, adopts the interpretation of
probability as frequency and, at the end of his career, the propensity interpretation of
probability; both interpretations, we highlight, refer to a state of affairs in the world.
Ramsey, in turn, is one of the greatest advocates of the opposite interpretation to
which Peirce advances, by the way, numerous objections: the epistemic interpretation
of probability, that is, instead of probability refer to objective events, probability
refers to the degree of uncertainty of a given subject in relation to the truth of any
proposition. As can be seen, the conceptions of probability adopted by Peirce and
Ramsey are diametrically opposed. We would like to defend, however, a possible
element in common between them. It seems to us that both philosophers accept,
albeit in an incipient way, some relevance of objective probabilities for determining
subjective probabilities - a topic widely discussed in contemporary philosophy and
probability literature, in which David Lewis’ (1941-2001) Principal Principle stands
out. By pointing out how this would happen in each philosopher, we will have shown
that, even in the context of his considerations of probability, Peirce and Ramsey may
have relevant shared elements.
TELES, Laiane Alemida

(UFRB, Brasil)
RICHARD RORTY: NEOPRAGMATISMO E LITERATURA

Este trabalho consiste em investigar as críticas e propostas de do filósofo norte-
americano Richard Rorty (1931 – 2007) à Filosofia e a partir disso traçar as
conexões entre o seu Neopragmatismo e a Literatura. Sabemos que há muitas
maneiras de se entender e, consequentemente, de se fazer filosofia, não foi por
acaso que Giorgio Colli, em seu pequeno e simpático livro, “O nascimento da
18º EIP [18th IMP] | 141

filosofia”, lançou a tese de que a filosofia é um novo gênero literário criado por
Platão. Um gênero literário com suas singularidades, mas um dentre outros
gêneros literários. Embora seja uma tese encantadora, ao estudar a história da
filosofia, não nos deixamos seduzir tão facilmente pelo canto da sereia. Pois se
foi a filosofia de Platão escrita em forma de diálogos e tida pelo próprio como
o “não-essencial”, não foi necessariamente isso que ocorreu no seu desenrolar
histórico. Apesar de outros filósofos em tempos distintos, da antiguidade à
contemporaneidade, também enveredarem pelo caminho do diálogo (Berkeley),
do aforismo (Nietzsche), da autobiografia (Agostinho), do poema (Nietzsche),
do jornal (Ortega y Gasset), da crônica (Cioran), etc, prevaleceu genericamente
na filosofia um apelo à verdade baseado no rigor da racionalidade. Certo é que
há um longo debate na história da filosofia entre aqueles que acreditam que há
parâmetros para o verdadeiro e que a verdade pode ser “encontrada”, e aqueles
que veem a verdade com muita desconfiança, assim como os parâmetros e
métodos para “encontrá-la”. No âmago do pragmatismo há a recusa em aceitar
ideia de verdade como correspondência com a realidade e a ideia de que as
crenças verdadeiras representam precisamente o mundo, Rorty possui essa
herança de seus predecessores e é nesse contexto de disputa que decidimos
tomar parte aqui. Segundo Rorty, em vez de engajar-se num projeto de busca pelo
verdadeiramente real, a filosofia deve ver as coisas num sentido mais amplo, buscar
uma autocompreensão e uma autotransformação por meio das redescrições, da
aquisição de novos vocabulários. Buscando fornecer uma abordagem sobre o que
seria o seu próprio pragmatismo, ele engaja em outras áreas do conhecimento,
como no âmbito da literatura, da teoria crítica e do pensamento político e social.
Dentre estas conexões, destaca-se a relação que o filósofo faz com a literatura: na
sua percepção, ela nos coloca em contato com um variado acervo de descrições,
expande o nosso vocabulário, estimula nossa imaginação para criarmos práticas
sociais maiores e melhores; isto é, ela pode redescrever o mundo e as atividades
humanas de maneiras novas e inusitadas, o que abrange, entre outras coisas,
discussões acerca do uso correto de determinados vocabulários.
RICHARD RORTY: NEOPRAGMATISM AND LITERATURE

This work consists of investigating the criticisms and proposals of the american
philosopher Richard Rorty (1931 - 2007) to the Philosophy and from there to draw
the connections between its Neopragmatism and Literature. We know that there are
many ways of understanding one another and, consequently, of making philosophy, it
was not by chance that Giorgio Colli, in his small and sympathetic book, “The Birth
of Philosophy”, launched the thesis that philosophy is a new literary genre created by
plato. A literary genre with its singularities, but one of other literary genres. Although it
is a charming thesis, as we study the history of philosophy, we are not so easily seduced
142 | 18º EIP [18th IMP]

by the mermaid’s song. For if it was plato’s philosophy written in the form of dialogues
and regarded by him as the “non-essential,” this was not necessarily the case in his
historical development. Although other philosophers in different times, from antiquity
to contemporaneity, also embark on the path of dialogue (Berkeley), the aphorism
(Nietzsche), the autobiography (Agostinho), the poem (Nietzsche), the newspaper
(Ortega y Gasset), the chronic (Cioran), etc., generally prevails in philosophy an appeal
to truth based on the rigor of rationality. It is true that there is a long debate in the
history of philosophy among those who believe that there are parameters to the truth
and that truth can be “found,” and those who see the truth with much suspicion,
as well as the parameters and methods for “finding -over there”. At the heart of
pragmatism is the refusal to accept the idea of truth as a correspondence with reality
and the idea that true beliefs represent the world precisely, Rorty has this inheritance
of his predecessors and it is in this context of dispute that we decide to take part here.
According to Rorty, instead of engaging in a quest for the truly real, philosophy must
see things in a broader sense, seek self-understanding and self-transformation through
redescriptions, acquisition of new vocabularies. Seeking to provide an approach to
what his own pragmatism would be, he engages in other areas of knowledge, such as
literature, critical theory, and social and political thinking. Among these connections,
the philosopher’s relation to literature stands out: in his perception he puts us in
contact with a varied collection of descriptions, expands our vocabulary, stimulates
our imagination to create greater and better social practices; that is, it can redescribe
the world and human activities in new and unusual ways, which includes, among other
things, discussions about the correct use of certain vocabularies.
TOLEDO JR, Joaquim Elói Cirne de

(FFLCH-USP, Brasil)
A EMERGÊNCIA DO PRAGMATISMO: REFORMA UNIVERSITÁRIA, SECULARIZAÇÃO

E PROFISSIONALIZAÇÃO DA FILOSOFIA NOS ESTADOS UNIDOS NA ERA DA
RECONSTRUÇÃO
Como o movimento de reforma universitária nos Estados Unidos durante
a chamada Reconstrução (1865-1877) após a Guerra Civil (1861-1865) está
relacionado à emergência do Pragmatismo, um novo estilo intelectual e filosófico
que se consagrou, nas últimas décadas do século 19, como o principal produto
filosófico norte-americano autóctone? A reforma universitária da segunda
metade do século 19 resultou na criação de um ambiente institucional voltado
à promoção das ciências empíricas e da vocação de pesquisa de seus quadros,
uma guinada significativa para instituições até então de cunho marcadamente
religiosas e educacionais. Nos círculos intelectuais informais do país e nos
departamentos de filosofia dinâmicos, como em Harvard, a herança do Idealismo
18º EIP [18th IMP] | 143

foi reelaborada segundo os imperativos do novo espírito científico personificado
pelo darwinismo. Inspirada no sistema de ensino superior alemão, a reforma
universitária norte-americana introduziu transformações organizacionais como
a criação de programas de pós-graduação e a diferenciação disciplinar, criando o
ambiente para a consolidação da concepção de ciência como um empreendimento
eminentemente experimental. No entanto, a persistência do Idealismo como
linhagem filosófica dominante no meio filosófico profissional norte-americano
(que perdurou até pelo menos os anos 1930) resultou numa forma híbrida de
concepção filosófica secularizada, mas ainda permeada pela religião, como atestam
as pretensões sistêmicas de Charles S. Peirce e a defesa enfática da religião por
William James. A intenção desta comunicação é explorar os ingredientes sociais
e históricos envolvidos no processo de mudança institucional e intelectual que
desembocaria na emergência do Pragmatismo, particularmente na vida e obra
de Peirce e James. Por meio de uma reconstrução do processo de reforma
universitária e de um esboço bio-sociográfico, retraçando as trajetórias e redes
de relações pessoais e intelectuais das principais figuras do movimento, pretende
aplicar a perspectiva inovadora da “sociologia da filosofia” ao caso específico do
Pragmatismo norte-americano. A perspectiva da sociologia da filosofia procura
associar uma abordagem histórica dos circuitos e instituições da vida intelectual
a uma compreensão interna das dinâmicas das ideias filosóficas, sem prejuízo de
nenhuma das dimensões da história da filosofia, nem a social e institucional, nem
a conceitual. Tendo como referência principal os trabalhos de Pierre Bourdieu
e Randall Collins, entre outros, procura explicar a criatividade intelectual como
processo coletivo, historicamente determinado e calcado na reelaboração do
capital intelectual herdado em determinado contexto histórico. Dessa forma,
procuraremos explorar as relações entre o círculo intelectual de Cambridge (que
Menand chamou de “Clube Metafísico”), do qual fizeram parte Pierce e James, os
impactos do movimento de reforma universitária com foco nas transformações
institucionais da universidade Harvard e alguns aspectos teóricos do Pragmatismo
de Peirce e James enquanto reação anti-Idealista.
THE RISE OF PRAGMATISM: UNIVERSITY REFORM, SECULARIZATION AND

PROFESSIONALIZATION IN THE RECONSTRUCTION ERA
How does the university reform movement in the United States during the so-called
Reconstruction period (1865-1877) after the Civil War (1861-1865) relate to the
emergence of Pragmatism, a new intellectual and philosophical style that became, in
the late 19th Century, US’s central autochthonous philosophical product? The university
reform of the second half of the 19th Century introduced an institutional orientation
towards the research sciences and the research vocation among its cadres, a significant
turn for institutions that were until that moment eminently religious and educational.
144 | 18º EIP [18th IMP]

In informal intellectual circles around the country and at the most advanced philosophy
departments, such as Harvard’s, the heritage of Idealism was refashioned after the new
scientific spirit embodied by Darwinism. The reform, based on the German university
system, introduced organizational changes such as the establishment of graduate
schools and disciplinary differentiation, creating the atmosphere for the consolidation
of a conception of science as an experimental endeavor. But the persistence of Idealism
the dominant philosophical school in the professional philosophical milieu (a position
it would retain well in the 1930s) resulted in a hybrid philosophical conception,
secularized but still permeated by religion, as the systemic pretensions of Charles S.
Peirce and William James’ defence of religion attest.
The aim of this presentation is to explore the social and historical ingredients of
the process of institutional and intellectual change that lead to the emergence of
Pragmatism, particularly on the life and work of Peirce and James. By means of a
reconstruction of the university reform and a bio-sociographical sketch, investigating
the careers and personal and intellectual networks of the main figure of the Pragmatist
movement, it seeks to apply the innovative perspective of the sociology of philosophy to
the specific case of American Pragmatism. The sociology of philosophy approach seeks
to associate an historical understanding of the circuits and institutions of intellectual
life to an internal reading of the conceptual dynamics of philosophical ideas, with an
eye both to the social and institutional, and the conceptual dimensions of the history of
philosophy. The main references here will be the works of Pierre Bourdieu and Randall
Collins, who seek to explain creativity as an collective endeavor, historically determined
and based on the reshuffling of inherited cultural capital. Thus, we will seek to explore
the relations of the Cambridge philosophical circle (that Louis Menand calles “The
Metaphysical Club”), of which Peirce e James were part, the impact of the university
reform movement as it consolidated in Harvard and some theoretical aspects of Perice
and James’ Pragmatism as an half-hearted anti-Idealist reaction.
VIEIRA, Fabio Daniel

(Unochapecó – Brasil)
KAMÉ Y KANHRU: ANÁLISE SEMIÓTICA DO GRAFISMO KAINGANG E RELAÇÕES

COM A EDUCAÇÃO INDÍGENA
Que relações podem ser desenvolvidas tendo como base a teoria Semiótica
de Charles Sanders Peirce, para uma leitura do grafismo Kaingang em relação
ao contexto da educação indígena? Esta é uma das questões de pesquisa que
consta na dissertação de Mestrado em Educação, intitulada O grafismo indígena
no contexto da América Latina Caribenha a partir de Charles Sanders Peirce:
uma leitura semiótica sobre o grafismo Kaingang e suas relações com a educação
indígena. Para essa questão ser respondida e complementada por argumentos
18º EIP [18th IMP] | 145

que possam conduzir a outras futuras pesquisas, a Teoria Semiótica Peirceana
foi utilizada como base, estudada e apresentada em várias partes do conjunto da
obra, de forma explicativa e desfragmentada, envolvendo o embasamento teórico
sobre as culturas e a educação indígena, em um processo de construção textual de
semiose. Em um contemporâneo repleto de informações simbólicas e aceleradas
mudanças tecnológicas, científicas, políticas e sociais, este trabalho tem como
objetivo analisar o grafismo indígena à luz da Semiótica de Charles Sanders Peirce,
buscando reflexões que contribuam com a educação indígena. O texto visa a partir
desta teoria, um olhar sensível sobre a trajetória e a cultura indígena, tendo como
base autores e literaturas correlacionadas ao tema. O texto proposto para o 18º
Encontro Internacional de Pragmatismo, apresentará os resultados obtidos no
quarto capítulo desta dissertação de Mestrado em Educação, a qual aborda sobre
conceitos de Arte e linguagem para desenvolver relações com a educação indígena,
apresentando-se o grafismo como uma forma de manifestação cultural e artística
primordial às culturas indígenas. Nesta etapa, o texto finaliza com análises sobre
o grafismo presente em alguns tipos de cestarias produzidas pelos Kaingangs, os
quais representam as metades clânicas das linhas sanguíneas denominadas Kamé
e Kanhru, caracterizadas por símbolos geométricos e organizações simbólicas
abstratas, utilizando-se das manifestações gráficas deste povo como referência
principal para as análises a partir das tricotomias de Charles Sanders Peirce, as quais
são: Tricotomia dos Argumentos (Abdução, Indução e Dedução), as Categorias
Universais (Primeiridade, Secundidade e Terceridade, e a Tricotomia dos Signos
- Ícone, Índice e Símbolo), permitindo ligações teóricas para o entendimento e
explanação sobre a cultura Kaingang e a educação indígena. Sabe-se que não se
deve cair em uma situação puramente distintiva e hierarquizante de conceitos
culturais, econômicos, sociais e históricos, negando as singularidades e pluralidades
existentes entre os povos indígenas. Povos esses, marcados por configurações e
significações encontradas em costumes, crenças e hábitos, e também como este
cenário repleto de simbolismos mantêm analogias e afinidades com outras culturas,
em pleno avanço tecnológico, imagético, linguístico e midiático.
KAMÉ Y KANHRU: SEMIOTICS ANALYSIS OF KAINGANG GRAPHISM AND RELATIONS WITH

INDIGENOUS EDUCATION
What relationships are developed based on the Semiotics theory of Charles Sanders
Peirce, for a reading of the Kaingang graphics in relation to the context of indigenous
education? This is one of the research questions contained in the thesis of Master
in Education, entitled The Indigenous Graphing in the context of Caribbean Latin
America from Charles Sanders Peirce: a semiotics reading on Kaingang graphing and its
relations to indigenous education. For this question to be answered by arguments that
may lead to other future research, the Peircean Semiotics Theory was used as a basis,
146 | 18º EIP [18th IMP]

studied and presented in several parts of the work as a whole, in an explanatory and
defragmented way, involving the theoretical foundation on the cultures and indigenous
education, in a process of textual construction of semiosis. In a contemporary filled
with symbolic information and accelerated technological, scientific, political and social
changes, this work aims to analyze Indian graphics in the light of the Semiotics of
Charles Sanders Peirce, seeking reflections that contribute to indigenous education.
The text aims from this theory, a sensitive view on the trajectory and the indigenous
culture, based on authors and literature correlated to the theme. The text proposed for
the 18th International Meeting of Pragmatism, will present the results obtained in the
fourth chapter of this Master’s thesis in Education, which discuss about the concepts
of Art and language to develop relations with indigenous education, presenting the
graphics as a form of cultural and artistic manifestation primordial to the indigenous
cultures. At this stage, the text ends with analyzes of the graphics present in some
types of baskets produced by the Kaingangs, which represent the clan halves of the
blood lines called Kamé and Kanhru, characterized by geometric symbols and abstract
symbolic organizations, using the graphic manifestations of this people as the main
reference for the analyzes from the tricotomies of Charles Sanders Peirce, which
are: Trichotomy of the Arguments (Abduction, Induction and Deduction), Universal
Categories (Firstness, Secundness and Thirdness, and the Trichotomy of Signs (Icon,
Index and Symbol), allowing theoretical connections for understanding and explanation
about the Kaingang culture and indigenous education. It is know that one should not
fall into a purely distinctive and hierarchical situation of cultural, economic, social and
historical concepts, denying the singularities and pluralities existing among indigenous
peoples. These peoples, who are marked by configurations and meanings found in
customs, beliefs and habits, and also as this scenario full of symbolisms maintain
analogies and affinities with other cultures, in full technological, imagistic, linguistic
and mediatic advance.
WASHINGTON, Eliane A. D.
(PUC-SP, Brasil)
A IMPORTÂNCIA DA SEMIÓTICA PEIRCIANA PARA A EFETIVIDADE DO DIREITO

O objetivo deste trabalho é utilizar a Semiótica Comunicacional visando à melhoria
da comunicação que ocorre no sistema hermético do Ordenamento Jurídico e
explicitar como ocorre este processo. Para isto, será abordada a linguagem jurídica
e suas diferentes manifestações: a linguagem-objeto e a metalinguagem. A maneira
pela qual é vista a realidade circundante – não no sentido visual, mas sim em termos
de sentidos, percepção, compreensão – está diretamente correlacionada com os
referenciais sociais vigentes em sociedade, condicionada em espaço e tempo. Vê-
se o mundo não como ele é, mas como a linguagem do universo comunicacional
18º EIP [18th IMP] | 147

condiciona a forma como ele é visto. Neste sentido, entra a semiótica
comunicacional de viés peirceano para expandir os horizontes do Direito, no que
tange à interpretação, melhorando a comunicação no Sistema Jurídico. Em outras
palavras, será analisada a incidência jurídica tributária como fenômeno semiótico e
demonstrada a importância da semiótica para o Direito. A interpretação do Direito
foi escolhida como o tema central aplicada à semiótica comunicacional para que
haja a expansão dos horizontes tão limitados do Ordenamento Jurídico que são
apenas aqueles previstos em lei e – para que ocorra a melhora de sua interpretação
– será utilizada a Semiótica Comunicacional para a expansão desse processo de
forma a aplicar a melhora da comunicação em todas as instâncias envolvidas em
casos semelhantes e para a correta aplicação no Sistema Jurídico de forma efetiva
e justa, uniforme para todos, tornando efetivo o Princípio da Segurança Jurídica.
Para isto, o Direito será abordado como linguagem que pode ser estudada sob o
ângulo semiótico e assim se terá uma norma de comportamento geral e abstrata
como interpretante. O objeto do signo seria a conduta humana que ela pretende
regular, e o signo que a veicula seria a espécie legislativa ou texto prescritivo. Se a
interpretação for realizada pelo editor normativo, titular de linguagem prescritiva,
este procedimento dará ensejo ao nascimento de outra norma, ou outro signo.
Nesta segunda semiose, o objeto do signo já é a interpretação ou a incidência
da norma geral e abstrata. Assim, teríamos sucessivas semioses em linguagem
prescritiva, até que a norma fosse realmente cumprida por um destinatário, que
seria o seu destinatário final cuja descoberta seria atestar que o Direito cumpriu
sua finalidade última, porque regulou – efetivamente – uma conduta concreta que
participa de uma relação jurídica, configurando uma situação subjetiva. Pode-se –
assim – demonstrar que a semiótica peirceana é um importante instrumento para
a interpretação no Direito para mais bem compreender a incidência normativa, a
comunicação e a concretização do direito posto.
THE IMPORTANCE OF PEIRCEAN SEMIOTICS FOR THE EFFECTIVENESS OF LAW

