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Imunologia 2º semestre

Reações de hipersensibilidade
Resposta inflamatória: Resposta imune que imobiliza moléculas para eliminação de um antígeno sem
danificar extensivamente o tecido (regeneração tecidual).

A resposta pode ser:

 Relacionadas ao tempo: Imediatas (até 30 min)/Tardia (horas ou dias);


 Relacionadas a localização: Local ou sistêmica.

Reações de hipersensibilidade: Quando a resposta inflamatória provoca dano tecidual significativo,


doença grave ou até morte, essa é chamada de Hipersensibilidade.
 Quando a reação inflamatória persiste, excedendo seu limite na eliminação do antígeno;
 Nem sempre essa resposta inflamatória é aumentada, mas sim, inapropriada!!
 Causam inflamação local exacerbada ou sistêmica;

Tipos de doenças de hipersensibilidade


1)Respostas a antígenos estranhos desreguladas ou descontroladas- gera lesão tecidual.
2)Respostas direcionadas contra antígenos próprios (auto-imunidade) – gera doenças auto-imunes.

Classificação das Reações de hipersensibilidade


Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV
- Tipo de reação: - Tipo de reação: - Tipo de reação: - Tipo de reação: celular
imediata e anafilática; Citotóxica. imunecomplexos (Ag- ou tardia.
Ac).
- Mediada pelas IgE, - Mediada pela IgG e - Mediada por linfócitos
ativando mastócitos e IgM, fagócitos e - Mediada por IgG e T (Th1, Th2 ou Tc)- 24 a
basófilos, 2 a 30 min. complemento, IgM, complexos imunes 72 horas.
5 a 8 horas. e fagócitos (Antígenos
- Mecanismo solúveis), 2 a 8 horas. - Mecanismo
imunológico: IgE – - Mecanismo imunológico: Células T e
basófilos e/ou imunológico: IgM e IgG - Mecanismo fagócitos.
mastócitos. –Antígenos na imunológico: IgM e IgG
membrana de células. -Antígenos solúveis.

As 3 primeiras são do ramo humoral e mediadas por células e a última é apenas do ramo celular.

Hipersensibilidade do tipo I (Reação alérgica)


- Resposta imunológica excessiva e inapropriada do organismo a uma substância inócua (alérgeno).
O que é um alérgeno: antígenos não-parasitários (antígenos ambientais comuns) capazes de estimular
respostas exacerbadas de IgE.

- Tipos de alérgenos:
Contato na pele → veneno de plantas, pelo de animal, pólen, látex.
Injeção → Ferrão de abelha, e medicação.
Ingestão → medicação, nozes/castanhas e frutos do mar.
Inalação → pólen, pó, pelo de animal, mofo e bolor.

Sobre a IgE
- A maioria dos humanos só produz muita IgE contra parasitas;
- Alguns indivíduos apresentam predisposição hereditária ao aumento de IgE contra antígenos
ambientais comuns…chama-se ATOPIA!!

Resposta é IMEDIATA → se inicia em segundos


 Decorrente da atividade da histamina (vaso dilatadora; irrita a árvore brônquica – liberada pelo
mastócito) e prostaglandinas (importante ação vasodilatadora, permitindo extravasamento de
plasma e migração de células em tecidos inflamados, sendo liberada pelas células que
participam do processo inflamatório, assim: mastócitos, macrófagos e plaquetas. E ainda
causam inibição da agregação plaquetária, eritema, diminuição da resistência periférica);
 Essa hipersensibilidade afeta 20% da população;
 Participação de IgE, mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e LT;

Como é essa resposta?


 Ocorre a secreção de muco;
 Maior permeabilidade vascular;
 Edema;
 Contração da musculatura lisa/brococonstrição;
 Pruido e rash (exantema).

Resposta TARDIA→ se inicia de 8-24h após a exposição


 Decorrente da liberação de leucotrienos (é um mediador potente de hipersensibilidade
imediata, broncoconstrição, contração do músculo liso, aumento da permeabilidade vascular e
secreção da mucosa epitelial), quimiocinas, citocinas ( IL-4, IL-5, TNF) e enzimas pelos
mastócitos; envolvimento de neutrófilos, eosinófilos, basófilos e LTH2;
 ↑Produção de muco, remodelagem tecidual;
 Responsável pela cronicidade de doenças respiratórias alérgicas (asma).

