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ESPECIAL
Organizações Sociais
na Saúde
organizações sociais na saúde
editorial
A
presença das Organizações Sociais na exercendo o Controle Social de forma efetiva
Saúde Pública foi um dos assuntos mais por meio dos Conselhos de Saúde e acompa-
noticiados no ano de 2016, em todas as nhando a elaboração de leis, que algumas
mídias, fazendo parte das manchetes nacio- vezes são elaboradas para desaparelhar os
nais em investigações realizadas pelas Polícias órgãos de controle, um exemplo apresentado
Civil e Federal, Ministérios Públicos, Tribunais é o Estado de Goiás, onde o Tribunal de Contas
de Contas envolvendo Contratos no Amazo- do Estado fechou o setor de Auditoria.
nas, Rio de Janeiro, Maranhão, Distrito Federal As justificativas para a implantação das
entre outros Estados. Organizações Sociais na Saúde como a única
A contratação de Organizações Sociais- opção para resolver os problemas no setor de
OS para executar serviços de saúde pública, saúde em âmbito nacional são: a economici-
popularmente conhecida como “Gestão por dade e desburocratização dos serviços. Todos
Organizações Sociais”, que conforme dispo- os palestrantes citaram a ausência de um
sitivos legais deveria ser um serviço comple- estudo que demonstre quais ações da gestão
mentar ao Sistema Único de Saúde-SUS, tem antecederam a implantação das Organizações
sido constatada em alguns Estados como a Sociais, e os motivos pelos quais essas ações
substituição da Gestão da Administração Dire- não tiveram efeitos positivos.
ta. Existem Secretarias de Saúde que transfe- A avaliação dos dados apresentados ao lon-
riam 100% da saúde para a Gestão por Orga- go do conteúdo demonstra que a economici-
nizações Sociais, inclusive o serviço do SAMU, dade e desburocratização, quando detalhadas
e que devido aos inúmeros problemas de as informações financeiras das despesas ficam
irregularidades na execução dos serviços os constatadas como serviços abusivamente mais
Contratos não puderam ser rompidos de imedi- caros, falta de controle dos recursos diante
ato, pois as Secretarias de Saúde ficariam sem dos milhões de reais em saques, alguns “não
condições de reassumir todos os serviços. identificados”. Os dados dos recursos públicos
O Especial Organizações Sociais na repassados aos serviços de saúde próprios da
Saúde apresenta os resultados da atuação Secretaria de Saúde e os recursos repassados
em conjunto do Ministério Público, Tribu- às Organizações Sociais para realizar os mes-
nal de Contas da União, Tribunais de Contas mos serviços, evidenciam discrepância nos
dos Estados, Tribunais de Contas dos Municí- valores repassados.
pios, Ministério Público de Contas, Ministério O que temos no Brasil é a disseminação
Público do Trabalho, Controladoria Geral da grupos empresariais figurando como Organiza-
União-CGU e Polícia Federal, que foram divul- ções Sociais, de grupos que atuam de forma
gadas durante Evento realizado pelo Minis- cada vez mais ampla assumindo gradativa-
tério Público Distrito Federal e Territórios- mente a função da Secretaria de Saúde.
MPDFT: “Encontro Organizações Sociais na A falta de transparência nas relações com
Saúde Pública: a visão dos órgãos de con- as Organizações Sociais é um dos maiores
trole e fiscalização”. Painéis de discussões: problemas. A transparência dos Contratos
“A Fiscalização das Organizações Sociais pelos bem como a Prestação de Contas, seguindo as
Órgãos de Controle Externo” e “A Fiscalização regras do Ministério Público de Contas per-
das Organizações Sociais pelo Ministério Públi- mitem à sociedade conhecer as informações
co e Polícia Federal”. e saber onde de fato estão sendo aplicados os
É fundamental a participação da sociedade recursos públicos.
EXPEDIENTE
Política & Saúde é um periódico elaborado pelo Instituto Alta Complexidade Política & Saúde. Conteúdo informativo
e educativo sobre Alta Complexidade em saúde, políticas públicas e universo da pessoa com deficiência.
Presidente: Sandra Mota
Jornalista Responsável: Hulda Rode (DRT DF N°8610/2010)
E-mail: contato.altacomplexidade@gmail.com
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Telefone: +55 (61) 8301-1008
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organizações sociais na saúde
Fiscalização das Organizações Sociais pelos Órgãos de Controle Externo
Foto: MPDFT SECOM - 18.11.2016
Presidindo a primeira mesa
o Procurador Júlio Marcelo
(membro do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da
União) questionou a insistên-
cia do Governo do Distrito
Federal para que seja trans-
ferida grande parte da gestão
da saúde para Organizações
Sociais. Citando a experiên-
cia desastrosa no Distrito Fe-
deral quando da contratação
da Real Sociedade Espanhola
para fazer a gestão no Hospi-
tal Regional de Santa Maria-
HRSM.