The purpose of this study is to use Communicational Semiotics aiming to improve the
communication that occurs in the hermetic legal and explicative language. For this the
legal language and its different manifestations will be approached: object-language and
meta-language. The way in which immediate reality is seen – not in the visual sense, but
in terms of feelings, perception, comprehension – is directly correlated with the social
references present in society, conditioned in space and time. One sees the world not
as it is, but rather as the language of the communicational universe conditioned by the
way it is seen. In this sense we have the entrance of communicational semiotics with
a pierceian inclination of expanding the horizons of Law as it refers to interpretation,
improving communication in the Legal System. In other words, the legal tax incidence
as a semiotic phenomenon will be analyzed to demonstrate the importance of semiotics
148 | 18º EIP [18th IMP]

to Law. The interpretation of the Law was selected as the central theme as it applies
communicational semiotics in order that there be an expansion of the very limited
horizons of the Legal Order which are merely those previewed by law and – in order
that there occur an improvement in its interpretation – will be used in Communicational
Semiotics in such a way as to improve communication in all of the instances involved
in similar cases and for the correct application within the Legal System; in an effective
and just form, uniform for all, putting into effect the Principle of Legal Certainty. For
this the Law will be approached as a language that can be studied from a semiotic
angle and thus a norm for general and abstract behavior as an interpreter. The object
of the sign would be the human conduct that it intends to regulate and the sign that it
divulges will be the legislative species or prescribed text. If the interpretation is done
through legislative printing, titled in a prescribed language, this procedure would give
rise to the birth of another norm, or another sign. In this second semiosis, the object
of the sign is already interpreted or the incidence of a general and abstract normative.
Therefore, we would have successive semioses in a prescribed language until the
normative was truly fulfilled via a destination, which would be the final recipient, the
discovery of which would attest that the Law fulfilled its final aim because it regulated
– effectively – a concrete behavior which participates in a legal relation configuring a
subjective situation. In this way, one could demonstrate that piercean semiotics is an
important instrument for the interpretation of Law to better comprehend normative
incidence, communication and completion of placed Law.
YANKOVA, Reni
(NBU, Bulgaria)
THE OTHER PATH: THE ROLE OF IMAGINATIVE MEDIATION IN THINKING - FROM KANT
TO PEIRCE
Since René Descartes and the era of Rationalism, the Western philosophical thought
has been dominated of the mind-body dualism, rapidly extended to a metaphysical
notional. Opposing the famous school of the British Empiricists, Descartes and his
followers - Spinoza and Leibniz, succeeded to put the Western philosophical tradition
into the new cannon of the metaphysical dualism. Descartes has considered the
universe as composited of two radically different kinds of substances - the mind defined
as thinking, and the body - defined as matter and unthinking. It will not be exaggerated
to say that the Cartesian dualism went on to influence many of the subsequent Western
philosophers in the following three centuries. Despite its innovative attributes and its
significant influence, the Cartesian doctrine also brought a certain limitation to the
Western thought. Reducing all meaningful processes in both - mind and universe - to
deduction and logical thinking, Descartes deprived them of creativity, spontaneity and
imagination. Then a significant question could raises: is thinking possible through any
18º EIP [18th IMP] | 149

other kind of mediation except the logical one? Following the ideas of the American
pragmatist Charles Peirce, this paper will present the notion that the creative or
imaginative mediation in thinking is equally important for the development of both mind
and universe. The traces of this “other path” in Western philosophy will be found first
in Kant`s notions of reflective judgment and genius, and then in Peirce`s evolutionary
cosmology and metaphysics. The role of imagination in the process of thinking has been
underestimated in philosophy before the development of the American pragmatism. In
both William James and John Dewy we can find significant sparkles on that topic. But
the holistic philosophical system of Peirce is the place where the idea has blossomed.
Imagination defined as spontaneous conjunctional (even divine) power of creation,
abduction and evolution found its proper place in his metaphysics.
O OUTRO CAMINHO: O PAPEL DA MEDIAÇÃO IMAGINATIVA NO PENSAMENTO

- DE KANT A PEIRCE
Desde René Descartes e a época do Racionalismo, o pensamento filosófico
Ocidental tem sido dominado pelo dualismo mente-corpo, estendendo
rapidamente a uma noção metafísica. Em oposição à famosa escola de Empiricistas
Britânicos, Descartes e seus seguidores – Spinoza e Leibniz -, tiveram êxito em por
a tradição filosófica Ocidental no novo cânon de dualismo metafísico. Descartes
considerou o universo como composto de dois tipos de substâncias radicalmente
diferentes – a mente definida como pensante, e o corpo – definido como matéria
e não-pensante. Não seria exagero dizer que o dualismo Cartesiano continuou
tendo influência sobre muitas filosofias Ocidentais subsequentes nos seguintes três
séculos. Apesar de seus atributos inovadores e influência significativa, a doutrina
Cartesiana também trouxe certa limitação ao pensamento Ocidental. Reduzindo
todos os processos significativos em ambos – mente e universo – à dedução e
pensamento lógico, Descartes os desproveu da criatividade, espontaneidade
e imaginação. A partir daí surge outra questão significativo: o pensamento é
possível através de qualquer outra mediação exceto aquela lógica? Seguindo as
ideias do pragmatista Americano Charles Peirce, esta comunicação apresentará
a noção que a mediação criativa ou imaginativa é igualmente importante para o
desenvolvimento de ambos mente e universo. Os traços deste “outro caminho”
na filosofia Ocidental serão encontrados primeiramente nas noções de Kant de
juízo reflexivo e gênio, e depois na cosmologia e metafísica evolutivo do Peirce. O
papel de imaginação no processo do pensamento tem sido subestimado na filosofia
antes do desenvolvimento do pragmatismo Americano. Em ambos William James
e John Dewey, podemos encontrar brilhos significativos sobre este tópico. Mas o
sistema filosófico holístico de Peirce é o lugar onde a ideia tem florido. Imaginação
definida como o poder espontâneo conjuncional (até divino) da criação, abdução
e evolução encontrados no seu devido lugar na sua metafísica.
150 | 18º EIP [18th IMP]

ZANETTE, José Luiz Zanette
(CEP-PUC-SP, Brasil)
A APROPRIAÇÃO KANTIANA POR UEXKÜLL: A QUESTÃO DO DETERMINISMO E

SIMILARIDADES COM O PENSAMENTO DE PEIRCE
Kant, ao promover o que chamou de nova revolução copernicana, ou seja,
considerar que os limites e a própria possibilidade do conhecimento gira ao
redor da funcionalidade da razão humana, ultrapassou, de forma cabal, as antigas
metafísicas. Segundo Kant, os atributos humanos de percepção e entendimento
construiriam os objetos, em formas lógicas, a partir da experiência. A unificação da
percepção em proposições, em condição básica universal para todos os sujeitos,
ocorre com a requisição da percepção do fenômeno, ou seja, a experiência possível
e a fixação da finalidade dos objetos mediante os esquemas inerentes e imanentes
à razão e transcendentes ao mundo empírico. Assim, a consciência, voltando
ao mundo empírico, origem do fenômeno, conciliando teoria e prática, pode
responder se os fins indicados e contidos nas proposições estão em conformidade
com o comportamento dos objetos, maneira de determinar o conhecimento
possível de mundo. Para a ética, que não será objeto deste trabalho, com apego ao
mundo inteligível e à deontologia, Kant também pretende o mesmo determinismo
com os chamados imperativos categóricos. Os fins dos objetos, dispensando as
anteriores explicações metafísicas, são fins em si mesmos. Uexküll, em uma virada
em relação ao antropocentrismo kantiano, enxerga no insight kantiano o caminho
para ultrapassar a apropriação de origem do pensamento mecanicista, que havia
impregnado as teorias evolucionistas. Considera a teoria dos esquemas, originada
em Kant, como teoria aplicável ao cérebro, assumindo que os centros nervosos
são ordenados na forma de esquema e são os verdadeiros responsáveis pelo
colhimento da forma nos animais superiores. Uexküll inova ao afirmar que eles
não são meramente operacionais, mas também materiais e, por isso, não mais
somente antropocêntricos. Ou seja, se em Kant essas são funções transcendentais
da consciência, para Uexküll, são redes de centros nervosos fisicamente existentes.
Segue-se que, para as espécies em geral, há a necessidade do fenômeno e a do
aparato para a significação. Dessa maneira, para ele, não existe alguma adaptação
dos animais a um mundo comum às várias espécies, assim como não existe uma
luta pela existência em geral. E há um plano de construção, ou uma organização
global do sistema animal-ambiente, plano que tem um status ontológico e não
meramente epistemológico. E o plano de construção, espécie específico, já afastada
a ideia mecanicista de um mundo semiótico comum, evidencia uma estabilidade,
entendida como uma integração teleológica que deriva do plano de construção,
afastando-se qualquer tipo de relativismo, mas com continuidade no espaço-
tempo, e que governa a inteira ecologia de uma espécie. Dessa maneira, com a
18º EIP [18th IMP] | 151

leitura da noção kantiana de esquema, há a confirmação, para Uexküll, de que,
na relação entre organismo e ambiente, há uma relação semiótico-denotativa,
mesmo na ausência de linguagem, podendo os objetos, em animais inferiores,
estarem dissolvidos em suas propriedades, em mero teatro de reações. E a
evolução, ao contrário de ser luta interespécie, faz com que a adaptação, como
correspondência ao ambiente, seja comunicativa e, portanto, um fenômeno
semiótico, de semiose ilimitada. Neste trabalho, a partir dos conceitos gerais aqui
mostrados, a reflexão permite comparar as similaridades entre Uexküll e Peirce,
como a origem comum kantiana, a teoria da continuidade e a do evolucionismo,
notadamente o reconhecimento antideterminista de semiose ilimitada.
THE KANTIAN APPROPRIATION BY UEXKÜLL: THE QUESTION OF DETERMINISM AND

SIMILARITIES WITH THE THOUGHT OF PEIRCE
Kant, while promoting what he called the new Copernican revolution, i.e., to consider
that the limits and the very possibility of knowledge revolve around the functionality of
human reason, has thoroughly, surpassed the old metaphysics.As per Kant, the human
attributes of perception and understanding would construct the objects, in logical
forms, from experience. The unification of the perception in propositions, in universal
primary condition for all the subjects, occurs with the requisition of the perception
of the phenomenon, that is, the possible experience and the fixation of the object’s
ends through the intrinsic and indwelling schemata to reason and transcendent to the
empirical world. Thus consciousness, going back to the empirical world, the origin of the
phenomenon, reconciling theory and practice, can answer whether the ends indicated
and contained in the propositions conform with the behavior of the objects, a way of
determining the possible knowledge of the world.As for ethics, which will not be the
subject of this work, with attachment to the intelligible world and deontology, Kant also
intends the same determinism with the so-called categorical imperatives. The ends of
objects, dismissing earlier metaphysical explanations, are noumenon. Uexküll, in a turning
of Kantian anthropocentrism, sees in Kantian insight the way to overcome the original
appropriation of the mechanistic thinking that had permeated evolutionary theories. He
regards schema theory, originating in Kant, as theory applicable to the brain, by assuming
that nerve centers are ordered in schematic form and are the real responsible for the
gathering of form in superior animals. Uexküll innovates by asserting that they are not
merely operational, but also material, and therefore not merely anthropocentric. In
other words, as per Kant, these are transcendental functions of consciousness, according
to Uexküll, they are networks of physically existing nerve centers. It follows that, for
species in general, there is a need for the phenomenon and that of the apparatus for
signification. Thus, for him, there is no adaptation of animals to a world familiar to
various species, just as there is no struggle for existence in general. Moreover, there is a
construction plan, or a global organization of the animal-environment system, a plan that
152 | 18º EIP [18th IMP]

has an ontological and not merely epistemological status. Along with the construction
plan, specific species already removed the mechanistic idea of an ordinary semiotic
world, evinces stability, understood as a teleological integration that derives from the
construction plan, notwithstanding any relativism, but with continuity in the space-time,
and that governs the entire ecology of a species. Hence, with the reading of the Kantian
notion of schema, there is the confirmation, for Uexküll, that in the relation between
organism and environment there is a semiotic-denotative relation, even in the absence
of language, allowing the objects, in inferior animals, be dissolved in their properties, in
mere theater of reactions. So, evolution, as opposed to being an interspecies struggle,
causes adaptation, as a correspondence to the environment, to be communicative, and
therefore a semiotic phenomenon, of unlimited semiosis.In this work, from the general
concepts presented here, the reflection allows comparing the similarities between Uexküll
and Peirce, such as the Kantian common origin, the theory of continuity and evolutionism,
notably the anti-deterministic recognition of unlimited semiosis.
ZIGER, Laise; VIEIRA, Fabio D.

(Unochapecó – Brasil)
A INFLUÊNCIA DA MODA NO AMBIENTE ESCOLAR: POSSÍVEIS INTERPRETAÇÕES

E SIGNIFICADOS NA RELAÇÃO MODA E EDUCAÇÃO À LUZ DA SEMIÓTICA DE
CHARLES SANDERS PEIRCE
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise dos signos presentes na
moda dentro do ambiente escolar, compreendendo de que forma ela é percebida,
estabelecendo possíveis caracterizações de exclusão, identificação e inclusão.
Para que esse entendimento ocorra é necessário compreender como se dá a
comunicação nesses locais, em suas diversas formas, através da observação e
interpretação dos signos pela Semiótica Peirceana. O espaço escolar é um dos
vários espaços em que se desenvolve a construção do indivíduo, onde os jovens/
adolescentes procuram definir uma identidade, se integrar em determinados
grupos, e tudo se dá através das interações sociais lá vivenciadas. Essas interações
ocorrem através do comportamento e da identificação de cada sujeito, visto que,
cada ser é portador de inúmeros signos que facilitam a relação entre eles. O corpo
comunica desta forma a vestimenta, o adorno, tudo são linguagens, e a moda
proporciona a existência dessa comunicação para que existam esses signos. Diante
dessas possíveis relações existentes no ambiente escolar, procurou-se compreender
de que forma a moda pode ser uma mediadora que influencia nesses locais através
do vestuário e afins. Como elemento da metodologia, e para coerência desta análise,
foi necessária a aplicação de entrevistas e observação através de um diário de campo
utilizando a Semiótica de Charles Sanders Peirce. O estudo foi realizado em uma
escola pública, onde o uso de uniformes é opcional e em uma escola privada, onde
18º EIP [18th IMP] | 153

o uso do uniforme é obrigatório. Evidenciou-se que os estudantes demonstraram
uma uniformização independentemente de utilizar o uniforme escolar ou não. Pois
os elementos utilizados pelos estudantes em ambas as escolas seguem um mesmo
padrão. A maioria dos estudantes entende a necessidade da utilização do uniforme,
porém quando a escola oferece essa opção os estudantes não fazem uso do mesmo.
Presume-se neste caso que os estudantes não gostam da estética ou preferem fazer
uso da liberdade que lhes é dada a partir da não obrigatoriedade do uniforme e, no
caso da escola privada, os alunos se moldam a partir do padrão imposto. Diante
disso, a maioria consegue sentir-se livre utilizando de pequenos detalhes como
o uso de acessórios. Foi possível observar as diferentes formas de comunicação,
através do estudo e interpretações dos signos da moda presentes nos locais onde a
análise foi realizada. A partir da exploração desses dados foi possível compreender
de que forma os estudantes se individualizam entre si com o uso de acessórios,
ou estampas (na escola pública), e também se sentem pertencentes a um setor
coletivo através das mochilas da mesma marca ou do calçado que utilizam. Além
disso, foi possível compreender de que forma os alunos percebem a utilização do
uniforme e seu uso (ou não). Assim, evidenciou-se que os alunos demonstraram
entender a importância do mesmo, em sua maioria, porém quando a liberdade
lhes é dada, preferem não fazem o uso, o que não ocorre com os estudantes onde
a utilização deste é obrigatória em que a maioria aprova a utilização do uniforme.
Enfim, perceber como esses fenômenos sociais ocorrem é de extrema relevância,
pois é nesse espaço que ocorre à construção de relações sociais, e a moda se
apresenta fundamental na constituição dos processos de comunicação entre esses
jovens. É importante ressaltar que a escola não pode ignorar essa comunicação,
pois dessa forma os estudantes podem contribuir na estruturação coletiva e
não apenas cumprir regras impostas. Por fim, compreende-se que esse espaço
deva permitir a construção da sociabilidade, das identidades, proporcionar um
sentimento de pertencimento, respeito ao próximo e de liberdade de expressão,
onde a moda pode se caracterizar como um elemento importante nos processos
que são inerentes a constituição dos indivíduos.
THE INFLUENCE OF FASHION IN THE SCHOOL ENVIRONMENT: POSSIBLE INTERPRETATIONS

AND MEANINGS IN THE RELATION FASHION AND EDUCATION IN THE LIGHT OF THE
SEMIOTICS OF CHARLES SANDERS PEIRCE
This work aims to present an analysis of the signs present in fashion within the school
environment, understanding how it is perceived, establishing possible characterizations
of exclusion, identification and inclusion. For this understanding to occur it is necessary
to understand how communication occurs in these places, in their various forms, through
the observation and interpretation of the signs by peircean semiotics. The school space
is one of several spaces where the construction of the individual is developed, where
154 | 18º EIP [18th IMP]

the young people / adolescents seek to define an identity, to integrate in certain
groups, and everything happens through the social interactions there experienced.
These interactions occur through the behavior and identification of each subject, since
each being is the bearer of innumerable signs that facilitate the relationship between
them. The body communicates in this way the dress, the adornment, all are languages,
and the fashion provides the existence of this communication so that there are these
signs. Faced with these possible relationships in the school environment, we sought
to understand how fashion can be a mediator that influences these places through
clothing and the like. As an element of the methodology, and for the coherence of this
analysis, it was necessary to apply interviews and observation through a field diary
using the semiotics of Charles Sanders Peirce. The study was conducted in a public
school where the use of uniforms is optional and in a private school where uniform
wear is mandatory. It was evidenced that the students demonstrated a uniformity
regardless of whether to wear the school uniform or not. For the elements used by
the students in both schools follow the same pattern. Most students understand the
need to wear a uniform, but when the school offers this option, students do not make
use of it. It is presumed in this case that students do not like aesthetics or prefer to
make use of the freedom given to them from the non-compulsory uniform and, in the
case of the private school, students shape themselves from the imposed standard.
Given this, most can feel free using small details such as the use of accessories. It
was possible to observe the different forms of communication, through the study
and interpretations of the fashion signs present in the places where the analysis was
performed. From the exploration of these data it was possible to understand how the
students identify each other with the use of accessories, or prints (in the public school),
and also feel belonging to a collective sector through the backpacks of the same brand
or footwear that they use. In addition, it was possible to understand how students
perceive the use of the uniform and its use (or not). Thus, it was evidenced that the
students demonstrated to understand the importance of the same, in the majority,
however when the freedom is given to them, they prefer not to make use, which does
not occur with the students where the use of this is obligatory in which the majority
approve the use of the uniform. Finally, to understand how these social phenomena
occur is extremely relevant, because it is in this space that occurs to the construction
of social relations, and fashion is fundamental in the constitution of communication
processes among these young people. It is important to emphasize that the school
can not ignore this communication, because in this way the students can contribute
in the collective structuring and not only fulfill imposed rules. Finally, it is understood
that this space should permit the construction of sociability, of identities, of providing
a sense of belonging, respect for others and freedom of expression, where fashion
can be characterized as an important element in the processes that are inherent to
constitution of individuals.
18º EIP [18th IMP] | 155

RESUMOS DOS PÔSTERES
[POSTERS ABSTRACTS]
ACTIS, M.; CAMPEOTTO, F.; VIALE, C. M.
(UNLaR, CONICET - UCC, UNC, Argentina)
MUSEUM EDUCATION: A NEW EDUCATIVE APPROACH BASED ON THE INTEGRATION

BETWEEN SCHOOL CLASSROOM AND VISUAL ARTS MUSEUM
The aim of this poster is to present a project of investigation in education, made up
of a theoretical part and an empirical one. The object of analysis is the articulation
between primary school classroom and visual arts museum (formal environment
and spontaneous environment) within artistic/aesthetic education, with the
purpose to improve the citizenship training of students in a democratic context.
The theoretical frame is the pragmatism of John Dewey (1859-1952), his aesthetic
theories (mainly his museum’s conception) and his philosophy of education (the
concepts of experience, learning by doing, etc.). According to Dewey’s approach,
recently followed by scholars such as M.C. Nussbaum and G. E. Hien, art education
is a vital element for the development of the democratic habits of students, since
an active and direct involvement with the arts enhance their capabilities to search
for meanings and values indispensable for a democratic society. Our hypothesis is
that the museum can represent the ideal space where to get a complete aesthetic
education, based on Dewey’s issue of aesthetic experience, from the one side, and
the place to develop democratic skills through the values conveyed by the works
of art, from the other. To verify our hypothesis we will work empirically with three
different primary schools and three different museums of visual arts of the city of
Córdoba (Argentina). The fieldwork will be divided in two distinct parts: a qualitative
one (participant observation and ethnographic interviews); a quantitative one
(questionnaires to submit to teachers and students).
EDUCAÇÃO EM MUSEUS: UMA NOVA ABORDAGEM EDUCATIVA BASEADA NA

INTEGRAÇÃO DA SALA DE AULA E O MUSEU DE ARTES VISUAIS
O objetivo deste pôster é apresentar um projeto de investigação em educação,
formado de uma parte teórica e uma empírica. O objeto da análise é a articulação
entre a sala de aula do fundamental e o museu de artes visuais (ambiente formal e
ambiente espontâneo) no âmbito da educação artística/estética, com o propósito
de melhorar a formação da cidadania dos alunos num contexto democrático. O
referencial teórico é o pragmatismo de John Dewey (1859-1952), suas teorias
estéticas (principalmente sua concepção de museu) e sua filosofia da educação
(os conceitos de experiência, aprender fazendo, etc.). Segundo a abordagem de
Dewey, seguido recentemente por estudiosos tais como M.C. Nussbaum e G.E.
Hien, a educação artística é um elemento vital para o desenvolvimento dos hábitos
democráticos dos alunos, já que um envolvimento ativo e direto com as artes
aumenta sua capacidade de buscar sentidos e valores indispensáveis para uma
18º EIP [18th IMP] | 159

sociedade democrática. Nossa hipótese é que o museu pode representar o espaço
ideal onde se pode obter uma educação estética completa, baseada no conceito de
Dewey de experiência estética, por um lado, e o lugar onde se podem desenvolver
habilidades democráticas através dos valores passados pelas obras de arte, por
outro lado. Para verificar nossa hipótese, trabalharemos empiricamente com
três diferentes escolas de ensino fundamental e três diferentes museus de artes
visuais da cidade de Córdoba (Argentina). O trabalho de campo será dividido em
duas partes distintas: uma qualitativa (observação dos participantes e entrevistas
etnográficas); a outra quantitativa (questionários para professores e para alunos).
ANDRADE, Leonardo F. C. de
(UNESP – Marília)
AS CATEGORIAS FENOMENOLÓGICAS E O CONCEITO PRAGMÁTICO DE MENTE

