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escola

Publicado em GESTÃO ESCOLAR 13 de Maio | 2019

Planejamento

6 dicas para diminuir a burocracia


na escola
Entenda como abrir um canal de comunicação com as secretarias e
aproveitar ferramentas disponíveis pode eliminar perrengues no dia a dia da
escola
Camila Cecílio

Crédito: Getty Images

Há dois anos, a Escola Municipal Georgita Rivalino Duarte, de Goiânia (GO), era mais uma que
enfrentava problemas com os trâmites burocráticos para aquisição da merenda. O processo era todo
centralizado na Secretaria Municipal de Educação e, com isso, algumas escolas da rede enfrentavam
entraves para garantir que os alunos não ficassem sem alimentação. Além disso, havia sempre a
questão de acertar na conta do quê e quanto comprar e o risco de receber produtos de baixa
qualidade.

Não era um impasse que a escola pudesse resolver sozinha. Cada etapa contava com um processo
burocrático. A solução veio quando gestores escolares e públicos se juntaram para dialogar e
concluíram que o melhor seria “descentralizar” a alimentação escolar.

A secretaria criou duas ferramentas para ajudar os gestores a calcular a quantidade necessária de
comida para determinado período e número de alunos. “Quanto maior a secretaria, maior a
necessidade de automação nos processos”, afirma o secretário municipal de Educação de Goiânia,
Marcelo Ferreira da Costa. “Isso nos ajuda a evitar fraudes, inconformidades e desperdício de
alimentos. Com um controle rígido, conseguimos usar melhor o recurso público e ter mais
transparência em tudo”, diz.

LEIA MAIS O que os gestores fazem para lidar com a falta de merenda

A diretora da EM Georgita Rivalino Duarte, professora Olineide Ferreira Furtado, diz que o efeito dessas
mudanças é visto nos próprios alunos. A escola tem 184 alunos do 1º ao 6º ano do Ensino Fundamental
em tempo integral. “São três refeições por dia, então hoje em dia dá muito gosto de ver eles comendo”,
ressalta a gestora, que trabalha na escola há 12 anos.
Mesmo com tudo alinhado com a secretaria, é possível que os problemas não acabem. Para ficar
dentro do orçamento e garantir refeições de qualidade, o gestor talvez tenha de fazer alguns
“malabarismos”, como diz Olineide. “Agora é mais cansativo porque temos que fazer cotações, ir ao
mercado, ficar atentos a promoções e, às vezes, fazer ‘milagre’ com o dinheiro para não deixar faltar
nenhum nutriente no prato das crianças, mas é melhor como é hoje”, reforça.

Um truque conhecido em qualquer comércio é comprar em quantidade, o que permite negociar


melhor o preço. Olineide uniu-se a duas outras diretoras de escolas da região para fazer as compras
em quantidade maior, com preço melhor. “Em três [escolas], conseguimos descontos, principalmente
com os comerciantes da nossa comunidade, que geralmente têm filhos que estudam nas nossas
escolas. Acho que é uma ótima dica a ser seguida pelos gestores”, sugere.

LEIA MAIS Cardápio organizado e como diz a lei

Planejamento é fundamental

Para evitar cenários caóticos ou entraves ao funcionamento normal das atividades escolares, a palavra-
chave é planejamento. Escolas e secretarias devem sentar para discutir e planejar o fluxo do ano. “O
envolvimento de pessoas é enorme, muitas vezes vai da merendeira ao prefeito, ao governador e tudo
isso pensando na aprendizagem dos alunos, para que eles tenham condições dignas de aprender”, diz
Márcia Portela, especialista em Gestão Pedagógica da plataforma Conviva Educação, sistema de gestão
gratuito voltado ao dirigente municipal de Educação e às equipes técnicas das secretarias.

Todo começo de ano, a rotina escolar é sempre a mesma: abrir as matrículas e preparar a escola para
receber professores e funcionários, alunos e famílias. Para isso, o gestor precisa verificar, por exemplo,
se as partes elétrica e hidráulica estão funcionando, se há comida na despensa, se há mobiliário
e material de expediente suficientes. O quadro de professores deve estar completo, caso contrário os
alunos correm o risco de ficar sem aula, como aconteceu no Rio de Janeiro neste ano.

Na capital fluminense, o ano letivo começou com 11 mil estudantes aguardando a abertura de novas
turmas de Ensino Médio somente na capital, supostamente devido ao fechamento de 1.147 turmas, em
três anos. A Secretaria de Educação do Estado informou que a estratégia seria priorizar a abertura de
todas as turmas possíveis em unidades que tivessem vagas ociosas e possibilidade de receber novos
alunos. Em nota, afirma ter solucionado o problema.

Márcia Portela observa que é papel da gestão escolar informar com antecedência às secretarias sobre
a necessidade de contratar professores temporários. “Cabe à pasta realizar o processo seletivo, mas
isso preciso ser informado o quanto antes para que o edital seja publicado em outubro e a seleção
ocorra em novembro”, explica. Segundo ela, que foi secretária de Educação de Macaíba, no Rio Grande
do Norte, o planejamento, tanto dos gestores quanto das secretarias, é que vai dar “condições de
apagar possíveis incêndios”.

