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imprensa@sieeesp.com.br
DIRETORIA
Presidente
Benjamin Ribeiro da Silva
Colégio Albert Einstein
4 Matéria de Capa
1º Vice-presidente
Os Rumos da Educação Brasileira:
José Augusto de Mattos Lourenço
Colégio São João Gualberto
Ensino Médio
2º Vice-presidente
Waldman Biolcati
Curso Cidade de Araçatuba
1º Tesoureiro
José Antonio Figueiredo Antiório
Colégio Padre Anchieta
14 Motivação
34 Crise e Gestão
2º Tesoureiro
Antonio Batista Grosso Missão New Horizons – Crise educadora
Colégio Átomo
Que nos sirva de
1º Secretário
exemplo
Itamar Heráclio Góes Silva
Educ Empreendimentos Educacionais
36 Regionais - Interior
2º Secretário
Sieeesp promove
Antonio Francisco dos Santos
Colégio Novo Acadêmico
18 Brincar
Jornada de Palestras
Diretores de regionais Brincar de corpo pelo interior de SP
ABCDMR
Oswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008
inteiro é substituir a
televisão, o videogame
Araçatuba
Waldman Biolcati - (18) 3623-1168 e o computador 40 Vício
Bauru Carta de uma mãe
Gerson Trevizani - (14) 3227-8503
sobre o alcoolismo
Campinas
Antonio F. dos Santos - (19) 3236-6333 20 Informática
O espaço, o lugar e a
42
Guarulhos
Wilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842 Tecnologia
Marília
geometria aplicada
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437 Caminhos da adoção
tecnológica
24
Ribeirão Preto
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217 Comportamento
Osasco
O poder da mídia na
44
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327
Música
Presidente Prudente formação de crianças
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510
e jovens Educação musical –
Santos
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349 Utopia ou realidade?
26
São José dos Campos
Maria Helena Baeza - (12) 3931-0086 Idiomas
São José do Rio Preto
Cenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545 Por que o brasileiro 48 Digital
Sorocaba não fala inglês Percepções docentes
Edgar Delbem - (15) 3231-8459
sobre o paraíso digital
no cotidiano das
30
AGOSTO DE 2015
Editor
Educação Digital crianças na Educação
Adhemar Oricchio - MTB 8.171
Repórteres Escola e sociedade Infantil
Gisele Carmona
Ygor Jegorow digital: um diálogo
Assessoria de Imprensa e
Produção Editorial
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
possível?
52
Editor gráfico: Balduino Ferreira Leite Obrigações
32
Site: Gisele Carmona
Redes Sociais: Ygor Jegorow Motricidade
Impressão: Companygraf
Colaboradores Desenvolvimento
54
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
• Clemente de Sousa Lemes
humano
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
• José Maria Tomazela • José Rodrigues
• Ulisses de Souza
Cursos
www.sieeesp.org.br
Av. das Carinás, 525 - São Paulo - SP
CEP 04086-011 - (11) 5583-5500
Benjamin
Os planos municipais
Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp
benjamin@einstein24h.com.br
de Educação
Como é possível
E ncerrado o prazo fixado
pelo Plano Nacional de
Educação (PNE) para a conclusão
os prazos, porém os gestores
de Estados e Municípios onde
for notada a falta de esforço
estabelecer o
Pátria Educadora
dos planos locais de educação, para avançar no processo
apenas quatro estados e 2.295, podem ser acusados de ceifando as verbas
ou seja, 41% dos 5.570 municípios
brasileiros já sancionaram os
improbidade administrativa.
Alguns municípios limitam-se
necessárias para
documentos que estabelecem a reproduzir o texto do plano o segmento? É
metas e estratégias para o nacional, sem conseguir avançar
segmento educacional nos no debate de assuntos locais e uma das sérias
próximos dez anos. Para
gestores e especialistas,
acabam não ouvindo as pessoas
e a participação popular é
contradições do
dificuldades técnicas e de essencial para levantar questões governo
planejamento, além do tempo relativas ao ensino.
curto, foram os obstáculos para Muitas vezes as discussões
a conclusão dos planos. são levadas para o plano
Não podemos esquecer que ideológico e quem poderia dar
em seu discurso de posse, a subsídios para a melhoria do
presidente Dilma Rousseff criou ensino fica alijado do processo.
o slogan “Pátria Educadora” É o caso do sistema particular e exemplos que poderiam
como tema para seu segundo de ensino, que dificilmente é gerar bons frutos aos planos
mandato, afirmando que a ouvido nessas discussões. É educacionais brasileiros.
educação seria a prioridade permitida até a participação As autoridades do país
das prioridades. Reafirmou o de representantes das escolas deveriam ter maior apreço
compromisso de buscar, em particulares nos encontros, mas pelas coisas da Educação, o
todas as ações do governo, um suas ideias nunca são levadas que não acontece, pois o PNE
sentido formador, uma prática em conta para a elaboração estabelece 20 metas a serem
cidadã, um compromisso de ética dos planos de educação. E cumpridas até 2024, que
e um sentimento republicano. nós, como representantes do incluem, entre outras coisas, a
Mas, passados poucos meses, a ensino privado, temos muito valorização dos professores e
realidade é outra, pois os cortes a oferecer. Por exemplo, o o aumento dos investimentos
feitos no orçamento da União Sindicato que dirijo, o Sieeesp, na área educacional, ao
mostram a falta de prioridade da acaba de promover uma viagem contrário, as verbas foram
educação. O corte na pasta foi de de estudos para Cingapura cortadas e nem a Lei de
R$ 9,42 bilhões, o terceiro maior e Coreia do Sul, países que Responsabilidade Educacional,
do governo. Como é possível lideram o ranking da OCDE que deverá assegurar o padrão
estabelecer o Pátria Educadora (Organização para a Cooperação de qualidade da educação
ceifando as verbas necessárias e Desenvolvimento Econômico) básica, foi aprovada. Como se
para o segmento? É uma das como exemplo no sistema de vê, estamos longe de alcançar
sérias contradições do governo. ensino. Foram 55 educadores uma Pátria Educadora. O
O PNE, sancionado em que puderam conhecer e avalizar caos político e moral acaba
2014, não prevê punições a o trabalho por lá. Aliás, esta interferindo no projeto de
governadores, prefeitos e foi a 18ª viagem de estudos educação, tão importante para o
secretários que não cumprem ao exterior, uma iniciativa desenvolvimento do Brasil.