EM PEIRCE
Charles Sanders Peirce foi um filósofo com uma ampla gama de estudos em
diversas áreas do conhecimento, suas contribuições geraram grande impacto
em áreas como a lógica, matemática, lingüística, biologia, fisiologia e psicologia.
A metafísica de sua teoria fortemente baseada no sinequismo, sendo esta uma
palavra grega que significa continuidade, também reservando um lugar especial para
sua relação com o tiquismo ou acaso absoluto, teve como fundamento a rejeição
de Peirce às explicações mecanicistas e deterministas, principalmente quando
aplicadas às suas categorias fenomenológicas. As categorias fenomenológicas
peirceanas são parte fundamental de sua teoria, estas são concebidas como três
modos pelos quais os fenômenos se apresentam à consciência, porém deve ser
alertado que tais categorias não devem ser compreendidas como entidades
mentais, mas sim como modos de operação do pensamento-signo que são
processados na mente. A divisão de suas categorias fenomenológicas se dá da
seguinte maneira: a primeiridade concebida como puro acaso, pura qualidade
de ser e sentir, mas impossível de se ter uma compreensão racional dela, uma
vez que sendo uma qualidade sentida também é paradoxalmente oculta ao
pensamento, já que para pensar precisamos de tempo e é o próprio deslocamento
temporal que nos coloca fora do sentimento assim que o intentamos capturar; a
secundidade, por outro lado, é a existência forte, a reação do mundo externo à
nossa consciência, é a resistência das outras formas de existência à nossa própria
vontade; por fim, a terceira e última categoria é conhecida com terceiridade e é
concebida como a capacidade de síntese intelectual das outras duas categorias,
possibilitando uma consciência inteligível, transformando pensamentos em signos
que nos permitem representar e interpretar o mundo de maneira genérica. Sendo
a metafísica uma ciência considerada primeira na estrutura filosófica peirceana
160 | 18º EIP [18th IMP]

investigando a natureza objetiva do mundo, ao mesmo tempo em que a lógica ou
semiótica sendo a ciência anterior à metafísica na investigação do pensamento,
nos permite conceber que para peirce há uma diferença entre o pensamento e o
mundo, porém tal diferença é concebida enquanto uma diferença de grau e não
de espécie. Apresentado um apanhado geral dos tópicos intentados percorrer
dentro do sistema filosófico peirceano, cabe agora a apresentação dos objetivos
almejados com a exposição deste trabalho. O primeiro objetivo intentado é a
elucidação das relações entre a metafísica sinequista de peirce e as suas categorias
fenomenológicas e como esta reação pode auxiliar no esclarecimento da estrutura
da vida mental. O segundo objetivo é apresentar as contribuições que a noção de
mente pragmática peirceana apresenta ao desenvolvimento das ciências especiais
como a psicologia.
THE PHENOMENOLOGICAL CATEGORIES AND THE PRAGMATIC CONCEPT OF MIND IN

PEIRCE
Charles Sanders Peirce was a philosopher with a wide range of study in several areas
of knowledge, his contributions have generated great impact in areas such as Logic,
Mathematics, Linguistics, Biology, Physiology and Psychology. The metaphysics of his
theory strongly based on synechism, being a Greek word that means continuity, also
reserving a special place for its relation with Tychism or absolute chance, was based
on Peirce’s rejection of the mechanistic and deterministic explanations, especially
when applied their phenomenological categories. Peircean phenomenological
categories are a fundamental part of their theory, they are conceived as three modes
by which phenomena present themselves to consciousness, but it should be pointed
out that such categories should not be understood as mental entities, but rather as
modes of operation of thought-sign that are processed in the mind. The division of
its phenomenological categories occurs in the following way, the firstness conceived
as pure chance, pure quality of being and feeling, but impossible to have a rational
understanding of it, since being a felt quality is also paradoxically hidden from
thought, since to think we need time and it is the temporal shift itself that puts us
out of the feeling as we try to capture it, the secondness on the other hand is the
strong existence, the reaction of the world outside our consciousness, is the resistance
of the other forms of existence to our own will, finally the third and last category
is known as thirdness and is conceived as the capacity for intellectual synthesis
of the other two categories, enabling an intelligible consciousness, transforming
thoughts into signs that allows us to represent and interpret the world in a generic
way. Since metaphysics is a science first considered in the Peircean philosophical
structure investigating the objective nature of the world, while logic or semiotics
being the previous science of metaphysics in the investigation of thought, allows us
to conceive that for Peirce there is a difference between thought and the world, but
18º EIP [18th IMP] | 161

such difference is conceived as a difference of degree and not of kind. Presented a
general overview of the topics attempted to cross within the Peircean philosophical
system, it is now the presentation of the objectives sought with the exhibition of
this work. The first objective is the elucidation of the relations between Peirce’s
synechist metaphysics and its phenomenological categories and how this reaction
can aid in the clarification of the structure of mental life. The second objective is to
present to the contributions that the notion of pragmatic Peircean mind presents
to the development of special sciences like Psychology.
ANTONIO, Daphne M. B.; FURLAN, Bruna M.

(UNESP – FFC – Marília, Brasil)
ABDUÇÃO E FIXAÇÃO DE CRENÇAS NA ERA DOS BIG DATA

Com a presente pesquisa, buscamos investigar as noções de abdução e de fixação
de crenças segundo C. S. Peirce, bem como as influências das tecnologias e do
espaço virtual nesses processos. Para direcionar o estudo, levantamos a seguinte
questão: “Quais as possíveis mudanças que os Big Data podem promover na
constituição de crenças?”. Para abordar o tema, utilizamos as obras de Peirce
(1887; 1983) na elucidação dos conceitos de fixação de crenças, e aplicamos o
método da abdução como forma de investigação, considerando a natureza da
crença a partir da análise lógica do juízo (PEIRCE, 1983). A Abdução é a parte
da lógica sugerida por Peirce (1983) para tratar daquilo que o objeto pode ser a
partir de sua percepção até a sua influência na ação, em um processo contínuo de
inferências; distinto dos métodos de dedução e indução, os quais respectivamente
tratam do que se deve ser e de definições operatórias sobre o objeto. Com a noção
de fixação de crenças (1887), Peirce busca tratar das formas da constituição da
conduta de um agente. O processo de fixação de crenças é classificado em quatro
categorias: a tenacidade, a autoridade, o científico e o a priori. Segundo Gonzalez,
Silveira e Souza (2018), podemos observar novas formas de manifestações desses
processos de fixação de crenças através do meio virtual e a hipótese que tal
mudança pode influenciar as crenças e, por conseguinte, as ações dos agentes. O
meio virtual, ou ciberespaço, pode ser dividido em dois momentos: a web 1.0 e a
web 2.0 (O’REILLY, 2005 apud MEISTER, 2014). Na web 1.0, as conexões eram
limitadas aos links, por exemplo: para acessar uma página específica dever-se-ia
saber seu endereço virtual. Com a web 2.0, desenvolveu-se a rede que possibilitou
a ligação entre os conteúdos flutuantes do ciberespaço, abrangendo dados
estruturados e não estruturados. Esses dados são obtidos de diversas maneiras:
pelas redes sociais, transações financeiras (cartões de crédito, compras online),
etc. O Big Data pode ser descrito como um fenômeno e uma área de pesquisa:
fenômeno de aumento significativo do volume de dados, bem como da velocidade
162 | 18º EIP [18th IMP]

e da variedade no tratamento destes dados; e área de pesquisa das formas de
mineração, coleta e análise desse grande aglomerado de dados. O viés elencado
para a presente reflexão é do direcionamento da informação que chega ao agente
(ou usuário) pelo uso de técnicas de análise dos Big Data e como tal direcionamento
age na percepção dos agentes. Pela abdução, buscamos descortinar o que se pode
extrair de tal seleção de dados para a fixação de crenças dos agentes, assim como
qual caráter estes dados podem ter, e qual seu papel de guia na ação.
ABDUCTION AND FIXATION OF BELIEFS IN THE BIG DATA ERA

With the present research, we seek to investigate the notions of abduction and
belief fixation according to C. S. Peirce as well as the influences of technologies and
virtual space in these processes. In order to direct the study, we raise the following
question: “What are the possible changes that Big Data promotes in the constitution
of beliefs?”. In order to approach the subject, we use Peirce’s works (1887; 1983)
to elucidate the concepts of belief-fixing and apply the abduction method as a form
of investigation, considering the nature of the belief from the logical analysis of
judgment (PEIRCE, 1983). Abduction is a part of the logic suggested by Peirce (1983)
to deal with what the object can be from its perception to its influence in action,
in a continuous process of inference; distinct from the methods of deduction and
induction, which respectively, deal with what should be and operational definitions
about the object. With the notion of belief fixation (1887), Peirce seeks to discuss
the forms of the constitution of the conduct of an agent. The process of establishing
beliefs is classified into four categories: tenacity, authority, scientific and a priori.
According to Gonzalez, Silveira e Souza (2018), we can observe new forms of
manifestations from these processes of fixation of beliefs through the virtual medium
and the hypothesis that such a change can influence the beliefs and, therefore, the
actions of the agents. The virtual medium, or, cyberspace, can be divided into two
moments: web 1.0 and web 2.0 (O’REILLY, 2005 apud MEISTER, 2014). In web 1.0
the connections were limited to the links, for example: to access a specific page
one had to know its virtual address. With web 2.0, was developed the network that
allowed the connection between the floating contents of cyberspace, encompassing
structured and unstructured data. These data are obtained in several ways: through
social networks, financial transactions (credit cards, online purchases), etc. The
Big Data can be described as a phenomenon and a research area: phenomenon of
significant increase in data volume, as well as speed and of variety in the treatment
of these data; and research area of mining forms, collection and analysis of this large
cluster of data. The view for the present reflection is the direction of the information
that arrives at the agent (or user) by the use of Big Data analysis techniques and
how this directing acts on the agents’ perception. By abduction we seek to uncover
18º EIP [18th IMP] | 163

what can be drawn from such selection of data for the fixation of agents’ beliefs,
as well as what character this data can have, and what role of guide the action.
ASSELLE, N.; CAMPEOTTO, F.; VIALE, C. M.

(UNLaR-CONICET - UCC - UNC, Argentina)
THE EDUCATIVE EXPERIENCE IN A TECHNICAL HIGH SCHOOL IN CÓRDOBA (ARGENTINA):

AN ETHNOGRAPHIC ANALYSIS FROM THE PRAGMATISM OF JOHN DEWEY
The purpose of the poster is to present the first results of this line of research.
The object of analysis is the duality of the pedagogical experience in technical
education. The theoretical framework is the pragmatism of John Dewey (1859-
1952), (mainly its pedagogy and philosophy of education) in which the concepts
of experience, interest and sense of education are reconstructed as a frame of
interpretation for the data collected from the field work. The study consists in
an ethnographic research (interviews and participant observations) carried out
in a secondary technical school in Cordoba (Argentina). Regarding the object of
analysis, the central nucleus to be highlighted lies in the typical tensions between
two learning spaces that are constitutive of technical schools: on the one hand, the
classroom as a spatial unit of the modern school format and, on the other hand, the
workshop as an area of technical training. Students who attend these institutions
spend their school lives between these two spaces. As a hypothesis, it is postulated
that students bring different skills into play and they relate and develop in different
ways in the classroom and in the workshop. Therefore, these spaces imply dissimilar
educative experiences in relation to technical knowledge. From the aforementioned,
it is interesting to investigate the different educative experiences in relation to the
technical knowledge that the students build in the classroom and in the workshop.
In this way, the educative experience, the interest and the sense of what is learned-
taught are assumed as key concepts of Dewey’s pragmatism to understand and
make contributions to the field of technical education.
A EXPERIÊNCIA EDUCATIVA NUMA ESCOLA TÉCNICA DE ENSINO MÉDIO

EM CÓRDOBA (ARGENTINA): UMA ANÁLISE ETNOGRÁFICA ATRAVÉS DO
PRAGMATISMO DE JOHN DEWEY
O propósito deste pôster é apresentar os primeiros resultados dessa linha de
pesquisa. O objeto da análise é a dualidade da experiência pedagógica na educação
técnica. O enquadramento teórico é o pragmatismo de John Dewey (1859-1952),
(principalmente sua pedagogia e filosofia da educação) no qual os conceitos de
experiência, interesse e senso de educação são reconstruídos como quadro
de interpretação para os dados colhidos pelo trabalho em campo. Este estudo
164 | 18º EIP [18th IMP]

consiste em uma pesquisa etnográfica (entrevistas e observações dos participantes)
realizados numa escola técnica de ensino médio em Córdoba (Argentina). A
respeito do objeto da análise, o núcleo central a ser destacado está nas tensões
típicas entre os dois espaços de aprendizado que são constitutivos de escolas
técnicas: por um lado, a sala de aula como uma unidade espacial do formato
da escola moderna e, por outro lado, a oficina como uma área de treinamento
técnico. Alunos que frequentam essas instituições passam suas vidas escolares
entre esses dois espaços. Como hipótese, é postulado que os alunos colocam
em jogo habilidades diferentes e que eles se relacionam e se desenvolvem de
maneiras diferentes na sala de aula e na oficina. Portanto, esses espaços implicam
experiências educativas heterogêneas em relação ao conhecimento técnico. A
partir do que foi exposto, é interessante investigar as diferentes experiências
educativas em relação ao conhecimento técnico que os alunos constroem na
sala de aula e na oficina. Desta maneira, a experiência educativa, o interesse e
o senso do que é aprendido-ensinado são assumidos como conceitos-chave do
pragmatismo de Dewey para compreender e fazer contribuições ao campo da
educação técnica.
BROENS, Mariana C.; SILVA, Camila da C.

(FFC UNESP – Marília, Brasil)
HÁBITOS VIRTUAIS E CONDUTA MORAL: UM ESTUDO PRAGMATICISTA

Segundo Manuel Castells (2010), diversas tendências estruturadoras podem ser
observadas nas sociedades humanas, dentre as quais ele destaca a organização
em rede, uma vez que dimensões significativas da organização e prática sociais
são feitas através de redes desde a antiguidade. Atualmente, na sociedade em que
estamos inseridos, a organização em rede é mediada por dispositivos mecânicos
da computação ubíqua e as plataformas de redes digitais. Tais tecnologias
permitem que as redes sociais e organizacionais se expandam e se reconfigurem
de muitas maneiras distintas, sem os mesmos limites entre fronteiras, nações
e estados, criando espaços virtuais de interação e propiciando o surgimento
de novos hábitos de conduta para os seres humanos. Partindo do suposto de
que estamos inseridos nessa era de interações digitais em rede, e observando
que muitas pessoas, principalmente os mais jovens, mantêm a maioria de seus
contatos e de suas amizades de maneira virtual através de redes sociais digitais,
este trabalho tem como objetivo investigar as possíveis contribuições do conceito
de hábito proposto por Charles S. Peirce para compreender os impactos das
tecnologias digitais especialmente nos hábitos relacionados à conduta moral.
Na perspectiva do pragmaticismo peirceano, o hábito pode ser considerado um
“princípio geral” (CP 2.170), uma “regra ativa” (CP 2.643), ou uma tendência
18º EIP [18th IMP] | 165

“para comportar-se de forma similar sob circunstâncias similares no futuro”
(CP 5.487). A questão que iremos analisar diz respeito à possível propensão de
transferir hábitos de conduta moral adquiridos nas interações dos usuários nas
redes virtuais (nas quais não há restrições para a conduta moral inadequada ou
as restrições são menos efetivas ou são até festejadas e incentivadas por outros
usuários) para as interações das redes sociais tradicionais. Entendemos que
este estudo se faz necessário especialmente devido à crescente proliferação de
hábitos de conduta violenta e intimidatória que têm proliferado nas interações
mediadas pelas tecnologias digitais, cuja generalização nas interações tradicionais
pode acarretar sérias implicações sociais.
VIRTUAL HABITS AND MORAL CONDUCT: A PRAGMATICIST STUDY

According to Manuel Castells (2010), several structuring tendencies can be observed
in human societies, among which he highlights network organization, since significant
dimensions of social organization are made through networks since antiquity.
Nowadays, in the society in which we are inserted, the network organization is
mediated by mechanical devices of ubiquitous computing and the platforms of digital
social networks. Such technologies allow human social and organizational networks
to expand and reconfigure in many different ways, without the same limitations
between boundaries, nations and states, creating virtual spaces of interaction and
fostering the emergence of new habits of conduct for human beings. Based on the
assumption that we are embedded in this era of digital network interactions, and
noting that many people, especially the younger ones, retain most of their contacts
and their friendships through digital social networks, this work aims to investigate
the possible contributions of the concept of habit proposed by Charles S. Peirce to
understand the impacts of digital technologies on habits related to moral conduct.
From the perspective of Peircean pragmaticism, habit can be considered a “general
principle” (CP 2.170), an “active rule” (CP 2.643), or a ““tendency to behave in a
similar way under similar circumstances in the future” (CP 5.487 ). The issue we
are discussing concerns the possible propensity to transfer moral behavioral habits
acquired in users’ interactions in virtual networks (in which there are no restrictions
on inappropriate moral conduct or restrictions are less effective or are even celebrated
and encouraged by other users) for the interactions of traditional social networks.
We believe that this study is necessary especially because of the growing proliferation
of violent and intimidating behavior habits that have propagated in the interactions
mediated by digital technologies, whose generalization in the traditional interactions
may have serious social implications.
166 | 18º EIP [18th IMP]

DUCATTI, Gabriel Engel
(UNESP - FFC - Marília, Brasil)
AÇÃO SOCIAL E O CONCEITO DE VERDADE: CONSIDERAÇÕES PEIRCEANAS

Discussões acerca do conceito de verdade influenciaram não somente a história
do pensamento filosófico, desde os gregos antigos até as teorias pós-modernas,
p. ex., mas também influenciaram o próprio desenvolvimento social. Partindo da
perspectiva contemporânea, a sociedade tem a capacidade e a liberdade de olhar
para tempos passados, como os tempos medievais ou até modernos, e perceber
como seus pensadores e estudiosos moldaram suas concepções de verdade
estritamente conectadas com o dogmatismo, como, p.ex., a religião e uma ingênua
e prematura visão de ciência. Entretanto, por estar-se no tempo presente, não
se tem a possibilidade de tal “olhar futurístico” para compreender os problemas
do século 21. Neste século, apesar de todo o progresso tecnológico, científico
e moral, parece que cada vez mais a ação social vai desconfiando, duvidando e
negando, não de um modo construtivo e sem novas evidências, diversos consensos
científicos – como sobre o aquecimento global, vacinação e até sobre a natureza
esférica da Terra; e como consequência a conduta social humana vai mudando.
Na contemporaneidade, com o acesso imediato a uma torrente de informações,
notícias, diferentes visões de mundo e grupos que corroboram suas visões de
mundo, a relação entre a ação social e individual com a noção de o que é verdade
está sendo reexaminada. Entendemos que o pragmatismo peirceano, como um
método lógico-cientifico de elucidação de problemas, definindo conceitos a
partir das consequências práticas concebíveis sobre a conduta, pode oferecer um
modo fértil de análise da situação contemporânea, evitando tendências ingênuas
e dogmáticas. Argumentamos que pragmatismo peirceano pode colaborar na
compreensão do atual contexto, visto que a ação social parece modificar hábitos
mais em prol de aspectos individuais e emocionais do que baseados em evidências
factuais. Considerando os hábitos como crenças consolidadas, e crenças como
disposições para ação, o pragmatismo caracteriza a mente com uma vivacidade
que tende a adquirir hábitos, reconhecendo a novidade na experiência sempre
contínua na natureza, o que influência diretamente a conduta. A verdade é
entendida por Peirce como sinônimo de opinião final buscada seriamente por
uma comunidade interessada. Entretanto, perdida a noção de correspondência
entre uma previsão intelectual e o curso dos fatos, a formação das crenças, e,
portanto, a formação das regras de ação, não mais se direcionariam à verdade,
que é falível mas fundamental no pensamento do autor. Inspirados no pragmatismo
peirceano, este trabalho tem como objetivo traçar considerações sobre eventuais
consequências, no plano da conduta, da desconfiança crescente da ação social para
com os fatos do mundo, e da tendência também crescente de vincular a noção
18º EIP [18th IMP] | 167

de verdade à aspectos puramente emocionais e individuais dos seres-humanos.
Entendemos ser relevante este tipo de análise não só pela riqueza e atualidade de
pensamento que o pragmatismo proporciona, mas também pela necessidade de
compreensão de consequências práticas da aparente tendência contemporânea
em se negar evidências e alguns consensos científicos.
SOCIAL ACTION AND THE CONCEPT OF TRUTH: PEIRCEAN CONSIDERATIONS

Discussions concerning the concept of truth influenced not only the history of
philosophical thinking, from the ancient Greeks to postmodern theories e.g., but also
influenced the social development itself. Starting from a contemporary perspective,
society has the ability and freedom to look to the old days, like the medieval times
or even the modern times, and see how the thinkers or scholars shaped their
conceptions of truth strictly connected to dogmatism, e.g. religion and a naive and
premature vision of science. However, because it is the present, one does not have
the possibility of this “futuristic look” to understand the problems of 21st century.
In this century, despite technological, scientific and moral progress, it seems that
more and more social action goes distrustful, doubting and denying, not in a good
way and without a new evidence, various scientific consensus – like about global
warming, vaccines and about the spherical nature of Earth; and consequently, human
social conduct is changing. In contemporary time, with the immediate access to a
torrent of information, news, different worldviews or even groups that corroborate
worldviews, the relation between social and individual action with the notion that
what is true is being reexamined. We understand that Peirce’s Pragmatism, as a
logic-scientific method of elucidating pseudo-problems defining concepts from the
conceivable practical consequences on the conduct, can provide a fruitful way to
analyze this contemporary situation, preventing from naïve and dogmatic tendencies.
We argue that Peirce’s pragmatism can cooperate in understanding the current
context in which social action seems to modify habits more in favor of individual and
emotional aspects than based on factual evidence. Considering habits as consolidated
beliefs, and beliefs as a disposition to action, pragmatism characterizes the mind with
liveness that tends to acquire habits recognizing novelty in continuous experience
in nature, which directly influences the conduct. The truth is understood, by Peirce,
as a synonymous of final opinion seriously researched by an interested community.
However, abandoned the notion of correspondence between an intellectual prediction
and the course of facts, the fixation of beliefs and therefore the formation of rules
of action no longer are direct to the truth, which is fallible but fundamental in the
author’s thought. Inspired by Peircean pragmatism, this study aims to trace some
considerations about possible consequences, at the level of conduct, of growing
distrust of social action to the facts of the world, and of the growing tendency to link
168 | 18º EIP [18th IMP]

the notion of truth to an individual and emotional aspect of humans. We understand
that this analysis is relevant not only for the richness of thinking that pragmatism
provides but also by the necessity of understanding the practical consequences of
this apparent current tendency in denying evidence and some scientific consensus.
ELEUTERIO, Felipe; BROENS, Mariana Claudia