“As Organizações Sociais
são ditas e vistas como uma
saída para a saúde, que o
problema da saúde é gestão,
como se fosse uma solução
mágica que traz resultados
muito melhores do que a
gestão direta, de administra- bem superior do que a gestão excelência, imaginar que sim-
ção estatal com médicos con- direta. plesmente entregar a saúde
tratados por concurso público. A experiência de gestão por pública para Organizações
Eu concordo que o problema Organização Social realizada Sociais possa transformar na
da saúde é gestão, mas não é pela Rede Sarah demonstra o saúde da Suíça, é ilusão, é en-
o Regime Jurídico Celetista ou quanto uma gestão rigorosa ganar as pessoas, enfatizou o
Estatutário que vai definir a é importante, com destaque Procurador.
qualidade da gestão”, comen- para: regime de dedicação O Procurador Júlio Marcelo
ta o Procurador do MP-TCU. exclusiva de seus médicos; argumentou sobre as diferen-
Dr. Júlio Marcelo defende regime de fiscalização que ças absurdas entre os recur-
que gestão é a participação envolvem objetivos, metas sos públicos destinados aos
do cotidiano da prestação de e cumprimento de horários. serviços de saúde com gestão
serviços na unidade de saúde, No Brasil existem poucos hos- pública e a gestão por Orga-
“
acompanhando e fazendo pitais públicos e privados de nização Social.
controle sobre: a frequên-
cia de todos os profissionais Destaque ainda para que o custo social, o
de saúde; dos materiais, não custo de oportunidade de adotar um mod-
somente na compra, mas a elo desse depois ter que desfazer. Quantas
disponibilidade para uso no pessoas ficam mal atendidas pelo caminho,
momento adequado; e a ava- além de todo prejuízo financeiro que foi des-
liação de soluções para re- perdiçado, se foi pago R$ 136.000.000,00
alizar as melhores estratégias para gestão por Organizações Sociais e
no atendimento da sociedade. a Gestão Pública R$ 36.000.000,00 se
Outro aspecto destacado foi tivesse mantido os dois públicos e tivesse
quanto ao custo dos serviços aplicado R$ 72.000.000,00 em cada, não
prestados pelas Organizações teria tido um atendimento melhor para as
Sociais, em várias Unidades pessoas?
da Federação, ao contrário
do que é divulgado o custo é Júlio Marcelo - Procurador do MP-TCU
organizações sociais na saúde
Fiscalização das Organizações Sociais pelo Ministério Público
Foto: Sérgio Singer/ Ascom-TCE – 15.09.2016
• Existência de denúncias sobre irregularidades graves na gestão em outros Estados que não
são consideradas na avaliação do processo de qualificação; e
“O árido ambiente financeiro, especialmente agravado nos últimos exercícios, justifica a adoção de
medidas prudentes e preventivas que se traduzam em redutor da margem de expansão -em limite-
percentual fixado para as despesas com pessoal do ente da Federação -, sem que o equilíbrio finan-
ceiro possa ficar comprometido com a expansão de tais despesas em patamares superiores à capaci-
dade efetiva do Poder Público para honrar suas obrigações financeiras.”
Fonte: Acórdão nº 2444∕2016-TCU
organizações sociais na saúde
Foto: Tony Winston/ Agência Brasília - 05.06.2016
Custo das
Organizações Sociais Avaliação de Economicidade:
no Estado da Paraíba Demonstrativo
Hospital de Trauma (Campina Grande-PB)
Haviam 4 (quatro) Con-
Discriminação - Conta Outras Despesas Valor (R$)
tratos de Gestão em anda-
mento, para executar ativi- Encargos com água, energia e telefone (saúde) 2.629.151,70
dades em 7 (sete) unidades Produtividade Hospital Reg. Campina Grande 19.384.162,33
de Saúde, ao custo total de Remuneração Hospital Reg. Campina Grande 34.397.547,77
R$ 830.330.000,00. Após a
Material de Consumo 27.899.842,82
finalização da análise de to-
Serviços de Terceiros 11.021.321,55
dos os dados esses Contra-
tos foram julgados irregulares Diárias 28.590,00
quanto ao aspecto formal da Despesas Hospital Reg. Campina Grande 2015 95.360.616,16
escolha da Entidade. Fonte: SIAFI∕SES-PB
Extraído da Apresentação do (Dr. Nominando-Conselheiro do TCEPB)
organizações sociais na saúde
Análise
Alta Complexidade
O Conselheiro Dr. Nomi-
nando na sua extensa e
A transparência exigida pelo TCE-PB apresentou um nível
competente experiência
de detalhe que confirma a quarteirização dos serviços pelas
como médico - que per-
Organizações Sociais, bem como a identificação de quem de
mite conhecer o funcio-
fato utiliza os recursos públicos.
