Você está na página 1de 4

Núcleo de Capacitação Camila Viana

Semi – Extensivo Pré- ENEM


Redação- Profª Lupehuara Pires Vieira

Argumentação

Argumentar é a capacidade de relacionar fatos, teses, estudos, opiniões, problemas e


possíveis soluções a fim de embasar determinado pensamento ou ideia.
Um texto argumentativo sempre é feito visando um destinatário. O objetivo desse tipo de
texto é convencer, persuadir, levar o leitor a seguir uma linha de raciocínio e a concordar
com ela.
Para que a argumentação seja convincente é necessário levar o leitor a um “beco sem
saída”, onde ele seja obrigado a concordar com os argumentos expostos.
No caso da redação, por ser um texto pequeno, há uma obrigatoriedade em ser conciso e
preciso, para que o leitor possa ser levado direto ao ponto chave. Para isso é necessário
que se exponha a questão ou proposta a ser discutida logo no início do texto, e a partir
dela se tome uma posição, sempre de forma impessoal. O envolvimento de opiniões
pessoais, além de ser terminantemente proibido em textos que serão analisados em
concursos, pode comprometer a veracidade dos fatos e o poder de convencimento dos
argumentos utilizados. Por exemplo, é muito mais aceitável uma afirmação de um autor
renomado ou de um livro conhecido do que o simples posicionamento do redator a
respeito de determinado assunto.
Uma boa argumentação só é feita a partir de pequenas regras as quais facilmente são
encontradas em textos do dia-a-dia, já que durante a nossa vida levamos um longo tempo
tentando convencer as outras pessoas de que estamos certos.

 Os argumentos devem ter um embasamento, nunca deve-se afirmar algo que não venha
de estudos ou informações previamente adquiridas.
 Os exemplos dados devem ser coerentes com a realidade, ou seja, podem até ser fictícios,
mas não podem ser inverossímeis.
 Caso haja citações de pessoas ou trechos de textos os mesmos devem ser razoavelmente
confiáveis, não se pode citar qualquer pessoa.
 Experiências que comprovem os argumentos devem ser também coerentes com a
realidade.
 Há de se imaginar sempre os questionamentos, dúvidas e pensamentos contrários dos
leitores quanto à sua argumentação, para que a partir deles se possa construir melhores
argumentos, fundamentados em mais estudo e pesquisa.

Sobre a estrutura do texto:

 Deve conter uma lógica de pensamentos. Os raciocínios devem ter uma relação entre si,
e um deve continuar o que o outro afirmava.
 No início do texto deve-se apresentar o assunto e a problemática que o envolve, sempre
tomando cuidado para não se contradizer.
 Ao decorrer do texto vão sendo apresentados os argumentos propriamente ditos, junto
com exemplificações e citações (se existirem).
 No final do texto as ideias devem ser arrematadas com uma tese (a conclusão). Essa
conclusão deve vir sendo prevista pelo leitor durante todo o texto, a medida que ele vai
lendo e se direcionando para concordar com ela.

A argumentação não trabalha com fatos claros e evidentes, mas sim investiga fatos que
geram opiniões diversas, sempre em busca de encontrar fundamentos para localizar a
opinião mais coerente.
Não se pode, em uma argumentação, afirmar a verdade ou negar a verdade afirmada
por outra pessoa. O objetivo é fazer com que o leitor concorde e não com que ele feche os
olhos para possíveis contra-argumentos.
Caso seja necessário se pode também fazer uma comparação entre vários ângulos de
visão a respeito do assunto, isso poderá ajudar no processo de convencimento do leitor,
pois não dará margens para contra-argumentos. Porém deve-se tomar muito cuidado para
não se contradizer e para ser claro. Para isso é necessário um bom domínio do assunto.

TIPOS DE ARGUMENTOS

1. Argumento de Autoridade:

A ideia se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no
assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém, líder ou político,
algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. A
citação pode auxiliar e deixar consistente a tese. Não se esqueça de que a frase citada
deve vir entre aspas. Veja:

“O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos
antes. ‘Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça’ - a famosa frase-conceito do diretor
Glauber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema
brasileiro faturou no ano passado”.

2. Argumento de Provas Concretas ou Princípio:

Ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar


nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados
dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).

Veja como se processa:

“São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não há o que questionar... No caso do
Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os
mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos
20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens
jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes”.
(Folha de S. Paulo. 14/04/2004)

3. Argumento de Senso Comum:


É o argumento que traz uma afirmação que representa consenso geral, incontestável. São
mais utilizados quando se quer defender um ponto de vista, uma opinião, um argumento
que é massificado; ninguém irá apelar contra, pois é conhecido universalmente.

4. Argumento por fatos sociais:

São as notícias que ajudarão a enriquecer seu texto, a dar credibilidade as suas ideias.
Entretanto, é importante ressaltar que nunca se deve colocar meios de comunicação
(sites) como criadores da notícia e sim como propagadores, divulgadores dela, como
G1,R7.

5. Argumento por fatos históricos:

Muitos problemas sociais têm origem histórica. Logo, utilizar este tipo de argumento
propicia um conhecimento não só do tema como também de fatos ligados ao assunto
através da História. Mas, é necessário embasar o fato e contextualizá-lo ao tema.

6. Argumento por lei:

Garante direitos e pode ser usada desde que embasada. É uma forma do autor defender
sua tese, mantendo seu posicionamento baseado em uma lei que contextualize ao tema.

7. Argumento através de conhecimentos gerais:

O autor pode usar em seu texto trechos de livros, filmes, séries, músicas, poemas, de
forma a comprovar sua tese contextualizando-a através de algo do seu próprio
conhecimento. Outras disciplinas regulares também podem servir de foco para algum fato
relacionado ao tema. Entretanto, não se pode “detalhar” as informações para não haver
mistura de gêneros textuais com a dissertação- argumentativa.

ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS
As estratégias argumentativas são os modos, os meios como o autor trabalhará cada
tipo de argumento dentro do seu texto. O objetivo é entender como as ideias, os recursos
podem e devem ser colocados no papel.

1. Causa e Consequência:

Para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês)
e de consequência (os efeitos, a decorrência).

Observe:

“Ao se desesperar em um congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel


não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua
irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica.
São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do
século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a
tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como
inevitável a implantação de perigos”.

2. Exemplificação ou Ilustração:

A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso


argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de
esclarecimentos com mais dados concretos.

Veja o texto a seguir:

“A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é


propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção
não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos
corruptos. Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a
amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades.

Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da


repartição pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando
máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses
pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-
se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes,
por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro
em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao
estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão
pé-de-chinelo”.
(Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)

3. Comparação

É o argumento que pressupõe que se deve tratar algo de maneira igual – ISTO X AQUILO,
PRÓS X CONTRA relacionados a um problema.

Veja um exemplo desse argumento:

“Em relação à violência dos dias atuais, o Brasil age semelhante a uma noiva abandonada
no altar: perdida, sem saber para aonde ir, de onde veio e nem para onde quer chegar. E a
questão que fica é se essa noiva largada, que são todos os brasileiros, encontrará
novamente um parceiro, ou seja, uma nova saída para o problema”.

4. Contra –argumentação

É o argumento utilizado quando o tema causa divisão de opiniões no autor. Ele pode ser
favorável em alguns itens e contrário a outros. Assim, o autor argumenta e contradiz esta
opinião ao mesmo tempo. Este recurso só deve ser utilizado quando o autor tem total
controle do tema e da argumentação. Caso contrário, ele pode se perder em seu raciocínio.

Você também pode gostar