(UNESP-Marília - Brasil/ FAPESP/CNPq – nº. 2018/06147-7)
COMPUTAÇÃO VESTÍVEL E PESSOALIDADE: UMA ABORDAGEM PRAGMÁTICA DO

CONCEITO DE PRIVACIDADE
Temos por objetivo analisar a relação existente entre as noções de pessoalidade
e privacidade a fim de investigarmos de que forma o uso frequente das
tecnologias da computação vestível no contexto das interações interpessoais
cotidianas poderia influenciar no processo de constituição da identidade das
pessoas. Utilizamos uma abordagem inspirada no que considera Dewey (1939)
como sendo uma investigação filosófica por excelência, tal como desenvolve
Solove (2002) em “Conceptualizing Privacy”, ao dizer que uma abordagem
pragmática do conceito de privacidade não deveria começar com a tentativa de
clarificar a noção abstratamente, mas buscando entender o conceito focalizando
circunstâncias da vida sociocultural concreta, priorizando o dinamismo em
detrimento de princípios a priori, gerais e fixos. Levando isso em conta, em um
primeiro momento, analisaremos a justificativa de Rachels (1975) com relação
à relevância da privacidade na vida comum e, em um segundo momento,
trataremos da proposta alternativa de Reiman (1976), em que associa a noção
de privacidade à noção de pessoa. Segundo Rachels (1975), o direito das
pessoas à privacidade tem como base o poder das pessoas em limitar o acesso
a informações a respeito do próprio corpo por terceiros, independentemente
se tais informações serão usadas em detrimento delas ou não. Para Rachels
(1975), controlando o quanto revelam a respeito de si mesmas aos demais, as
pessoas são capazes de diferenciar entre variados tipos de relações interpessoais
que estabelecem entre si, desde relações de amizade até profissionais. No
entanto, essa concepção pode parecer muito formal, como defende Reiman
(1976), como se as relações de intimidade se constituíssem pela quantidade de
informação que é inacessível para os não envolvidos, como se a amizade, por
exemplo, fosse uma questão de exclusividade e necessidade lógica. Para Reiman
(1976), mesmo que alguém descubra dados pessoais de um desconhecido,
isso obviamente não significa que mantenham uma relação pessoal. Reiman
(1976) afirma, por sua vez, que a base para o direito à privacidade reside no
princípio do respeito às pessoas, seres capazes de escolha, no sentido de que
a espionagem maliciosa, por exemplo, transforma as condições nas quais uma
18º EIP [18th IMP] | 169

pessoa escolhe e age habitualmente. Para Reiman (1976), a privacidade é um
ritual social a partir do qual é concedido um atributo moral a alguém. Nesse
sentido, considerando que a identidade de uma pessoa é constituída nas
relações que estabelece com os demais em sociedade, isso significa dizer que,
no cotidiano, quando alguém senta diante dos seus amigos, sabe que seu corpo
é seu a partir de uma perspectiva de primeira pessoa porque, diferentemente
de qualquer outro corpo presente, acredita - e seus amigos agem e continuam
agindo como se também acreditassem - que tem o direito de fazer com seu corpo
o que quiser. Em outras palavras, tratam a pessoa de acordo com o ritual social
da privacidade. Nesse sentido, levando em conta essas noções, abordaremos o
que Mann (1998) considera a respeito dos dispositivos da computação vestível,
que promoverão maior controle às pessoas com relação às informações que
divulgam a terceiros a respeito de si mesmas, protegendo-as de invasões à
privacidade, assim como o vestuário tradicional parece ter protegido a intimidade
das pessoas. Segundo Mann (1998), a computação vestível (como óculos,
pulseiras e anéis inteligentes com uma gama de funcionalidades) é constituída
por dispositivos anexados ao espaço pessoal do agente, manipulados por ele e
que estão sempre conectados à rede internet e acessíveis enquanto o usuário
realiza outras atividades: desde ler frequência cardíaca, taxa de glicose no sangue,
qualidade do sono até responder mensagens por comando de voz e traduzir
simultaneamente uma língua estrangeira. Nesse sentido, visamos investigar de
que forma a dependência desses dispositivos para interagir com as pessoas
poderia interferir no processo de constituição da identidade pessoal, levando
em conta que talvez as possibilidades de ação (como a afetiva ou emocional)
dos seus usuários sejam constrangidas/direcionadas pelos limites e propósitos
funcionais de tais dispositivos.
WEARABLE COMPUTING AND PERSONHOOD: A PRAGMATIC APPROACH TO THE CONCEPT

OF PRIVACY
We aim to analyze the relationship between the notions of personhood and privacy
in order to investigate in what sense the frequent use of wearable computing
technologies in the context of the everyday interpersonal interactions could influence
the process of constitution of the identity of persons. We take an approach based
upon what considers Dewey (1939) to be a philosophical investigation par excellence,
like the one developed by Solove (2002) in “Conceptualizing Privacy”, while saying
that a pragmatic approach to the concept of privacy shouldn’t begin with an attempt
to abstractly clarify the notion, but by looking forward to understand the concept
focusing on the circumstances of the concrete sociocultural life, prioritizing the
dynamism in detriment of a priori, general and fixed principles. Taking this into
account, in a first moment, we will analyze Rachels’ justification (1975) concerning
170 | 18º EIP [18th IMP]

the relevance of privacy in ordinary life and, in a second moment, we will deal with
Reiman’s alternative proposition (1976) in which associates the notion of privacy to
the notion of personhood. According to Rachels (1975), the right to privacy is based
on the power of persons to limit the access to information about their own body to
third parties, independently if such information is used or not on detriment of them.
For Rachels (1975), by controlling how much they reveal about themselves to others,
persons are capable of differentiating several kinds of interpersonal relationships
in which they engage, since friend to professional relationships. However, this
conception may sound too formal, as Reiman (1976) says, as if intimacy relationships
were constituted by the quantity of information that is inaccessible to those who
are not involved, as if friendships, for example, were a matter of exclusivity and
logical necessity. For Reiman (1976), even if someone gets access to personal data
of an unknown, this obviously doesn’t mean that they maintain a close/personal
relationship with her/him. Reiman (1976) claims that, on the other hand, the base
to the right to privacy is the principle of respect to persons as choosers, in the sense
that unwanted and unknown surveillance, for example, changes the conditions under
which a person ordinarily chooses and acts. For Reiman (1976), privacy is a social
ritual by means of which an individual’s moral title to his existence is conferred. In
this sense, considering that the identity of a person is constituted in the relationships
that keeps with others in society, in everyday life, when someone sits among her/his
friends, she/he knows that her/his body is actually her/his by a first-person perspective
because, unlike any other body present, she/he believes - and her/his friends act
and continue to act as if they believe - that she/he is entitled to do with her/his
body whatever she/he wishes. In other words, they treat the person according to the
social ritual of privacy. In this sense, taking into account these concepts, we aim to
address what Mann (1998) considers about the wearable computing devices, that
will give more control to persons with respect to the information that they share to
others about themselves, protecting them from invasions to their privacy, just like
the traditional dress seems to have protected person’s intimacy. According to Mann
(1998), wearable computing (like smart glasses, watches and rings with a range of
functionalities) is constituted by devices attached to the personal space of the agent,
handled by her/him and that is always connected to the internet and accessible
while the user does other activities: since monitoring heart rate, glucose rate in
blood, quality of sleep to answering messages by voice command and simultaneously
translating a foreign language. In this sense, we aim to investigate in which way the
dependency on these devices to interact to persons could interfere in the process
of constitution of personal identity, taking into account that maybe the possibilities
of action (like affective or emotional) of their users are constrained/directed by the
functional limits and purposes of such technologies.
18º EIP [18th IMP] | 171

ESBRAVILHERI, Natan A. da C.
O MÉTODO CIENTÍFICO NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA ANÁLISE POLÍTICA

O presente trabalho tem por objetivo geral desenvolver a hipótese de que o
uso das teses peirceanas, apresentadas no texto “A fixação da crença”, facilita
a compreensão de estratégias empregadas em discursos políticos. O objetivo
específico é propor possíveis relações entre o método científico, descrito por
Peirce, que consiste na adoção de uma postura falibilista, ou seja, que considera
os ensinamentos da natureza e acaba por colocar a própria realidade sobre um
princípio de falseabilidade, que permite desta forma realizar uma mudança naquilo
que era antes tomado como certo, gerando avanços e aprendizados. Além desse
aspecto também é considerada a possibilidade de avanço do conhecimento em
uma perspectiva ética e uma transformação na conduta de diversos indivíduos
em realidades diferentes. O método científico não se restringe apenas ao uso dos
cientistas, como o nome pode sugerir, mas é aplicável aos diversos âmbitos da
sociedade. Neste trabalho, o foco está direcionado para a política, considerando
os discursos contemporâneos e a implementação de uma visão falibilista sobre
tais colocações. Uma hipótese deste trabalho é que a política atual faz uso dos
métodos de fixação de crenças explicitados por Peirce. Os métodos da tenacidade,
da autoridade e o método a priori levam à construção de variados discursos de
ampla aceitação e difusão, por canais comunicativos, que são tomados como
admiráveis, equivocadamente, em função da repetição constante das mesmas
falas, mas que não conduzem, necessariamente, a um plano político voltado para
a obtenção do bem comum. Tomamos como exemplo o discurso José Alberto
Mujica Cordano, conhecido popularmente como Pepe Mujica, presidente da
república oriental do Uruguai entre 2010 e 2015. Mujica discute, em congresso
realizado no Brasil em 2017, sobre a possibilidade das novas tecnologias que
possibilitam propagação dos discursos serem perigosas para democracia; em
suas palavras: “a digitalização é o novo auge da dominação sem necessidade de
militarização; é a ditadura que entra sem que as pessoas percebam e domina
suas decisões”. As dúvidas que naturalmente surgem quando os discursos são
colocados em questionamento, isto é, o uso do método científico pode abalar
as crenças em ideais e quebrar a aceitação do que foi anteriormente instituído.
Uma das possíveis consequências da aplicação do método científico diz respeito à
dinâmica de aprimoramento e avanço em relação às crenças prévias, possibilitada
pela abordagem dos diversos discursos e falas políticas a partir da perspectiva
de um princípio de falseabilidade, que constitui o cerne do método científico de
Peirce. Argumentamos que discursos políticos, formados por meio dos métodos
de fixação de crenças da tenacidade, da autoridade e a priori, acabam por ruir
172 | 18º EIP [18th IMP]

diante do princípio do falibilismo e dos questionamentos realizados amplamente.
O método científico, por sua vez, contribui para a construção de uma política
que não é mecanicamente aceita e reproduzida, mas, pelo contrário, promove
questionamentos e discussões dos temas políticos de modo crítico, possibilitando
um avanço qualitativo nas discussões que vai refletir no âmbito social, pois as
escolhas se tornam conscientes e ponderadas.
THE SCIENTIFIC METHOD IN FIXATION OF THE BELIEF: A POLITICAL ANALYSIS

The present work has the general objective to develop the hypothesis that the
use of peircean theses, presented in the text The Fixation of Belief, facilitates the
understanding of strategies used in political discourses. It is a specific objective to
propose possible relations between the scientific method, described by Peirce, which
consists in the adoption of a fallibilist posture, that is, that considers the teachings of
nature and ends up putting reality itself on a principle of falsifiability, which this way
allows make a change in what was previously taken for granted, generating advances
and learning. The scientific method is not restricted to the use of scientists, as the
name may suggest, but is applicable to the various spheres of society. In this work,
the focus is directed to politics, considering the contemporary discourses and the
implementation of a fallibilist vision on such placements. One hypothesis of this work
is that current policy makes use of Peirce’s methods of fixing beliefs. The methods
of tenacity, authority, and the a priori method lead to the construction of various
discourses of wide acceptance and diffusion by communicative channels which are
mistakenly taken as admirable because of the constant repetition of the same lines
but which do not, necessarily, lead to a political plan aimed at the attainment of the
common good. We take as an example the speech of José Alberto Mujica Cordano,
popularly known as Pepe Mujica, president of the oriental Republic of Uruguay
between 2010 and 2015. Mujica discusses in a conference held in Brazil in 2017
on the possibility of new technologies that make it possible to spread discourses are
dangerous for democracy; in his words: “digitization is the new peak of domination
without the need for militarization; it is the dictatorship that enters without people
perceiving and dominating their decisions “. The doubts that naturally arise when
the discourses are questioned, that is, the use of the scientific method can shake the
beliefs in ideals and break the acceptance of what was previously instituted. One of
the possible consequences of the application of the scientific method concerns the
dynamics of improvement and advancement in relation to previous beliefs, made
possible by the approach of the various discourses and political speeches from the
perspective of a principle of falsifiability, which is the core of the scientific method of
Peirce. We argue that political discourses, formed through the methods of establishing
beliefs of tenacity, authority and a priori, collapse in the face of the principle of
18º EIP [18th IMP] | 173

fallibilism and widely questioned. The scientific method, in turn, contributes to the
construction of a policy that is not mechanically accepted and reproduced, but,
on the contrary, promotes questions and discussions of political issues in a critical
way, enabling a qualitative advance in the discussions that will reflect in the scope
because choices become conscious and thoughtful.
FARIA, Eduardo M. M. de; ALVES, Marcos A. A.

AÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO : PROBLEMA S ACERCA DA AUTONOMIA E

RESPONSABILIDADE NA PERSPECTIVA DE THOMAS NAGEL
Há muito é discutido na história do pensamento ocidental o problema do livre-
arbítrio e suas possíveis relações com a ação. Thomas Nagel, filósofo da mente
contemporâneo, também aborda o problema e conclui pela sua insolubilidade. Este
problema se configura, basicamente, em tal sentido: como pode haver uma ação
que é fruto integral – ou até mesmo parcial – do agente se suas ações podem ser
objetivamente explicadas através de uma visão externa ao próprio agente? A análise
exterior e objetiva da ação não guarda espaço para nada além de causalidade,
afirma Nagel, e, além disso, o mundo – entendido como um processo – também
não entrega ao agente o palco de sua própria vida, ele afirma em “The View from
Nowhere”. O agente, tomado, assim, objetivamente como um resultado vazio
de particularidades relativas à própria ação, é o que fundamenta os problemas
acerca da ação. Ademais, para Nagel, o ponto de vista objetivo supera o subjetivo
ao passo que consegue englobar um maior grau de realidade objetiva, e a ação,
quando relacionada ao problema do livre-arbítrio, está, para Nagel, neste último
âmbito – objetivo. Entretanto, “o subjetivo” jamais deve ser ignorado ou reduzido,
e, para tanto, Nagel argumenta sobre a ação tratando-a como uma categoria
mental básica, irredutível ao físico, e de natureza psicofísica. Tal consideração dá
ensejo para caracterizar a postura de Nagel como um dualismo de propriedades,
isto é, apesar dele concluir que as entidades presentes na realidade são todas
(até aonde se sabe de acordo com as ciências), em princípio, de natureza física,
o autor distingue as propriedades mentais (em relação a esta física, mas presente
e gerada nela, e, após gerada, irredutível a ela) por, resumidamente, um motivo:
os Qualia, ou seja, qualidades da experiência. Tal forma objetiva de observar o
mundo é constituída pelo maior afastamento possível, por parte do ser humano,
de seu ponto de vista subjetivo, e é essa objetividade que deve ser empregada
sobre a ação, dado que a determinação da ação é de cunho físico. Sendo assim,
Nagel questiona: como pode haver autonomia na ação – no sentido forte de
autonomia, isto é, que pressupõe que a ação do agente não pode ser totalmente
remetida a fatores alheios a si próprio – dado que se alguém desejasse identificar
174 | 18º EIP [18th IMP]

um agente de fato, o único possível a ser encontrado seria o próprio mundo? A
partir disso, Nagel defende a possibilidade de uma autonomia provisória. Isto é,
uma que não abarque a ideia de livre-arbítrio, mas tampouco reduza a ação do
agente aos moldes fisicalistas ou reducionistas. O problema da responsabilidade
é intrinsicamente decorrente dessas considerações acerca da autonomia: se a
ação de um agente não possui outro meio que não aquele que se fez no processo
que é o mundo, por que ele conferiria responsabilidade a alguém? Diante disso
tudo, o horizonte acerca de um libertarismo mais uma vez parece se escurecer.
Mesmo que, a partir de um posicionamento mais pragmatista, Nagel diga que esses
problemas se encerram na vida cotidiana, a crença no livre-arbítrio é bastante
difundida e defendida, seja no âmbito do senso comum, seja no âmbito acadêmico.
Neste último ambiente há fortes justificações racionais acerca do livre-arbítrio e
o sentimento do agente sobre o livre-arbítrio parece ser maior e mais resistente
ainda que a crença. Tendo em vista o constante avanço de várias ciências que
dizem respeito sobre o funcionamento de nossa fisiologia e sua relação com os
outros aspectos da realidade, a exaltar a neurociência, deve-se ainda mais tomar
por importante o problema do livre-arbítrio e suas consequências, dado que este
último é sabidamente cada vez mais posto em descrédito nos mais diferentes
meios epistêmicos.
ACTION AND FREE WILL: PROBLEMS ABOUT AUTONOMY AND RESPONSIBILITY IN THOMAS
NAGEL’S PERSPECTIVE
The problem of free will and its possible relations to action has long been discussed
in the history of Western thought. Thomas Nagel, a contemporary philosopher of
the mind, also addresses the problem and concludes by its insolubility. This problem
basically arises in such direction: how can there be an action that is an integral or
even partial consequence of the agent, if his actions can be objectively explained
through a vision external to the agent himself? The external and objective analysis
of action has no room for anything but causality, states Nagel. And furthermore, the
world - understood as a process - also does not give the agent the protagonism of
his own life, he states in The View from Nowhere. The agent, thus taken objectively
as a result lacking in peculiarities relative to itself, is who underlies the problems
about action. Moreover, for Nagel, the objective standpoint overcomes the subjective
one, whereas it is able to encompass a wider scope of objective reality:; and the
action, when related to the free-will problem, is, for Nagel, in the latter objective
scope. However, “the subjective” scope must never be ignored or reduced, and for
this purpose, Nagel argues about action, treating it as a basic mental category,
irreducible to the physical one, and of a psychophysical nature. Such a consideration
gives us the opportunity to characterize Nagel’s posture as a dualism of properties.
Indeed, although he concludes that all the entities present in reality belong (as far
18º EIP [18th IMP] | 175

as is known according to the sciences), initially, to a physical nature, the author
distinguishes the mental properties (in relation to this physical nature, but present
and generated in it, and, after generated, irreducible to it) by, in a nutshell, a reason:
the Qualia, namely qualities of experience. Such an objective way of observing the
world is constituted by the greatest possible distance, on the part of the human being
from his subjective point of view, and it is this objectivity that must be applied on
the action, since the determination of the action is of a physical nature. Thus, Nagel
questions: how can there be autonomy in action - in the strong sense of autonomy,
which is, the one that assumes that the action of the agent can not be totally remitted
to factors unrelated to itself - since if one wanted to identify an agent in fact, the
only possible one to be found would be the world itself? From this, Nagel defends
the possibility of a provisional autonomy. That is, one that does not embrace the
idea of free will, but also does not reduce the agent’s action to the physicalist or
reductionist molds. The problem of responsibility is intrinsically derived from these
considerations about autonomy: if the action of an agent has no other means than
those done in the process which is the world, why would it confer responsibility on
anyone? Faced with all of this, the horizon about libertarianism once again seems
to be darkened. Albeit from a more pragmatic standpoint, Nagel says that these
problems are contained in everyday life, the belief in free will is widespread and
widely defended, whether within the framework of common sense or in the academic
sphere. In this latter environment there are strong rational justifications for free
will, and the agent’s feeling about free will seems to be greater and more resistant
than belief. In view of the constant advancement of various sciences that concern
the functioning of our physiology and its relation to other aspects of reality, exalting
neuroscience, it is even more important to consider the problem of free will and its
consequences as important, since the latter is known more and more to be brought
into disrepute in the most various epistemic means.
FARIA, Tobias
(FIL - PUC-SP, Brasil)
LUGAR E IMPORTÂNCIA DO REALISMO ESCOLÁSTICO DE CHARLES S. PEIRCE