Mauro Aguiar
Gisele Carmona
Mauro alerta que isso não é uma situa- se completar o ensino médio, para os cur-
ção exclusiva desse governo, ou dos gover- sos noturnos nas universidades privadas.
nos dos últimos 20 anos. É algo que vem de “Essa é imensa crueldade. Você per-
muito antes do que isso. A um acordo que cebe que se inverteu completamente a
perdura há muito tempo e, segundo ele, pirâmide social. O aluno do Bandeirantes,
funciona com o “você finge que me paga e do Santa Cruz, da Mobile, de escolas que
eu finjo que trabalho”. Segundo o estatuto cobram R$ 3.000 por mês de mensalidade,
do professor do Estado de São Paulo, as em média, que vai ocupar as vagas nas me-
possibilidades de faltar sem se justificar lhores universidades e institutos públicos”.
são enormes. O que deveria ser analisado e Por esse motivo, o diretor não vê nas
resolvido, não tem preocupações por parte cotas universitárias a solução para esse
de ninguém. “Os formadores de opinião problema. “Quem acaba entrando por
não estão em escolas públicas. Logo, isso essas bonificações, que segundo eles são
não se torna uma questão a ser debatida de escolas públicas, na verdade são os
na mídia”. alunos das Etecs ou do Instituto Federal
Com as poucas aulas oferecidas, esse de Educação (IFSP), que já passaram por
aluno não tem a menor competitividade vestibulinhos, ou das escolas militares, É importante também que não se
para entrar em um vestibular concor- que também são públicas, mas são ex- esqueçam da base, que é extremamente
rido como o da Universidade de São Paulo tremamente exigentes com o aluno que importante nesse processo. Pesquisas já
(USP), da Universidade de Campinas (Uni- estuda lá. Para você ter uma ideia, entrar provaram que a escola representa 30% no
camp) ou da Universidade Estadual Paulista em uma escola preparatória de cadetes processo de educação de uma pessoa, mas
(Unesp). Ele acaba sendo empurrado, isso de Campinas, por exemplo, é mais difícil os demais 70% representam a família, o
do que você entrar em muitos cursos de ambiente social, o famoso dialogo na hora
carreira da USP”. das refeições. “O ambiente que a criança
O especialista em educação explica está vivendo, as oportunidades que ela vai
que, para entrar no Colégio Naval de tendo, tudo isso cria uma situação para
Angra dos Reis, as provas de geometria cima ou para baixo. A escola pública, prin-
e matemática são tão complexas que ne- cipalmente com as pessoas menos favore-
nhum fundamental do Brasil dá esse nível cidas, tem um papel muito mais importante
de conhecimento. Ou seja, esse é um aluno do que uma escola particular, já que ela tem
que, para entrar, precisa fazer cursinhos es- que compensar muita coisa que não foi
pecializados – o pai paga a escola particular dada, daí a questão da educação infantil,
e mais o cursinho. que no mundo ocidental já se perdeu. Você
“E aí esse aluno entra nas universi- pega um país como o EUA, capitalista e
dades públicas como aluno de cotas e ten- com sua economia bem estruturada, que
tam me convencer que este também é um recebe um milhão de imigrantes legais por
aluno da escola pública. Na verdade, é tudo ano, sem problemas demográficos, mas
uma grande cortina de fumaça para que com sérios problemas nas escolas públicas,
não se vá ao verdadeiro ponto. O Ensino com populações extremamente desfavo-
Médio público no Brasil está fracassado, recidas, que precisam ter um apoio. Eles
ele não cumpre seus objetivos sociais e não já perceberam que a educação infantil é a
tem um currículo adequado. Ele precisa ter chave da questão. Quando você não tem o
um currículo mínimo de física, matemática, apoio em casa, com pai e mãe trabalhando,
química, português e inglês. Não que as vindo de origem muito humilde, você pre-
demais matérias não sejam importantes, cisa trabalhar muito a educação infantil”.
mas elas não podem impedir o aluno de Para ele, no Brasil isso também deveria
ter um amplo conhecimento nessas que ser muito claro. É preciso uma educação
eu citei. Matemática, português e uma infantil equilibrada, onde a criança aprenda
língua estrangeira são essenciais para a de forma lúdica.
formação de um aluno, senão ele não tem “A área da educação se desenvolveu
competitividade”. mais após a revolução francesa, ou seja,
estamos falando de século XVIII e XIX. É “Provavelmente, ou esses alunos perou completamente e a FAAP (Fundação
muito recente na história da humanidade entram e saem, porque eles não vão en- Armando Álvares Penteado), que é muito
você querer educar a população e não tender nada, tudo aquilo vai virar grego bem organizada e com uma tecnologia
apenas os filhos dos nobres. Esse tipo de para eles, ou a universidade vai ter que de ponta. Por outro lado, esse aluno será
processo acontece muito bem em popu- virar uma espécie de ensino médio e extremamente exigido.
lações homogêneas. Todos os países com tentar ensinar àqueles alunos o básico, “Hoje, para quem quer fazer direito, eu
população heterogênea apresentam essas dispensando assim a qualidade. Esse não aconselho o curso da FGV. Em minha opi-
dificuldades. Esse não é um mérito do Bra- é o papel da universidade”. nião, é a melhor faculdade nessa área. Muito
sil. Você vai para a Inglaterra, na região das Para ele, uma Universidade que superior ao da USP. Ela é extremamente
grandes cidades britânicas eles possuem quer estar entre as maiores do mundo, moderna, e isso é muito importante em
sérios problemas nas escolas. Na França, como é a pretensão da Universidade cursos universitários hoje em dia. Aqui no
que é o berço da educação pública, encon- de São Paulo, não pode ter esse papel Bandeirantes, por exemplo, separamos os
tramos problemas nas grandes cidades. de refazer o ensino médio dos alunos. alunos do ensino médio por desempenho
Há muitos imigrantes e todos eles estão Esse papel é do ensino médio público. acadêmico, baseados em uma régua, a
estudando em escolas públicas”. “É tudo uma grande falácia, um grande régua da FUVEST. Aquele grupo de alunos
Voltando ao nosso país, e aos estu- vício de raciocínio, um jogo de engana, que determina que quer fazer direito na
dantes que tentam se formar em uma car- para dizer que estão alavancando alguma Getulio Vargas, no terceiro ano incluímos
reira na USP, Mauro menciona que a FEA coisa. Baixando o nível do conhecimento em seus currículos diversos cursos extras
(Faculdade de Economia, Administração dessa forma, ninguém vai contratar esse para ajudá-los nisso. Por exemplo, um curso
e Contabilidade da Universidade de São formando no futuro, então, não haverá a de artes. Aí as pessoas perguntam, o que
Paulo) fornece umas das aulas mais avan- ascensão social que ele está esperando, isso tem a ver com direito? A FGV definiu,
çadas de São Paulo, com base totalmente que é justamente o que está acontecendo assim como as universidades americanas
em modelos matemáticos. Ou seja, se você ultimamente”. já vem fazendo, que tipo de aluno eles
não tem uma noção mínima das fórmulas O diretor alerta que o aparecimento querem lá dentro. O padrão é um aluno com
usadas, não consegue seguir adiante. de escolas privadas de elite no ensino su- a cabeça aberta, que tenha uma visão de
Portanto, do que adianta o governador perior, que antigamente não existia, é um mundo que vá além do conteúdo. Por isso,
assinar um decreto dizendo que 50% das fenômeno natural. Temos, atualmente, eles dão uma prova de conhecimento geral
vagas são para as pessoas da periferia, além da PUC (Pontifícia Universidade do ensino médio, depois há uma prova de
passando ou não no vestibular, tendo ou Católica de São Paulo) e da FGV (Fundação artes e, por fim, a seleção final, que é uma
não condições? Getulio Vargas), o Mackenzie, que se recu- dinâmica de grupo. E é assim que eles se-
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muito mais profunda
O nosso país
está com grandes
chances de perder
boa parte de sua
população.
