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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais


Campus JUIZ DE FORA Departamento
de Educação e Tecnologia
Coordenação do Curso Técnico de Engenharia Mecatrônica

RELATÓRIO DE PRÁTICA PROFISSIONAL

GUIDO GOUVÊA CUNHA

Juiz de Fora, 07 de Abril de 2016.

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<RAZÃO SOCIAL DA EMPRESA>MOVIMEC AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

<NOME FANTASIA DA EMPRESA>

Ramo de atividade: ENGENHARIA

Supervisor: MARCOS SOARES Professor

orientador: JALON VIEIRA Coordenador

do curso: DENISON BALDO

Início do Estágio: 08/04/2015


Término do Estágio: 07/04/2016
Total de dias: 364 dias
Carga horária diária: 6 horas/dia
Carga horária semanal: 30 horas/semana
Carga horária total: 1440 horas

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Sumario:

1. A Empresa ................................................................................................................................................... 5
1.1. Introdução ............................................................................................................. ................................ 5
1.2. Área de Atuação..................................................................................................................................... 5
1.3. Local de Trabalho....................................................................................................... ........................... 6

2. Atividades Desenvolvidas ................................................................................................. ........................... 6


2.1. Introdução ............................................................................................................................................. 6
2.2. Atividades ............................................................................................................. ................................. 7
2.2.1 Montagem de mangueira: .......................................................................................... 7
2.2.2 Teste de pressão:...................................................................................................... . 8
2.2.3 Flushing:................................................................................................................. 10
2.2.4 Equipamentos, Monitoramentos e Certificados: ....................................................... 19
2.2.5 Planejamento e Gerenciamento de atividades:.......................................................... 26
2.3. Anexos:................................................................................................................. ............................... 29

3. Conclusões e Recomendações .................................................................................................................... 32

Folha de Aprovação e Conhecimento............................................................................................ ................ 33

Referências ................................................................................................................. ................................... 34

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1. A Empresa

A Movimec é um Distribuidor Autorizado Parker, que trabalha com cinco linhas de


produtos comercializados pela Parker Hannifin.

Fluid Connectors:

Mangueiras e conexões para sistemas hidráulicos

Automation:

Válvulas, sensores e controladores.

Hydraulics:

Cilindros, bombas etc.

Filtration:

Filtros de sucção, pressão e retorno hidráulicos, além de filtros reguladores e


lubrifica dores de ar.

Seals:

Vedações como anéis rim, gaxetas, fitas, retentores etc.

1.1. Introdução

A Movimec Automação é uma empresa que trabalha com manutenção industrial,


voltada á área de hidráulica e pneumática.

1.2. Área de Atuação

Offshore; Oil and Gas:

Trabalhando com as mais diversas empresas offshore, geralmente terceirizadas


da Petrobras como a DOF Brasil, Subsea 7, NOV (National Varco Oil),
Mcdemortt, SBM, Technip, dentre outras ligadas ao ramo petrolífero, quase
sempre realizando trabalhos de manutenção hidráulica como troca de filtros e
válvulas, reparos em bombas e cilindros, retirada e fabricação de tubulações e
mangueiras, flushing (limpeza de tubulações e mangueiras), Decapagem
(limpeza química de tubulações), testes de pressão e elaboração e execução de
projetos hidráulicos.

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Automação Industrial

Projetos também de manutenção hidráulica em sua maioria em empresas como:


Arcelor Mittal Tubarão (Serra-ES), Arcelor Mittal (Juiz de Fora - MG), VALE
(Serra-ES), Gerdau (Ouro Branco - MG), Samarco (ES), Votorantim (Juiz de
Fora - MG) além de várias PCHs (Pequenas centrais hidrelétricas), mantendo a
linha de trabalho realizada na área offshore.

1.3. Local de Trabalho

A matriz da empresa se localiza em Minas Gerais no município de Juiz de Fora, mais


precisamente no seguinte endereço:

Rua Bernardo Mascarenhas, nº 1334 - Galpão 11 Bairro: Fábrica - CEP: 36.080-001.