Realidade, para Peirce, “é aquele modo de ser em virtude do qual a coisa real é
como ela é, sem consideração do que qualquer mente ou qualquer coleção definida
de mentes possam representá-la ser”. Trata-se, em primeiro lugar, de um conceito
afeito à segunda categoria, embora esta não o esgote, o que fica evidente na
sobreposição parcial entre os conceitos de realidade e existência. Com efeito, além
da alteridade conferida pela existência, a realidade comporta também um elemento
de generalidade, lócus da terceira categoria, na medida em que o que antes era
176 | 18º EIP [18th IMP]

individual deixa de sê-lo quando se repete contra a consciência. A generalidade
do real, na verdade, é condição de possibilidade para o pensamento, pois, como
mostra Ibri, a insistência da reação exige “uma consciência no tempo que a
reconheça regular”. Peirce afirma que aceitar o realismo implica em considerar
uma lei da natureza, que é geral, “como tendo um tipo de esse in futuro”, o que
é atestado pela história das ciências experimentais. Assim, negar o realismo, como
faz o nominalista, leva-o a “se abster de qualquer previsão, conquanto qualificada
por uma confissão de falibilidade”. O combate ao nominalismo levado a cabo por
Peirce não restringe sua teoria à querela dos universais. Em direção contrária, o
filósofo propõe certa atualização do realismo escolástico, cujo resultado pode, até
mesmo, ser comparado com posições de agora, como faz Hausman em relação a
Rorty, Davidson, Quine e Putnan. Tampouco é lícito afirmar que as considerações
de Peirce sobre o tema digam respeito apenas às relações entre os termos e seus
referentes, o que faria do sistema peirciano meramente uma filosofia da linguagem
ou uma semiótica degenerada. Pelo contrário, o realismo de que trata Peirce é
amplo, pois, como mostra Ibri, é afeito às “relações entre o geral e o particular, sob
os pontos de vista da lógica e da metafísica”, motivo pelo qual o realismo assume
lugar central nesses domínios e, por extensão, em toda a filosofia peirciana. Tanto
a semiótica como o realismo, ensina Hausman, são lentes a partir das quais podem
ser analisados o que ele chama de “desafiadores das visões filosóficas tradicionais”,
que “fizeram a ‘virada linguística’ e adotaram um relativismo epistemológico ou
alguma forma de desconstrutivismo ou filosofia existencial”. Do ponto de vista
da semiótica, esse desafio apareceu como antirrepresentacionalismo, “definido
pela objeção de que pensamentos ou signos não são representativos de um
mundo independente – ou que textos não precisam ser fundamentados no que
é extratextual”. Do ponto de vista do realismo, por outro lado, o que se tem é
uma rejeição ao compromisso metafísico, isto é, “a posição que rejeita a ideia
de que há algum mundo independente ou realidade que fundamenta teoria e
interpretação”. Frente a isso, reivindica-se ser pertinente investigar de modo
aprofundado o realismo imbricado na filosofia de Peirce, pesquisa em andamento
que este trabalho visa apresentar.
POSITION AND IMPORTANCE OF THE SCHOLASTIC REALISM OF CHARLES S. PEIRCE

Reality, for Peirce, “is that mode of being by virtue of which the real thing is as it is,
irrespectively of what any mind or any definite collection of minds may represent it
to be.” First, it is a concept that belongs to the second category, although it does
not exhaust it, which is evident in the partial overlap between the concepts of reality
and existence. In fact, in addition to the alterity conferred by existence, reality also
includes an element of generality, a locus of the third category, since what was
previously individual ceases to be so when it is repeated against consciousness. The
18º EIP [18th IMP] | 177

generality of the real, in fact, is a condition of possibility for thought, for, as Ibri shows,
the insistence of reaction requires “a consciousness in time that acknowledges it as
regular.” Peirce asserts that accepting realism implies considering a law of nature,
which is general, “as having a sort of esse in futuro,” which is attested by the history
of the experimental sciences. Thus, denying realism, as the nominalist does, leads
him to “abstain from all prediction, however qualified by a confession of fallibility.”
Peirce’s struggle against nominalism does not restrict his theory to the question of
universals. In the opposite direction, the philosopher proposes a certain actualization
of scholastic realism, the result of which can even be compared with positions of
now, as Hausman does in relation to Rorty, Davidson, Quine, and Putnan. Nor it is
admissible to say that Peirce’s considerations on the subject concern only the relations
between the terms and their referents, which would make the Peircian system merely
a philosophy of language or a degenerate semiotic. On the contrary, Peirce’s realism
is broad, since, as Ibri shows, it is concerned with “relations between the general
and the particular, from the viewpoints of both logic and metaphysics,” which is why
realism takes center stage in these domains and, by extension, throughout Peirce’s
philosophy. Both semiotics and realism, Hausman teaches, are lenses from which
what he calls the “challengers to traditional philosophical views” can be analyzed,
which “have made ‘the linguistic turn’ and have adopted an epistemological relativism
or some form of deconstructivism, or existential philosophy”. From the standpoint
of semiotics, this challenge appeared as antirepresentationalism, “defined by the
objection that thoughts or signs are not representational of an independent world – or
are not texts needing grounding in what is extratextual.” From the point of view of
realism, on the other hand, what one has is a rejection of metaphysical commitment,
that is, “the position that rejects the idea that there is some independent world or
reality that grounds theory and interpretation.” In view of this, it is claimed that
it is pertinent to investigate in depth the realism imbricated in the philosophy of
Peirce, an ongoing research that this work aims to present.
FERREIRA, Sabrina B. R.
INFORMAÇÃO ECOLÓGICA E INFORMAÇÃO SEMIÓTICA: O PAPEL DA FORMAÇÃO

DOS HÁBITOS
O problema que guiará nossa apresentação pode ser assim enunciado: haveria
aproximação possível entre as concepções de informação semiótica peirceana
e informação ecológica gibsoniana? Nos estudos sobre informação, a dinâmica
relacional organismo-ambiente é contemplada nas abordagens de Charles
Sanders Peirce (1839-1914) e James Jerome Gibson (1986). Ambos os autores
178 | 18º EIP [18th IMP]

consideram que a relação organismo-ambiente envolve a constituição de
padrões informacionais emergentes da tendência à repetição. A hipótese a ser
defendida é que a formação de hábitos é um aspecto comum que aproxima
as concepções peirceana e gibsoniana de informação. Para consolidar nossa
reflexão apresentaremos o conceito de informação ecológica gibsoniana e
informação semiótica peirceana para investigar o papel da formação de hábitos
nas duas abordagens informacionais. A relação organismo-ambiente é regida,
segundo os adeptos da Filosofia Ecológica, por uma dinâmica de mutualidade
constituída coevolutivamente na gênese de informação ecológica. Nesse sentido,
organismos e ambiente possuem papel preponderante no que concerne aos
processos informacionais: a informação ecológica possui caráter relacional;
organismos percebem possibilidades de ação em ambientes permeados de
significados. As informações significativas são denominadas affordances, e podem
ser percebidas diretamente (sem representações mentais), por organismos
incorporados e situados em seus nichos. O conceito de nicho é fundamental
para que se compreenda a efetividade da informação ecológica e seu papel
explicativo na relação de mutualidade organismo-ambiente. Enquanto ambientes
informacionais constituídos pela percepção-ação dos organismos, nichos possuem,
em sua composição, estruturas invariantes. Invariantes estruturais envolvem
estabilidade ao longo do tempo, oferecendo aos organismos informações que
possibilitam a ação. Já invariantes de movimento resultam da constância atrelada
às transformações estáveis que ocorrem no ambiente. Nesse sentido, através da
coevolução organismo-ambiente, as duas formas de invariantes, estruturais e de
movimento, incorporam padrões informacionais que direcionam a percepção-ação
e a constituição de nichos, revelando uma tendência à repetição. Assim como
na abordagem ecológica, a concepção peirceana de informação se alicerça sobre
uma intrínseca relação organismo-ambiente. Contudo, a informação semiótica
peirceana está significativamente relacionada aos signos, que são veículos de
formas e representações de objetos para um interpretante. Estes podem ser
caracterizados enquanto ícone, índice ou símbolo, que correspondem às três
categorias fenomenológicas peirceanas: primeiridade, segundidade e terceiridade.
Para nossa reflexão nos deteremos no terceiro tipo de signo, ou seja, o símbolo.
Para que algo possa ser informado a alguém é imprescindível a existência de
padrões que ordenem o processo informacional e que sejam compartilhados
socialmente, mais especificamente, uma sintaxe. A sintaxe envolve a constituição
de padrões normativos e, com isso, a adesão dos organismos no ambiente. Um
símbolo é passível de informar devido ao seu caráter padronizado e compartilhado
socialmente, refletindo assim, uma tendência à permanência ou, mais precisamente,
à formação de hábitos sociais. Entendemos que a informação semiótica envolve
a constituição e manutenção de hábitos que podem ser traduzidos sob a forma
18º EIP [18th IMP] | 179

de símbolos socialmente compartilhados e normativamente direcionados pela
sintaxe. De modo similar, a informação ecológica se constitui enquanto aspecto
que emerge da mutualidade organismo-ambiente, refletindo, assim, uma
tendência à formação de hábitos coevolutivamente constituídos. Em ambas as
perspectivas, propriedades invariantes refletem permanências e disponibilizam
informações significativas para a percepção-ação de organismos incorporados e
situados em nichos. Como exposto, as concepções informacionais ecológica e
peirceana evocam uma tendência a persistências, permanências e repetições para
a concretização de processos informacionais. Desse modo, entendemos que tais
tendências refletem a constituição e a manutenção de hábitos sociais arraigados,
fruto da intrínseca relação organismo-ambiente.
ECOLOGICAL INFORMATION AND SEMIOTIC: THE ROLE OF HABIT FORMATION

The problem that will guide our presentation can be enunciated: would there be a
possible approximation between conceptions of Peircean semiotic information and
Gibsonian ecological information? In information studies, the relational dynamics
organism-environment is contemplated in approaches of Charles Sanders Peirce
(1839-1914) and James Jerome Gibson (1986). Both authors consider that the
organism-environment relationship involves the constitution of informational patterns
emerging from the tendency to repetition. The hypothesis to be defended is that
the formation of habits is a common aspect that approximates the Peircean and
Gibsonian conceptions of information. To consolidate our reflection we will present
the concept of Gibsonian ecological information and Peircean semiotic information
to investigate the role of habit formation in the two informational approaches. The
organism-environment relationship is governed, according to the adherents of the
Ecological Philosophy, by a dynamics of mutuality coevolutively constituted in the
genesis of ecological information. In this sense, organisms and environment play a
preponderant role in informational processes: ecological information has relational
character; organisms perceive possibilities of action in environments permeated by
meanings. Significant information is called affordances, and can be directly perceived
(without mental representations) by embodied and situated organisms in their niches.
The concept of niche is fundamental for understanding the effectiveness of ecological
information and its explanatory role in the relation between organism-environment
mutuality. While informational environments constituted by the perception-action of
organisms, niches have in their composition, invariant structures. Structural invariants
involve stability over time, providing organisms with information that enables action.
Movement invariants result from constancy linked to the stable transformations that
occur in environment. In this sense, through organism-environment coevolution, the
two forms of invariants, structural and movement, incorporate informational patterns
180 | 18º EIP [18th IMP]

that direct perception-action and the constitution of niches, revealing a tendency to
repetition. As in ecological approach, the Peircean conception of information is based
on an intrinsic relation organism-environment. However, Peircean semiotic information
is significantly related to signs, which are vehicles of forms and representations of
objects to an interpretant. These can be characterized as icon, index or symbol, which
correspond to the three Peirceans phenomenological categories: firstness, secondness
and thirdness. For our reflection we will consider on third type of sign, that is, the
symbol. For something to be informed to someone, it is essential to have patterns
that order the informational process and that is socially shared, more specifically, a
syntax. The syntax involves the constitution of normative standards and, with this, the
adhesion of the organisms in the environment. A symbol is capable of informing due
to its standardized and socially shared character, thus reflecting a tendency towards
permanence or, more precisely, the formation of social habits. We understand that
semiotic information involves the constitution and maintenance of habits that can be
translated in the form of socially shared symbols and normatively directed by syntax.
Similarly, ecological information is constituted as an aspect that emerges from the
organism-environment mutuality, reflecting, therefore, a tendency to the formation
of habits coevolutionaryly constituted. In both perspectives, invariant properties
reflect permanences and provide meaningful information for perception-action of
organisms incorporated and located in niches. As exposed, the ecological and Peircean
information conceptions evoke a tendency to persistence, permanence and repetition
for the concretization of informational processes. In this way, we understand that
such tendencies reflect the constitution and maintenance of rooted social habits,
fruit of organism-environment intrinsic relationship.
FURLAN, Bruna Marcela

OS LIMITES DA SOCIALIZAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO NA FILOSOFIA DA

EDUCAÇÃO DE RICHARD RORTY
O objetivo de nosso trabalho é discutir ideias educacionais apresentadas por
Richard Rorty, com base nos trabalhos de Masson (2013), Silva (2012), Moraes
(2004) e Almeida e Vaz (2013). Para tanto, a seguinte questão será analisada: Quais
os limites das propostas neopragmatistas de Rorty aplicadas à educação? Em linhas
gerais, a perspectiva pragmatista tem como foco os resultados promovidos pela
ação do agente em um contexto situado. Por esse prisma, os valores de verdade
e falsidade são evidenciados pela experimentação do agente em seu contexto de
relações. A perspectiva neopragmatista de Rorty é influenciada por autores como
Peirce, Dewey e James. Contudo, em oposição a Peirce, para Rorty, em sua teoria
18º EIP [18th IMP] | 181

neopragmatista, a investigação epistemológica não deve ser pautada na busca pela
verdade e nem por um fundamento universal. Diferentemente do pragmatismo
tradicional, Rorty parece minimizar o papel da experiência em detrimento
da linguagem e da comunicação verbal na educação. Segundo Silva (2012), a
linguagem, para Rorty, pode ser considerada como aparato para a compreensão
do mundo e é através da semântica que podemos “criar” a verdade. Rorty
também aposta em novas formas de dizer o que já foi dito e na persuasão (Rorty,
1979 apud SILVA, 2012) como formas de aprimorar o desenvolvimento social e
cultural. Rorty desenvolve sua teoria educacional baseada na ideia de edificação.
O objetivo da educação proposto por Rorty é o desenvolvimento da humanidade
com base na intersubjetividade. A noção de objetividade é alterada para a noção
de intersubjetividade e está calcada na solidariedade e na liberdade (MASSON,
2013). Segundo Silva (2012), Rorty caracteriza a educação a partir de duas etapas:
(I) a socialização e (II) a individualização. A socialização é a etapa em que serão
apresentados ao estudante os conhecimentos produzidos de forma ampla, as
leis, normas de comportamento, etc. Essa etapa deve ser ofertada no ensino
básico. O processo de individualização depende de liberdade, da crítica ao que foi
estabelecido e incentivo de propostas de mudanças, e deve ser parte da educação
superior. A complementaridade dessas duas etapas educacionais, consiste em
apresentar, através da socialização, pontos em comum aos estudantes e gerações
passadas, bem como incentivar a autocriação através da individualização. Segundo
Masson (2013), com a socialização e a individualização, Rorty busca formar
“ironistas”: são indivíduos formados para compreender seus saberes localizados
em seu contexto de comunicação e não mais como universais. Entendemos que,
a separação do ensino em forma de etapas, estabelece que o indivíduo só estará
habilitado a elaborar críticas quando concluir tais etapas. Questionamos neste
trabalho a hipótese rortyana de que a socialização e a individualização são etapas,
argumentando que, quando entendidas como processo conjunto, promovem
outras possibilidades do desenvolvimento de sujeitos críticos independentemente
da etapa escolar em que o mesmo se encontra.
THE LIMITS FROM SOCIALIZATION AND INDIVIDUALIZATION IN THE PHILOSOPHY OF

EDUCATION OF RICHARD RORTY
The purpose of our work is to discuss educational ideas presented by Richard Rorty,
its based on the works of Masson (2013), Silva (2012), Moraes (2004) and Almeida
e Vaz (2013). To do so, the following question will be analyzed: What are the limits
of Rorty’s neopragmatist proposals for education? In general lines, the pragmatist
perspective focuses on the results promoted by the agent’s action in a situated
context. From this point of view, the values of truth and falsity are evidenced by
the experimentation of the agent in his context of relations. Rorty’s neopragmatist
182 | 18º EIP [18th IMP]

perspective is influenced by such authors as Peirce, Dewey, and James. However,
in opposition to Peirce, for Rorty, in his neopragmatist theory, epistemological
investigation should not be based on the search for truth or a universal foundation.
Unlike traditional pragmatism, Rorty seems to minimize the role of experience to
the detriment of language and verbal communication in education. According to Silva
(2012), the language for Rorty can be considered as an apparatus for understanding
the world and it is through semantics that we can “create” the truth. Rorty also
bets on new ways of saying what has already been said, and in persuasion (Rorty,
1979 apud SILVA, 2012) as ways of improving social and cultural development.
Rorty develops his educational theory based on the idea of edification. The
objective of education proposed by Rorty is the development of humanity based on
intersubjectivity. The notion of objectivity is changed to the notion of intersubjectivity
and is based on solidarity and freedom (MASSON, 2013). According to Silva
(2012), Rorty characterizes education from two stages: (I) socialization and (II)
individualization. Socialization is the stage when will be presented to the students the
knowledge produced in a broad way, the laws, norms of behavior, etc. This step should
be offered in basic education. The process of individualization depends on freedom,
on critics to what has been established, and encourages proposals for change, and
should be part of higher education. The complementarity of these two stages of
education consists in presenting, through socialization, common points to students
and past generations, as well as encouraging self-creation through individualization.
According to Masson (2013), with socialization and individualization, Rorty seeks to
form “ironists”: they are individuals formed to understand their knowledge located
in their context of communication and no longer as universal. We understand that
the separation of teaching in the form of a stage, establishes that the individual
will only be able to elaborate critics when completing such stages. We question in
this work the Rortyan hypothesis that socialization and individualization are stages,
arguing that when understood as a joint process, they promote other possibilities
of the development of critical subjects independently of the school stage in which
it is found.
GONZALEZ, M. E. Q.; SOUZA, R. S.; FARINELLI, F.; SILVA, T. P. da

(UNESP - Marília, Brasil)
ADMIRABILIDADE E AÇÃO AUTÔNOMA: UMA REFLEXÃO FILOSÓFICA NA ERA

DO BIG DATA
O objetivo deste trabalho é propor uma análise, filosófico-interdisciplinar,
inspirada nos métodos de fixação de crenças propostos por Peirce (1887), acerca
de possíveis consequências epistemológicas e éticas da influência de técnicas
18º EIP [18th IMP] | 183

empregadas em Big Data na dinâmica de formação de hábitos reguladores da
ação autônoma em ambientes digitais. Para tanto, as seguintes questões são
propostas: 1) É possível estabelecer aproximações entre a dinâmica de fixação
de crenças, como apresentada por Peirce (1887), e a dinâmica subjacente à
formação de hábitos de usuários em ambientes digitais? 2) Quais são as possíveis
consequências epistemológicas e éticas do emprego das análises em Big Data na
manipulação da ação humana que apresenta algum grau de autonomia? 3) Em que
medida interações digitais propiciariam o aprimoramento e a expansão do ideal
de admirabilidade, proposto por Peirce (1958)? A ubiquidade tecnológica tem
propiciado transformações significativas nas relações pessoais e interpessoais, em
grande parte devido a processos de comunicação atrativos que surgiram como
parte do desenvolvimento acelerado de automação no século XXI. O ambiente
social está adquirindo uma dinâmica própria em sociedades informatizadas com
a inclusão de técnicas de manipulação e analises em Big Data. Dentre essas
técnicas, destacam-se aquelas que registram e disseminam correlações, em geral
associativas, entre padrões informacionais emergentes de traços deixados por
usuários em diversas atividades realizadas com o uso das tecnologias inseridas
no contexto do Big Data. Podemos mencionar algumas, como a participação
em redes sociais, compras em sistemas de comércio eletrônico (e-commerce),
operações realizadas com cartões de créditos, o uso de dispositivos móveis e seus
aplicativos, a captura de imagens pelas câmeras colocadas em locais públicos, as
diversas interações dos usuários com os diversos dispositivos trazidos pela internet
das coisas (em inglês Internet of Things), entre outros. No dinâmico cenário da
World Wide Web, termo cunhado por Tim Berners-Lee, os usuários reorientam,
cada vez mais, seus hábitos sociais, criando novas relações através de contatos
com pessoas localizadas em regiões geográficas distintas e de diferentes culturas,
orientações sexuais, religiosas, entre outras. A amplificação ao acesso a notícias,
imagens, textos, filmes, dentre outros recursos informacionais, praticamente
inacessíveis sem as tecnologias de informação e comunicação, torna cada vez
mais atrativo o emprego de recursos de análises em Big Data, mas traz desafios
de ordem epistemológica e ética. Nesse contexto, pretendemos desenvolver
uma reflexão sobre possíveis implicações epistemológicas e éticas inauguradas
pelos dispositivos digitais no contexto da ação autônoma. Com o auxílio teórico
peirceano dos métodos de fixação de crenças, e de técnicas de análise de opinião
e web semântica implícitas no Big Data, discutiremos as seguintes hipóteses:
(H1) - existe uma tendência direcionadora do processo de fixação de crenças,
principalmente as tenazes e aquelas estruturadas por influência do método de
autoridade, que parece estar se esboçando no ambiente digital na era dos Big
Data; e (H2): os métodos de fixação de crenças estão atrelados a diferentes
graus de ideais de admirabilidade - que possibilitam e suscitam a conduta humana
184 | 18º EIP [18th IMP]

no ambiente digital em diversos domínios da existência. Questionamos, nesse
contexto, de que forma a admirabilidade poderia ser exercida em contextos
digitais e em que medida a sua manipulação afetaria os graus de autonomia da
ação humana.
ADMIRABLENESS AND AUTONOMOUS ACTION: AN INVESTIGATION IN THE AGE OF BIG

