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Ano III | Edição N°06/2017

Política & Saúde Brasília, 03 de abril de 2017

ESPECIAL
Organizações Sociais
na Saúde
organizações sociais na saúde
editorial

A
presença das Organizações Sociais na exercendo o Controle Social de forma efetiva
Saúde Pública foi um dos assuntos mais por meio dos Conselhos de Saúde e acompa-
noticiados no ano de 2016, em todas as nhando a elaboração de leis, que algumas
mídias, fazendo parte das manchetes nacio- vezes são elaboradas para desaparelhar os
nais em investigações realizadas pelas Polícias órgãos de controle, um exemplo apresentado
Civil e Federal, Ministérios Públicos, Tribunais é o Estado de Goiás, onde o Tribunal de Contas
de Contas envolvendo Contratos no Amazo- do Estado fechou o setor de Auditoria.
nas, Rio de Janeiro, Maranhão, Distrito Federal As justificativas para a implantação das
entre outros Estados. Organizações Sociais na Saúde como a única
A contratação de Organizações Sociais- opção para resolver os problemas no setor de
OS para executar serviços de saúde pública, saúde em âmbito nacional são: a economici-
popularmente conhecida como “Gestão por dade e desburocratização dos serviços. Todos
Organizações Sociais”, que conforme dispo- os palestrantes citaram a ausência de um
sitivos legais deveria ser um serviço comple- estudo que demonstre quais ações da gestão
mentar ao Sistema Único de Saúde-SUS, tem antecederam a implantação das Organizações
sido constatada em alguns Estados como a Sociais, e os motivos pelos quais essas ações
substituição da Gestão da Administração Dire- não tiveram efeitos positivos.
ta. Existem Secretarias de Saúde que transfe- A avaliação dos dados apresentados ao lon-
riam 100% da saúde para a Gestão por Orga- go do conteúdo demonstra que a economici-
nizações Sociais, inclusive o serviço do SAMU, dade e desburocratização, quando detalhadas
e que devido aos inúmeros problemas de as informações financeiras das despesas ficam
irregularidades na execução dos serviços os constatadas como serviços abusivamente mais
Contratos não puderam ser rompidos de imedi- caros, falta de controle dos recursos diante
ato, pois as Secretarias de Saúde ficariam sem dos milhões de reais em saques, alguns “não
condições de reassumir todos os serviços. identificados”. Os dados dos recursos públicos
O Especial Organizações Sociais na repassados aos serviços de saúde próprios da
Saúde apresenta os resultados da atuação Secretaria de Saúde e os recursos repassados
em conjunto do Ministério Público, Tribu- às Organizações Sociais para realizar os mes-
nal de Contas da União, Tribunais de Contas mos serviços, evidenciam discrepância nos
dos Estados, Tribunais de Contas dos Municí- valores repassados.
pios, Ministério Público de Contas, Ministério O que temos no Brasil é a disseminação
Público do Trabalho, Controladoria Geral da grupos empresariais figurando como Organiza-
União-CGU e Polícia Federal, que foram divul- ções Sociais, de grupos que atuam de forma
gadas durante Evento realizado pelo Minis- cada vez mais ampla assumindo gradativa-
tério Público Distrito Federal e Territórios- mente a função da Secretaria de Saúde.
MPDFT: “Encontro Organizações Sociais na A falta de transparência nas relações com
Saúde Pública: a visão dos órgãos de con- as Organizações Sociais é um dos maiores
trole e fiscalização”. Painéis de discussões: problemas. A transparência dos Contratos
“A Fiscalização das Organizações Sociais pelos bem como a Prestação de Contas, seguindo as
Órgãos de Controle Externo” e “A Fiscalização regras do Ministério Público de Contas per-
das Organizações Sociais pelo Ministério Públi- mitem à sociedade conhecer as informações
co e Polícia Federal”. e saber onde de fato estão sendo aplicados os
É fundamental a participação da sociedade recursos públicos.

EXPEDIENTE
Política & Saúde é um periódico elaborado pelo Instituto Alta Complexidade Política & Saúde. Conteúdo informativo
e educativo sobre Alta Complexidade em saúde, políticas públicas e universo da pessoa com deficiência.
Presidente: Sandra Mota
Jornalista Responsável: Hulda Rode (DRT DF N°8610/2010)
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organizações sociais na saúde
Fiscalização das Organizações Sociais pelos Órgãos de Controle Externo
Foto: MPDFT SECOM - 18.11.2016
Presidindo a primeira mesa
o Procurador Júlio Marcelo
(membro do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da
União) questionou a insistên-
cia do Governo do Distrito
Federal para que seja trans-
ferida grande parte da gestão
da saúde para Organizações
Sociais. Citando a experiên-
cia desastrosa no Distrito Fe-
deral quando da contratação
da Real Sociedade Espanhola
para fazer a gestão no Hospi-
tal Regional de Santa Maria-
HRSM.
“As Organizações Sociais
são ditas e vistas como uma
saída para a saúde, que o
problema da saúde é gestão,
como se fosse uma solução
mágica que traz resultados
muito melhores do que a
gestão direta, de administra- bem superior do que a gestão excelência, imaginar que sim-
ção estatal com médicos con- direta. plesmente entregar a saúde
tratados por concurso público. A experiência de gestão por pública para Organizações
Eu concordo que o problema Organização Social realizada Sociais possa transformar na
da saúde é gestão, mas não é pela Rede Sarah demonstra o saúde da Suíça, é ilusão, é en-
o Regime Jurídico Celetista ou quanto uma gestão rigorosa ganar as pessoas, enfatizou o
Estatutário que vai definir a é importante, com destaque Procurador.
qualidade da gestão”, comen- para: regime de dedicação O Procurador Júlio Marcelo
ta o Procurador do MP-TCU. exclusiva de seus médicos; argumentou sobre as diferen-
Dr. Júlio Marcelo defende regime de fiscalização que ças absurdas entre os recur-
que gestão é a participação envolvem objetivos, metas sos públicos destinados aos
do cotidiano da prestação de e cumprimento de horários. serviços de saúde com gestão
serviços na unidade de saúde, No Brasil existem poucos hos- pública e a gestão por Orga-


acompanhando e fazendo pitais públicos e privados de nização Social.
controle sobre: a frequên-
cia de todos os profissionais Destaque ainda para que o custo social, o
de saúde; dos materiais, não custo de oportunidade de adotar um mod-
somente na compra, mas a elo desse depois ter que desfazer. Quantas
disponibilidade para uso no pessoas ficam mal atendidas pelo caminho,
momento adequado; e a ava- além de todo prejuízo financeiro que foi des-
liação de soluções para re- perdiçado, se foi pago R$ 136.000.000,00
alizar as melhores estratégias para gestão por Organizações Sociais e
no atendimento da sociedade. a Gestão Pública R$ 36.000.000,00 se
Outro aspecto destacado foi tivesse mantido os dois públicos e tivesse
quanto ao custo dos serviços aplicado R$ 72.000.000,00 em cada, não
prestados pelas Organizações teria tido um atendimento melhor para as
Sociais, em várias Unidades pessoas?
da Federação, ao contrário
do que é divulgado o custo é Júlio Marcelo - Procurador do MP-TCU
organizações sociais na saúde
Fiscalização das Organizações Sociais pelo Ministério Público
Foto: Sérgio Singer/ Ascom-TCE – 15.09.2016

A Procuradora Geral do “Não é possível exigir Para a Procuradora, Mar-


Ministério Público de Contas o mesmo parâmetro de torell trata dessa promiscui-
Distrito Federal - Drª Cláu- atuação entre uma en- dade entre o público e o priva-
dia Fernanda teve como tema do e que isso vai criando um
tidade privada que se
“As Organizações Sociais na sistema misto, um sistema
move pela rentabilidade
Áreas da Saúde Pública Dis- degenerado, com entidades
trital e o Enfrentamento des- e uma entidade pública, cada vez mais fugindo a um
sas Questões pelo Tribunal de que é presidida pelo in- outro padrão. O direito priva-
Justiça do Distrito Federal e teresse geral e pela uni- do se estabelece numa relação
Territórios e pelo Tribunal de versalidade, por isso, ele entre iguais, o que não ocorre
Contas do Distrito Federal”. (Martorell) adverte, que na Administração Pública.
Iniciou destacando a im- nem sempre se pode exi- Drª Cláudia ressalta o
portância do assunto Orga- gir apenas o Princípio da que vivenciamos atual-
nizações Sociais na Saúde Eficiência no trato des- mente é a chamada fuga
para Brasília e para o Brasil; sas questões, com rela- da Administração do seu
e fazendo uma reflexão so- direito específico, que é o
ção ao menor custo”.
bre a diferença de atuação na direito público, e o que per-
(Martorell. La desadministración
Administração Pública e na meia toda essa discussão é a
pública; 2001)
Administração Privada. questão do direito privado.
organizações sociais na saúde
Foto: Reprodução/ Internet

Histórico das Organizações Sociais no Brasil


Em 1995 teve início no Brasil Plano Diretor de Reforma do Aparelhamento
a Reforma da Gestão Pública do Estado (Reforma Administrativa, Emenda
ou Reforma Gerencial do Esta- Constitucional-EC Nº 19∕1998)
do com a publicação, do Pla-
no Diretor da Reforma do Setores do Estado (Núcleos) Propostas
Estado e o envio para o Con- Estratégico Modernização da gestão e políti-
gresso Nacional da Emenda É o setor que define as leis e as ca de profissionalização, com a
da Administração Pública que políticas públicas, e cobra o seu introdução de uma cultura ge-
se transformaria na Emenda cumprimento, onde as decisões rencial, baseada na avaliação de
estratégicas são tomadas. Po- desempenho.
Constitucional 19∕1998.
deres Legislativo e Judiciário,
Alguns aspectos destacados ao Ministério Público e, no
pela Drª Cláudia Fernanda, Poder Executivo, ao Presidente
Pro­curadora Geral do MPCDF, da República, aos ministros e
a Administração Pública está aos seus auxiliares.
se transformando e entre as
mudanças está a interação Atividades Exclusivas Prevê a transformação de au-
com o setor privado, uma par- Corresponde setor em que são tarquias e fundações em agên-
ceria cada vez maior e nesse prestados serviços que só o cias autônomas administradas
contexto surgiram as Orga- Estado pode realizar. Incluindo o segundo Contrato de Gestão,
nizações Sociais não estatais, poder de regulamentar, fiscalizar, com ampla liberdade de admin-
que prestam serviços. fomentar. istrar recursos humanos materi-
“Hoje convivemos com uma ais e financeiros colocados à sua
disposição, para que alcancem
Administração Pública onde
objetivos previamente acorda-
interagem vários olhares, ex- dos.
iste uma preocupação de uma
Serviços Não Exclusivos Prevê-se o programa de publi-
parceira cada vez maior com
Corresponde ao setor onde o Es- cização com a chegada das or-
as Entidades privadas e eclo- tado atua simultaneamente com ganizações sociais, chamadas de
diu com esses novos tempos outras organizações públicas não entidades público não estatais,
a figura das chamadas Orga- estatais e privadas. As institu- as quais mediante contrato de
nizações Sociais não estatais ições desse setor não possuem o gestão com o poder público re-
para a prestação de serviços”. poder de Estado. São exemplos: ceberão dotações orçamentárias,
A justificativa para a mu- universidades, hospitais, centros ou seja, serão financiadas pelo
dança, pela opção da gestão de pesquisa e museus. Estado.
por Organização Social é sem-
pre o princípio da Eficiência, Produção de bens e serviços O que se quer é dar continuidade
no entanto, na pratica o que para o mercado ao programa de privatização.
existe é uma tentativa de di- Corresponde à área de atuação
versificar o regime jurídico dos das empresas. É caracterizada
pelas atividades econômicas vol-
servidores públicos, a simpli-
tadas para o lucro.
ficação de procedimentos lici-
tatórios, da fiscalização e do
controle.
organizações sociais na saúde
No Distrito Federal a Lei
n° 4.110∕2008, em desobe- O Princípio da Impessoalidade, assim como os demais Princí-
diência ao princípio da Im- pios da Administração Pública estão na Constituição Federal,
no artigo 37.
pessoalidade, cita expressa-
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
mente que vários dispositivos
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
não são aplicáveis ao Hospital
Municípios obedecerá aos princípios de Legalidade, Impes-
de Santa Maria, tendo como soalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência e, tam-
objetivos viabilizar o Contrato bém, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional
com a Cruz Vermelha. nº 19, de 1998)”

“Parágrafo único. O dis- mentos, critérios, requisitos nizações Sociais.


