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MEDIDAS DE REDUÇÃO DE DANOS

Visto que uma boa parcela dos maus tratos vem na produção em massa da indústria
que massacra milhares de animais, por exemplo, no brasil, segundo dados do IBGE, em 2014
foram abatidos 5,496 bilhões de frangos; 37,118 milhões de suínos e 33,907 milhões de
bovinos, além de outras espécies de aves, roedores, cavalos e ovinos (OLIVEIRA, L.I Paula,
2016) ¹, e não sendo tão somente a quantidade abusiva, mas também a crueldade de
tratamento com esses animais.
As medidas necessárias para se combater tais abusos não estão nada próximas, visto
que nossa conjuntura política está caótica e muito distante no que tange a preservação da
natureza. A proposta de unir o Ministério da Agricultura e o Ministério do Meio Ambiente
que foi dada no inicio do ano acabou nos revelando muito sobre a importância do tema para o
governo.
Além disso, “Em decreto, Bolsonaro flexibiliza regras de armas para atiradores,
caçadores e colecionadores”como noticia em reportagem da Folha de São Paulo
(Fernandes;Uribe, 2019), ou seja, podemos extrair disto: o governo não vai tomar medidas tão
cedo para a redução dos danos à vida animal, então, de que forma podemos ajudar?
Bem, primeiramente, vamos fazer um passeio à língua portuguesa: há décadas e décadas atrás,
existia o pronome de tratamento “Vossa Mercê” (que basicamente significa vossa graça) ao
longo dos anos virou “vosmecê”, “vosmecê” , até chegar no nosso “você”, sabendo disso, é
completamente plausível inferirmos que no meio dessa transição haviam milhares de
comentários negativos acerca da nova forma, principalmente dos mais conservadores, do
mesmo modo, mais recentemente, ocorreu no gênero da palavra “personagem” que é
feminino, ou seja, a frase correta seria “a personagem Jon Snow é na verdade um Targeryen”
porém, hoje em dia a popularização da palavra no masculino é tamanha, que passou a ser
considerado normal na nossa língua.
Mas qual é a ligação da língua com os direitos dos animais não humanos? Paradigma,
e graças a isso hoje em dia, principalmente com a ascensão dos fast-food, a industria se voltou
para a produção em massa, justamente, porque nós consumimos derivados de animais
religiosamente, o ser humano, por exemplo, é o único animal mamífero que toma leite após o
desmame (MORAES, Adriane 2017), bom, estamos tão perto de acordamos veganos quanto

¹ PAULA, Luciana Imaculada de. A crueldade na produção de alimentos de origem animal. MPMG
Jurídico: Revista do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, 2016