Onde conta com grande estrutura de equipamentos e maquinários.

OBS: A Movimec contava com uma filial em Serra (ES), tal filial encerrou suas
atividades recentemente.

2. Atividades Desenvolvidas

A linha de serviços da Movimec tem sido desenvolvida para atender clientes que
necessitam de assistência técnica especializada durante Manutenções Preditivas e
Corretivas, tais como:

Instalação de Equipamentos
Comissionamento de Equipamentos
Montagem de mangueiras e tubulações
Manutenção de Sistema Óleo-Hidráulico
Filtragem de Fluido Óleo-Hidráulico
Remoção de Água em Óleo
Limpeza de tubulação Óleo-Hidráulica

2.1. Introdução

Foi necessário um pequeno período de adaptação com os produtos e serviços


realizados na empresa, durante este período o foco do estagio foi o aprendizado e
absorção de conhecimento técnico, de modo tal que o contato direto com catálogos,
e produtos do estoque e oficina auxiliaram de forma muito positiva para construção
deste conhecimento técnico necessário para posterior compreensão e
gerenciamento de atividades mais complexas.

Sendo o cargo chefe da companhia a divisão de Fluid Connectors (mangueiras e


conexões para sistemas hidráulicos) o segundo passo do treinamento foi
acompanhar e gerenciar atividades deste setor, passando a estudar e compreender

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melhor os detalhes da execução dos serviços, as capacidades e limitações de um
dos funcionários da empresa, aprimorando o entendimento e planejamento de
"homens/horas" gastos nas atividades.

2.2. Atividades

2.2.1 Montagem de mangueira:

No setor de mangueiras sempre foi importante a orientação para o uso dos corretos
matérias, uma vez que o estoque contava com os mais variados tipos de mangueiras
e conexões, variando-se suas series, bitolas (calibre/ diâmetro interno), faixas de
pressão, presença ou não de cobertura de proteção, disponibilidade de estoque
e preço, era sempre feito um estudo de viabilidade de montagem, a fim de
garantir segurança e confiabilidade á mangueira montada, condições de instalação no
local
preterido, assim como impedir prejuízos com superdimensionamentos.

Figura 1: Processo de prensagem de mangueiras.

Muitas melhorias foram aplicadas no setor, uma delas foi a identificação individual de
mangueiras exigida por um dos clientes como pode ser visto na figura abaixo:

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Figura 1: Melhoria no processo de identificação de mangueiras

Mangueiras montadas, muitas vezes eram enviadas sem identificação o que


prejudicava por demais o tempo de montagem das mesmas.

2.2.2 Teste de pressão:

Além da identificação a fiscalização e o processo de qualidade também eram


empregados, além de inspeção visual durante e depois a prensagem da mangueira
eram também realizados testes de pressão nas mesma, onde esta era submetida á
1,5 vezes a pressão de trabalho indicada durante 30 minutos, constatado o não
vazamento ou movimentação dos terminais prensados a mangueira era considerada
aprovada, o aparelho usado na aquisição de tais dados era o service master plus da
Parker, capaz de incorporar várias interfaces de dados para conectividade e
armazenamento, com capacidades de até um bilhão de valores medidos juntamente
com sensores de vazão, temperatura e pressão que registram até 600 litros por
minuto, 100°C e 1000 bar, uma variedade de entradas e saídas permite a montagem
e monitoramento simultâneo de vários parâmetros.

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Figura 2: Service Master Plus e sensores de pressão e temperatura.

Além de gerar armazenamento de dados e criação de gráficos, esses equipamentos


auxiliam no monitoramento do sistema, podendo ser importantes na identificação de
anormalidades e perda de rendimento, fornecendo informações para manutenção e
segurança do sistema.

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Figura 3: Maquina e malão de segurança para realização de testes de pressão.