posto neste artigo não se para qualificação e estabeleci- A Procuradora destaca a ne-
aplica à contratação de mento de requisitos. A Re- cessidade de que a Organiza-
organização social para solução nº 3 faz referência ao ção Social demonstre sua ex-
a gestão e execução dos Parecer nº 970∕2009 emitido periência na atividade que vai
serviços de saúde no Hos- pela Procuradoria Geral do assumir e que a avaliação não
pital Regional de Santa Distrito Federal, no qual de- seja apenas uma formalidade.
Maria. fine que a manifestação do Consultando os processos de
Secretário de Saúde não é qualificação dessas Entidades
Art. 20. ........................ mera análise de documento, é possível perceber que mui-
Parágrafo único. O dis- mas vincula a Secretaria de tas delas não demonstram
posto neste artigo não se Saúde à decisão do Secretário experiência alguma na área
aplica à contratação de
ao optar por aquela Política de da saúde pública, que foram
organização social para
Governo, ele vai decidir por criadas e de imediato postu-
a gestão e execução dos
serviços de saúde no Hos-
uma Organização Social, por- lam a qualificação como Orga-
pital Regional de Santa tanto, ele se vincula àquela nização Social. O Tribunal de
Maria, para a qual o prazo escolha e àquela qualificação. Contas da União, no Acórdão
inicial poderá ser de até O entendimento do MP, é n° 3239∕2013 referendou a
10 (dez) anos, renová-vel que o ato de qualificação das necessidade de fundamen-
por igual período em caso Organização Sociais, não é tação na escolha do modelo
de comprovado interesse um ato menor, e precisa ser de gestão por Organizações
público.” (Trechos da Lei um ato controlado, é um ato Sociais, é a aplicação dos
n° 4.110∕2008. Grifo nosso) administrativo, precisa obser- princípios: da razoabilidade,
var todos os requisitos legais da proporcionalidade, do in-
e princípios: Legalidade, Imp- teresse público, da motiva-
No julgamento da Ação
essoalidade, Moralidade, Pub- ção, que estão inseridos no
Direta de Inconstitucionali-
licidade e Eficiência. A qualifi- art. 19 da Lei Orgânica do Dis-
dade-ADIN, o TJDFT proferiu
cação é a porta de acesso aos trito Federal.
decisão favorável em vários
recursos públicos e o Minis- Na avaliação dos documen-
dispositivos, destaque para
tério Público tem atuado em tos da execução dos Contratos
a eliminação das áreas de
relação à qualificação dessas de Gestão no DF não foram
atuação em que o Distrito
entidades. identificadas as planilhas
Federal ultrapassava a Lei
O Parecer nº 970∕2009, de custos dos serviços com
n° 9.637∕1998 (modelo Fe-
detalha a Procuradora, é um detalhamentos das despesas,
deral). A decisão atingiu o
documento de referência, uti- o que dificultou a fiscalização
Contrato do Hospital Regional
lizado em vários processos de e controle dos recursos.
de Santa Maria por violação ao
qualificação das Organizações A decisão do Supremo Tri-
Princípio da Impessoalidade.
Sociais com objetivo de alertar bunal Federal na Ação Direta
A Lei n° 4.081∕2008 (DF)
o gestor sobre a responsabili- de Inconstitucionalidade-ADIN
apresentava os requisitos for-
dade quanto ao cumprimento 1923∕DF fixou como parâme-
mais para qualificar Organiza-
daqueles requisitos. Destaque tros: legalidade, moralidade,
ções Sociais no Distrito Fe-
para os Despachos nº 298 e como por exemplo, que se
deral.
299, emitidos pela Assessoria conduza a dispensa de lici-
O Conselho de Saúde do
Jurídica da Secretaria de Esta- tação de forma pública, bem
Distrito Federal publicou as
do e Saúde do Distrito Federal como critérios para seleção e
Resoluções nº 1, 2 e 3, que
sobre a exigência da avaliação contratação de pessoal.
definiam: processos, procedi-
quantiqualitativa das Orga-
organizações sociais na saúde
Foto: Secom TCU – 13.05.2016

As Organizações Sociais na Saúde do Distrito Federal


A realização da prestação de serviços na saúde por meio de Con-
tratos de Gestão por Organizações Sociais começou com os proble-
mas provocados pelas Entidades: Fundação Zerbini, Cruz Vermelha
e Real Sociedade Espanhola.
Quando surgiu o Programa Família Saudável (antes Programa
Saúde da Família) inicialmente havia um Contrato de Gestão com
Instituto Candango de Solidariedade-ICS; depois houve um Termo
de Parceria (Fundação Zerbini) que após se transformar em OSCIP
firmou um Convênio. A parceria entre todos os representantes do
Ministério Público, permite a realização de ações, como nesse caso
foi feita representação aos membros do MPContas da União, que
imediatamente formularam ao TCU uma representação noticiando
das inúmeras irregularidades que que haviam no Programa Família
Saudável (Saúde da Família).

Irregularidades no Contrato do Programa Família Saudável


Entre as diversas irregularidades encontradas nos Contratos as
mais graves eram: Profissionais que não estavam exercendo suas
atividades; Indícios de favorecimento de profissionais; Equipes atu-
ando incompletas; Favorecimento de “cabos eleitorais” para assumir
cargos, por exemplo: Formulário em que a experiência profissional
relatava “cabo eleitoral do governador em 1° e 2° turno”.
A decisão do Tribunal de Contas da União-TCU constava: anula-
ção das contratações de pessoal; determinando Cautelarmente ao
Ministério da Saúde a suspensão dos repasses ao Distrito Federal. A
Procuradora Cláudia Fernanda esclareceu que: o MPDFT entrou com
Ação Civil Pública também para anular esse Contrato em todas as
modalidades realizadas seja por Termo de Parceria ou Convênio, e
houve decisão favorável, no entanto, isso aconteceu quando o Con-
trato já havia expirado.

Prestação de Contas Fundação Zerbini


No Tribunal de Contas do DF não há Prestação de Con-
tas, porque não foi apresentada a Prestação de Contas, por-
tanto, não houve julgamento das Prestações de Contas do Con-
vênio com a Fundação Zerbini, mesmo existindo representação
formulada em 2005, ou seja, há mais de 10 anos. Existem ou-
tros processos em andamento aguardando decisão judicial.
Pre­juízos ao Distrito Federal: R$ 20.000.000,00.

Irregularidades - Cruz Vermelha (Petrópolis-RJ)


O Distrito Federal firmou 2 (dois) Contratos de Gestão totali-
zando R$ 3.463.130,80, com a Entidade Cruz Vermelha, sediada
em Petrópolis-RJ, para administrar Unidade de Pronto Atendimento-
UPA. A intensa atuação do Ministério Público demonstrando as irre-
gularidades que haviam no Contrato fez com o Governo do Distrito
Federal rescindisse o Contrato de Gestão, no entanto, na ocasião a
Cruz Vermelha recebeu valores antecipadamente e não devolveu os
recursos públicos, embora não tenha executado o Contrato.
Fonte: Material apresentado pela Procuradora Cláudia Fernanda.
organizações sociais na saúde
Foto: Tribunal de Contas do DF / Divulgação – 31.05.2016

Prejuízos Causados ao Governo do Atuação do Ministério Público -


Distrito Federal - Cruz Vermelha Real Sociedade Espanhola
O Governo do Distrito Federal ajuizou ação O Ministério Público ajuizou Ação Civil Públi-
na Vara de Fazenda Pública e a Cruz Vermelha ca obtendo vitória quanto às irregularidades
foi condenada ao ressarcimento integral dos que constavam nos Contratos de Gestão, mas
recursos, o processo foi julgado à revelia. quando da decisão os Contratos já haviam
O Ministério Público ajuizou Ação pedindo sido extintos. O Ministério Público promoveu a
a desconstituição da Pessoa Jurídica visando a desqualificação da Real Sociedade Espanhola.
identificação dos sócios bem como processá- A Ação de Improbidade Administrativa do
los, tendo como objetivo o ressarcimento dos Ministério Público considerando procedente foi
recursos públicos. As duas ações tramitaram e apenas em relação a separação dos Contratos
mesmo existindo duas decisões favoráveis os de Gestão.
processos não foram executados. Prejuízos aos O Ministério Público entrou com nova Ação
cofres do Distrito Federal R$ 8.958.565,75 de Improbidade Administrativa pedindo o res-
(valor atualizado). sarcimento pela não execução do Contrato de
Gestão R$ 33.322.500,00 (avaliação da Au-
Prestação de Contas - Cruz Vermelha ditoria do DENASUS).
A Procuradoria Geral do Distrito Federal
Não foi localizado no Tribunal de Contas também entrou com Ação de ressarcimento
do Distrito Federal nenhum processo em que dos recursos públicos.
tenha sido analisada a Prestação de Contas de O roteiro jurídico relatado pela Procura-
nenhum Contrato da Cruz Vermelha. O TCDF dora Cláudia Fernanda, demonstra os esforços
pela Resolução nº 164∕2004 “Estabelece nor- que são feitos em busca da recuperação dos
mas de organização e apresentação das con- recursos públicos e também a importância de
tas das entidades administradas sob regime ações prévias, ou seja, antes da assinatura
do contrato de gestão firmado com o Governo dos Contratos de Gestão com as Organizações
do Distrito Federal”, que traz como a regra a Sociais.
constituição de processo de contas anual para
julgamento a ser feito pelo Controle Externo. Prestação de Contas –
Consta uma Tomada de Contas Especial-TCE
realizada depois de uma representação no
Real Sociedade Espanhola
Ministério Público, que tramita desde 2013.
No Tribunal de Contas do Distrito Federal
existem vários processos tramitando, aguar-
Irregularidades - dando decisão. Até o momento ainda não
Real Sociedade Espanhola (Salvador - BA) foram julgadas as Prestações de Contas de
2009 e 2010.
Foram realizados dois Contratos de Gestão “O Decreto nº 33.609∕2012, revogou a qualificação
(2009 e 2010) com a Real Sociedade Espanho- da associação Real Sociedade Espanhola como Or-
la, sugiram muitos problemas na execução dos ganização Social do DF. Em 2010, um Termo de
Contratos e a solução encontrada foi a realização Ajustamento de Conduta (TAC) assinado entre o
GDF, o MPDFT, o MPT e o MP junto ao TCDF previu o
de Termo de Ajustamento e Conduta; seguida da
afastamento definitivo da Real Sociedade Espanhola
retomada dos serviços do Hospital de Santa da gestão do HRSM”.
Maria (DF) para a gestão pública. (Fonte: MPDFT / 25.06.2012, às 14h06)
Fonte: Material apresentado pela Procuradora Cláudia Fernanda.
organizações sociais na saúde
Situação das Organizações Sociais no Distrito Federal

Entidades Entidades com Entidades


Não Qualificadas Qualificação em Andamento Qualificadas
Instituto de Gestão e Humanização- Associação Mahatma Gandhi Instituto do Câncer Infantil e Pedia-
IGH tria Especializada-ICIPE
MP Gestão Gestão Otimizada de Resultados em Instituto Santa Marta de Educação e
Serviços Públicos e Privados-GOR Saúde-ISMES
Viva Rio Instituto Internacional Pardes-IIP Foto: Andre Borges/Agência Brasília - 16.3.2016

Organização Geração de Seme- Instituto de Amparo à Pesquisa


lhantes para Educação e Saúde Tecnologia e Inovação na Gestão
Pública-INTS
Sociedade Beneficente Caminho de Instituto Biosaúde-IB
Damasco-SBCD
Organização Social João Marchesi Instituto Nacional de Pesquisa e
Gestão em Saúde-InSaúde
Grupo Tático Resgate-GTR Associação Hospitalar Beneficente
do Brasil-AHBB
Instituto Social Mais Saúde Instituto Brasileiro de Políticas Públi-
ca-IBRAPP
Instituto de Assistência à Saúde e Associação Produtiva e Educativa de
Promoção Social-PROVIDA Capacitação-APEC
Instituto Brasileiro de Gestão Hospi- Irmandade da Santa Casa de Mise-
talar-IBGH ricórdia de Bariri
Instituto Nacional de Desenvolvi- Instituto de Medicina, Estudos e
mento Social e Humano-INDSH Desenvolvimento-IMED-PA
Instituto Unir Saúde-UNIR Associação Paulista de Gestão Públi-
ca-APGP
Instituto ACQUA Ação, Cidadania Instituto Novos Caminhos
Qualidade Urbana e Ambiental (Investigado pela Operação da
Polícia Federal “Maus Caminhos)
Instituto de Gestão em Saúde- Notas ¹ e ²: Quando da realização do
GERIR Evento pelo Ministério Público essas duas
Entidades ainda estavam na lista das en-
Oxtal Medicina Interna e Terapia
tidades qualificadas.
Intensiva Representação do Ministério Público de
Fundação Bahiana de Cardiologia Contas do Distrito Federal-MPC∕DF, Pro-
cesso nº 15673∕2016, quanto a quali-
Instituto Saúde e Cidadania-ISAC ficação das Entidades: ISAC, GAMP e
(Decreto nº 37.867), 20-dez-2016.¹ ISMES.
Fonte: Quadro elaborado conforme in-
Grupo de Apoio a Medicina Preventi- formações apresentadas pela Procura-
va e a Saúde Pública-GAMP (Decreto dora Cláudia Fernanda. Adaptado com
nº 37.868), 20-dez-2016.² informações das Notas 1 e 2.
organizações sociais na saúde
Foto: Tony Winston/Agência Brasília - 09.02.2015

Contrato de Gestão por Organização Social: Análise Alta Complexidade


Polícia Militar do Distrito Federal
A demonstração da eficiên-
Foi divulgado o Edital de Chamamento nº 01∕2016, cia do controle prévio é funda-
tendo como objeto: Contrato de Gestão para o Centro mental que seja compreendida
Médico da Polícia Militar, para o gerenciamento institucio- pela sociedade, pois o controle
nal e a oferta de ações e serviços em saúde assistenciais não é exercido somente após
e não assistenciais, em tempo integral (24h∕dia). Prazo a conclusão do processo. Con-
inicial de 36 meses, prorrogável por até 60 meses. forme dados apresentados, no
Somente duas Entidades compareceram: ISAC e GAMP. caso de algumas entidades o
O valor do Contrato: R$ 216.535.023,00. que se conseguiu foi reduzir o
Os Decretos nº 37.867 e nº 37.868 publicados no prejuízo, devido aos pagamen-
Diário Oficial do Distrito Federal em 20 de dezembro de tos antecipados.
2016 suspenderam as qualificações dessas Entidades. Desta forma, mesmo com
A atuação permanente e conjunta do Ministério Público o resultado efetivo - a sus-
do Distrito Federal e Territórios, do Tribunal de Contas do pensão das qualificações das
Distrito Federal e Ministério Público do Trabalho, oferece- Entidades, possivelmente não
ram recomendações ao Governo do Distrito Federal-GDF haverá devolução aos cofres
pedindo a revogação das qualificações que haviam sido públicos dos recursos repas-
emitidas para ISAC e GAMP, bem como a não celebração sados para a Cruz Vermelha e
do Contrato. Real Sociedade Espanhola, que
sequer executaram os Contra-
tos.