O número de
solicitações de
transferência
dos alunos
cresceu muito
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Cuba, por exemplo, 10% da população já saiu do Brasil, a média que os alunos tiveram no e outra na frente, ficou sozinho porque
e foi para a Flórida. A Flórida politicamente, ENEM, eles sabem tudo sobre nós. Falam a família toda se mudou para os Estados
especialmente ali em torno de Miami, é direto com os alunos, com os pais, orientam Unidos e, mesmo assim, conseguiu se for-
dominada pelos cubanos americanos. como é que funciona e oferecem sistemas mar em medicina na Universidade de São
O nosso país está com grandes chances de bolsas incríveis”. Paulo. Esse é um dos pais que está extrema-
de perder boa parte de sua população Nesse momento, segundo Mauro, a mente irritado com as cotas. Se esforçou,
também”. preocupação dos EUA é com a diversidade. trabalhou – e ainda trabalha – muito para
O número de solicitações de transfe- O número de brasileiros é muito pequeno conquistar tudo o que tem. Acha injusto
rência dos alunos também cresceu muito. nas universidades americanas perto da que as coisas estejam sendo feitas dessa
“Sempre pedimos aos pais que preencham importância do país. “Por lá o número de maneira. Agora ele quer ir embora do Brasil.
um formulário nos informando o motivo e, mexicanos, coreanos, japoneses, chine- Já está fazendo os preparativos para sair”.
grande parte das vezes, está escrito ‘Mu- ses e indianos é muito maior do que a de Há também a questão da segurança.
dança de País’. As pessoas estão mesmo brasileiros. Então eles querem reequilibrar Aqui em São Paulo o deslocamento entre
indo embora. E eu não sei se vocês sabem, isso. O Brasil está muito pouco represen- casa e escola é muito grande e os riscos que
mas para uma pessoa de classe média con- tado dado o peso da nossa economia. se corre no dia a dia são perturbadores.
seguir o Green Card nos EUA já não é uma E eles estão sendo muito inteligentes, é “Outro caso que eu conheço de uma família
coisa tão difícil assim. Sendo uma pessoa um mercado importante e eles querem que foi embora para o Canadá aconteceu
qualificada, e se você fizer um investimento pessoas que acreditem na filosofia de vida por falta de segurança. Por duas vezes a
– algo em torno de 500.000,00 – pode americana, no estado americano, no capi- mãe se viu no meio de um tiroteio com os
conseguir morar lá. E ainda, depois de cinco talismo americano, e a melhor maneira é filhos ao lado, um deles sendo em frente a
anos, você recebe esse dinheiro de volta. Os levá-los desde jovens para estudar lá”. casa onde moravam. Foram embora, em
americanos são práticos”. O diretor nos explica que o Colégio busca de mais qualidade de vida”.
Além disso, representantes de univer- Bandeirantes está localizado em uma Antes as famílias tinham medo de
sidades estrangeiras estão vindo ao Brasil, região de São Paulo que é considerada mandar seus filhos de dezessete ou dezoito
comparecendo em feiras de estudantes, de classe média e, em suas salas, a escola anos para fora do país. Ficavam preocupa-
para atrair ainda mais interessados. “Quan- tem um grande número de alunos que são dos com o que poderia acontecer. Eram
do se trata dos melhores colégios, o aluno descendentes de estrangeiros, mistura sonhos que os pais até tinham, mas ainda
não precisa ir nem à feira para ter contato das imigrações que ocorreram, de famílias não havia planejamento, era tudo muito
com eles, eles vêm até o colégio para ter que valorizam a educação. E essas famílias utópico. Agora não, eles estão pesquisan-
contato com os alunos. E não estou falando andam bem insatisfeitas de como as coisas do, se preparando, famílias que estavam
de universidades de 2ª ou 3ª linha dos EUA, estão caminhando, principalmente com as a três ou quatro gerações aqui no país
estou falando de faculdades de 1ª linha. cotas. “Tem um pai de aluno que veio de chegaram à conclusão que é melhor ganhar
Eles sabem quais são as melhores escolas Taiwan. Ele chegou aqui com uma mão atrás menos, mas viver com mais qualidade.
nasa.org
nasa.org
mil quilômetros da superfície do planeta e
de forma adequada para permitir também Essa é a semente
o estudo das luas de Plutão! Só para se
ter uma ideia, a distância entre a Terra e a da ciência; essa
nossa Lua é de aproximadamente 385 mil
quilômetros.