DATA
The aim of this work is to propose a philosophical-interdisciplinary investigation,
inspired by Peirce’s (1887) methods of fixation of beliefs, concerning the possible
epistemological and ethical consequences of the influence of the mechanisms,
techniques and methods used in the analyzes based on Big Data paradigm. We
will analyze the constitutive dynamics of regulatory habits of autonomous action in
digital environments. In order to do so, we investigate the following questions: 1)
Is it possible to establish parallels between the dynamics of fixation of beliefs, as
presented by Peirce (1887), and the dynamics underlying the habit-forming habits
of digital environments? 2) What are the possible epistemological and ethical
consequences of the use of Big Data analyzes in the manipulation of human action
that presents some degree of autonomy? 3) To what extent would digital interactions
provide improvement and expansion of the ideal of admirableness proposed by
Peirce (1958)? Ubiquitous information technology resources have led to major
transformations in personal and interpersonal relationships, largely due to the
attractive processes of communications that have emerged as part of the accelerated
development in the 21st century. The social environment is acquiring a new dynamic
in information societies with the development of Big Data analyses and manipulation
techniques. Among these techniques, we highlight those that record and disseminate
correlations, usually associative, between informational patterns emerging from the
various user activities performed using the technologies inserted in the Big Data
context. For instance, social networks participation, e-commerce purchases, credit
cards transactions, use of mobile devices and their applications, images captured by
video-cameras placed in public locations, and the diverse interactions of users with
the Internet of Things, among others. In the dynamic scenario of the world wide web
(Tim Berners-Lee concept), users increasingly reorient their social habits, creating
new relationships through contacts with people located in different geographical
regions and different cultures, sexual orientation, religious, among others. Extension
of access to news, images, texts, films, any other information sources, almost virtually
inaccessible without information and communication technologies, become more
attractive the adoption of analytical resources of Big Data, on the other hand they
bring semantic challenges to the context of such analyzes. In the present work,
we propose a reflection on the possible epistemological and ethical implications
18º EIP [18th IMP] | 185

associated with the use of digital devices, in the context of autonomous action. With
the support of Peirce’s theory of the methods of fixation of beliefs, and both analyses
of opinions and semantic web techniques implied in Big Data, we will investigate
the following hypotheses: (H1)- there is a new mechanism capable of guiding the
processes of fixation of beliefs, mainly tenacious, and those shaped by authority
method, which seems to be emerging in the age of Big Data, and (H2) – methods
of fixation of beliefs are tied to different degrees of ideals of admirableness, enabling
and eliciting the human conduct in various domains of existence. We inquire, in
this context, in which way admirableness could be found in digital contexts, and
consider to what extent their manipulation might affect the degrees of autonomy
of human action.
LAZARO, Gabriel Von Prata

PEIRCE E A TENACIDADE: A POLÍTICA PRAGMATISTA EM RORTY

O presente trabalho tem por objetivo desenvolver a hipótese de que o uso
das ideias peirceanas, apresentadas no texto “A Fixação da Crença”, facilita a
compreensão de estratégias empregadas em discursos políticos. Serão analisadas
as estratégias de discursos políticos que induzam seus eleitores à defesa tenaz
de uma perspectiva política; serão avaliados tipos de discursos que podem levar
seu público à intolerância da tenacidade. Como pilar teórico, será analisado o
discurso pragmatista de Richard Rorty que, de forma geral, aplica a perspectiva
neopragmatista sobre o discurso político, destacando a debilidade do discurso
tenaz. Argumentamos que, diferentemente das crenças que consolidam a
democracia, os discursos políticos que se constroem sob crenças fixadas pelo
método da tenacidade promovem um efeito de alienação, deslocamento político
e destituição de uma cultura democrática. A prática pragmatista rortyana, mesmo
como críticas superficiais de irracionalismo e relativismo, sugere a necessidade
de um estado de contingencia teórica, determinada, antes, por uma prática
justa à própria cultura. A pretensão deste trabalho não é analisar e avaliar o
discurso político construído a partir dos elementos do método da tenacidade,
mas propor considerações que visam evitar a propagação de posicionamentos
antidemocráticos. Doravante, como ponto de apoio, destacam-se problemáticas
do discurso tenaz sugerindo que o discurso pragmatista pode agir como defensor
da democracia. Em lugar de se tomar qualquer discurso e dele apresentar
efeitos tenazes, destacamos, como parte de nossa hipótese, um discurso que
se faz fortemente a favor de uma falibilidade racional. Ao avaliar o discurso de
Rorty na obra “Para que Serve a Verdade”, serão indicadas suas estratégias para
186 | 18º EIP [18th IMP]

se proteger da produção de crenças políticas tenazes. A identificação dessas
estratégias, por conseguinte, fornecerá uma ilustração prática e histórica de como
um modelo crítico pode evitar, de modo geral, o pensamento político tenaz. Por
último, é também objetivo do trabalho indicar traços do método da tenacidade,
que marcam a ausência do compromisso com a cultura democrática. Contra a
utilização da estratégia de fixação de crença tenaz, argumentamos que é possível
não só avaliar adequadamente um discurso, em prol da democracia, como
também, avaliar a construção de discursos políticos direcionados a um público
eleitor que não possua a cultura democrática sedimentada em sua tradição. Por
fim, argumentamos que podemos não só nos protegermos eleitoralmente, mas
também compreender o conturbado processo político atual, de modo a distinguir
dos tipos de argumentação tenazes distinguindo-os daqueles originalmente
pragmáticos. Podemos concluir, desde já, que Rorty, mesmo sofrendo duras
críticas, permite e é fruto da democracia.
PEIRCE AND TENACITY: THE PRAGMATIST POLITICS IN RORTY

The present work aims to develop the hypothesis that the use of Peircean ideas,
presented in the text The Fixation of Belief, facilitate the understanding of strategies
used in political discourses. It will analyze the strategies of political speeches that
induce their voters to the tenacious defense of a political perspective; it will also
evaluate types of speeches that can take your audience to the intolerance of the
tenacity. As a theoretical pillar, we will analyze Richard Rorty’s pragmatist discourse,
which generally applies the neopragmatist perspective on political discourse,
highlighting the weakness of tenacious discourse. We argue that, unlike the beliefs
that consolidate democracy, political discourses built on beliefs fixed by the tenacity
method promote an effect of alienation, political displacement and deprivation of a
democratic culture. The Rortyan pragmatist practice, even as superficial criticisms of
irrationalism and relativism, suggests the need for a state of theoretical contingency,
rather determined by a just practice of culture itself. The intention of this work is not
to analyze and evaluate the political discourse constructed from the elements of the
tenacity method, but to propose considerations that aim to avoid the propagation of
antidemocratic positions. Henceforth, as a point of support, problems of tenacious
discourse stand out, suggesting that pragmatist discourse can act as a defender
of democracy. Instead of taking any discourse and presenting tenacious effects,
we emphasize, as part of our hypothesis, a discourse that is strongly in favor of a
rational fallibility. In assessing Rorty’s discourse in the work: What is The Use of
Truth, his strategies for protecting himself from the production of tenacious political
beliefs will be indicated. The identification of these strategies will therefore provide
a practical and historical illustration of how a critical model can avoid, in general,
18º EIP [18th IMP] | 187

tenacious political thinking. Finally, it is also the objective of the paper to indicate
traces of the tenacity method, which marks the absence of the commitment to the
democratic culture. To the use of the tenacious belief-fixing strategy, we argue that
it is possible not only to adequately evaluate a discourse in favor of democracy,
but also to evaluate the construction of political discourses aimed at an electorate
that does not have the democratic culture established in its tradition. Finally, we
argue that we cannot only protect ourselves electorally, but also understand the
current troubled political process, so as to distinguish them from tenacious types
of argumentation by distinguishing them from those originally pragmatic. We can
conclude, right now, that Rorty, even under severe criticism, allows and is the fruit
of democracy.
LIMA, Júlia R. de L.; RODRIGUES, Emanuelly N.

A EMPATIA COMO EXPRESSÃO DE CONDUTA ADMIRÁVEL

Este trabalho tem por objetivo refletir sobre o conceito de empatia, conforme
caracterizado por Frans de Waal (2010), como expressão de uma forma possível de
realização do bem, no sentido proposto por Peirce (1958) segundo o qual a ação
ética envolve admirabilidade. Para isso buscaremos traçar possíveis semelhanças,
e eventuais diferenças, entre o que Peirce definiu como simpatia e a concepção
evolucionária de empatia adotada por de Waal. Nos Collected Papers, ao analisar as
teses darwinistas (CP 6.293), Peirce apontou que os processos de seleção natural
relatados por Darwin sugerem que os organismos estariam em uma luta de todos
contra todos, ignorando as relações amistosas que também parecem presentes
nas interações animais. Sem negar as postulações de Darwin, Peirce (CP 6.294)
defendeu que é preciso entender os agentes enquanto seres que atuam para além
da luta que visa o bem individual ou seletivo. Isso decorre do que Peirce definiu
como evolução, do nível atômico ao cósmico, conforme reforça Parker (2003, p.
33): a evolução é realizada através do exercício da simpatia com e entre agentes.
O bem comum, na abordagem peirceana, é caracterizado como o mais relevante,
o bem por si, o bem em si mesmo. Ao destacar as relações de simpatia e seu papel
para alcançar o bem comum, Peirce criou uma concepção em que ética e estética
se associam enquanto buscam por sentimentos e condutas admiráveis. Nesse
sentido, Peirce pode ter antecipado o significado do conceito contemporâneo de
empatia, o qual ressalta justamente a relevância da capacidade de colocar-se em
consonância com o outro. Frans de Waal na obra “A era da Empatia: lições para uma
sociedade mais gentil” argumentou que a origem da empatia estaria relacionada
a processos evolucionários colaborativos que trariam vantagens adaptativas.
188 | 18º EIP [18th IMP]

Segundo de Waal, podemos elencar como pilares dessas relações de empatia a
sincronia emocional e o mapeamento corporal entre diferentes indivíduos. Para
ele, esses elementos possibilitam o contágio emocional, o consolo e a adoção
da perspectiva do outro, que podem ser compreendidos enquanto elementos
componentes de processos empáticos, problematizando, assim como Peirce, a
noção de que apenas componentes competitivos trariam vantagens evolucionárias.
Nesse sentido, entendemos haver uma confluência entre com o conceito de
simpatia de Peirce e a concepção de empatia proposta por de Waal, ressaltando
que ambos enfatizam a relevância ética que tais conceitos possuem. Assim, na
esteira de Peirce, acreditamos ser relevante caracterizar a empatia como motor
de condutas admiráveis, inclusive no âmbito da conduta de animais não-humanos.
EMPATHY AS AN EXPRESSION OF ADMIRABLE CONDUCT

This paper aims to discuss the concept of empathy, as characterized by Frans
de Waal (2010), as an expression of a possible form of realization of the good in
itself, in the sense proposed by Peirce (1958), according to which ethical action
involves admirability. For this, we will try to trace possible similarities, and eventual
differences, between what Peirce defined as sympathy and the evolutionary
conception of empathy adopted by de Waal. Analyzing Darwinian theses (CP 6.293),
Peirce pointed out that the processes of natural selection reported by Darwin
suggest that organisms would be in a struggle of all against all, ignoring the friendly
relations which also seem to be present in animal interactions. Without denying
Darwin’s postulates, Peirce (CP 6.294) argued that it is necessary to understand
agents as beings who act beyond the struggle for individual or selective good. This
results from what Peirce defined as evolution, from the atomic to the cosmic level,
as Parker (2003, p. 33) reinforces: evolution is carried out through the exercise of
sympathy with and between agents. The common good, in the Peircean approach, is
characterized as the most relevant, the good per se, the good in itself. By emphasizing
the relationships of sympathy and their role in achieving the common good, Peirce
created a conception in which ethics and aesthetics are intrinsically associated
while searching for admirable feelings and conducts. In this sense, Peirce may have
anticipated the meaning of the contemporary concept of empathy, which rightly
emphasizes the relevance of the ability to put itself in harmony with the other.
Frans de Waal in The Age of Empathy: Nature’s Lessons for a Kinder Society argued
that the origin of empathy would be related to collaborative evolutionary processes
that would bring adaptive advantages. According to de Waal, we can list as pillars
of these relationships of empathy the emotional synchrony and the body mapping
between different individuals. For him, these elements allow emotional contagion,
consolation and adoption of the perspective of the other, which can be understood
18º EIP [18th IMP] | 189

as main elements of empathic processes, problematizing, like Peirce, the notion that
only competitive components would bring evolutionary advantages. In this sense, we
understand that there is a confluence between Peirce’s concept of sympathy and
de Waal’s conception of empathy, emphasizing that both understood the ethical
relevance of such concepts. Thus, agreeing with Peirce, we believe that it is relevant
to characterize empathy as the origin of admirable conduct, even within the scope
of nonhuman animal conduct.
LUCAS, Cristhian
(UNICENTRO – Brasil)
CAMPOS DA REALIDAD: UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DA INTERAÇÃO ENTRE

FOTOGRAFIA E UM ELEMENTO EXTERNO À IMAGEM NA SÉRIE DA ARTISTA
ARGENTINA ANANKÉ ASSEF
Com sua invenção no século XVlll, o potencial artístico da fotografia não foi
percebido de imediato. Embora tenha tomado o posto da pintura como principal
referencial para a obtenção de retratos, a nova possibilidade de registro teve um
processo lento e gradual para adentrar nas fronteiras das manifestações da arte. Ao
longo do século XX, num contexto de ampla exploração de materiais e técnicas,
a fotografia passou a conviver com outras formas artísticas; viu-se em meio a
instalações, esculturas e performances de maneira que não só o que é retratado
importa, mas suas relações com diversos elementos, muitas vezes tridimensionais,
e que, juntos, geram distintas significações, transcendendo o que está na imagem.
Um bom exemplo dessa hibridização, entre fotografia e um elemento externo
à imagem na arte, se dá na série “Campos de Realidad” (Parte I) (2015-), da
artista argentina Ananké Assef, que se utiliza de fotografias obtidas através do
meio analógico e as dispõe numa espécie de moldura, onde a aproximadamente
um centímetro da imagem, impresso no vidro, se encontra um retângulo em
cinza médio. Essa distância nos permite deduzir que a imagem está completa,
entretanto, o retângulo cinza nos impede de visualizar o todo fotográfico. O
que é revelado nas fotografias mostra paisagens naturais com elementos de uma
vegetação fechada que remetem a um bosque ou floresta, entretanto, o ponto
focal da fotografia sempre está oculto pelo retângulo. Afinal, de que maneira as
características imagéticas da fotografia se relacionam com um elemento externo
à imagem, quando tal elemento mais parece atrapalhar a interpretação? Como
tais elementos interagem entre si para a produção de sentido? A Teoria Semiótica
de Peirce, especialmente por meio das noções de Signo, Ícone e Índice, permite
analisar os processos de significação presente na série “Campos de Realidad”, visto
que através dela podemos identificar a fotografia como Ícone, pela sua similaridade
com o que é fotografado, mas também como Índice, pela relação de continuidade
190 | 18º EIP [18th IMP]

física entre o evento/fato/pessoa fotografada (como Objetos de signo) e o produto
da câmera fotográfica (o Representâmen do signo fotográfico). A escolha do
meio analógico, para a obtenção da imagem, possivelmente se dá pela ligação
enfatizada com o que é fotografado, se comparado ao meio digital. No tipo de
fotografia escolhida pela artista, a luz que é refletida pelo elemento fotografado é
que queima os componentes fotossensíveis do filme fotográfico, com uma certa
materialidade que não se vê na digital (onde um sensor transforma a luz em um
código virtual, que é lido por um computador como imagem). Esse potencial
indicial da fotografia em geral, aparece também nos títulos dos trabalhos da série,
que remetem diretamente a um local e data específicos, reafirmando assim, a
característica da fotografia a que estamos habituados, ou seja, de documentar
ou expor um momento/fato/pessoa/evento/etc. com certa literalidade e clareza.
Possivelmente, a artista utiliza-se de suas fotografias para dialogar e questionar a
imagem fotográfica como um todo. Considerando que, ao ocultar a fotografia com
um elemento externo, a artista converte as características desse meio, posto que,
a imagem deixa de ser um recorte fiel do tempo e do espaço que caracterizam a
fotografia como Índice, tornando-se algo oculto e impreciso.
CAMPOS DE REALIDAD: A SEMIOTIC ANALYSIS OF THE INTERACTION BETWEEN

PHOTOGRAPHY AND AN EXTERNAL ELEMENT TO THE IMAGE IN THE SERIES OF THE
ARGENTINE ARTIST ANANKÉ ASSEF
With its invention in the 18th century, the artistic potential of photography was not
immediately realized. Although it removed painting from being the main reference for
obtaining portraits, the new possibility of recording had a slow and gradual process
to enter the frontiers of art manifestations. Throughout the 20th century, in a
context of extensive exploitation of materials and techniques, photography started
to coexist with other artistic forms, and found itself in the midst of installations,
sculptures and performances in a way that not only what is portrayed matters, but
their relationships with several elements, often three-dimensional, that together,
generate different meanings, transcending what is in the image. A good example
of this hybridization, between photography and an exteral element to the image
in art, occurs in the series Campos de Realidad (Part I) (2015-), by Argentinean
artist Ananké Assef, who uses photographs obtained through analogical medium
and displays them in a type of frame, where, in about one centimeter of the image,
printed on the glass, there is a middle gray rectangle. This distance allows us to
deduce that the image is complete; however, the grey rectangle prevents us from
viewing the photographic whole. What is revealed in the photographs shows natural
landscapes with elements of a closed vegetation that refer to a grove or forest,
however, the focal point of the photograph is always hidden by the rectangle. After
all, in what way do the imagery characteristics of photography relate to an element
18º EIP [18th IMP] | 191

external to the image, when this element seems to disturb the interpretation? How
do these elements interact with each other to produce meaning? Considering that
some of the most relevant photographic theories are based on the Peircian concept
of Index, Peirce’s Semiotic Theory, through the notions of Sign, Icon and Index, allows
us to analyze the processes of meaning present in the series Campos de Realidad,
thus, through this theory, we can catalog the photograph as Icon, by its similarity
with what is photographed, but also, as Index by the relation of physical continuity
between the event/fact/person photographed (as Objects of sign) and the product of
the photographic camera (Representâmen of the photographic sign). The choice of
the analog medium to obtain the image is possibly due to the connection emphasized
with what is photographed, when compared to the digital medium. In the type of
photograph chosen by the artist, the light reflected by the photographed element
will burn in the photosensitive components of the photographic film, with a certain
materiality that is not seen in digital (where a sensor turns the light into a virtual
code, which is read by a computer as an image). This potential of the photograph
appears again in the titles of the series works that refer directly to a specific place
and date, which assert the characteristic of the photograph we are accustomed to,
documenting or exposing a moment/fact/person/event/etc. with certain literality and
clarity. Possibly, the artist uses her photographs to dialogue with and question the
photographic image as a whole. Considering that by hiding the photograph with an
external element, the artist converts the characteristics of that medium, thus, the
image ceases to be a faithful cut of time and space that characterizes photography
as Index, becoming something hidden and imprecise.
MARTINS, Guilherme Alexandre

(UNESP, Brasil)
O MÉTODO “A PRIORI” NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA ANÁLISE POLÍTICA

O método a priori de fixação de crença, proposto por Peirce, é um método
dentre outros de fixação de crença, são eles: científico, tenacidade, autoridade
e a priori. Todos eles expostos na obra “A fixação da Crença”, contudo, Peirce
na mesma obra recusa esses métodos e propõe como resolução, a criação do
pragmatismo. O método a priori consiste em tornar as ideias que são agradáveis
à razão em direcionadoras da ação. As crenças estabelecidas pelo método a
priori são puramente intelectuais, isto é, não empíricas e, majoritariamente, são
compostas por conceitos filosóficos. Esses conceitos criados na filosofia, muitas
vezes, são utilizados para diversas finalidades, desde argumentações filosóficas
até argumentações em discursos políticos diversificados. Os conceitos a serem
analisados e guias do desenvolvimento deste projeto são os de experimentalismo
192 | 18º EIP [18th IMP]

e método a priori. Estes são conceitos amplamente discutidos e criticados na
filosofia. John Dewey, filósofo do século XIX, desenvolveu em uma de suas
principais obras, “Democracia e Educação”, um novo método pedagógico,
mais democrático e pragmático que o método existente em sua época.
Segundo Dewey, para formar cidadãos conscientes e preparados para exercer
a cidadania, na democracia, era necessário realizar uma mudança no sistema de
ensino daquela época. O ensino, naquela época, era tratado como apenas uma
transmissão de conteúdos aos alunos, dado que os alunos nada sabiam e, sendo
assim, cabia ao professor explicar a teoria, passar os exercícios e respondê-los.
Dewey, entretanto, desenvolveu um método que consistia na deliberação do
aluno e professor, tanto acerca dos conteúdos que o aluno gostaria de estudar,
assim como o método de estudo que o aluno utilizaria. Dewey defendia a ideia
de que para se formar um cidadão é necessário possibilitar a ele a liberdade,
para que ele possa desde a mais jovem idade aprender a ter responsabilidades;
desta forma, desde jovem, ele passaria por experiências que formariam o caráter
dele e o preparariam para a vida adulta. O método pedagógico de Dewey foi
reconhecido como um dos melhores métodos de ensino da época, pois era um
método democrático, os alunos junto com o professor escolhiam os conteúdos
a serem estudados, exercitando a responsabilidade. O método experimentalista,
por sua vez, impulsionava o aluno a testar suas próprias hipóteses na realidade,
evitando os erros do método a priori de fixação. Outra característica do
método é a igualdade, pois tanto o aluno como o professor eram igualmente
responsáveis na decisão do que estudar. O experimentalismo era inovador,
pois poderia ser considerado como uma crítica direta ao método a priori de
fixação da crença. O experimentalismo de Dewey exigia com que os alunos se
dedicassem na resolução dos problemas, assim como testassem suas hipóteses
em experimentos, possibilitando, desta forma, a crítica das ideias estabelecidas
pelo método a priori. Pois, com o auxílio dos experimentos científicos, era
possível testar as hipóteses, retirando-as do campo da pura especulação, e
melhorá-las, superando as convicções pessoais que o método a priori causa nos
indivíduos. As ideias de Dewey sobre a educação também refletiram na política,
pois o intuito dele com esse novo método pedagógico era formar cidadãos
prontos para a resolução de problemas do cotidiano, assim como prepará-los
para exercer a cidadania no sistema democrático. Dewey, com seu método
experimentalista, mostrava um caminho possível para conscientização política,
sendo possível, a partir do experimentalismo, analisar os discursos políticos a
partir de experiências, dados estatísticos, históricos e políticos. Argumentamos
neste trabalho que o experimentalismo serve como uma crítica ao método a
priori de fixação de crenças.
18º EIP [18th IMP] | 193