Figura 4: Service Master durante aquisição de dados do teste.

2.2.3 Flushing:

Além do teste hidrostático era também realizado o procedimento de flushing (limpeza


interna) em todas as mangueiras produzidas. O sistema de flushing consiste na
combinação perfeita entre vazão, pressão, temperatura e em função da viscosidade do
fluido, a fim de obter um bombeamento eficaz, através de circuito otimizado
fechado, que possa gerar turbulência ideal e velocidade de arraste necessária, para
remover contaminantes e partículas livres que deterioram os sistemas.
Este processo é normalmente aplicado em Sistemas Hidráulicos, lubrificação em
Usinas Siderúrgicas, Nucleares, Petroquímicas, Mineradoras, Cervejarias, Refinarias
e Plataformas de Petróleo, Hidrelétricas, Termoelétricas, Indústria Naval, Usina
de Álcool e Energia, Papel e Celulose entre outros, tanto no comissionamento
do sistema a fim de garantir a partida dos sistemas novos, conforme exigências

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do projeto, evitando desgastes prematuros e quebras de componentes nobres,
como

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servo válvulas, Válvulas Proporcionais, Válvulas de controles e direcionais, bombas,
mancais quanto em sua manutenção preventiva ou corretiva evitando paradas
de produção não programadas, dando maior eficiência e confiabilidade operacional
para planta ou proporcionar sobrevida a sistemas antigos, garantindo suas
características iniciais, melhorando suas performances através das limpezas
programadas.
Para tal é necessário um estudo de todo sistema, e uma pré-engenharia de flushing, a
fim de especificar e garantir que todos os parâmetros sejam alcançados realizando
uma total e completa limpeza interna do sistema, para isso se necessário o estudo dos
seguintes itens:

1) Sistema de bombeamento:

Para todo sistema de flushing é sempre necessário uma unidade de bombeamento


que normalmente consiste em um motor elétrico acoplado á uma bomba hidráulica, é
muito importante que se especifique corretamente estes itens para que não venham a
comprometer o desempenho do sistema, no caso dos motores elétricos, é
necessário o estudo do correto dimensionamento correlacionando a potencia desses
com a pressão máxima á ser atingida pelo sistema, visto que um aumento súbito de
pressão pode desarmar o sistema elétrico ou até mesmo causar a queima do motor.

Além deste é claro é necessário não só que se realize cálculos de vazão, mas
também que se escolha a bomba mais adequada para realização deste tipo de
serviço, onde geralmente são utilizadas bombas de palheta, pois esse tipo de bomba
tem como característica trabalho com alta vazão e baixas pressões, ideal para
sistemas de flushing.
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2) Vazão:

Uma vez que esta é capaz de influenciar diretamente o tipo de regime


de circulação do óleo dentro do sistema ele pode ser considerado o mais
relevante entre todos os parâmetros. Para se realizar uma limpeza completa do
sistema é necessário garantir que o fluxo interno gere um arraste
considerável neste, de tal forma á transportar todos contaminantes presentes
na superfície interna das tubulações até o fim da linha, onde estará instalado
um filtro responsável pela descontaminação do óleo de circulação do flushing,
para garantir esse arraste devemos sempre trabalhar com o regime
turbulento no interior das tubulações como exemplificado na imagem abaixo:

Figura 5: Comparação de regime laminar, com regime turbulento necessário para velocidade
e arraste na superfície interna das tubulações.

Como se pode observar na ilustração a velocidade máxima do escoamento,


, encontra-se no eixo central do escoamento, a velocidade média está
representada por . No caso do escoamento laminar é notável que junto às
paredes do tubo a velocidade é muito reduzida, tendendo para próximo
de zero, sendo esta a razão da deposição das impurezas, contribuindo
por
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consequência para a criação de uma película interna. Para garantir que seja
gerado o necessário arraste e consequente limpeza da tubulação é
necessário que se tenha vazão suficiente para gerar um regime turbulento,
geralmente são usadas bombas de palheta e motores compatíveis
ás pressões máximas do sistema.