é a semente do
Note uma coisa interessante aqui. Algo
que talvez fosse de excelente uso no nosso
desenvolvimento
país em curto, médio e longo prazo: plane-
jamento e controle de projetos.
humano
É quase impossível não fazer um
paralelo comparativo das características
dessa missão com a nossa administração
brasileira, de forma geral, e não perce-
ber a importância do planejamento e
controle no sucesso de qualquer projeto,
desde aqueles comuns da vida de um
indivíduo, até aqueles que mudam os
destinos de uma nação. Talvez nossa
política tivesse que ser mais “letrada”
em ciências exatas e eliminar a “crença”
que diz que “política é assim mesmo”
e nunca funcionaria de forma mais es-
truturada. • PEPSSI: É um experimento para medir
Voltando a Plutão (como se fosse ali a composição e a densidade de íons que
na esquina), existem muitas questões a escapam da atmosfera de Plutão.
serem respondidas, entre elas: Como é a • SDC: É um experimento educacional
superfície do planeta? Existe algum tipo de operado por estudantes para medir poeira
estrutura ou atividade geológica? Como é estelar durante a viagem. Este experimento
a “atmosfera” do planeta? Como o vento é um exemplo da importância dada em
solar interage com ela? países desenvolvidos na inclusão da edu-
São muitas respostas esperadas. cação e motivação de estudantes entre os
Para ajudar a responder cada uma experimentos de uma missão de altíssima
delas, a espaçonave de 478 kg conta com 7 complexidade. Essa também foi a ideia da
instrumentos principais: Agência Espacial Brasileira ao encaixar, por
• Ralph: Uma câmera com espectrô- exemplo, os experimentos dos alunos de
metro nas faixas visível e infravermelho que São José dos Campos na Missão Centenário
nos dará imagens coloridas compostas do junto às 6 pesquisas científicas escolhidas
visível com o mapa térmico. pela Academia Brasileira de Ciências. No
• Alice: Uma câmera com espectrô- Brasil, ainda por se desenvolver no setor,
metro na faixa ultravioleta para analisar a parte da comunidade científica e da im-
estrutura e composição da atmosfera de prensa, não conseguiram compreender a
Plutão, assim como da lua Charon e outros importância da decisão da AEB e ficaram
corpos do cinturão de Kuiper. “a ver feijões”, enquanto o navio do desen-
• REX: É um experimento de radiome- volvimento desfilava à sua frente.
tria para medir a composição atmosférica Portanto, depois de muito planeja-
e a temperatura. mento, trabalho e persistência, Plutão
• LORRI: É uma câmera de longo está “mais perto”. E que isso sirva de
alcance para mapear Plutão de longa dis- exemplo para várias áreas no Brasil e que
tância e prover dados de alta resolução também sirva de motivação aos nossos
da geologia. estudantes para que tenham “curiosi-
• SWAP: É um espectrômetro para dade de descobrir e aprender”. Essa é a
medir a influência do “vento solar” na semente da ciência; essa é a semente do
atmosfera de Plutão. desenvolvimento humano. •
Marcos Pontes
Embaixador da ONU para o Desenvolvimento Industrial.
Nascido em Bauru, SP, em 1963, Marcos Pontes, desde 1998 até hoje, é o único Astronauta à disposição
do Brasil. Ele aguarda a escalação pelo governo para um segundo voo espacial. Além das suas
funções da carreira civil de astronauta, Pontes é Especialista em Segurança Operacional, Palestrante
Motivacional, Coach Especialista em Desempenho Pessoal e Desenvolvimento Profissional, Mestre
em Engenharia de Sistemas, Engenheiro Aeronáutico pelo ITA, Diretor Técnico do Instituto Nacional
para o Desenvolvimento Espacial e Aeronáutico, Empresário, Consultor Técnico, Embaixador das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial, Presidente da Fundação Astronauta Marcos Pontes e Autor de três livros: “Missão Cumprida.
A história completa da primeira missão espacial brasileira”, “É Possível! Como transformar seus sonhos em realidade” e “O
Menino do Espaço”, todos publicados pela editora Chris McHilliard do Brasil.
www.marcospontes.com.br
PARTE II
O desenvolvimento de competências
e habilidades necessárias para a rea-
lização do projeto, pelas crianças.
dade receberam auxílio dos colegas e,
quando necessário, a minha intervenção
próxima de cada aluno.
cas, os recursos e ferramentas aprendidos
no programa de autoria das formas geomé-
tricas. É importante termos consciência de
que o trabalho pedagógico por projetos
Em algum momento foi percebido Quais as principais dificuldades enfren- exige gestão para elaborar e coordenar o
um grau de dificuldade na resolução de tadas na gestão e o suporte institucional plano de ação global, integrando-o ao currí-
problemas que estivesse acima da zona de necessário para a realização do projeto? culo da escola e cuidando para que todos os
desenvolvimento proximal das crianças? Profa. Amanda: Durante o desen- passos do processo sejam bem realizados,
Profa. Amanda: No momento em que volvimento e a aplicação do projeto foi sem isso acabamos perdendo o foco central
as crianças foram desafiadas a elaborar necessário seguir um protocolo de prepara- da ação e até mesmo comprometendo a
a dobradura de uma casa, notei que elas tivos com vistas a chegar ao resultado final. iniciativa e os resultados finais. Além dos
demonstravam algumas dificuldades acima As crianças precisaram explorar os tipo cuidados com a gestão é preciso prever
de sua capacidade imediata de solução do de moradia em grupo, realizar atividades e ter disponíveis os recursos necessários
problema. Percebido isso, providenciei a individuais que os fizeram refletir sobre o (ambiente, material e estrutura) para a
demonstração de um exemplo no qual eu conhecimento construído, para que des- boa realização do projeto. É um trabalho
fiz um modelo, com dobradura, ressaltando sem conta do objetivo final. Durante as que exige mais do que criatividade do pro-
a importância da marcação no papel, ao aulas de Geografia, realizaram atividades fessor, exige praticar a responsabilidade
mesmo tempo em que íamos recordando para identificar diversificados tipos de cons- profissional sabendo que ao conjunto das
conceitos a respeito das formas geométri- truções (concreto, de palha, de madeira). ações empreendidas o desenvolvimento
cas as quais se constituíam como ‘tijolos’ Em Matemática utilizaram recorte e cola- que pode ser promovido é relevante e
para a construção da casa. A partir dessa gem de formas geométricas, realizaram também estimulante, tanto para os alunos
interação a maioria das crianças começou dobraduras e construíram um cômodo de quanto para nós professores. A escola,
a demonstrar a competência e as habi- sua preferencia com recortes de revista. Em enquanto instituição, tem um papel fun-
lidades que foram sendo utilizadas para a Informática os alunos foram convidados a damental em apoiar e estimular processos
construção da modelagem por dobradura. construir um cenário com uma moradia de como este, fundamentados na educação
As crianças que ainda apresentavam dificul- sua escolha, utilizando formas geométri- por projetos.
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Os resultados: a produção de conheci- A avaliação: o que nós (educadores)
mento pelas crianças. aprendemos com isso?