².BERNDT, Alexandre. Impacto da pecuária de corte brasileira sobre os gases do efeito estufa.
In: Embrapa Pecuária Sudeste-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: Simpósio Internacional de
produção de gado de corte, Anais.... Viçosa, MG: UFV, 2010. p. 121-147., 2010.
estamos perto de acordamos com uma legislação eficaz contra esses maus tratos, a solução, é
mudar os costumes, consequentemente mudar o mercado, mas como fazer isso?
Uma reportagem da revista Super Interessante de autoria de Eduardo Szklarz e Bruno
Garattoni denominada “Maus-Tratos aos Animais” trás soluções criativas para a resolução
dessas problemáticas sem recorrer ao veganismo ou ao vegetarianismo, que achamos tão
problemáticos, dentre elas, cita-se a seletividade na hora de consumir produtos derivados de
animais, a escolha de ovos de galinha caipira, consumo de carne de empresas que possuem o
selo da ONG Certified Humane. Outra medida que nós mesmos poderíamos tomar, é aos
poucos, a redução do consumo de carne, começando com a cultura de um dia da semana não
comer carne vermelha, por exemplo. Além disso, caso não haja comoção com os animais, é
importante destacar que a pecuária bovina é uma das responsáveis pela maior emissão de gás
metano no Brasil², que é liberado pela flatulência desses animais.
Porém, abrindo uma ressalva, o principal dilema entra agora, pois, ao priorizarmos
empresas que deem aos animais tratativas menos cruéis, consequentemente legitimamos a
morte “boa”, fato que diverge entre os estudiosos. Segundo Anna E. Charlton e Gary L.
Francione, em uma reportagem da Folha de São Paulo, é falho o discurso de que, pelos
animais não terem consciência, eles não sentiriam a morte, pois, estes mesmos animais,
compartilham o desejo de permanecerem vivos, logo, qualquer meio para acabar com a sua
vida, mesmo que brando, iria ferir a dignidade do animal. Embora haja discordância quanto a
isso, uma coisa é certa: é preciso agir.
Mas, nem tudo é culpa das industrias, uma vez que milhares de tartarugas, e animais
subaquáticos morrem, sufocam, ou vivem com deficiência por causa das toneladas de lixos
que jogamos nos rios e oceanos, tartarugas comem sacolas plásticas, por conta da sua
semelhança com águas vivas, cada vez é menos raro cenas como a da “baleia encontrada
morta com 40 quilos de plástico no estômago” (G1, 2019), além das próprias mudanças
climáticas, o aquecimento global, o ser humano, até indiretamente causa extremo sofrimento
diariamente aos ANH.
Segundo JP Coutinho, na matéria Homens e Animais no jornal Folha de São Paulo,
temos deveres para com os animais, pois, da mesma forma que temos direito de não sermos
mortos e perseguidos, temos o dever de não matar e perseguir, os riscos e danos que
produzimos aos animais precisam ser reduzidos, um bom exemplo de resposta à isso, foi,

¹ PAULA, Luciana Imaculada de. A crueldade na produção de alimentos de origem animal. MPMG
Jurídico: Revista do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, 2016

².BERNDT, Alexandre. Impacto da pecuária de corte brasileira sobre os gases do efeito estufa.
In: Embrapa Pecuária Sudeste-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: Simpósio Internacional de
produção de gado de corte, Anais.... Viçosa, MG: UFV, 2010. p. 121-147., 2010.
recentemente a cultura da redução do consumo de canudinhos plásticos, que são itens que
facilmente entram nas narinas das tartarugas marinhas quando tais objetos vão parar nos
mares. A redução desse único item obviamente não vai mudar o mundo, mas são pequenas
atitudes como essa, o não consumo de carne proveniente de alto sofrimento, a escolha de um
dia da semana para se não consumir carne, entre outras culturas como a reciclagem, são outra
pequenas atitudes que isoladas não tem muita força, mas juntas podem influenciar na
mudança desta conjuntura.

REFERÊNCIAS
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/em-decreto-bolsonaro-flexibiliza-regras-de-
armas-para-atiradores-cacadores-e-colecionadores.shtml
FERNANDES, Talita. URIBE, Gustavo. Em decreto, Bolsonaro flexibiliza regras de armas
para atiradores, caçadores e colecionadores. Folha de São Paulo. São Paulo. Disponível em:
XXXXXX acesso em 24 de mai. 2019.
FONTE: IBGE - Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária - Pesquisa Trimestral
do Abate de Animais, Pesquisa Trimestral do Leite, Pesquisa Trimestral do Couro e Pesquisa
da Produção de Ovos de Galinha.
MORAES, adriane O homem é o único mamífero que bebe leite depois de adulto? Super
interessante. 24 jul 2017, 13h40

¹ PAULA, Luciana Imaculada de. A crueldade na produção de alimentos de origem animal. MPMG
Jurídico: Revista do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, 2016

².BERNDT, Alexandre. Impacto da pecuária de corte brasileira sobre os gases do efeito estufa.
In: Embrapa Pecuária Sudeste-Artigo em anais de congresso (ALICE). In: Simpósio Internacional de
produção de gado de corte, Anais.... Viçosa, MG: UFV, 2010. p. 121-147., 2010.

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