ETAPAS

1º) Sensibilização ao antígeno (alérgeno)

1-Primeiro contato com o alérgeno;


2- Apresentação do alérgeno aos linfócitos T Helper (Th) virgens, via células apresentadoras de
antígenos (macrófagos e células dendríticas);
3-Ativação dos linfócitos Th virgens a linfócitos Th2 (produção de IL-4,IL-13,IL-9,IL-5);
4 - Ativação de linfócitos B, que passam a produzir IgE;
5 - Ligação da IgE produzida à superfície de mastócitos e basófilos (via receptores de alta especificidade
para a porção Fc);

2º) Reação alérgica

1-Segundo contato com o alérgeno;


2 - Ligação do alérgeno às moléculas de IgE presentes na superfície de mastócitos e basófilos
ocasionando...;
3-Degranulação de mastócitos e basófilos: liberação de mediadores químicos (histamina, leucotrienos e
prostaglandinas) → responsáveis pelos sintomas alérgicos.
4- Dependendo da extensão de liberação dos grânulos pode ser localizada ou sistêmica.

A reação pode envolver


 Pele (urticária e eczema);
 Olhos (conjuntivite);
 Nasofaringe (rinorréia, rinite);
 Tecidos broncopulmonares(asma);
 Trato gastrointestinal (gastroenterite).

Reação localizada
→ Limitada a um tecido ou órgão específico:
 Dermatite atópica;
 Urticária;
 Rinite;
 Alergia alimentar;
 Asma brônquica.

Reação sistêmica: anafilaxia


→ Degranulação sistêmica de mastócitos, que causam:
 Urticária;
 Angiodema (edema profundo);
 ↓ PA ?
Hipersensibilidade do tipo II

- É dita citotóxica porque envolve a destruição de células, embora mediada por anticorpos IgM e IgG;

- Os antígenos são normalmente endógenos, embora também possa ocorre por agentes químicos
exógenos (haptenos) que podem se ligar à membrana celular;

- Os Anticorpos ao se ligarem a antígenos de superfície de uma célula podem ativar o sistema


complemento - três coisas podem ocorrer:
 Criação de poros nas células - morte celular;
 Sinalização e ativação de células citotóxicas (LTCD8+);
 Anticorpo pode servir como opsonina → facilita fagocitose.

- A hipersensibilidade tipo II é primariamente mediada por anticorpos das classes IgM ou IgG e
complemento. Fagócitos e células K também participam.
Exemplos causados por agentes endógenos:

Anemia Hemolítica do Recém nascido (Eritroblastose Fetal) ou Reações de transfusões sanguíneas:


ocorre lise dos eritrócitos devido aos Anticorpos se ligarem aos Antígenos de superfície dos eritrócitos e
provocarem ativação do complemento (transfusão de sangue incompatível);

Glomerulonefrite: ocorre ativação local de neutrófilos e outros leucócitos, atraídos pelos intermediários
quimiotáticos do complemento;

Doença de Graves (hipertireoidismo): Anticorpos estimuladores que se fazem passar pelo TSH.

Exemplos causados por agentes exógenos: drogas.

Hipersensibilidade do tipo III


- Desencadada por imunocomplexos (associação do Antígeno - Anticorpo) dirigidos a antígeno solúveis
que se depositam em tecidos, causando danos geralmente sistêmicos.
- O antígeno pode ser exógeno (bacteriano crônico, viral ou infecções parasitárias), ou endógeno
(autoimunidade não órgão-específica: ex. lupus eritematoso sistêmico, LES). O antígeno é solúvel e não
ligado ao órgão envolvido.
- A reação tóxica é iniciada quando o Antígeno se liga ao Anticorpo, tanto na circulação ou em locais
extravasculares, onde o Antígeno pode ser depositado.

- Efeitos:
 Agregação plaquetária
 Ativação do Sistema complemento (SC) e produção de anafilatoxinas;
 Degranulação celular de neutrófilos através da ligação dos receptores de leucócitos a fração Fc
exposta (base do ‘y’ do anticorpo).

- Patologias associadas:
 Glomerulonefrite
 Endocardite infecciosa
 Doença do Soro
 Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
 Artrite reumatoide

