Você está na página 1de 3

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS ESTUDANTES EM ESCOLAS DA

FRONTEIRA ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI-MS

Oliveira, Lilia Odete Nantes de 1


Neimar, Machado de Souza2

RESUMO: Introdução: pesquisa desenvolvida na Universidade Católica Dom Bosco-


UCDB, com o tema “A Construção da Identidade dos Estudantes em Escolas da
Fronteira entre o Brasil e o Paraguai-MS”. Foi pensada de modo a buscar respostas
acerca do modo com que o multiculturalismo influencia no processo de construção da
identidade dos estudantes, sobretudo os do Ensino Fundamental, pertencentes às
cidades fronteiriças de Ponta Porã (Brasil), situada na área de fronteira seca com a
cidade paraguaia Pedro Juan Caballero (Paraguai).Objetivo: identificar a construção
das identidades híbridas das crianças em uma escola da fronteira. Ao lado disso,
busca-se identificar os seguintes elementos: origem cultural das crianças que
frequentam as escolas de fronteiras; propostas e ações das escolas em relação a
estes estudantes estrangeiros e os motivos pelos quais os pais levam as crianças
paraguaias a buscarem as escolas brasileiras. Material e Métodos: a pesquisa,
portanto, foi realizada no referido locus, Quanto à forma de abordagem do problema, a
pesquisa será desenvolvida com base em estudo bibliográfico, documental, qualitativa,
de caráter exploratório a realizar-se. O estudo teve uma abordagem qualitativa, com
levantamentos de dados através de questionários, entrevistas, observação e
levantamento de dados na Secretaria de Educação sobre o tema em questão.
Resultados e discussões: a pesquisa justifica-se a partir da seguinte questão: sobre
como a diversidade influencia os estudantes e como eles desenvolvem-se, quais são
os aspectos relevantes de uma cultura entre fronteiras e marcada pelas
transformações sociais pertinentes a essa região e como as crianças se veem nesses
entre lugares. Observando o objeto de estudo e com as informações ora obtidas foi
possível observou que a instituição escolar de fronteira carrega, além de seus
objetivos educacionais recorrentes, a tarefa árdua de amenizar o impacto da
problemática referente à identidade dos estudantes; especialmente a preocupação em
criar condições de valorização e respeito entre todos, nativos e migrantes, de forma
que no seu interior se contemple a pluralidade e a integração. Pois, é preciso
reconhecer o caráter heterogêneo em que se definem estes grupos e os vários
elementos que os levam à constituição de experiências sócios culturais e à condição
de viverem suas infâncias num contexto diverso entre duas culturas, em que os
estudantes constroem seu próprio mundo através da inserção social institucionalizado
no ambiente escolar.Conclusão:as identidades dos alunos não se tratam de

1
Mestranda em Educação da Universidade Católica Dom Bosco – Linha III - Diversidade Cultural e
Educação Indígena – email – liliannantes@hotmail.com

2
Doutor em Educação, professor Adjunto da UFGD e colaborador do PPGE/UCDB/ Linha 3 -
Diversidade Cultural e Educação Indígena, e orientador desta pesquisa - e-mail – neimarsouza@ufgd.br
substâncias dadas e consolidadas. Ao contrário, elas são situacionais, relacionais e
instáveis, visto que são constantemente redefinidas conforme são movidas as peças
deste complexo jogo estabelecido no paradoxal, mutável rico e diverso contexto da
fronteira, onde uma história repleta de conflitos e acordos, interesses e necessidades
de distintos grupos, de multi/interculturalidade, de multiculturalismo, dentre outros
atributos, fazem parte de um cotidiano único e em constante transformação. Assim,
este trabalho busca representar uma pequena contribuição para a compreensão e
para a busca de melhores respostas para os problemas identitários verificados em um
contexto que continuará constantemente sendo modificado tanto nas narrativas dos
intelectuais, quanto em suas expressões populares, valores, cultura.Neste sentido, as
escolas e os agentes que compõem sua comunidade precisam estabelecer currículos
e práticas que levem em conta toda essa diversidade e a encare em seu viés positivo
para minimizar eventuais situações de estigmação, preconceito e marginalização, na
construção de uma identidade pautada no respeito próprio e ao outro, que aceite a
diversidade como riqueza, que desperte a curiosidade e a admiração ao diferente e a
construção de valores como a empatia e solidariedade. Em uma visão realista da
educação, sem tentar entendê-la como única responsável pela solução dos conflitos e
questões que ocorrem um uma sociedade, mas que reconhece o potencial desta
instituição social, defendo que a escola é um espaço, por excelência, onde é possível
construir pontes e diálogos, buscar o reconhecimento e respeito aos valores culturais
que são valores universais, estabelecer boa convivência com o diferente, aprender
valores ligados a ética e ao respeito, melhorar os problemas sociais relacionados às
questões de diversidade cultural, enfim, no qual podemos iniciar a construção da
sociedade que almejamos para as futuras gerações. A escola tem potencial para
contribuir na tentativa de minimizar/extinguir conceitos errados geradores de estigmas
e preconceitos e, portanto, na busca ao respeito pelas distintas identidades que juntas
constituem a identidade dos estudantes fronteiriços. Nesse sentido, um dos maiores
desafios de uma instituição escolar, especialmente a fronteiriça, é investir em práticas
que possam contribuir para superação da discriminação e contribuir para a
socialização da riqueza da diversidade etnocultural que constitui um patrimônio
sociocultural..

PLAVRAS-CHAVE: Multiculturalismo, Identidade, Interculturalidade. Brasil, Paraguai

Referências

Barth, F. (1997). Grupos étnicos e suas fronteiras. São Paulo, SP: Editora da
Universidade Estadual Paulista. (Original publicado em 1969)

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1998.

CARDOSO, R. de Oliveira. Os (des)caminhos da identidade. Revista Brasileira de


Ciências Sociais, 2000, 15(42), 7-21.
CANCLINI, N. G. As Culturas Híbridas em Tempos de Globalização. Introdução à
edição de 2001 in N. G. Canclini. Culturas Híbridas – Estratégias para entrar e sair da
modernidade. São Paulo: EDUSP, 2003.

HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP & A


Editora, 2003.

HALL, Stuart [et al]. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte:
Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003a.

Você também pode gostar