3) Pressão:

A pressão de um sistema é sempre um critério que deve ser avaliado com


muito cuidado, e isso não é diferente no caso do flushing, por mais que essa
não influencie diretamente no tipo de regime de circulação do óleo (laminar ou
turbulento) este pode ser responsável pelo aumento da temperatura interna
do óleo, e deve ser também monitorada por questões de segurança. Durante a
filtragem deve-se sempre atentar á pressão máxima admitida pelo filtro para
que não haja o colapso da carcaça do mesmo, pois caso o elemento
esteja saturado de contaminantes, este continuará a aumentar seu diferencial
de pressão enquanto não ocorra a troca do mesmo, ou a válvula by-pass.
Para prevenir este tipo de colapso ou quebra do elemento são utilizadas em
filtros as válvulas by-pass, conforme os contaminantes se acumulam e a
pressão diferencial aumenta, a válvula by-pass abre-se, permitindo que o
fluxo passe pelo elemento, antes de seu colapso.
Assim como citado acima outra interferência da pressão nos sistemas de
flushing é o aumento da temperatura do óleo usado, o alto atrito entre
as moléculas gerados pela grande pressão de um sistema acarreta
no aquecimento do fluido e consequente queda de sua viscosidade,
fazendo com que se atinja com maior facilidade um regime turbulento
benéfico ao sistema.

4) Temperatura:

Este parâmetro é de alta relevância em todo sistema hidráulico, pois afeta


diretamente nas propriedades do óleo e no desempenho das funções do
mesmo, a faixa de temperatura de operação de um fluido hidráulico varia

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entre 15 e 65ºC. Se o fluido é submetido a temperaturas fora desta
faixa, recomenda-se usar um aquecedor ou resfriador no sistema. O ideal é
manter o fluido uma temperatura em torno de 40ºC.

Durante o processo de flushing recomenda se manter o fluido á uma


temperatura aproximada á 50°C, uma vez que temos a viscosidade
cinemática como propriedade intrínseca sendo uma principais uma das
variáveis no cálculo do .

Figura 6: Variação da viscosidade com a temperatura.

5) Viscosidade:

Entende se como viscosidade ou tenacidade de um líquido a resistência que


as moléculas desse líquido fazem contra um deslocamento. Essa resistência é
também chamada atrito interno, decisiva para a medição da viscosidade é a

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indicação da temperatura da medição, pois o resultado depende muito desta
temperatura. (Óleos frios fluem com tenacidade, óleos quentes se tornam
mais líquidos), a Viscosidade Cinemática que será abordada durante nosso
estudo é a relação entre viscosidade/densidade indicada em mm²/s
( antigamente, centistoke).

As categorias e viscosidades dos óleos estão normalizados pela norma ISO


3448 conforme tabela abaixo:

Tabela1: Viscosidade de óleos á temperaturas padrão.

Analisando-se a tabela, concluímos que os óleos mais indicados para


sistemas de flushing são o VG 15 e o VG 22, pois o objetivo é aumentar o
e para tal é mais vantajoso ter-se uma viscosidade o mais baixo possível.

Deve se atentar também para a diminuição excessiva da viscosidade, pois


algumas bombas e equipamentos hidráulicos possuem viscosidade mínima
de funcionamento algo em torno de 10 , o que reforça a ideia de se
trabalhar em uma temperatura de aproximadamente 50°C.

Figura 8: Monitoramento da temperatura durante processo de flushing.

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6) Velocidade:
Além de influenciar na vazão do sistema este parâmetro também
é encontrado na formula do numero de Reynolds sendo fator
preponderante para definição do regime de trabalho do fluido.