Sequência de eventos na reação de Arthus

1) Deposição de imunocomplexos (Ag-Ac), que não foram fagocitados, nas paredes dos vasos (fase I -
formação de imunocomplexos);
2)Promovem ativação do sistema complemento -ativação de proteína C5a e C5b67 que são
quimiotáticas (atraem) para neutrófilos (Fase II - Ativação do SC e ligação do leucócito a porção Fc do
anticorpo→ Ativação celular).
3) Promovem aderência de plaquetas -trombo -hipóxia do tecido –necrose (Fase III - Processo
inflamatório e lesão celular);
4) Neutrófilos liberam enzimas hidrolíticas – agravam a vasculite e a necrose.
Hipersensibilidade do tipo IV
- Resposta imune mediada por células T efetoras específicas contra Antígenos exógenos inócuos
(linfócitos T helper ‘CD4+’ ou T citotóxicos ‘CD8+’);
- Os mecanismos de dano na hipersensibilidade tardia incluem linfócitos T e monócitos e/ou
macrófagos. Células T citotóxicas causam danos diretos enquanto que células auxiliares T (TH1)
secretam citocinas que ativam células T citotóxicas e recrutam e ativam monócitos e macrófagos, que
causam a maioria das lesões (figura 4). As lesões da hipersensibilidade tardia contém principalmente
monócitos e algumas células T.
-A resposta celular induz lesões nos locais onde o Antígeno penetra.

- Os linfócitos T (LTH1) causam lesão tecidual por:


 Desencadearem reações de hipersensibilidade do tipo tardio (DTH) ou
 Por destruírem diretamente as células alvo.

 É encontrada em muitas reações a bactérias, fungos e vírus, na dermatite de contato resultante


da sensibilização a determinadas substâncias químicas simples e na rejeição de tecidos
transplantados;

 DTH –causada pela ação de produtos de macrófagos ativados (citocinas, fatores de crescimento
fibrosantes) –Diabetes melito insulino-dependente, esclerose múltipla, artrite reumatoide;

 Hipersensibilidade Tipo IV causada por LT Citolíticos –Reação exagerada a vírus, com destruição
intensa de células infectadas. Ex: Hepatite virais, miocardites específicas.

Mecanismos de desenvolvimento de Hipersensibilidade Tipo IV

A) Hipersensibilidade do tipo tardio

Inflamação mediada por citocinas: Nas reações inflamatórias mediadas por citocinas, as células T CD4+
(e, às vezes, as células CD8+) respondem aos antígenos dos tecidos secretando citocinas que estimulam
a inflamação e ativam os fagócitos, produzindo lesão tecidual.
B) Citólise mediada por linfócitos T

Citotoxidade mediada por célula T: em algumas doenças, as CTLs CD8+ destroem diretamente as células
dos tecidos.

Reação Antígeno
Hipersensibilidade do tipo tardia (DTH) Injetado na pele: Proteína (veneno de inseto,
tuberculina).
Hipersensibilidade de contato (absorvido pela Haptenos (dermatite de contato).
pele)
Enteropatia sensível ao glúten (doença celíaca) Absorvido pelo intestino (gliadina).

1ª Exposição:
- Contato inicial com o antígeno;
- Apresentação para LT CD4 e diferenciação para Th1;
- Células Th 1 de memória;
- Fase que dura aproximadamente 10 dias.

2ª Exposição:
- Fagocitose do antígeno;
- Apresentação;
- Ativação de LT;
- Acúmulo de linfócitos ao redor de pequenas veias: infiltrado perivascular;
- Aumento da permeabilidade microvascular;
- Depósito de fibrina no interstício;
- Migração de macrófagos e produção de células epitelióides
- GRANULOMA: Fase que dura aproximadamente vários dias.

https://www.microbiologybook.org/Portuguese/immuno-port-chapter17.htm
http://www.profbio.com.br/aulas/ac3_10.pdf
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/farmacia/alergias-reacoes-alergicas-ou-de-
hipersensibilidade/6973

Soros e Vacinas
Imunização
DEFINIÇÃO: é a prevenção de uma doença e lesões causadas por um microrganismo através da indução
dos mecanismos de imunidade.
1. Imunização ativa
2. Imunização passiva

TIPOS
- Passiva:
 Natural: transplacentária e aleitamento;
 Artificial: soro rico em Imunoglobulinas (Ig).

- Ativa:
 Natural: infecções;
 Artificial: vacinas

Imunização ativa → vacinas


Consiste na administração de um microrganismo vivo (atenuado ou morto), proteínas, DNA ou toxinas
modificadas que induzem uma resposta imune específica e de duração mais prolongada que a
imunização passiva, mas que pode ter menor duração que a imunidade adquirida através da doença.

Comparação entre vacinas vivas X inativadas

Desvantagens das vacinas

1. A vacina viva pode reverter para formas virulentas que causam a doença (muito raro!!).
2. Podem ocorrer efeitos colaterais após a aplicação: reações de hipersensibilidade ao antígeno, aos
conservantes e materiais utilizados na cultura dos microrganismos.
3. Os custos altos de pesquisa e desenvolvimento inibem a obtenção de novas vacinas.