Irregularidades Identificadas no Processo de Qualificação das Organizações Sociais:


• Sede da entidade é fora da região de atuação;

• Inexistência de manifestação expressa do Secretário de Estado da área de atuação abordando


a experiência da instituição; investigação minuciosa sobre o histórico de atuação da entidade;
resultados obtidos na atuação;

• Entidades recém-criadas com o único propósito de prestarem serviços (terceirização);

• Entidades sem qualquer experiência na área; devido ao fato de serem recém-criadas;

• Ausência de demonstração de capacidade para desempenhar os serviços;

• Existência de denúncias sobre irregularidades graves na gestão em outros Estados que não
são consideradas na avaliação do processo de qualificação; e

• Ausência de registro e∕ou registro provisório no Conselho profissional.


organizações sociais na saúde
Foto: Reprodução G1 DF - 10.08.2016

Lei nº 101/2000 – Lei Responsabilidade Fiscal-LRF


A Procuradora Geral Drª Cláudia Fernanda (MPContas) fez
um questionamento sobre a decisão o Tribunal de Contas da
União-TCU, pois a mídia divulgou que, na decisão do TCU sobre
a Contratação por Organizações Sociais não havia necessidade
de atender os limites de despesas contidos na Lei de Respon-
sabilidade Fiscal-LRF. Análise
“Será que foi isso mesmo que o TCU decidiu? O TCU cita
inclusive sobre o risco do colapso para os orçamentos dos mu-
Alta Complexidade
nicípios, caso se entenda que as Organizações Sociais devem
A simplicidade e a supos-
estar fora do limite do computo de gastos com pessoal”.
ta clareza com que a de-
“101. Invocar a configuração das organizações sociais para escapar cisão do TCU foi divulgada
do controle necessário sobre a margem de expansão da despesa pela mídia demonstra o
com pessoal de que o ente da Federação realmente dispõe, como desconhecimento do in-
dito, além de ser ideia que ostentaria deficiências jurídicas e lógi- teiro teor da decisão que
cas, não enfrentaria o problema com fidelidade, pois a questão é,
foi exaustivamente detal-
repita-se, de natureza fiscal com potencial de conduzir as finanças
para um colapso financeiro.”
hada no Acórdão de 54
(Trecho do Acórdão nº 2444∕2016-TCU) páginas.
No Acórdão nº 2444∕2016-
“ Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se TCU foram analisa-
como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do dos diversos aspectos,
ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, destacamos alguns pela
relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, importância fiscal e social
militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remu- no trato com os recursos
neratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, públicos, são questões que
subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclu-
envolvem aspectos jurídi-
sive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais
de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições
cas e fiscais, que fazem
recolhidas pelo ente às entidades de previdência. parte dos noticiários se-
manal que tratam o tema
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra Organizações Sociais na
que se referem à substituição de servidores e empregados públi- Saúde.
cos serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”.
(Lei nº 101∕2000, Lei de Responsabilidade Fiscal-LRF)

Destacamos alguns trechos do Acórdão nº 2444∕2016-TCU:


“Ao relatar o já citado Acórdão 352/2008-TCU-Plenário, o Ministro Benjamin Zymler foi feliz ao desta-
car que somente a partir do momento em que todo o gestor público compreender que a LRF é uma re-
alidade, de fato, que tem suas regras para serem rigorosamente cumpridas, haverá indução à profis-
sionalização da gestão pública, pois o administrador terá que buscar a eficiência administrativa na
gestão das receitas e despesas públicas, conceito também introduzido pela Reforma Administrativa
de 1998, como meio de aumentar a sua capacidade de investimento em obras e serviços à popula-
ção, sem para isso buscar políticas imediatistas de expansão administrativa à base de endividamento
público com a inadimplência de despesas correntes, considerada a pior via do endividamento.”

“A questão em discussão nestes autos parece resolver-se com a evidenciação do impacto


fiscal das despesas com pessoal das organizações sociais contratadas pelos entes da Fed-
eração para prestação de serviços públicos, da mesma forma que os contratos de tercei-
rização de mão de obra em substituição a servidores são computados, tão somente para
fins de apuração do limite, sem desnaturar a essência da referida despesa, que permanece
contabilizada no GND 3.”

“O árido ambiente financeiro, especialmente agravado nos últimos exercícios, justifica a adoção de
medidas prudentes e preventivas que se traduzam em redutor da margem de expansão -em limite-
percentual fixado para as despesas com pessoal do ente da Federação -, sem que o equilíbrio finan-
ceiro possa ficar comprometido com a expansão de tais despesas em patamares superiores à capaci-
dade efetiva do Poder Público para honrar suas obrigações financeiras.”
Fonte: Acórdão nº 2444∕2016-TCU
organizações sociais na saúde
Foto: Tony Winston/ Agência Brasília - 05.06.2016

Organização Social - Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada-


ICIPE (Entidade Gestora do Hospital da Criança)
O Alta Complexidade Políti- Prestação de Contas para análise da Prestação de
ca & Saúde observou durante Contas no TCDF, no entanto,
a leitura de alguns processos Processo de Prestação foram apresentados apenas 2
do Ministério Público, envol- de Contas nº 33.863∕2015, (dois) Relatórios, que na ava-
vendo a Secretaria de Saúde referente ao Contrato de liação da Procuradora, não é
do Distrito Federal e o Hospi- Gestão nº 01∕2014, no valor a Prestação de Contas, são
tal da Criança-ICIPE, que essa de R$ 737.660.940,00. apenas Relatórios de Gestão.
relação é extensa, complexa, O Ministério Público de Con-
confusa e obscura. tas do Distrito Federal-MPC∕DF CPI da Saúde
Uma quantidade absurda em Ofício Nº 059/2014-
de explicações por parte da CF encaminhado ao Presi- A Procuradora Geral do
Secretaria de Saúde: Datas dente do TCDF solicitando Ministério Público de Contas
retroativas; Pagamento ante- “...em nome dos princípios do Distrito Federal - Drª Cláu-
cipado; Nota de Empenho can- constitucionais da eficiência dia Fernanda relata que duran-
celada, depois outra Ordem e celeridade processual, que
te os trabalhos da Comissão
Bancária autorizando a pagar os volumes 01 ao 10 sejam
autuados em um processo
Parlamentar de Inquérito-CPI
o mesmo valor que havia sido da Saúde (em andamento da
cancelado; Relatos de rasuras específico e apartado, a fim
de perseguir as suspeitas Câmara Legislativa do Distrito
e ausência de dezenas de pá- Federal-CL∕DF) foram solicita-
de irregularidade pontuais
ginas em diversas partes do atinentes à legalidade do das cópias de todos os Con-
processo na Secretaria de reajuste noticiado no Con- tratos firmados pelo ICIPE. A
Saúde; Aditivo de Contrato trato de Gestão 01/11...”, resposta do ICIPE (Hospital
com objeto evasivo; Falta de relata ainda os 3 Aditivos ao da Criança): foram firmados
clareza principalmente quanto Contrato, que já ultrapassam mais de 2.500 Contratos, mé-
às despesas pagas; Aplicação R$ 100.000.000. dia de 15 páginas totalizaria
de recursos CDB acima de Existe no TCDF o Ofício 38.000 páginas. Muitos dos
R$ 5.000.000,00; Constata- nº 136∕2016 da Secretaria de Contratos já estariam arqui-
ção de rendimento em apli- vados, e que o ICIPE não teria
Estado e Saúde do Distrito
cações financeira acima de estrutura tecnológica para
Federal-SESDF, informando atender ao pedido no prazo
R$ 100.000,00. que foi autuado o processo
*Vide Foto Página Nº 04. fixado.
organizações sociais na saúde
Portanto, os documentos deveriam ser digitalizados e a
alternativa seria a contratação de terceiros, que se daria por Análise
processo licitatório. Para a Procuradora isso chama atenção e
mostra a que ponto nos estamos no controle da fiscalização Alta Complexidade
desses recursos que se aproximam a R$ 800.000.000,00.
O MPDFT ajuizou Ação de Improbidade Administrativa refe- Mais uma vez o roteiro
rente ao Contrato de Gestão n° 01∕2011 e Ação de Improbi- jurídico que demonstra a
dade no Contrato de Gestão n° 01∕2014. Até hoje (18-nov- condição de “intocável”
2016) foi obtida uma decisão pela 13ª Vara de Fazenda Pública que as Organizações So-
determinando o afastamento do Diretor do Hospital da Criança ciais exercem. Em duas
para que um Gestor Público indicado pela SESDF e passando decisões judicias, uma do
pelo Controle Social assuma a gestão do Hospital da Criança. TCDF e outra do MPDFT
Quanto ao Contrato n° 01∕2014, também existem irregu- foi pedido o afastamento
laridades, algumas até mais graves do que em 2011, prin- do Superintendente Ex-
cipalmente quanto ao valor, mas também a ausência do de- ecutivo do Hospital da Cri-
talhamento dos custos unitários, não existe a comprovação ança de Brasília-HCB, que
daqueles custos. O pagamento é feito por “blocos” isso na é gerido pela Organização
avaliação do MPDFT não garante economicidade. Social Instituto do Câncer
No dia 2-dez-2016 o Tribunal de Justiça do DF e Territórios- Infantil e Pediatria Espe-
TJDFT suspendeu decisão liminar de afastamento do gerente- cializada-ICIPE. Ambas as
executivo do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especial- decisões foram derruba-
izada (ICIPE). das.
O texto da Ação de Improbidade Administrativa Alguns dos motivos para
nº 2016011116141-5, relaciona algumas diferenças entre a o afastamento: o gestor
forma de prestação de serviços realizada pela Secretaria de representa o Instituto do
Saúde (administração direta) e a forma de atendimento no Câncer Infantil e Pedia-
Hospital da Criança de Brasília-HCB. tria Especializada-ICIPE;
Fonte: Material apresentado pela Procuradora Cláudia Fernanda. suplente no Conselho de
Saúde e havia indícios
de vínculo do gestor com
“... de forma extremamente diferente dos demais hospitais
o Instituto Brasileiro das
da rede pública do DF, no caso o HBDF, HMIB e Hospitais
Organizações Sociais de
Regionais, o Hospital da Criança de Brasília-HCB funciona
Saúde (Ibross), entidade
apenas com atendimento porta fechada, SEM SERVIÇOS
que defende os interesses
DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Seus pacientes são mar-
de 19 Organizações Soci-
cados em horários fixos, previamente agendados, o que
ais.
impede a população de ser atendida quando se dirige dire-
tamente ao hospital.