THE “A PRIORI” METHOD OF FIXINGBELIEFS: A POLITICAL ANALYSIS
The a priori method of belief fixation, proposed by Peirce, is a method among others
of fixing beliefs, they are: scientific, tenacity, authority and a priori. All of them
exposed in the work The Fixation of Belief, however, Peirce in the same work refuses
these methods and proposes as a resolution, the creation of pragmatism. The a
priori method consists in become, the ideas that are pleasing to reason, to direct
the actions. The beliefs established by the a priori method are purely intellectual,
that is, non-empirical, and are mostly composed of philosophical concepts. These
concepts created in philosophy are often used for a variety of purposes, from
philosophical arguments to arguments in diversified political discourses. The
concepts to be analyzed and guides to the development of this project are those
of experimentalism and a priori method. These are concepts widely discussed and
criticized in philosophy. John Dewey, nineteenth-century philosopher, developed in
one of his major works, Democracy and Education, a new pedagogical method, more
democratic and pragmatic than the method of his day. According to Dewey, in order
to form citizens who were conscientious and prepared to exercise citizenship, in
democracy, it was necessary to make a change in the system of education of that
time. The teaching, at that time, was treated as just a transmission of content to
students, since the students knew nothing, and so it was up to the teacher to explain
the theory, to pass the exercises and to answer them. Dewey, however, developed
a method that consisted of student and teacher deliberation, both on the content
that the student would like to study, as well as on the method of study that the
student would use. Dewey defended the idea that to form a citizen it is necessary
to allow him freedom, so that he can learn from a young age to have responsibilities,
so, as a young man, he would go through experiences that would form his character
and prepare for adulthood. Dewey’s pedagogical method was recognized as one of
the best teaching methods of the time, because it was a democratic method, the
students together with the teacher chose the contents to be studied, exercising the
responsibility. The experimentalist method, in turn, propelled the student to test
his own hypotheses in reality, avoiding the errors of the a priori method of fixation.
Another characteristic of the method is equality, since both the student and the
teacher were equally responsible in the decision to study. The experimentalism was
innovative, because, could be considered as a direct criticism to the a priori method of
fixing the belief. Dewey’s experimentalism required that students devote themselves
to solving problems, as well as testing their hypotheses in experiments, thus enabling
a critique of the ideas established by the a priori method. For with the aid of scientific
experiments it was possible to test the hypotheses by withdrawing them from the
field of pure speculation and improving them by overcoming the personal convictions
which the a priori method causes in individuals. Dewey’s ideas about education
194 | 18º EIP [18th IMP]

also reflected in politics, since, his intention with this new pedagogical method was
to educate citizens ready to solve everyday problems, as well as to prepare them
to exercise citizenship in the democratic system. Dewey, with his experimentalist
method, showed a possible way for political awareness, and it is possible, from
experimentalism, to analyze political discourses based on experiences, statistical,
historical and political data. We argue in this work that experimentalism serves as
a critique of the a priori method of belief fixation.
MOREIRA, Gabriela L. M.; GHIZZI, Eluiza B.

(UFMS, Brasil)
DESDOBRAMENTOS DO PRAGMATISMO PEIRCIANO NO “PRAGMATISMO

INTERATIVO” DE MONTANER PARA A ARQUITETURA
Propõe-se aqui estudar desdobramentos do pragmatismo de Charles
Sanders Peirce (1836-1914) identificados no “pragmatismo interativo” do
arquiteto catalão Josep Maria Montaner (1954-), em seu livro “Do diagrama
às experiências, rumo a uma arquitetura de ação” (2017). No contexto das
teorias da arquitetura e do urbanismo a partir de 1990, em meio a uma crítica
à abstração e como estratégia de superação de uma arquitetura mais conceitual,
observa-se uma influência do pragmatismo, por meio de uma revalorização da
prática, do uso e da ética na arquitetura. Afastando-se do entendimento da
teoria e da prática como termos disjuntos, Montaner reúne referências tanto
ao pós-estruturalismo de Foucault, Deleuze e Guattari, como ao pragmatismo
estadunidense de Peirce, James e Dewey. Ele defende o pragmatismo como
uma teoria que se constrói com a experiência e reconhece a máxima pragmática
ao admitir não ser possível separar a arquitetura de suas consequências para
o contexto e para a vida. “Diagrama”, “Experiência” e “Ação” constituem a
tríade conceitual de Montaner para pensar uma arquitetura pragmática. O
(1) diagrama é um recurso gráfico que possui dupla função, adequando-se
tanto à análise (passado) como ao projeto (futuro); enquanto a (2) experiência
individual com a arquitetura é um fator de correção da disposição do diagrama
à abstração excessiva, atualizando-o a partir da dimensão do sensível e do
vivido. Já a dimensão social da (3) ação deve superar o caráter subjetivo da
experiência e configurar um ativismo vinculado a uma postura ética. Montaner
busca nas teorias feminista e pós-estruturalista modelos para uma ética que
oriente a ação para a diversidade, entendendo que a arquitetura apenas existe
no âmbito coletivo da polis. Ele denomina “pragmatismo interativo” o caminho
para uma arquitetura que promova relações entre o indivíduo, a sociedade e o
ambiente. Entende a ação como operativa, pois está apta a conduzir novamente
ao diagrama, ponto de partida ideal para a revisão das origens do projeto,
18º EIP [18th IMP] | 195

possibilitando refazer o diagnóstico da realidade e o projeto para a ação. Estas
são instâncias necessárias ao trabalho do arquiteto de, ao prever espaços,
antecipar seus usos futuros. A partir disso, entende-se que o pragmatismo
interativo de Montaner interpreta para a teoria da arquitetura algumas
importantes considerações de Peirce em seu pragmatismo e encaminha-se uma
investigação estabelecendo pontos de contato e de deslocamento. Um ponto
central do pragmatismo peirciano é a sua máxima normativa, uma máxima de
lógica que pode ser entendida como uma aplicação da ética, pois é concebido
como um método científico acerca de como devemos agir para determinar o
significado dos conceitos ou de qualquer coisa que possa agir como um signo.
Não pode ser desvinculado do realismo do autor, da noção de conformação
da representação à realidade, da capacidade da mente científica para aprender
a partir da experiência no mundo no curso do tempo, do caráter preditivo do
conhecimento. Embora estabelecendo uma relação entre teoria e prática, não
pode ser confundido com um “praticalismo”, sendo importante compreender
sua ênfase na ideia e não na mera ação individual, no geral e não no particular.
O pragmatismo interativo de Montaner reveste-se desse caráter científico
de compromisso com a realidade, defendendo que a arquitetura detenha um
compromisso social e não individual, orientado por uma ética que valoriza a
diversidade das experiências humanas. Espera-se, com este estudo, promover
aproximações entre ambas as concepções de pragmatismo e, de modo mais
amplo, entre a arquitetura e o pragmatismo de Peirce, a fim de discutir possíveis
contribuições deste para a arquitetura, superando restrições impostas a tais
aproximações na teoria, sobretudo como consequência de interpretações pouco
aprofundadas da filosofia peirciana no decorrer da história.
DEVELOPMENTS OF PEIRCEAN PRAGMATISM IN MONTANER’S “INTERACTIVE PRAGMATISM”

FOR ARCHITECTURE
It is proposed here to study developments of Charles Sanders Peirce’s (1836-1914)
Pragmatism identified in the “interactive pragmatism” of the Catalan architect
Josep Maria Montaner (1954-) in his book “From diagram to experiences, towards
an architecture of action” (2017). In the context of the theories of architecture
and urbanism since 1990, in the midst of a critique of abstraction and as a strategy
for overcoming a more conceptual architecture, one can observe an influence of
pragmatism, through a revaluation of practice, use and ethics in architecture.
Moving away from the understanding of theory and practice as disjoint terms,
Montaner brings together references from both Foucault’s, Deleuze’s and Guattari’s
poststructuralism, and Peirce’s, James’s, and Dewey’s American pragmatism. He
defends pragmatism as a theory that builds with experience and recognizes the
pragmatic maxim by admitting that it is not possible to separate architecture from
196 | 18º EIP [18th IMP]

its consequences for the context and for life. “Diagram”, “Experience” and “Action”
constitute Montaner’s conceptual triad to think of a pragmatic architecture. The
(1) diagram is a graphical resource that has a dual function, suiting to both the
analysis (past) and the project (future); while the (2) individual experience with the
architecture is a factor of correction of the inclination of the diagram to excessive
abstraction, updating it from the dimension of the sensible and of the lived. The social
dimension of (3) action must overcome the subjective character of experience and
configure an activism linked to an ethical stance. Montaner seeks in feminist and
poststructuralist theories models for an ethics that guides action towards diversity,
understanding that architecture exists only within the collective domain of the
polis. He calls “interactive pragmatism” the path to an architecture that promotes
relationships between the individual, society and the environment. He understands
action as operative, since it is able to lead to the diagram again, an ideal starting
point for the revision of the origins of the project, allowing to review the diagnose
of reality and the project for action. These are necessary instances for the work of
the architect of anticipating future uses in space. From this, it is understood that
Montaner’s interactive pragmatism interprets to the theory of architecture some
important considerations of Peirce’s in his pragmatism and an investigation is here
conducted establishing points of contact and of displacement between these two
theories. A central point of Peircean Pragmatism is its normative maxim, a maxim of
logic that can be understood as an application of ethics, for pragmatism is conceived
as a scientific method of how we should act to determine the meaning of concepts
or of anything that may act as a sign. It cannot be separated from the author’s
realism, from the notion of conformation of representation to reality, from the
capacity of the scientific mind to learn from experience in the world in the course of
time, from the predictive character of knowledge. While establishing a relationship
between theory and practice, pragmatism cannot be confused with “praticalism,”
being important to understand its emphasis on the idea rather than on the mere
individual action, in the generality, instead of in the particularity. Montaner’s
interactive pragmatism is based on this scientific character of commitment to reality,
arguing that architecture has a social and not an individual commitment, guided by
an ethics that values the diversity of human experiences. It is hoped that this study
will promote approximations between both these conceptions of pragmatism and,
more broadly, between architecture and Peirce’s Pragmatism, in order to discuss
its possible contributions to architecture, overcoming constraints imposed to such
theoretical approximations, especially as a consequence of superficial interpretations
of Peirce’s philosophy throughout history.
18º EIP [18th IMP] | 197

MOURAO, Joaquim Felipe
(UNESP - Marília, Brasil)
O ENSINO DE FILOSOFIA NO BRASIL: UMA PERSPECTIVA PRAGMATISTA

O ensino de Filosofia no Brasil remete seu início ao século XVI e de acordo com
a leitura de Antônio Paim, em “O estudo do pensamento filosófico brasileiro”,
este acompanha o desenvolvimento histórico-político da nação, sendo melhor
estudado em cada período próprio, sendo estes os períodos colonial, Imperial e
republicano. Percorrendo uma breve descrição do desenvolvimento do ensino
de filosofia, desde o século XVI até o tempo presente, apoiando-nos em revisões
bibliográficas que tratam diretamente desse assunto, o objetivo deste estudo é
repensar a apresentação do conteúdo filosófico nas escolas brasileiras, entendendo
sua instrumentalidade e finalidade, que ultrapassa o exercício da fixação, mas
antes se projeta ao despertar de uma consciência crítica para leitura, organização
de argumentos e juízos, e exposição. O foco desta pesquisa não consiste em
encontrar uma pedagogia definitiva para o ensino de filosofia, entendendo as
dificuldades para tal proposta, já que as possibilidades se tornam abrangentes
quando se trata do ambiente escolar, em suas mais diferentes formas. A disposição
do docente e do discente, e suas particularidades, interferem diretamente no
processo de assimilação filosófica, já que o constructo mental é ferramenta
importante na edificação do pensamento. É necessário então distinguir a relação
professor-aluno no ensino médio e no ensino superior, já que nesta relação
repousa grande parte da importância da aprendizagem filosófica. Utilizando o
pensamento de Charles S. Peirce exposto em “A fixação da crença”, analisaremos
os métodos propostos procurando entender qual destes se encontram no ensino
de filosofia, por conseguinte, refletiremos a atuação destes e seus resultados,
para então oferecermos uma proposta alternativa para o melhor aproveitamento
da carga filosófica oferecida. Peirce, juntamente com William James, pensou o
pragmatismo de maneira expressa no dualismo percepção-ação, que pode ser
também trabalhado em significado e verdade, e em início seu pensamento não
era uma filosofia, mas sim, um método para analisar os significados pragmáticos.
Sendo um método lógico é, portanto, isento de apresentar seus resultados a
campos teóricos pré-existentes, entretanto se apresenta como um método do
pensamento que revisa o significado de conceitos. Dentro do pensamento de
Charles S. Peirce, estabelecendo então uma relação com o ensino de Filosofia no
Brasil, os conceitos de crença e dúvida serão tratados e interpretados no contexto
pedagógico, a fim de clarear a reflexão e a possibilidade de ação nessa área e
facilitar o entendimento dessa mesma proposta de reestruturação de ensino.
Esperamos expor possibilidades de ações condizentes com a teoria pragmatista
e com a realidade educacional brasileira atual.
198 | 18º EIP [18th IMP]

THE TEACHING OF PHILOSOPHY IN BRAZIL: A PRAGMATIST PERSPECTIVE
The teaching of Philosophy in Brazil remits its beginning to the sixteenth century and
according to the reading of Antônio Paim, in The Study of Brazilian Philosophical Thought,
this accompanies the historical-political development of the nation, being better studied in
each period itself, these being the colonial, imperial and republican periods. The purpose
of this study is to rethink the presentation of the philosophical content in the Brazilian
schools, I understand its instrumentality and its influence on the teaching of philosophy,
from the sixteenth century to the present time, supporting us in bibliographical reviews
that deal directly with this subject. Purpose, which goes beyond the exercise of fixation,
but rather is projected to the awakening of a critical awareness for reading, organizing
arguments and judgments, and exposition. The focus of this research is not to find a
definitive pedagogy for teaching philosophy, understanding the difficulties for such a
proposal, since the possibilities become comprehensive when it comes to the school
environment in its most different forms. The disposition of the teacher and the student,
and their particularities, directly interfere in the process of philosophical assimilation,
since the mental construct is an important tool in the construction of thought. It is
necessary to distinguish the teacher-student relationship in secondary education and
higher education, since in this relation rests much of the importance of philosophical
learning. Using the thought of Charles S. Peirce in The Fixation of Belief, we will analyze
the proposed methods trying to understand which of these are found in the philosophy
teaching, therefore, we will reflect the performance of these and their results, so that
we offer an alternative proposal for the best philosophical load offered. Peirce, along with
William James, thought pragmatism expressly in the perception-action dualism, which can
also be worked on in meaning and truth, and at first his thinking was not a philosophy,
but a method for analyzing pragmatic meanings. Being a logical method is therefore
exempt from presenting its results to pre-existing theoretical fields, however it presents
itself as a method of thought that revises the meaning of concepts. Within the thinking
of Charles S. Peirce, establishing a relation with the teaching of Philosophy in Brazil, the
concepts of belief and doubt will be treated and interpreted in the pedagogical context,
in order to clarify the reflection and the possibility of action in this area and facilitate
the understanding Of this same proposal of restructuring of education.
OLIVEIRA, Artur Smoliak de

O MÉTODO DA AUTORIDADE NA FIXAÇÃO DE CRENÇAS: UMA ANÁLISE POLÍTICA

O objetivo deste estudo é questionar em que medida o método da autoridade
de fixação de crença proposto por Charles S. Peirce possui emprego pragmático
na política, tendo em vista que esse método “governará sempre a massa da
18º EIP [18th IMP] | 199

humanidade”. Será traçado um paralelo entre figuras marcantes da história mundial e
seus respectivos discursos, lidos a partir da chave explicativa oferecida pelo método
da autoridade na fixação de crenças, avaliando suas consequências imediatas e em
longo prazo. Será utilizado principalmente o texto “A Fixação da Crença”, de Charles
S. Peirce no estudo dos seguintes discursos: [1] Hitler, realizado no Congresso de
Nuremberg – 1934 (Triumph Des Willens), [2] de Winston Churchill, realizado na
Câmara Dos Comuns no Parlamento Britânico, em 13 de Maio de 1940 e [3] de
Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., em 28 de Agosto de 1963, após a
Marcha para Washington. O argumento do presente trabalho é que os discursos
[1]-[3] demonstram como o emprego pragmático desse método pode ocorrer
positiva e/ou negativamente. Do lado positivo, o método ressalta características
que justificam a afirmação de Peirce, de que “o método da autoridade é o caminho
da paz. [nele] Certas discordâncias são permitidas; algumas outras (consideradas
não seguras) são proibidas”. Por outro lado, o discurso de Hitler, por exemplo,
ilustra como o método da autoridade pode servir para a manipulação da população
e como essas proibições que são impostas podem produzir crueldades, dado que
esse método possui vários aspectos negativos, principalmente por não se basear
na procura da verdade, impor opiniões que não respeitam a individualidade e a
pluralidade de pensamentos e fazer da humanidade “escravos intelectuais”. Em
contraste, o discurso de Martin Luther King serve para mostrar que, assim como os
demais métodos, este possui sua parcela positiva na fixação da crença, evidenciando
como todos juntos podem lutar por causas consideradas moralmente adequadas,
o que fica evidente ao pronunciar a favor de uma “luta sempre no nível elevado
da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que o nosso protesto realizado de
uma forma criativa degenere na violência física”, o que se contrapõe drasticamente
com o seguinte discurso de Hitler: “O partido representa a partir de agora a elite
política de todo povo alemão, sua doutrina será imodificável, dura como pedra”.
Esse discurso nos remete a uma política intransigente, que não aceita novas visões
e, embora pretenda, não consegue “regular opiniões sobre todos os assuntos”.
As crenças fixadas dessa maneira autoritária, embora efetivamente possibilitem a
ação no mundo, não só privaram a diversidade de pensamentos como exerceram
uma imposição de crenças unilaterais. Já no trecho do discurso do Churchill em
que é proferido o seguinte: “Perguntam-me qual é a nossa política? Dir-lhes-ei;
fazer a guerra no mar, na terra e no ar, com todo o nosso poder e com todas as
forças que Deus possa dar-nos [...] essa a nossa política”, fica evidente a capacidade
de entusiasmar e exercer um poder gigantesco na população. Argumentamos
neste trabalho que o método da autoridade, assim utilizado, consegue fazer com
que opiniões vistas como moralmente condenáveis consigam ganhar apoio e se
efetivarem no plano da ação. Embora Peirce tenha apontado os limites da utilização
do método da autoridade para a fixação de crenças, ele continua a ser cotidianamente
200 | 18º EIP [18th IMP]

empregado com grande eficácia, seja para lutar por direitos e igualdade, seja para
segregar ou impor pensamentos.
THE METHOD OF AUTHORITY IN FIXATION OF BELIEF: A POLITICAL ANALYSIS

The purpose of this study is to investigate the method of belief-fixing authority’s
proposed by Charles S. Peirce with his pragmatic employment in politics, in view of the
fact that this method “the mass of mankind, then, there is perhaps no better method
than this”. A parallel will be drawn between striking figures in world history and their
respective discourses, read from the explanatory key offered by the method of authority
in The Fixation of Belief, examining their immediate and long-term consequences. It will
be used mainly the text The Fixation of Belief, of Charles S. Peirce in the study of the
following speeches: [1] Hitler, realized in the Congress of Nuremberg - 1934 (Triumph
Des Willens), [2] of Winston Churchill, realized in the House of Commons in the British
Parliament, on May 13, 1940 and [3] by Martin Luther King, Jr. in Washington, DC; on
August 28, 1963, after the March for Washington. The argument of the present work
is that the discourses [1] - [3] demonstrate how the pragmatic use of this method can
occur positively and/or negatively. On the positive side, the method highlights features
that justify Peirce’s assertion that “the method of authority is the path of peace, certain
non-conformities are permitted, certain others (considered unsafe) are forbidden”. On
the other hand, Hitler’s discourse, for example, illustrates how the method of authority
can serve to manipulate the population and how these prohibitions are imposed can
produce cruelties, given that this method has several negative aspects, mainly because
it is not based in the search of truth, impose opinions that do not respect individuality
and plurality of thought, and make humanity “intellectual slaves”. In contrast, Martin
Luther King’s speech serves to show that, like the other methods, this has its positive
share in fixing belief, showing how together they can fight for causes considered morally
appropriate, which is evident when pronouncing in favor of a “struggle on the high
plane of dignity and discipline. We must not allow our creative protest to degenerate
into physical violence”, which contrasts dramatically with the following Hitler speech:
“The party now represents the political elite of all German people, its doctrine will
be unchanging, hard as stone”. This speech refer us of an uncompromising policy,
which does not accept new visions and, although it claims, cannot regulate opinions
on all subjects”. The beliefs fixed in this authoritarian way, while effectively enabling
action in the world, have not only deprived the diversity of thoughts but exercised an
imposition of unilateral beliefs. In the excerpt from Churchill’s address in which he
utters the following: “You ask, what is our policy? I say it is to wage war by land, sea,
and air. War with all our might and with all the strength God has given us [...] That
is our policy”, the ability to enthuse and exert enormous power in the population is
evident. We argue in this work that the method of authority, thus used, manages to
18º EIP [18th IMP] | 201

make opinions seen as morally condemnable gain support and take action on the plane
of action. Although Peirce has pointed to the limits of using the method of authority
for the fixation of beliefs, it continues to be used every day with great effectiveness,
whether to fight for rights and equality, or to segregate or impose thoughts.
PASCOAL, Valdirene A.
INFORMAÇÃO SEMIÓTICA E AÇÃO AUTÔNOMA: UMA ALTERNATIVA FRENTE AO