7) Reynolds:
A forma de se diferenciarem os dois comportamentos admissíveis de um
fluido; laminar ou turbulento é feita através de um parâmetro adimensional
que relaciona as forças de inércia e as de viscosidade conhecido como
número de Reynolds, parâmetro esse que será tratado oportunamente por
e define-se por:

Onde e designam, respectivamente, a velocidade linear e uma dimensão


características do escoamento, diâmetro do tubo enquanto o assinala a
viscosidade cinemática do fluido.

As bibliografias atuais admitem o seguinte parâmetros para caracterizar o tipo


de regime do fluido:

Laminar quando < 2300


Transitório quando 2300 < < 4000
Turbulento quando 4000 <

Em regime laminar as grandezas que caracterizam o escoamento


(velocidade, pressão e temperatura) podem ser consideradas praticamente
desprezíveis, pois em baixos de e qualquer perturbação que ocorra no
sistema é de imediato amortecida pela ação viscosa. Quando se encontra em
regime transitório, o escoamento tem um comportamento diferente,

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apresentando o início de algumas oscilações, tipicamente sinusoidais,
causadas pelo aumento progressivo do . Com o aumento da amplitude das
oscilações, estas passam a ser do tipo aleatório representando um regime de
turbulência desenvolvido.

Figura 9: Resposta á oscilação de regimes laminar, transitório e turbulento.

Para realização do cálculo de flushing em uma situação real de campo deve se


primeiro levar em consideração a temperatura á ser atingida e o diâmetro da
tubulação ou mangueira á ser flushiada, utilizando = 4000 conseguimos
determinar a velocidade necessária para um regime turbulento, a partir
daí
passamos a trabalhar com a seguinte formula:

Onde através da velocidade, , e da área de uma tubulação ou mangueira


(π.r²) , conseguimos determinar a vazão, , requerida para realização do
trabalho.

Através desse estudo podem se variar tanto a viscosidade do fluido á


ser utilizado, alterando o tipo de óleo ou elevando a temperatura do
sistema, como a vazão máxima atingida pelo equipamento de flushing.

Para facilitação de cálculos e rapidez nos resultados durante o estagio


foi criado um arquivo Excel que gerava a vazão necessária para

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regime turbulento em determinada área usando óleo de determinada
viscosidade.

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Figura 10: Planilha desenvolvida para Numero de Reynolds.

Uma vez encontrada a vazão máxima necessária para realização do flushing,


era possível identificar qual conjunto moto-bomba poderia atender a especificação
do projeto.

8) Conexões e mangueiras:

Uma vez que a realização do flushing exigia a montagem de um conjunto fechado


(closed loop), além da remoção de válvulas e demais componentes que poderiam
ser afetadas com a alta vazão de circulação, era sempre necessário um prévio
estudo de conexões e adaptações para definição dos matérias á serem usados
nesta montagem, com informações colhidas no cliente ou por diagramas hidráulicos as
peças necessárias eram separadas, compradas ou fabricadas no intuito de
garantir que houvesse circulação com alta vazão em todas as tubulações do sistema,
para tal era necessário um alto conhecimento técnico sobre conexões e
planejamento minucioso de montagem e de tipo de moto-bomba e filtros á serem
utilizados.

Segue abaixo imagem de conjunto montado durante realização de flushing e teste de


pressão de tubos e mangueiras.

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Figura 11: Montagem se sistema de flushing simples em oficina.

Após dominada teoria dos principais serviços realizados pela empresa iniciou-se a
fase de gerenciamento e planejamento de atividades de serviços externos, voltados
especificamente para o ramo offshore, onde existe uma grande exigência por parte
dos clientes não só na execução dos serviços como também por planejamento,
padronização, procedimentos e relatórios finais detalhados, o que é compreensível
uma vez que se tem conhecimento sobre o valor diário pago como aluguel para cada
um dos barcos, e o enorme prejuízo que um downtime ( tempo de parada ou
inatividade ) pode causar, o que aumentava consideravelmente a responsabilidade e
a cobrança por falha zero nesse aspecto.