Os demais hospitais da rede pública de saúde, por sua vez,


além dos mesmos serviços ambulatoriais oferecidos pelo
HCB, prestam serviços de urgência e emergência, por
meio de seus prontos-socorros, serviços que funcionam de
forma ininterrupta, 24 horas por dia, e que recebem todo
tipo de paciente que procura diretamente o hospital inclu-
No Youtube do Alta Com-
sive pacientes do próprio Hospital da Criança de Brasília,
plexidade há um vídeo
cujo quadro clínico exige tratamento com maior complexi- exclusivo da Promotora do
dade”. (grifo nosso) MPDFT, Drª Marisa Isar so-
bre as heranças das Orga-
“Assim, enquanto HCB atende público previamente sele- nizações Sociais da Saúde
cionado, utiliza UTI’s do Hospital de Base e tem grande no DF. O trecho desse vídeo
parte de seu corpo clínico formado por médicos do foi de sua palestra durante
próprio SUS, fazendo remoção de pacientes para o Hospi- o Evento sobre essas Orga-
tal de Base do Distrito Federal e o Hospital Materno Infantil nizações no DF, realizado em
de Brasília, quando há complicação dos casos clínicos, o 11/11/2016.
HMIB e HBDF não escolhem seus pacientes, recebendo-
/altacomplexidade
os, inclusive do Hospital da Criança de Brasília”. (grifo
nosso)
organizações sociais na saúde
As Organizações Sociais na Paraíba: Caso Concreto x Economicidade
Foto: MPDFT SECOM - 18.11.2016
O tema abordado pelo Dr.
Nominando Diniz, médico car-
diologista e Conselheiro-Ouvi-
dor do Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba -TCE-PB, foi
muito aguardado pelos partic-
ipantes do Evento no MPDFT,
porque representa a oportu-
nidade de demonstrar uma
quebra de paradigma quanto
ao disseminado menor custo
dos serviços quando presta-
dos pelas Organizações Soci-
ais na Saúde.
A experiência relatada ini-
ciou com as Organizações da
Sociedade Civil de Interesse
Público-OSCIP’s que são da
mesma linhagem “genética”
das Organizações Sociais, em
2003 com a sua chegada ao
TCE-PB. Em 2005 o notório au-
mento do número de municí-
OSCIP’s Qualificadas: trabalho seguiu com uma ava-
pios que aderiam ao Termo de
liação sobre a economicidade;
Parceria, fez com que tivesse
SENEAGE, CAPS, ITERCEPT e a quarteirização, o entendi-
início uma análise sobre os
e SEGET mento é de que o termo Ter-
motivos pelos quais contratar
Prejuízos causados aos ceirização é do Poder Público
OSCIP’s era a melhor opção
municípios da Paraíba: com a Organização Social; da
para o Estado.
R$ 82.500.000,00 próxima relação comercial em
A análise demonstrou:
diante não é possível fazer o
a) Não realização de concurso
A experiência que o TCE- controle do recurso público,
público;
PB teve com as OSCIP’s nesse caso está presente a
b) Não contratação de servi-
demonstrou que os valores figura da quarteirização.
dores;
eram bastante significativos: O Ministério Público do Tra-
c) Questões políticas;
CENEAGE - R$ 15.006.582,70; balho ingressou no STF com
d) Não pagamento de con-
CEGEPO - R$ 5.113.636,97. a Medida Cautelar na Recla-
tribuições previdenciárias; e
Entre 2005 e 2009 os Contratos mação nº 22.844 – Piauí, na
e) Não realização de licita-
com as diversas Entidades to- qual o Relator – Ministro Luiz
ções.
talizavam R$ 82.510.200,51. Fux decidiu pela suspensão
A relação contratual entre do Contrato de Gestão. Em
Decreto nº 3.100/1999 – abril-2016 houve uma decisão
Lei das OSCIPS’s o Governo e as Organizações
Sociais é constitucional, mas monocrática em que foi nega-
desde a qualificação das enti- do o seguimento da Reclama-
Após a regulamentação o ção, a argumentação era de
entendimento firmado pelo dades, a celebração do Con-
trato, a dispensa de licitação que a decisão anterior afron-
TCEBP é de que as Enti-
dades deveriam receber o e a Contratação direta, os tava a ADIN 1923-DF.
ressarcimento pelos serviços Princípios da Administração O Estado da Paraíba cri-
prestados, e não receber o Pública (legalidade, impes- ou a Lei Nº 9.454∕2011 que
dinheiro público do municí- soalidade, moralidade, pu- instituiu o Programa de Gestão
pio para substitui-lo na fun-
blicidade e eficiência) consoli- Pactuada, que orientava para
ção essencial e precípua que
dados na Constituição Federal a fiscalização mais efetiva do
o poder público tem com a que a prevista na Lei Federal
sociedade. devem estar presentes.
O conselheiro detalha que o Nº 9637∕1998.
organizações sociais na saúde
O trabalho foi dividido em
duas avaliações. Economici-
Resolutividade
dade: os questionamentos do
Na Lei N° 8.080 (Lei Orgânica do SUS), a eficiência chama-
TCE-PB dizem respeito aos
se resolutividade, que é fundamental para qualquer serviço de
vultuosos recursos que foram
saúde. Segundo a avaliação os Contratos deveriam ser extin-
aplicados (transferidos) para
tos e fazer o cadastramento, porque prevaleceu a competência
as Organizações Sociais, se os
das Instituições que realizassem as ações em saúde.
mesmos recursos não pode-
riam ser aplicados à área da Avaliação da Economicidade: TCE-PB
saúde que tem Administração
Direta; e Transparência: foram Gestão Gestão
repassados R$ 600.000,00 Organizações Sociais-OS Administração Direta - SUS
para a Entidade Cruz Verme- Hospital de Trauma de João Hospital Trauma Campina
lha que tem filial do Rio Grande Pessoa-OS Grande
do Sul, mas atua na Paraíba. 148 leitos 220 leitos
As irregularidades sobre Empenhado: R$ 136.246.672,37 Empenhado: R$ 38.949.754,37
economicidade, transparência Pago: R$ 118.128.199,76 Pago: R$ 33.843.878,65
e falta de metas contratuais, População: 801.718 (IBGE 2016) População: 407.754 (IBGE 2016)
mais outras irregularidades
Nos dois casos acima, notificado o Estado, a resposta é que
levaram o TCE-PB a declarar
“existem outras despesas que nós pagamos e que não estão
irregulares todos os Contra- computadas, essas despesas chegam a R$ 95.000.000,00”.
tos.
Foto: TCE PB
Fonte: TCE-PB. Extraído da Apresentação do (Dr. Nominando-Conselheiro do TCEPB).
Adaptado.

Custo das
Organizações Sociais Avaliação de Economicidade:
no Estado da Paraíba Demonstrativo
Hospital de Trauma (Campina Grande-PB)
Haviam 4 (quatro) Con-
Discriminação - Conta Outras Despesas Valor (R$)
tratos de Gestão em anda-
mento, para executar ativi- Encargos com água, energia e telefone (saúde) 2.629.151,70
dades em 7 (sete) unidades Produtividade Hospital Reg. Campina Grande 19.384.162,33
de Saúde, ao custo total de Remuneração Hospital Reg. Campina Grande 34.397.547,77
R$ 830.330.000,00. Após a
Material de Consumo 27.899.842,82
finalização da análise de to-
Serviços de Terceiros 11.021.321,55
dos os dados esses Contra-
tos foram julgados irregulares Diárias 28.590,00
quanto ao aspecto formal da Despesas Hospital Reg. Campina Grande 2015 95.360.616,16
escolha da Entidade. Fonte: SIAFI∕SES-PB
Extraído da Apresentação do (Dr. Nominando-Conselheiro do TCEPB)
organizações sociais na saúde

Gestão Indireta Gestão Direta


Organizações Sociais-OS Administração-SUS
Análise
Maternidade Patos Hospital Regional Patos Alta Complexidade
Leitos: 94 Leitos:115
Empenhado: R$ 35.020.045,45 Empenhado: R$ 8.393.845,02 A avaliação dos valores
Pago: R$ 32.153.653,45 Pago: R$ 8.272.332,70 dos recursos públicos,
População:107.067 (IBGE 2016) População:107.067 (IBGE 2016) os dados populacionais e
UPA (Guarabira) Hospital Regional Guarabira quantidade de leitos nas
Leitos: 8 Leitos: 74 unidades hospitalares ou
Emenhado: R$ 7.799.239,32 Empenhado: R$ 3.599.690,32 Unidades de Pronto Aten-
Pago: R$ 7.149.302,71 Pago: R$ 3.837.056,91 dimento-UPA, fica evidente
População: 58.529 (IBGE 2016) População:58.529 (IBGE 2016) a falta de planejamento
Hospital Regional de Taperoá Hospital Regional Monteiro e equilíbrio econômico
Leitos: 54 Leitos: 57 quando os gestores fize-
Empenhado: R$ 14.660.742,25 Empenhado: R$ 2.999.997,82 ram a opção para a Gestão
Pago: R$ 13.004.716,80 Pago: R$ 2.978.583,94 por Organização Social ou
População: 15.193 (IBGE 2016) População: 33.039 (IBGE 2016)
OSCIP’s.
Hospital Mamanguape Hospital Regional Cajazeiras O Conselheiro do TCE-PB
Leitos: 62 Leitos:139 apresentou informações
Empenhado: R$ 24.430.502,22 Empenhado: R$ 7.299.897,34
muito representativas em
Pago: R$ 22.064.440,61 Pago: R$ 7.286.401,01
População: 44.694 (IBGE 2016) População: 61.816 (IBGE 2016)
valores vultuosos e são
motivadoras para buscar
UPA Princesa Isabel (GERIR) Hospital Rg. Princesa Isabel
saber que controle o Minis-
Leitos:9 Leitos: 43
Empenhado: R$ 8.752.374,07 Empenhado:R$ 1.029.905,70
tério da Saúde tem sobre
População: 23.247 (IBGE 2016) População: 23.247 (IBGE 2016) os Contratos de Gestão.
Em Pesquisa realizada
Fonte: SIAFI∕SECRETARIA DE ESTADO E SAÚDE (Dr. Nominando-Conselheiro do TCE- no DATASUS, dentro do
PB). Adaptado.
Cadastro Nacional de Es-
tabelecimento de Saúde -
CNES; Hospital Distrital de
Manual de Avaliação dos Contratos de Gestão Taperoá; CNES-2757664.
Dentro do formulário os
O Governo da Paraíba criou em março de 2015, uma Comis-
dados mostram que a
são de Avaliação, Acompanhamento e Fiscalização de Con-
gestão “dupla”, no entan-
tratos de Gestão das Organizações Sociais (Cafos) composta
to, a busca sobre o Con-
por uma equipe multiprofissional, que elaborou um Manual de
trato de Gestão mostra a
Avaliação dos Contratos de Gestão, todo o trabalho tem como
seguinte mensagem “Es-
foco: eficiência, economicidade e transparência.
tabelecimento não possui
O Manual é uma ferramenta de avaliação e acompanha-
Contrato de Gestão e Me-
mento das Comissões de Avaliação dos Contratos, composto
tas”.
por diversas planilhas para identificação das situações encon-
Se o Ministério da Saúde
tradas, incluindo: Metas de Produção Assistencial de Serviços;
não tem no DATASUS um
Indicadores de Qualidade e Desempenho; Operacionalização e
controle sobre os Contra-
Execução de Ações e Serviços de Saúde em Unidades Assisten-
tos de Gestão, podemos
ciais da Rede Própria do Estado.
imaginar como são feitas
Link do Manual: http://bit.ly/2mkJA5X
as auditorias do Sistema
Único de Saúde quanto a
Os dados coletados em Contratos de Gestão por Organização aplicação dos bilhões de
Social vigentes demonstram que não houve economicidade, reais que são destinados
conforme demonstrativo. às Organizações Sociais e
OSCIP’s.
organizações sociais na saúde
Transparência
Obs.: O Governo do Estado
O TCE-PB convocou o Governador e o Secretário de Saúde da Paraíba tem um Contrato
expondo os motivos pelos quais não era mais vantajoso en- milionário com uma empresa
tregar os serviços ou os recursos para uma Organização Social. de publicidade para atender a
Foi elaborada uma decisão singular, responsabilizando o Go- Administração Direta e Indire-
verno do Estado e a Secretaria de Saúde não apenas na gestão ta. Essa empresa sediada em
do hospital, e que a partir daquele momento haveria reflexo Brasília fazendo publicidade
negativo na Prestação de Contas, exigindo a transparência em do Hospital de Traumas (PB),
todo o processo de Contratação das Entidades. essa é a figura da quarteiriza-
O portal do Governo da Paraíba tinha um link para a demons- ção, é para esses serviços con-
tração do valor total da despesa paga, mas não era suficiente tratados pelas Organizações
para a transparência. Diante de todas as irregularidades en- Sociais que estão direciona-
contradas e os evidentes problemas na falta de transparência dos os recursos públicos.
sobre a economicidade, o TCE-PB determinou que fizesse con- d) Contabilidade:
star de forma pública o detalhamento dos recursos no portal, - O Contador mora em Porto
ou seja, a informação completa, saber o que a Organização Alegre-RS;
Social pagou com os recursos públicos recebidos, o resultado - Mensal R$ 27.400,00 a
no portal foi a criação de um menu Administração Hospitalar R$ 33.400,00 para fazer a
Indireta. Contabilidade de uma Enti-
dade (Hospital de Traumas);
- O salário mensal de um
Contador na Paraíba é
R$ 5.000,00.
e) Compra de Passagem:
- A empresa é sediada numa
área precária do Meier (RJ).

Análise
Alta Complexidade
O Conselheiro Dr. Nomi-
nando na sua extensa e
A transparência exigida pelo TCE-PB apresentou um nível
competente experiência
de detalhe que confirma a quarteirização dos serviços pelas
como médico - que per-
Organizações Sociais, bem como a identificação de quem de
mite conhecer o funcio-
fato utiliza os recursos públicos.
namento do sistema de
saúde e no TCE-PB reali-
Empresa Cruz Vermelha zando trabalhos no Con-
Despesa com Pessoal R$ 227.000.000,00 trole Externo, relatou que
Serviços de Terceiros R$ 238.346.938,77 em reunião com Renato
(QUARTEIRIZAÇÃO) Rainha (Presidente do
Penalidade Devolver R$ 1.800.000,00 por TCDF) tomou conheci-
despesas não comprovadas mento da elaboração de
uma Resolução genérica
Despesas identificadas após o detalhamento dos Serviços de para melhor publicidade
Terceiros ficou constado que: das informações.
a) Todas as empresas que prestam serviços para as Organiza- Dr. Nominando enfatizou
ções Sociais são de fora do Estado da Paraíba. que todos os Tribunais
b) Papa Tudo: de Contas devem tomar
- Empresa sediada em Saquarema-RJ; decisões que favoreçam
- Vendia alimentos para o Hospital da Paraíba. a transparência e assim
c) Vértice: descobririam em que es-
- Empresa do Distrito Federal; tão sendo aplicados os re-
- R$ 3.800.000,00; cursos públicos.
- Presta assistência de publicidade.
organizações sociais na saúde
Conheça a diferença entre a forma de transparência do
Governo do Distrito Federal e do Governo da Paraíba
quanto aos Contratos de Gestão em Saúde
distrito federal
Credor: ICIPE
Referência: Outubro/2016
Fonte: www.transparencia.df.gov.br

R$ 5.885.249,16
organizações sociais na saúde
paraíba
Credor: Maternidade Peregrino Filho (Patos)
Referência: Outubro e Novembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br
organizações sociais na saúde
organizações sociais na saúde
organizações sociais na saúde
paraíba
Credor: ABBC - STA RITA
Referência: Outubro e Novembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br

R$ 77.800,00
Detalhamento das Despesas
organizações sociais na saúde
paraíba
Credor: Todas as Unidades (Organizações Sociais)
Referência: Janeiro a Dezembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br
organizações sociais na saúde
Foto: Reprodução/ Internet