O que se evidenciou como relevante? Na perspectiva do professor, o que
Houve aprendizagem tácita? Houve desen- inferimos? A iniciativa é válida para outras
volvimento explícito? E quanto ao envolvi- situações similares?
mento emocional das crianças? Profa. Amanda: O que me chamou
Profa. Amanda: Durante as rodas de a atenção e se evidenciou como a im-
conversa, momentos muito ricos, as crian- portância da interdisciplinaridade na
ças traziam alguns relatos e muitas vezes construção do conhecimento foi a
algumas informações foram questionadas abordagem complexa da proposta, mas
por alguns colegas, como por exemplo: complexidade não significa dificuldade
— Na minha sala tem cama. Mas... Lugar insuperável ou bagunça. Complexidade
de cama é no quarto! “— Eu moro num tem a ver com as possibilidades das crian-
prédio, e lá tem muitos apartamentos ças intervirem diretamente na busca das
que moram muitas famílias.” Essas dis- soluções dos problemas enfrentados,
cussões propiciavam um ambiente rico de durante a realização do projeto e se
reflexões e desenvolvimento de noções e mostrarem aceitando os desafios que
organização social do espaço. Sempre que surgem. A abordagem interdisciplinar
necessário eu fazia mediação mostrando leva para além do “quadrado das discipli-
que cada casa é organizada de acordo com nas” e promove um tipo de pensar mais
a necessidade da família, que existem casas amplo, complexo mesmo, na perspectiva
maiores e menores, diferentes. Ainda mais, de Edgar Morin. A experiência em irmos
percebiam que casas e apartamentos são realizando projetos vai se mostrando não
construídos com variados materiais e que só prazerosa a nós educadores, como
normalmente, na cidade de São Paulo as altamente motivadora para as crianças
construções são feitas de cimento e tijo- que transformam aprendizagem em
los. Ao grosso modo de ver, no relato dos desenvolvimento humano. •
alunos identificamos o desenvolvimento
que experimentam, pois eles fazem um re-
flexão dos conhecimentos prévios e é neste
momento que se faz a aprendizagem tácita,
que envolve competências e habilidades, a Amanda Nicolau de Carvalho
Pedagoga, com especialização
compreensão de mundo, a diferença entre em gestão escolar. Atua como
docente no Colégio Santa
o mundo ideal e o real. Amália – SP, no âmbito do Ensino
Fundamental I.
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palmente, nos lobos em pele de cordeiro.
Desenhos animados nos quais o protago-
nista é exemplo da falta de caráter e alguns
inocentes programas de entretenimento
que usam o assédio moral com o propósito
para fazer rir. Os artistas que participam,
aqueles considerados referência, os ídolos,
acabam fomentando um comportamento
cada vez mais agressivo e excludente.
A mídia cria padrões de comporta-
mento subjacentes a uma ideologia, cujo
princípio é a manutenção do status quo.
São estabelecidas normas sociais com base
na lógica hegemônica e quem subverte
essa lógica, ou não atende ao padrão de-
terminado socialmente, é condenado. Ou
seja, quem se encontra fora da “curva da
dita normalidade” é alvo de constrangi- principalmente as mulheres, mães, que convivência social e sobre a importância da
mentos, é vítima de preconceito e assédio tiveram quase a totalidade do seu tempo valorização das relações humanas, é fun-
moral. Sofre agressões como o bullying e confiscada pelas demandas assumidas em damental para o desenvolvimento de um
o cyberbullying. troca da independência econômica. compromisso social, no sentido do avanço
Assim, um veículo de comunicação, Se não podemos ter influência direta de uma sociedade mais justa. •
extraordinário, promotor de informação, sobre a mídia, podemos mudar de canal,
conhecimento, entretenimento, arte, cul- conversar com os nosso filhos e alunos
tura etc, como é a televisão, infelizmente, alertando sobre a influência desse veículo
sustenta parte de uma programação apela- em nosso comportamento, chamando a
Lucy Duró
tiva, sem o mínimo de princípio ético, e que atenção para o sofrimento das vítimas, Pedagoga, Psicopedagoga
e membro do Laboratório
submete pessoas a uma violência velada. destacando a importância da igualdade Interinstitucional de Pesquisa em
Por isso, é preciso muita atenção e de direitos e dos princípios éticos. Criar Psicologia Escolar do Instituto
de Psicologia da Universidade de
cuidado! Andamos por demais distraídos debates nas escolas, promovendo espaços São Paulo.
evoluireducacional.com.br
com as atribuições que nos são conferidas, de reflexão sobre o impacto da mídia na
freepik.com
O acesso das pessoas a escolas de idiomas com o objetivo de aprender inglês,
ou mesmo a aulas em colégios, é frequente nas principais cidades do Brasil.
Porém, muito poucos são os que falam inglês fluentemente.
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V ivemos em tempos de mudanças
na organização social, nas relações O papel do professor adotou em 2015 o livro digital em quatro
componentes curriculares – Geografia,
interpessoais e nas suas novas formas de
gerenciar socialmente o conhecimento.
é, portanto, de suma História, Língua Portuguesa e Ciências – o
uso da plataforma digital, este ano com a
As Novas Tecnologias da Informação e
seu conhecimento (TIC) já estão dentro
importância na Blackboard. Ao adotarmos os livros digitais,
além da facilidade que ele proporciona para
das salas de aula e suscitam novas formas
de desenvolvimento do processo ensino e
construção de novos trabalhar com vídeos e imagens, temos
acesso a um rol de objetos digitais que
aprendizagem.
No entanto, a simples presença das
conhecimentos ampliam as possibilidades dos professores
e alunos em aula. Outra possibilidade explo-
TIC no contexto educacional não garante rada na plataforma digital são atividades
uma prática pedagógica que atenda às ambientes virtuais é o de mediador, como postadas pelos professores, fóruns de
demandas do século XXI. O papel do pro- alguém que proporciona auxílios educa- discussões, videoaulas e plantão de dúvi-
fessor é, portanto, de suma importância cionais ajustados à atividade construtiva das, estratégias que podem intensificar as
na construção de novos conhecimentos, dos alunos, utilizando as TIC para tanto relações dos alunos com o conhecimento.