2.2.4 Equipamentos, Monitoramentos e Certificados:

Para garantir a perfeita execução do serviço era também necessário um


planejamento de manutenção dos equipamentos internos além de estudo de
disponibilidade dos mesmos para o caso de período com grande frequência de
serviços externos.
Todos os sensores e dispositivos de medição eram periodicamente calibrados e
equipamentos mecânicos revisados antes e após execução de serviço.

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Figura 12: Sensores de pressão/temperatura e de vazão devidamente calibrados.

Além desses existia outro sensor fundamental para realização dos serviços, o
chamado I-count ou contador de partículas, que monitora em tempo real o numero de
partículas de determinado tamanho que estão presentes no sistema, uma vez que
partículas de diferentes tamanhos afetam o sistema de diferentes formas, a fim de
padronizar os critérios de pureza do fluido relacionando o mesmo á quantidade e ao
tamanho das de partículas presentes neste foram criadas as normas ISO 4406
(International Standards Organization) e NAS( National Aerospace Standard), A
norma 4406 analisa, para uma determinada quantidade de óleo presente no
circuito, normalmente em porções de 1 , a quantidade de partículas/impurezas
existentes no mesmo, dividindo-as em três categorias:

partículas superiores a 4 ;
partículas superiores a 6 ;
partículas superiores a 14 .

Com uma amostragem de óleo, faz-se a contagem do número de partículas. A cada


uma das três categorias, corresponde-se um valor da norma ISO, obtido através do
enquadramento do número de partículas adquiridas numa gama de
valores normalizada. Na tabela estão presentes as diversas gamas de números de
partículas normalizadas e os respectivos valores da norma ISO.

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Tabela2: Tabela normalizada ISO 4406.

De tal forma que é possível realizar a analise do fluido da seguinte maneira:

Figura 13: Norma ISO 4406.

Além disso existe também uma tabela para conversão de normas, uma vez
que muitos clientes exigiam um determinado critério de filtragem para o fim da limpeza
dos sistemas.

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Tabela 3: Comparação entre ISO 4406; NAS 1964 e SAE 1963.

A norma mais comumente utilizada era a ISO que permite um maior detalhamento
sobre a quantidade e o tamanho das impurezas, auxiliando dessa forma na
identificação da possível.
Tanto o I-count quanto o LCM (Lazer count measure) tem seu funcionamento
baseada em sistema interno de luz laser onde a luz focalizada da fonte é projetada
através de uma coluna de deslocação de óleo, (em que os contaminantes a
ser medido estão contidos), causando uma imagem do contaminante a ser
projetada para um diodo foto celular, (alterando a intensidade da luz a uma saída

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elétrica). A saída elétrica da célula foto diodo irá variar de acordo com o tamanho das
partículas

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contidas no coluna de óleo, quanto maior for a partícula, quanto maior for a alteração
no diodo foto elétrico de saída.

Figura 14: Principio de funcionamento dos leitores de partículas á lazer.

Dessa forma os contadores de partícula á laser são vistos no mercado atual como
uma solução de custo acessível para o gerenciamento de fluídos e o controle
da contaminação.

Figura 15: I-count IPD.

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Além do I count IPD que realiza o monitoramento em tempo real fornecendo o
resultado deste na norma de sua preferência ISO ou NAS, é muito encontrado no
mercado também o LCM (laser counting measure) este tem como diferencial a
geração de um laudo que informa com precisão o numero de partículas encontrados
assim como data e hora de realização do teste, este é capaz ainda de imprimir até
mesmo gráficos que podem servir de suporte para procedimentos de manutenção
preventiva.

Figura 16: LCM e laudos de monitoramento.

Além de equipamento de monitoramento a Movimec conta também com conjuntos


moto-bombas para circulação do fluido, além de filtros e manifolds que auxiliam na
conexão de linhas conforme pode ser observado em foto abaixo.