Prejuízos Causados ao Estado da Paraíba Análise


O Instituto FIBRA que atuava no Estado da Paraíba foi impedi- Alta Complexidade
do de realizar novos Contratos devido as irregularidades encon-
tradas: não cumprimento de metas; atraso no pagamento da A transparência que
folha de pessoal; e não recolhimento das contribuições sociais. é exigida pelo TCE-PB é
Houve judicialização dos débitos e o INSS imputou ao Estado o muito diferente do que
pagamento dos impostos e multas. acontece no Distrito Fe-
deral, onde o acesso ao
portal da transparência
Punições aos Gestores e Entidades (OS/OSCIP) não é algo simples, e
“acessível” a quem te-
Os gestores que administravam as OS/OSCIP’s, bem como nha pouca experiência
todos os prefeitos dos municípios que contrataram essas En- na realização da busca
tidades, todos ficaram impedidos de se candidatarem para as de dados em formato
Eleições de 2016. As outras Entidades e gestores passarão pela digital.
mesma avaliação porque o TCE-PB está solicitando a desqualifi- Quanto à apresenta-
cação junto ao Ministério da Justiça e ao Governo do Estado da ção dos valores no Dis-
Paraíba. trito Federal, não há
individualização para a
administração dos
Adequação de Métodos de Auditoria Contratos de Gestão,
demonstrando apenas
O Conselheiro destaca a importância de criar um setor de Au-
o valor total pago, sem
ditoria Especializada em Entidades do Terceiro Setor, devido
oferecer nenhum detal-
as peculiaridades, pois são métodos diferentes, o TCE-PB exige
hamento.
que, como o dinheiro é público a Contabilidade também seja
O atraso na atualização
pública.
dos dados no sistema
A resolutividade deve ser o objetivo da avaliação, pois mui-
e a dificuldade de fazer
tas dessas empresas são cartelizadas, uma se sobrepõe à outra
a busca da informação
realizando o mesmo serviço. Quando da exigência da resolutivi-
restringe o acesso e difi-
dade será imputada a elas a devolução dos recursos ao Erário.
culta o Controle Social.
O Conselheiro considera fundamental a integração de siste­mas
Somente o ICIPE tem
e órgãos, que os Tribunais de Contas do DF, da Paraíba e de
Contrato de Gestão em
outros Estados possam criar um sistema que permita o acesso
Saúde com o Governo
de todos os órgãos de controle e fiscalização, possibilitando a
do Distrito Federal, até
interação e fortalecendo as ações. A presença da terceirização e
o fechamento desta
quarteirização não está somente na saúde, mas na contratação
edição. Esta Organiza-
de mídia, aluguel de veículos e na educação.
ção Social é responsável
Conforme demonstrado, um Estado que possui Contratos com
pela Gestão do Hospital
Organizações Sociais no valor de R$ 600.000.000,00 isso não
da Criança José de Alen-
é complementar ao Sistema Único de Saúde, mas sim a substi­
car de Brasília.
tuição pela Gestão por Organizações Sociais, destaca o Conse-
lheiro Nominando.
organizações sociais na saúde
A Experiência das Organizações Sociais no Estado de Goiás
Foto: Demian Duarte
O Promotor de Justiça de
Defesa do Patrimônio Público
do Ministério Público de Goiás
– Fernando Aurvalle da Silva
Krebs relatou “A Experiência
das Organizações Sociais no
Estado de Goiás”, para ele “as
Organizações Sociais são En-
tidades comunistas num país
capitalista”, ele questiona ain-
da, “É possível termos uma
organização comunista sem
ter finalidade lucrativa num
país capitalista? Obviamente
que não”.
As Organizações Sociais es-
tão previstas na Constituição
Federal-CF∕1988; o Supremo
Tribunal Federal-STF conside-
ra constitucional a lei que dis-
ciplinou as Organizações Soci-
ais, mas o STF também afirma
o caráter complementar ao
SUS que essas Entidades
exercem, no art. 199, CF∕1988.
O surgimento das Organiza-
ções Sociais foi no Governo
FHC, iniciando em São Paulo.

Histórico das Organizações Sociais no Estado de Goiás


No Estado de Goiás, em já havia deixado o cargo. Após constatar a situa-
2012, durante gestão caótica Houve ainda uma ação ção caótica dos hospitais, foi
na Saúde, o Promotor relata criminal contra o Secretário inciada a atuação das Or-
que processou o Secretário de Saúde, porque ele não re- ganizações Sociais e foram
de Saúde por improbidade alizava licitações o que levou disponibilizados todos os
administrativa, e concedido o o caos a todos os hospitais recursos para a reforma e ma-
pedido de afastamento, mas públicos do Estado, a situação nutenção dos hospitais.
antes da intimação pelo Oficial era de falência, não funciona- A Cruz Vermelha realizou
de Justiça o Secretário con- vam elevadores de macas, ar Contrato em Goiás, refe-
seguiu suspender a Liminar condicionado entre diversos rente aos serviços na indús-
mediante um Agravo junto ao outros problemas que agra- tria química do Estado, no en-
Tribunal de Justiça de Goiás- varam ainda mais a situação tanto, não conseguiu assumir
TJGO; o juiz substituto do da saúde pública. o Contrato.
Desembargador argumentou Durante as coletas de in- O CRER-Centro de Reabili-
que a Ação de Improbidade formações o Secretário foi ou- tação foi criado em Goiás, an-
tem foro por prerrogativa de vido pelo Promotor, ocasião tes do Edital de Chamamento;
função. em que relatou que não falta- depois do Edital de Chama-
Durante 24 anos de ex- vam recursos para a saúde; o mento sugiram Organizações
periência o Promotor relata mesmo Secretário atualmente do Brasil inteiro, e sugiram
a surpresa com decisão tão é quem fomenta as Organiza- em Goiás novas Organizações
esdrúxula, a decisão não se ções Sociais em Goiás. Sociais.
manteve, quando o Secretário
organizações sociais na saúde
Foto: CRER-GO/ Goiás Agora/Agecom - 02.09.2016

Os hospitais foram refor- O Ministério Público-MP não do o relatório e encaminhado


mados e equipados pela Se- tem verba para fiscalização aos responsáveis, no entanto,
cretaria de Saúde do Estado das contratações de pessoal nada foi feito para solucionar
de Goiás, houve a implemen- e dos hospitais. O Tribunal de os problemas encontrados.
tação das Organizações Soci- Contas do Estado de Goiás-
ais e foram fechadas as por- TCE-GO não funciona: não há
tas dos hospitais à população. médicos peritos para auditar Ações Judiciais
Durante a gestão da Secretar- os hospitais.
A Fiscalização dos Contra- Tramita uma Ação Civil
ia de Saúde os hospitais públi-
tos com Organizações Sociais Pública que contesta a legali-
cos atendiam as demandas do
da Saúde em Goiás é feita por dade e a constitucionalidade
sistema de saúde do municí-
uma psicóloga. jurídica dessas Organizações
pio, ou seja, da rede básica.
Durante uma operação Sociais, obteve Liminar sus-
O Promotor relata que, após
policial realizada em con- pendendo novos Contratos, o
a Gestão por Organizações
junto com o Ministério Públi- TJGO cassou essa Liminar.
Sociais foram fechados os
portões, colocaram seguran- co Federal-MPF foi preso um Tramita outra ação judicial
ças; deixando o acesso é re- Presidente de partido político que estabelece um percentual
strito, inclusive aos sindicalis- e presidente da Saneago. Na mínimo de servidores efetivos
tas que só conseguem entrar ocasião foi identificado paga- nos hospitais com Gestão por
nos hospitais com Mandado mento feito pela Saneago a Organização Social. Foi con-
de Segurança. cedida Liminar, cassada pelo
uma Organização Social da
Depois da implantação de Saúde. Não foi identificado TJGO. O Promotor explica que,
Organizações Sociais em to- Contrato entre a Saneago e a a Liminar cassada permite que
dos os hospitais públicos es- Organização Social. os hospitais administrados
taduais, está em andamento a O Promotor relata que a por Organização Social não
Gestão por Organizações So- atuação da Vigilância Sani- tenham servidores públicos,
ciais para o Hemocentro. tária Estadual nos hospitais outros tenham 50% servi-
das cidades do interior do dores públicos, essa situação
provoca disputas entre esses
Organizações Sociais Estado de Goiás encontrou
dois grupos, inclusive assé-
muitas irregularidades im-
na Saúde: Controle e portantes, tais como: reuti- dio moral, pois os servidores
lização de compressas; não públicos recebem melhores
Fiscalização cumprimento do Contrato de salários e funcionários (CLT)
Gestão; funcionários de uma das Organizações Sociais
O Promotor fez um resumo recebem salários menores.
Organização Social de uma ci-
da atual situação quanto ao Tramita uma ação em que a
dade que trabalhava na out-
controle e fiscalização das Or- Dra. Fabiana Zamaruna ques-
ra; falta de escala; falta de
ganizações Sociais da Saúde tiona os Contratos de Gestão
Contrato; inclusive irregulari-
no Estado de Goiás. que estabelecem a remunera-
dades comuns nos hospitais
Contratação de pessoal: re- ção de 100% do valor, mes-
privados no Brasil que é a re-
aliza processo seletivo; sem mo quando cumpridos apenas
utilização de equipamentos 80% dos serviços contrata-
realização de concurso.
(insumos) cirúrgicos. Elabora- dos.
organizações sociais na saúde
Foto: Secretaria de Saúde de Goiás Divulgação

Outros problemas
Entre os problemas iden-
tificados nos hospitais com
Gestão por Organização Social
é quanto ao pessoal, as dis-
paridades de profissionais (in-
clusive médicos) em algumas
unidades hospitalares e a fal-
ta de profissionais em outras
unidades, o que demonstra a
falta de planejamento quando
da implantação das Organiza-
ções Sociais na Saúde.
Reforçando o que o
Dr. Nominando (TCE-PB) re- Na avaliação do Promotor as Organizações Sociais, da forma
latou, ao contrário do que se como estão implantadas em Goiás, além de violar a CF∕1988, e
imagina não há economici- isso não acontece e forma expressa pela lei que criou as “Orga-
dade na gestão por Organiza- nizações Sociais, mas sim por meio do Edital de Chamamento
ção Social na Saúde. O custo com objetivo de forçar o Controle Difuso evitando o Controle
é mais alto porque quando os Concentrado e a resolução mais rápida da questão”.
hospitais estaduais fecharam A atual estrutura administrativa da Promotoria demonstra o
as portas (a partir da gestão nível da dificuldade para fiscalizar a atuação das Organizações
por Organização Social), as Sociais na Saúde em Goiás: 1 assessor, 1 secretário, 1 esta-
unidades básicas de aten- giário e 1 profissional do direito.
dimento do município ficam A falta de auditoria própria; a falta de atuação do TCE-GO
lotadas e os hospitais que tem e uma Controladoria Geral do Estado-CGE que não tem suas
gestão por Organização So- requisições atendidas depois da promulgação de uma legisla-
cial também não socorrem o ção da Procuradoria Geral de Goiás (prevê uma fila para aten-
Sistema Único de Saúde-SUS, dimento), todos esses problemas fazem com que o TCE-GO
porque ele é único somente na não cumpra a sua finalidade. O Promotor ressalta que, muitos
teoria. Atualmente as Orga- trabalhos de Auditorias realizadas pela Procuradoria Geral do


nizações Sociais atendem me- Estado se transformam em Ações de Improbidade.
nos pacientes do que a gestão
pelo SUS (administração dire-
ta); e como consequência elas “No controle de constitucionalidade difuso
custam muito mais caro do – também chamado de “sistema aberto” –,
que a gestão SUS. todos os órgãos do Poder Judiciário rea-
No Estado de Goiás também lizam o controle. Este modelo foi criado pe-
tem problemas com a quar- los Estados Unidos. Já o controle concen-
teirização de funcionários das trado – conhecido também como “sistema
Organizações Sociais que não reservado” –, foi adotado inicialmente na
recebem salários, queda da Áustria. Ele permite que somente pou-
qualidade dos serviços; como cos órgãos do Judiciário tomem decisões
as Organizações Sociais “essas a respeito da constitucionalidade de atos,
Entidades comunistas sem fins sendo que quase sempre o controle é com-
lucrativos” não podem formar petência exclusiva de um só órgão, geral-
patrimônio próprio, a justiça mente o mais elevado do Judiciário, como a
não tem como buscar os re- Suprema Corte.”
cursos para quitar os salários (Modelo híbrido de controle de constitucio-
e quem vai responder por es- nalidade garante mais celeridade à Justiça
sas dívidas será o Estado, que brasileira, STF).
Fonte: STF. Disponível em: http://www.stf.jus.br/por-
pagará duas vezes, destaca o
tal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=115824
Promotor.
(Acesso 18∕01∕2017)
organizações sociais na saúde
Foto: Karim Alexandre/ Goiás Agora/Agecom - 22.06.2016

Prejuízos com Organização Social - Legislação Federal e


CREDEC Legislação Estadual
Aconteceu a implantação de Organização As Legislações Federal e Estadual não esta-
Social em uma unidade do CREDEC’s (Centros beleceram critérios para credenciamento das
de Recuperação para Dependentes Quími- Organizações Sociais, o que dificulta ques-
cos), com a previsão de 90 vagas, era uma tionamentos sobre a legalidade do credencia-
entidade vinculada a uma Igreja, recebeu mento.
R$ 5.000.000,00. Não houve nenhuma presta- A legislação estadual não limita área de
ção de serviço durante quase 2 anos, o hos- atuação, as Organizações Sociais podem atuar
pital está fechado, no entanto, contrataram em todo o Estado e em todos os setores, inclu-
assessoria de imprensa. sive na educação.
O trabalho realizado pelo TCE-PB apresenta-
do pelo Dr. Nominando demostra o que precisa
Atuação de Organização Social de ser feito pelo Tribunal de Contas do Estado de
Forma Complementar Goiás-TCE-GO.