Reorganizando processos

A Escola Municipal Marquês de Salamanca, localizada na zona rural de Três Rios (RJ), passou a ter uma
nova rotina depois que a Secretaria de Educação do município reorganizou o transporte escolar. A
unidade está a cerca de 30 quilômetros da cidade e atende 55 alunos da Educação Infantil e Ensino
Fundamental I, sendo que alguns vivem a mais de 40 km de distância.

LEIA MAIS Transporte escolar: como organização da secretaria, os alunos saem ganhando (com
um custo bem menor)

Há três anos na direção da escola, Bruno Bordon da Conceição lembra que melhorar o transporte
escolar era uma demanda antiga das escolas e foi atendida pela atual gestão da Secretaria Municipal
de Educação. Os ônibus antigos apresentavam problemas constantes. “Quando chovia, o ônibus não
subia em determinado ponto da estrada por causa da chuva. Foram muitos obstáculos como esse,
mas nunca deixamos de ter aula, nem com tempestade”, diz.

O problema maior era a qualidade do transporte. A manutenção dos ônibus era muito ruim, alguns
veículos estavam com documentação atrasada, pneus extremamente desgastados. Resumindo: as
contas da manutenção eram altas e nunca tinham fim. “Fizemos um workshop com os motoristas e
eles nos disseram que estavam apreensivos e, na época, alguns alunos ficaram sem aula”, conta a
secretária de Educação de Três Rios, Hélida Siqueira.
LEIA MAIS Pela primeira vez, MEC lança pesquisa para avaliar o transporte escolar no Brasil

Na busca por ferramentas que tornassem o processo menos confuso e mais econômico, a Secretaria
de Educação encontrou uma plataforma na qual é possível fazer todo o controle do transporte escolar,
como acompanhamento de manutenções e vistorias e custos com combustível. “Muitas vezes,
pecamos por falta de informação”, afirma Hélida, que é professora há 32 anos e comanda a pasta
desde 2017. “Agora podemos acompanhar o Portal Transparência, ver os recursos disponíveis, estar
atentos ao que é seu de direito e cobrar os nossos direitos constitucionais e de nossos alunos”.

A história terminou bem. Com recursos do governo federal, a secretaria conseguiu comprar novos
veículos e colocou parte da frota antiga para leilão.

1 - Dialogue com a secretaria

Antes de tudo, é preciso que as escolas mantenham um diálogo aberto com a secretaria municipal
para informar quais são os problemas enfrentados em diferentes frentes, da infraestrutura ao
aprendizado dos alunos, passando por formação de professores.

2 - Planeje e, se necessário, desenhe

“É preciso que os gestores façam um diagnóstico dos principais gargalos que existem e desenhem um
fluxo com passos e prazos”, diz o secretário de Educação de Goiânia, Marcelo Ferreira da Costa.
Segundo ele, é essencial acompanhar se cada um dos envolvidos no processo está fazendo tudo certo.
“A eficiência é maior se for desse jeito. Em Goiânia as coisas necessárias não estavam sendo feitas por
falta desse desenho”, diz.

3 - Coordenador, seu papel é essencial

O coordenador é quem dá equilíbrio à gestão escolar porque tem domínio da escola e conhece a
realidade, diz Márcia Portela. “Geralmente, o coordenador é quem faz os programas governamentais
rodarem, é quem coordena a elaboração e efetivação do PPP enquanto diretor e vice ficam com a
parte árida, como cuidar da adesão de programas do Governo Federal para adquirir recursos para
pequenas reformas, compras de materiais de limpeza e de experiente”, explica.

4 - Alimentação não pode faltar

O Conviva Educação sustenta que a oferta da alimentação nas escolas deve respeitar a legislação
própria do setor e a diversidade regional dos alimentos. Por isso, as secretarias de Educação devem
conhecer as necessidades nutricionais de seus estudantes, de acordo com cada faixa etária,
acompanhar a qualidade do serviço oferecido e monitorar a aceitação do cardápio. Os técnicos da
secretaria, com apoio da equipe de nutricionistas, criam os cardápios e estabelece o que será
comprado em determinado período, quando e quanto. O processo pode ser centralizado ou não na
secretaria.

5 - Transporte escolar sempre

O transporte escolar de qualidade permite que o aluno faça o trajeto entre sua residência e a escola
com segurança e no menor tempo possível. A prioridade de atendimento é para os alunos de zona
rural. Assim, de acordo com a plataforma do Conviva Educação, cabe às secretarias planejar o
transporte escolar com segurança e acompanhamento dos estudantes dentro dos veículos.

6 - Prestação de contas

Por ser uma unidade com CNPJ, a escola precisa prestar contas de tudo que faz. As secretarias de
Educação, em geral, contam com uma pessoa responsável por receber esses relatórios. O atraso na
prestação de contas ou até mesmo deixar de fazê-la pode acarretar em prejuízos como o não
recebimento de recursos. Portanto, é crucial estar com essa exigência em dia.

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