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Figura 17: Equipamentos Mvimec.

A junção destes equipamentos eletromecânicos , mecânicos e os de monitoramente


permitia a realização dos trabalho assim como aquisição precisa de dados e
posterior emissão de certificados com gráficos de vazão, pressão e tempo.

Figura 18: Exemplo de gráfico adquirido em tente de pressão.

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Figura 19: Exemplo de gráfico adquirido em flushing de sistema.

Com a aquisição destes dados era gerado um relatório que por sua vez era anexado
ao relatório final dos serviços contendo todos os detalhes, dificuldades e feitos
realizados pela equipe.

2.2.5 Planejamento e Gerenciamento de atividades:

Além de lidar com a constante pressão e cobrança dos exigentes clientes era
necessário um conhecimento do potencial da equipe, equipamentos e produtos para
realização do planejamento das atividades, a fim de facilitar a criação de propostas
técnicas sobre serviços enviadas ao cliente, planejar previamente o serviço, e
controlar o gastos de cada uma das unidade de serviço da empresa era usada uma
planilha B.U ( business unit ). Tal planilha continha abas separadas relacionadas á
cada um dos possíveis gastos de serviço tais como:

Mão de Obra direta:


Especificava-se o total de horas gastos de cada um dos colaboradores
envolvidos diretamente na atividade, execução e planejamento, permitia
visualização e comparação de gastos com horas extras e horas ordinárias.

Mão de obra indireta:


Gastos relacionados com colaboradores em comum para todos os projetos
como setor financeiro, fiscal, RH, compras e vendas.

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Materiais:
Materiais adquiridos para realização do trabalho, era muito importante atentar-
se aos prazos exigidos e tentar conciliar o melhor custo beneficio na aquisição
destes.

Equipamentos:
Por mais que pareçam sinônimos esta aba contabilizava valores relacionados á
equipamentos alugados ou produzidos dentro da empresa, onde um setor
"alugava" mão de obra dos colaboradores de outro setor.
Exemplo: Torneiros mecânicos do setor de usinagem, trabalham 3 horas para
produção de peça de serviço externo de Oil & Gas.

Custos Gerais:
Normalmente ligados á alimentação e lavanderia dos colaboradores do
projeto.

Logística:
Computava-se não só a gasolina gasta pelos colaboradores como pedágios
pagos e por vezes revisões ou reparos necessários aos veículos.
Observação: Mão de obra de motorista já era acrescentada á aba MOD (Mão
de obra direta).

Hospedagem:
Valores gastos em diárias e reservas de hotéis e pousadas durante a
realização dos serviços.

A soma de todas essas abas geravam o custo do serviço para empresa,


e fornecia importantes informações para criação das propostas técnicas
que continham o valor a ser cobrado para execução, confirmado o aceite do
valor pelo cliente era hora de preencher os demais campos da planilha:

Sinterização:
Continha todos os valores que seriam arrecadados com a realização do
projeto.

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Analítico:
Correlacionava gastos de todas as abas e impostos, com as entradas do
analítico, permitia uma visualização e comparativo de gastos sempre através de
gráficos de pizza e percentagens.

Resultado:
Gerava lucro líquido do projeto e margem de contribuição entre o gasto e o
arrecadado, projetos com mais de 25% de margem eram considerados
viáveis.

Além da criação de uma B.U para cada projeto, era necessário a confecção de uma
B.U mensal com o fechamento de gastos de cada uma das unidades de serviço da
empresa:

1) Oil & Gas


2) Industrial
3) Oficina
4) Vendas

A soma dessa B.Us representava todo o gasto da empresa incluindo detalhes como
conta de água, internet e gastos com alimentação interna, que eram normalmente
divididas entre as B.Us proporcionalmente ao numero de colaboradores que estas
continham, essa analise fornecia um fechamento mensal da empresa e permitia
projeções e tomada de ações com maior embasamento.