namento do sistema de
saúde e no TCE-PB reali-
Empresa Cruz Vermelha zando trabalhos no Con-
Despesa com Pessoal R$ 227.000.000,00 trole Externo, relatou que
Serviços de Terceiros R$ 238.346.938,77 em reunião com Renato
(QUARTEIRIZAÇÃO) Rainha (Presidente do
Penalidade Devolver R$ 1.800.000,00 por TCDF) tomou conheci-
despesas não comprovadas mento da elaboração de
uma Resolução genérica
Despesas identificadas após o detalhamento dos Serviços de para melhor publicidade
Terceiros ficou constado que: das informações.
a) Todas as empresas que prestam serviços para as Organiza- Dr. Nominando enfatizou
ções Sociais são de fora do Estado da Paraíba. que todos os Tribunais
b) Papa Tudo: de Contas devem tomar
- Empresa sediada em Saquarema-RJ; decisões que favoreçam
- Vendia alimentos para o Hospital da Paraíba. a transparência e assim
c) Vértice: descobririam em que es-
- Empresa do Distrito Federal; tão sendo aplicados os re-
- R$ 3.800.000,00; cursos públicos.
- Presta assistência de publicidade.
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Conheça a diferença entre a forma de transparência do
Governo do Distrito Federal e do Governo da Paraíba
quanto aos Contratos de Gestão em Saúde
distrito federal
Credor: ICIPE
Referência: Outubro/2016
Fonte: www.transparencia.df.gov.br
R$ 5.885.249,16
organizações sociais na saúde
paraíba
Credor: Maternidade Peregrino Filho (Patos)
Referência: Outubro e Novembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br
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paraíba
Credor: ABBC - STA RITA
Referência: Outubro e Novembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br
R$ 77.800,00
Detalhamento das Despesas
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paraíba
Credor: Todas as Unidades (Organizações Sociais)
Referência: Janeiro a Dezembro/2016
Fonte: www.transparencia.pb.gov.br
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Foto: Reprodução/ Internet
Outros problemas
Entre os problemas iden-
tificados nos hospitais com
Gestão por Organização Social
é quanto ao pessoal, as dis-
paridades de profissionais (in-
clusive médicos) em algumas
unidades hospitalares e a fal-
ta de profissionais em outras
unidades, o que demonstra a
falta de planejamento quando
da implantação das Organiza-
ções Sociais na Saúde.
Reforçando o que o
Dr. Nominando (TCE-PB) re- Na avaliação do Promotor as Organizações Sociais, da forma
latou, ao contrário do que se como estão implantadas em Goiás, além de violar a CF∕1988, e
imagina não há economici- isso não acontece e forma expressa pela lei que criou as “Orga-
dade na gestão por Organiza- nizações Sociais, mas sim por meio do Edital de Chamamento
ção Social na Saúde. O custo com objetivo de forçar o Controle Difuso evitando o Controle
é mais alto porque quando os Concentrado e a resolução mais rápida da questão”.
hospitais estaduais fecharam A atual estrutura administrativa da Promotoria demonstra o
as portas (a partir da gestão nível da dificuldade para fiscalizar a atuação das Organizações
por Organização Social), as Sociais na Saúde em Goiás: 1 assessor, 1 secretário, 1 esta-
unidades básicas de aten- giário e 1 profissional do direito.
dimento do município ficam A falta de auditoria própria; a falta de atuação do TCE-GO
lotadas e os hospitais que tem e uma Controladoria Geral do Estado-CGE que não tem suas
gestão por Organização So- requisições atendidas depois da promulgação de uma legisla-
cial também não socorrem o ção da Procuradoria Geral de Goiás (prevê uma fila para aten-
Sistema Único de Saúde-SUS, dimento), todos esses problemas fazem com que o TCE-GO
porque ele é único somente na não cumpra a sua finalidade. O Promotor ressalta que, muitos
teoria. Atualmente as Orga- trabalhos de Auditorias realizadas pela Procuradoria Geral do
“
nizações Sociais atendem me- Estado se transformam em Ações de Improbidade.