pois, mais do que nunca, as informações (Coll, 2010)1. Pensando em ampliar esse debate,
estão disponíveis na teia (web) e será Sobre a sociedade digital e seu diálogo o Colégio Marista Arquidiocesano pro-
necessário auxiliar os alunos a lidar com com a educação, Martha Gabriel revelou moverá o I Simpósio Marista de Tecno-
elas, tranformando-as em conhecimento na palestra do 1º Congresso de Educação logia, Educação e Linguagem nos dias 25
e aprendizagem. Digital2, que 73% dos jovens não conseguem e 26 de setembro de 2015, tendo como
Nesse contexto, novas competências estudar sem tecnologia digital. Temos, por- objetivos: problematizar e atualizar as
são suscitadas e tocam tanto a formação tanto, a possibilidade de utilizar a internet reflexões, representações e interpreta-
inicial dos professores quanto a contínua. como ferramenta de expressão humana. ções quanto à relação entre Tecnologia,
Por meio dos atuais recursos digitais, os Trata-se de um fenômeno contemporâneo Educação e Linguagem; socializar práticas
alunos, com o auxílio desse outro modelo que a escola deve incorporar na sua prática educacionais, que produzam diálogos en-
de professor, podem se transformar em pedagógica. tre Tecnologia, Ensino e Conhecimento e
produtores de conteúdos, ampliando Vale ressaltar que a escola deve fomen- discutir práticas solidárias e sustentáveis
assim a possibilidade de interatividade tar nos estudantes o desenvolvimento de das tecnologias, nos processos interativos
com o conhecimento e tornando sua par- capacidades para a gestão do aprendizado, de ensino-aprendizagem. Afinal, é nosso
ticipação ativa no processo de construção do conhecimento e da formação, organi- intuito fomentar o diálogo entre escola e
de significados. zando e atribuindo sentido e significado a sociedade digital... •
Na nova sociedade da informação, essa informação.
da aprendizagem e do conhecimento, o Partindo desses pressupostos, o Colé-
papel mais importante do professor em gio Marista Arquidiocesano de São Paulo
Lilian Gramorelli
Coordenadora psicopedagógica do
1 COLL (org), Psicologia da Educação Virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Colégio Marista Arquidiocesano.
Alegre: Artmed, 2010.
2 Evento realizado pela Fecomércio SP, em maio de 2015. Martha Gabriel é especialista em Marketing Digital e autora de livros,
inclusive o best seller “Marketing na Era Digital”.
DESENVOLVIMENTO HUMANO
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N o encontro que teremos no Brasil, no
próximo dia 19 de setembro, aborda- Temos de explicado pelos “envolvimentalismos”
encantatórios ou pelos “determinismos
rei fundamentalmente os meus estudos
filo e ontogenéticos do desenvolvimento
compreender a culturais”.
O ser humano contrói-se como um
humano.
Na procura dos fundamentos inter-
motricidade como ser social. Sem a presença do adulto so-
cializado o recém-nascido não responde
disciplinares da Educação, como ação
global dirigida a um ser Bioantropológico
uma ação e como às suas necessidades de crescimento e de
desenvolvimento. O social é biológico. Ele
e Psicobiológico, isto é, à totalidade biopsi-
cossocial do Ser Humano, parti para uma
uma conduta é, consequentemente, uma condição vital
e indispensável da ontogênese. O biológico
aventura episódica e preferencialmente não se opõe ao social, os dois fatores não
orientada para os problemas da Motrici- Em ambas as abordagens está contida se reduzem um ao outro, nem são sequer
dade. Tal esforço culminou na dissertação uma unidade indispensável e recíproca, uni- incompatíveis. O biológico e o social coe-
final, concluída já em 1971, cujo titulo: De dade que esteve na base da minha pesquisa xistem dialeticamente, daí a razão da
uma Filosofia (do conhecimento) à minha e na base da elaboração do manuscrito. criança ser observada no nosso estudo,
atitude (pedagógica), em pouco sugeria Só dentro de uma leitura complementar, segundo uma ótica que a considera um ser
o que nela estava contido, ou seja, o tema entre uma abordagem bioantropológica social e um ser biológico simultaneamente.
referente ao seu subtítulo: Subsídios para (filogênese) e uma abordagem psicobio- Sem perder de vista estes princípios
a Ontogênese da Motricidade Humana. lógica (ontogênese), se pode alcançar o básicos do Desenvolvimento Humano, a
Todas as flutuações adaptativas e con- objetivo expresso da minha reflexão. Nas minha análise da ontogênese particulariza-
ceptuais da minha vida clínica e experiência duas abordagens procuro defender a ideia se, por agora, ao nível biológico, através
no ensino superior têm-me oferecido uma de que o Desenvolvimento da Criança (on- de um enfoque preferencial sobre a
visão multidisciplinar e cientificamente togênese) recapitula, acelerada e qualita- motricidade, perspectivada segundo uma
integrada, visão inconclusa que podemos tivamente, o Desenvolvimento da Espécie abordagem psicobiológica de sentido
agora apresentar com um mínimo de coe- Humana (filogênese). “walloniano”.
rência conceptual e com um mínimo de O Desenvolvimento Humano com- Por último, numa tentativa mais práti-
unidade dialética. preende todas as mudanças contínuas co-pedagógica, apresento doze escalas de
Não pretendo avançar com generali- que ocorrem desde a concepção ao nas- desenvolvimento com áreas neuro, sen-
zações abusivas nem com reducionismo cimento, e do nascimento à morte. Neste sório, perceptivo, psicomotoras, auditivo-
encantatórios. Desejo fundamentalmente, período surgem processos evolutivos, verbais, viso-motoras e sócio-emocionais
neste estudo, não vulgarizar o lugar do maturacionais e hierarquizados, quer num de algum interesse para a observação e
Homem na Natureza. Por isso, apresento plano biológico, quer num plano social. A intervenção clínico-pedagógica. Tais es-
humildemente uma abordagem filogené- unidade biossocial é a chave da compreen- calas não deverão ser confundidas com
tica e ontogenética, rodeada de constela- são da dialética da ontogênese, como nos outras mais rigorosas e estandardizadas.
ções temáticas, muitas vezes preliminares indicou H. Wallon. Tratam-se de apoios pedagógicos, uns
e rudimentares, porém suficientemente Partilho a ideia de que o desenvolvi- originais, outros adaptados de outros
justiçadoras para oferecer duas aborda- mento humano nem é pré-formado nem autores, de onde poderão emergir orien-
gens do desenvolvimento humano. pré-determinado. Tão pouco pode ser tações curriculares ou surgir programas
CRISE EDUCADORA
crise é só nossa, por problemas de gestão. turantes, mais politiqueiras que emanci-
Ygor Jegorow
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Os palestrantes contadora de histórias, atua na área de Educação Básica e Coordenador Peda-
educação há mais de 20 anos, como co- gógico em Escolas da Educação Funda-
A Educação Infantil e seus múltiplos ordenadora pedagógica e professora. É mental e Média. Palestrante e Conferen-
Saberes: Processo de Construção Cognitiva formada pelo Instituto Brincante, possui cista na Educação. É Professor Titular da
Márcia Eloriaga: Consultora Pedagó- curso de extensão em Comunicação pela Faculdade de Educação da Unicamp e
gica na Empresa REDESCOBRIR, gradua- USP. Atua como palestrante em âmbito Vice-chefe do Departamento de Filosofia
da em gestão escolar atuou na direção nacional de oficinas e congressos (Saber, e História da Educação daquela unidade.