DIRECIONAMENTO DA CONDUTA
A noção de informação é bastante difundida na sociedade contemporânea e o
conteúdo informacional tecnológico parece ser o que move a sociedade em rede.
Contudo, ainda não há um consenso na comunidade filosófica e científica sobre
esse conceito, pois não sabemos exatamente o que é a informação. Como ela se
constitui? Qual é seu papel no direcionamento da ação autônoma? Considerando
estas questões, nos propomos a analisar o conceito de informação a partir da
abordagem semiótica, elaborada por Charles S. Peirce. Como procuraremos
explicitar, longe de ser uma substância, uma entidade ou coisa, a informação,
segundo Peirce, pode ser entendida como um processo semiótico complexo.
A nossa hipótese de trabalho é que a concepção semiótica de informação pode
trazer contribuições significativas para o entendimento do papel que a informação
ou/e os processos informacionais desempenham na conduta humana, em
especial na ação autônoma. Para tanto, em um primeiro momento, analisamos
a noção de informação enquanto um processo semiótico. Peirce entende o
dicissigno como um signo responsável pela transmissão de informação por meio
de relações estabelecidas entre signo, objeto e interpretante. Essas relações
estabelecidas na segunda tricotomia (ícone, índice e símbolo) são fundamentais
para compreendermos a comunicação da forma do objeto ao interpretante. Ao
investigarmos o conceito de informação, faremos uma análise a partir de uma
perspectiva da ética informacional, que em linhas gerais se baseia na investigação de
impactos que as tecnologias informacionais de comunicação (ICTs) têm propiciado
na vida dos indivíduos. A ética informacional focaliza aspectos qualitativos,
éticos, ambientais e culturais, o que parece nos conduzir ao estudo do papel da
informação no desenvolvimento de tecnologias informacionais de comunicação e
suas possíveis consequências no direcionamento de ações individuais e coletivas.
Julgamos que a concepção semiótica de informação pode nos ajudar a refletir
sobre problemas da atualidade nas sociedades informatizadas. Entendemos que a
perspectiva semiótica de informação peirceana, ao explicitar o papel que o signo
desempenha na transmissão de informação, possibilita o questionamento, por
exemplo, da possibilidade de uma agente modificar seus hábitos ou conduta de
202 | 18º EIP [18th IMP]

acordo com a percepção de informação. A partir desse e de outros exemplos,
argumentamos que a abordagem semiótica peircena possibilita a compreensão
de processos informacionais que direcionam a conduta, e, além disso, pode ser
uma ferramenta para estabelecermos um possível elo entre o próprio conceito de
informação semiótica e as tecnologias informacionais de comunicação (ICts), que
permeiam cada vez a mais sociedade industrializada, encontrando uma alternativa
em face ao direcionamento da ação propiciado por instrumentos tecnológicos.
SEMIOTIC INFORMATION AND AUTONOMOUS ACTION: AN ALTERNATIVE TO DIRECTING

CONDUCT
The notion of information is very widespread in contemporary society and the
technological informational content seems to be what moves the networked society.
Although, there is still no consensus in the philosophical and scientific community
about this concept because we do not know exactly what information is. How is it
constituted? What is your role in directing autonomous action? Considering these
questions, we propose to analyze the concept of information from the semiotic
approach, elaborated by Charles S. Peirce. As we shall try to explain, far from being a
substance, an entity or a thing, information, according to Peirce, can be understood as
a complex semiotic process. Our working hypothesis is that the semiotic conception
of information can bring significant contributions to the understanding of the role
that information and / or informational processes play in human conduct, especially
in autonomous action. To do so, at first, we analyze the notion of information
as a semiotic process. Peirce understands dicissign as a sign responsible for the
transmission of information through established relations between sign, object and
interpretant. These relations established in the second trichotomy (icon, index
and symbol) are fundamental to understand the communication of the form of the
object to the interpretant. When we investigate the concept of information, we
will make an analysis from a perspective of informational ethics, which is based on
the investigation of the impacts that informational communication technologies
(ICTs) have on individuals’ lives. Informational ethics focuses on qualitative, ethical,
environmental and cultural aspects, which seems to lead us to study the role of
information in the development of informational communication technologies
and their possible consequences in directing individual and collective actions. We
believe that the semiotic conception of information can help us to reflect on current
problems in computerized societies. We understand that the semiotic perspective of
Peircean information, by explaining the role that the sign plays in the transmission
of information, makes it possible to question, for example, the possibility of an
agent changing its habits or conduct according to the perception of information.
From this and other examples, we argue that the Peircean semiotic approach makes
possible the understanding of informational processes that guide conduct, and in
18º EIP [18th IMP] | 203

addition, it can be a tool to establish a possible link between the concept of semiotic
information itself and information technologies (ICs), which permeate more and
more the industrialized society, finding an alternative in the face of the direction of
the action propitiated by technological instruments.
SALSMAN, Isabele Vieira

A AÇÃO NA PERSPECTIVA DE PEIRCE EM “A FIXAÇÃO DA CRENÇA”

Em meados do século XX ocorreram grandes mudanças e avanços na filosofia,
como a virada informacional, linguística e pragmatista. Na filosofia contemporânea é
comum nos depararmos com o estudo do conceito de ação. Vários filósofos tentaram
caracterizar esse conceito, ou acabaram por fazê-lo em suas concepções filosóficas,
expostas em seus trabalhos. O pragmatista Charles Sanders Peirce, em sua obra
“A Fixação da Crença”, irá tratar de como as crenças são fixadas nos indivíduos,
ou até mesmo comunidades, trazendo um debate bastante interessante acerca do
conceito ação. No início da obra, o autor faz isso trazendo sua visão sobre o que é a
dúvida, crença e a diferença entre ambas. Para Peirce, existindo esses dois estados,
de dúvida e crença, um leva a passagem para o outro (a passagem de dúvida para
a formulação de uma crença). O autor ressalta três diferenças primordiais entre
esses dois estados: a sensação de duvidar e acreditar são diferentes, pois sabemos
quando queremos perguntar ou julgar; uma diferença prática, em que nossas crenças
guiam nossos desejos e moldam nossas ações, ao contrário da dúvida que pode
impedir algumas tomadas de decisão; e a última diferença, o fato de que a dúvida
é um sentimento de insatisfação que lutamos para superar e alcançar o estado de
crença, que é um estado confortável e satisfatório. Tendo isso em vista, as crenças
desempenham um papel fundamental para o nosso comportamento/ação. Peirce
nomeia, nesse momento, a luta para sair do estado de dúvida de “inquirição”,
cujo objeto é o estabelecimento de uma opinião que guiará um comportamento.
Após essas definições, Peirce irá delinear os métodos de fixação de crenças: o da
tenacidade, autoridade, a priori e cientifico. O objetivo do autor é mostrar como
cada um procede e defender a tese de que o método cientifico é o mais seguro e
apropriado para fixar crenças. Para o autor o método cientifico coincide com os fatos,
sana a dúvida de forma satisfatória, pois, no método cientifico, as nossas crenças
não seriam formuladas por algo humano, mas sim por algo externo, através de uma
observação pura do objeto no mundo, fazendo uso da percepção; por fim há um
encaminhamento para uma conclusão verdadeira geral. O objetivo desse trabalho,
primeiramente, é apresentar os conceitos peirceanos de dúvida e crença, fazendo
uma relação panorâmica com a ação dos indivíduos. Em seguida será delineado o
método científico, como ele é fixado enquanto crença e a sua ligação com a ação.
204 | 18º EIP [18th IMP]

THE ACTION FROM PEIRCE’S PERSPECTIVE IN “THE FIXATION OF BELIEF”
In the middle of the twentieth century there were great changes and advances in
philosophy, such as the informational, linguistic and pragmatist turn. In contemporary
philosophy it is common to come across the study of concept of action. Several
philosophers have tried to characterize this concept, or have done so in their philosophical
conceptions, exposed their works. The pragmatist Charles Sanders Peirce, in his work “The
Fixing of Belief”, will deal with how beliefs are fixed in individuals, or even communities,
bringing a rather interesting debate about the concept of action. At the beginning of
the work, Peirce does this bringing his vision about what is the doubt, belief and their
differences. For Peirce, existing these two states of doubt and belief, one leads the
way to the other (the passage from doubt to the formulation of a belief). The author
highlights three primary differences between these two states: the feeling of doubting and
believing are different, for we know when we want to ask or judge; a practical difference,
in which our beliefs guide ours desires and shape our actions, as opposed to the doubt
that may prevent some decision making; and the last difference, the fact that doubt is a
feeling of dissatisfaction we struggle to overcome and achieve state of belief, which is a
comfortable and satisfying state. With this in view, beliefs play a key role in our behavior/
action. Peirce outlines, at this moment, the struggle to get out of the state of doubt of
“inquiry”, whose object is the establishment of an opinion that will guide a behavior. After
these, Peirce will outline the methods of fixing beliefs: of tenacity, authority, a priori and
scientific. The objective of the author is to show how each one proceeds and defend the
thesis that the scientific method is the safest and most appropriate to establish beliefs.
For Peirce, the scientific method coincides with the facts, satisfies the doubt, for in,
the scientific method, our beliefs would be formulated by something external, through
a pure observation of the object in the world, making use of perception; finally there
is a referral to an overall true conclusion. The objective of this work, first, is to present
Peircean concepts of doubt and belief, making a panoramic relation with the action of
the individuals. Next will be traced the scientific method, how it is fixed as belief and
its connection with action.
SOUZA, Edna A. de; VICENTINI, Max R.

(UNESP, UEM, Brasil)
CONSEQUÊNCIAS DA NATURALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO: CONSIDERAÇÕES A

PARTIR DA MÁXIMA PRAGMATICISTA
O significado de conceitos ou signos consiste nas consequências práticas concebíveis
de sua aplicação. Compreende-se por consequência prática concebível o modo
racional de produção de ação deliberada que tem por base a crença na verdade
desse conceito ou signo (CP 5, 438). A ação deliberada, segundo Peirce, não é
18º EIP [18th IMP] | 205

unicamente determinada pelo motivo de ação (aqui entendido como produzido
por relação causal), mas, em acréscimo a esse, se realiza segundo um ideal de
conduta (aqui entendido como produzido por relação informacional). Isto é, pela
consideração crítica dos efeitos possíveis da escolha de um curso de ação, tendo
em vista o que se espera para o futuro (CP 1, 574). Inspirados nesta máxima, serão
investigadas neste trabalho possíveis consequências da adoção de perspectivas
naturalistas/mecanicistas de tratamento da informação, como a proposta por
Dretske (1981), para o direcionamento de opiniões e fixação de hábitos de conduta
em sociedades informatizadas. Dretske, de uma perspectiva epistemológica
naturalizada, compreende a informação como relações legiformes entre eventos
ou estados do mundo. Neste contexto, o que distinguiria sistemas informacionais
cognitivos de processadores de informação mais triviais, como o termostato,
é o modo como se processa, codifica e utiliza a informação que é recebida; ou
melhor, é a capacidade de representar o mundo, a qual envolve certo grau de
intencionalidade. Dretske não exclui a possibilidade de animais não humanos e
sistemas artificiais apresentarem certo grau de intencionalidade. Sistemas artificiais
poderiam, a partir do atendimento a certos constraints iniciais, adquirir a capacidade
de processar e até mesmo gerar informação significativa. Retomando a máxima
pragmaticista, argumentamos que o exercício da crítica e da autocrítica, necessário
para a formação de conduta deliberada, tem como uma de suas condições o
acesso à informação relevante. O desenvolvimento de abordagens naturalistas/
mecanicistas, que conectam significado e informação, como sugerido por Dretske
e desenvolvido por Menant (2014), parece possuir consequências práticas que
suscitam considerações éticas. Ao mesmo tempo em que a abordagem naturalista
possibilita o tratamento da significação por construtos mecânicos, a implementação
de pressupostos mecanicistas no processo de formação de hábitos restringe o
espectro de informação que pode ser considerado relevante para o exercício da
crítica e da autodeterminação da conduta. Uma consequência imediata do padrão
mecanicista imposto na comunicação pode ser vista na uniformidade de condutas
no ambiente digital, promovida pela ubiquidade da computação e das Tecnologias
de Informação e comunicação. Uma indagação, que julgamos urgente no contexto
acima pode ser assim expressa: Estamos experienciando a reconfiguração do ser
humano e de sua relação com o ambiente como consequência do domínio da
perspectiva mecanicista no tratamento da informação?
CONSEQUENCES OF THE NATURALIZATION OF INFORMATION: CONSIDERATIONS FROM

THE PRAGMATICIST MAXIM
Consequences of the naturalization of information: considerations from the pragmaticist
maxim. It’s understood by conceivable practical consequences the rational way of
production of deliberated action, which is based on the belief in the truth of that concept
206 | 18º EIP [18th IMP]

or sign (CP 5, 438). Deliberate action, according to Peirce, is not only determined by
the motive of action (here understood as produced by causal relation), but, in addition
to that, it is carried out according to an ideal of conduct (here understood as produced
by informational relation). That is, by the critical consideration of the possible effects
of choosing a course of action, in view of what is expected for the future (CP 1, 574).
Inspired by this maxim, we will investigate the possible consequences of the adoption
of naturalistic / mechanistic perspectives of information processing, such as the one
proposed by Dretske (1981), for directing opinions and establishing habits of conduct
in computerized societies. Dretske, from a naturalized epistemological perspective,
understands information as legiform relationships between events or states of the
world. In this context, what would distinguish cognitive informational systems from
more trivial information processors, such as the thermostat, is the way information
is processed, coded and used; or rather, is the capacity to represent the world, which
involves a certain degree of intentionality. Dretske does not exclude the possibility that
non-human animals and artificial systems present a certain degree of intentionality.
Artificial systems could, from the attendance to certain initial constraints, acquire
the capacity to process and even generate meaningful information. Returning to the
pragmaticist maxim, we argue that the exercise of criticism and self-criticism, necessary
for the formation of deliberate conduct, has as one of its conditions access to relevant
information. The development of naturalistic / mechanistic approaches, which connect
meaning and information, as suggested by Dretske and developed by Menant (2014),
seems to have practical consequences that raise ethical considerations. At the same
time as the naturalistic approach allows the treatment of meaning by mechanical
constructs, the implementation of mechanistic assumptions in the process of habit
formation restricts the spectrum of information that may be considered relevant for
the exercise of criticism and self-determination of conduct. An immediate consequence
of the mechanistic standard imposed on communication can be seen in the uniformity
of behaviors in the digital environment, promoted by the ubiquity of computing and
Information and Communication Technologies. A question that we deem urgent in the
above context can be expressed as follows: Are we experiencing the reconfiguration of
the human being and his relation to the environment as a consequence of domination
of the mechanistic perspective in the treatment of information?
TAVARES, Bárbara L.; BROENS, Mariana C.

TEORIAS CAUSAIS DA AÇÃO E PRAGMATICISMO: UM DIÁLOGO POSSÍVEL?

As ações podem ser caracterizadas como processos voluntários conscientes dos
agentes. De acordo com essa caracterização, as motivações das ações humanas
são provenientes de suas crenças e vontades, portanto, resultam, ou são efeitos,
18º EIP [18th IMP] | 207

de processos de causação mental. Essa caracterização de ação é utilizada pelas
teorias tradicionais causais da ação, cujos propositores (especialmente a partir
do trabalho pioneiro de Elizabeth Anscombe, 1957) defendem que “se age por
razões”, mas o tipo de raciocínio envolvido na causação mental da ação não faz
parte da preocupação dos pesquisadores da Filosofia da Ação (FRANKFURT 1978;
JUARRERO 1999; DAVIS, 2010). Sendo assim, cabe perguntar: qual seria o tipo de
raciocínio utilizado pelo agente para causar ações? Como essas ações podem ser
efetivamente estendidas ao ambiente? O pragmaticismo peirceano nos apresenta
uma perspectiva segundo a qual os fenômenos físicos são derivados de fenômenos
psíquicos, a matéria sendo a mente consolidada pelos hábitos. Ao adquirir hábitos,
a mente faria uso constante do raciocínio abdutivo, gerando ações estendidas ao
ambiente. A conduta prática pode ser modificada (e, portanto, gerada) através do
efeito lógico dos processos abdutivos que são parte de todo o projeto arquitetônico
do pragmaticismo, pois, para Peirce (...) “a máxima do pragmatismo, se verdadeira,
recobre inteiramente toda a lógica da abdução”. (PEIRCE, 2012 [CP 149.94], p.
232). Desse modo, nosso trabalho investigará a possível complementaridade entre
a teoria da causação mental de ação intencional e a tese pragmaticista do papel dos
processos abdutivos no raciocínio gerador de novos hábitos de ação.
CAUSAL THEORIES OF ACTION AND PRAGMATICISM: A POSSIBLE DIALOGUE?

Actions can be characterized as voluntary conscious processes of agents. According to
this characterization, the motivations of human actions are derived from their beliefs
and wills, therefore, they result, or are effects, from processes of mental causation. This
characterization of action is used by the traditional causal theories of action, whose
proponents (especially from the pioneering work of Elizabeth Anscombe, 1957) argue
that “one acts for reasons”, but the type of reasoning involved in mental causation
of action does not part of the concern of the researchers of the Philosophy of Action
(FRANKFURT 1978; JUARRERO 1999; DAVIS, 2010). So, what is the type of reasoning
used by the agent to cause actions? How can these actions be effectively extended to
the environment? Peircean Pragmaticism presents us with a perspective according to
which physical phenomena are derived from psychic phenomena, matter being the mind
consolidated by habits. When acquiring habits, the mind would make constant use of
the abductive reasoning, generating actions extended to the environment. Practical
conduct can be modified (and therefore generated) through the logical effect of the
abductive processes that are part of the whole architectural project of Pragmaticism,
because, for Peirce (...) “the maxim of pragmatism, if true, fully covers the whole logic
of abduction”. (PEIRCE, 2012 [CP 149.94], p. 232). Thus, our work will investigate the
possible complementarity between the theory of mental causation of intentional action
and the pragmaticist thesis of the role of abductive processes in the reasoning that
generates new habits of action.
208 | 18º EIP [18th IMP]

18o Encontro Internacional sobre Pragmatismo

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18º Encontro Internacional sobre Pragmatismo

[18th International Meeting on Pragmatism]

Centro de Estudos de Pragmatismo

Programa de Estudos Pós-Graduados em Filosofia

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Comissão Científica [Scientific Committee]

Comissão Organizadora [Organizer Committee]

Equipe Técnica [Supporting Team]

Comunicação [Communication Project]

18º Encontro Internacional sobre Pragmatismo

Encontro Internacional sobre Pragmatismo, São Paulo, SP,

1. Filosofia - Congressos. 2. Pragmatismo - Congressos. 3. Ciência - Filosofia -

Produção Editorial [Editorial Production]

Correspondência Editorial [Editorial Offices]

RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES

Abertura do 18º EIP [Opening of the 18TH IMP]

Manhã livre [Free morning]

AUDITÓRIO 333 - 3º PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Edelcio Gonçalves de Souza (USP, Brasil)

12 | 18º EIP [18th IMP]

AUDITÓRIO 333 - 3º PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

Sessão de conferências [Conference session]

Noite livre [Free evening]

18º EIP [18th IMP] | 13

AUDITÓRIO 333 - 3º PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

Sessão de conferências [Conference session]

Coordenação da sessão [Session Chair]: José Crisóstomo de Souza (UFBA, Brasil)

AUDITÓRIO 333 - 3º PISO E AUDITÓRIOS 100 E 117A - 1º PISO

Noite livre [Free evening]

14 | 18º EIP [18th IMP]

Noite livre [Free evening]

18º EIP [18th IMP] | 15

AUDITÓRIO 333 - 3º PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

Sessão de conferências [Conference session]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Mariana Broens (UNESP-Marília, Brasil)

Tarde/noite livre [Free afternoon/evening]

16 | 18º EIP [18th IMP]

Sessões de comunicações 1 a 3 [Communicatin Sessions 1 to 3]

AUDITÓRIO 333 - 3ª PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

1 - Pragmatismo e Dewey [Pragmatism and Dewey]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Darcísio Natal Muraro (UEL-PR, Brasil)

18º EIP [18th IMP] | 17

2 Lógica e Epistemologia [Logic and Epistemology]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Renan Henrique Baggio (PUC-SP, Brasil)

18 | 18º EIP [18th IMP]

3 - Semiótica, Arte e Cultura [Semiotics, Art and Culture]

18º EIP [18th IMP] | 19

Sessões de comunicações 4 a 6 [Communicatin Sessions 4 to 6]

AUDITÓRIO 333 - 3ª PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

4 - Cognição e Teoria da Significação [Cognition and Theory of Meaning]

Coordenação da sessão [Session Chair]: Arthur Araújo (UFES, Brasil)

20 | 18º EIP [18th IMP]

5 - Pragmatismo, Semiótica e Comunicação

Coordenação da sessão [Session Chair]: Marcos Beck Bohn (COS-PUC-SP, Brasil)

18º EIP [18th IMP] | 21

Coordenação da sessão [Session Chair]: Fabio Daniel Vieira (Unochapecó – Brasil)

22 | 18º EIP [18th IMP]

Sessões de comunicações 7 a 9 [Communicatin Sessions 7 to 9]

AUDITÓRIO 333 - 3ª PISO [AUDITORIUM 333 - 3RD FLOOR]

7 - Cognição e Teoria da Significação [Cognition and Theory of Meaning]

18º EIP [18th IMP] | 23

8 - Criatividade, Imaginação e Percepção [Creativity, Imagination and Perception]