nos pacientes do que a gestão
pelo SUS (administração dire-
ta); e como consequência elas “No controle de constitucionalidade difuso
custam muito mais caro do – também chamado de “sistema aberto” –,
que a gestão SUS. todos os órgãos do Poder Judiciário rea-
No Estado de Goiás também lizam o controle. Este modelo foi criado pe-
tem problemas com a quar- los Estados Unidos. Já o controle concen-
teirização de funcionários das trado – conhecido também como “sistema
Organizações Sociais que não reservado” –, foi adotado inicialmente na
recebem salários, queda da Áustria. Ele permite que somente pou-
qualidade dos serviços; como cos órgãos do Judiciário tomem decisões
as Organizações Sociais “essas a respeito da constitucionalidade de atos,
Entidades comunistas sem fins sendo que quase sempre o controle é com-
lucrativos” não podem formar petência exclusiva de um só órgão, geral-
patrimônio próprio, a justiça mente o mais elevado do Judiciário, como a
não tem como buscar os re- Suprema Corte.”
cursos para quitar os salários (Modelo híbrido de controle de constitucio-
e quem vai responder por es- nalidade garante mais celeridade à Justiça
sas dívidas será o Estado, que brasileira, STF).
Fonte: STF. Disponível em: http://www.stf.jus.br/por-
pagará duas vezes, destaca o
tal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=115824
Promotor.
(Acesso 18∕01∕2017)
organizações sociais na saúde
Foto: Karim Alexandre/ Goiás Agora/Agecom - 22.06.2016
TC 028.900/2011-1 (TCU)
“Esta Representação visa a examinar, especifi-
camente, 17 (dezessete)contratos celebrados
pela Sesau com a Pró-Saúde Associação Be-
neficente de Assistência Social – Pró Saúde,
cujo objeto é a gerência e execução, pela con-
tra-tada, das atividades e serviços de saúde
nos Hospitais Regionais de Araguaçu, Araguaí-
na, Arapoema, Arraias, Dianópolis, Guaraí,
Secretaria de Saúde de Goiás Gurupi, Miracema, Paraíso, Pedro Afonso e
Porto Nacional, no Hospital Regional Materno-
No dia 24 de novembro de 2016 foi rea- Infantil Tia Dedé, no Hospital Geral de Palmas
lizada uma reunião em São Paulo, ocasião em Dr. Francisco Lopes, no Hospital de Pequeno
que o Secretário de Saúde de Goiás faria o Porte de Alvorada, no Hospital e Maternidade
Convite para que outras Organizações Sociais Dona Regina, no Hospital de Doenças Tro-
se qualifiquem no Estado de Goiás, tendo em picais e no Hospital Infantil de Palmas, sob a
vista a previsão de novos chamamentos ainda forma de contrato de gestão, no valor anual de
no primeiro semestre de 2017. R$ 258.484.789,00”.
Análise
[ Análise Alta Complexidade ] Alta Complexidade
A situação confirma o que já foi demonstra-
do na pesquisa da Dra. Francis, as Organiza- Desde 2011 existem demandas judi-
ções Sociais ampliam a prestação dos serviços ciais questionando a incompatibilidade
para outros Estados afastados de sua sede, entre as despesas pagas e os serviços
nesse caso o Secretário de Saúde de Goiás foi prestados pelas Organizações Sociais no
até São Paulo para convidar as Organizações Estado do Tocantins. Apesar disso até o
Sociais paulistas a se habilitarem para prestar hoje o Tocantins tem uma estrutura de
serviços ao Estado de Goiás. saúde decadente para cuidados de mé-
dia e alta complexidade para adultos e
Foto: ©Alta Complexidade Política & Saúde
pediátricos, onde são noticiadas situa-
ções críticas quanto a infecções perma-
nentes na UTI do Hospital Regional de
Palmas, bem como as condições desuma-
nas em que as crianças são "atendidas".
O investimento na saúde da população é
direcionado para as Organizações Sociais
deixando o Estado sem nenhuma unidade
de referência em atendimento especia-
lizado.
OSS’s com nome (protestos em cartórios, inscrições no Serasa, dívidas judiciais, dívidas trabalhistas etc.)