O Promotor concorda com existência de Or- “Atuando 14 anos como Promotor,


ganizações Sociais na Saúde e até mesmo na tenho conhecimento de apenas 2 (duas)
Educação, no entanto, para ele a forma cor- Auditorias do TCE-GO, enquanto que o
reta seria a existência de uma legítima Orga- Tribunal de Contas Municipal-TCM prati-
nização Social que não tenha finalidade lucra- camente toda semana chegam demand-
tiva. A forma adequada, seria por exemplo: as, durante 14 anos. O TCM trabalha e
uma Associação de Pais de Crianças com Ne- atende as demandas da Promotoria, en-
cessidades Especiais, que tenha um trabalho quanto o Tribunal se recusa a atender,
de excelência para esse público e que o Estado o TCE entende que não deve atender
não tenha atuação com esse mesmo trabalho qualquer tipo de Auditoria, não adianta a
das consideradas particularidades, nesse caso Promotoria requisitar, porque o Tribunal
seria firmado um Contrato com a Organização fechou a Divisão de Auditagem. As duas
Social, que atuaria de forma complementar, únicas Auditorias que chegaram ao meu
mas não contratando professores de forma a conhecimento no TCE eram em relação a
substituir o Sistema de Educação. um ex-governador”.
(Fernando Aurvalle Krébis - Promotor de Justiça de
Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público
de Goiás)
organizações sociais na saúde
Foto: Departamento da Polícia Federal /Divulgação

Organizações Sociais na Esfera Federal e Atuação da Polícia Federal


A atuação de OSCIP e OS na área da saúde possuem as seguintes características: atuação
como gestora do sistema; não realização de licitação∕concurso público; falta de controle social;
transferência voluntária (Termo de Parceria) e contrato público visando lucro. Essas são algu-
mas informações fornecidas pelo Delegado da Polícia Federal, Dr. Eduardo Moreno Izel, durante
o Evento do MPDFT, em Brasília.

Lei Complementar nº 141/2012


“Regulamenta o § 3o do art. 198 da Con- O Pacto da Saúde (Portaria nº 399∕2006)
stituição Federal para dispor sobre os valores define o que é gestão e gerência:
mínimos a serem aplicados anualmente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios A Gestão é atividade de responsabili-
em ações e serviços públicos de saúde; esta- dade de comandar um sistema de saúde
belece os critérios de rateio dos recursos de exercendo a função de: coordenação,
transferências para a saúde e as normas de articulação, negociação, planejamento,
fiscalização, avaliação e controle das despesas acompanhamento, controle, avaliação e
com saúde nas 3 (três) esferas de governo” auditoria. São competências da Secretaria
A informação da Polícia Federal é de que de Saúde e não podem ser terceirizadas.
42% dos recursos do Sistema Único de Saúde-
SUS são transferidos diretamente para Conta O que pode ser terceirizado é a Gerên-
Única do Estado, são usadas apenas como con- cia, por exemplo de um ambulatório de
tas de passagem. Deixando a conta na qual o UPA, poderá ser realizado um Contrato
Ministério da Saúde iria fiscalizar a aplicação ou Termo de Colaboração com uma OS
dos recursos para constatar o uso diretamente ou OSCIP. A fiscalização, controle, plane-
para a saúde tem o rastreio prejudicado. jamento, acompanhamento e auditoria
A Constituição Federal prevê que a saúde serão feitos pela Secretaria de Saúde.
será financiada por todos e todos os recursos
serão alocados na Conta do Fundo da Saúde, Esses são considerados conceitos básicos
porque essa será a forma de viabilizar a fis- para entender qual é a diferença entre Gestão
calização. A participação social na fiscalização e Gerência. O que temos no Brasil é uma
da aplicação dos recursos públicos na saúde é tendência de terceirização total.
exercida por meio da inclusão da sociedade no
Conselho de Saúde.
organizações sociais na saúde
Foto: Departamento da Polícia Federal /Divulgação

Atuação da Polícia Federal sobre A situação atual das Organizações Sociais na


Saúde, quanto ao controle e fiscalização dos
Entidades Gestoras da Saúde recursos públicos, foram identificados:
a) Falta de licitação;
Desde 2010 a Polícia Federal iniciou op- b) Falta de concurso público;
erações com OSCIP como gestoras da Saúde. c) Falta de controle social;
Algumas informações sobre operação da Polí- d) Falta de controle total: é uma empresa pri-
cia Federal em investigações de Gestão por vada, acesso restrito. Terceiros acessam so-
Organização Social na Saúde: mente com Mandado Judicial;
e) Diferente da Secretaria de Saúde onde é
possível solicitar documentos;
Maranhão (2015) f) A conta corrente é privada. Permite saque
em dinheiro. Pode emitir cheque permitindo
Todos os serviços de saúde eram 100% saques de milhões em recursos repassados às
realizados por 2 (duas) entidades OSCIP. Va- Organizações Sociais;
lores recebidos: R$ 1.000.000.000,00 (2015). g) Contratações não são públicas; são obscu-
Uma situação é implantar Organização So- ras, não estão no Diário Oficial;
cial ou OSCIP em uma unidade de saúde, o h) Existem somente planilhas preenchidas pelo
absurdo é entregar todos os serviços de saúde Ministério da Saúde e um Relatório de Gestão
para uma entidade privada, pois a Organização Anual do Conselho de Saúde.
Social vai ser autogerir, se a prestação de con-
tas é uma declaração, as entidades declaram
como desejarem, explica o Delegado Eduardo Termo de Parceria X Contrato de
Izel.
A situação atual no Maranhão ainda não foi Gestão
totalmente resolvida, pois se a Secretaria de
Saúde retomasse todos os serviços de imediato A análise da entidade Centro Integrado e
a população ficaria desassistida, considerando Apoio Profissional-CIAP, Organização da So-
o nível do comprometimento das Organizações ciedade Civil de Interesse Público-OSCIP com
Sociais na gestão da saúde do Estado. Essa é atuação em Londrina-PR, que teve Termo de
a grande diferença entre ter uma Organização Parceria para gestão firmado com: SAMU, Con-
Social para um serviço determinado, com fi- trole de Endemias, Policlínicas, Atenção Básica
nalidade específica, que será fiscalizada pela e Saúde da Família.
Secretaria de Saúde. A investigação foi resultado de um trabalho
em conjunto com: Ministério Público, Receita
Federal, Controladoria Geral da União-CGU e
Organizações Sociais na Saúde Polícia Federal.
O Contrato tinha como objeto fornecer mão-
Para o Delegado a Constituição Federal∕1988 de-obra terceirizada e materiais necessários
quando criou o Sistema Único de Saúde-SUS para execução do programa de governo. Des-
Lei nº 8.080∕1990 previa que a direção seria vio de R$ 28.399.657,74, (janeiro∕2003 e
única e a competência de gestão da Secretaria abril∕2010).
de Saúde.
organizações sociais na saúde
Foto: Reprodução Fantástico - 14.10.2016

Fraudes Identificadas pela Fontes de Recursos das


Polícia Federal Organizações Sociais
Conforme informações apresentadas pelo As Organizações Sociais no Brasil não
Delegado da Polícia Federal, Dr. Eduardo demonstram outra fonte de renda que não se-
Moreno Izel, a avaliação da documentação re- jam, exclusivamente os recursos públicos. No
ferente ao Contrato com uma OSCIP no valor mundo desenvolvido, essas Entidades se man-
de R$ 64.000.000,00 envolve informações têm com recursos privados que tem origem
bancárias e relações trabalhistas, com nível de em doações, captam recursos para exercer a
detalhamento que permite o rastreio dos re- finalidade social. No Brasil as Organizações
cursos públicos até o destino final, foram iden- Sociais e OSCIP, são criadas para prestar um
tificados: serviço no qual não tem experiência alguma.
a) Ausência na comprovação de realização dos Investigações demonstraram que os saques
serviços; em espécie foram para o exterior, compra de
b) 30% dos recursos identificados na conta da aeronaves, consultoria e compra de gado. Os
matriz da Organização Social; responsáveis pela OSCIP foram condenados
c) Superfaturamento de despesas; pelo Ministério Público Federal-MPF e presos.
d) Número de profissionais inferiores ao pre-
visto no Contrato;
e) Ausência de funcionários para repor férias; Sergipe
f) Demora para repor funcionários desliga-
dos; A situação crítica em que ficou o Estado do
g) Distribuição de saldo remanescente entre Maranhão quando entregou 100% dos serviços
empresas ligadas ao grupo familiar que não de saúde para gestão por Organização Social
prestavam serviço nenhum; não é caso isolado.
h) Saques em espécie sem identifica- O Estado de Sergipe passa pela mesma
ção, inclusive realizados por pessoa física: situação, todos os serviços públicos de saúde
R$ 11.000.000,00 saque em espécie foram entregues à gestão por Organizações
R$ 19.000.000,00 pago às empresas do mesmo grupo Sociais, se os Contratos forem rescindidos a
R$ 5.000.000,00 saque em espécie (Não Identificado)
população ficará sem assistência.
R$ 35.000.000,00 (total desviado)

R$ 64.000.000,00 (total do Contrato)


Análise
Alta Complexidade
R$ 29.000.000,00 (aplicação em saúde)
Chamou atenção a Polícia Federal ter
i) A aplicação em saúde: quase 50% do to- conhecimento de uma “fábrica” de OSCIP,
tal do Contrato, o restante foi desviado pelas pois demon­stra o notório e promissor mer-
diversas formas acima detalhadas. cado, que favorece o acesso imediato aos
re­cursos públicos, a certeza de recursos,
A experiência do Delegado da Polícia Federal permit­indo atuação ampla nos serviços
investigando Organizações Sociais na Saúde públicos (cada vez mais são criadas leis
demonstra que as entidades fazem o que ampliando a área de atuação) com a fal­ta
querem, pois Empenho, Licitação e Contratos de transparência e com a fiscalização pre-
são tidos como obstáculos à administração. cária da aplicação dos recursos públicos.
organizações sociais na saúde
Foto: Reprodução - Apresentação Drª Francis Sodré - 31.05.2016

Organizações Sociais de Saúde na Gestão da Saúde Pública:


Acúmulo de Capital
Durante uma palestra em morou 8 meses para ter aces- a) Territorial: sediadas nos
Brasília, a Profª Drª Fran- so a uma Organização Social, grandes centros produtivos e
cis Sodré (Programa de localizada no Espírito Santo; distribuídas, rapidamente, en-
Pós-Graduação em Saúde b) Foram enviadas Cartas e tre os municípios de pequeno
Coletiva) abordou o tema Memorandos ao Comitê de porte;
“Organizações Sociais de Ética, pedidos formais à Se- b) Nascem onde se concentra
Saúde na Gestão da Saúde cretaria de Saúde, não tive- todo o capital produtivo;
Pública”, tendo como foco ram respostas nos demais Es- c) Nascem de uma relação
“Acumulação de Capital”. tados; com o Estado e migram para
Na pesquisa realizada c) O acesso aos Contratos foi os municípios;
pela equipe da Drª Francis por meio das Secretarias Es- d) As mais atuais possuem
constavam duas perguntas taduais de Saúde; discurso de inserção social;
quanto à composição das re- d) Somente 11 (onze) Esta- e) As mais antigas possuem
des de acumulação de capital dos disponibilizam o Contrato dupla titularidade (outra pes-
pelas organizações sociais; e Aditivos, totalizando 2.000 soa jurídica): são filantrópicas
e se as Organizações Sociais (dois mil) Contratos; religiosas (católicas) que se
apresentam tendências de e) Foi realizado um ranking tornam Organização Social da
concentração (acumulação) para identificar as 10 (dez) Saúde-OSS para “ampliação
e centralização (formação de maiores Empresas que atuam dos serviços”;
monopólios) de capitais no como Organização Social de f) Ambas prometem atuação
campo da saúde pública. Saúde-OS, utilizando como de cunho “empresarial” com
A professora destacou al- critério os valores arrecada- um modelo de administração
guns aspectos sobre a coleta dos. com “foco em resultados” e
de dados para a pesquisa, que Considerando os dados co- g) Tentam culpabilizar o SUS,
abrange o Brasil inteiro: letados foram identificadas al- alegando que o SUS tem to-
a) A equipe de pesquisa de- gumas características das Or- das as condições, mas não
ganizações Sociais na Saúde: tem gestão.
organizações sociais na saúde
Foto: ©2010-2016 Graphic Resources LLC