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2.3. Anexos:

A1: Identificação do tipo de roscas presentes em equipamentos e sistemas

A2: Troca de filtro saturado.

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A3: Especificação do cliente com relação á vazão necessária no processo de flushing.

A4: Foto de execução de serviço de flushing.

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A5: Foto enviada e anexada á relatório final de serviço de troca de sensores de vazão e temperatura.

A6: I-count fornecendo leitura do numero de partículas em tempo real sob norma ISO 4406.

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3. Conclusões e Recomendações

O estagio foi muito proveitoso no que diz respeito á amadurecimento profissional, por
mais que no inicio tenha sido difícil a absorção do conhecimento técnico necessário
para a desenvolvimento das atividades, o curso de engenharia sem duvidas me deu
um potencial de facilidade de aprendizado muito grande que veio a se tornar um
diferencial no aprendizado e desenvolvimento das atividades posteriormente, onde
tive a oportunidade de aprender várias coisas novas como especificação de roscas
faixas de pressão de mangueiras, tipos de matérias recomendáveis para cada
operação, funcionamento de motores e bombas, processo de confecção de linhas
hidráulicas, componentes do sistema hidráulico e funcionamento dos mesmos, me
aprofundar na área de filtragem e nos processos de flushing um tanto quanto
complexos como citados acima, e poder utilizar parte de meus conhecimentos
adquiridos durante a graduação no que diz respeito principalmente ás matérias de
hidráulica e mecânica dos fluidos, no que diz respeito á numero de Reynolds,
arraste, velocidade do fluido e conhecimento técnico sobre componentes hidráulicos,
hoje me sinto muito mais preparado para o mercado de trabalho com uma bagagem
necessária para encarar os desafio de um engenheiro em grandes indústrias.

Foi muito interessante também o contato e constante aprendizado com os técnicos


mais experientes sempre dispostos á auxiliar na execução de serviços e na
transmissão de conhecimentos, fundamentais para que eu atingisse esse grau de
maturidade dentro da empresa.

Penso que seria mais interesse se durante a graduação fosse-nos dado mais
oportunidades praticas, uma vez que ficamos muito voltados ao lado acadêmico, e
apenas nos últimos períodos nos preocupamos com a realização do estagio, uma
atividade pratica durante o meio da graduação teria sido muito válida não só para
melhor absorção das posteriores matérias teóricas mas como incentivo e real
conhecimento do que é estar na área e qual a real atuação do engenheiro
mecatrônica no mercado de trabalho, estudamos 5 anos para apenas no final desse
período descobrir qual a real atuação e as atividades que um engenheiro de fato
desempenha dentro do mercado de trabalho.

No mais sou muito grato á Movimec pela oportunidade, por todo aprendizado e
experiência adquirida, como de costume em toda profissão, nem tudo foram flores, o
desespero inicial ao lidar com tantas novas informações, os apertados deadlines e
serviços de emergência sem duvida tiraram o meu sono por algumas noites, porém
sempre me recordarei com carinho os bons momentos e bons amigos que lá deixei.

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Folha de Aprovação e Conhecimento

Relatório de Prática Profissional apresentado pelo discente Guido Gouvêa Cunha a


Coordenação do Curso de Engenharia Mecatrônica como parte do requisito para
conclusão do referido curso.

Marcos Soares Guido Gouvêa Cunha


Supervisor do Estágio Estagiário
07/04/2016 07/04/2016

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Referências

http://www.movimec.com.br/oil-gas/

http://www.movimec.com.br/oil-gas/apresentacao.pdf

PARKER, Apresentação M2001-2 BR

PARKER, Manual de Filtragem Hidráulica

PARKER, Fluid Condition Monitoring and Fuel Hydrocarbon Monitoring Solutions

MEDEIROS, Concepção e desenvolvimento de um sistema de limpeza de circuitos


hidráulicos

Observação final: o relatório deve ser rubricado em todas as páginas


pelo supervisor da Concedente.

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