Médicos do “Programa Mais Médicos”, do Governo Federal, realocados e a serviço de OS que recebem dinheiro
público
Falta de criação das Comissões exigidas no contrato: Comissões Clínicas: Comissão de Prontuários Médicos,
Comissão de verificação de Óbitos, Comissão de Ética Médica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
Falhas graves nos contratos, em uma das unidades hospitalares (VG) encontramos a redução de metas de
saídas que resultaram em aumento dos valores médios unitário para pagamento das saídas hospitalares, os
serviços com menor custos tiveram suas metas aumentadas. Isso significa que com base nessa análise de cum-
primento de metas, no relatório apresentado pelo Conselho de Saúde do ano de 2013 a esta CPI, constatamos
que o Estado pagou mais por menos serviços, isso nunca foi observado pela Comissão de Fiscalização porque a
mesma nunca esteve presente para fiscalização in loco.
organizações sociais na saúde
O método de repasses financeiros às OSS’s possui uma Desconhecimento dos efetivos custos
característica de que os pagamentos foram efetuados base- administrativos e finalísticos dos contratos, di-
ados em relatórios enviados a CPCG, calculados em número ficultando o controle financeiro e da qualidade
de dias que o paciente passou internado no hospital, inde- dos serviços prestados
pendente se o paciente passou por cirurgia ou internação por
alguma doença crônica, baseou essa análise diante de que o
Falta de clareza, coerência e cientificidade do
custeio aos pacientes de urgência e emergência, foi calcula- sistema, tornando-se uma grande fonte de
do por VMUE (valor médio unitário), são os valores a serem desperdício do dinheiro público na má presta-
pagos por especialidade de serviços e respectivas metas, ção de serviços de qualidade aos usuários do
essa metodologia aplicada é em cumprimento do contrato SUS
de gestão na Descrição de Serviços, Estrutura e Volume de
Atividades contratadas (saídas hospitalares, atendimento
A equipe técnica constatou de fato as irregu-
ambulatorial, atendimento de urgências e emergências, laridades nos contratos com as OSS’s, total-
SADT Externo), elas são variáveis pela característica de cada mente fora da projeção real e financeira para
unidade hospitalar. Mato Grosso
Nas visitas in loco constatamos que as Unidades Hospitalares administradas pelas OSS’s nunca receberam a
visita da CPCG-Comissão Permanente de Contratos e Gestão, (FATO GRAVÍSSIMO), problema constatado e
apresentado oficialmente para o Secretário Estadual de Saúde, Controladoria Geral do Estado e Tribunal de
Contas, além desta Comissão Parlamentar de Inquérito, os relatórios eram analisados por amostragem, os
contratos nunca foram vistoriados e confrontados dentro das Unidades Hospitalares, o mesmo ocorria nos cum-
primentos de metas nos contratos de terceiros.
Excesso de liminares
na judicialização, com
o bloqueio da conta
única perdeu o con- Em 19/04/2011 despacho de homologação
Em 18/04/2011, pu-
trole do orçamento do chamamento público 001/2011 e dispensa
blicação do decreto
público, pois só no de licitação 035/2011, interessado IPAS - Va-
270/11- que qualifica a
ano de 2014 foram lor de R$ 31.386.000,00 (trinta e um milhões
R$100.000.000,00 OSS IPAS, assinado por
Silval da Cunha Bar- trezentos e oitenta e seis mil reais), nesta mesma
(cem milhões de reais) data memorando de Vander Fernandes solicitando
bosa, Eder de Moraes e
bloqueados para cum- Pedro Henry Neto empenho deste valor
prir a judicialização de
uma regulação defas-
ada que não suporta a Pois bem, havia uma nota de empenho no valor de R$ 28.000.000,00 (vinte e
demanda do cidadão. oito milhões de reais) - N°. PED 21601.0001.11.09278-8, e em 27/04/2011, foi
realizado estorno de empenho desta nota no valor de R$ 5.076.000,00 (cinco mil-
hões e setenta e seis mil reais), o destino do restante desta nota, ou seja, quase
Em 09/02/2011 o R$ 23.000.000,00 (vinte e três milhões de reais), não foram possíveis esclarecer,
Secretário Edson Pau- pois não recebemos da SES/MT os documentos e nem as informações oficiais
lino solicita reser- necessárias até a presente data
va orçamentária de
R$ 28.000.000,00
(vinte e oito milhões), Fonte: Ministério Público do Estado de Mato Grosso, 7ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cida-
dania de Cuiabá, conforme Inquérito Civil n.º 001/2011. Ação Civil Pública.
com pedido de empen-
Observação: Alguns trechos ou palavras foram destacados pela sua representatividade social e
ho em 10/02/2011 econômica.