escolar do ensino público municipal por Congresso Internacional de Brinquedo- Foi Coordenador do Centro Cultural de
12 anos, na Coordenação escolar 5 anos e tecas, Congresso Sobei, CRIARH em Inclusão e Integração Social da Unicamp
como Chefe de Seção de Creches 6 anos. Recife, entre outros). Escreve artigos e Assessor da Pró-Reitoria de Extensão
Há 4 anos desenvolve Projeto de Incentivo para revistas (Guia Prático de Educação e Assuntos Comunitários da Unicamp de
a leitura na Secretaria de Saúde. Formada Infantil e Escola Particular), Participou 2009 a 2012. É coordenador executivo do
pela Unesp com diferentes cursos na área de programas de entrevistas (Planeta Grupo de Estudos e Pesquisas PAIDÉIA.
da Educação Infantil. Autora dos Projetos: Criança na UP TV, Bem Estar na Rede Autor de 26 livros sobre Ética, Filosofia,
Construindo Saberes, Gira Mundo e Comer Globo e Nota 10 na TV Futura). Educação e Sexualidade, além de deze-
brincando pode ser uma grande curtição nas de artigos científicos em revistas
que auxiliam os educadores na reflexão Transformando a Gestão Financeira especializadas.
e construção de práticas educativas na em Gestão Estratégica Orientada para
logística diária das unidades de Educação Resultados. Entenda como a inteligência A Avaliação na Educação Integral: Re-
Infantil/ Creche e CEI. em Finanças Pode Maximizar os Resultados flexão Conceitual sobre Tempos e Espaços
Efetivos. de Aprendizagem. Qualidade de Ensino e
Os Novos Desafios para as Nossas Escolas Renato Palma Ferreira: Atualmente é Métodos de Atribuições de Valores.
Walter Braga: Formado em Matemáti- Diretor na Meira Fernandes. Executivo com Alexandre Ventura: Professor licen-
ca com especialização em Sistemas de mais de 15 anos de experiência com carreira ciado em Ensino de Português e Francês
Qualidade e Gestão, com larga e bem- desenvolvida nas áreas de Finanças, Con- pela Universidade de Aveiro - Portugal,
sucedida experiência na liderança de troladoria de Gestão, Contabilidade, Fiscal, com Pós-graduado em Administração
instituições e Projetos Educacionais, seja Supply Chain, Faturamento, Logística, Ad- Escolar pela mesma universidade. Mestre
na Educação básica e no Ensino Superior. ministrativo, Recursos Humanos, Jurídico e e Doutor em Ciências da Educação pela
Foi CEO e membro do Conselho da Kroton Tecnologia da Informação. Foi CEO da rede Universidade de Aveiro. Professor no De-
liderando todo o projeto da abertura de de ensino de idiomas CNA, onde liderou e partamento de Educação da Universidade
capital (IPO). Atualmente é sócio e Diretor realizou uma das maiores transações de de Aveiro e Pesquisador no Centro de
de empresas que atuam com tecnologia private equity do segmento educacional, Investigação em Didática e Tecnologia na
focada em educação. além de ter trabalhado em prestigiadas em- Formação de Formadores. Conferencista
Foi eleito líder empresarial do Setor presas do setor de serviços como Interfile, internacional e consultor de organizações
Educacional pelo Fórum de Líderes da TMS e Mapfre Seguros. É Administrador educacionais.”
Gazeta Mercantil em 2004 e em 2005. Teve de Empresas pela UNIFIEO, possui MBA
projetos/estratégias premiadas no Prêmio Executivo pela Escola de Negócios Trevisan, Gestão da Emoção: Mentes Brilhantes
“Marketing Best” e no Prêmio Destaque da além de ser especialista em implantação de na Liderança Educacional.
ABMN – Associação Brasileira de Marketing sistemas ERP. Augusto Cury: Médico psiquiatra,
e Negócios. psicoterapeuta, cientista e escritor. Pós-
Educação Básica no Brasil Atual graduado no Centre Medical Marmottan
Aplicação e Prática Cezar Nunes: Licenciado em Filoso- - Paris - França. Pesquisador da Psicologia.
Gabriela Manzano Geraldini Antona- fia, História e Pedagogia. Mestre em Fi- Autor de diversos livros sobre Inteligência
geli: Consultora Lúdico Pedagógica, losofia da Educação e Doutor em Filosofia Multifocal, Educação e Filosofia, entre
pós-graduada em Educação Lúdica, e História da Educação. Foi Professor da outros. •
Amados filhos Maria e João, de me indignar ante a hipocrisia e os peri- “meu”, eu o emprestei e poderia ter acon-
gos do mundo, enterrem-me: por certo, já tecido uma desgraça! Com cinismo, ainda
O pensamento do meio
acadêmico brasileiro
demonstra a tendência de
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considerar simplesmente que
não é possível a concretização
do efetivo aprendizado da
linguagem musical na escola
todo, é a ocorrência de benefícios que são No início do século XX, nos Estados A utilização do piano em grupo no
gerados às crianças através de uma educa- Unidos, aulas de piano em grupo tornaram- sistema de Educação Musical foi, assim,
ção musical de qualidade, com experiência se obrigatórias no sistema educacional. testado por décadas. Tal sistema foi bem
real no mundo da música. Inúmeros estu- O educador musical Calvin Breinerd Cady sucedido por período significativo (mais
dos da neurociência comprovam tais bene- (1852-1928) foi um dos principais incentiva- de meio século), mesmo com a utilização
fícios no campo do desenvolvimento do dores da inclusão do piano em grupo nas de pianos-mudo.
raciocínio, da percepção sensorial e da co- escolas públicas americanas e, em 1889, a Com as novas tecnologias, a implanta-
ordenação motora, bem como no aumento secretaria de educação daquele país oficia- ção da Educação Musical através do pia-
da memória operacional, da criatividade e lizou o ensino do piano em grupo como um no em grupo encontra uma maior facili-
do QI. Tais estudos demonstram que esses método desejável do sistema educacional. dade ainda. Atualmente, o teclado digital
benefícios ocorrem com o aprendizado da No início da década de 30, já existiam 873 possui inúmeros recursos tecnológicos.