Áreas de Atuação das


Organizações Sociais os Conselhos são compostos pelos mesmos
nomes.
O início das atividades desses grupos de Não acontecem grandes alterações nos
Organizações Sociais aconteceu na Saúde do nomes dos representantes que assinam os
Estado, onde cresceram de forma significativa Contratos iniciais e os Aditivos nos Estados.
e se expandiram para outras políticas sociais, Os representantes das Organizações são:
assim existem Organização Social de Saúde Médicos ligados a grupos hospitalares; Reli-
que faz a gestão da assistência social, por giosos (freiras, padres, pastores...) e Engen-
exemplo nos CRAS que são serviços de refe- heiros também ligados a grupos hospitalares,
rência social, geralmente atendendo população empresas de equipamentos hospitalares, in-
mais vulnerável. Em andamento implantação dústria da construção civil ou pecuaristas.
de gestão por Organização Social na educa-
ção, e teremos Organização Social atuando na
saúde, assistência social e educação.
Análise das dez maiores
Os principais serviços prestados pelas Orga- Organizações Sociais do Brasil
nizações Sociais são: gestão de hospitais, am-
bulatórios, diagnósticos, exames de imagens e O grupo de trabalho analisou que, das
exames clínicos. 10 (dez) maiores Organizações Sociais 8 (oito)
Avaliando o deslocamento de atuação em estão localizadas em São Paulo, que tem 33
várias políticas públicas fica claro que não há (trinta e três) Organizações Sociais atuando
especialização sobre o serviço que é objeto do na Secretaria de Saúde do Estado de São Pau-
Contrato, por exemplo, a mesma Organização lo (dados maio2016).
Social assume contratos de gestão para Hos- Características das Organizações Sociais
pital Geral ou UPA. que atuam no Estado de Goiás: É uma tipolo-
gia totalmente diferente do restante do Bra-
sil; Entidades goianas, criadas recentemente
Representantes das e com crescimento semelhante ao movimento
Organizações Sociais que houve em São Paulo.
“A formação do Sistema Único de Saúde-
A avaliação das informações das 10 maiores SUS é universal e igualitário. A tendência de
Organizações Sociais demonstra a força que que essa suposta complementaridade não seja
esses grupos possuem, desde 1998 não houve maior do que o SUS”, defende a Prof. Francis.
substituição do representante legal e todos
organizações sociais na saúde
Aditivos Contratuais consta no Contrato. As Secretarias de Saúde
têm adotado um padrão, criam Comissão para
A Professora avalia como inadmissível a avaliar Contratos, composta por represen-
quantidade de aditivos que cada Contrato pos- tantes: da Organização Social, da Secretaria de
sui, principalmente quando comparados Esta- Saúde e Secretaria de Planejamento-SEPLAN,
dos grandes e Estados com poucas Organiza- mas esse Contrato é avaliado pelo Conselho
ções Sociais atuando. de Saúde. Não existe avaliação de metas.
Destaque para a situação de São Paulo, A gestão por Organização Social na Saúde
onde 1 (uma) Organização Social, assumiu 1 não traz redução de custos para o Estado,
(um) Contrato, que gerou 102 (cento e dois) mesmo quando comparada com hospital porta
Aditivos, em 4 anos. A equipe calculou a aberta, custo quase 3 vezes superior, consid-
média de 15 a 20 Aditivos em 3 anos. erando avaliação média em 3 Estados.
Não há qualquer critério para que sejam
assinados Aditivos, se adequam para qualquer
situação, e todos esses Aditivos tem custos in-
Funcionários
finitamente maior do que os custos do Con-
Quanto a precariedade nas relações de tra-
trato inicial.
balho, destaque para: 80% dos Contratos de
A professora demonstra surpresa com a
Organizações Sociais na Saúde não diz a forma
possibilidade de gestão por Organização Social
de Contratação; Maior número são hospitais
em Hemocentro, que é atividade com legisla-
com gestão por Organização Social; Assédio
ção própria, poder e regime de Estado.
moral; Acidente de trabalho; Menores salários
em relação aos servidores públicos na mesma
Origem Institucional das função; Índice de rotatividade: 8 meses; e a
“Pejotização” dos funcionários é recorrente
Organizações Sociais na Saúde enfraquecendo as relações e a qualidade dos
serviços oferecidos.
As Organizações Sociais tiveram início em
São Paulo e vendem seus serviços para outros
Estados. Tem origem de grandes grupos com Análise
capacidade econômica para migrar geografica- Alta Complexidade
mente, ampliando sua área de atuação.
As Organizações Sociais firmam Contratos
em unidades da federação distinta da cidade A Drª Francis Sodré apresentou um gráfico
de origem, e será uma Organização Social de representativo do crescimento econômico
São Paulo ou do Rio de Janeiro. e da expansão geográfica das Organiza-
As características são: não há pequenos ções Sociais, chama atenção a evolução
grupos empresariais; não são pequenos em- econômica formada por linhas mais gros-
preendedores; não são iniciativas locais, por sas e à medida que esses grupos vão
exemplo a gestão por Organização Social em se expandido geograficamente as linhas
Rondônia é realizada por uma entidade de São ficam mais finas, demonstrando que a ma-
Paulo. triz é quem concentra o poder econômico
do grupo empresarial. A imagem da atu-
ação das Organizações Sociais é como se
Contratos fossem jogadas numa mesa 80 bolas de
gude, se formarão vários grupos e algu-
O objeto do contrato obedece a uma pa- mas bolas ficarão mais afastadas.
dronização de “operacionalização da gestão
de execução dos serviços”. São assinados com
duração entre 48 a 60 meses. Predominam os
Contratos com vigência inicial de 60 meses,
renováveis. Ampla maioria com “cláusulas ab-
ertas” que permitem agregar mais serviços a
qualquer momento.
Avaliação e monitoramento do Contrato A reprodução está ampliada no início desta
serão realizados pela Secretaria de Saúde, de- matéria “Organizações Sociais na Gestão
verá ser por metas, mas essa informação não da Saúde Pública”
organizações sociais na saúde
Foto: Willian Pereira/ Ibross

TC 028.900/2011-1 (TCU)
“Esta Representação visa a examinar, especifi-
camente, 17 (dezessete)contratos celebrados
pela Sesau com a Pró-Saúde Associação Be-
neficente de Assistência Social – Pró Saúde,
cujo objeto é a gerência e execução, pela con-
tra-tada, das atividades e serviços de saúde
nos Hospitais Regionais de Araguaçu, Araguaí-
na, Arapoema, Arraias, Dianópolis, Guaraí,
Secretaria de Saúde de Goiás Gurupi, Miracema, Paraíso, Pedro Afonso e
Porto Nacional, no Hospital Regional Materno-
No dia 24 de novembro de 2016 foi rea- Infantil Tia Dedé, no Hospital Geral de Palmas
lizada uma reunião em São Paulo, ocasião em Dr. Francisco Lopes, no Hospital de Pequeno
que o Secretário de Saúde de Goiás faria o Porte de Alvorada, no Hospital e Maternidade
Convite para que outras Organizações Sociais Dona Regina, no Hospital de Doenças Tro-
se qualifiquem no Estado de Goiás, tendo em picais e no Hospital Infantil de Palmas, sob a
vista a previsão de novos chamamentos ainda forma de contrato de gestão, no valor anual de
no primeiro semestre de 2017. R$ 258.484.789,00”.

Análise
[ Análise Alta Complexidade ] Alta Complexidade
A situação confirma o que já foi demonstra-
do na pesquisa da Dra. Francis, as Organiza- Desde 2011 existem demandas judi-
ções Sociais ampliam a prestação dos serviços ciais questionando a incompatibilidade
para outros Estados afastados de sua sede, entre as despesas pagas e os serviços
nesse caso o Secretário de Saúde de Goiás foi prestados pelas Organizações Sociais no
até São Paulo para convidar as Organizações Estado do Tocantins. Apesar disso até o
Sociais paulistas a se habilitarem para prestar hoje o Tocantins tem uma estrutura de
serviços ao Estado de Goiás. saúde decadente para cuidados de mé-
dia e alta complexidade para adultos e
Foto: ©Alta Complexidade Política & Saúde
pediátricos, onde são noticiadas situa-
ções críticas quanto a infecções perma-
nentes na UTI do Hospital Regional de
Palmas, bem como as condições desuma-
nas em que as crianças são "atendidas".
O investimento na saúde da população é
direcionado para as Organizações Sociais
deixando o Estado sem nenhuma unidade
de referência em atendimento especia-
lizado.

Lei que dispõe sobre o Programa de


Organizações Sociais é sancionada
Portaria publicada no Diário Oficial do Estado
no ano de 2016, a Lei Nº 7.777-2016, busca
Exclusivo Alta Complexidade estimular a absorção, por Organizações Soci-
ais (OSs), de atividades e serviços de inter-
Registro fotográfico exclusivo do Alta Com-
esse público ligadas à educação, ensino, pes-
plexidade Política & Saúde dos palestrantes
quisa científica, desenvolvimento tecnológico e
durante o Evento realizado pelo Ministé-
institucional, proteção e preservação do meio
rio Público Distrito Federal e Territórios-
ambiente, assim como a saúde, trabalho, ação
MPDFT: “Encontro Organizações Sociais na
social, cultura e desporto e à agropecuária.
Saúde Pública”.
organizações sociais na saúde
Lei Complementar n° 141∕2012
Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição
Federal para dispor sobre os valores mínimos a
serem aplicados anualmente pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios em ações e serviços
públicos de saúde; estabelece os critérios de
rateio dos recursos de transferências para a saúde
e as normas de fiscalização, avaliação e controle
Conheça a legislação: das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de
governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080,
de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de
Emenda Constitucional n° 19∕1998 julho de 1993; e dá outras providências.
Modifica o regime e dispõe sobre princípios e Lei n° 9.790∕1999
normas da Administração Pública, servidores e Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas
agentes políticos, controle de despesas e finan- de direito privado, sem fins lucrativos, como Or-
ças públicas e custeio de atividades a cargo do ganizações da Sociedade Civil de Interesse Públi-
Distrito Federal, e dá outras providências. co, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá
Lei n° 9.637∕1998 outras providências.
Dispõe sobre a qualificação de entidades como Lei n° 13.019∕2014
organizações sociais, a criação do Programa Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a
Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos administração pública e as organizações da socie-
e entidades que menciona e a absorção de suas dade civil, em regime de mútua cooperação, para
atividades por organizações sociais, e dá outras a consecução de finalidades de interesse público
providências. e recíproco, mediante a execução de atividades
Lei n° 2.177∕1998 (DF) ou de projetos previamente estabelecidos em
Dispõe sobre a qualificação de entidades como planos de trabalho inseridos em termos de co-
organizações sociais no âmbito do Distrito laboração, em termos de fomento ou em acordos
Federal. Previa essa transferência com licitação; de cooperação; define diretrizes para a política
5 anos de experiência. Foi revogada. Substituída de fomento, de colaboração e de cooperação com
pela Lei n° 9.637/1998. organizações da sociedade civil.
Lei n° 2.415∕1999 (DF) Portaria nº 699∕2006-GM
Dispõe sobre a qualificação de entidades como Regulamenta as Diretrizes Operacionais dos
organizações sociais no âmbito do Distrito Pactos Pela Vida e de Gestão.
Federal. Resolução n° 01/2011
Obs: Elimina a licitação. Amplia as áreas de atu- Estabelece os processos e critérios para seleção
ação. Incluindo jardinagem (ICS). Um dispositivo de Organizações Sociais no âmbito do Distrito
legal totalmente diferente, e o leque é menso. Federal.
Lei n° 2.523∕2000 (DF)
Art. 1° O Poder Executivo, por ato do Governador
do Distrito Federal, poderá qualificar como orga-
nizações sociais pessoas jurídicas de direito pri- diário Oficial da União
vado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao de-
senvolvimento tecnológico e institucional, à pro- RESOLUÇÕES
teção e preservação do meio ambiente, inclusive Nº 1486 e Nº 1487,
conservação de áreas urbanizadas e ajardinadas, de 30/01/2017
à cultura, ao trabalho e à educação profissional,
à ação social, à defesa do consumidor e à saúde, Constitui Comissão de Acompanha-
atendidos os requisitos desta Lei.
Obs: Cada vez mais ampliando a área de atuação mento e Fiscalização, responsável
por meio de OS’s. pelo acompanhamento e fiscalização
Lei n° 4.081∕2008 (DF) do Contrato de Gestão Nº 001/2017,
Dispõe sobre a qualificação de entidades como celebrado com a Organização Social
organizações sociais no âmbito do Distrito de Saúde Cruz Vermelha Brasileira
Federal e dá outras providências. (RS) - CVB-RS, no âmbito do Estado
Obs: Cada vez mais ampliando a atuação: fauna,
do Rio de Janeiro. Disponível em:
flora, agricultura e esporte.
http://bit.ly/2jGlx3o e http://bit.
Lei n° 4.110∕2008 (DF)
Altera dispositivos da Lei nº 4.081, de 4 de ja-
ly/2kZT0pJ.
neiro de 2008
organizações sociais na saúde
Análise Alta Complexidade

A Gestão por Organizações Sociais na Saúde Pública do Brasil

A disseminação das Organizações Soci- Na Ação Civil Pública do Ministério Público


ais atuando na saúde no país é proporcio- do Mato Grosso é possível observar a luta do
nal aos problemas encontrados ao longo da Judiciário contra o até então inabalável poder
execução dos Contratos, que provocaram pre- das Organizações Sociais-OS, identificadas
juízos econômicos e sociais. Entre os proble- pelos especialistas em saúde como Entidades
mas estão: Restrições e limitações de acesso “blindadas”, inalcançáveis, inatingíveis, com
aos serviços de saúde; Enfraquecimento das nítida proteção de forças do Estado, Entidades
relações de trabalho (pejotização; baixos sa- das quais a mídia só divulga os problemas
lários); Precarização da qualidade dos serviços quando não mais é possível escondê-los da
do Sistema Único de Saúde-SUS uma vez que sociedade.
o valor investido nas Organizações Sociais é Parte do acúmulo de problemas das Orga-
muitas vezes maior do que o investimento no nizações Sociais são resolvidas com a judici-
Sistema Único de Saúde. alização do acesso à saúde, seja por vaga de
O crescente número de funcionários das UTI, cirurgia, exame de imagem ou consulta
Organizações Sociais ou terceirizados dentro com especialista. O que aconteceu e acon-
dos hospitais públicos provoca muitas dúvidas tece em Brasília, relatado pela Procuradora do
sobre o horizonte do Sistema Único de Saúde MPContas, é semelhante à situação do Mato
quanto aos recursos humanos. Cada vez mais Grosso, onde a judicialização se tornou um en-
entidades privadas assumem serviços pilares trave orçamentário e um assunto de pauta co-
na estrutura da saúde pública – UTI, Hemodiá- letiva para os Poderes Executivo e Judiciário;
lise, Nutrição Hospitalar, Serviço Atendimen- Ministério Público e Defensoria Pública.
to Domiciliar, Internação Domiciliar, Medicina Apresentamos abaixo mais uma ação do
Diagnóstica (exames de imagens: radiologia, Ministério Público sobre a atuação das Orga-
ressonância, tomografia, polissonografia, ma- nizações Sociais na Saúde, onde são identi-
mografia, eletrofisiologia, cirurgias cardiológi- ficados os mesmos problemas relatados ao
cas), coincidentemente serviços aos quais o longo desse Especial.
Sistema Único de Saúde destina verbas orça-
mentárias bastante significativas.