Programas de vacinação
 Conferem proteção individual e coletiva contra uma determinada doença;
 Pode poupar milhões de dólares em custos na área da saúde;
 Permite a erradicação de doenças que causam morte e incapacidades permanentes;
 Baseiam-se em Calendários de Vacinação.

Imunização passiva → soro


Quando ocorre a transferência de anticorpos ou células efetoras prontas para agir contra um
determinado microrganismo.

Principais indicações:
 Prevenir a doença depois de uma exposição conhecida. Ex. ferimento causado por uma agulha
contaminada com o HBV;
 Melhorar os sintomas de uma doença em evolução;
 Proteger indivíduos imunodeficientes;
 Bloquear a ação de toxinas.

Principais métodos:
 Soros heterólogos: obtidos de animais, geralmente cavalos.
 Gama-globulinas humanas: obtidas de um pool de plasma e contém anticorpos contra um
determinado agente: hepatite B, raiva, tétano, sarampo, rubéola.

Tipos de vacinação
Vacina Combinada: Dois agentes ou mais são administrados na mesma preparação (DPT, dT e anti-
pólio);

Vacina Associada: Misturam-se as vacinas no momento da aplicação (Tetravalente);

Vacinação Simultânea:Duas ou mais vacinas são administradas em diferentes vias, num mesmo
atendimento.

ATENÇÃO!
As aplicações simultâneas de vacinas não aumentam a frequência e a gravidade dos eventos
adversos e não reduzem o poder imunogênico.

A resposta imune depende de dois fatores:


1. Inerentes ao próprio organismo;
2. Inerentes às vacinas.

1. Fatores inerentes ao próprio organismo


- Idade;
- Doença de base ou intercorrente;
- Tratamento imunossupressor.

2. Fatores inerentes à vacina


- Suspensão de bactérias vivas atenuadas (BCG);
- Suspensão de bactérias mortas avirulentas;
- Toxinas obtidas em culturas de bactérias, submetidas a modificações químicas ou pelo calor (toxóide
tetânico e diftérico);
- Vírus vivos atenuados (contra poliomielite, sarampo e febre amarela).

Vacinas padronizadas pelo ministério da saúde

Vacina Tríplice viral Contra Hepatite Poliomielite BCG


tetravalente B
Tipo de Tríplice Vírus inativado Recombinação de Vírus atenuado Bacillus
vacina Bacteriana (contra caxumba, DNA, Partículas dos três tipos de Calmette-
(DTP), que rubéola e de plasma viral. poliovírus(doença Guérin ou
previne a sarampo). infecto- vacina contra a
difteria, tétano contagiosaaguda, tuberculose é
e coqueluche + causada por um uma vacina
Hib (meningite vírus que vive no obtida através
e outras intestino –causa a da bactéria
infecções paralisia infantil). Mycobacteriu
causadas pelo m bovis, em
Haemophilus estado
influenzae tipo atenuado.
b).

Tempo de 10 anos Praticamente Praticamente Toda a vida


proteção para toda a vida para toda a vida
Via de Intramuscular Subcutânea Intramuscular Oral Intradérmica
administraçã profunda
o
Dose 0.5 mL 0.5 mL 0,5 mL até 11 2 gotas 0.1 mL
anos e 1,0mL em
maiores; duplicar
a dose em
imunodeprimidos
.

Contra Criança com Gestantes, evento Anafilaxia à dose Apenas de De caráter


indicações doença adverso grave à anterior. caráter geral. geral; em
neurológica em dose anterior. crianças com
atividade ou menos de 2kg
que tenham
apresentado
convulsões,
encefalopatia,
episódio
hipotônico-
hiporresponsiv
o e anafilaxia.

Eventos pós Dor Leves: febre, Febre, cefaléia, Desenvolvimento Lesão local.
vacinais vermelhidão e linfoadenopatia, reações locais da poliomielite
enduração cefaléia, ardência, leves, mal estar e em cerca de 1 Eventos
local, febre mal eritema, raramente caso para cada adversos:
estar e hiperestesia, anafilaxia. 5.000.000 de Abcessos,
irritabilidade. enduração, doses aplicadas, úlceras muito
irritabilidade, sendo 10 vezes grandes,
conjuntivite, mais gânglios
manifestações freqüentesem flutuantes e
catarrais, imunodeprimidos fistulados.
exantema, .
parotidite,
artrites, urticária
Graves: choque
anafilático,
púrpura
trombocitopênica
, meningite e pan-
encefalite.

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