linguagem musical através do estudo do municípios nos Estados Unidos nos quais o Além de ser bastante acessível, contém
piano, canto, violino e etc. e não com alter- piano em grupo era oferecido como discip- uma infinidade de recursos, como, por
nativas, brincadeiras, vivências, jogos e etc. lina curricular nas escolas públicas. Devido exemplo, a utilização de diferentes tim-
Sendo assim, se faz necessário desen- à imensa demanda, mais de 150 universi- bres, que podem simular uma orquestra.
volver um conceito de Educação Musical que dades ofereciam cursos para formação de Também é possível acoplar um fone de
não desconsidere a realidade brasileira, mas professores de piano em grupo. ouvido para o treino individual de cada
que busque elementos de efetiva apren- aluno, realizar gravações individuais e
dizagem da linguagem musical através fazer a interação com plataformas digi-
da utilização de metodologia eficiente.A tais, tais como smartphones, tablets e
primeira mudança que deve ocorrer, por- computadores.
tanto, é no campo ideológico, ou seja, é Com isso, a introdução posterior de
preciso partir de um novo paradigma, no outros instrumentos fica bem facilitada,
qual se acredite na possibilidade real de sendo possível a implementação gradual
criação de um sistema de Educação Musical de bandas e orquestras sinfônicas.
eficiente e viável para o sistema educacio- Claro que a elaboração de uma base
nal brasileiro que abranja o aprendizado da curricular consistente a partir destas
linguagem musical. premissas não é algo fácil de ser de-
Através da escolha de ferramentas senvolvido, e requer que a Educação
simples, é possível a criação de uma me- Musical seja objeto de ampla, contínua e
todologia que atenda a tais característi- crescente pesquisa acadêmica, mas é um
cas. Uma primeira providência, óbvia, é norte que deve ser perseguido como o
a institucionalização da importância da único desejável. Isso para que a Educação
Educação Musical, ou seja, sua inserção Musical conquiste definitivamente a im-
na grade curricular da educação básica, Crianças em pianos mudos utilizando a nova portância devida no sistema educacional
como uma disciplina autônoma. Tal ponto tecnologia que acendem as notas no quadro e seja considerada como um direito das
é fundamental para que haja espaço para quando o professor toca ao piano. Life crianças, e saia do status de utopia para
Magazine, 21 de abril 1947. p. 89.
criação de uma base curricular que seja se tornar uma realidade. •
transmitida de forma consistente.
O próximo passo envolve a escolha
de um instrumento inicial que seja o mais
completo possível para fornecer as com-
petências musicais básicas - harmônico, Dr. Rogerio Tutti
melódico e rítmico. Neste ponto, o piano Pianista, compositor e regente, com grande destaque nacional e internacional. Como pianista
solista tem se apresentado nas principais salas do mundo e com algumas das mais prestigiadas
apresenta-se como uma escolha natural, orquestras e regentes em países como EUA, Itália, Portugal, França, Rússia, Argentina e Chile.
Possui graduate diploma pelo New England Conservatory, Mestrado em piano performance pela
uma vez que é inclusive base para todos os University of North Dakota e Doutorado em Pedagogia do Piano pela Universidade de São Paulo.
outros instrumentos: bacharéis nos outros Em 2010, desenvolveu metodologia para os professores de ensino de piano em grupo do Projeto
Guri, considerado o maior projeto social de música do país. Em 2014, lançou o Sistema Tutti de Educação Musical,
instrumentos devem necessariamente cur- método de educação musical para ser implementado nas escolas do ensino fundamental. Em 2015, lançou o livro
“Pedagogia do Piano em Grupo” pela editora Prismas.
sar piano complementar na universidade.
Com bebês ou
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crianças pequenas,
sentadas em
tapetes ou no
colo de adultos, o
professor conta
uma história
infantil, com
imagens grandes e
movimento
formas de diálogo entre os conteúdos dos solicitar a participação dos pequenos, com A Professora ensina umas músicas aos
diversos eixos curriculares e suas possibili- imitação de sons, cantigas, movimentos e pequenos e depois grava e/ou filma a can-
dades de apresentação, exploração e ava- outros. toria das crianças. Com recursos de aplicati-
liação pelos meios digitais. Redimensionar vos pode criar clip’s com imagens, fotos do
e reestruturar a rotina escolar sem perder 2. Possibilitar que as crianças registrem cotidiano escolar e voz dos pequenos para,
de vista a exploração do lúdico, das brinca- por meio dos tablet’s, celulares ou máqui- depois, socializar com a família.
deiras ao ar livre e incluir novas formas nas digitais as diferentes flores, formigas,
de aprendizagem por meio da utilização pedras, folhas, plantas, borboletas que 4. Utilizar um game, já trabalhado pelas
de diferentes tecnologias é fundamental existem nos jardins da escola ou parques crianças e promover um campeonato entre
para a renovação da forma de ensinar na da cidade e em seguida propiciar a partilha a turma.
primeira etapa da educação básica. das imagens. Faixa- Etária: 4 e 5 anos
Não existe um único caminho, porém Faixa- Etária: 3 a 5 anos A professora utiliza um jogo educa-
existe a necessidade de se colocar a ca- Os professores levam os pequenos tivo, já explorado por todos da turma.
minho. Desta forma, compartilho com para um jardim da escola ou parque próxi- Divide-se a turma, em pequenos grupos
vocês algumas atividades exitosas, que mo e lá incentivam, por meio do uso de e organiza-se um campeonato. Todos os
favorecem a exploração e o uso das novas smartphone e tablet’s, o registro por foto grupos brincam com o jogo virtual e aquele
tecnologias na educação infantil. ou vídeo de pequenos animais. Depois o que conseguir maior número de pontos é
professor poderá organizar uma Mostra de consagrado campeão! •
1. Contação de histórias tendo como vídeos ou exposição de fotos feitas pelos
base um tablet ou ipad. pequenos.
Faixa- Etária: 3 meses a 5 anos
Com bebês ou crianças pequenas, sen- 3. Elaborar pequenos vídeos com can-
Denise Tinoco
tadas em tapetes ou no colo de adultos, o toria, fragmentos do cotidiano, pequenas Professora de Ensino Básico,
professor conta uma história infantil, com encenações e compartilhar com os bebês Universitário presencial e na
modalidade EaD. Pedagoga,
imagens grandes e movimento. Durante e crianças bem pequenas. especialista em Psicopedagogia e
Educação Infantil.
a contação da história, o professor deve Faixa- Etária: 2 a 5 anos