Organizações Sociais no Estado do Prejuízos Financeiros e Sociais


Mato Grosso e a Atuação do Provocados pelas Organizações
Ministério Público Sociais na Saúde
ao Estado do Mato Grosso
O Ministério Público do Estado do Mato Gros-
so, referente ao Inquérito Civil nº 001/2011 Cáceres-MT, tem uma Organização Social
ingressou com Ação Civil Pública-ACP tendo que atua desde 2001, e faz a gestão do Hospi-
como objetivo: apurar se a decisão adminis- tal Regional de Cáceres, a Entidade “permitia
trativa tomada pela Secretaria de Estado de que um de seus médicos operasse quem ele
Saúde de promover a entrega da gestão e desejasse, trazendo pacientes de outros mu-
serviços para a iniciativa privada entidades nicípios sem qualquer regulação ou controle,
denominadas Organizações Sociais de Saúde de modo a preterir pessoas que já se encon-
(OSS), dos Hospitais Regionais localizados nas travam em fila de espera em prioridade indevi-
cidades de Rondonópolis, Cáceres, Colíder, da de seus próprios clientes” (texto da Ação
Sorriso, Alta Floresta, Sinop e Várzea Grande Civil Pública).
(Hospital Metropolitano).
organizações sociais na saúde
Foto: Ascom / Ministério Público do Estado do Mato Grosso

Mamografia “O Contrato de Gestão N° 004/SES/


MT/2011(SIMP 000207-002/2013), firmado
Considerado um exame que faz parte dos com a Associação Congregação de Santa Cata-
cuidados com a saúde da mulher, que atende rina para o gerenciamento, operacionalização
e execução das ações e serviços de saúde no
um público de faixa etária específica, utiliza-
do para rastreio de câncer, onde o atraso do Hospital Regional de Cáceres, é possível con-
exame significa que o paciente está fora do star no tópico “II – ESTRUTURA E VOLUME DE
atendimento oncológico. Fazer a mamografia ATIVIDADES CONTRATADAS”, subitem “2.4.
poderia ser um procedimento simples, abaixo SADT EXTERNO” que deveriam ser realizadas
2.000 (duas mil) mamografias ao ano no hos-
o relato do que aconteceu no Estado do Mato pital em questão.”
Grosso, apesar da existência de serviços con-
tratados por Organizações Sociais. “Os Contratos firmados somente em dois
hospitais regionais atenderiam “54,99% da
“As Entidades se sentem livres para des- demanda reprimida o que denota a total in-
cumprir suas obrigações contratuais, a Ação eficiência desse modelo adotado pelo Esta-
Civil Pública relata como exemplo, exame de do de Mato Grosso, pois tais dados refletem
mamografia. claramente que aquilo que é contratado não é
Dados da SES-MT “dão conta de que a efetivamente executado.”
demanda reprimida para o exame de ma-
mografia, essencial para a detecção precoce Para o Procurador a justificativa é que
do câncer, apenas no interior do Estado, era
composto no mês de abril de 2013 pelo es-
“nos contratos firmados com
pantoso número de 8.001 (oito mil e uma) a Administração Pública, os
usuárias.”
serviços “comprados” das
“Contrato de Gestão N° 002/SES/MT/2011, Organizações Sociais são
firmado com a Sociedade Beneficente São previamente pagos, indepen-
Camilo – SBSC para o gerenciamento, opera-
cionalização e execução das ações e serviços
dentemente de sua efetiva
de saúde no Hospital Regional de Rondonóp- execução.”
olis “Irmã Elza Giovanella” (SIMP 000207-
002/2013), nota-se no”, subitem “2.4. SADT
EXTERNO” que deveriam ser realizadas 2.400
(duas mil e quatrocentas) mamografias ao
ano no referido hospital.”
organizações sociais na saúde
Foto: Fernando Rodrigues

Comissão Parlamentar de Inquérito- Análise


CPI (2016) Alta Complexidade
A CPI na Assembleia Legislativa do Esta- Embora o texto seja de 2012, a Nota da
do de Mato Grosso apurou os problemas com SESMT demonstra a facilidade com que o
as Organizações Sociais de Saúde (OSS) no serviço de saúde muda de gestão, um Con-
seu Relatório final apontou prejuízos acima de trato de Emergência de 180 dias, o que se
R$ 200.000.000,00.
traduz num rodízio entre as Organizações
Orçamento da Saúde em Mato Grosso∕2016
Sociais, embora sempre que os problemas
R$ 1.400.000.000,00, portanto, os prejuízos
chegam ao nível absurdo de desassistên-
com as OSS representaram 14,29% do orça-
cia, de sucateamento dos bens móveis e
mento da saúde.
imóveis, salários atrasados, e estrangula-
mentos financeiros dos recursos públicos,
2012 (abril) os serviços de saúde retornam à adminis-
tração da Secretaria de Saúde.
Em nota divulgada a Secretaria de Esta-
do de Saúde (SES/MT), esclarece a Rescisão
dos Contratos com o Instituto Social Fibra
para o gerenciamento e execução das ações e
CPI (2016)
serviços de saúde dos Hospitais Regionais de Alguns trechos do Relatório da CPI que
Alta Floresta e Colíder: apontou irregularidades na gestão de Orga-
“O Instituto Social Fibra feriu o item nizações Sociais na Saúde em Mato Grosso.
2.1.44 da cláusula segunda dos Contratos de “Atualmente, das cinco organizações, so-
Gestão que estabelece que a contratada deve mente três continuam à frente da adminis-
“...movimentar os recursos financeiros trans-
tração de unidades estaduais de saúde: Ron-
feridos pela contratante para a execução do
donópolis, Cáceres e Sinop.
objeto do contrato, em conta(s) bancária(s)
específica(s) e exclusiva (s), vinculada(s) ao
Os demais hospitais, em Colíder, Alta Flo-
Hospital, de modo a que os recursos transferi-
resta, Várzea Grande e Sorriso estão sendo
administrados por meio de intervenção feita
dos não sejam confundidos com os recursos pelo governo estadual”.
próprios da contratada...”.
Para garantir a continuidade da prestação Fonte: <https://www.al.mt.gov.br/midia/noticia/162415/visu-
de serviços à população que se serve destas alizar>. (grifo nosso)
unidades hospitalares e para tanto já provi-
Foto: Reprodução/ Internet
denciou contrato emergencial por 180 dias,
com o Instituto Pernambucano de Assistência
em Saúde (IPAS). A SES já está organizando
a publicação de um novo chamamento público
para o gerenciamento dos hospitais.

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde-Governo de Mato Grosso


(grifo nosso)
organizações sociais na saúde
Algumas das Irregularidades Identificadas pela CPI:
Atendimento precário Falta de medicamentos Remédios vencidos Falta de pagamento de
(pacientes internados profissionais e fornece-
nos corredores, demo- Falta de equipamentos Falta de alimentação dores gerando inter-
ra nas consultas); para exames para pacientes inter- rupção de serviços
nados
Disponibilização de Contratação de profis-
médicos em unidades Fraude no cumprimento sionais de forma irre-
abaixo do previsto em de metas (relatórios gular / Falta de registro
com números de pro- Desvio de finalidade
contrato, gerando que- de funcionários
no uso de ambulân-
da no número de con- cedimentos e consul-
cia (transporte de ter-
sultas e procedimentos tas forjados), conforme Falta de inspeção sani-
ceiros, fora do objeto
aquém do previsto em inúmeras denúncias e tária (em algumas uni-
pertinente à locomoção
contrato relatórios (CGU, TCU, dades como SINOP e
de pacientes)
MPU) Sorriso)

OSS’s com nome (protestos em cartórios, inscrições no Serasa, dívidas judiciais, dívidas trabalhistas etc.)

Médicos do “Programa Mais Médicos”, do Governo Federal, realocados e a serviço de OS que recebem dinheiro
público

Falta de criação das Comissões exigidas no contrato: Comissões Clínicas: Comissão de Prontuários Médicos,
Comissão de verificação de Óbitos, Comissão de Ética Médica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

Estruturas físicas sem Contratação de médi- Superfaturamento na Agentes públicos favo-


condições para presta- cos recém-formados, aquisição de materi- recidos com contratos
ção dos serviços sem experiência e ais e contratação de firmados com empre-
com pouco tempo de serviços sas onde são dirigen-
Falta de alvará de fun- residência tes ou sócios
cionamento e licenças
em algumas unidades Superfaturamento na
aquisição de materi-
Diretores de OSS’s fa- Corrupção passiva/Corrupção ativa ais e contratação de
vorecidos com con- serviços
Desvio de finalidade dos repasses financeiros
tratação de empresas
(gastos do dinheiro com despesas não previstas em Emissão de notas frias
(quarteirização) onde
contrato)
são dirigentes ou só-
cios Acúmulo de cargos e
Não comprovação de despesas apontadas funções

Aditivos contratuais Falta de padronização dos Indícios de fraude em


Retaliações de
altos e sem detalha- uniformes para servidores, licitações
servidores/fun-
mento das ações e
médicos, administrativo, cionários que pro-
serviços extras que Dispensa Indevida de
enfermeiros, acompan- curaram a Ouvido-
justifiquem o aumento hantes e pacientes licitação
ria do Hospital
dos repasses
Recusa de prestação
Quarteirização irregu- de informações sobre
lar e sem concorrência Falta de Prontuário Único do Usuário os gastos e investi-
pública mentos
Falta de regularização dos repasses financeiros
Repasses feitos para Procedimentos cobra-
pagamento de pes- Falta de comunicação de gestores administrativos dos referentes a ex-
soal antes mesmo de do hospital com a CPCG ecuções em datas pós-
a unidade começar a óbito dos pacientes
funcionar Não cumprimento da Lei de Licitações (Lei 8.666)

Falhas graves nos contratos, em uma das unidades hospitalares (VG) encontramos a redução de metas de
saídas que resultaram em aumento dos valores médios unitário para pagamento das saídas hospitalares, os
serviços com menor custos tiveram suas metas aumentadas. Isso significa que com base nessa análise de cum-
primento de metas, no relatório apresentado pelo Conselho de Saúde do ano de 2013 a esta CPI, constatamos
que o Estado pagou mais por menos serviços, isso nunca foi observado pela Comissão de Fiscalização porque a
mesma nunca esteve presente para fiscalização in loco.
organizações sociais na saúde
O método de repasses financeiros às OSS’s possui uma Desconhecimento dos efetivos custos
característica de que os pagamentos foram efetuados base- administrativos e finalísticos dos contratos, di-
ados em relatórios enviados a CPCG, calculados em número ficultando o controle financeiro e da qualidade
de dias que o paciente passou internado no hospital, inde- dos serviços prestados
pendente se o paciente passou por cirurgia ou internação por
alguma doença crônica, baseou essa análise diante de que o
Falta de clareza, coerência e cientificidade do
custeio aos pacientes de urgência e emergência, foi calcula- sistema, tornando-se uma grande fonte de
do por VMUE (valor médio unitário), são os valores a serem desperdício do dinheiro público na má presta-
pagos por especialidade de serviços e respectivas metas, ção de serviços de qualidade aos usuários do
essa metodologia aplicada é em cumprimento do contrato SUS
de gestão na Descrição de Serviços, Estrutura e Volume de
Atividades contratadas (saídas hospitalares, atendimento
A equipe técnica constatou de fato as irregu-
ambulatorial, atendimento de urgências e emergências, laridades nos contratos com as OSS’s, total-
SADT Externo), elas são variáveis pela característica de cada mente fora da projeção real e financeira para
unidade hospitalar. Mato Grosso

Nas visitas in loco constatamos que as Unidades Hospitalares administradas pelas OSS’s nunca receberam a
visita da CPCG-Comissão Permanente de Contratos e Gestão, (FATO GRAVÍSSIMO), problema constatado e
apresentado oficialmente para o Secretário Estadual de Saúde, Controladoria Geral do Estado e Tribunal de
Contas, além desta Comissão Parlamentar de Inquérito, os relatórios eram analisados por amostragem, os
contratos nunca foram vistoriados e confrontados dentro das Unidades Hospitalares, o mesmo ocorria nos cum-
primentos de metas nos contratos de terceiros.

Excesso de liminares
na judicialização, com
o bloqueio da conta
única perdeu o con- Em 19/04/2011 despacho de homologação
Em 18/04/2011, pu-
trole do orçamento do chamamento público 001/2011 e dispensa
blicação do decreto
público, pois só no de licitação 035/2011, interessado IPAS - Va-
270/11- que qualifica a
ano de 2014 foram lor de R$ 31.386.000,00 (trinta e um milhões
R$100.000.000,00 OSS IPAS, assinado por
Silval da Cunha Bar- trezentos e oitenta e seis mil reais), nesta mesma
(cem milhões de reais) data memorando de Vander Fernandes solicitando
bosa, Eder de Moraes e
bloqueados para cum- Pedro Henry Neto empenho deste valor
prir a judicialização de
uma regulação defas-
ada que não suporta a Pois bem, havia uma nota de empenho no valor de R$ 28.000.000,00 (vinte e
demanda do cidadão. oito milhões de reais) - N°. PED 21601.0001.11.09278-8, e em 27/04/2011, foi
realizado estorno de empenho desta nota no valor de R$ 5.076.000,00 (cinco mil-
hões e setenta e seis mil reais), o destino do restante desta nota, ou seja, quase
Em 09/02/2011 o R$ 23.000.000,00 (vinte e três milhões de reais), não foram possíveis esclarecer,
Secretário Edson Pau- pois não recebemos da SES/MT os documentos e nem as informações oficiais
lino solicita reser- necessárias até a presente data
va orçamentária de
R$ 28.000.000,00
(vinte e oito milhões), Fonte: Ministério Público do Estado de Mato Grosso, 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cida-
dania de Cuiabá, conforme Inquérito Civil n.º 001/2011. Ação Civil Pública.
com pedido de empen-
Observação: Alguns trechos ou palavras foram destacados pela sua representatividade social e
ho em 10/02/2011 econômica.

Foto: Reprodução/ Internet

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